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CFS - 2017

PROTEÇÃO AMBIENTAL
Disciplina: Proteção Ambiental
Tutor: Diego Magalhães Medeiros – 2° Ten QOPM

Apresentação

A interação do homem com a natureza, ao longo da história da humanidade, acontece


de forma predatória e indiscriminada, o que tem trazido o desequilíbrio do meio ambiente em
escala global.

A necessidade de preservar o meio ambiente é fato notório. Desde a Conferência de


Estocolmo, em 1972, as nações chegaram ao consenso que a conservação do meio ambiente é
condição sine qua non* para a qualidade de vida no planeta.

O homem, ao mesmo tempo, é criatura e criador do meio ambiente.

(Conferência Estocolmo - 1972)

O objetivo desta disciplina é fornecer uma visão geral dos crimes praticados contra o
meio ambiente e capacitar o Policial Militar a executar atividades correlatas à proteção ambiental,
para aplicação da lei e para a primeira resposta no enfrentamento aos crimes ambientais.

Ao final da Disicplina, você será capaz de:

►Perceber a importância da preservação/conservação do meio ambiente;

►Caracterizar a biodiversidade brasileira e as leis que a protegem;

►Analisar a Politica Nacional do Meio Ambiente;

► Enumerar as modalidades de crimes contra a fauna e a flora;

►Comentar, a partir de noções básicas, outros crimes ambientais; e

►Descrever os conhecimentos necessários à proteção do meio ambiente ao


combate dos crimes ambientais.

Esta disciplina irá apresentar importantes informações sobre o meio ambiente e os


recorrentes crimes ambientais em nosso Estado, para sensibiliza-lo e capacita-lo a aplicar as leis
de maneira correta.

A disiciplina está dividida em 4 módulos:

→ Módulo 1: Noções Fundamentais


→ Módulo 2: Crimes Contra a Fauna

→Módulo 3: Crimes Contra a Flora

→Módulo 4: Poluição e Outros Crimes Ambientais

A preservação do meio ambiente é essencial para a qualidade de vida. Não se pode falar
em qualidade de vida humana sem uma adequada conservação do ambiente. (PRADO, 2001, p.
25)

Há algumas grandes esferas de preocupação que são comuns a todos os países, tais como:

► A contaminação que alcança níveis perigosos na água, no ar, no solo e nos seres vivos;

► A necessidade freqüentemente urgente de conservar os recursos naturais não-


renováveis;

► As possíveis perturbações do equilíbrio ecológico da biosfera, emergentes da relação


do homem com o meio ambiente, e as atividades nocivas para a saúde física, mental e social
do homem no meio ambiente por ele criado, particularmente no ambiente de vida e de trabalho.
(Prado 2001, p.15, ao citar o informe sobre a Situação Social do Mundo, da Organização das
Nações Unidas)

Seguindo a tendência mundial de proteção ao meio ambiente, a Constituição Federal de


1988, em seu artigo 225, contempla a tutela jurisdicional do meio ambiente ao prescrever que:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Você, membro do sistema de Segurança Pública, deve entender que o equilíbrio ecológico
é frágil, delicado e que todos os elementos – ar, água, terra, luz, plantas, animais e homem –
que interagem nesse ecossistema têm influência um sobre o outro, e sobre o equilíbrio natural.
Daí a importância da conservação/preservação e do uso racional e sustentável dos recursos
naturais.

A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no §3º, do


artigo 225 da Constituição Federal:

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os


infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Lei 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais – LCA procura cumprir o disposto na


Constituição, com vistas a disciplinar a proteção jurídica do meio ambiente que,
anteriormente, era constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que contribuía para a não
aplicabilidade da legislação até então vigente.
A LCA

► buscou unificar a legislação penal em matéria ambiental; e

► caracterizou os crimes ambientais de forma mais clara.

Devido a grande relevância do combate aos crimes ambientais, foi criada no Congresso
Nacional, a Comissão Parlamentar de Inquérito Destinada a Investigar o Tráfico de Animais
e Plantas Silvestres Brasileiros, a Exploração e Comércio Ilegal de Madeira e a Biopirataria no
País – CPIBIOPI.

O objetivo da CPIBIOPI é investigar o tráfico de animais e plantas silvestres brasileiros, a


exploração e o comércio ilegal de madeira e a biopirataria no país.

Associados aos crimes ambientais, em geral, há outros crimes, como:

● Crime contra a ordem tributária;

● Porte ilegal de arma de fogo;

● Improbidade administrativa;

● Contrabando ou descaminho;

● Condescendência criminosa; e

● Prevaricação.

Antes de começar o curso conheça a Cartilha de Crimes Ambientais,


em:
http://www.ibama.gov.br/linhaverde/lei_crimes_ambientais.pdf
Módulo 1 - Noções fundamentais

Bem-vindo ao primeiro módulo da disciplina de Proteção Ambiental, onde, entre outros


assuntos serão apresentadas as noções fundamentais de Meio Ambiente e a forma como a
legislação nacional trata este tema.

O estudo será dividido em 4 aulas:

→Aula 1: Conceitos básicos;

→Aula 2: Biodiversidade brasileira;

→Aula 3: Política Nacional do Meio Ambiente;

→Aula 4 : A lei de Crimes Ambientais.

Ao final deste módulo, você será capaz de:

►Conceituar meio ambiente, crime, crime ambiental, fauna, flora, poluição, etc.;

►Descrever a biodiversidade brasileira;

► Perceber a importância da preservação/conservação do meio ambiente;

►Analisar a Política Nacional do Meio Ambiente e conhecer as diretrizes para preservação e


conservação do meio ambiente no país;

►Descrever o Sistema Nacional de Meio Ambiente; e

►Analisar a Lei de Crimes Ambientais como principal ferramenta no enfrentamento das


infrações ambientais.

Reflexão

Antes de prosseguir com o modulo, pense no seguinte...

Para você, qual a importância do meio ambiente e de sua preservação?


Agora, leia o texto Carta do Índio Seatle e reflita.

Carta do Cacique Seatle, da tribo Duwamish, do Estado de Washington, para o Presidente


Franklin Pierce, dos Estados Unidos, em 1855, depois de o governo ter dado a entender que
pretendia comprar o território da tribo.

O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O grande
chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto é gentil da parte dele, pois
sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em sua oferta, pois
sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande
chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz com a mesma certeza com que
nossos irmãos brancos podem confiar na alternação das estações do ano. Minha palavra é como
as estrelas — elas não empalidecem. Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra?
Tal idéia é-nos estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água.
Como podes, então, comprá-los de nós?

Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada
folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e
todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. Sabemos
que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele, um torrão de terra é igual
a outro, porque ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A
terra não é sua irmã, mas sim, sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás
o túmulo dos seus pais, sem remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada
respeita. Esquece a sepultura dos antepassados e o direito dos filhos. Sua ganância empobrecerá
a terra e vai deixar atrás de si os desertos.

A vista de suas cidades é um tormento para os olhos do homem vermelho. Mas talvez
isso seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende. Não se pode
encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se possa ouvir o
desabrochar da folhagem da primavera ou o tinir das asas dos insetos. Talvez, por ser um
selvagem, que nada entende, o barulho das cidades é, para mim, uma afronta contra os
ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo
noturno ou a conversa dos sapos no brejo, à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento
sobre o espelho da água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com
aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o
mesmo ar — animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar
que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao seu cheiro. Se eu me decidir a aceitar,
imporei uma condição. O homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões
apodrecendo nas pradarias, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados
do trem. Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser
mais valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos apenas para sustentar nossa própria
vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam


de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens.
Tudo está relacionado entre si. Tudo que fere a terra fere também os filhos da terra. Os nossos
filhos viram seus pais serem humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso
da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, e envenenam seu corpo com alimentos
doces e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos nossos últimos
dias — eles não são muitos. Mais algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos
filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos
nos bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio
de confiança como o nosso. De uma coisa sabemos que o homem branco, talvez, venha um dia
a descobrir: — O nosso Deus é o mesmo Deus! – Julgas, talvez, que O podes possuir da mesma
maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira.
E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. E causar
dano a terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco também vai desaparecer,
talvez até mais depressa do que as outras raças. Continua poluindo tua própria cama, e hás
de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios dejetos! Depois de abatido o último bisonte
e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem a gente, e quando
as colinas escarpadas se encherem de mulheres a tagarelar — onde ficarão então os sertões?
Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará o adeus à andorinha da torre e à caça, o
fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Talvez compreendêssemos se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se


soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno,
quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar os desejos para o
dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E
por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos, é para
garantir as reservas que nos prometeste. Lá, talvez possamos viver os últimos dias conforme
desejamos. Depois de o último homem ter partido e a sua lembrança não passar de uma
nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e
praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te
vendermos nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca
esqueças como era a terra quando dela tomaste posse. E com toda tua força, o teu poder, e
todo o teu coração, conserva-a para teus filhos e ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus
é o mesmo Deus. Essa terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso
destino comum.
Aula 1 – Conceitos Básicos

Nesta aula, você irá estudar os conceitos dos termos fundamentais para o desempenho de
suas atividades, durante a execução do policiamento ambiental.

Estes conceitos são:

►Meio ambiente;
►Crime;
►Crime ambiental;
►Fauna;
►Flora;
►Poluição; e
►Licenciamento Ambiental.

Para ajudá-lo em seu aprendizado será utilizada uma enciclopédia eletrônica livre, para
que possa encontrar o significado de alguns termos. A enciclopédia que será utilizada é
a Wikipédia que se encontra no site: www.pt.wikipedia.org.

Meio ambiente

→ Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os fatores que


afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espécie.
Incluindo os fatores abióticos (a luz, o ar, a água, o solo) e os seres vivos que coabitam no mesmo
biótopo. (Wikipédia)

→ A Lei nº 6.938/81, no seu 3° artigo, inciso I, define Meio Ambiente como conjunto
de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles.

Crime

→ No Sistema Penal Brasileiro crime é um fato típico e antijurídico.

Sistema Penal Brasileiro utiliza a teoria finalista para a conceituação de crime.


→Para Mirabet (2003, p. 98), “fato típico é o comportamento humano (positivo ou
negativo) que provoca, em regra, um resultado, e é previsto como infração penal [...] fato
antijurídico é aquele que contraria o ordenamento jurídico”.

→Os irmãos Führer (2000, p. 25) ensinam que “chama-se típico a descrição feita pela lei
da conduta proibida”. E se denomina tipicidade a correlação da conduta com o que foi descrito
no típico. A antijuridicidade significa que o fato, para ser crime, além de típico, deve também
ser ilícito, contrário ao direito”.

Crime ambiental

Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem
o meio ambiente, protegidos pela legislação.

Fauna

É o conjunto de animais de um determinado local. Difere-se de reino animal, por se limitar aos
animais de certo habitat, certo bioma, enquanto que o reino animal é composto por todas as espécies
de animais da Terra.

Bioma - Silva (2001, p. 17-18) ensina que bioma, do grego bios, significa ‘vida’, e oma que
significa ‘massa’, ‘proliferação’. “Denominação dada a cada uma das grandes comunidades- clímax
da Terra, por exemplo, aos grandes agrupamentos faunísticos e florísticos do mundo”. São
grandes superfícies “onde uma verdadeira paisagem vegetal criada por algumas espécies
dominantes, está associada uma fauna específica”.

A fauna para fins de interpretação e aplicação da legislação se divide em três grupos:

- Fauna Silvestre: Conjunto de animais que vivem em determinada região. São os que têm
seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra,
afastados do convívio do meio ambiente humano.

- Fauna Exótica: É a originária de outro país (estrangeira).

- Fauna Doméstica ou Domesticada: É o conjunto de espécies passíveis de domesticação.

A comunidade científica zoológica agrupa a fauna em seis grupos, são eles:


invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Fauna é o conjunto de animais de uma determinada região


Flora

Flora é o reino vegetal localizado em determinada região, ou seja, o conjunto da vegetação


de um país ou de uma região.

A flora brasileira é constituída por diversos espaços protegidos por lei, que são chamados
de unidades de conservação e divididos em dois grupos:

Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo é a preservação da natureza, sendo proibido o


uso direto de seus recursos; e

Unidades de Uso Sustentável, cujo objetivo é a conservação da natureza, sendo que os


recursos naturais devem ser utilizados de modo sustentável.

- Unidades de Proteção Integral - Unidades de Uso Sustentável

Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental


Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico
Parque Nacional Floresta Nacional
Monumento Nacional Reserva Extrativista
Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Reserva Particular do Patrimônio

Para complementar seus conhecimentos e entender mais sobre cada Unidade de


Conservação, leia a Lei nº 9.985/2000 (SNUC), do artigo 7º ao 21º, em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm

Poluição

A Lei nº 6.938/81 define poluição como a “degradação da qualidade ambiental resultante


de atividades que, direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; criem condições adversas para as atividades sociais e econômicas; afetem
desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”.

Poluição é a contaminação do meio ambiente.

Licenciamento Ambiental

Licenciamento Ambiental é um ato administrativo que estabelece condições, restrições e


medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo empreendedor.
Segundo o IBAMA, o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia para a
instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou
degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características
a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas
como parte do processo.

O licenciamento ambiental é uma obrigação compartilhada pelos Órgãos Estaduais de


Meio Ambiente, no caso do Amazonas o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas –
IPAAM, e pelo IBAMA, como parte integrante do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio
Ambiente). O IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de
infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor
de petróleo e gás na plataforma continental. As principais diretrizes para a execução do
licenciamento ambiental estão expressas na Lei nº 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº
001/86 e nº 237/97.

O licenciamento ambiental exige Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de


Impacto Ambiental (RIMA) que são realizados por técnicos habilitados e visam diminuir os
danos ambientais e aumentar o uso sustentável dos recursos naturais.

O licenciamento ambiental compreende três fases, sendo que para cada fase é expedido
um tipo de licença:

Licença prévia

Na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a


serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos
municipais, estaduais ou federais de uso do solo.

Licença de instalação

Autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes no


Projeto Executivo aprovado.

Licença de operação
Autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e
o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto na
Licença Prévia e de Instalação.
Aula 2 - Biodiversidade brasileira

Nesta aula, você estudará sobre a riqueza da biodiversidade brasileira, para que comece
a entender a importância do seu papel como profissional da área de Segurança Pública no
enfrentamento aos crimes ambientais.

Você sabe o que é biodiversidade e qual sua importância?

De acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o


patrimônio genético nacional tem um valor potencial estimado de U$$ 2.000.000.000.000 (dois
trilhões de dólares). Esse dado confirma a necessidade de proteger esses recursos naturais.

Biodiversidade

A biodiversidade* refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade


genética dentro das populações e espécies; a diversidade de espécies da flora, da fauna, de
fungos macroscópicos e de microrganismos; a variedade de funções ecológicas
desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; as diferentes comunidades, habitats e
ecossistemas formados pelos organismos. Ela inclui a totalidade dos recursos vivos ou
biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes.

*Biodiversidade - O termo diversidade biológica foi criado por Thomas Lovejoy em 1980,
ao passo que a palavra Biodiversidade foi usada pela primeira vez pelo entomologista E. O.
Wilson no ano de 1986, num relatório apresentado ao primeiro Fórum Americano sobre a
diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA (National
Research Council, NRC). A palavra "Biodiversidade" foi sugerida a Wilson pelo pessoal do NRC a
fim de substituir diversidade biológica, expressão considerada menos eficaz em termos de
comunicação.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (importantíssimo documento sobre a temática


preservacionista) em seu artigo 2º define biodiversidade ou diversidade biológica como a
variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas* terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de
que fazem parte; e, ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de
ecossistemas.

*Ecossistemas: Conjunto de elementos (ar, água, solo, fauna, flora) de determinada região.
Biodiversidade ou diversidade biológica (grego bios, vida) diz respeito à variedade de vida.

Segundo informações do IBAMA, o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta, que


é qualificada pela diversidade de ecossistemas, de espécies biológicas, de endemismos e de
patrimônio genético, por esta razão o país é considerado megabiodiverso*, reunindo pelo
menos 70% das espécies vegetais e animais do planeta.

*megabiodiverso - pela grande diversidade de ecossistemas, espécies biológicas,


endemismos e patrimônio genético.

O Brasil Concentra 55 mil espécies de plantas superiores (22% de todas as que existem
no mundo), muitas delas endêmicas*; 524 espécies de mamíferos; mais de 3 mil espécies de
peixes de água doce; entre 10 e 15 milhões de insetos (a maioria ainda por ser descrita); e mais
de 70 espécies de psitacídeos: araras, papagaios e periquitos.

*Endêmicas só existem naquele lugar, ou seja, não existem em nenhum outro lugar;
exclusivo daquela região.

No Brasil estão quatro dos biomas* mais ricos do planeta: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia
e Pantanal que, infelizmente, correm sérios riscos.

*bioma é uma comunidade biológica de determinada região (fauna e flora), que habita em
determinada região, caracterizada pelo mesmo tipo de vegetação. Conheça os biomas do Brasil
em http://www.suapesquisa.com/geografia/biomas_brasileiros.htm e do mundo em
http://ciencias3c.cvg.com.pt/bioma.htm.

O Brasil possui a maior rede hidrográfica do mundo.


Aula 3 - Política Nacional do Meio Ambiente

A Política Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservação e conservação
do meio ambiente no país.

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a política nacional do meio


ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e estabelece que sua execução se
dará por intermédio do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

O Sistema Nacional de Meio Ambiente – o SISNAMA é um conjunto de instituições e órgãos


públicos responsáveis pela política nacional do meio ambiente que visa à proteção e à
melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal, estadual e municipal.

O SISNAMA é o responsável pelas políticas de proteção ambiental.

A estrutura do SISNAMA

Como os problemas ambientais são setorizados, ou seja, cada região possui suas próprias
peculiaridades, o sistema é composto de órgãos federais, estaduais e municipais, de forma que a
aplicação da lei atenda as circunstâncias locais.

O SISNAMA está assim estruturado:

- Órgão Superior: O Conselho de Governo;

- Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA);

- Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente (MMA);

- Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais →


Renováveis (IBAMA);

- Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades federais/estaduais responsáveis pela execução


de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar
a degradação ambiental; e

- Órgãos Locais: Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e


fiscalização dessas atividades nas suas respectivas jurisdições.

É importante entender que os Estados e os Municípios participam de forma ativa do


SINSAMA e são responsáveis por elaborarem normas complementares à União.
Exemplo: Se a legislação federal estabelece que a quantidade máxima de pescado por
pescador é de 15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado do Amazonas pode fixar em
10kg a quantidade permitida no estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma
mais restritiva), de igual modo, o Município de N ha m un da - AM , pode baixar a norma e
estabelecer que nos limites do município a quantidade máxima é de 5kg. (Dados Ficticos)

Sistema Nacional de Meio Ambiente

Os órgãos que compõem o SISNAMA são responsáveis pelo licenciamento ambiental, pela
criação de unidades de conservação, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras,
dentre outras competências.

Ao estudar a legislação que trata dos crimes ambientais, observe que as infrações são
punidas nas esferas penal e administrativa, e você, como agente encarregado da aplicação da
lei, só poderá agir, administrativamente, se o órgão ao qual pertencer for membro do SISNAMA
ou tiver celebrado convênio com órgão ou entidade membro do SISNAMA.

Os Estados e os Municípios têm competência para legislar em matéria ambiental, como a


Constituição Federal prescreve:

Art. 23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
[...]
III – Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens
de valor histórico, artístico ou cultural;
[...]
VI – Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII –
Preservar as florestas, a fauna e a flora; e
[...]
XI – Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração
de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

Infração ambiental

Para lavrar o auto de infração ambiental, o órgão ao qual você pertence deve
estar devidamente credenciado, portanto, quando se deparar com a ocorrência, acione a
Polícia Militar Ambiental do seu Estado ou o IBAMA, para que eles possam tomar as
medidas administrativas cabíveis.

Para seu conhecimento, as infrações ambientais são punidas com as seguintes


penas administrativas, dentre outras:

- Advertência; Multa; Embargo; Suspensão das atividades; Apreensão dos animais, produtos
e subprodutos da prática delituosa; e Destruição dos produtos e subprodutos apreendidos.
Aula 4 - Lei de Crimes Ambientais

Nesta aula, você aprenderá sobre a Lei de Crimes Ambientais – LCA, que disciplinará
sua conduta para enfrentar os crimes ambientais.

Com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar como
um direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a
fazer parte da norma constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo. Sobre
a necessidade da tutela do meio ambiente como um todo, Silva (2001, p.111) cita Moreira Neto,
que já em 1977, dizia o seguinte:

“A proteção da flora e da fauna deve ser objeto de tutela jurídica, não apenas
setorizada, como ocorre atualmente, através de diplomas legais isolados, mas com resultado
de princípios e métodos integrados [...] Não se pode, por exemplo, ter uma legislação sobre
pesticidas sem considerar a de água, caça, pesca, loteamento, etc., e vice-versa. Em outras
palavras: a proteção à flora deve ser considerada em termos de ecossistema, em suas múltiplas
interações com a fauna, com a terra, com a água e com o ar. Código de Flora ou de Fauna
alheios à realidade ecológica não são senão fragmentos de solução que a pouco ou nada
conduzem.”

As inovações da LCA

Com o objetivo de unificar a legislação ambiental e acabar com a confusão de legislações


esparsas, foi editada a Lei de Crimes Ambientais – A Lei da Vida, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, a exatos dez anos da edição da Lei nº 7.653.

A Lei de Crimes Ambientais procurou unificar as diversas práticas lesivas ao meio ambiente
e representa um significativo avanço na tutela do meio ambiente. Veja em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm

Com as mudanças na LCA, as penas se tornaram mais uniformes, com gradação adequada
e as infrações mais definidas, como:

→Abuso e maus-tratos aos animais nativos e exóticos passa a ser crime.

→Experiências dolorosas e cruéis em animal vivo, mesmo que para fins didáticos é
considerado crime.

→Fabricar, vender, transportar e soltar balões, pelo risco de causar incêndios, sujeita o
infrator à prisão e multa.

→O desmatamento não autorizado é crime


Veja as principais inovações da LCA.

Antes Depois

A legislação ambiental é consolidada; as penas


Leis esparsas, de difícil aplicação. têm uniformização e gradação adequadas e as
infrações são claramente definidas.

Define a responsabilidade da pessoa jurídica –


Pessoa jurídica não era responsabilizada inclusive a responsabilidade penal – e permite a
criminalmente. responsabilização também da pessoa física autora
ou co- autora da infração.

Pode ter liquidação forçada no caso de ser criada


Pessoa jurídica não tinha decretada e/ou utilizada para permitir, facilitar ou ocultar
liquidação quando cometia infração ambiental. crime definido na lei. E seu patrimônio é transferido
para o Patrimônio Penitenciário Nacional.

A reparação do dano ambiental não extinguia A punição é extinta com apresentação de laudo
a punibilidade. que comprove a recuperação do dano ambiental.

A partir da constatação do dano ambiental, as


Impossibilidade de aplicação direta de
penas alternativas ou a multa podem ser aplicadas
pena restritiva de direito ou multa.
imediatamente.

É possível substituir penas de prisão até 4 (quatro) anos por penas


Aplicação das penas alternativas era possível
alternativas, como a prestação de serviços à comunidade. A
para crimes cuja pena privativa de liberdade
grande maioria das penas previstas na lei tem limite máximo de
fosse aplicada até 2 (dois) anos.
4 (quatro) anos.

Produtos e subprodutos da fauna e flora podem


O destino dos produtos e instrumentos da
ser doados ou destruídos, e os instrumentos
infração não era bem definida.
utilizados quando da infração podem ser vendidos.

Matar animais continua sendo crime. No entanto,


Matar um animal da fauna silvestre, mesmo
para saciar a fome do agente ou da sua família, a lei
para se alimentar, era crime inafiançável.
discriminaliza o abate.

Além dos maus tratos, o abuso contra estes


Maus tratos contra animais domésticos e
animais, bem como aos nativos ou exóticos, passa a
domesticados era contravenção.
ser crime.

Experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo,


Não havia disposições claras relativas a ainda que para fins didáticos ou científicos, são
experiências realizadas com animais. consideradas crimes, quando existirem recursos
alternativos.
A prática de pichar, grafitar ou de qualquer forma
Pichar e grafitar não tinham penas claramente
de poluir edificação ou monumento urbano,
definidas.
sujeita o infrator a até um ano de detenção.

Fabricar, vender, transportar ou soltar balões, pelo


A prática de soltura de balões não era punida de forma
risco de causar incêndios em florestas e áreas
clara.
urbanas, sujeita o infrator à prisão e multa.
Destruir ou danificar plantas de ornamentação
Destruição, dano, lesão ou maus tratos às plantas
em áreas públicas ou privadas era considerado
de ornamentação é crime, punido por até 1 (um) ano.
contravenção.
O acesso livre às praias era garantido,
Quem dificultar ou impedir o uso público das praias
entretanto, sem prever punição criminal a quem
está sujeito a até 5 (cinco) anos de prisão.
o impedisse.
Desmatamentos ilegais e outras infrações
O desmatamento não autorizado agora é crime,
contra a flora eram consideradas
além de ficar sujeito a pesadas multas.
contravenções.
Comprar, vender, transportar, armazenar madeira,
A comercialização, o transporte e o armazenamento de
lenha ou carvão, sem licença da autoridade
produtos e subprodutos florestais eram punidos como
competente, sujeita o infrator a até 1 (um) ano de
contravenção.
prisão e multa.

Funcionário de órgão ambiental que fizer afirmação


falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
A conduta irresponsável de funcionários de órgãos
informações ou dados em procedimentos de
ambientais não estava claramente definida.
autorização ou licenciamento ambiental, pode
pegar até 3 (três) anos de cadeia.

As multas, na maioria, eram fixadas através


de instrumentos normativos passíveis de A fixação e a aplicação de multas têm a força da lei.
contestação judicial.

A multa máxima por hectare, metro cúbico


A multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhões.
ou fração era de R$ 5 mil.
Módulo 2 - Crimes contra a Fauna

“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.”

Mahatma Ghandi

Neste módulo, você vai aprender sobre os crimes contra a fauna, o que é imprescindível
para a sua atuação como agente encarregado da aplicação da lei.

O estudo está fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como


Lei de Crimes Ambientais, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm.

Neste módulo serão apresentadas as seguintes aulas:

→ Aula 1: Procedimentos;

→ Aula 2: A caça;

→ Aula 3: O comércio ilegal;

→ Aula 4: Introdução de espécies exóticas;

→ Aula 5: Maus-tratos;

→ Aula 6: Os crimes de pesca.


Aula 1 – Procedimentos
Como membro do sistema de Segurança Pública, você deve, além de adotar os
procedimentos padrões para uma abordagem e condução de detidos, deve aplicá-los nos
crimes contra a fauna.

Ao chegar no local, você deve avaliar a situação:

→ Observe a presença de pessoas;

→ Identifique os possíveis infratores;

→ Solicite a documentação ambiental (licenças, GTA,...); e

→ Analise a documentação apresentada.

A partir da avaliação inicial, se você constatar irregularidades, aplique a LCA:

→Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento;

→Apreenda o material objeto do crime;

→Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a constatação
do dano ambiental;

→Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se não houver, leve-os


para a delegacia com circunscrição sobre a área para as providências cabíveis (TCO/Flagrante
e apreensões necessárias); e

→Se for necessário, contate o Batalhão Ambiental (Florestal) para confecção do auto
de infração ou o IBAMA e, na ausência desses, faça contato com outros órgãos ambientais que
tenham competência para confeccionar o auto de infração ambiental.

Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.

Os erros mais comuns nas ocorrências ambientais são:

→ Não identificar o crime;

→ Confundir as infrações;

→ Deixar de agir (Prevaricação);

→ Deixar de conduzir para a delegacia; e

→ Deixar de acionar a Polícia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confecção do auto


de infração.
Aula 2 - A caça

Nesta aula, você iniciará o estudo dos tipos penais.

Antes de iniciar seu aprendizado, reflita sobre a situação abaixo e responda o que faria:

Você está realizando um ponto de bloqueio policial (barreira) e, ao abordar um veículo,


constata que existem diversos animais dentro de caixas de isopor, dentre eles: 2 tatus, 1 paca
e 1 mutum cortado em pedaços.

E agora, o que você deve fazer como agente encarregado da aplicação da lei?

Continue o estudo e verá como agir nessa situação.

A fauna silvestre é propriedade do Estado (artigo 1º, da Lei 5.197/67), portanto, a velha
concepção de que os animais são coisas de ninguém, “sem dono”, é falsa.

O primeiro crime capitulado na LCA é o crime de caça, que trata justamente da


proteção jurídica dos animais silvestres e dispõe o seguinte o artigo 29:

Art. 29 – Matar*, perseguir*, caçar*, apanhar* e utilizar* espécimes da fauna silvestre,


nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida: Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

* Matar: Exterminar, ceifar a vida – Prado (2005, p.230).

* Perseguir: Incomodar, ir ao encalço, importunar, seguir de perto, correr atrás, acossar –


Prado (2005, p.230).

* Caçar: Perseguir animais a fim de matar ou de apanhar vivos – Prado (2005, p.230).

* Apanhar: Recolher,colher, caçar com armadilhas, redes ou visgos – Prado (2005, p.230).

* Utilizar: Servir-se, tirar proveito – Prado (2005, p.230).

Fauna silvestre de acordo com o parágrafo 3º, deste mesmo artigo 29, da LCA, é composta
pelas espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou
parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em
águas jurisdicionais brasileiras.

Somente os animais aquáticos, exluindo peixes, crustáceos e moluscos, são objetos do crime
de caça. São eles: baleias, peixes boi, golfinhos, botos e leões marinhos.

Estas condutas não se aplicam aos atos de pesca.


Não se esqueça: A caça profissional é proibida no Brasil

Para a prática desse crime, como a de outros crimes ambientais, o infrator tem que agir
sem licença da autoridade competente, que no caso é o IBAMA ou o órgão ambiental local,
que tenha delegação para tal.

Para o manejo da fauna silvestre é necessária a devida licença expedida pelo IBAMA.

É importante entender que os animais domésticos e exóticos não são objetos dos
crimes descritos, uma vez que a tutela jurisdicional se limita aos animais silvestres.

Cães, gatos, cachorros, bois, cavalos, elefantes, leões, coalas, cangurus e outras espécies
domésticas ou exóticas não são tutelados por este dispositivo legal.

O parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA e seus incisos tratam dos animais em seus habitats e
visa à lei de proteção dos animais em seu habitat, uma vez que sem seu abrigo ou local
de reprodução natural, o animal ficará extremamente exposto às intempéries naturais e a ações
de predadores.

Além disso, alguns animais ao perceberem que seus locais de abrigo e procriação
foram manuseados os abandonam.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:


I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a
obtida; e
II – Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural.

Ao se referir à procriação da fauna, o legislador refere-se à fauna silvestre que, como já


citado, não estão tutelados os animais domésticos nem exóticos, porque não é de interesse
público tutelar sua procriação.

Os parágrafos quarto e quinto, do artigo 29, da LCA, tratam dos casos de aumento de pena
e prescrevem que ela triplica se o crime decorrer do exercício de caça profissional, que é proibida
no Brasil e, ainda, aumenta pela metade se praticado:

→ Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção ainda que somente no local da
infração, entendendo-se como espécie rara àquela que existe naturalmente em pequenas
quantidades na natureza e por esta razão são difíceis de se encontrar, e espécie ameaçada de
extinção constante na relação da CTIS publicada pelo IBAMA;

→ Em período proibido à caça, uma vez que a caça é proibida no Brasil, toda vez que se
praticar um crime contra a fauna deve-se ter o aumento da pena;

→ Durante a noite, pois durante o período noturno a fiscalização é mais difícil de ser
executada e menos eficaz;

→ Com abuso de licença, pois a princípio a impressão é que nenhuma infração está sendo
cometida já que o infrator estava devidamente autorizado a praticar o ato;

→ Em unidade de conservação que foi criada pelo poder público justamente para a
preservação e conservação dos ecossistemas ali existentes, pois o abate de animais pode vir a
interferir no equilíbrio ecológico;

→ Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

Não se considera como criminosa a conduta de abater um animal quando realizada:

- Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

- Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de


animais, desde que legal e expressamente autorizada pela autoridade competente; e

- Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

- O conteúdo apresentado é essencial para suas atividades diárias como policial.


Aula 3 - O Comércio ilegal

Nesta aula, você estudará sobre uma das maiores atividades criminosas do mundo.

Você sabe quais são os três maiores comércios ilegais do mundo?

Nesta aula você conhecerá a resposta.

Os artigos 29, § 1º, III e 30, da LCA, disciplinam o comércio ilegal de animais silvestres, que
é considerado o terceiro maior comércio ilícito do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e
de armas, movimentando cerca de US$ 20.000.000 (vinte milhões de dólares) por ano, sendo
que a participação do Brasil no total mundial é de 20%.

Art. 29 [...]

Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

[...]

III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota
migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não
autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Art. 30 Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:

Pena – Reclusão, de um a três anos, e multa.

O inciso III, do parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA, trata do comércio da fauna silvestre, que
a princípio deve ser realizado somente por criadouros/criadores autorizados pelo IBAMA, e
de acordo com a permissão, licença ou autorização concedida.

Transporte de animais silvestres

Para o transporte é necessária a licença de transporte emitida pelo IBAMA, a nota fiscal
que oficializou o comércio e a Guia de Trânsito Animal – GTA – do Ministério da Agricultura
e do Abastecimento; para o transporte internacional exige-se ainda a licença de exportação,
emitida pelo IBAMA.
O dispositivo tutela inclui não somente o animal já formado, mas também as espécies
em formação – ovos e larvas. O ovo representa o primeiro estágio de vida de algumas espécies
e, portanto, a destruição do ovo implica na destruição de um ser que está se formando, numa
quebra no ciclo de vida do espécime, semelhantemente, a larva é o primeiro estágio de vida
dos insetos.

Aos produtos beneficiados, como bolsas, jaquetas, cintos e botas, cuja matéria-prima
seja a pele ou os couros de répteis ou anfíbios, aplica-se o disposto no artigo 29, §1º, III, por se
tratar de “produto ou objeto” da fauna silvestre.

Tráfico de animais

O tráfico de animais silvestres dá a impressão de ser uma atividade aparentemente inofensiva


e algumas autoridades não dão tratamento adequado a esse tipo de crime.

Para ter idéia da potencialidade desta atividade, basta recorrer ao preço estimado praticado
no mercado internacional, segundo a Rede Nacional de Combate ao Trafico de Animais Silvestres,
2000 - RENCTAS:

→ O espécime da arara-azul-de-lear é cotado em US$ 60.000 (sessenta mil dólares);

→ O grama do veneno da coral-verdadeira é cotado em mais de US$ 30.000 (trinta mil


dólares);

→ O grama do veneno da aranha-marrom vale cerca de US$ 20.000 (vinte mil dólares);

→ O espécime do papagaio-de-cara-roxa é cotado em US$ 6.000 (seis mil dólares); e

→ Cada espécime de melro tem cotação em mais de US$ 2.000 (dois mil dólares).

Biopirataria

Uma outra vertente do tráfico de animais é a biopirataria, que se constitui na exploração,


manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que
contrariam as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica, em
http://www.cdb.gov.br/CDB.

A Biopirataria se caracteriza também pela apropriação e monopolização ilegal


dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais.

A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras
de uso dos recursos naturais brasileiros.

A biopirataria deve ser veementemente combatida e apoiada neste dispositivo legal.

A Biopirataria é uma das modalidades de tráfico de animais silvestres.


Aula 4 - Introdução de espécies exóticas

Nesta aula, você estudará sobre um dos crimes responsáveis pela destruição de ecossistemas.

O que é fauna exótica?

Fauna exótica é a fauna originária de outro país.

O Artigo 31*, da LCA, combate à entrada de animais exóticos no território brasileiro, uma
vez que a introdução de espécimes pode vir a alterar o equilíbrio dos ecossistemas e causar
o desaparecimento de diversas espécies.

*Art. 31 Introduzir espécime animal no país, sem parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente:

Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.

O conceito de animal já foi delimitado, como sendo “todo ser vivo dotado de movimento que
possua ausência de clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e, normalmente,
capaz de percepções sensoriais”; já espécie é “um conjunto de indivíduos semelhantes entre
si e capazes de entrecruzarem em condições naturais produzindo descendentes férteis”.

O objetivo do Artigo 31 é proteger a fauna nacional, porque a introdução de um único


espécime exótico pode vir a se constituir num grande problema, especialmente, se o animal
introduzido não tiver aqui um predador natural e começar a destruir a fauna e a flora local.

Não se constitui crime a introdução espécime exótica desde que realizada com licença
emitida pelo IBAMA ou órgão ambiental com função delegada.

Essa introdução pode vir a provocar mudanças profundas no ecossistema, exemplo disso,
foi a introdução de coelhos na Austrália, o que provocou a diminuição das populações de
mamíferos marsupiais nativos da região, como os cangurus, por causa da alteração do habitat.

No Brasil, a introdução de javalis no sul do país é um exemplo dos danos que a introdução
de espécies exóticas pode causar, eles tornaram-se um grave problema para a flora, a agricultura
e a pecuária.
Aula 5 – Maus tratos

Nesta aula, você estudará uma das inovações da LCA: maus-tratos e abuso de animais
silvestres, exóticos e domésticos.

O que você entende que são maus tratos aos animais?

Nesta aula você conhecerá a resposta.

Uma das inovações da legislação foi a tutela da fauna doméstica e exótica, que anteriormente
não eram protegidas pela Lei de Proteção a Fauna., em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197.htm.

A LCA dispõe que:

Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:

Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

O caput do artigo 32, da LCA, traz as condutas de abuso e maus-tratos. Vladimir Passos
de Freitas e Gilberto Passos de Freitas (2000, p. 94), assim se pronunciaram sobre as condutas
previstas neste artigo:

→ Praticar ato de abuso é realizar uso errado do animal. Por exemplo, cavalgar por horas
sem permitir descanso ao cavalo, nem dar-lhe oportunidade de comer ou beber água.

→ Lançar galo em rinha sabendo que, mesmo vencedor, ele sairá ferido, apenas para
satisfazer o desejo dos apostadores, ou transportar pássaros fechados em caixas, por horas,
sem as mínimas condições de bem-estar.

→ Maus-tratos significam insultar e ultrajar. Por exemplo, manter cachorro


permanentemente fechado em lugar pequeno, sem ventilação e limpeza.

→ Ferir é lesar o animal. É a ação do que exagera ao açoitar um burro, causando-lhe


ferimentos.

→ Finalmente, mutilar, conduta que implica em retirar parte do corpo do animal,


geralmente um membro.
Rinha é crime!

Não se esqueça de que:

O parágrafo primeiro, do artigo 32, da LCA, trata da utilização da fauna para fins científicos.
Não se quer coibir pesquisas científicas, o objetivo é garantir que só serão empregados
métodos dolorosos e cruéis, em animais, se não houver outra alternativa disponível, uma vez
que a manipulação de novas drogas é realizada, primeiramente, nos animais para, só depois, ser
utilizada em seres humanos.

O Decreto Lei nº 24.645-1934, que ainda está em vigor, trata das condutas que se
constituem em maus tratos, em http://www.tribunaanimal.com/decreto_lei_n.htm.

Maus tratos aos animais é crime.


Aula 6 - Os crimes de pesca

Nesta aula, você estudará um dos grandes temas da LCA: os crimes de pesca!

O que é pesca?

Nesta aula você conhecerá a resposta.

O conceito de pesca é essencial para fins de interpretação e aplicação da lei

De acordo com o artigo 36 considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar,
apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies
ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Para configurar o crime de pesca, basta a iminência da captura dos espécimes da ictiofauna,
ou seja, o pescador que atira na água um instrumento de pesca proibido incorre no crime,
mesmo que não consiga trazer nada da água.

A pesca de vegetais não é novidade na legislação, porque o Código de Pesca já previa


essa modalidade, que a princípio parece estranha, mas a flora aquática passa a ser
potencialmente objeto de pesca.

A pesca irregular é crime!

O artigo 34*, da LCA, veda a pesca em certos períodos e locais:

*Art. 34 Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por
órgão competente:

Pena – Detenção, de um ano a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I – Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores
aos permitidos;

→O que se visa nesse artigo é a proteção da ictiofauna em períodos determinados,


especialmente, durante a desova – é o período de reprodução dos peixes – e em certos locais,
para que as populações possam se desenvolver.
→ Como em quase todos os crimes contra a fauna é o IBAMA quem estabelecerá quais
as espécies que poderão ser pescadas e quais os tamanhos mínimos permitidos para a pesca.

O legislador visou à proteção das espécies que estejam em risco de extinção ou que ainda
não atingiram o tamanho suficiente, em especial porque ainda não se reproduziram.

Com a finalidade de garantir a continuidade das espécies de peixes, crustáceos, moluscos


e vegetais hidróbios, foi editado no inciso II, do artigo 34, da LCA, a proibição da pesca em
quantidades superiores às permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, apetrechos,
técnicas e métodos não permitidos.

Cada região hidrográfica possui características próprias quanto aos instrumentos que são
ou não permitidos para a pesca em águas interiores, em geral, os seguintes apetrechos são
proibidos: redes e tarrafas de arrasto de qualquer natureza, redes de emalhar, espinhéis e joão
bobo.

Consulte a superintendência local do IBAMA para certificar-se dos instrumentos/apetrechos


proibidos em sua região.

A comercialização

Quanto ao processo de comercialização dos produtos de pesca, prescreveu o legislador,


no inciso III, do artigo 34, da LCA, sobre o transporte, comercialização, beneficiamento
e industrialização de espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Reprime-se neste dispositivo a receptação dos espécimes oriundos da pesca ilegal.


O dispositivo visa punir aquele que se utiliza do recurso natural para auferir lucros, não se
importando com a origem do pescado.

O tipo penal disciplina todo o ciclo de comercialização, desde o transporte, o beneficiamento,


a industrialização até a venda dos espécimes da ictiofauna. Dentro desse tipo penal tem-se a
pesca ilegal de peixes ornamentais, que alcançam valores astronômicos no mercado
internacional.

Também é o IBAMA o responsável por determinar quais são as quantidades permitidas


por pescador ou por embarcação e a definir quais são os apetrechos permitidos.

Quanto à pesca predatória, a mesma está disciplinada no artigo 35, da LCA.

Art. 35 Pescar mediante a utilização de:

I – Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; e


II – Substâncias tóxicas ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena – Reclusão de um ano a cinco anos.

O artigo conclui que a pesca predatória destrói todo o habitat aquático da ictiofauna e é
por esta razão que a pena foi agravada nesse tipo penal, pois o infrator não está preocupado
em preservar o ambiente para que ele, futuramente, possa vir a pescar, haja vista que este tipo
de
pesca predatória causa danos irreversíveis ao meio ambiente, destruindo toda fauna e
flora aquáticas.

OBS.: Os tamanhos mínimos não se aplicam aos peixes de piscicultura. Nesse caso, é
necessário comprovar a origem do peixe, através de nota fiscal.

É crime capturar, transportar e comercializar espécies protegidas, peixes abaixo do


tamanho mínimo e além do limite por pescador amador, que é de 10kg mais um exemplar
(ou o limite estipulado por legislação estadual/municipal, quando inferior a 10kg).
Leitura Complementar

Antes de concluir o estudo desta unidade, saiba mais, consultando os endereços a seguir:
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a “Investigar o tráfico ilegal de animais e plantas
silvestres da fauna e da flora brasileiras” – CPITRAFI
http://www.camara.gov.br/internet/comissao/index/cpi/Rel_Fin_CPI_Biopirataria.pdf
http://www.camara.gov.br/Internet/comissao/index/cpi/rel_fin_cpitrafi_01_pdf.pdf

Maus-tratos a animais Decreto Lei nº24.645, de Julho de 1934


http://www.tribunaanimal.com/decreto_lei_n.htm

Lista da fauna ameaçada de extinção http://institutoaqualung.com.br/info_fauna35.html

Licença de pesca amadora


http://www.ibama.gov.br/pescaamadora/licenca/licenca.htm

Tabela de tamanhos mínimos de captura de peixes http://www.ibama.gov.br/pesca-


amadora/documentos/tabelas-de-tamanhos/

Tabela de cotas e capturas (Cotas de captura e transporte de peixes pelos pescadores


amadores nos Estados da Federação e no Distrito Federal)
http://www.ibama.gov.br/pesca-amadora/documentos/tabela-de-cotas-de-captura/

Legislação de pesca amadora


http://www.ibama.gov.br/pesca-amadora/documentos/legislacao-federal/
Módulo 3 - Crimes contra a Flora
Bem-vindo. Você está no terceiro módulo do curso Crimes Ambientais.

Você vai aprender sobre os crimes contra a flora, o que é necessário para a execução do
policiamento ambiental.

O estudo está basicamente fundamentado na Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,


conhecida como Lei de Crimes Ambientais.
Veja em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm

Você iniciará seu aprendizado com o crime do desmatamento. Este é um dos mais devastadores
crimes ambientais.

Neste módulo serão apresentadas as seguintes aulas:

→Aula 1: Procedimentos;

→Aula 2: Desmatamento;

→Aula 3: Queimadas;

→Aula 4: O comércio ilegal da Flora;

→Aula 5: O uso da motosserra.


Aula 1 - Procedimentos
Como membro do sistema de Segurança Pública, você deve adotar, além dos procedimentos
padrões para uma abordagem e condução de detidos, os seguintes procedimentos padrões nos diversos
crimes contra a flora:

Ao chegar ao local, você deve avaliar a situação:

→ Observe a presença de pessoas;

→ Identifique os possíveis infratores;

→ Solicite a documentação ambiental (licenças, DOF, LPU...); e

→ Analise a documentação apresentada.

A partir da avaliação inicial se você constatar irregularidades, aplique a LCA:

→ Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento;

→ Apreenda o material objeto do crime;

→ Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a constatação do
dano ambiental;

→ Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se não houver, leve-os para
a delegacia com circunscrição sobre a área para as providências cabíveis (TCO/Flagrante e apreensões
necessárias); e

→ Se for necessário, contate o Batalhão de Policiamento Ambiental para acompnhar a


ocorrencia e o IBAMA ou IPAAM para confecção do auto de infração.

Conduta criminosa?

Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.

Os erros mais comuns nas ocorrências ambientais são:

→Não identificar o crime;

→Confundir as infrações;

→Deixar de agir (Prevaricação);

→Deixar de conduzir para a delegacia; e

→Deixar de acionar a Polícia Ambiental, IPAAM ou o IBAMA, para confecção do auto


de infração.
Aula 2 - Desmatamento

Por que o desmatamento é um dos crimes ambientais mais devastadores?

O desmatamento destrói todo o ecossistema, levando plantas e animais a extinção. Veja algumas
conseqüências do desmatamento:
→ Altera as condições climáticas;

→ Diminui a incidência das chuvas;

→ Causa a elevação da temperatura;

→ Altera o nível de água subterrâneo e superficial;

→ Leva a desertificação, dentre outros efeitos.

Prado (2001, p. 142) ensina que o desmatamento é um dos fatores responsáveis pela
deterioração do solo, destruindo o equilíbrio dos ecossistemas e que, dificilmente, o
reflorestamento consegue restaurar o equilíbrio ecológico anterior, porque não
consegue recompor a diversidade biológica perdida.

Visando à proteção jurídica das florestas, a LCA dispõe que:

Art. 39 Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da


autoridade competente:
Pena – Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 50-A Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em
terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente:
Pena – Reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
§ 1º Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do
agente ou de sua família.
§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)
ano por milhar de hectare.

Segundo o artigo 2º do Código Florestal são consideradas de preservação permanente as


florestas e demais formas de vegetação que estão ao longo de cursos d’água, ao redor de lagoas, nas
nascentes “olhos d’água”, no topo de morros, montes, serras, nas encostas com mais de 45º de
declividade, dentre outras.

Veja em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771.htm
→O IBAMA considera que desmatamento é a operação que visa destruir a vegetação nativa
de determinada área para o uso alternativo do solo.

→Considera-se nativa toda vegetação original, remanescente ou regenerada, caracterizada


pelas florestas, capoeiras, cerradões, cerrados, campos, campos limpos, vegetações rasteiras, etc.

→Pelo exposto nos dispositivos legais descritos têm-se que o corte (desmatamento) só pode ser
realizado mediante licença (autorização) do órgão ambiental competente, no caso o IBAMA, ou o
órgão ambiental estadual que desempenhe função delegada.

Somente pode ser realizado o corte com licença do órgão ambiental, sem licença o corte é
crime.

O artigo 40 também prevê pena de reclusão de até 5 anos se o dano for causado em unidade de
conservação.

Conforme já informado, as unidades de conservação são espaços que por suas características
naturais são especialmente protegidos por lei visando à preservação ao uso sustentável de seus
recursos naturais.

O IBAMA mantém, em seu sitio na internet, informações das autorizações de desmatamentos


emitidas no país.

De acordo com o IBAMA, merecem destaque algumas espécies da flora, como o jacarandá-da-
bahia e o pau-brasil, ambos com exploração proibida.

As licenças são de dois tipos: de proteção integral e de uso sustentável.

Em geral, ao desmatamento estão associados outros crimes ambientais como, por exemplo,
o de penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de
produtos ou subprodutos florestais (artigo 52 da LCA), ou de utilizar motosserra para o corte das
árvores (artigo 51 da LCA).

OBS.: Qualquer árvore pode ser declarada imune de corte por ato do poder público (federal,
estadual ou municipal), por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-
sementes.
Aula 3 – Queimadas
Nesta aula serão estudados os tipos penais relacionados aos crimes praticados contra a flora.
Você aprenderá sobre as queimadas. Uma prática muito comum no Brasil.

Quais as conseqüências das queimadas?

Um dos crimes ambientais mais comuns são as queimadas. Como o desmatamento, essa
prática também é nociva aos ecossistemas. Ela causa inúmeras doenças respiratórias no
homem, além de ser responsável pela poluição atmosférica e destruição do solo.

A queimada está associada ao crime da poluição atmosférica, que consiste em causar poluição
de qualquer natureza, em níveis que resultem danos à saúde humana, provocando a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora.

Caso provoquem a retirada, mesmo que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou
causem danos diretos à saúde da população também é crime.

A LCA, no seu artigo 41* trata como delito, a produção de fogo perigoso descontrolado e
potencialmente lesivo à flora.

*Art. 41 Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena – Reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

A queimada sem autorização é crime.

O site da Assessoria de Comunicação (ACS), da Universidade de Brasília (UnB), divulgou


o seguinte sobre as queimadas: No contexto local, as queimadas destroem a fauna e a flora,
empobrecem o solo, reduzem a penetração de água no subsolo e, em muitos casos, causam
mortes, acidentes e perda de propriedades. Regionalmente, causam poluição atmosférica
e prejudicam a saúde de milhões de pessoas, além de atrapalhar a aviação e aos transportes
terrestres e aquáticos. São também responsáveis pela alteração e até destruição completa
de ecossistemas. Em termos mundiais, os incêndios de florestas estão relacionados a
modificações na composição química da atmosfera e no clima do planeta.
Aula 4 - O comércio ilegal da Flora

Um dos crimes mais comuns é a fabricação, transporte e comercialização irregular do carvão*.

*Carvão é a substância obtida pela carbonização ou queima de madeira.

O comércio ilegal de carvão abastece muitas indústrias e siderúrgicas. Para a fabricação e


transporte exige-se a devida licença ambiental, além da nota fiscal e o documento de origem
florestal (DOF)* expedido pelo IBAMA.

*O DOF – documento de origem florestal é o documento obrigatório para o controle


do transporte de produto e subproduto florestal de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo;
ele acompanha, obrigatoriamente, o produto ou subproduto florestal nativo, da origem ao destino
(o destino tem que constar no documento), independente do meio de transporte: rodoviário, aéreo,
ferroviário, fluvial ou marítimo.

Em geral, os depredadores do meio ambiente utilizam carvoarias clandestinas. Eles constroem


fornos, deixam a madeira de lei* queimando e quando o carvão está pronto vão e retiram dos
fornos.

*Madeiras de lei são resistentes, duras, rijas, próprias para construção e trabalhos expostos a
intempéries. Prado (2001, p.50).

Para coibir esta prática clandestina faz-se necessário destruir os fornos, apreender o carvão e
prender esses criminosos.

Muita atenção com comércio ilegal de carvão.

Veja como a LCA trata desse crime:

Art. 45 Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do
Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica
ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena – Reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46 Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada
pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até o
final do beneficiamento:

Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre, nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.
Biopirataria

Uma outra vertente é a extração irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos e


sementes que constituem a biopirataria, ou seja, o contrabando dos recursos biológicos.

A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de
uso dos recursos naturais brasileiros, sendo a biopirataria intensamente combatida com apoio do
dispositivo legal.

Os biopiratas se camuflam sob muitos disfarces: inocentes turistas, bem intencionados


cientistas... Todos com o objetivo de se apropriar e monopolizar os recursos naturais do país.

Um exemplo de biopirataria foi o registro de patente e o direito de uso exclusivo do


nome cupuaçu conseguido pela empresa japonesa Asahi Foods e que, somente depois de
muita batalha, o governo brasileiro conseguiu quebrar a patente no Japão, nos Estados
Unidos e na União Européia.

Um crime bastante comum é a venda de palmito in natura. Para a extração do palmito a árvore
é sacrificada. Restaurantes, pizzarias e supermercados estão entre os compradores do produto
irregular.

Geralmente, o produto é acondicionado em embalagens sem indicações de origem


legal (informações sobre o produtor e registro no IBAMA).

Outra modalidade é o comércio ilegal de mudas coletadas diretamente da natureza, como as


de plantas medicinais e ornamentais, tais como: orquídeas, bromélias, xaxins e flores do cerrado.
A modalidade mais lucrativa é a venda de madeira de lei, em especial o mogno, conhecido
como “ouro verde da floresta”.

Para o transporte de madeira exige-se a nota fiscal e o documento de origem florestal, o


DOF, emitido pelo IBAMA.

No local de extração exigem-se as licenças emitidas pelo órgão ambiental que autorizem
à extração da madeira.

Para o transporte de qualquer produto/subproduto da flora nativa exige se a nota fiscal e


o documento de origem florestal.

Em geral, ao comércio ilegal da flora está associado a outros crimes ambientais como:

Penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de produtos


ou subprodutos florestais* (artigo 52 da LCA);
*Produtos – aquilo que é produzido pela Natureza.

*Subprodutos florestais - resultado de uma atividade extrativa, é tudo que se


retira secundariamente de algo. Prado (2001, p. 144)

Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e de demais formas (artigo 48 da LCA);


Destruir ou danificar florestas nativas e plantadas ou vegetação fixadora de dunas e protetora de
mangue, objeto de especial preservação.
Aula 5 - O uso da motosserra

O artigo 51 da LCA* dispõe que a utilização sem licença/registro da motosserra é crime:

*Art. 51 Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação,


sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.

A lei obriga a todos os estabelecimentos comerciais e proprietários de motosserras a se


registrarem no IBAMA.

Para a utilização da motosserra, o proprietário deve possuir a Licença de Porte e Uso


de motosserra – LPU, emitida pelo IBAMA.

Para que o uso da motoserra seja considerado crime, deve ser utilizada para cortar qualquer
tipo de
árvore ou vegetação.

Não só a utilização é crime, mas também a comercialização sem a observância dos


dispositivos legais.

O uso de motosserra sem licença é crime.


Leitura Complementar

Antes de finalizar o estudo desta unidade, visite os endereços a seguir e leia mais sobre o
tema estudado.

Lista de espécies da flora ameaçadas de extinção


http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/quais-arvores-brasileirasestao- extincao-dia-
da-arvore-499607.shtml
http://www.ibama.gov.br/flora/extincao.htm

Modelo de documento de origem florestal


http://www.florestavivaamazonas.org.br/download/formularios/F30_DOF.pdf

Documentos legais necessários para comercializar madeira do plano de manejo


http://www.florestavivaamazonas.org.br/2153.php

Apreendidas 85 toneladas de madeira irregular em Barretos


http://extra.globo.com/pais/plantao/2007/10/17/298189442.asp

Preso o responsável pelo maior desmatamento do ano na Amazônia


http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias-do-site/criminal/criminal-2006/preso-o-responsavel-pelo-
maior-desmatamento-do-ano-na-amazonia-20050901/

Carvão ilegal é apreendido pela polícia http://g1.globo.com/Noticias/0,,PIO81944-


5606,00.html
Módulo 4 - Poluição e outros crimes ambientais

Apresentação

Neste módulo serão apresentadas as seguintes aulas:

→ Aula 1 – A Poluição

→ Aula 2 – Outros Crimes

→ Aula 3 – A Mineração Irregular

→ Aula 4 – Os Crimes Contra a Administração Ambiental. Ao final deste módulo, você será
capaz de:

►Caracterizar os crimes relacionados à poluição;

►Listar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio;

►Enumerar os crimes de mineração irregular; e

►Apontar os crimes contra a administração ambiental.


Aula 1 - A Poluição
Nesta aula, você vai aprender sobre os crimes relacionados à poluição.

Para você, quais as conseqüências da poluição?

Nesta aula você conhecerá a resposta.

A Lei nº 6.938/81 já define poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de


atividades que, direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população:

→Criem condições adversas para as atividades sociais e econômicas;

→Afetem desfavoravelmente a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e

→Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

O conceito de poluição é amplo e abrange todos os tipos de poluição: da água, do ar,


da terra, visual e sonora.

O delito se constitui na poluição em níveis que possam vir ou que causem danos à saúde
humana, ou que possam vir a provocar a morte de animais ou a destruição da flora:

No artigo 54 da LCA* poluição é considerado crime quando ocorre em níveis que causem danos
à saúde humana.

*Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora:
Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

A poluição destrói os mais diversos ecossistemas e seus efeitos devastadores são sentidos em
todo planeta.

Chuvas ácidas, aquecimento global, doenças respiratórias, destruição da camada de ozônio


e o efeito estufa são algumas das conseqüências do meio ambiente poluído.

Muitas são as possibilidades de poluição e a LCA visando à manutenção da sadia qualidade


de vida, procura combater a poluição nas suas mais variadas formas.
Poluição dos recursos hídricos - pode ser definida como qualquer alteração das
propriedades da água que a tornem imprópria para a utilização, quer dos homens ou dos animais
e plantas.

Em geral é causada pelo lançamento de detritos orgânicos ou minerais na água, que


causam a degradação do ambiente, não importando se a contaminação atinge águas superficiais
ou subterrâneas.

Para a configuração do crime, a poluição tem que ocorrer em níveis que causem danos
à saúde humana ou aos animais e plantas.

Tipos de poluição

Poluição atmosférica - é a mais comum, ela se caracteriza pelo lançamento no ar de


substâncias danosas ao meio ambiente, em geral pela emissão de gases e produtos tóxicos.

Freitas (1998, p. 130) a considera a de maior relevância para a saúde humana, para ele o
aquecimento global, inversão térmica, efeito estufa, buraco na camada de ozônio e chuva
ácida são as conseqüências desse tipo de poluição.

Poluição do solo

Se caracteriza pela contaminação da terra por rejeitos perigosos, que sejam líquidos ou
sólidos, como: lixo, produtos tóxicos, agrotóxicos, dentre outros.
A LCA disciplina que dependendo do resultado da poluição a pena pode chegar a cinco anos
de reclusão se:

→ Tornar a área (urbana ou rural) imprópria para a ocupação humana;

→ Causar poluição atmosférica que obrigue a retirada, mesmo que momentânea, das populações
afetadas;

→ Causar poluição atmosférica em níveis que causem danos diretos à saúde da população;

→ Causar poluição hídrica de tal forma que impeça o fornecimento de água para a população;

→ Impedir ou dificultar o acesso às praias;

→ Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou


substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos; e

→ Deixar de adotar as medidas de segurança para evitar riscos ao meio ambiente.

Substâncias tóxicas

O artigo 56 da LCA* trata do controle de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à


saúde humana ou ao meio ambiente.
* Art. 56 Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa
ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas
em leis ou nos seus regulamentos: Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidas no


caput
ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto


a um terço.

§ 3º Se o crime é culposo: Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Este artigo prevê punição de até quatro anos de reclusão para quem agir em desacordo com a
licença ambiental concedida ou com as normas de segurança exigidas.

Dentre as substâncias pode-se destacar: venenos, combustíveis, explosivos, agrotóxicos e


produtos radioativos.

A lei visa à proteção da saúde humana e do meio ambiente, e não se exige para a caracterização
do crime o dano efetivo ao meio ambiente, basta não observar as normas de segurança do produto
específico.
Exemplo disso é o cuidado que se deve ter com os agrotóxicos. Depois de utilizada, a
embalagem não pode ser jogada no lixo, ela deve ser devolvida no comércio para a remessa ao
fabricante. O material nuclear também tem normas especificas sobre seu manejo.

Poluir o meio ambiente é crime.


Aula 2 - Outros crimes
Nesta aula, você vai conhecer um pouco mais sobre outros crimes ambientais, em especial,
contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.

A LCA prevê que são crimes contra o patrimônio cultural:

→ Destruir, inutilizar ou deteriorar: bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial; arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; e

→ Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida.

Crime contra o Patrimônio

A LCA visa à proteção, à preservação e à integridade do patrimônio histórico, artístico


e arqueológico.

O Decreto Lei nº 25/1937 define que constitui o patrimônio histórico e artístico nacional,
o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

Danificar Bem Tombado é Crime!

Qualquer alteração das características do bem protegido só pode ser realizada com autorização
do órgão ambiental competente. O crime que prevê reclusão de até três anos, se consuma com
a efetiva alteração do aspecto ou estrutura do bem ou local.

Outro crime contra o patrimônio cultural é pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar
edificação ou monumento urbano. A pena pode ser de três meses a um ano, e multa:
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu
valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Esta é uma das inovações da LCA, a pichação passou a ser crime, a lei cuida em proteger
os aspectos estéticos da paisagem urbana contra a poluição visual.

Quanto à ordenação territorial, o Estatuto da Cidade ressalta a preocupação com o


meio ambiente, e declara que o diretor local fixará as normas urbanísticas e de utilização do solo nas
cidades.
Veja em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/LEIS_2001/L10257.htm
A LCA proíbe a construção em determinados locais, devido ao seu valor intrínseco, em prol
da coletiva e do meio ambiente, e prevê que são crimes contra o ordenamento urbano:

Promover construção em solo não-edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de


seu valor paisagístico, ecológico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida.

Prado (2005, p. 513) ensina que a ordenação do território visa ao desenvolvimento sócio
econômico equilibrado das regiões, à melhora da qualidade de vida, à gestão responsável
dos recursos naturais e à proteção do meio ambiente, através da utilização racional do território.
Para ele, o dispositivo legal visa proteger a ordenação do território, com ênfase conferida
ao patrimônio cultural, artístico e arqueológico.
Aula 3 - Mineração irregular
A LCA trata da atividade de extração irregular de minerais (pedra, cal, areia, cascalho, argila,
saibro, dentre outros) e dispõe que é crime a extração de minérios em florestas de domínio público
ou nas de preservação permanente. Os artigos 44 e 55* ressaltam que as atividades de extração
mineral só podem ser realizadas, com as respectivas licenças ambientais.

*Art. 44 Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente,


sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 55 Executar pesquisa, lavrar ou extrair recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão
competente.

A extração de minerais sem liçença é crime

→ As licenças ambientais são exigidas para a extração mineral.

→ Se a extração for realizada sem a Licença de Operação o crime descrito estará ocorrendo.

→ Portanto, exija a Licença de Operação - LO durante a fiscalização.

O IBAMA e a Secretaria Ambiental do Estado são os responsáveis pela autorização da lavra,


que deverá ser anteriormente autorizada pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral
– DNPM.

O objetivo é proteger a qualidade dos ambientes vegetais, pois a ausência ou retirada predatória
de minerais causa danos irreversíveis (erosão, assoreamento de rios, empobrecimento do solo, dentre
outros). Exemplos:

→É muito comum a retirada irregular de minerais do leito dos rios, através de dragas
clandestinas, que destroem todo o ambiente aquático.

→ As cascalheiras clandestinas destroem toda a vegetação e o solo, causando danos


irreversíveis para a natureza.

Quando houver o crime ambiental, para que a polícia possa caracterizar corretamente o
dano de sua extensão, é importante que o local da ocorrência seja preservado.
Aula 4: Crimes contra a Administração Ambiental
Bem-vindo à última aula do quarto módulo.
Nesta aula, você estudará sobre os crimes praticados contra a Administração Ambiental. Os
artigos 66 e 67, da LCA tratam dos crimes contra a Administração Ambiental, que se
caracteriza quando o funcionário público:

→ Fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental; e

→ Conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para


as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público.

A lei visa proteger a administração pública e o meio ambiente, do exercício irregular da função
administrativa. O autor desse crime é somente o funcionário público.

O Código Penal define funcionário público como aquele que mesmo transitoriamente ou sem
remuneração exerce cargo, emprego ou função pública. Ambos os crimes envolvem fraudes no
licenciamento ambiental.

Os artigos 68 e 69, da LCA encerram os crimes praticados contra a administração ambiental:

→ Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de
relevante interesse ambiental; e

→ Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais.

Nesses crimes, o autor deixa de ser exclusivamente o servidor público e passa a ser
qualquer pessoa que tenha obrigações ambientais a cumprir ou que tente impedir o serviço dos agentes
encarregados da fiscalização ambiental.

Impedir ou dificultar a ação fiscalizadora ambiental é crime.


Referências Bibliográficas da Disciplina de Proteção Ambiental

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Investigar o Trafico Ilegal de Animais e Plantas Silvestres da Fauna e Floras Brasileiras-
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