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Materiais Constru Mecanica PDF
Materiais Constru Mecanica PDF
Uberlândia, 1999.
Índice
1. Introdução.........................................................................................................................................1
2. Propriedades dos Materiais ............................................................................................................2
3. Siderurgia..........................................................................................................................................3
3.1. Ferro Gusa .................................................................................................................................................................... 4
3.2. Fabricação do Aço ........................................................................................................................................................ 4
4. Propriedades Microestruturais .......................................................................................................5
4.1. Estrutura cristalina......................................................................................................................................................... 5
4.2. Diagramas de Fase ....................................................................................................................................................... 6
4.3. Diagrama TTT (Transformação-Tempo-Temperatura).................................................................................................. 9
5. Tratamento Térmico dos Aços......................................................................................................12
5.1. Recozimento ............................................................................................................................................................... 13
5.2. Normalização .............................................................................................................................................................. 17
5.3. Têmpera...................................................................................................................................................................... 18
5.4. Revenido ..................................................................................................................................................................... 19
5.5. Têmpera Superficial .................................................................................................................................................... 20
6. Tratamentos Termo-químicos.......................................................................................................23
6.1. Cementação ................................................................................................................................................................ 23
6.2. Nitretação.................................................................................................................................................................... 26
6.3. Cianetação .................................................................................................................................................................. 27
6.4. Carbonitretação........................................................................................................................................................... 28
7. Aços.................................................................................................................................................29
7.1. Inclusões ..................................................................................................................................................................... 30
7.2. Elementos de liga........................................................................................................................................................ 31
7.3. Classificação dos aços carbono e aços liga ................................................................................................................ 33
7.4. Aços Inoxidáveis ......................................................................................................................................................... 37
8. Ferro Fundido .................................................................................................................................42
8.1. Estrutura do ferro fundido............................................................................................................................................ 43
8.2. Ferro Fundido Branco ................................................................................................................................................. 45
8.3. Ferro Fundido Cinzento............................................................................................................................................... 46
8.4. Ferro Fundido Maleável .............................................................................................................................................. 47
8.5. Ferro Fundido de Grafita Compactada........................................................................................................................ 48
8.6. Ferro Fundido Dúctil ou Nodular ................................................................................................................................. 49
9. Alumínio ..........................................................................................................................................50
9.1. A produção do alumínio .............................................................................................................................................. 50
9.2. Aplicações do alumínio ............................................................................................................................................... 50
9.3. Características do alumínio ......................................................................................................................................... 53
9.4. Anodização ................................................................................................................................................................. 53
9.5. Limpeza do alumínio ................................................................................................................................................... 55
© SENAI-MG, 1999.
Trabalho elaborado pela área de Mecânica do Centro Nacional de Tecnologia em Alimentos do SENAI-MG
Equipe responsável
1. Materiais I. Ti.
CDU 669.1
1. Introdução
Desde o início dos tempos o homem construía seus equipamentos e suas máquinas,
utilizando-se de pedra, madeira e fibras, passando posteriormente pelo bronze, ferro e outros metais.
Mais recentemente, deu-se início ao uso da borracha, dos polímeros, dos compostos cerâmicos e de
novas ligas de metais.
A disponibilidade de materiais existentes no contexto da mecânica resume-se não só aos
diferentes tipos, mas também às variações dentro das classes existentes, sob a forma de diferentes
ligas.
Dentre todos os materiais à disposição, o ferro fundido e o aço são os mais utilizados.
Iniciaremos estudando o processo de obtenção destes materiais, suas ligas e propriedades
específicas. Posteriormente serão tratadas outras ligas não ferrosas, como o bronze, latão e
alumínio. A borracha, o plástico e a cerâmica também fazem parte do nosso grupo de estudo. São
materiais cujo uso é cada vez maior, pois vêm substituindo outros materiais com vantagens nos
processos de produção e acabamento, sem contar a elevada resistência, o baixo custo, a
possibilidade de reciclagem e a longa vida útil dos produtos.
A busca do material correto para uma aplicação específica pode, muitas vezes, trazer como
resultados uma vasta lista de possibilidades, ou ainda opções de escolha nas quais a seleção é
realizada tendo em vista o menor prejuízo. A regra para estes casos é o estudo do contexto no qual
será inserido o material, visando redução de custo, aumento da vida útil, facilidade de obtenção e
manipulação, entre outros.
A escolha de um material deve-se às propriedades que este possui. Por exemplo: os aços-
carbono possuem baixo custo e elevada resistência mecânica, embora sejam vulneráveis à corrosão.
Já os plásticos, devidamente selecionados, possuem elevada resistência química a determinadas
substâncias, mas sua resistência mecânica é inferior ao aço carbono.
E ainda podemos listar diversas outras propriedades qualitativas e quantitativas, pelas quais
podemos realizar um estudo para selecionarmos corretamente um ou mais materiais a utilizar. Veja a
Tabela 1:
Resistência Mecânica Propriedade que permite que o material seja capaz de resistir à ação de
determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão.
Elasticidade Capacidade do material em se deformar quando submetido a um esforço, e voltar
à forma original quando retirado este esforço.
Plasticidade Capacidade do material se deformar quando submetido a um esforço, e manter
uma parcela da deformação quando retirado o esforço.
Ductilidade Capacidade do material deformar-se plasticamente sem romper-se.
Ponto de Fusão Temperatura na qual o material passa do estado sólido para o estado líquido.
Ponto de Ebulição Temperatura na qual o material passa do estado líquido para o estado gasoso (ou
vapor).
Dilatação Térmica Variação dimensional de um material devido a uma variação de temperatura.
Resistência à Corrosão Capacidade do material resistir à deterioração causada pelo meio no qual está
inserido.
3. Siderurgia
A indústria siderúrgica abrange todas as etapas necessárias para, a partir das matérias-
primas, produzir-se ferro e aço.
Estes dois materiais, de largo emprego em nosso planeta, não são encontrados sob a forma
de metais no ambiente. A matéria-prima a ser transformada é o minério de ferro. O processo clássico
e mais usado para a redução do minério de ferro é o do alto-forno, cujo produto consiste numa liga
ferro-carbono de alto teor de carbono, denominado ferro gusa, o qual, ainda no estado líquido, é
encaminhado à aciaria, onde, em fornos adequados, é transformado em aço. Este é vazado na
forma de lingotes, os quais, por sua vez, são submetidos à transformação mecânica, por intermédio
de laminadores, resultando blocos, tarugos e placas. Estes, finalmente, ainda por intermédio de
laminadores, são transformados em perfis, trilhos, tarugos, chapas, barras, etc.
Escóri
coque a
Chapas
Como sub-produtos do alto forno podemos citar também a escória e os gases de alto forno.
O primeiro, depois de solidificado, pode ser utilizado como lastro de ferrovias, material isolante, ou
ainda na fabricação do cimento metalúrgico. O segundo, devido ao seu alto poder calorífico, é
utilizado nas próprias siderúrgicas nos regeneradores, fornos diversos de aquecimento, caldeiras,
etc.
O ferro gusa no estado líquido é utilizado na aciaria para obtenção do aço. Ainda é utilizado
no estado sólido como principal matéria-prima das fundições de ferro fundido.
A composição do ferro gusa, de um modo geral, está compreendida na seguinte faixa:
O ferro gusa é uma liga ferro-carbono em que o teor de carbono e as impurezas normais (Si,
Mn, P e S) se encontram em valores elevados, e a sua transformação em aço, que é uma liga de
baixos teores de C, Si, Mn, P e S, corresponde a um processo de oxidação, por intermédio do qual a
porcentagem daqueles elementos é reduzida até os valores desejados. Os equipamentos
responsáveis por este processo são denominados conversores.
4. Propriedades Microestruturais
Todos os elementos são formados por moléculas que por sua vez são formadas por átomos.
Na maioria dos materiais sólidos, as partículas se organizam sob a forma de uma rede em três
dimensões, chamada estrutura cristalina. Na tabela 3 encontram-se exemplos de metais com suas
respectivas estruturas.
Tabela 3 – Estrutura cristalina dos metais
Berílio
Zinco
Cádmio
Hexagonal Compacta
HC
Alumínio
Níquel
Cobre
Cúbica de Face Centrada
Prata
Ouro
CFC Platina
Chumbo
Ferro
Cromo
Tungstênio
Cúbica de Corpo Centrado
Molibdênio
CCC
Quando os metais são deformados por processos mecânicos, como a laminação, as camadas
de átomos deslizam umas sobre as outras ao longo dos planos de átomos que se formam nas
estruturas cristalinas. Esses planos são chamados de planos cristalinos.
As estruturas cristalinas cúbicas possuem mais planos de átomos do que as estruturas
hexagonais. Por isso é mais fácil deformar um material que possui estrutura cúbica, como o alumínio,
o cobre e o ferro, do que um metal de estrutura hexagonal, como o magnésio e o cádmio.
Como já definido, o aço é basicamente uma liga Fe-C com no máximo 2% de carbono
aproximadamente. Dentro do aço, o carbono une-se ao ferro formando um composto denominado
carboneto de ferro (Fe3C). Trata-se de uma substância muito dura, que confere a dureza do aço,
aumentando sua resistência mecânica. Por outro lado, diminui sua ductilidade, sua resistência ao
choque e à soldabilidade, além de torná-lo difícil de ser trabalhado por conformação mecânica.
O ferro é um metal que se caracteriza por apresentar várias fases alotrópicas. A temperatura
de fusão do ferro é 1.538 ºC; abaixo dessa temperatura, o ferro cristaliza de acordo com um
reticulado cúbico centrado e a forma alotrópica correspondente é chamada “delta”. Essa forma
persiste estável até que se alcance a temperatura de cerca de 1.394 ºC; nesse instante, ocorre uma
redisposição espontânea dos átomos e forma-se um novo reticulado – o cúbico de face centrada que
corresponde à forma alotrópica do ferro chamada de “gama”. Declinando mais a temperatura a cerca
de 912 ºC, ocorre nova transformação alotrópica, com novo rearranjo atômico, voltando o reticulado
a readquirir a forma cúbica centrada; essa forma alotrópica é chamada “alfa”. Abaixo de 912 ºC não
ocorre mais qualquer rearranjo atômico. Não surge, pois, nenhuma nova forma alotrópica. Entretanto,
a cerca de 770 ºC verifica-se uma nova transformação, ou seja, o ferro começa a comportar-se
ferromagneticamente. (Figura 3)
A cada transformação alotrópica corresponde um desprendimento de calor latente de fusão,
como aliás ocorre quando o ferro líquido se solidifica. Assim, durante a solidificação e por ocasião
das transformações alotrópicas, verificam-se mudanças de energia que causam descontinuidade nas
curvas de resfriamento e aquecimento, que são traduzidas graficamente quer como uma “parada” a
uma temperatura constante, quer como uma modificação na inclinação da curva.
Figura 7 – Aspecto micrográfico de um aço hipoeutetóide Figura 8 – Aspecto micrográfico de um aço hipereutetóide
esfriado lentamente. As áreas brancas são de ferrita e as esfriado lentamente. A cementita está disposta em torno dos
Figura 12 – Representação de um diagrama TTT para um aço com baixo porcentagem de carbono.
Há casos nos quais os elementos de liga alteram também a posição das retas Mi e Mf, de
início e fim da transformação da austenita em martensita. Em alguns aços com alto teor de carbono e
níquel ou cromo em teores varíaveis, pode não ocorrer formação completa da martensita à
temperatura ambiente pelo resfriamento comum, em virtude da linha Mf ficar localizada abaixo dessa
temperatura. Nessas condições, tem-se à temperatura ambiente uma certa quantidade de austenita
retida ou austenita residual. A austenita retida é instável e pode transformar-se em martensita, quer
sob ação de trabalho a frio (os aços austeníticos ao manganês Hadfield são um exemplo), quer
durante o revenido, ou simplesmente por envelhecimento à temperatura ambiente. Esses fenômenos
podem ocasionar mudanças dimensionais inesperadas, fragilização ou fissuração. E ainda, grandes
quantidades de austenita retida podem impedir que seja atingida a dureza final desejada no aço,
porque a austenita pode se transformar num produto mais mole (ferrita mais carboneto) do que a
martensita, durante as subseqüentes operações de revenido.
5.1. Recozimento
É o tratamento térmico realizado com o fim de alcançar um ou vários dos seguintes objetivos:
• remover tensões devidas aos tratamentos mecânicos a frio ou a quente;
• diminuir a dureza para aumentar a usinabilidade do aço;
• alterar as propriedades mecânicas como resistência, ductilidade, etc.;
• modificar as características elétricas e magnéticas;
• ajustar o tamanho de grão;
• regularizar a textura bruta de fusão;
• remover gases;
• produzir uma microestrutura definida;
• eliminar os efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço
tiver sido submetido.
5.2. Normalização
Tabela 6 – Temperaturas típicas para normalizaçãode alguns tipos de aços carbono e aços liga.
Classificação Temperatura [ºC]
1015 a 1020 880 a 910
1035 850 a 880
1040, 1045, 1050 825 a 850
1060 800 a 825
1095 800 a 825
1330 900
1335, 1340, 3145, 3140 870
3310 925
4027, 4028, 4032 900
4037, 4042, 4047, 4063 870
4118 925
4130, 4137, 4140, 4142, 4147, 4150 870
4320 925
4337, 4340 870
4520, 4620, 4621, 4718, 4720, 4815, 4817, 4820 925
5046 870
5120 925
5130, 5132, 5135, 5140, 5145, 5147, 5150, 5155, 5160 870
6118, 6120 925
6150 900
8617, 8620, 8622 925
8625, 8627, 8630 900
8637, 8640, 8642, 8645, 8650, 8655, 8660 870
8720, 8740 925
8742 870
8822 925
9260, 9262 900
9310 925
9840, 9850, 50B40, 50B44, 50B46, 50B50, 60B60, 81B45, 86B45 870
94B15, 94B17 925
94B30, 94B40 900
5.3. Têmpera
Pelo que foi exposto sobre a natureza da estrutura martensítica, conclui-se que a mesma se
caracteriza por excessiva dureza e por apresentar tensões internas consideráveis. Simultaneamente
a essas tensões, por assim dizer estruturais, o aço temperado caracteriza-se por apresentar tensões
térmicas. Estas são ocasionadas pelo fato de que materiais resfriados rapidamente esfriam de
maneira não uniforme, visto que a sua superfície atinge a temperatura ambiente mais rapidamente
do que as regiões mais centrais, ocasionando mudanças volumétricas não uniformes, com as
camadas superficiais contraindo mais rapidamente do que as regiões internas. Como conseqüência,
tem-se a parte central sob compressão, e as camadas mais externas sob tração.
Em última análise, pois, após temperado, o aço apresenta-se em estado de apreciáveis
tensões internas, tanto de natureza estrutural, como de natureza térmica. Quando estas tensões
internas ultrapassam o limite de escoamento do aço, ocorre sua deformação plástica e as peças
apresentar-se-ão empenadas; se, entretanto, as tensões internas excederem o limite da resistência à
tração do material, então ocorrerão inevitáveis fissuras e as peças estarão perdidas.
Essas tensões internas não podem ser totalmente evitadas; podem, contudo, ser reduzidas,
mediante vários artifícios práticos e de vários tratamentos térmicos.
Os inconvenientes apontados, excessiva dureza da martensita e estado de tensões internas,
são atenuados pelo reaquecimento do aço temperado a temperaturas determinadas. É óbvio que tal
operação torna-se inócua se as tensões internas originadas tiverem sido de tal vulto de modo a
provocar a inutilização das peças.
A operação mencionada constitui o revenido.
5.4. Revenido
Esta operação tem por objetivo produzir um endurecimento superficial, pela obtenção de
martensita apenas na camada externa do aço.
Na têmpera por indução, o calor é gerado na própria peça por indução eletromagnética,
utilizando-se, para isso, bobinas de indução através das quais flui uma corrente elétrica.
O aquecimento é mais rápido por esse processo, o qual apresenta ainda a vantagem de
bobinas de diversos formatos poderem ser facilmente construídas e adaptadas à forma das peças a
serem tratadas.
Pode-se controlar a profundidade de aquecimento pela forma da bobina, espaço entre a
bobina de indução e a peça, taxa de alimentação da força elétrica, freqüência e tempo de
aquecimento.
Após a têmpera superficial os aços são revenidos geralmente a temperaturas baixas, com o
objetivo principal de aliviar as tensões originadas.
A dureza final obtida varia de 53 a 62 Rockwell C. A espessura da camada endurecida pode
atingir até 10 mm, dependendo da composição do aço e da velocidade de deslocamento da chama.
6. Tratamentos Termo-químicos
6.1. Cementação
Neste processo a substância carbonácea é uma atmosfera gasosa, como CO, gases
derivados de hidrocarbonetos (gás natural, propana, etana, butana, etc.), e, entre estes, a propana é
o gás mais empregado.
O processo é mais limpo que o anterior, permite melhor controle do teor de carbono e da
espessura da camada cementada e é mais rápido. Contudo, as reações são mais complexas, a
instalação de tratamento é mais onerosa, existindo ainda aparelhagem mais complexa de controle e
segurança e o pessoal encarregado deve ser mais experiente.
O meio carburizante, neste processo, é um sal fundido, entre eles cianeto de sódio, cloreto de
bário, cloreto de potássio, cloreto de sódio, carbonato de sódio.
A operação de cementação líquida é rápida e limpa, permite maiores profundidades de
cementação, protege eficientemente as peças contra corrosão e descarbonetação, elimina
praticamente o empenamento, possibilita melhor o controle do teor de carbono, possibilita a
cementação localizada, visto que as peças são mergulhadas suspensas no banho de sal.
Contudo, os fornos de banho de sal para a cementação líquida exigem exaustão, porque os
cianetos a altas temperaturas podem ser venenosos.
A têmpera é o tratamento térmico que se realiza nos aços cementados. Ao temperar-se esses
aços, deve-se levar em conta que o material apresenta duas seções distintas: uma correspondente à
camada cementada, de alto carbono, muito dura e de alta temperabilidade e outra, central, de baixo
carbono e dúctil.
De fato, o aço apresenta duas temperaturas críticas, o que significa que, no aquecimento
para têmpera, a temperatura crítica do núcleo pode não ser atingida eventualmente.
A têmpera pode ser realizada de acordo com as seguintes técnicas principais:
• Têmpera direta, que consiste em se temperar imediatamente após a cementação; recomenda-se
para aços de granulação fina ou no caso de peças cementadas em banhos de sal, onde o tempo
de permanência à temperatura de cementação é geralmente mais curto, não ocorrendo, pois,
excessivo crescimento do grão do material;
• Têmpera simples, em que o aço após a cementação é esfriado ao ar. Em seguida é aquecido e
temperado. A temperatura de reaquecimento para a têmpera vai depender da granulação do aço:
quando esta é mais fina, aquece-se logo acima da linha A1, ou seja, austenitiza-se somente a
camada cementada; ou aquece-se acima de Acm, o que facilita a dissolução do carboneto e se
atinge o núcleo também; pode-se aquecer numa temperatura intermediária, que produz um
núcleo mais resistente e tenaz;
• Têmpera dupla, consiste em duas têmperas: na primeira, aquece-se acima de A3 para atingir o
núcleo e na segunda, aquece-se logo acima de A1 para atingir a camada cementada. Uma das
variedades é realizar a primeira têmpera logo após a cementação.
Não se faz geralmente o revenido nos aços cementados. Se, entretanto, o mesmo for
necessário para aliviar as tensões residuais da têmpera ou aumentar a resistência à fissuração
durante a retificação posterior das peças cementadas, faz-se o revenido a baixa temperatura,
geralmente entre 160 e 200 ºC.
6.2. Nitretação
6.3. Cianetação
6.4. Carbonitretação
7. Aços
Dentre os elementos utilizados na construção mecânica podemos citar as ligas ferrosas como
o conjunto de maior importância e de mais ampla utilização. Os aços e ferros fundidos, com suas
diversidades de ligas, fornecem uma gama de possibilidades no âmbito da fabricação mecânica.
Tanto os aços quanto os ferros fundidos são ligas nas quais os principais elementos são o ferro e o
carbono. Encontramos ainda elementos secundários, resultantes de um determinado processo de
fabricação.
Pode-se definir aço como sendo uma liga ferro-carbono contendo geralmente 0,008% até
aproximadamente 2,11% de carbono, além de certos elementos residuais. Já os ferros fundidos
são caracterizados por possuírem teor de carbono acima de 2% aproximadamente. Face à influência
do silício na liga do ferro fundido, este é normalmente considerado uma liga ternária Fe-C-Si, pois, o
silício está freqüentemente presente em teores superiores ao do próprio carbono.
Geralmente, classificam-se os aços em dois grandes grupos: os aços-carbono e os aços-
liga. Já os ferros fundidos podem ser considerados ferros fundidos brancos, ferros fundidos
cinzentos, ferros fundidos maleáveis e ferros fundidos nodulares. Os elementos constantes na
liga é que definem a classificação, tanto pelo teor de carbono quanto dos demais elementos. E são
estas ligas que vão propiciar aos aços e ferros fundidos as características que irão torná-los aptos a
realizar determinados tipos de trabalho. Como exemplo de aplicações podemos classificar os aços
em:
• Aços para fundição; • Aços estruturais;
• Aços para chapas; • Aços para tubos;
• Aços para arames e fios; • Aços para molas;
• Aços de usinagem fácil; • Aços para cementação;
• Aços para nitretação; • Aços para ferramentas e matrizes;
• Aços resistentes ao desgaste; • Aços resistentes à corrosão;
• Aços resistentes ao calor; • Aços para fins elétricos e magnéticos;
• Aços ultra-resistentes e aços criogênicos.
Além dos aços e ferros fundidos outros metais não ferrosos são muito importantes na
construção mecânica, como o alumínio, o cobre, o bronze e o titânio entre outros.
Dada a grande variedade de tipos de aços, foram criados sistemas para sua classificação.
Uma das classificações mais generalizadas – e que, inclusive, serviu de base para o sistema
adotado no Brasil – é a que considera a composição química do aço e, dentre os sistemas
conhecidos, são muito usados os da “American Iron and Steel Institute – AISI” e da “Society of
Automotive Engineers – SAE”.
7.1. Inclusões
A introdução de elementos de liga, que não o carbono, nos aços é feita quando se deseja um
ou mais dos seguintes efeitos:
• aumentar a dureza e a resistência mecânica;
• conferir resistência uniforme através de toda a seção em peças de grandes
dimensões;
• diminuir o peso (conseqüência do aumento da resistência);
• conferir resistência à corrosão;
• aumentar a resistência ao calor;
• aumentar a resistência ao desgaste;
• aumentar a capacidade de corte;
• melhorar as propriedades elétricas e magnéticas.
Os aços podem ser classificados de três modos diferentes: de acordo com sua composição
química, de acordo com sua estrutura e de acordo com sua aplicação.
Aço inox é o termo empregado para identificar uma família de aços contendo, no mínimo,
11% de cromo, que lhes garante elevada resistência à oxidação. O cromo, disperso em todo o
material de forma homogênea, em contato com o oxigênio do ar, forma uma fina camada de óxido na
superfície do aço, contínua e muito resistente, protegendo-o contra ataques corrosivos do meio
ambiente.
Este filme protege toda a superfície do aço inox e, de maneira geral, esta resistência aumenta
à medida que mais cromo é adicionado à mistura. Apesar de invisível, estável e com espessura
finíssima, esta película é altamente aderente ao aço inox, defendendo o material contra a ação dos
meios agressivos. Mesmo quando o aço inox sofre algum tipo de dano, sejam arranhões,
amassamentos ou cortes, imediatamente o oxigênio do ar combina-se com o cromo, formando
novamente o filme protetor, recompondo a resistência à corrosão. Esta qualidade é inerente ao aço
inox, já que o cromo faz parte de sua composição química.
Além do cromo, outros elementos são adicionados ao aço inox elevando a sua resistência à
corrosão, tais como o níquel, o molibdênio, o vanádio, o tungstênio e outros. Estes elementos tornam
o aço inox adequado à múltiplas aplicações, cada uma delas contendo porcentagens específicas
destas substâncias químicas.
A seleção correta do tipo de aço inox e de seu acabamento de superfície é muito importante
para garantir uma longa vida útil. Assim, quanto maior for a agressividade do meio, mais específica
deve ser a dosagem dos elementos químicos e o balanceamento da mistura.
O acabamento superficial e a limpeza do aço são fatores relevantes na sua resistência à
corrosão, pois, quanto mais polido e limpo for o material, menor será a aderência de produtos
indesejáveis na sua estrutura.
Existem diferenças entre as aplicações dos aços inox, e a classificação mais simples e mais
usada dos aços inoxidáveis é baseada na microestrutura que apresentam à temperatura ambiente.
Nessas condições, são considerados os três grupos seguintes: martensíticos, ferríticos e
austeníticos.
430 Este é o tipo mais conhecido e utilizado. É facilmente conformado a frio e apresenta um
encruamento inferior ao dos aços austeníticos. Possui ainda boas propriedades de resistência à
corrosão, tanto a temperatura ambiente como a temperaturas mais elevadas. Resiste à ação de
gases sulfurosos secos e quentes. Seus usos abrangem um campo muito grande, como
indústria automobilística, indústria de aparelhos eletrodomésticos e indústria química. Outros
empregos incluem: decorações arquitetônicas de interiores, equipamentos de restaurantes e de
cozinhas, peças de fornos, etc.
430F e São variações do tipo 430. Devido seus característicos de fácil usinabilidade são empregados
430Se para produzir peças em máquinas operatrizes automáticas, tais como parafusos, porcas,
ferragens, etc.
405 Pelo fato de apresentar alumínio, apresenta bons característicos de tenacidade em estruturas
soldadas, onde é empregado em temperaturas elevadas. Aplicações típicas incluem tubos de
radiadores, caldeiras, recipientes para indústria petroquímicas, etc.
409 É facilmente trabalhável a frio e produz soldas muito tenazes. Seu emprego faz-se
principalmente em exaustores de automóveis.
434 É semelhante ao 430, com adição de molibdênio que melhora seus característicos de
resistência à corrosão atmosférica. Tem sido empregado na manufatura de componentes da
indústria automobilística, como por exemplo, parachoques de automóveis.
436 É também semelhante ao 430, com adição simultânea de molibdênio e nióbio, de modo a
melhorar suas resistências à corrosão e ao calor.
442 Apresenta boa resistência à oxidação, por isso é empregado para serviço a alta temperatura
quando não se exige facilidade de conformação. Seus principais empregos são: peças de
fornos e de câmaras de combustão.
446 Por ser dentre todos os aços inoxidáveis ferríticos, o que contém maior teor de cromo, possui
excelente resistência à oxidação até temperaturas da ordem de 1.200 ºC. Por isso, são
empregados em peças de fornos, queimadores, radiadores, recuperadores, etc. Contudo, sua
resistência mecânica a temperaturas elevadas é baixa, de modo que para essas aplicações
prefere-se os aços inoxidáveis austeníticos do tipo AISI 310.
Um dos fenômenos indesejáveis que pode ocorrer nos aços inoxidáveis austeníticos é a
corrosão intergranular, devido à precipitação de carboneto de cromo. Um dos meios de evitá-la é
pela adição de titânio e de nióbio, porque esses elementos fixam o carbono na forma de carbonetos
de titânio e de nióbio.
As características principais e aplicações destes aços estão na tabela 12.
8. Ferro Fundido
• Ferro fundido cinzento, cuja fratura mostra uma coloração escura (donde a sua denominação),
caracterizada por apresentar como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício e
estrutura em que uma parcela relativamente grande do carbono está no estado livre (grafita
lamelar) e outra parcela no estado combinado (Fe3C);
• Ferro fundido branco, cuja fratura mostra uma coloração clara (donde a sua denominação),
caracterizado por apresentar ainda como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício,
mas cuja estrutura, devido às condições de fabricação e menor teor de silício, apresenta o
carbono quase inteiramente na forma combinada (Fe3C);
• Ferro fundido mesclado, cuja fratura mostra uma coloração mista entre branca e cinzenta (donde
a sua denominação), caracterizado igualmente por uma mescla de proporções variáveis de ferro
fundido branco e ferro fundido cinzento;
• Ferro fundido maleável, caracterizado por ser obtido a partir do ferro fundido branco, mediante
um tratamento térmico especial (maleabilização), resultando numa transformação de
praticamente todo o ferro combinado em grafita na forma de nódulos (em vez de veios ou
lamelas);
• Ferro fundido nodular, caracterizado por apresentar, devido a um tratamento realizado ainda no
estado líquido, carbono livre na forma de grafita esferoidal, o que confere ao material
característica de boa ductilidade, donde a denominação freqüente para esse material de ferro
fundido dúctil;
• Ferro fundido de grafita compactada, caracterizado pelo fato da grafita apresentar-se em
“escamas”, ou seja, com a forma de plaquetas ou estrias. O ferro fundido de grafita compactada
pode ser considerado um material intermediário entre o ferro fundido cinzento e o ferro fundido
nodular; possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento, com melhor resistência mecânica e
alguma ductilidade. Sua comercialização é relativamente recente.
Os fatores que influem na estrutura do ferro fundido são a composição química e a velocidade
de resfriamento.
Esta é, dentre os ferros fundidos, a liga mais usada, devido aos seus característicos de:
• Fácil fusão e moldagem;
• Boa resistência mecânica;
• Excelente usinabilidade;
• Boa resistência ao desgaste;
• Boa capacidade de amortecimento.
Como em todas as ligas metálicas, existe uma correlação íntima entre as propriedades do
ferro fundido e a sua estrutura, correlação essa quem no caso particular do ferro fundido cinzento, é
mais estreita e mais complexa, tendo em vista a presença de carbono livre na forma de grafita, e a
forma, distribuição e dimensões que os veios de grafita apresentam e mais a influência que, nesse
sentido, a espessura da peça exerce.
Os ferros fundidos cinzentos, segundo a ABNT, são designados pelas letras FC, indicativas
de ferro fundido cinzento, seguindo-se dois algarismos representativos do limite mínimo de
resistência à tração, em kgf/mm2.
As classes FC-10 e FC-15 correspondem aos ferros fundidos cinzentos comuns, com
excelente fundibilidade e melhor usinabilidade. A classe FC-15 é utilizada, entre outras aplicações,
em bases de máquinas, carcaças metálicas e aplicações semelhantes.
As classes FC-20 e FC-25, também de boas fundibilidade e usinabilidade, apresentam melhor
resistência mecânica e se aplicam, principalmente, em elementos estruturais, tais como
barramentos, cabeçotes e mesas de máquinas operatrizes.
As classes FC-30 e FC35, com maiores dureza e resistência mecânica, aplicam-se em
engrenagens, pequenos virabrequins, bases pesadas de máquinas, colunas de máquinas, buchas e
grandes blocos de motor.
A classe FC-40 é a classe de uso comercial que possui a maior resistência mecânica,
apresentando, para essa finalidade, combinação dos elementos de liga, entre eles, níquel, cromo e
molibdênio. Como possui elevada tendência ao coquilhamento, sua utilização é limitada a peças de
espessuras médias e grossas.
Dentre as propriedades dos ferros fundidos cinzentos, duas delas destacam-se: a capacidade
de amortecimento e a resistência ao desgaste.
Define-se “capacidade de amortecimento” como “habilidade de um material absorver
vibrações, resultantes de tensões cíclicas, por fricção interna, transformando a energia mecânica em
O ferro fundido é um material que, como se viu, apresenta pouca ou nenhuma ductilidade.
Embora de razoável emprego industrial, as suas características de fragilidade limitam sua utilização
em peças para vários setores importantes da indústria.
Como material alternativo, desenvolveu-se um tipo de ferro fundido branco, o qual, submetido
a um tratamento térmico especial – chamado maleabilização – adquire maleabilidade, ou seja, a liga
adquire ductilidade e torna-se mais tenaz, características que, aliadas à boas propriedades de
resistência à tração, dureza, resistência à fadiga, resistência ao desgaste e usinabilidade, permitiram
abranger outras importantes aplicações industriais.
A maleabilização é, em princípio, um tratamento térmico ao qual se submetem ferros fundidos
brancos, de composições bem definidas, com carbono na forma primária de cementita e perlita, e
que consiste num aquecimento prolongado, em condições previamente estabelecidas de
temperatura, tempo e meio, de modo a provocar transformação de parte ou da totalidade do carbono
combinado em grafita ou, em certos casos, eliminar completamente uma parte do carbono. Há dois
processos fundamentais de maleabilização: a maleabilização por descarbonetação e a
maleabilização por grafitização.
A maleabilização por descarbonetação, que origina o maleável tipo europeu ou maleável de
núcleo branco ou simplesmente maleável branco. Essa denominação é atribuída ao maleável devido
ao aspecto metálico da sua fratura, cuja estrutura é constituída, essencialmente de ferrita. Esse
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Mecânica
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aspecto, contudo, somente é observado em peças de paredes finas, de 5 ou 6 mm; em peças de
paredes mais espessas, o núcleo é cinzento ou escuro, devido à grafitização; somente a periferia
tem o aspecto metálico do maleável branco. O princípio do processo de maleabilização por
descarbonetação é a diminuição do teor de carbono do ferro fundido branco.
A maleabilização por grafitização, que origina o maleável tipo americano ou maleável de
núcleo preto ou simplesmente maleável preto. Essa denominação é atribuída ao aspecto escuro da
fratura, cuja estrutura é constituída essencialmente de grafita, em nódulos, sobre um fundo de ferrita.
O princípio do processo consiste em aquecer-se um ferro fundido de composição adequada, a
temperaturas apropriadas, durante longo tempo, porém menor que no caso da maleabilização por
descarbonetação; o ciclo de tratamento pode ser mais curto, porque, por precipitação de carbono, a
distância de migração do carbono é menor.
As indústrias mecânica, de materiais de construção, de veículos, tratores, materiais elétricos
utilizam, em grande escala, peças de ferro fundido maleável. Entre as aplicações mais comuns
podem ser enumeradas as seguintes: conexões para tubulações hidráulicas, conexões para linhas
de transmissão elétrica, correntes, suportes de molas, caixas de direção, caixas de diferencial, cubos
de rodas, sapatas de freios, pedais de embreagem e freio, bielas, colares de tratores, caixas de
engrenagens, etc.
9. Alumínio
As principais características do alumínio são: peso leve aliado a alta resistência, resistência à
corrosão atmosférica e a alguns compostos químicos, excelente condutividade térmica e elétrica,
habilidade de refletir luz e irradiar calor, boa trabalhabilidade e facilidade de soldagem, proteção
atóxica contra umidade e vapor e um bom visual segundo acabamento aplicado.
A combinação destes fatores faz com que o alumínio seja um material muito versátil. Algumas
das milhares de aplicações do alumínio incluem: perfis extrudados para a construção civil,
dissipadores de calor, utensílios domésticos, refrigeradores, motores elétricos e à combustão, baús
de caminhões, tanques, recipientes para alimentos, fios e cabos elétricos, etc.
O alumínio é encontrado numa vasta quantidade de ligas, e pode ser fornecido sob a forma
de lingotes, perfis extrudados, vergalhões, tubos, barras, chapas, placas e folhas finas.
O sistema de classificação do alumínio, segundo ABNT, baseia-se em um sistema de quatro
dígitos (xxxx). O primeiro dígito (Xxxx) indica o grupo de ligas da seguinte maneira:
a) alumínio não ligado de no mínimo 99,00% de pureza . . . . . . . 1xxx
O segundo dígito (xXxx) indica modificações da liga original ou dos limites de impurezas.
Os dois últimos dígitos (xxXX) identificam a liga de alumínio ou indicam a pureza do alumínio.
A tabela 15 apresenta as ligas mais encontradas com suas caracterísiticas e aplicações
típicas do alumínio.
O alumínio é um metal que apresenta baixa densidade (2.710 kg/m3), aproximadamente 1/3
do aço ou ferro (7.860 kg/m3). Esta característica é particularmente importante na indústria do
transporte: por exemplo, aviões, automóveis, trens e barcos. Contribui para a economia de energia
no transporte, aumentando a capacidade e a velocidade.
Possui uma excelente resistência à corrosão. Quando exposto ao ar, um fino filme de óxido
forma-se em sua superfície, protegendo-o da corrosão. A anodização pode tornar a resistência à
corrosão ainda mais efetiva. Esta característica é muito utilizada em perfis extrudados, construção
civil e utensílios domésticos.
Devido a sua boa trabalhabilidade é encontrado sob diversas formas, como, por exemplo,
folhas finas, chapas, placas, vergalhões, tubos e cabos. Ainda apresenta excelente usinabilidade e
plasticidade. É considerado o melhor material para extrusão de perfis complexos.
Por si só o alumínio é atóxico e inodoro. Sua superfície é lisa, fácil de ser lavada, além de ser
higiênica, pois, germes não se desenvolvem nela. Por isso, é utilizado em latas de bebida, pacotes
de alimento, utensílios de cozinha, e na indústria leiteira e de pesca.
Embora o aço torne-se frágil a baixas temperaturas, o alumínio aumenta sua resistência
mecânica e mantém excelente qualidade.
As superfícies das peças em alumínio podem ser facilmente tratadas química ou
eletroquimicamente ou ainda pintadas. Sobretudo, o tratamento de anodização aumenta
consideravelmente a resistência à corrosão, além de possibilitar uma vasta gama de cores no
acabamento.
A condutividade elétrica do alumínio é aproximadamente 60% da condutividade do cobre,
mas sua densidade é aproximadamente 1/3 da do cobre, o que o torna um material muito econômico
como condutor elétrico, amplamente utilizado em cabos para transmissão de energia, bases de
lâmpadas, etc.
A condutividade térmica do alumínio é aproximadamente três vezes a do aço, sendo muito
utilizado em utensílios de cozinha, ar-condicionados, trocadores de calor industriais e peças de
motores de automóveis. Tem sido utilizado também em equipamentos para economia de energia
como coletores de luz solar.
É economicamente reciclável, pois necessita apenas de 1/28 da energia necessária para
transformar o minério em alumínio.
9.4. Anodização
O alumínio possui beleza e brilho naturais. Sua superfície pode ser tratada de várias formas,
produzindo diferentes efeitos, e, nas mãos de arquitetos habilidosos, pode criar excelentes efeitos e
contrastes com outros materiais.
O acabamento superficial do alumínio pode ser danificado por cuidados impróprios, e a
proposta desta seção é resumir os métodos de manutenção dos elementos de alumínio após sua
montagem.
A anodização melhora substancialmente a aparência e torna a superfície da peça mais
resistente a várias formas de corrosão, além de facilitar a limpeza e a manutenção.
É praticamente impossível prevenir que a sujeira deposite-se sobre as superfícies expostas.
Se a superfície for limpa freqüentemente, métodos mais brandos de limpeza surtirão efeitos
satisfatórios. O tipo de limpeza a ser aplicada, desde água até fortes abrasivos, dependerá do
acabamento do material, do grau de sujeira, do tamanho, do formato da peça e de sua
acessibilidade.
Deve-se sempre procurar os métodos mais brandos de limpeza, particularmente para
superfícies anodizadas.
A seguir são listados materiais e processos de limpeza em ordem ascendente de severidade.
O tratamento mais suave deve ser escolhido inicialmente e aplicado em uma pequena região. Caso
não seja satisfatório o próximo deve ser examinado.
• Água pura;
• Sabão ou detergente neutro;
• Solventes de limpeza, como querosene, aguarrás ou álcool;
• Limpadores químicos não corrosivos;
• Cera polidora;
• Cera abrasiva;
• Limpador abrasivo.
Depois de realizada a limpeza, deve-se lavar a superfície com água em abundância e secá-la
com uma flanela, prevenindo o surgimento de estrias.
No uso de abrasivos a aparência do acabamento superficial irá mudar.
Com limpezas regulares das superfícies, através dos processos corretos, obter-se-á uma
elevada durabilidade do produto.
A história do cobre remonta ao 10º milênio a.C. Por mais de 5 mil anos ele foi o único metal
conhecido pelo homem. Vestígios em escavações arqueológicas demonstram a sua utilização sob
diversas formas desde essa época.
O cobre bruto, o metal puro encontrado em seu estado metálico, foi utilizado pela primeira vez
no período de transição entre a Idade da Pedra e a Idade do Metal, no chamado período neolítico.
Primeiramente, como substituto da pedra como ferramenta de trabalho e arma, o cobre tornou-se –
pela sua resistência – uma descoberta fundamental na evolução humana.
Romanos, babilônios, egípcios, incas, índios, persas e outros povos da antigüidade
utilizaram-no intensamente na forma de instrumentos de trabalho, adornos pessoais e artigos
domésticos.
Apesar de sua ancestralidade, o cobre manteve – aliado aos metais mais novos – um papel
predominante na evolução da humanidade, sobrevivendo em suas principais características em
todas as fases das revoluções tecnológicas pelas quais o ser humano já passou. Mais recentemente,
o cobre tornou-se o metal da Era Elétrica, em função de suas características físicas e mecânicas.
Através de constantes pesquisas e do desenvolvimento tecnológico, e por conta de suas
qualidades especiais, o cobre e as suas ligas continuarão a desempenhar um importante papel como
matéria-prima básica para fabricação de diversos produtos.
O cobre tem propriedade bactericida. Quando utilizado em tubulações, consegue diminuir
consideravelmente as bactérias carregadas pela água. As tubulações de PVC não possuem essa
propriedade, permitindo a sua proliferação.
Os produtos de cobre protegem o meio ambiente. Na sua produção não há formação de
organoclorados, substâncias que provocam danos à saúde e ao ambiente. Essas substâncias são
geradas, entre outras fontes, a partir de tubulações de PVC.
O cobre é um recurso abundante e uma das mais reutilizáveis matérias-primas que se
conhecem.
Entre os vários metais disponíveis para realizar as instalações hidráulicas, o cobre foi um dos
primeiros. Em escavações arqueológicas, foram encontradas tubulações de cobre que datam da
Idade do Bronze. Embora produzidas com os meios rudimentares desse período, depois de 4 mil
anos ainda se encontram surpreendentemente em boas condições.
O cobre é necessário para a vida humana, sendo absorvido pelo homem através dos
alimentos, onde é encontrado em proporções variáveis. A quantidade média de cobre ingerida na
alimentação diária humana é de 4,5 mg/kg.
Além do cobre, suas ligas como o latão e o bronze são de grande importância na mecânica.
9.1. Cobre
9.2.1. Latões
Os latões comuns são ligas de cobre-zinco, podendo conter zinco em teores que variam de 5
a 50%, o que significa que existem inúmeros tipos de latões. As ligas são denominadas, por
exemplo, cobre-zinco 90-10, o que significa 90% de cobre e 10% de zinco.
À medida que o teor de zinco aumenta, ocorre também uma diminuição da resistência à
corrosão em certos meios agressivos, levando à “dezinficação”, ou seja, corrosão preferencial do
zinco.
No estado recozido, a presença do zinco até cerca de 30% provoca um ligeiro aumento da
resistência à tração, porém a ductilidade aumenta consideravelmente.
A tabela 18 apresenta suas principais aplicações.
9.2.4. Bronzes
Nos bronzes comerciais o teor de estanho varia de 2 a 10%, podendo chegar a 11% nas ligas
para fundição.
À medida que aumenta o teor de estanho, aumentam a dureza e as propriedades
relacionadas com a resistência mecânica, sem queda da ductilidade. Essas ligas podem, geralmente,
ser trabalhadas a frio, o que melhora a dureza e os limites de resistência à tração e escoamento.
As propriedades são ainda melhoradas pela adição de até 0,40% de fósforo, que atua como
desoxidante; nessas condições, os bronzes são chamados fosforosos.
Nos teores de utilização usuais, dependendo das condições de resfriamento, a estrutura
apresenta uma única fase, que corresponde a uma solução sólida de estanho em cobre.
Os bronzes possuem elevada resistência à corrosão, o que amplia o campo de seu emprego.
Freqüentemente adiciona-se chumbo para melhorar as propriedades lubrificantes ou de
antifricção das ligas, além da usinabilidade. O zinco é da mesma forma eventualmente adicionado,
atuando como desoxidante em peças fundidas e para melhorar a resistência mecânica.
As principais aplicações do bronze encontram-se na tabela 19.
CuSn 98-2 Devido a sua boa condutibilidade elétrica e melhor resistência mecânica que o cobre, é
empregado em contatos, componentes de aparelhos de telecomunicação, molas condutoras,
etc.; em construção mecânica, como parafusos com cabeça recalcada a frio, tubos flexíveis,
rebites, varetas de soldagem, etc.
CuSn 96-4 Utilizado em arquitetura; em construção elétrica, como molas e componentes de interruptores,
chaves, contatos e tomadas; na construção mecânica, como molas, diafragmas, parafusos com
cabeça recalcada a frio, rebites, porcas, etc.
CuSn 95-5 Em tubos para águas ácidas de mineração, componentes para as indústrias têxteis, químicas e
de papel; molas, diafragmas, parafusos, porcas, rebites, varetas e eletrodos de soldagem, etc.
CuSn 94-6 Mesmas aplicações anteriores em condições mais críticas, devido a sua maior resistência à
fadiga e ao desgaste.
CuSn 92-8 Melhor resistência à fadiga e ao desgaste. Além das aplicações da liga anterior, emprega-se em
discos antifricção, devido a suas características.
CuSn 90-10 É a liga, entre os bronzes, que apresenta as melhores propriedades mecânicas, sendo por isso
a mais empregada. Entre algumas aplicações típicas incluem-se molas para serviços pesados.
Outras importantes aplicações do bronze fundido são de materiais para mancais. O limite de
resistência à tração dessas ligas para mancais varia de 10,0 kgf/mm2, para as que contêm maior teor
de chumbo, a 18,0 kgf/mm2. A tabela 21 apresenta as principais ligas:
9.3.2. Recozimento
Aplicado nas ligas trabalhadas a frio para promover a sua recristalização. Dependendo das
ligas, as temperaturas variam de 260 a 650 ºC para o metal cobre e de 425 a 815 ºC para as ligas.
Quanto maior o encruamento prévio, menor a temperatura de recristalização ou recozimento.
10.1. Chumbo
O chumbo, um dos metais mais antigos conhecidos pelo homem, possui uma densidade de
11.340 kg/m3 a 20 ºC e um ponto de fusão equivalente a 327 ºC.
Apresenta baixa resistência mecânica, é muito mole, muito maleável e deformável e
resistente à corrosão. Sua cor é cinza-azulada, devido a uma repentina formação de uma película
superficial de óxido e carbonato. Sua resistência à corrosão é elevada, inclusive sob a ação de
certos ácidos, como o sulfúrico.
Devido a essas propriedades, o chumbo e suas ligas são utilizados em aplicações tais como:
revestimento de cabos elétricos, de modo a evitar que a umidade do meio ambiente atinja o núcleo
isolante do cabo; como solda; em tubos de água; em placas de acumuladores ou baterias; em ligas
para mancais; em placas protetoras contra a ação de raios X e raios gama; como revestimento
protetor e impermeabilizante em relação às intempéries; em aplicações químicas como aditivo de
petróleo, pigmentos de tintas, em vidraria, aplicações de inseticidas, etc.
Uma outra aplicação importante do chumbo é como metal-base para mancais. As ligas de
chumbo para mancais são conhecidas comercialmente com o nome de “metais babbitt”.
10.2. Estanho
O ponto de fusão do estanho é 232 ºC; seu peso específico é 7.300 kg/m3. Apresenta
coloração branca prateada com tintura levemente amarelada.
É mole, dúctil e maleável; possui baixa resistência mecânica e elevada resistência à
corrosão.
É empregado na forma de folhas, chapas e fios estanhados e como elemento básico de
certas ligas, como algumas para mancais e soldas, ou como elemento secundário de ligas
importantes, como os bronzes.
A principal aplicação do estanho faz-se na estanhação, por imersão a quente ou
eletrodeposição, de chapas ou folhas de aço, originando-se as conhecidas folhas de flandres, que se
caracterizam por elevada resistência à corrosão, de modo que seu uso em latas ou recipientes para
embalagens de produtos alimentícios é generalizado.
O estanho possui ainda grande ductilidade e boa soldabilidade.
Outra aplicação do estanho é feita, devido a seu baixo ponto de fusão, em dispositivos de
segurança contra o fogo, em alarmes, metais de soldagem e de vedação.
Outra aplicação importante do estanho dá-se em ligas para mancais, também chamadas
“metais babbit”.
10.3. Zinco
10.4. Níquel
Seu ponto de fusão é 1.455 ºC e o peso específico 8.880 kg/m3. Apresenta coloração branca
com tintura acinzentada. Possui excelente resistência à corrosão, é maleável, podendo ser
facilmente trabalhado, inclusive por deformação a frio, o que melhora sua resistência. Muito tenaz;
não é tratável termicamente. Possui razoável usinabilidade. Sob muitos aspectos, assemelha-se ao
aço meio duro.
Suas principais aplicações são feitas como revestimento protetor do aço (niquelação) e como
elemento de liga nos produtos siderúrgicos.
Entre as ligas à base de níquel, destaca-se a denominada metal Monel, contendo 60 a 70%
de níquel, 29% de cobre e traços de ferro, silício, enxofre, carbono e manganês.
O metal Monel é tenaz, possui resistência mecânica superior à do aço de médio carbono e
excelente resistência à corrosão. Por esses motivos é empregado em equipamento hospitalar,
equipamento para a indústria química, farmacêutica, têxtil, elétrica, marítima, papel, para manuseio
de alimentos, válvulas para vapor e aplicações semelhantes.
Existe um tipo de metal Monel, indicado pela letra “K” contendo 66% de níquel, 29% de cobre
e 3% de alumínio, utilizado em aplicações industriais onde se deseja alta resistência mecânica e à
corrosão, sobretudo em grandes seções e em componentes não magnéticos para aviões, em varetas
para bombas, molas, eixos, etc.
Outras ligas importantes de níquel, como Inconel, Hastelloy, Ni-Cr, etc., são empregadas na
confecção de partes sujeitas a temperaturas elevadas.
10.5. Magnésio
Pertence ao grupo dos chamados metais leves, pois seu peso específico é 1.740 kg/m3. Seu
ponto de fusão é de 650 ºC e sua cor é branco prateado. É um metal relativamente mole e maleável,
porém sua ductilidade é baixa, assim como sua resistência mecânica e sua tenacidade. Resiste à
ação dos álcalis. Pode ser forjado, extrudado, laminado, fundido em areia, em molde permanente e
sob pressão. Apresenta boa usinabilidade.
As aplicações do magnésio, principalmente na forma de ligas, são feitas na indústria
aeronáutica (componentes de motores, fuselagem, trem de aterrissagem), na indústria
automobilística (caixas de engrenagens, etc.) e em componentes de máquinas operatrizes.
10.6. Titânio
Esse metal, já chamado de metal do futuro, possui densidade de 4.500 kg/m3 e ponto de
fusão de 1.668 ºC. Caracteriza-se por excelente resistência à corrosão, sendo o único metal
realmente imune à ação corrosiva da água do mar, o que o torna indicado em aplicações da indústria
naval e em condições de resistência à ação de soluções cloradas e de cloretos químicos, donde
suas possibilidades de emprego na indústria petroquímica.
Do mesmo modo resiste bem à ação dos ácidos nítrico, crômico e sulfúrico, a frio e a quente,
mesmo em altas concentrações.
Devido a seu alto ponto de fusão, embora menos que o dos metais chamados “refratários”, o
titânio apresenta boa estabilidade a temperaturas relativamente elevadas, não se modificando
praticamente a estabilidade da estrutura cristalina, a essas temperaturas, sobretudo se certos
elementos de liga forem introduzidos.
Assim, certas ligas de titânio mantêm satisfatória resistência mecânica e boa resistência à
oxidação a 530 ºC, por períodos longos e a 760 ºC, por períodos curtos, como pode ocorrer no caso
de mísseis.
Também a baixas temperaturas, o titânio é muito estável, o que o torna recomendável na
fabricação de recipiente para produtos químicos a temperaturas abaixo de zero.
Suas principais aplicações são em estruturas e chapas para fuselagens de aviões e
aplicações análogas, caixas de compressores de turbinas à gás e caixas de palhetas diretizes de
turbinas.
O titânio, metal relativamente abundante na crosta terrestre, embora ainda de custo elevado
devido às técnicas empregadas na sua produção, possui de fato, sobretudo quando ligado,
qualidades excepcionais de resistência mecânica, resistência à corrosão e peso específico
(relativamente baixo) que o indicam como um material cuja aplicação crescerá continuamente,
sobretudo na indústria aeronáutica e de mísseis, onde aqueles requisitos são fundamentais.
11. Plásticos
Os materiais plásticos são hoje utilizados para a produção de uma gama variada de artigos
de forma geométrica variada, suprindo os mais diversos requisitos funcionais de uma maneira eficaz
e econômica. Nessas condições, eles têm deslocado materiais mais “clássicos”, como metais, vidro e
madeira, tornando-se o material de nossos dias.
A palavra “plástico” é um termo geral que significa “capaz de ser moldado”. Os materiais
comumente designados como plásticos não têm necessariamente essa propriedade, mas a exibiram
em algum momento de sua fabricação, quando, então, foram moldados. Outros materiais, como o
aço ou o vidro, contudo, também apresentam essa característica, e não são considerados como
“materiais plásticos”. Existe, portanto, uma certa arbitrariedade na conceituação desse tipo de
material e, via de regra, adota-se a seguinte definição:
“Materiais plásticos são materiais artificiais, geralmente de origem orgânica sintética, que, em
algum estágio de sua fabricação, adquiriram condição plástica, durante a qual foram moldados,
geralmente com a ajuda de calor e pressão e, muitas vezes, com o emprego de moldes.”
Materiais artificiais são provenientes de misturas e reações, sendo distintos dos materiais de
ocorrência natural (madeira, areia, minérios). Materiais de origem orgânica sintética resultam de
processos químicos e sínteses à partir de matérias primas orgânicas simples.
A tabela 23 apresenta as principais vantagens e desvantagens no emprego dos materiais
plásticos.
O componente básico dos plásticos é uma resina, um material que pode amolecer e escoar,
que adquire moldabilidade, e que é elaborada por processos de síntese química, conhecidos como
reações de polimerização.
As resinas plásticas são grosseiramente classificadas em duas categorias: termoplásticas e
termoestáveis.
11.4.2. ABS
É um copolímero do acrilonitrilo, do butadieno e do estireno, desenvolvido pela Bayer na
Alemanha. Sua temperatura de amolecimento está na faixa dos 80 a 105 ºC. Tem elevada
estabilidade às intempéries e aos produtos químicos, e amplas possibilidades de conformação,
associadas a elevada resistência mecânica.
Importante família de termoplásticos cujo elemento mais ativo é o flúor, ao invés do carbono,
apresentando, por isso, maior estabilidade química.
11.7. Poliamidas
11.7.3. Náilon 6
Pode ser utilizado em moldagem e para fibras. É mais barato, tinge melhor e tem maior
resistência à abrasão. Sua cristalinidade pode ser ajustada através da temperatura de moldagem.
11.8. Poliuretanos
11.11. Poliésteres
São resinas que têm grupos éster como elementos fundamentais de suas cadeias
moleculares.
São os mais antigos dos plásticos sintéticos, sendo conhecidos popularmente como
baquelite. São também os mais baratos, daí seu uso difundido para artigos de consumo, como
manípulos de ferramentas e utensílios, chaves e interruptores elétricos, ligantes para rebolos, moldes
de fundição e como espumas para embalagens.
11.13. Silicones
Os plásticos possuem limitações de temperatura que lhes são inerentes. Uma alternativa
nesse sentido está na substituição do carbono pelo silício na estrutura molecular dos polímeros.
Podem ser obtidos na forma de resinas, líquidos, vernizes e borrachas, todos caracterizados
pela maior resistência térmica relativamente aos plásticos orgânicos. São, porém, mais caros, só
sendo usados quando se desejam características não obteníveis por outros meios.
11.14. Generalidades
12. Metalurgia do Pó
A metalurgia do pó, mediante técnicas apropriadas, pode produzir peças com densidade
praticamente igual ou muito próxima da teórica do metal ou liga considerada. Com tratamento
térmico adequado, em peças de aço, pode-se conseguir limites de resistência à tração superiores a
100 kgf/mm2.
As peças sinterizadas de ferro e aço podem ser tratadas superficialmente, desde que
impregnadas com material plástico especial ou com cobre.
As peças sinterizadas podem ser usinadas com certa facilidade, desde que se utilizem
ferramentas de metal duro, com velocidades e avanço adequados.
A resistência ao choque pode ser tão boa quanto às obtidas pelos processos usuais, desde
que as peças sejam suficientemente densas. Do mesmo modo a ductilidade depende da densidade.
Os componentes dos materiais cerâmicos são elementos metálicos, como o alumínio, silício,
magnésio, berílio, titânio e boro e não metálicos como oxigênio, carbono e nitrogênio.
Por outro lado, os cerâmicos podem ser constituídos de uma única fase.
As técnicas de produção de materiais cerâmicos assemelham-se muito à técnica da
metalurgia do pó. As principais etapas de fabricação são as seguintes:
a) preparação dos ingredientes para conformação. Esses ingredientes estão geralmente na forma
de partículas ou pó. A mistura é feita seca ou úmida;
b) conformação, a qual pode ser feita no estado líquido, semilíquido ou úmido ou sólido, nas
condições fria ou quente.
13.1. Propriedades
13.2.3. Óxidos
São do tipo simples, ou seja, que contêm apenas um único elemento metálico, ou do tipo
misto ou complexo, que contém dois ou mais elementos metálicos.
O mais importante, porque o mais utilizado, é o óxido de alumínio (alumina). Custo
relativamente baixo e propriedades mecânicas idênticas ou melhores do que o da maioria dos outros
óxidos. Possui ainda excelente resistividade elétrica e dielétrica e é resistente à ação de muitas
substâncias químicas, do ar, vapor de água e atmosferas sulfurosas. É empregado como isoladores
elétricos, em aplicações químicas e aeroespaciais e em componentes resistentes à abrasão como
guias de máquinas têxteis, varetas de êmbolos de bombas, revestimento de calhas, furos de
descarga, matrizes e mancais.
Ainda podem ser citados a berília, a magnésia, a zircônia e a tória.
14. Corrosão
Na maioria das vezes, a corrosão resulta de reações eletroquímicas. Para que estas reações
se processem, é necessário que haja um circuito elétrico completo, que em um sistema de corrosão
é constituído de quatro componentes, que formam a denominada “pilha de corrosão”: anodo,
eletrólito, catodo e circuito metálico. O anodo e o catodo são dois elementos metálicos (duas peças
metálicas diferentes ou duas regiões de uma mesma peças), em contato com o eletrólito e entre os
quais existe uma diferença de potencial. O eletrólito pode ser qualquer fluido condutor de corrente
elétrica: água (exceto água destilada), ar úmido, soluções ácidas, alcalinas ou salinas, etc. O circuito
metálico é uma cadeia metálica contínua, ligando o anodo ao catodo, de forma a possibilitar o
retorno da corrente elétrica.
Existindo estes quatro componentes assim definidos, haverá o aparecimento de uma corrente
elétrica entre o anodo e o catodo, que provoca uma migração de material do anodo, que será o
elemento corroído.
Dependendo da forma de corrosão, o anodo e o catodo poderão ser pontos em metais
diferentes em contatos, pontos no mesmo metal distanciados entre si ou pontos no mesmo metal
próximos entre si.
É importante observar que basta retirar um desses quatro componentes (ou o contato entre
eles) para fazer cessar a corrosão.
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A diferença de potencial entre anodo e catodo pode-se originar em conseqüência de
numerosas causas, entre as quais podem ser citadas:
• irregularidades microscópicas na textura do metal;
• diferença de estado de tensões (uma região mais tensionada do que a outra) na peça
metálica;
• metais diferentes ou ligas metálicas diferentes em contato mútuo;
• diferença de umidade, de aeração, de temperatura ou de iluminação entre dois pontos da
peças metálicas;
• diferença de natureza, de concentração ou de pH do fluido em contato com dois pontos
diferentes da mesma peça metálica.
A corrosão pode se apresentar sob uma grande variedade de formas, que podem ser
classificadas como indicado na figura 19.
Formas de Corrosão
Uniforme Localizada
Macroscópica Microscópica
Corrosão Biológica
-Erosão
Deve ser observado que na prática são comuns os casos de mais de uma forma de corrosão
ocorrer simultaneamente na mesma peça metálica.
Na corrosão uniforme, a perda de material é aproximadamente constante, o que não
acontece nas várias formas de corrosão localizada. Como o próprio nome indica, nas formas
localizadas macroscópicas os danos no material são visíveis a olho nu, enquanto que nas formas
microscópicas pode haver um dano considerável antes que o efeito seja visível, sendo, por isso,
estas formas as mais perigosas.
As formas de corrosão podem também serem classificadas em:
• Corrosão úmida (em presença de líquidos ou de umidade);
• Corrosão seca (em presença de gases em alta temperatura).
14.2.1. Corrosão Uniforme
A corrosão uniforme ou generalizada é uma forma de corrosão que se manifesta
aproximadamente por igual em toda a superfície da peça em contato com o meio corrosivo,
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causando uma perda mais ou menos constante de espessura. Embora seja o tipo mais comum de
corrosão e, portanto, o que causa maior prejuízo global, não é em geral perigoso porque pode ser
facilmente medido, controlado e previsto. Na corrosão uniforme, as diferenças de potencial são
causadas pelas irregularidades microscópicas na estrutura metalúrgica do metal e teremos assim
milhões de anodos e catodos espalhados por toda a superfície do metal em contato com o meio
eletrolítico, o que explica a perda uniforme de material. A ferrugem em peças de ferro ou de aço
assume normalmente a forma de corrosão uniforme, na qual os grãos de ferrita são os anodos e os
de cementita os catodos.
O aumento de qualquer um destes fatores pode causar ou apressar a corrosão sob tensão,
mesmo em situação pouco severa dos outros fatores. Pelo fato do limite de elasticidade e o nível de
tensões serem agravantes, a incidência de corrosão sob tensão tem aumentado muito ultimamente,
como conseqüência do aparecimento dos aços de alta resistência e dos novos códigos de projeto,
que permitem tensões mais elevadas.
A corrosão sob tensão é um fenômeno típico de alguns metais quando em contato com
determinados meios corrosivos, sendo característica dos meios úmidos, isto é, em temperatura
abaixo do ponto de orvalho.
A tabela 24 apresenta algumas combinações importantes de metal-meio corrosivo capazes
de provocar trincas por corrosão sob tensão.
Tabela 24 – Combinações metal-meio corrosivo capazes de provocar trincas por corrosão sob
tensão.
Metais Meios Corrosivos Condições
Aço carbono e Soda cáustica
A corrosão sob tensão é bastante perigosa porque, além das trincas se iniciarem de forma
invisível, não existe nenhum meio de impedir o aumento ou a propagação das trincas depois de
iniciadas. Portanto, a única maneira garantida de evitar a ruptura final da peça é conseguir que as
trincas não se iniciem. Para isso, em casos graves de corrosão sob tensão, só há o recurso de evitar
o emprego de certos metais em meios que possam dar origem a esta forma de corrosão. Em casos
menos graves ou em equipamentos de menor responsabilidade, pode ser econômico o uso de
metais sujeito à corrosão sob tensão, mas é então indispensável um cuidados tratamento térmico de
alívio de tensões no equipamento, depois de inteiramente pronto, isto é, depois de completados
todos os trabalhos de conformação e solda. O tratamento de alívio de tensões consiste em se
aquecer a peça metálica até uma temperatura em que o limite de elasticidade do material nessa
temperatura esteja abaixo do nível de tensões internas, mantendo-se a peça assim aquecida durante
algum tempo. Dessa forma, as tensões internas aliviam-se e redistribuem-se porque causam
pequenas deformações permanentes na peça metálica. O alívio de tensões também causa uma
redução da dureza na região termicamente afetada pelas soldas, sendo que a dureza elevada tende
a aumentar a susceptibilidade do metal à corrosão sob tensão.
Em princípio não se devem colocar em contato metais com grande diferença de potencial,
principalmente quando o meio ambiente for bom condutor de eletricidade. Quando não for possível
evitar esse contato, a área do metal anódico deve ser bem maior do que a do metal catódico, para
evitar que haja uma corrosão intensa sobre uma área pequena.
Para os casos em que for inevitável o uso de metais distanciados entre si na série galvânica,
pode-se controlar a corrosão evitando-se o contato direto entre os metais, o que pode ser obtido pela
colocação de uma junta ou outro elemento de um material dielétrico (borracha, plásticos, etc.), entre
as peças metálicas.
14.2.9. Corrosão-erosão
Alguns fluidos quando estão em repouso ou em velocidade abaixo de um certo valor-limite
não provocam corrosão no metal em contato. Entretanto, quando esses mesmos fluido estão em
velocidade acima de um valor-limite ou em movimento turbilhonar intenso, aparece essa forma
especial de corrosão denominada de “corrosão-erosão”. A intensidade do ataque da corrosão-erosão
é em geral proporcional ao cubo da velocidade do fluido, agravada quando existem partículas sólidas
em suspensão. A corrosão-erosão causa sulcos no material na direção de incidência do fluido
corrosivo. Esse tipo de corrosão acontece em peças em movimento rápido, em pontos de
estrangulamento de seção, e em curvas e joelhos de tubulação.
Existem diversos fatores que influenciam a corrosão e que devem sempre ser levados em
conta quando se consideram esses fenômenos. O comportamento de um determinado metal em um
14.3.2. Temperatura
Para a grande maioria dos casos o aumento de temperatura acelera a corrosão, porque
aumenta a atividade química. É importante observar, entretanto, que podemos ter intensa corrosão
quando a temperatura está abaixo do ponto de orvalho, porque a umidade que se forma pode dar
origem a ácidos diluídos, altamente corrosivos e também provocar corrosão sob tensão. Por esse
motivo, são freqüentes graves problemas de corrosão durante o tempo em que um equipamento que
trabalha normalmente quente permanece parado e frio, a menos que se proceda uma completa
evacuação do fluido corrosivo ou o enchimento com um gás inerte.
14.3.3. Umidade
A presença de umidade, tanto atmosférica como no fluido em contato, tende a agravar
seriamente o efeito da corrosão. A umidade reage, como visto anteriormente, formando ácidos
diluídos altamente corrosivos e também aumenta a condutividade elétrica do meio, acelerando todos
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os processos corrosivos e podendo até promover corrosão galvânica. É Também um fator decisivo
na deflagração da corrosão sob tensão.
14.3.4. Velocidade
Quando a velocidade do fluido em relação à peça metálica é baixa e não há
turbilhonamentos, forma-se freqüentemente uma película protetora na superfície do metal, que
estanca ou atrasa o prosseguimento da corrosão. As velocidades altas e os turbilhonamentos podem
desagregar essa película, acelerando muito a corrosão e causando, algumas vezes, o fenômeno da
corrosão-erosão. Deve ser observado, entretanto, que líquido parados ou em velocidades
excessivamente baixas podem também agravar a corrosão, devido à formação de regiões
estagnadas e com líquidos em maior concentração, onde é possível ocorre a corrosão sob contato.
A velocidade relativa do fluido corrosivo tem também muita influência nos casos propícios à
corrosão alveolar.
14.3.5. Pressão
Na maioria dos casos a pressão do fluido não tem qualquer influência nos processos
corrosivos. Existem, entretanto, alguns casos de exceção importantes como por exemplo, para os
serviços com hidrogênio ou com os meios contendo hidrogênio, em que a pressão parcial do gás tem
uma influência decisiva.
São os seguintes os principais meios de controle da corrosão, que podem ser empregados
isolada ou simultaneamente:
• Emprego de materiais mais resistentes à corrosão;
• Inibidores de corrosão;
• Revestimentos protetores;
• Proteção catódica;
• Tratamentos no meio corrosivo;
• Tratamentos térmicos.
15. Bibliografia
TELLES, Pedro C. Silva; “Materiais para Equipamentos de Processo”; 2ª edição, Editora Interciência,
Rio de Janeiro, 1979.
A E
Backlash – folga G
Bar – barra, vergalhão
Beam – viga Galvanizing – galvanização, zincagem
Bearing – mancal Golden – dourado
Blade – lâmina Grade – qualidade, classe, grau
Brass – bronze, latão Gray - cinzento
Brittle – frágil Grease – gordura, graxa
Grind – retificar
C
H
Carbide - carboneto
Carbon – carbono, carvão Hardenability – endurecibilidade, temperabilidade
Cast – fundir Hardness – dureza
Cementing, cementation - cementação Heat – calor
Clean – limpar Hot – quente
Coating – revestimento
Cold – frio
Compound – composto
Coolant – líquido refrigerante I
Copper – cobre
Corrosion – corrosão Inclusion - inclusão
Creep – fluência Insulation – isolamento
Crevice – fenda Iron – ferro
Cyaniding - cianetação
L
D
Lamination – laminação
Density – densidade Lead – chumbo
Die – matriz
Dirt – sujeira
Dust - pó
V
Q
Vessel – vaso
Quench – têmpera
W
R
Warped – empenado
Resin - Resina Water – água
Resistance – resistência Wear – abrasão, desgaste
Roughness – rugosidade Weight – peso
Rubber – borracha Weld – solda
White - branco
Wire – arame
Zinc – zinco
[ºC]
Aço carbono 7.850 12 1.400 300 ... 700 210
Aço liga 7.860 9,0 ... 19,0 1.400 500 ... 1500 186 ... 216
Alumínio 2.710 23,9 600 ... 700 40 ... 160 72.2
Bronze 7.200 ... 8.900 16,8 ... 18,8 920 ... 980 300 ... 320 108 ... 124
Chumbo 11.340 29,1 327 10 ... 20 16
Cobre 8.930 16,9 1.090 200 ... 230 125
Estanho 7.300 21,4 232 15 ... 30 55
Ferro Fundido 7.860 11,7 1.350 ... 1.450 300 206
Latão 8.300 ... 8.700 17,5 ... 19,1 880 ... 1.050 140 ... 780 78 ... 123
Magnésio 1.740 26,0 650 150 ... 200 44
Níquel 8.880 13,3 1.455 370 ... 800 167
Titânio 4.500 8,4 1.668 300 ... 740 105
Zinco 7.130 29,0 419 100 ... 150 94
Polietileno (PE) 920 ... 960 - 93 ... 107 12,4 ... 27,6 0,13 ... 1,13
Polipropileno (PP) 900 ... 915 - 119 ... 158 21,4 ... 24,7 0,9 ... 1,38
PVC 1.300 ... 1.410 - 54 ... 66 10,3** ... 55,2 0,007** ... 5,52
Poliestireno (PS) 1.030 ... 1.050 - 66 ... 71 27,6 ... 34.5 0,14 ... 0,34
PMMA 1.180 - 66 55,2 2,76
Teflon (PTFE) 2.200 - 260 34,5 0,48
Poliamidas (náilons) 1.100 - 140 55,2 2,07
Poliuretanos 1.250 ... 1.350 - 80 ... 87 31 ... 58 0,069 ... 2,41
Área = b x h
π × d2
Área =
4
h2 × 3
Área =
4
Área = 2 x e x (b + h – 2 x e)
Área =
(
π × D 2 − d2 )
4
Área = π x e x (D – e)
Bitolas de chapas
#0 : 7,94 mm #8 : 4,37 mm #16 : 1,59 mm #24 : 0,64 mm
#1 : 7,14 mm #9 : 3,97 mm #17 : 1,43 mm #25 : 0,56 mm
#2 : 6,75 mm #10 : 3,57 mm #18 : 1,27 mm #26 : 0,48 mm
#3 : 6,35 mm #11 : 3,18 mm #19 : 1,11 mm #27 : 0,44 mm
#4 : 5,95 mm #12 : 2,78 mm #20 : 0,95 mm #28 : 0,40 mm
#5 : 5,56 mm #13 : 2,38 mm #21 : 0,87 mm #29 : 0,36 mm
#6 : 5,16 mm #14 : 1,98 mm #22 : 0,79 mm #30 : 0,32 mm
#7 : 4,76 mm #15 : 1,79 mm #23 : 0,71 mm
Tubos Schedule
∅nominal Sch 40 Sch 80 Sch 160 ∅nominal Sch 40 Sch 80 Sch 160
Dext [mm] d [mm] d [mm] d [mm] Dext [mm] d [mm] d [mm] d [mm]
1/8” 2½“
6,8 5,5 - 62,7 59,0 54,0
10,3 73,0
1/4” 3“
9,2 7,7 - 77,9 73,7 66,6
13,7 88,9
3/8 “ 3½“
12,5 10,7 - 90,1 85,4 -
17,1 101,6
1/2 “ 4“
15,8 13,9 11,8 102,3 97,2 87,3
21,3 114,3
3/4 “ 5”
20,9 18,8 15,6 128,2 122,3 109,6
26,7 141,3
1“ 6“
26,6 24,3 20,7 154,1 146,3 131,8
33,4 168,3
1¼“ 8“
35,0 32,5 29,5 202,7 193,7 -
42,2 219,1
1½“ 10 “
40,9 38,1 34,0 254,5 242,9 215,9
48,3 273,0
2“ 12 “
52,5 49,3 42,9 303,2 289,0 257,2
60,3 323,8