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Análise de Riscos HAZOP para

Subestações Elétricas
Escrito por abracopel 24 de junho de 2013 0 comentários visto 2362 vezes

A análise de riscos HAZOP é uma técnica de identificação de riscos baseada na


premissa de que os riscos, os acidentes e os problemas de funcionamento em uma
instalação acontecem por causa de algum desvio das variáveis do processo com respeito
aos parâmetros normais de operação.

A metodologia nasceu no ano de 1963, na Imperial Chemical Industries, para a


aplicação das técnicas de análises críticas nas áreas do processo químico. A partir desta
experiência a utilização desta metodologia tem sido altamente aplicada na construção e
na identificação de riscos das plantas químicas e petroquímicas em todo o mundo, ao
contrário para as instalações elétricas e subestações de distribuição, onde, até a presente
data, nenhum estudo foi desenvolvido.

A realização da análise HAZOP consiste em analisar sistematicamente as causas e as


conseqüências dos desvios das variáveis que definem um processo contínuo, através das
chamadas “palavras guias”.

Por tanto, se considerarmos uma subestação elétrica como um sistema em contínuo


processo de operação, que depende de uma série de variáveis que operam segundo os
parâmetros determinados, a análise qualitativa HAZOP é possível para estas instalações.

As principais variáveis que definem a operação de um sistema elétrico e/ou de uma


subestação elétrica são: a tensão, a intensidade, a potência e a freqüência. Por sua vez,
as “palavras guias” que definem os desvios destas variáveis à respeito de sua operação
normal são: “NÃO”, “MAIS” e “MENOS”.

Para aplicar a análise HAZOP, é necessário dividir a subestação elétrica em


subsistemas. Para cada subsistema se analisam sistematicamente todos os desvios que
afetam as variáveis que definem a operação.

A análise de cada subsistema será registrada em tabelas identificando: variáveis de


estudo, desvios, causas, conseqüências ou respostas do sistema e, por último, as
recomendações propostas.

Variáveis Desvios Causas Conseqüências Recomendações


Tensão NÃO
Tensão MAIS
Tensão MENOS
Intensidade NÃO
Intensidade …
Para compreender melhor o que estamos esclarecendo vamos fazer uma análise HAZOP
para uma posição de 15 KV, em uma subestação standard, barra dupla, interior e
convencional.

Variáveis Desvios Causas Conseqüências Recomendações


Tensão NÃO Desconexão do Sem tensão nem Colocar relé 27 de
transformador alimentação na baixa tensão.
posição.
T-I Apertura de
todos os
disjuntores de
todas as
posições.
Tensão MAIS Por cargas muito Eleva a tensão Colocar três TI
desequilibradas. nas barras e para cada posição
abertura da (um TI por fase).
subestação.
Com medidas de I
em todas as fases
podemos detectar
a fase mais
desequilibrada e
abrir essa posição
e não todas,
garantindo
controle seletivo.
Tensão MENOS Conexão de A tensão Colocar relé 27 de
cargas diminui baixa tensão.
(normalmente ocasionando
motores muito uma queda na Colocar três TI
desequilibrados). rede, cada vez para garantir o
maior e mais controle seletivo.
difícil de
resolver.
Intensidade NÃO Sem conexão Sem intensidade (*) Proposta de
com na posição. desenho:
transformador de
alta e Colocar uma ponte
transformador de que permita passar
baixa. através do
disjuntor de
Sem acoplamento antes
alimentação. de passar através
da posição. Assim
maior garantia de
entrega em
operações de
manutenção.
Pressão NÃO Fuga da cabine Menor poder de – Colocar Alarme.
do SF6. corte, origem de
curtos, explosão – Se tiver espaço
do disjuntor se suficiente que os
curto-circuito, interruptores de
etc. posição
mantenham a
distância ao ar.
Assim, somente
precisa de SF6 nos
disjuntores e não
em toda a posição.
Temperatura MAIS Deficiência nos Degradação dos Colocar medidas
contatos da isolantes e da de
(elementos cabine. parte ativa TEMPERATURA
mecânicos (pólos). e alarmes.
na cabine). Sistemas de
refrigeração Manutenção
avariados. preventiva.
… … … … …

Como vemos, as análises HAZOP permitem detectar debilidades em nível de proteções,


desenhos e procedimentos de trabalho nas subestações em operação, sendo
precisamente na etapa do desenho prévio onde realmente obtém força esta metodologia.

Por tanto, é igual ao que sucede na indústria petroquímica, podemos afirmar que a
aplicação do método HAZOP para as subestações elétricas, além de ser viável, é
recomendável tanto em sua fase de desenho prévio como em etapas de operação, para
incrementar os níveis de segurança, de qualidade, de eficiência energética e a
disponibilidade de entrega de eletricidade, tão necessários para o desenvolvimento
industrial e econômico de qualquer país.

Oscar López Encinas

Gerente de Projetos da APPLUS+

Coordenador do Projeto “Analise de Riscos HAZOP para Subestações Elétricas” do


MEC (Profit 2007)

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