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HIPERPROLACTINEMIA  Resistência hormonal: defeitos de

receptores ou vias de sinalização.


Eixo hipotálamo-hipófise-glândula alvo
Tumores Hipofisários
Hipotálamo:
 Achado relativamente comum.
Fatores liberadores: LHRH (atua na hipófise
 Causa mais comum de síndrome de
estimulando a secreção de FSH e LH), GHRH (atua
hipersecreção e deficiência hormonal
na hipófise estimulando a secreção de GH), TRH,
hipofisária em adultos.
CRF – geralmente o papel do hipotálamo sobre a
 Adenomas: 90%
hipófise é estimulador.
 Incidentalomas de hipófise em cerca de 10% de
indivíduos normais.
Dopamina: fator inibidor de Prolactina – é o único
hormônio que vai contra esse eixo hipotálamo- Incidentaloma: é o achado acidental de uma alteração
hipofisário estimulatório é o eixo da dopamina- hipofisária que não possui nenhuma manifestação clínica.
prolactina; a prolactina não tem gl. alvo, atua na Com a facilidade de se pedir e fazer exames de imagem,
mama estimulando a secreção de leite; o hipotálamo esse achado se tornou frequente.
secreta a dopamina, que controla a secreção da
hipófise diminuindo a produção de prolactina; se não Classificação dos tumores hipofisários:
tivesse essa secreção de dopamina, a prolactina
Características histológicas, Imuno-histoquímica
seria secretada continuamente pela hipófise. Não há
(muito importante – o patologista pode dizer que há
fator estimulador de secreção de prolactina, apenas
compatibilidade com determinado tumor, mas para
inibição em relação ao hipotálamo. mas há algo que
ter certeza que o tumor produz determinada
faça secretar a prolactina fora desse local.
proteína, é importante tipar por IHQ) e atividade
Hipófise: funcional

Hormônios estimuladores: FSH e LH, TSH, ACTH.  Produtor de Prolactina: Prolactinoma - 40% dos
tumores hipofisários produzem prolactina. É o mais
GH: estimula secreção de IGF-I no fígado
frequente. A manifestação clínica na mulher é mais
importante/evidente do que no homem.
Glândula alvo: Tiróide (T4/T3), córtex SR (mineralo,
- Qual o papel fisiológico da prolactina no homem?
glicoctc e HS), Ovários e testículos (E2 e
R: não existe uma função muito bem estabelecida.
Testosterona)
- O que causa a prolactina em excesso no homem?
R: ginecomastia e hipogonadismo. Galactorréia é
incomum. É mais complicado dar o diagnóstico
clínico em homens, a não ser em casos com
prolactina muito elevada.
 Produtor de GH: acromegalia e gigantismo -
20%
- Acromegalia: ocorre em indivíduos após o
fechamento das cartilagens de crescimento
(não afeta a estatura), ou seja, afeta
crescimento de partes moles, ossos chatos.
- Gigantismo: ocorre em crianças, pois ainda há
presença de cartilagem de crescimento aberta,
ou seja, afeta a estatura.
 Produtor de GH e PRL - 7%: existe uma célula
precursora em comum para as células produtoras de
GH e PRL, chamada de somatolactotrófica. Ao se
diferenciar, uma linhagem produz GH e a outra
linhagem PRL. Existem tumores dessa célula
Mecanismos Patológicos
precursora, levando a produção dos dois hormônios
 Excesso Hormonal: hiperprodução tumoral, (tumores mistos).
distúrbios autoimunes e uso exógeno.  Produtor de ACTH: Doença de Cushing - 15%
 Deficiência hormonal: destruição glandular por  Produtor de gonadotrofinas (FSH, LH) - 3%:
auto-imunidade, cirurgia ou infecção. aumento da produção de hormônios sexuais,
com estímulo ovariano nas mulheres (cistos) e
testotoxicose nos homens. Raros e com
dificuldade de diagnóstico.
 Produtor de TSH - 1%: são casos relativamente
raros - quadro clínico de hipertireoidismo
 Tumores não funcionantes - 25%: neoplasia bem
definida pela imagem, mas na investigação não
há produção de nenhum hormônio; na IHQ, o
resultado é negativo para todos os hormônios
hipofisários. Provavelmente, é originária da célula
null cell (não produz hormônio) – o manejo é do
neurocirurgião.
 Pluri-hormonais

Quadro clínico:

Manifestações neuro-anatômicas (basicamente


tumor ou lesão expansiva):

 Hipertensão intracraniana
 Cefaléia
 Distúrbios visuais: anatomicamente, a hipófise se
localiza muito próxima ao quiasma óptico e pode
comprimi-lo e causar escotomas, hemianopsia
bitemporal, atrofia óptica e cegueira. Mais comum:
Dependendo de como o tumor cresce e o local que
hemianopsia bilateral
comprime, pode causar diversas manifestações visuais.

Diagnóstico:
Manifestações Endocrinológicas:
Avaliação endócrina completa - dosagens basais e
 Hiperprodução hormonal ou deficiência
testes dinâmicos, antes do tratamento. Não adianta
hormonal (por um processo destrutivo): pode só dosar hormônios da hipófise, pois são estritamente
ocorrer tanto um quanto o outro ou os dois ao mesmo
controlados pelo feedback do hormônio que vem da
tempo
glândula-alvo (dosar hormônios hipofisários e hormônios
da glândula-alvo).

Diagnóstico radiológico - diferencial com outros


tumores, tamanho e extensão tumoral (hipófise:
melhor método é ressonância)

Estudo neuro-oftalmológico: campos visuais

Caso clínico

Professora, 32 anos, casada, sem filhos. Desejo de


gestação e parou ACO há 2 anos, mas CM (ciclos
Localização da hipófise – em processos cirúrgicos, o menstruais) irregulares, com períodos de
acesso a glândula é transesfenoidal. amenorréia de até 4 meses. Há 2 meses, iniciou
galactorréia bilateral. Diagnóstico de depressão em
acompanhamento com psiquiatra - uso de sulpiride
há 6 meses. Esteve com ginecologista e achado de
Prolactina elevada.

Deve-se avaliar se a elevação da prolactina é patológica ou


se é pela interferência medicamentosa (importante
descobrir se a causa é esta antes de pedir exame de
imagem):
O medicamento Sulpiride tem efeito inibidor da
dopamina. Ao bloquear a dopamina (inibidora da
liberação de prolactina), deixa de exercer a inibição,
ou seja, resulta no aumento da prolactina sérica. O
que deve ser feito é a suspensão do medicamento por
algum tempo.
Se ao retirar o medicamento a dosagem de prolactina
continuar alta, é importante investigar outros
hormônios da hipófise, não só a prolactina – ao pensar
em tumor, fazer uma avaliação mais abrangente, pois
pode ser um tumor misto, um tumor que pode já estar
interferindo com o eixo da hipófise ou com a haste,
etc.

Prolactina

 Produzida pelo lactotrofo: 20% céls hipófise


(precursor: GH e PRL).
 Dopamina (SNC) suprime secreção PRL: Causas de Hiperprolactinemia
alterações fisiológicas, como em altos níveis de
estresse, exercício físico intenso, e O tumor não deve ser pensado como primeira
farmacológicas, como uso de sulpiride. possibilidade. Vários outros fatores podem levar a
 Induz a lactação, estimulada pelo estrogênio. prolactina alta:
Portanto, homem não faz galactorréia.
 Reduz função reprodutiva e impulso sexual,  Fisiológicas: gravidez, lactação, estresse
além de levar a amenorréia.  Farmacológicas: estrógenos (podem levar a uma
 Outros efeitos: aumenta absorção GI de Ca++ e discreta elevação de prolactina), neurolépticos
reabsorção óssea – numa situação patológica, (haloperidol, clorpromazina, sulpiride),
passa a ser excessiva, e há perda de massa antidepressivos (tricíclicos e inibidores
óssea. serotonina - fluoxetina), alfa metil dopa (anti-
hipertensivo comum usado em gestantes),
Controle PRL: cimetidina (doença péptica), metoclopramida
(plasil – aumenta a taxa de aleitamento).
GnRH, hormônio estimulador de melanócito, TRH e outros
Obs.: A suspensão do medicamento de duas a
agentes também participam da regulação da liberação de
quatro semanas já permite avaliar os níveis de
prolactina, porém os fatores mais importantes na
prolactina (se caem ou continuam altos); pode
regulação são:
indicar outra fonte causadora de prolactina
elevada quando seus níveis não diminuem ou se
 Dopamina: controle inibitório
mantém – aí sim, são procuradas outras causas. O
 Estrogênio: favorece a estimulação
normal de prolactina é de 20-30 nanogramas/dL.
Pesquisar tumor especialmente se os níveis de
prolactina forem maiores do que
100nanogramas/dL.
 Patologia hipofisária: prolactinoma, tumores e
lesões traumáticas de haste hipofisária
(comunicação entre hipotálamo e hipófise; como do
hipotálamo vem a dopamina para a hipófise, se houver
uma lesão que faça compressão dessa haste é
perdido o mecanismo inibitório, elevando, assim a
produção de prolactina).
 Outras: hipotiroidismo (o TRH é hormônio
estimulador da prolactina. Portanto pctes com
hipotireoidismo podem ter galactorreia, uma vez que
no hipotireoidismo por feedback negativo ocorrerá
aumento de TRH, hormônio hipofisário tirotrófico),
insuficiência renal e cirrose hepática (esses
dois tem a ver com o clearance de prolactina).
 Nos homens a queda de LH reduz produção de
Prolactinoma testosterona e espermatogênese
(infertilidade).
 Hipogonadismo por hiper PRL
 Predomínio mulheres 20:1 microadenomas (<
1cm) e 1:1 macroadenomas (> 1cm).
 Níveis PRL relacionam-se com tamanho tumoral; Diagnóstico:
o macro tem 5mil – 10mil de prolactina e o
 Dados clínicos + descartar fármacos
micro tem 90-130 de prolactina.
 Dosagens de Prolactina basal (2 a 3)
 5% dos microadenomas podem evoluir para - HiperPRL tumoral - acima de 100 ng/ml.
macroadenomas a longo prazo. Tumores - Valor de referência é até 30 ng/ml.
endócrinos são muito bem diferenciados, pois - Coleta com paciente com stress baixo
precisam produzir hormônios; assim, crescem (tempo de espera)
lentamente, mesmo os malignos.  Níveis elevados de prolactina sem clínica:
 HiperPRL resolve-se espontaneamente em 30% descartar macroPRL  esse caso é chamado de
dos microadenomas. armadilha no exame laboratorial; quando se
faz a dosagem de prolactina, ele dosa uma
Quadro Clínico: imunoglobulina que cruza no ensaio, levando a
níveis altíssimos de prolactina, só que não
 Alterações visuais e neurológicas: só em verdadeira (é chamada de macroprolactina).
macroadenomas. Um microadenoma dificilmente Não há problemas para a paciente.
irá crescer a ponto de causar HIC, alterações  Dosar GH, estrogênio, FSH, LH, função da
visuais e neurológicos. tireóide (TRH).
 Em mulheres pode ocorrer a síndrome da
amenorréia-galactorréia: galactorréia, Prolactina de 1000 não deixa dúvida de que é
oligomenorréia ou amenorréia e infertilidade prolactinoma; já a prolactina de 20 a 80 gera dúvida –
(sem ovulação). Casos prolongados: perda massa pode ser tumor, pode ser interferência. Não há pressa
para dar o diagnóstico – é possível esperar um tempo,
óssea.
repetir os exames e reavaliar. Com manifestações clínicas
 Em homens: impotência, redução libido e
é mais fácil diagnosticar.
infertilidade. Pode haver ginecomastia.
Galactorréia é incomum. O que fazer nos casos de Prolactina elevada, sem relação
medicamentosa, manifestação clínica e sem confirmação
Por conta da dificuldade e demora do diagnóstico nos do prolactinoma por imagem? R: se o paciente não está se
homens, é mais comum encontrarmos macroadenomas e incomodando com nada, espera e repete RM mais tarde; se
estágios mais avançados de impotência e infertilidade. há queixas, somente inicia-se o tratamento
medicamentoso para que haja a diminuição da PRL.
Fisiopatologia do quadro clínico:
Confirmação por métodos de imagem:
Ocorre devido ao Efeito Crosstalk: uma Deficiência
hormonal causado por uma hiperfunção hormonal, ou seja, Avaliar se a lesão é pequena (microadenoma) ou
devido aos altos níveis de prolactina (hiperfunção grande (macroadenoma).
hormonal), a secreção de LH ficou prejudicada Isso
ocorre pela interferência inibitória dos altos níveis de
prolactina na secreção de LHRH, que é um hormônio
hipotalâmico estimulador da produção de LH pela hipófise.

 Supressão da secreção de LHRH hipotalâmico:


perda da secreção pulsátil e pico de LH (que
permite a ovulação)
 Bloqueio da foliculogênese e inibição da
aromatase (transforma a testosterona para
É um microadenoma, pois está confinado a área da hipófise, não
estrogênio): hipoestrogenismo (ressecamento tem extensão supra-selar. Ocupa mais a parte direita da hipófise.
vaginal, alteração de pele, alterações
menstruais).
Tratamento Clínico:  Efeitos Colaterais bromocriptina: náuseas,
vômitos, cefaléia e hipotensão postural (por
Considerar necessidade de tratamento nos isso usa-se a noite).
microadenomas, de acordo com a clínica, com a idade  E.C. Cabergolina: eficácia semelhante, mas
do paciente, se pode ser ou não um achado de poucos efeitos colaterais e efeito prolongado.
imagem.
Algumas outras observações:
Microadenomas sintomáticos: suprimir galactorréia,
restaurar fertilidade e redução tumoral. Em mulheres com macroprolactinomas, o tratamento
de reposição de estrógeno deve ser iniciado
A indicação do tratamento do prolactinoma não é somente depois que a hipersecreção de PRL tenha
cirúrgica, pois há o tratamento clínico que permite o sido controlada por agonistas de dopamina, já que o
desaparecimento do tumor. estrógeno estimula a hiperplasia do lactotrofo,
podendo aumentar o tamanho tumoral. Em relação a
Se o tumor ocorrer em uma mulher após a
isso, devem ser realizadas medidas periódicas de
menopausa, ela não terá galactorréia, já que ela não
PRL sérica em mulheres com microadenomas que
tem mais estrógeno – perda da sensibilização da
estejam realizando terapia com estrogênios e que
mama para permitir a secreção láctea. O último
também não estejam recebendo tratamento com
consenso da sociedade americana de endocrinologia
agonistas da dopamina.
aconselha que em casos de microadenomas em
mulheres menopausadas, não há necessidade de Com o passar do tempo, particularmente com o uso
tratamento (não há galactorréia, não há da cabergolina, o prolactinoma pode diminuir de
preocupação com infertilidade ou com menstruação; tamanho até possibilitar a suspensão do fármaco
o medicamento é caro, com possíveis efeitos sem recidiva da hiperPRL. Assim, alguns
colaterais), Em casos de perda óssea significativa especialistas recomendam o uso de agonista do
em que se acha que a prolactina está interferindo, é receptor de dopamina por no mínimo 2 anos, seguido
possível considerar tratamento, de uma tentativa de suspensão desse agonista em
pacientes tratados que responderam ao
Agonistas dopaminérgicos:
medicamento com normalização da PRL e
São medicamentos capazes de suprimir a produção desaparecimento do tumor na RM.
de prolactina pela ativação dos receptores de
Outras opções tratamento:
dopamina e são amplamente reconhecidos como
tratamento de escolha para maioria dos pacientes:  Cirurgia: indicada para casos resistentes ou por
intolerância ao tto clínico, macroadenoma
 Bromocriptina (Parlodel®) e Cabergolina
invasivo com comprometimento da visão (retira
(Dostinex® - potência maior do que a
o efeito de massa e o que restar do tumor,
Bromocriptina; portanto, usam-se doses
controla com medicação). Leva-se em consideração
menores e intervalos maiores):
também o desejo da paciente engravidar em pouco
- São superagonistas: potencializam a ação da
tempo, não querendo esperar a melhora com o
dopamina em seu receptor – estímulo tratamento clínico.
inibitório de PRL. - A cirurgia traz a normalização da PRL em
- Suprimem secreção de PRL e inibem 70% dos microadenomas e somente 30% dos
proliferação celular (redução de massa) – macroadenomas
melhora clínica no intervalo de um mês. - Alta taxa de recorrência nos
- Tto de escolha para micro e macroadenomas macroadenomas – o tumor cresce invadindo o
(mesmo em tumores grandes – pode-se local, é difícil retirá-lo por inteiro.
considerar tratar só com medicamento,  Radioterapia: tumores agressivos, risco de
porque há uma normalização significativa dos hipopituitarismo.
níveis de prolactina).
- Normalização PRL em 70% dos micro e
macroadenomas.
- Após controle inicial, manter menor dose Gravidez e prolactinoma
possível, suficiente para deixar a prolactina
 5% dos micro e 30% dos macroadenomas
normal. 5% de remissão.
crescem na gestação.
 Se possível, interromper bromo ou cabergolida.
Reiniciar medicamento se alteração na
campimetria ou sintomas visuais, RNM.
 25 anos de uso de bromocriptina sem evidências
de efeito teratogênico. Cabergolida? Não se
sabe se há teratogenicidade, por isso durante a
gravidez é melhor evitá-la.

Nos microadenomas, interromper medicação


tranquilamente; nos macroadenomas, interromper no
primeiro mês, repetir depois de 2-3 meses dosagem
de prolactina – se ela aumentar de forma
significativa, verificar RM e, se a imagem mostrar
que cresceu o tumor, retoma-se o medicamento.

A hiperPRL materna não deve ter efeitos danosos


para o feto em desenvolvimento; a PRL aumenta
normalmente durante a gestação e aparentemente
não cruza a placenta.

Obs.: Nas disfunções endócrinas:


Se é uma glândula hiperfuncionante  realiza o teste de
supressão, pois simularia algum fator que agiria de forma
fisiológica e bloquearia o eixo.
Sé uma glândula hipofuncionante  realiza teste de
estímulo

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