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LIDANDO COM AS DIFERENÇAS NAS EQUIPES

Daniel Weigert Cavagnari1

Muitos são os detalhes que consideramos para certas atividades em


grupo e quanto mais importantes forem essas atividades, maior será a
responsabilidade que teremos ao criar nossos grupos.
Quando queremos fazer alguma atividade de lazer, como jogar vôlei,
por exemplo, montamos nosso grupo com as pessoas que nos relacionamos
com maior afinidade, ou intimidade. Fazemos essa seleção intuitivamente,
pois sempre escolhemos para nosso time aquele que conhecemos bem, ou
então que já sabemos que joga muito bem.
Por mais que pareça apenas uma brincadeira, é um jogo, e por isso
seus integrantes buscam sempre os melhores resultados.
Este processo de seleção de equipes já vem da nossa própria
infância, e nos acompanhará ao longo da nossa vida. O que podemos
concluir que, naturalmente, já temos alguma experiência de trabalhar em
equipe.
Quando montamos uma equipe de trabalho o processo de seleção é
um pouco diferente, mais profissional, pois não se trata mais de uma
“simples brincadeira”, e sim, da busca dos melhores resultados possíveis.
Sobrevivência de certo modo. A busca por melhores resultados não é mais
intuitiva, e sim, claramente e conscientemente obrigatória. Nesse caso, onde
havia espaço para um dos integrantes ficar desinteressado, ou
simplesmente não se dedicar a essa busca, por não ser essa sua
especialidade, já não tem mais sentido.
É como a própria frase que diz: “a união faz a força”. Isso significa
que, juntando os elos teremos uma corrente, mas esta só é eficiente se
todos os seus elos forem igualmente fortes e resistentes.
Outro exemplo de trabalho em grupo vem da escola, ou da
universidade; sendo mais um exemplo de seleção dos membros por conta
dos resultados que buscamos atingir. Se é apenas um trabalho simples, sem
muita importância, o grupo é formado pelas pessoas que temos mais
afinidade. Mas se o trabalho exige um resultado mais valorizado, como um
projeto de conclusão de curso (TCC), a formação do grupo fica diferente;
não necessariamente quer dizer que escolheremos outras pessoas, mas
exigiremos de cada um que se destaque em sua capacidade.
1
CAVAGNARI, Daniel Weigert. Lidando com as Diferenças nas Equipes – 2004. Material
disponibilizado em aula do Curso de Especialização em Gestão de Pessoas – Uníntese / UTP, Santo
Ângelo – RS: 2011.
Um grupo formado, mesmo que por acaso, tem algumas vantagens
que já fazem diferença nos seus resultados, é algo além da afinidade ou um
simples coleguismo. É a facilidade de comunicação pela convivência; é o
nível de cultura equilibrado; são os conceitos equilibrados; entre muitos
outros. Às vezes parecidos, às vezes similares e até diferentes, até
complementares.
Bom, concluímos então que, para que um projeto seja bem
sucedido, as pessoas devem ter as mesmas culturas e conceitos, sejam
igualmente inteligentes, e que sejam bem amigas. Correto? Não! Pois entre
todas as questões consideráveis a mais importante é a comunicação, quer
dizer, todos devem se entender quando se comunicam. Onde há uma
especialidade, esta pode ser transferida a outro; onde há uma falha, esta
pode ser corrigida ou servir de exemplo para evoluir o projeto; o detalhe
mesmo está no mediador da equipe, ou melhor, no líder. Aquele que analisa
cada indivíduo e flexibiliza cada procedimento.
O Líder da equipe deve ser apático e empático ao mesmo tempo, ou
seja, o administrador da equipe deve demonstrar seu interesse pelos
objetivos do projeto desde o início. Deve demonstrar que confia e aposta nas
qualidades de cada um, mas sem transparecer que tem maior preferência
por um ou por outro. Mesmo que intimamente realmente a tenha.
Quanto ao líder ter apatia não quer dizer apenas que está indiferente
ao desempenho de cada um. Quer dizer também que trata todos como
iguais, sejam eles mais carismáticos, mais sérios, mais trabalhadores, seja
como forem. Tem que ser empático também porque deve demonstrar a cada
um que sente suas dificuldades e está a disposição para resolvê-las.
Bom, ficou um pouco claro como proceder em uma equipe já
formada. Mas a questão é: como formá-las? Esta pode ser nossa maior
dificuldade.
Talvez se escolhêssemos cada integrante, aleatoriamente,
formaríamos, com certa sorte, uma equipe com 50% de chances de ser
eficiente, e 50% de não ser. Bom, nesse caso, é melhor não se arriscar com
as estatísticas e reduzirmos os riscos ao máximo possível. Precisamos criar
métodos para formá-la.
O meio mais eficiente é relativo, pois as pessoas parecem, ou
demonstram ser uma coisa, sendo na realidade outra. Então voltamos ao
método que utilizávamos em nossa infância e escolhemos as pessoas que
conhecemos; isso não quer dizer que iremos escolher aqueles que temos
mais amizade ou uma grande afinidade, como um parente ou um amigo, por
exemplo. Mas escolheremos aqueles que sabemos dos resultados que
podem atingir em uma determinada tarefa.
Às vezes nos perguntamos o porquê da escolha de certos
indivíduos, como: “Por que meu chefe escolheu aquele cara. Mal humorado,
de poucos amigos, e que o próprio não gosta?”. Bom, esta escolha foi feita
provavelmente pela necessidade de se atingir com “garantias” os melhores
resultados possíveis, pois um indivíduo desses pode não ser bonito ou
comunicativo, mas faz sua parte no trabalho como nenhum outro, trabalho
esse que não necessita de constantes intervenções.
A questão então não é exatamente a amizade, mas o equilíbrio entre
as pessoas. O importante é que se relacionem bem, principalmente se irão
trabalhar juntas. As atividades que faremos em grupo, para buscar um
melhor resultado devem ser analisadas caso a caso.
Outro item fundamental no projeto é que o indivíduo acredite naquilo
em que irá trabalhar. Como exemplo, se escolhermos um judeu para
vendermos crucifixos, acredito que não será muito eficiente nessa tarefa. O
mesmo vale para o indivíduo sabatista, se precisamos marcar uma reunião
importante no sábado.
Não podemos simplesmente qualificar os indivíduos por seus
princípios ou crenças, mas sim, pelos resultados que podemos alcançar se
administrarmos bem essas uniões. Um exemplo para esse caso é, se
juntarmos um judeu e um palestino, poderemos até ter uma guerra. Caso o
objetivo do nosso projeto fosse o de criar uma vila ou bairro. Agora, se nosso
projeto era o de criar o melhor esquema de segurança, o resultado poderá
ser outro. Obviamente seria necessária uma boa intermediação, evitando
assim os possíveis conflitos entre estes integrantes tão díspares.
Tanto para crenças como para a formação, e o tipo de indivíduo,
deve haver, em muitos casos, um equilíbrio. Em outros, uma soma. Se
tratarmos cada um da maneira que se sintam sempre confortáveis, estes se
tornariam o mais eficiente possível. É como se quiséssemos equilibrar um
engenheiro a um auxiliar de pedreiro semianalfabeto. Não há equilíbrio, pode
haver complemento. Um projeta, o outro constrói. Cada qual com sua
especialidade a que tanto se dedicou. Nenhum mais, nenhum menos.
A montagem de uma equipe é como um quebra-cabeça, onde temos
que juntar cada peça, umas diferentes, outras aparentemente iguais,
formando assim, um todo. E que seja da maneira mais rápida e eficiente
possível.
Assim, os resultados serão matemáticos. Serão mais previsíveis e
mais eficientes.
Não podemos esquecer o seguinte:
“Todo projeto, seja qual for, deve ter um começo, um meio e um fim.
E que seja executado necessariamente nessa ordem.”
“A equipe deste projeto deve estar ciente desta lógica”.

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