Você está na página 1de 120

EA611 – Circuitos II

Capı́tulo 2
Circuitos trifásicos

Carlos A. Castro

DSE/FEEC/UNICAMP

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 1/120


Introdução

A maior parte da energia elétrica distribuı́da no mundo é feita sob


a forma de sistemas trifásicos
Esse fato não é por acaso, pois o sistema trifásico realmente
oferece significativas vantagens em relação ao monofásico:

O sistema trifásico usa menor quantidade de cobre ou alumı́nio para


entregar a mesma potência que um sistema monofásico equivalente

Geradores e transformadores trifásicos são menores e mais leves


que seus equivalentes monofásicos por usarem com maior
eficiência seus enrolamentos

Um motor trifásico é menor que seu correspondente monofásico de


mesma potência

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 2/120


Introdução

Em função do campo magnético girante produzido pelas três fases,


motores trifásicos partem sem a necessidade de dispositivos
especiais

O campo magnético pulsante dos motores monofásicos exige um


enrolamento extra e componentes auxiliares para a partida

Retificadores trifásicos apresentam menos ondulação na tensão


retificada (ripple) que os monofásicos

A potência total em um sistema trifásico nunca é nula

No sistema monofásico anula-se sempre que a tensão ou a corrente


passam pelo zero (os motores monofásicos só continuam girando
graças à inércia)

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 3/120


Introdução

A potência instantânea total, em um sistema trifásico equilibrado é


constante, ou seja, não varia no tempo
Esta caracterı́stica é extremamente importante e surpreendente,
residindo nela a superioridade do desempenho de muitos
dispositivos trifásicos

Deve-se ressaltar que, para sistemas n-fásicos em que n > 1, a


potência instantânea total é sempre constante

Motores trifásicos produzem um torque constante, o que não é


possı́vel nos motores monofásicos
Devido ao torque constante os motores trifásicos são menos
sujeitos a vibrações

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 4/120


Introdução

Problemas em um condutor não interrompem o atendimento da


carga como um todo

Os sistemas trifásicos em particular apresentam as seguintes


vantagens com relação a outros sistemas polifásicos:

Considerando a capacidade de potência e o número de condutores


necessários, os sistemas trifásicos apresentam a melhor relação
custo-benefı́cio. Um sistema pentafásico requer dois condutores a
mais para um acréscimo de capacidade de potência de somente 3%

Os sistemas trifásicos requerem menor volume de material. Para


transmitir uma certa quantidade de potência com as mesmas perdas
de potência na transmissão, um sistema pentafásico requer
aproximadamente 21% mais material que o trifásico

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 5/120


Geração de tensão trifásicas

De maneira geral, tensões n-fásicas são obtidas através da


colocação de n bobinas uniformemente espaçadas no estator da
máquina elétrica

Se três bobinas idênticas forem colocadas no estator de um


gerador, serão induzidas três tensões, nas bobinas aa0 , bb 0 e cc 0 :
b0 c

I I
a a0
!
S

c0 b

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 6/120


Geração de tensão trifásicas

Devido à disposição das bobinas, as três tensões induzidas no


estator estarão defasadas de 120Æ umas das outras e os seus
valores eficazes serão iguais

Se as extremidades a0 , b 0 e c 0 das bobinas forem conectadas,


formando um ponto de potencial comum n, tem-se:

a0 a

b0 b
n
c0 c

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 7/120


Geração de tensão trifásicas

Se o rotor do gerador girar no sentido indicado, seu pólo norte


passará pelas extremidades livres das bobinas na sequência
a!b!c

b0 c

I I Sequência de fases ABC


a a0
!
S

c0 b

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 8/120


Geração de tensão trifásicas

As tensões instantâneas resultantes nas três bobinas serão iguais


a:

p
2Vef sen ! t V

van (t) =
p


120Æ ) V

vbn (t) = 2Vef sen (! t
p p
240Æ ) = 2Vef sen (! t + 120Æ ) V

2Vef sen (! t

vcn (t) =

A tensão da fase a (bobina aa0 ) foi tomada como referência


angular. Qualquer uma das tensões pode ser considerada como
referência angular e a defasagem entre elas permanecerá
constante igual a 120Æ

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 9/120


Geração de tensão trifásicas

As formas de onda das tensões induzidas são:

a0 a van (t) vbn (t) vcn (t)

b0 b
n !t [rad]
2 4
c0 c 3 3 2

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 10/120


Geração de tensão trifásicas

Se o rotor do gerador for girado no sentido oposto ao mostrado


anteriormente, as tensões induzidas no estator serão:
b0 c

p
N
2Vef sen ! t V

van (t) =
p


2Vef sen (! t + 120Æ ) V

I I
a0 vbn (t) =
p
a
!
Æ

2Vef sen (! t
S

vcn (t) = 120 ) V

c0 b

ou seja, há uma inversão entre as tensões vbn (t) e vcn (t)

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 11/120


Geração de tensão trifásicas

As três formas de onda ficam:

van (t) vcn (t) vbn (t)

!t [rad]
2 4
3 3 2

b0 c

a
I I
a0
Sequência de fases ACB
!
S

c0 b

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 12/120


Geração de tensão trifásicas

Os fasores associados às tensões geradas para as diferentes


sequências de fases são:

Sequência ABC: Sequência ACB:

V̂an = Vef \0Æ V V̂an = Vef \0 Æ V


V̂bn = Vef \ ( 120Æ ) V V̂bn = Vef \120Æ V
V̂cn = Vef \120Æ V V̂cn = Vef \ ( 120Æ ) V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 13/120


Geração de tensão trifásicas

Diagramas fasoriais das tensões trifásicas geradas para as duas


sequências de fases possı́veis:

c b

V̂cn V̂bn

V̂an V̂an
n a n a

V̂bn V̂cn

b c

ABC ACB

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 14/120


Geração de tensão trifásicas

 Exemplo

Considere as tensões induzidas no gerador trifásico abaixo (sequência


de fases ABC). Obtenha as tensões medidas através de um voltı́metro
conectado entre as extremidades livres das bobinas do estator.

p
van (t) = 2Vef sen !t V

a0
p
a


2Vef sen (!t

b0 b vbn (t) = 120Æ ) V
n
c0
 p p
2Vef sen (!t 2Vef sen (!t + 120Æ ) V
c
240Æ ) =

vcn (t)

=

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 15/120


Geração de tensão trifásicas

Voltı́metro conectado entre as extremidades livres das bobinas das


fases a e b:

G ERADOR

a0 a

− +
V̂an +
V̂ab V
V̂bn −
− +
n
b0 b

c0 c

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 16/120


Geração de tensão trifásicas

A tensão entre os terminais a e b é obtida através da aplicação da lei


das tensões de Kirchhoff para a malha indicada na figura:
 
V̂ab = V̂an V̂bn = V̂an + V̂bn
= Vef \0ÆV \ ( 120Æ)
a0 a
" ef p #
1 3
0 − +
= Vef Vef j
2 2
p # p "p
V̂an +
" #
V̂ab V 3 3 3 1
V̂bn − = Vef +j = 3Vef +j
2 2 2 2
p
− +
n
b0 b = 3Vef [cos 30Æ + j sen 30Æ ]
p
= 3Vef \30Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 17/120


Geração de tensão trifásicas

Diagrama fasorial com a obtenção gráfica de V̂ab :

V̂bn
V̂ab

30Æ
n a
V̂an

V̂bn V̂ab

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 18/120


Geração de tensão trifásicas

A relação entre V̂ab e V̂an é:

p
3Vef \30Æ p p
= 3 \30Æ ! V̂ab = V̂an  3 \30Æ V
V̂ab
Vef \0Æ
=
V̂an
p
A tensão entre as extremidades a e b apresenta um valor eficaz 3
vezes maior e está 30Æ adiantada em relação à tensão sobre a bobina
da fase a. Utilizando procedimento idêntico, pode-se obter as tensões
entre as demais extremidades livres:

p p
3Vef \ ( 90Æ ) = V̂bn  3 \30Æ V
V̂bc = V̂bn V̂cn =
p p
V̂ca = V̂cn V̂an = 3Vef \150Æ = V̂cn  3 \30Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 19/120


Geração de tensão trifásicas

Para sequência de fases ABC


Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 20/120
Geração de tensão trifásicas

O ponto comum n, resultado da conexão dos terminais livres das


bobinas, é chamado de ponto neutro

As tensões entre as fases a, b e c e o ponto neutro são chamadas


de tensões de fase

As tensões entre fases (por exemplo, entre a e b) são chamadas


de tensões de linha

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 21/120


Geração de tensão trifásicas

Tensão de fase Tensão de linha

Tensões trifásicas [Vı́deo]

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 22/120


Geração de tensão trifásicas

 Exercı́cio

Para ap sequência de fases ABC a tensão de linha V̂ab tem um valor


eficaz 3 vezes maior que a tensão de fase V̂an e está 30Æ adiantada
em relação à tensão de fase. Verifique que, para a sequência de fases
for ACB, a relação entre os valores eficazes será a mesma, com a
tensão de linha atrasada de 30Æ em relação à tensão de fase.


Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 23/120


Geração de tensão trifásicas

Diagrama fasorial completo, com as seis tensões possı́veis, para a


sequência de fases ABC:

V̂ca

V̂cn
V̂bc a
V̂bn V̂an

V̂ab

b
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 24/120
Geração de tensão trifásicas

Verifica-se que:

V̂an + V̂bn + V̂cn = 0

e:

V̂ab + V̂bc + V̂ca = 0

ou seja, a soma das tensões de fase e a soma das tensões de


linha são iguais a zero

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 25/120


Conexões trifásicas

Basicamente, tanto as fontes como as cargas trifásicas podem ser


conectadas formando as seguintes ligações:

Triângulo ou ∆ (Delta)

Estrela ou Y – com neutro

Estrela ou Y – sem neutro

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 26/120


Conexões trifásicas

Conexões para cargas trifásicas em Y (o neutro da carga pode ou


não estar ligado ao neutro da fonte, que por sua vez pode ou não
estar aterrado):
a
a
Z1 Z1
b
n Z2 Com neutro
c
c Z3 Z2 Z3
b n

a
a
Z1 Z1
b
n Z2 Sem neutro
c
c Z3 Z2 Z3
b n

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 27/120


Conexões trifásicas

Conexões para cargas trifásicas em ∆:

a a

Z1 Z3 Z1
b b Z3
Z2 Z2

c c

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 28/120


Conexões trifásicas

Se as três impedâncias da carga forem iguais (Z1 = Z2 = Z3 ), a


carga é chamada de equilibrada

Caso contrário, a carga trifásica será desequilibrada

Se as tensões de fase (e de linha) fornecidas pela fonte tiverem o


mesmo valor eficaz e estiverem defasadas de 120Æ umas das
outras, a fonte será chamada de equilibrada

Na prática, considera-se todas as fontes como sendo equilibradas

Assim, um circuito trifásico é considerado equilibrado se a carga é


equilibrada

Da mesma forma, o circuito será desequilibrado se a carga for


desequilibrada
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 29/120
Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

Circuito trifásico com fonte equilibrada conectada em estrela, e


carga equilibrada ligada em Y com neutro. A impedância da carga
é Z = 120 + j 160 Ω

F ONTE C ARGA
ÎA
A a Z

ÎB
B b Z

ÎC
C c Z

127 V ÎN
N n

chave fechada
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 30/120
Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

As letras maiúsculas A, B, C e N indicam os terminais da fonte

As letras minúsculas a, b, c e n indicam os terminais da carga

Com relação à fase A, considera-se que os pontos A e a sejam


ligados por um condutor ideal, não havendo, portanto, diferença de
potencial entre eles. O mesmo vale para as fases B e C, e para o
condutor neutro

Considerando a sequência de fases ABC e a tensão de fase A


como referência angular, as tensões de fase fornecidas pela fonte
são iguais a:
V̂AN = 127 \0Æ V
V̂BN = 127 \ ( 120Æ) V
V̂CN = 127 \120Æ V
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 31/120
Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

Naturalmente, as tensões de fase aplicadas sobre a carga são:


V̂an = V̂AN
V̂bn = V̂BN
V̂cn = V̂CN

As tensões de linha são:


p p
V̂AB = V̂ab = V̂AN 3 \30Æ = 127 3 \30Æ V = 220 \30Æ V
V̂BC = V̂bc = 220 \ ( 90Æ ) V
V̂CA = V̂ca = 220 \150Æ V

A impedância de carga vale:


Z = R + j X = 120 + j 160 = 200 \53;13Æ Ω

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 32/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

As tensões de fase são aplicadas sobre cada impedância e as


correntes de linha, que são aquelas fornecidas pela fonte, valem:

127 \0Æ
= 0;635 \ ( 53;13Æ ) A
V̂an V̂AN
200 \53;13Æ
ÎA = = =
Z Z
127 \ ( 120Æ)
= 0;635 \ ( 173;13Æ ) A
V̂bn V̂BN
200 \53;13Æ
ÎB = = =
Z Z
127 \120Æ
= 0;635 \66;87Æ A
V̂cn V̂
= CN =
200 \53;13Æ
ÎC =
Z Z

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 33/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

As correntes de linha têm o mesmo valor eficaz e são defasadas


de 120Æ umas das outras. Assim, basta calcular a corrente de uma
das fases e as outras são determinadas simplesmente
considerando as defasagens apropriadas

Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff para o ponto N, pode-se


obter a corrente pelo condutor neutro:
ÎA + ÎB + ÎC + ÎN = 0
 
ÎN = ÎA + ÎB + ÎC = 0

No caso de cargas equilibradas, não há corrente pelo condutor


neutro. Assim, se a chave (mostrada na figura) for aberta,
interrompendo o circuito de neutro, nada ocorre em termos da
operação do circuito
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 34/120
Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em estrela (Y)

Diagrama fasorial completo1

V̂bc

V̂cn
53;13Æ
ÎC Escalas:
1  – 15 V
n V̂an a
ÎB V:
53;13Æ 53;13Æ I: 1  – 0,25 A

ÎA V̂ab

V̂bn
V̂ca

1
O diagrama fasorial das grandezas da fase A (V̂an e ÎA ) é idêntico ao diagrama fasorial das grandezas das fases B e C,
considerando-se as defasagens de 120Æ .
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 35/120
Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

Considere agora uma carga equilibrada ligada em triângulo cuja


impedância é Z = 120 + j 160 Ω:

C ARGA
ÎA
A a

ÎB Îab
B b Z

+ Îca Z
F ONTE 220 V ÎC Z
C c Îbc

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 36/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

As tensões de linha são aplicadas a cada impedância. A tensão de


linha V̂AB será tomada como referência angular e, para sequência
de fases ABC, tem-se:

V̂AB = 220 \0Æ V


V̂BC = 220 \ ( 120Æ ) V
V̂CA = 220 \120Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 37/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

As correntes em cada impedância são chamadas de correntes de


fase e valem:

220 \0Æ
= 1;1 \ ( 53;13Æ ) A
V̂AB
200 \53;13Æ
Îab = =
Z
220 \ ( 120Æ )
= 1;1 \ ( 173;13Æ ) A

= BC =
200 \53;13Æ
Îbc
Z
220 \120Æ
= 1;1 \66;87Æ A

= CA =
200 \53;13Æ
Îca
Z

As correntes de fase têm os mesmos valores eficazes e estão


defasadas de 120Æ umas das outras. Consequentemente, sua
soma é igual a zero

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 38/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

As correntes de linha são obtidas aplicando-se a lei das correntes


de Kirchhoff nos nós a, b e c. Para o nó a, tem-se:

ÎA + Îca Îab = 0


ÎA = Îab Îca = 0;2279 j 1;8916 = 1;9053 \ ( 83;13Æ ) A

Da mesma forma para as outras fases:

ÎB = Îbc Îab = 1;7521 + j 0;7484 = 1;9053 \156;87Æ A


ÎC = Îca Îbc = 1;5242 + j 1;1432 = 1;9053 \36;87Æ A

As correntes de linha também têm seus valores eficazes iguais e


estão defasadas de 120Æ umas das outras. Pode-se observar
facilmente que a soma das correntes de linha é igual a zero

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 39/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

O diagrama fasorial completo para o circuito é:

V̂ca

Îca ÎC
ÎB Escalas:
Îbc V: 1  – 25 V
53;13Æ 30Æ V̂ab I: 1  – 0,5 A
Îab
Îca
ÎA

V̂bc

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 40/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

A relação entre corrente de linha e corrente de fase é:

1;9053 \ ( 83;13Æ ) p
= 3 \ ( 30Æ )
ÎA
1;1 \ ( 53;13Æ )
=
Îab
p
A corrente de linha tem um valor eficaz 3 vezes maior que a
corrente de fase e está atrasada de 30Æ

Se a sequência de fases for ACB, a relação entre os valores


eficazes será a mesma, e a corrente de linha estará adiantada de
30Æ

Estas relações são sempre válidas para circuitos equilibrados em


Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 41/120


Circuitos equilibrados
Carga equilibrada em triângulo (∆)

 Exercı́cio

Obtenha a corrente de linha na entrada de uma fábrica alimentada em


380 V, 60 Hz (tensão de linha) com as seguintes cargas conectadas:

1 Carga 1, formada por três impedâncias de 250 VA, fp 0;7 indutivo,


220 V
2 Carga 2, formada por três impedâncias de 550 W, fp 0;8 indutivo,
380 V

Resp.: 4;2604 \ 39;18Æ A




Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 42/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em triângulo (∆)

O circuito a seguir é composto por uma fonte trifásica, sequência


de fases ACB, que alimenta uma carga desequilibrada em
triângulo, cujas impedâncias por fase valem:
p
Zab = 100 + j 100 3 = 200 \60Æ Ω
p
Zbc = 100 j 100 = 100 2 \ ( 45Æ ) Ω
Zca = 150 Ω
C ARGA
ÎA
A a

ÎB Îab
Zab
B b
+ Îca Zca
F ONTE ÎC Zbc
C 230 V c Îbc

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 43/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em triângulo (∆)

De acordo com a sequência de fases definida, as tensões de linha


valem:

V̂AB = 230 \0Æ V


V̂BC = 230 \120Æ V
V̂CA = 230 \ ( 120Æ ) V

em que a tensão de linha entre as fases A e B foi tomada como


referência angular

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 44/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em triângulo (∆)

As correntes de fase são:

230 \0Æ
= 1;15 \ ( 60Æ ) A
V̂AB
200 \60Æ
Îab = =
Zab
230 \120Æ
p = 1;6263 \165Æ A
V̂BC
Îbc = =
Zbc 100 2 \ ( 45 )
Æ
230 \ ( 120Æ )
= 1;5333 \ ( 120Æ ) A
V̂CA
Îca = =
Zca 150

Neste caso, não há relação entre os valores eficazes e fases das
correntes. Seus valores dependem das impedâncias de cada fase

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 45/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em triângulo (∆)

As correntes de linha são calculadas por:

ÎA = Îab Îca = 1;3416 + j 0;332 = 1;3820 \13;90Æ A


ÎB = Îbc Îab = 2;1459 + j 1;4168 = 2;5714 \146;57Æ A
ÎC = Îca Îbc = 0;8043 j 1;7488 = 1;9249 \ ( 65;30Æ ) A

Pode-se verificar que a soma das correntes de linha é igual a zero

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 46/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em triângulo (∆)

Diagrama fasorial:

V̂bc

ÎB Îca

Escalas:
Îbc ÎA
V: 1  – 25 V
V̂ab I: 1  – 0,5 A
Îab
Îca

ÎC

V̂ca

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 47/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

Circuito composto por uma fonte trifásica, sequência de fases


ABC, que alimenta uma carga desequilibrada em Y com neutro. As
impedâncias da carga por fase valem:
Za = 100 Ω
j 40 = 50 \ ( 53;13Æ ) Ω
Zb = 30
p
Zc = 50 + j 50 = 50 2 \45Æ Ω
C ARGA
ÎA
A a Za

ÎB
B b Zb

F ONTE ÎC
C c Zc
+
ÎN
N 100 V n

chave fechada
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 48/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

Considerando a tensão da fase A como referência angular tem-se:

V̂AN = 100 \0Æ V


V̂BN = 100 \ ( 120Æ) V (1)
V̂CN = 100 \120Æ V

As tensões de linha são:


p
V̂AB = 100 3 \30Æ V
p
V̂BC = 100 3 \ ( 90Æ ) V
p (2)
V̂CA = 100 3 \150Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 49/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

Como o ponto neutro da carga n está conectado ao ponto neutro


da fonte N, ambos estão no mesmo potencial

Assim, as tensões de fase sobre carga são iguais às tensões de


fase fornecidas pela fonte

As correntes de linha valem:

100 \0Æ
= 1 \0 Æ A
V̂an
ÎA = =
Za 100
100 \ ( 120Æ )
= 2 \ ( 66;87Æ ) A
V̂bn
50 \ ( 53;13Æ )
ÎB = =
Zb
100 \120Æ
p = 1;4142 \75Æ A
V̂cn
ÎC = =
Zc 50 2 \45Æ

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 50/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

A corrente pelo condutor neutro é obtida aplicando-se a lei das


correntes de Kirchhoff para o ponto neutro da carga:

 
ÎN = ÎA + ÎB + ÎC
= 2;1516 + j 0;4732 = 2;2030 \167;60Æ A

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 51/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

Diagrama fasorial:

V̂cn

ÎC
45Æ
ÎN Escalas:
n ÎA a V: 1  – 12,5 V
V̂an I: 1  – 0,5 A

53;13Æ
ÎB

V̂bn
b

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 52/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

 Exemplo

Uma instalação residencial recebe três fases e o neutro da companhia


distribuidora de energia elétrica. Em um determinado instante somente
a geladeira e o chuveiro estão ligados, conforme mostra a figura abaixo.
Para este instante, obter as correntes consumidas pelos equipamentos
e as correntes de linha e de neutro fornecidas pela companhia.
30 A
A
30 A ÎB
B +
ÎC 220 V
30 A
C −
ÎN
N

Îge Îge Îch Îch

Geladeira Chuveiro
900 W
4000 W
fp = 0;9 ind.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 53/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

Tomando a fase B como referência angular e considerando a


sequência de fases ABC, tem-se as seguintes tensões de fase:

V̂BN = 127 \0Æ V


V̂CN = 127 \ ( 120Æ ) V
V̂AN = 127 \120Æ V

A tensão de linha entre as fases B e C é:

V̂BC = 220 \30Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 54/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

A partir dos dados fornecidos para a geladeira, pode-se calcular:

j Sge j = Pfpge = 900


0;9
= 1 kVA

j Sge j2
q
9002 = 435;9 var
p
Qge = 2 =
Pge 10002

Sge = Pge + j Qge = 900 + j 435;9 = 1 \25;8Æ kVA

A tensão da fase C é aplicada sobre a geladeira. Logo, a corrente por


ela vale:
Sge  1000 \25;8Æ 
= 7;9 \ ( 145;8Æ ) A
   

127 \ ( 120Æ )
Îge = =
V̂CN

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 55/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

O chuveiro é um equipamento puramente resistivo, apresentando


portanto fator de potência unitário. Logo:

Sch = 4 \0Æ kVA

Como a tensão de linha V̂BC está aplicada sobre o chuveiro, a corrente


por ele é igual a:

Sch  4000 \0Æ 


= 18;2 \30Æ A
   

220 \30Æ
Îch = =
V̂BC

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 56/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

A corrente de linha da fase B é igual à corrente pelo chuveiro, ou seja:

ÎB = Îch = 18;2 \30Æ A

Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff à fase C tem-se:

30 A
A
30 A ÎB
B +
ÎC 220 V
C
30 A
− ÎC = Îge Îch
= 7;9 \ ( 145;8Æ ) 18;2 \30Æ
ÎN
N

= 26;1 \ ( 148;7Æ ) A
Îge Îge Îch Îch

Geladeira Chuveiro
900 W
4000 W
fp = 0;9 ind.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 57/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) com neutro

A corrente pelo condutor neutro pode ser calculada por:

30 A
A
30 A ÎB  
B +

C
30 A ÎC

220 V ÎN = ÎA + ÎB + ÎC
ÎN h    i
N
= 0 + Îch + Îge Îch
Îge Îge Îch Îch

Geladeira
900 W
Chuveiro = Îge = 7;9 \31;3Æ A
4000 W
fp = 0;9 ind.

A constatação de que ÎN = Îge poderia ser feita pela simples inspeção
do circuito. A existência da corrente de neutro é a expressão do
desequilı́brio da carga.


Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 58/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro

O mesmo circuito já mostrado anteriormente tem agora a chave do


condutor neutro aberta, configurando um circuito com carga
desequilibrada em estrela sem neutro2 .

C ARGA
ÎA
A a Za

ÎB
B b Zb

F ONTE ÎC
C c Zc
+
ÎN
N 100 V n

chave aberta

2
Dá-se o nome de carga em estrela sem neutro àquela para a qual seu ponto neutro não está conectado ao ponto neutro da
fonte.
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 59/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro

Os seguintes pontos devem ser considerados na análise deste


circuito:

A fonte trifásica é equilibrada. Portanto, os valores das tensões de


fase e de linha fornecidas pela fonte continuam os mesmos
definidos pelas equações (1) e (2)

As tensões de linha aplicadas sobre carga são iguais às tensões de


linha fornecidas pela fonte, sendo portanto equilibradas. No entanto,
devido ao fato de que os pontos neutros da carga n e da fonte N
não estão conectados, pode haver uma diferença de potencial entre
esses dois pontos3 !
as tensões de fase aplicadas à carga podem
não ser iguais às tensões de fase fornecidas pela fonte, ou seja:

6
V̂an = V̂AN 6
V̂bn = V̂BN 6
V̂cn = V̂CN
3
Esta diferença de potencial de fato existe no caso de cargas desequilibradas
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 60/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro

A corrente de neutro, e que expressa o desequilı́brio da carga, não


existe neste caso (ÎN = 0). Assim, aplicando a lei das correntes de
Kirchhoff para o ponto neutro da carga, tem-se:

ÎA + ÎB + ÎC = 0

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 61/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro

Conclui-se que as tensões de fase sobre as impedâncias da carga


ajustar-se-ão de forma que a lei das correntes de Kirchhoff
aplicada ao ponto n seja satisfeita. Isto se dá através da existência
de uma diferença de potencial entre os pontos n e N. Neste caso,
o desequilı́brio das tensões de fase sobre a carga é a expressão
do desequilı́brio da carga

As caracterı́sticas de um circuito com carga desequilibrada em


estrela sem neutro fazem com que a sua resolução seja mais
trabalhosa que a dos demais tipos de carga

Serão mostradas a seguir duas maneiras de se resolver o circuito

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 62/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

Pode-se montar um sistema de equações das malhas do circuito e


resolvê-lo, de forma a obter os valores das correntes de malha:

C ARGA
ÎA
A a Za

ÎB Î1
B b Zb

F ONTE ÎC
C Î2 c Zc

N n

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 63/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

São definidas duas malhas e suas respectivas correntes de malha,


Î1 e Î2 . Aplicando-se a lei das tensões de Kirchhoff para as duas
malhas, obtém-se o seguinte sistema de equações:
C ARGA
ÎA
A a Za  
B
ÎB Î1 b Zb
V̂AB Za Î1 Zb Î1 Î2 = 0
F ONTE ÎC
 
C Î2 c Zc
V̂BC Zb Î2 Î1 Zc Î2 = 0
N n

que pode ser posta na forma:

(Za + Zb ) Î1 + ( Zb ) Î2 = V̂AB


(3)
( Zb ) Î1 + (Zb + Zc ) Î2 = V̂BC

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 64/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

As equações de malha (3) podem ser colocadas na forma


matricial:

 " # " #


Za + Zb Zb Î1 V̂AB
=
Zb Zb + Zc Î2 V̂BC

cuja forma compacta é:

ZI = V

e sua solução é dada por:

I=Z 1
V =YV
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 65/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

Tomando os valores numéricos das impedâncias da carga, a


matriz Y fica:
7;0 \4;63Æ 4;3 \ ( 55;63Æ )
Y = Z = 10 
 
1 3
4;3 \ ( 55;63Æ ) 11;8 \ ( 19;60Æ )
S

O vetor de correntes de malha I vale:


p Æ   0;46 \35Æ 
\
" #
=Y p

Î1 100 3 30
100 3 \ ( 90Æ ) 2;25 \ ( 90;3Æ )
I= = A
Î2

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 66/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

As correntes de linha são obtidas a partir das correntes de malha:

C ARGA

ÎA = Î1 = 0;46 \35Æ A


ÎA
A a Za

Î1 = 2;54 \ ( 98;7Æ ) A


ÎB Î1
B b Zb

F ONTE ÎC Î2


ÎB = Î2
Î2 = 2;25 \89;7Æ A
C c Zc

N n ÎC =

As tensões de fase na carga são:

V̂an = Za ÎA = 46 \35Æ V


V̂bn = Zb ÎB = 127;2 \ ( 151;8Æ ) V
V̂cn = Zc ÎC = 159;3 \134;7Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 67/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

A diferença de potencial entre os pontos n e N pode ser obtida


com o auxı́lio da figura a seguir, na qual somente a fase A do
circuito trifásico é representada:

C ARGA
ÎA
A a Za

+ +

F ONTE
V̂AN V̂an

− −
N n
− V̂nN +

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 68/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

Aplicando-se a lei das tensões de Kirchhoff à malha mostrada na


figura anterior, obtém-se:
V̂nN = V̂AN V̂an
= 100 \0Æ 46 \35Æ
= 67;6 \ ( 23;1Æ ) V

Pode-se verificar que V̂nN pode também ser calculado por:


V̂nN = V̂BN V̂bn

ou por:
V̂nN = V̂CN V̂cn

bastando para isso representar as malhas das fases B ou C do


circuito trifásico de forma semelhante ao que foi feito para a fase A
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 69/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 1 – equações de malha

O diagrama fasorial das tensões para o circuito é:

c C

V̂CA

V̂CN V̂cn
Escala:
V̂AN aA
1  – 12,5 V
V̂BC N
V:
V̂nN V̂an
V̂BN n
V̂AB
V̂bn

b B
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 70/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Para cargas equilibradas, o ponto neutro da carga n está no


mesmo potencial do ponto neutro da fonte N

c C
Para cargas desequilibradas, o
V̂CA
neutro da carga n desloca-se em V̂cn
V̂CN
relação ao neutro da fonte N. Este V̂BC V̂AN aA
Escala:
1  – 12,5 V
N
V:
deslocamento foi verificado no V̂BN
V̂nN V̂an
n
V̂AB
exemplo anterior: V̂bn

b B

O método do deslocamento de neutro baseia-se em obter


primeiramente a diferença de potencial entre os pontos neutros e,
em seguida, as demais tensões e correntes
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 71/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Considere novamente:
C ARGA
ÎA
A a Za

+ +

F ONTE
V̂AN V̂an

− −
N n
− V̂nN +

V̂AN = V̂an + V̂nN (4)


Como V̂an = Za ÎA :
V̂AN V̂nN V̂AN V̂nN
ÎA = = = Ya V̂AN Ya V̂nN
Za 1=Ya
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 72/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Procedimento semelhante para as fases B e C leva a:

ÎB = Yb V̂BN Yb V̂nN


ÎC = Yc V̂CN Yc V̂nN

Como a soma das três correntes de linha é igual a zero, tem-se:


     
Ya V̂AN Ya V̂nN + Yb V̂BN Yb V̂nN + Yc V̂CN Yc V̂nN = 0

que fornece, finalmente, a tensão entre os pontos n e N:

Ya V̂AN + Yb V̂BN + Yc V̂CN


V̂nN = (5)
Ya + Yb + Yc

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 73/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Pode-se então obter facilmente as tensões de fase na carga:

V̂an = V̂AN V̂nN


V̂bn = V̂BN V̂nN
V̂cn = V̂CN V̂nN

Logo:


1  
V̂nN = V̂an + V̂bn + V̂cn
3

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 74/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

     
Os termos Ya V̂AN , Yb V̂BN e Yc V̂CN da equação (5) são
iguais às correntes de linha nas fases A, B e C caso houvesse
conexão entre os pontos n e N

Portanto, pode-se escrever:

ÎA0 + ÎB0 + ÎC0 ÎN0


V̂nN = =
Ya + Yb + Yc Ya + Yb + Yc

em que ÎA0 , ÎB0 , ÎC0 e ÎN0 são as correntes de linha e de neutro caso os
pontos n e N estivessem conectados

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 75/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

 Exemplo

Considere novamente o circuito:


C ARGA
ÎA
A a Za

ÎB
B b Zb

F ONTE ÎC
C c Zc
+
ÎN
N 100 V n

chave aberta

Ya = 1=Za = 0;01 S
Yb = 1=Zb = 0;02 \53;13Æ S
Yc = 1=Zc = 0;0141 \ ( 45Æ ) S
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 76/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

A tensão entre os pontos neutros da carga n e da fonte N vale:

V̂nN =
1
0;01 + 0;02 \53;13Æ + 0;0141 \ ( 45Æ )
 [0;01  100 \0Æ+
0;02 \53;13Æ  100 \ ( 120Æ) + 0;0141 \ ( 45Æ )  100 \120Æ]
= 67;6 \ ( 23;1Æ ) V

As tensões de fase são:

V̂an = V̂AN V̂nN = 100 \0Æ 67;6 \ ( 23;1Æ ) = 46 \35Æ V


V̂bn = V̂BN V̂nN = 100 \ ( 120Æ ) 67;6 \ ( 23;1Æ )
= 127;2 \ ( 151;8Æ ) V
V̂cn = V̂CN V̂nN = 100 \120Æ 67;6 \ ( 23;1Æ ) = 159;3 \134;7Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 77/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Finalmente, pode-se calcular as correntes de linha:

ÎA = V̂an =Za = 0;46 \35Æ A


ÎB = V̂bn =Zb = 2;54 \ ( 98;7Æ ) A
ÎC = V̂cn =Zc = 2;25 \89;7Æ A

A utilização do método do deslocamento de neutro resulta em uma


quantidade menor de cálculos.


Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 78/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

 Exemplo

TV
200 W

A instalação residencial
já mostrada ÎA
ÎTV ÎTV
30 A
anteriormente é A
30 A ÎB
mostrada novamente a B +
220 V
seguir em outro instante, C
30 A ÎC

em que a geladeira, o ÎN Y
N
chuveiro e o aparelho de X
TV estão ligados: Îge Îge Îch Îch

Geladeira Chuveiro
900 W
4000 W
fp = 0;9 ind.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 79/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Apresentar o diagrama fasorial das tensões após:

1 o rompimento do condutor neutro no ponto X;


2 o rompimento do condutor neutro no ponto Y.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 80/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

É necessário obter informações sobre a operação de cada


equipamento antes do rompimento do condutor neutro para depois
analisar as suas consequências.
Inicialmente, verifica-se que:

a geladeira e o chuveiro operam nas mesmas condições


mostradas anteriormente, ou seja:

Sge = 1 \25;8Æ kVA


Sch = 4 \0Æ kVA

a potência complexa no aparelho de TV é igual a (considera-se a


TV como sendo uma carga resistiva):

STV = 200 \0Æ VA

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 81/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

O rompimento do condutor neutro não afeta as condições de operação


de equipamentos que estejam conectados entre fases, como é o caso
do chuveiro, pois considera-se que as tensões fornecidas pela
companhia distribuidora são equilibradas e independem da carga
conectada.
Por outro lado, as condições de operação de equipamentos conectados
entre uma fase e o neutro podem ser fortemente afetadas, dependendo
da localização do rompimento.
No caso particular do rompimento no ponto X, observa-se na figura que
o ponto neutro da geladeira e da TV passam a não estar no mesmo
potencial do neutro da companhia distribuidora.
Portanto, é necessário calcular as tensões aplicadas sobre cada um
desses equipamentos após o rompimento. Essas tensões podem ser
obtidas utilizando o método do deslocamento de neutro.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 82/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

ZTV
TV
30 A
200 W
A
ÎTV ÎTV
30 A ÎA
A
30 A
B
30 A ÎB

ÎC
+
220 V
B n
30 A
C −
ÎN Y
N
X 30 A
Îge Îge Îch Îch C
Geladeira Chuveiro
900 W
fp = 0;9 ind.
4000 W Zge
N

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 83/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Impedâncias dos equipamentos de interesse:

 2
1272
= 16;13 \25;8Æ Ω
V̂ge V̂ge V̂ge Vge
Zge =
Îge
=

Îge V̂ge
= 
Sge
=
1000 \ ( 25;8Æ )
2
1272
= 80;65 \0Æ Ω
VTV
ZTV = 
STV
=
200 \0Æ

Tensão entre o neutro das cargas e o neutro da fonte:

YTVV̂AN + Yge V̂CN


V̂nN =
YTV + Yge

= 107;9 \ ( 135;66Æ ) V
Zge V̂AN + ZTVV̂CN
=
Zge + ZTV

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 84/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Tensões entre as fases e o neutro das cargas:

V̂An = V̂AN V̂nN = 185;9 \85;78Æ V


V̂Bn = V̂BN V̂nN = 217;65 \20;27Æ V
V̂Cn = V̂CN V̂nN = 37;17 \ ( 68;43Æ ) V

O rompimento do condutor neutro pode resultar em tensões muito altas


ou baixas sobre os equipamentos.
Como consequência, estes podem operar de forma inadequada, ou
mesmo sofrer danos.
Neste caso em particular, o aparelho de TV ficará sujeito a uma tensão
maior que a nominal (fase A), que poderá danificá-la. A tensão de
alimentação da geladeira será muito baixa (fase C), e o seu motor não
funcionará nessas condições.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 85/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Diagrama fasorial:
A

V̂AB

V̂AN

V̂An Escala:
V̂CA N V̂BN
1  – 15 V
B
V:
V̂nN
V̂CN

V̂Bn
V̂BC
n
V̂Cn

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 86/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

O rompimento do condutor neutro no ponto Y afeta somente a


operação do aparelho de TV, pois o ponto neutro da geladeira continua
conectado ao ponto neutro da companhia distribuidora.
O circuito utilizado para o cálculo do deslocamento de neutro é:

ZTV
30 A
A
30 A
B n
30 A
C

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 87/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

A tensão entre o neutro da carga e o neutro da fonte é calculada por:

= V̂AN = 127 \120Æ V


YTV V̂AN
V̂nN =
YTV

As tensões entre as fases e o ponto neutro são:

V̂An = V̂AN V̂nN = 0


V̂Bn = V̂BN V̂nN = 220 \ ( 30Æ ) V
V̂Cn = V̂CN V̂nN = 220 \ ( 90Æ ) V

Portanto, o ponto n está sob o mesmo potencial que o ponto A.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 88/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Diagrama fasorial das tensões:


An

V̂AB = V̂Bn

V̂AN = V̂nN

N Escala:
V̂BN
V̂CA = V̂Cn 1  – 15 V
B
V:

V̂CN

V̂BC

A aplicação da lei das correntes de Kirchhoff para o ponto n resulta em


uma corrente nula na fase A. Como consequência, conclui-se que não
há tensão aplicada sobre o equipamento.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 89/120
Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

 Exemplo

É possı́vel explorar as caracterı́sticas das cargas desequilibradas em


estrela sem neutro para determinar a sequência de fases de um
determinado circuito trifásico. Considere o circuito a seguir, em que
uma fonte de tensão trifásica de 220 V de linha alimenta uma carga
trifásica desequilibrada em estrela sem neutro.
C ARGA

A a R

B b ZR

F ONTE +
C 220 V c R

N chave trifásica n

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 90/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Os elementos que compõem a carga são:

R : 200 Ω, 200 W
Z : 127 V, 100 W, 50% atrasado

Mostre que a sequência de fases será dada por:

(resistor com MAIOR tensão; reator; resistor com MENOR tensão)

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 91/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Potência complexa do reator:

\ cos \ cos (0;5) = 200 \60Æ VA


PR 1 100 1
SR = (fp) =
fp 0;5
Impedância do reator:

VR2 1272
= 80;6450 \60Æ Ω
SR 200 \ ( 60Æ )
ZR = =

Considerando que a sequência de fases seja abc, as tensões de fase


fornecidas pela fonte serão:

V̂AN = 127 \0Æ V


V̂BN = 127 \ ( 120Æ ) V
V̂CN = 127 \120Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 92/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Tensão entre os pontos neutros da carga e da fonte:

Ya V̂AN + Yb V̂BN + Yc VCN


V̂nN =
Ya + Yb + Yc
V̂AN =R + V̂BN =ZR + V̂CN =R
= = 70;74 \ ( 170;08Æ ) V
2=R + 1=ZR

Tensões de fase sobre carga são:

V̂An = 197;1 \3;5Æ V


V̂Bn = 98 \ ( 86;4Æ ) V
V̂Cn = 122;3 \87;1Æ V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 93/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

A tensão sobre o resistor da fase A é maior que a tensão sobre o


resistor da fase C.
Assim, se ao ser ligada a chave trifásica a tensão da fase A for maior
que a tensão da fase C, a sequência ABC assumida está correta. Caso
contrário, a sequência será ACB.
Este teste também pode ser feito substituindo-se os resistores por duas
lâmpadas idênticas. Neste caso, a sequência de fases será dada por:

(lâmpada que brilha MAIS; reator; lâmpada que brilha MENOS)

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 94/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

 Exercı́cio

Considere o circuito a seguir, para o qual o ponto neutro da carga é


conectado ao neutro da fonte através de uma impedância Zn . Verifique
que a tensão de deslocamento de neutro é dada por:

Ya V̂AN + Yb V̂BN + Yc V̂CN


V̂nN =
Yn + Ya + Yb + Yc
C ARGA
ÎA
A a Za

ÎB
B b Zb
n
F ONTE ÎC
C c Zc
ÎN
+ Zn
N 100 V
n0

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 95/120


Circuitos desequilibrados
Carga desequilibrada em estrela (Y) sem neutro
Método 2 – deslocamento de neutro

Carga Trifásica em Estrela Desequilibrada [Vı́deo]

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 96/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

A resolução de circuitos trifásicos eventualmente pode ser


facilitada se cargas em Y forem transformadas em cargas em ∆
equivalentes ou vice-versa, a fim de serem associadas com outras
impedâncias (em série ou em paralelo)

Considere os circuitos mostrados a seguir, nos quais uma fonte de


tensão monofásica está conectada entre as fases A e B de uma
carga trifásica em Y e uma em ∆:
a Za a

 b Zb  b
Zab
n Zca

Zc Zbc
c c

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 97/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

No caso da carga em Y, a impedância vista pela fonte será igual a:

eq
ZY = Za + Zb

No caso da carga em ∆, tem-se:

eq
Z∆ = Zab == (Zbc + Zca )

Zab  (Zbc + Zca )


=
(Zab + Zbc + Zca )

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 98/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Para que as duas cargas trifásicas (em Y e em ∆) sejam


equivalentes, as impedâncias vistas pela fonte devem ser iguais,
ou seja:
ZYeq = Z∆
eq

Zab Zbc + Zab Zca


Za + Zb = (6)
Zab + Zbc + Zca

Conectando a fonte de tensão monofásica entre as fases B e C, e


depois entre C e A, obtém-se as seguintes relações entre as
impedâncias:
Zbc Zca + Zbc Zab
Zb + Zc = (7)
Zab + Zbc + Zca
Zca Zab + Zca Zbc
Zc + Za = (8)
Zab + Zbc + Zca
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 99/120
Transformações Y-∆ e ∆-Y

Somando as equações (6) e (8) membro a membro, obtém-se:

Zab Zbc + 2Zab Zca + Zca Zbc


2Za + Zb + Zc = (9)
Zab + Zbc + Zca

Subtraindo a equação (7) da equação (9), chega-se a:

Zab Zca
Za = (10)
Zab + Zbc + Zca

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 100/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Através de procedimento semelhante, pode-se obter as


expressões das impedâncias das fases B e C, resultando em:

Zab Zca
Za = (11)
Zab + Zbc + Zca
Zbc Zab
Zb = (12)
Zab + Zbc + Zca
Zca Zbc
Zc = (13)
Zab + Zbc + Zca

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 101/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Através das equações (10), (12) e (13) pode-se realizar a


transformação ∆-Y, ou seja, a transformação de uma carga
conectada em ∆ em uma carga equivalente conectada em Y

Considere o caso particular de uma carga equilibrada conectada


em ∆, ou seja:

Zab = Zbc = Zca = Z∆


De (10), (12) e (13):

Z∆
ZY =
3
ou seja, a impedância da carga equivalente em Y é igual a um
terço da carga original em ∆
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 102/120
Transformações Y-∆ e ∆-Y

A transformação Y-∆ é obtida utilizando as equações (10), (12) e


(13), realizando a seguinte operação:

2 Z Z + Z Z2 Z + Z Z Z2
Zab bc ca ab bc ca ab bc ca
Za Zb + Zb Zc + Zc Za =
(Zab + Zbc + Zca )2
Zab Zbc Zca
=
Zab + Zbc + Zca
= Zab 
Zbc Zca
Zab + Zbc + Zca
= Zab Zc

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 103/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Logo:

Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zab = (14)
Zc
Para as outras fases tem-se:

Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zbc = (15)
Za
Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zca = (16)
Zb

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 104/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Através das equações (14), (15) e (16) pode-se realizar a


transformação Y-∆, ou seja, a transformação de uma carga
conectada em Y em uma carga equivalente conectada em ∆.
Considere o caso particular de uma carga equilibrada conectada
em Y, ou seja:

Za = Zb = Zc = ZY

De (14), (15) e (16):

Z∆ = 3 ZY

ou seja, a impedância da carga equivalente em ∆ é igual a três


vezes a carga original em Y

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 105/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

 Exemplo

Uma fonte trifásica de 220 V de linha alimenta duas cargas trifásicas


em paralelo, como mostra a figura a seguir. Calcular as correntes de
linha fornecidas pela fonte.

C
F ONTE ÎC

+
B
ÎB 220 V

A
ÎA
100 Ω

200 Ω

400 Ω

100 Ω 200 Ω

n
400 Ω
C ARGA 1 C ARGA 2
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 106/120
Transformações Y-∆ e ∆-Y

Considerando a tensão de linha entre as fases A e B como referência


angular, pode-se especificar as tensões fornecidas pela fonte:

V̂AN = 127 \ ( 30Æ ) V V̂AB = 220 \0Æ V


V̂BN = 127 \ ( 150Æ) V V̂BC = 220 \ ( 120Æ ) V
V̂CN = 127 \90Æ V V̂CA = 220 \120Æ V

As correntes de linha fornecidas pela fonte podem ser obtidas de duas


maneiras: (a) calculando as correntes de linha fornecidas a cada carga
individualmente e depois somando-as para obter a corrente total, ou (b)
obtendo a impedância equivalente e calculando diretamente a corrente
total.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 107/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

A carga 1 é desequilibrada e está ligada em Y sem neutro. As


admitâncias por fase valem:

Ya = 0;0100 S
Yb = 0;0050 S
Yc = 0;0025 S

A tensão entre os pontos neutros da carga e da fonte é calculada por:

Ya V̂AN + Yb V̂BN + Yc V̂CN


V̂nN =
Ya + Yb + Yc
0;01  127 \ ( 30Æ ) + 0;005  127 \ ( 150Æ) + 0;0025  127 \90Æ
=
0;01 + 0;005 + 0;0025
Æ
= 48 \ ( 49;1 ) V

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 108/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

As tensões de fase sobre a carga 1 são:

V̂An = V̂AN V̂nN = 83;14 \ ( 19;11Æ ) V


V̂Bn = V̂BN V̂nN = 144 \ ( 169;11Æ ) V
V̂Cn = V̂CN V̂nN = 166;28 \100;89Æ V

As correntes de linha pela carga 1 são:

ÎA1 = V̂An =Za = 0;83 \ ( 19;11Æ ) A


ÎB1 = V̂Bn =Zb = 0;72 \ ( 169;11Æ ) A
ÎC1 = V̂Cn =Zc = 0;42 \100;89Æ A

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 109/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

A carga 2 também é desequilibrada e está ligada em ∆. As correntes


de fase valem:

2
ÎAB = V̂AB =Zab = 1;1 \0Æ A
2
ÎBC = V̂BC =Zbc = 2;2 \ ( 120Æ ) A
2
ÎCA = V̂CA =Zca = 0;55 \120Æ A

As correntes de linha são:

ÎA2 = ÎAB
2 2
ÎCA = 1;46 \ 19;11Æ A
ÎB2 = ÎBC
2 2
ÎAB = 2;91 \ ( 139;11Æ ) A
ÎC2 = ÎCA
2 2
ÎBC = 2;52 \70;89Æ A

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 110/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Finalmente, as correntes de linha fornecidas pela fonte são iguais a:

ÎA = ÎA1 + ÎA2 = 2;29 \ ( 19;11Æ ) A


ÎB = ÎB1 + ÎB2 = 3;55 \ ( 144;93Æ ) A
ÎC = ÎC1 + ÎC2 = 2;89 \75;06Æ A

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 111/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

A figura a seguir mostra o mesmo circuito, porém, com a carga 1


transformada em uma carga equivalente conectada em ∆:

C
F ONTE ÎC

+
B
ÎB 220 V

A
ÎA

eq eq
Zbc Zab 100 Ω 200 Ω

eq
Zca 400 Ω

C ARGA 1 C ARGA 2

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 112/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

Verifica-se que a impedância de 100 Ω da carga 2 está em paralelo


eq
com Zbc da carga 1, já que sobre ambas é aplicada a tensão V̂BC .
Da mesma forma, a impedância de 200 Ω da carga 2 está em paralelo
eq
com Zab da carga 1 e a impedância de 400 Ω da carga 2 está em
eq
paralelo com Zca da carga 1.

Assim, é possı́vel obter uma carga trifásica em ∆ vista pela fonte, que é
resultado da associação em paralelo das cargas 1 (transformada) e 2.

Por outro lado, se a carga 2 fosse substituı́da por sua impedância


equivalente em Y, esta seria também desequilibrada. Como em geral
os pontos neutros das cargas 1 e 2 equivalente estariam em potenciais
diferentes, não estariam de fato em paralelo.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 113/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

A transformação da carga 1 em ∆ fornece:

1 Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zab = = 350 Ω
Zc
1 Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zbc = = 1400 Ω
Za
1 Za Zb + Zb Zc + Zc Za
Zca = = 700 Ω
Zb

A carga vista pela fonte é:

f
Zab 1
= Zab ==Zab
2
= 127;27 Ω
f
Zbc 1
= Zbc ==Zbc
2
= 93;33 Ω
f
Zca 1
= Zca ==Zca
2
= 254;55 Ω

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 114/120


Transformações Y-∆ e ∆-Y

As correntes de fase valem:

ÎAB = V̂AB =Zab


f
= 1;73 \0Æ A
ÎBC = V̂BC =Zbc
f
= 2;36 \ ( 120Æ ) A
ÎCA = V̂CA =Zca
f
= 0;86 \120Æ A

Finalmente, as correntes de linha são iguais a:

ÎA = ÎAB ÎCA = 2;29 \ ( 19;11Æ ) A


ÎB = ÎBC ÎAB = 3;55 \ ( 144;93Æ ) A
ÎC = ÎCA ÎBC = 2;89 \75;06Æ A

Observa-se que a quantidade de cálculos é menor no segundo caso.



Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 115/120
Exercı́cios propostos

G. Barreto, C.A. Castro, C.A.F. Murari, F. Sato, Circuitos de


corrente alternada: fundamentos e prática, Oficina de Textos, 2012
– capı́tulo 6.

C.A. Castro, M.R. Tanaka, Circuitos de corrente alternada – um


curso introdutório, Unicamp, 1995 – capı́tulo 4.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 116/120


Referências

P. Cardieri, notas de aula.

M.C.D. Tavares, notas de aula.

H. Sette,Vantagens do sistema trifásico,


http://www.etelj.com.br/etelj/artigos/Vantagens do Sistema Trifasico.pdf.

C.A. Castro, M.R. Tanaka, Circuitos de corrente alternada – um curso


introdutório, Unicamp, 1995.

F.V. Gomes, Circuitos Trifásicos Equilibrados e Desequilibrados, UFJF, 2012.

G. Barreto, C.A. Castro, C.A.F. Murari, F. Sato, Circuitos de corrente alternada:


fundamentos e prática, Oficina de Textos, 2012.

R.O. Albuquerque, Circuitos em corrente alternada, 6a. edição, Érica, 1997.

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 117/120


Apêndice

Outra forma de visualizar a geração de tensões trifásicas é


apresentada a seguir4

Considere novamente o gerador mostrado a seguir

b0 c

I I
a a0
!
S

c0 b

4
Baseada em R.O. Albuquerque, Circuitos em corrente alternada, 6a. edição, Érica, 1997.
Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 118/120
Apêndice

As tensões geradas nas três bobinas são:

vaa0 (t) vcc 0 (t) vbb0 (t)

!t [rad]
2 4
3 3 2

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 119/120


Apêndice

Se impedâncias de carga são conectadas a cada bobina:

Carlos A. Castro EA611 – Circuitos trifásicos 120/120

Você também pode gostar