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Tarô & Kabbalah: Os Caminhos da Árvore da Vida

No diagrama da Árvore da Vida estão inscritas 22


conexões, ou vinte e dois caminhos, que ligam as 10 sefirot
entre si. Eles constituem o campo de manifestação dos
atributos divinos personificados pelas sefirot, acomodando
tudo o que flui através deles.
Os caminhos da Árvore da
Vida resumem as infindáveis
possibilidades de circulação das
energias, tanto no cosmo
quanto no homem.
"Os fluxos entre cada par de
sefirot podem ser alternados e
cada caminho constitui apenas
uma parte da circulação total.
Por causa dessa adaptabilidade
essencial, ocorrem muitos tipos
diferentes de padrões de
circulação determinados pela
sefirah que gera o fluxo inicial."
(AAK-30-31)

Nota: as siglas que aparecem


no correr do texto, referem-se
aos títulos dos livros e
respectivas páginas,
relacionados no final desta
apresentação.
"A essência de cada Caminho
é constituir a união de dois
Sefirot. Só podemos
compreender seu significado
levando em conta a natureza
das Esferas unidas na Árvore.
Mas um sefirah não pode ser
entendido num único plano."
(CM,24)
"As Sefirot podem ser
consideradas como
macrocósmicas e, os Caminhos,
microcósmicos, visto que as
sefirot representam as
sucessivas Emanações Divinas,
que constituem a evolução
criadora, ao passo que os
Caminhos representam os
estágios sucessivos da
compreensão cósmica na
consciência humana."
"Os Caminhos são fases da
consciência subjetiva, através
dos quais a alma desenvolve a
sua compreensão do cosmo".
(CM, 25 e 35)
Os textos a seguir, para cada
Caminho, iniciam com um
primeiro parágrafo de
"miscelânea", justapondo
correspondências de várias
fontes: a letra do alfabeto
hebraico (com o valor numérico
entre parêntesis), sua
significação mais comum e seu
hieróglifo (G.O.Mebes).
São também mostradas, nesse primeiro parágrafo, as
atribuições astrológicas e as cores citadas com maior
freqüência nos textos consultados. Por fim, é indicado o
Arcano Maior do Tarô, cuja numeração coincide com a do
caminho. Tal correspondência é a mais comum entre os
autores franceses. Já os autores ingleses, atribuem o Louco
(0 ou 22) ao caminho 11, o Mago (1) ao caminho 12, a Papisa
(2) ao caminho 13 e assim sucessivamente. Entre parêntesis
é indicada esta segunda hipótese. Uma nota importante a
esse respeito não deve ser esquecida pelo leitor: como Rui Sá
Silva Barros deixou bem claro em Taro e Qabalah, tais
atribuições devem ser tomadas com a devida cautela, pois
tratam-se hipóteses nem sempre de acordo com a tradição
cabalística.
O segundo parágrafo, em itálico, foi retirado do Shepher
Yetzirah, o Livro das Formações. Embora de difícil
compreensão, ele merece ser considerado por se tratar de um
texto da tradição cabalística.
Por fim, o terceiro parágrafo, ou bloco, traz indicações e
comentários colhidos principalmente de Gareth Knight e da
obra de Z'ev ben Shimon Halevi.
11º Keter - Hokhmah
Aleph (1), o boi, o homem. Mercúrio, Touro, Gêmeos e o
elemento Ar. Amarelo claro brilhante, azul celeste, azul
esmeralda, esmeralda salpicada de ouro.
Corresponde ao Arcano da Mística: I - O
Prestidigitador, o Mago, Divina Essência (ou 0 - O
Louco, o Espírito do Éter).
"O 11º caminho é a Inteligência Cintilante porque ele é a
essência dessa cortina colocada junto da ordem de arranjo e
lhe é dada uma dignidade especial de ser capaz de manter-se
de pé diante da Face da Causa das Causas."
A "Face da Causa das
Causas" é a fonte de toda a
Criação em Keter; por isso a
experiência espiritual de
Hokhmah é a Visão de Deus
face à face.
No sentido ascendente, de
Hokhmah para Keter, o 11º
caminho constitui portanto
esse alto nível de
consciência que a alma
iluminada percorre desde a
Visão direta de Deus face a
face até a experiência
transcendental ainda mais
alta de União real com Deus.
Trata-se da "Inteligência
Cintilante".
Em Keter está o
Verdadeiro Plano da
evolução e de toda vida
criada. "A ordem de arranjo
(ou de composição)" é
portanto um título válido
para Keter. A "cortina" ou
Véu é o da vida na Forma. A
Forma é a cortina que oculta
(e ao mesmo tempo revela) a
essência da vida. Mas, nesse
caso se trata de uma força
pura, pois o 11º caminho é a
"essência dessa cortina".
Nesses níveis supremos, a
forma é muito atenuada em
comparação ao nível denso
da nossa existência, mas
nem por isso é menos
poderosa. Uma forma
incorreta ou mal aplicada
num nível superior da
manifestação pode produzir
deformações que se
ampliarão à medida que
seus efeitos se façam sentir
nos planos inferiores.
O elemento Ar é um bom
símbolo para o Espírito, pois
é ilimitado, insinua-se por
toda parte e é também um
grande disseminador.
No sentido ascendente, o
11º Caminho reapresenta a
etapa final da união com
Deus
A descida desse caminho é a primeira etapa da Descida do
Poder simbolizado na Kabbalah pelo Raio Fulgurante. Ele
representa, portanto, os primeiros inícios.
12º Keter - Binah
Beith (2), a casa; a boca humana. Lua e Mercúrio.
Amarelo, violeta, cinza, índigo salpicado de violeta.
Corresponde ao arcano da Gnose: II - A Papisa, Gnose,
Porta do Santuário, Divina Substância (ou I - O Mágico;
o Mago do Poder).
O 12º caminho é denominado Inteligência da Transparência
porque é dessa espécie de Magnificência, chamada
Chazchazit, que provém as visões daqueles que se vêm em
aparição. Por ser o caminho da "Inteligência da
Transparência" significa a capacidade de ver as coisas tais
como elas são na realidade. A Forma não oculta a luminosa
imagem do Criador, mas sim a revela. O Véu do Templo, para
falar simbolicamente, nada tem de opaco. É o caminho que
une o princípio da Forma (Binah) à sua fonte Espiritual
(Keter). a verdadeira fonte da qual provém a Forma e sua
força interior.
A raiz do termo Chazchazit tem acepções de vidente,
vidência, visão. Trata-se, por certo, da mais alta forma de
profecia, o conhecimento espiritual, uma forma de percepção
interior muito mais delicada e exata que a intuição, que por
sua vez é uma forma de consciência muito mais importante e
exata do que a clarividência, a clariaudiência ou demais
formas de psiquismo.Esse caminho representa capacidade de
pressentir o Verdadeiro Plano nas alturas de Keter e de fazê-
lo descer sob a forma de uma Verdadeira Impressão na
sefirah da Forma, Binah. A descida do Plano é uma
decorrência necessária, pois o conhecimento seria de pouca
utilidade se não se manifestasse, sucessivamente até os
níveis da consciência mental e do efeito físico.
13º Keter - Tiferet
Guímel (3), o camelo; uma mão que pega. Vênus e
Virgem; a Lua. Azul, prateado, azul-claro frio, prateado
riscado de azul celeste.
Corresponde ao arcano da Magia: III - A Imperatriz,
Vênus Urânia ou Vênus do Universo, Natureza, Divina
Natureza, Parto, Geração, (ou II - A Papisa, Sacerdotisa).
O 13º caminho é denominado a Inteligência Unificadora e é
assim chamado porque é em si mesmo a essência da Glória; é
a Perfeição da Verdade das coisas espirituais individuais.
Esse caminho se destaca entre os demais porque se
encontra sobre a linha direta de contato entre o Espírito e a
Individualidade.
Ele faz parte do que se poderia denominar de coluna
vertebral da Árvore da Vida, o longo caminho entre o Espírito
e a Terra, Keter e Malkhut.
A linha ascendente vertical da Árvore da Vida é o Caminho
da Flecha, a Via Mística dos que não procuram manipular
poderes ocultos, mas sim a União com Deus. O Caminho dos
Místicos sobe pelo 32º caminho, a Entrada dos planos
interiores, e passa através dos reinos subconscientes de
Yesod. Como Yesod está ligado à função sexual, torna-se
compreensível a ocorrência de imagens de natureza sexual
em certos tipos de misticismo.
De Yesod, a Via leva através do "deserto" do 25º caminho,
a Inteligência da Prova, que é a primeira Noite Escura da
Alma, antes de alcançar a aurora dourada da consciência de
Tiferet e o contato com o "deus interior". Mas o contato de
Tiferet é ainda um aspecto menor do "deus interior", pois o
Caminho conduz a seguir diretamente à fonte do ser
espiritual em Keter. Essa segunda metade é o 13º Caminho,
ao qual corresponde a letra hebraica Guímel, um camelo, o
que nos lembra um outro deserto, portanto uma segunda
Noite Escura da Alma, a travessia do Abismo, descrita por
São João da Cruz.
Como a morte e o nascimento, o 32º, o 25º e o 13º
caminhos formam principalmente uma via de transição.
Poderia ser denominada a Via mais direta na demanda do
Santo Graal, compreendendo-se o Graal como o recipiente
que se pode fabricar com o próprio ser para se tornar capaz
de reter as forças superiores, o Sangue e as Águas do
Espírito.
14º Hokhmah - Binah
Dálet (4), a porta; o seio, como idéia de alimentar e ser
alimentado. Júpiter e Áries; Vênus. Verde esmeralda,
azul-celeste, rosa ou cereja rajada de verde claro.
Corresponde à Filosofia Hermética e à Obediência: IV -
O Imperador, Pedra Cúbica, Forma, Autoridade,
Adaptação (ou III - A Imperatriz, a Filha dos Poderosos).
O 14º caminho é a Inteligência Iluminante e é assim
denominado porque é esse Chasmal o fundador das idéias
ocultas e fundamentais da Santidade e de suas fases de
preparação. Do mesmo modo que o caminhos transversais
interiores, o 27º e o 19º, são respectivamente os "suportes" da
Personalidade e da Individualidade, o 14º é o suporte do
Espírito em seu próprio nível. O texto yetzirático o denomina
Chasmal, ou seja, "o Brilhante, fundador das idéias ocultas e
fundamentais da santidade". Ele é, por certo, o fundamento
oculto de todos os seres na Forma. A fonte do nosso ser está
em Keter, mas a manifestação enquanto unidade estável
pressupõe o funcionamento do Princípio da Polaridade que,
neste nível, É o princípio arquetípico de Hokhmah e Binah. E
esses dois princípios são ligados pelo 14º Caminho.
Para seguir o simbolismo da letra hebraica. esse caminho é
a Porta, ou seja, a entrada para a manifestação. Poderíamos
mesmo denominá-lo a Porta do mundo do Espírito, pois esse
caminho segue o trajeto do Rio Fulgurante.
No sentido ascendente, esse caminho é o último canal de
consciência no qual os pilares da Manifestação em sua ação
de defensores da Forma têm ainda influência. É a Porta da
Iluminação, como subentende o texto yetzirático, Iluminação
Total da Visão de Deus face a face, em Hokhmah.
É sobre esse aspecto de manifestação que o simbolismo da
lâmina do Tarô desse caminho se refere: é a pedra
fundamental da construção do Templo do Homem na
existência manifestada.
15º Hokhmah - Tiferet
Hei (5), a janela; a respiração. Áries e Mercúrio.
Vermelho vivo, chama brilhante, vermelho
incandescente.
Corresponde ao arcano da Transcendência e da
Pobreza: V - O Papa, a Essência Divina, Quintessência,
Religio. (ou IV - O Imperador; ou XVIII - A Estrela)
O 15º caminho é a Inteligência Constituinte, assim
denominado porque constitui a substância da Criação nas
trevas puras e os homens falaram das contemplações; é
dessas trevas que se fala na Escritura: "e o enfaixei com
névoas tenebrosas" (Jó). Essa substância da Criação são as
Águas do Não-manifestado que vertem na manifestação.
No sentido ascendente, lembrando que a experiência
espiritual de Hokhmah é a visão de Deus face a face,
podemos dizer que, ao longo desse caminho, a alma pode
perceber uma centelha da majestade do seu Criador, como
se, assentada diante de uma janela estreita sem vidro, ela
olhasse fixamente para as trevas do espaço e visse
subitamente uma estrela lampejar, indicando o ponto de
origem da alma e a meta para a qual ela deve dirigir a sua
evolução.
O fator de início e fim da evolução pessoal é sublinhado
pela forma do signo astrológico de Áries: ; a queda súbita na
manifestação e o posterior retorno ao ponto de partida.
O meio de alcançar essa meta de toda humanidade poderia
ser expresso em termos bem simples: "Amarás o Senhor teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a
tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a
ti mesmo" (Lucas 10-27, Mateus 22-37).
16º Hokhmah - Hesed
Vav (6), o prego; o olho e o ouvido. Touro, Sagitário e
Vênus. Vermelho alaranjado, índigo escuro, marrom
brilhante.
Corresponde ao arcano da Iniciação, do Livre Arbítrio: VI -
O Enamorado, Bifurcação, a Lei da Analogia, Liberdade,
Mediação (ou V - O Papa, o Mago do Eterno).
O 16º caminho é a Inteligência Triunfal ou Eterna e é assim
denominado porque é o prazer da Glória além da qual não há
Glória igual. É também chamado de Paraíso preparado para os
Justos. O Caminho 16º, paralelo ao 18º, é um dos laços
entre o Espírito e a Individualidade. O prego, reapresentação
da letra Vav, é um símbolo importante do ponto de vista
esotérico cristão, pois o Espírito é pregado três vezes à cruz
da matéria.
No sentido ascendente, esse "prazer da Glória além do qual
não há Glória igual" permite considerar o caminho 16 como
um modelo do que deveria ser e uma promessa do que será
alcançar o nível zodiacal reapresentado por Hokhmah,
também denominado "Paraíso preparado para os Justos".
O signo astrológico desse caminho é Touro, animal que
representa a mais densa concretude sobre a terra, enquanto
a Vaca, sua contraparte feminina simboliza o princípio
feminino, receptivo da forma, matriz na qual se incrusta a
jóia do Espírito. A forma do signo, , se adequa a esse
caminho: um disco solar indicando a recepção dos poderes do
Eterno e sua difusão sob a forma de luz e calor.
O Graal, em suas diferentes versões, também pode ser
relacionado a esse caminho, que leva à Távola Redonda
Zodiacal (Hokhmah), no centro da qual se encontra o Santo
Graal.
É o caminho no qual podemos aprender a ligar a sabedoria
ao amor e, desse modo, servir de maneira totalmente
impessoal.
17º Binah - Tiferet
Zain (7), a espada; uma flecha lançada com pontaria
certeira. Gêmeos, Áries e Câncer. Laranja, cinza
avermelhado.
Corresponde ao arcano do Repouso: VII - O Carro,
Carruagem de Hermes, Vitória, Direito de Propriedade (ou
VI - Os Namorados, os Filhos da Voz, Oráculo dos
Deuses).
O 17º caminho é denominado a Inteligência Ordenadora que
dá Fé aos Justos; nesse caminho eles são revertidos do Santo
Espírito e ele é denominado o Fundamento da Perfeição no
estado das coisas superiores. Binah, por ser o mais
"concreto" dos três sefirot supremos, contém a imagem do
Espírito e sua destinação sobre a Terra. No Caminho 17 a
consciência do destino do Espírito é concentrada na sede da
consciência manifestada, Tiferet.
Binah é a "mãe da Fé, da qual a Fé emana". Nesse
caminho, a Fé é dada aos Justos, que assim são revestidos do
Espírito Santo. Binah está estreitamente ligada ao Santo Anjo
da Guarda.
A Fé pode ser considerada não só como a fé comum em
Deus, mas também a confiança em si que cada ser humano
deve ter para continuar no caminho da sua vocação, o
domínio no qual deve aplicar seus esforços, sejam quais
forem os obstáculos. O signo astrológico de Gêmeos, , indica
a verdadeira relação que deve existir entre o Santo Anjo da
Guarda e a Individualidade. Eles devem ser um o reflexo do
outro. A chave desse caminho, a letra hebraica Zain, significa
espada. A forma da letra sugere uma espada e, de certo
modo, a ação do Santo Anjo Guardião, o qual representa
Conhecimento e Propósito. O Anjo projeta uma "varinha', de
Conhecimento e Propósito para os níveis inferiores da
manifestação.
18º Binah - Gevurah
Chet (8), a cerca; um campo com tudo o que pode ser
cultivado. Câncer e Libra. Âmbar, marrom púrpura,
ruivo brilhante, castanho escuro esverdeado.
Corresponde ao arcano do Equilíbrio: VIII - A Justiça, a
Lei do Equilíbrio, Lei, Karma (ou VII - O Carro, Filho dos
Poderes da Água, Senhor do Triunfo e da Luz).
O 18º caminho é denominado a Inteligência da Casa da
Influência (devido a sua grandeza é aumentada a abundância
do influxo de boas coisas sobre os seres criados) e do seu seio
são extraídos o arcano e os sentidos ocultos que habitam sua
sobra e que aí permanecem estreitamente unidos pela Causa
de todas as causas. Esse caminho age como via de
comunicação entre o Espírito e a atividade inteligente da
Individualidade (Gevurah). Ele é também chamado de Casa
da Influência. O texto yetzirático ("devido a sua grandeza é
aumentada a abundância do influxo de boas coisa sobre os
seres criados") indica o quanto essa ligação é importante para
que o destino do Espírito seja cumprido na manifestação.
Quando isso não ocorre o Karma em geral se acumula e os
resultados da ação raramente são bons; o que é uma das
conseqüências do Primeiro Desvio que abriu um buraco ou
Abismo entre os dois níveis de existência.
Binah é a Mãe da Fé, da qual a individualidade obtém todo
conhecimento superior do seu destino. Esse conhecimento é
"o arcano e os sentidos ocultos" mencionado do texto
yetzirático.
No sentido ascendente, isso significa que a nossa meta na
evolução é ligar esses dois níveis, e que a nossa primeira
tarefa é desprender os véus para transpor o Precipício e o
Abismo. Só então será passível obter a impregnação do
conhecimento de nosso destino nos níveis mais densos e a
sua aplicação no plano físico da vida diária.
19º Hesed - Gevurah
Tet (9), a serpente; um telhado enquanto proteção e
abrigo. Leão, Capricórnio e Virgem. Amarelo
esverdeado, violeta escuro, cinza, amarelo avermelhado.
Corresponde ao arcano da Consciência: IX - O
Eremita, Luz Oculta, Protetores, Iniciação, Prudência
(ou XI - A Força, a Filha da Espada Flamejante, Guia do
Leão).
O 19º caminho é a Inteligência do secreto de todas as
atividades dos seres espirituais e é assim chamada por causa
da influência que ela difunde a partir da mais alta e exaltada
glória sublime. O Caminho 19, de grande poder dinâmica, é
o principal suporte da Individualidade, do mesmo modo que o
27º (igualmente de grande força) é o suporte principal da
Personalidade. O 19º dispõe de uma força de
"empacotamento", que mantém juntos os diversos aspectos
da unidade de evolução, a Individualidade; de igual modo o
caminho 27 mantém a unidade de encarnação, a
Personalidade.
O 19º se encontra na trajetória do Raio Fulgurante. A
imagem do Espírito, após ter sido propulsionada de Binah,
via Daat, até Hesed, começa a construir uma sucessão
dinâmica de atividades. O sentido inverso, de Gevurah a
Hesed, é a via iniciática a partir da qual não são mais
necessárias outras encarnações sobre a terra. As tomadas de
consciência desse Caminho são particularmente profundas,
pois são resultantes finais da experiência e da compreensão
de um ciclo completo de evolução.
A prova fundamental desse caminho é a capacidade de
encarar tudo o que ocorreu durante o ciclo completo da
evolução pessoal, aceitando-o totalmente sem fuga ou
repressão. Esse balanço final não mais admite adiamentos; o
que não for enfrentado permanecerá como uma barreira ao
progresso.
"Esse caminho não é de fato agradável, mas pela simples
razão de que nós, que por ele caminhamos, não somos
pessoas agradáveis". Diante das dificuldades, nossa reação
habitual é atribuir a culpa aos outros. Trata-se de um grande
passo começar a compreender que, de algum modo,
contribuímos largamente para estabelecer nosso próprio
karma.
O 19º caminho corresponde à segunda barreira (ou véu) da
Árvore, preenchendo o intervalo entre a Severidade e a
Misericórdia.
20º Hesed - Tiferet
Yud, a mão; o dedo indicador. Virgem, Capricórnio e
Júpiter. Verde amarelado, cinza escuro ou esverdeado.
Corresponde ao arcano da Natureza Decaída: X - A Roda
da Fortuna, Testamento, Kabbalah, Moinho do Mundo,
Fortuna ou Sorte (ou IX - O Eremita, o Profeta do Eterno).
O 20º caminho é a Inteligência da Vontade. É assim
chamado porque é o meio de preparação de tudo e de cada ser
criado, e, por essa Inteligência se adquire o conhecimento da
existência da Sabedoria Primordial. Tiferet é a sefirah
central da Árvores da Vida e representa assim o ponto de
convergência da integralidade do ser humano na
manifestação. É o ponto de equilíbrio entre a força e a forma
na individualidade (Gevurah e Hesed). É também o ponto
médio entre os níveis espirituais e a manifestação densa
sobre a Terra.
Hesed, por sua vez, representa a primeira manifestação do
ser numa existência sub-espiritual e contém a imagem mais
pura de como o Espírito deveria se manifestar enquanto ser
humano.
No sentido ascendente da Árvore, o 20º Caminho dá a
visão do modelo do destino, proveniente dos níveis
espirituais. No texto yetzirático esse caminho é denominado
Inteligência da Vontade, ou seja da Vontade Espiritual, pela a
qual se adquire o conhecimento da existência da Sabedoria
Primordial, ou seja, o conhecimento das realidades
espirituais dos níveis superiores. A contemplação contínua da
verdadeira imagem é assim o "meio de preparação de todo e
qualquer ser criado", pois ela serve de guia no caminho da
evolução individual e indica os tipos de veículos ou recursos
que devem ser construídos para continuar a segui-lo.
A chave do caminho é a letra hebraica Yud,
a primeira letra do Nome Divino supremo
JHVH, que significa o início das coisas. Seu
significado é a Mão, neste caso a Mão de Deus
ou a mão do Espírito que guia a alma na sua
evolução.
Pode-se denominar Consciência Crística a tomada de
consciência da Vontade do Pai que está nos Céus. A primeira
centelha dessa consciência Crística pode ser vista como a
influência do 20º Caminho que liga Tiferet (o ponto mais
baixo da individualidade e o mais alto da personalidade) à
Hesed (a esfera do ser manifestado na qual a verdadeira
Vontade do Espírito é conhecida).
Porém, por causa do Desvio Original, a situação real está
muito longe de ser tão simples como essa. O Pecado Original
foi a recusa por parte da individualidade de realizar a vontade
original do Espírito no momento de entrar no universo de
Deus Pai. A conseqüência foi a criação de um falso modelo.
Em termos cabalísticos isso significa que a imagem refletida
de Hesed não é mesma que se encontra no Triângulo
Supremo do Espírito. Há como que uma fissura entre o
Espírito e a Individualidade, que se reproduz no nível inferior
como uma fissura entre a Individualidade e a Personalidade.
O Abismo e o Despenhadeiro são conseqüências dos feitos do
homem, frutos do pecado. O processo evolutivo deveria ser
uma luta, segundo o Plano Divino, e não essa estagnação na
obscuridade espiritual cercada de guerra, pobreza e doença
que acabaram por definir a condição humana.
A lição a reter é que a Demanda no Santo Graal não
termina em Tiferet, nem mesmo em Hesed, mas em Keter. O
destino pessoal e a evolução completa só podem ser
alcançadas no momento em que todos os elos partidos sejam
restabelecidos e que a Verdadeira Vontade do Espírito, e não
só a da individualidade, se manifeste de um modo totalmente
controlado sobre a Terra.
21º Hesed - Nezah
Kaf (20), a palma da mão. Leão, Marte, Júpiter. Violeta,
azul, púrpura brilhante, azul brilhante raiado de
amarelo.
Corresponde ao arcano da Virgem: XI - A Força, o Leão
Dominado, Força Divina, Força Humana, Força Natural
(ou X - A Roda da Fortuna, as Forças da Vida).
O 21º caminho é a Inteligência da Conciliação e da
Recompensa, assim chamado porque recebe a influência
divina que aí opera por meio das bênçãos dadas a todas as
existência e a cada uma em particular. Representa a ligação
entre a pura imagem do que a individualidade tem a intenção
de cumprir (Hesed) e a imaginação criativa e as emoções
superiores da personalidade (Nezah). Compreende os ideais e
aspirações que cativam a imaginação do homem.
Nesse sentido, talvez, o símbolo mais importante para o
homem ocidental seja o da Demanda do Santo Graal. A
influência desse caminho age principalmente sobre as
emoções e é essa aspiração indefinida que leva homens e
mulheres a se colocarem na busca. É nessa fase que se
tornam "buscadores" no mundo interno, embora muitos
escolham o caminho das aventuras físicas ou se deixem
apaixonar pelas viagens. Outros confundem ainda o apelo de
sua própria natureza superior com a atração física por um
outro ser humano.
Um outro fator interessante é o desejo de mudança que
esse impulso traz, muitas vezes sob a forma de sonhos de
uma vida paradisíaca em ilhas desertas e afastadas ou, mal
terminadas as férias, já começar a fazer planos para as férias
seguintes. No extremo encontram-se aqueles que se
intoxicam com drogas ou com experiências sexuais como
meio de "fugir desse mundo".
A primeira exigência nas fases iniciais da Busca é o
Discernimento, virtude de Malkhut. Porém, todas as virtudes
das sefirot da personalidade inferior serão chamadas a atuar:
a Independência de Yesod, pois deverá conservar uma
abertura a toda prova; a passagem pelo crivo das provas
subjetivas ou objetivas que vêm a seguir se encontra na
Veracidade de Hod; a capacidade de admitir sua própria
ignorância, de "voltar a ser como uma criança", está contida
no desapego de Nezah; e, acima de tudo, a virtude que levará
a alma através de todas as dificuldades do caminho: a
Devoção à Grande Obra de Tiferet.
Existe um nexo entre este caminho do Desejo e da Visão e
o 32º caminho do Ir e Voltar na forma física em Malkhut.
Basta lembrar que a letra Kaf, que corresponde ao caminho
21, também aparece na forma de echarpe que flutua ao redor
da personagem dançarina da lâmina 21, O Mundo, que
alguns numeram como 22.
22º Gevurah - Tiferet
Lamed (30), o aguilhão; o braço utilizando todas as
articulações. Libra, Peixes, Netuno. Esmeralda, azul,
verde-azulado, verde claro.
Corresponde ao arcano da Fé: XII - O Pendurado,
Messias, Misericórdia (ou Cáritas), Zodíaco (ou VIII - A
Justiça, a Mestra do Equilíbrio.
O 22º caminho é a Inteligência Fiel e é assim denominado
porque, por ele, as virtudes espirituais são desenvolvidas e
todos os habitantes da Terra estão perto de ficar sob a sua
sombra (= sob a proteção de suas asas).
Esse caminho tem uma
importância suplementar
por se encontrar na linha do
Raio Fulgurante. É
geralmente conhecido, no
sentido ascendente, como o
caminho dos Ajustes
Cármicos. Tal como o 20º,
seu oposto complementar,
este caminho tem afinidades
com Daat, pois Daat é
também uma esfera de
equilíbrio. Esses ajustes e
reajustes podem ser
representados pelo monstro
com cabeça de crocodilo,
que devora os Reprovados
na cena do Julgamento no
Livro dos Mortos egípcio.
Como a maior parte dos
espantalhos pavorosos dos
mitos religiosos ou das
lendas, os chamados
monstros do mal são, na
realidade, um véu que
oculta aquilo que não
podemos enfrentar em nós
próprios.
No sentido ascendente, o
22º caminho pede a
redenção e a assimilação de
todo o nosso passado. A
maior parte dessa
confrontação ocorre no
caminho 19, mas a
avaliação de todos os
fatores, na qual nada será
esquecido, se faz no 22º.
O aguilhão, símbolo da
letra Lamed, como os
demais símbolos de
Gevurah, pode sugerir idéias
de castigo, mas isso não é
estritamente exato. Podemos
também associar esse
caminho ao 11º (Keter-
Hokhmah), representado
pela letra Alef, que simboliza
o boi, o mais terra a terra
dos animais.
O processo da
manifestação, que continua
ativo no caminho que vai de
Gevurah para a relativa
estabilidade de Tiferet, fica
bem simbolizado pelo
aguilhão.
Os poderes desse caminho poderão ficar mais claros se nos
lembrarmos de um símbolo menos conhecido para a letra
Lamed: Asa. É com as Asas da Fé que a alma pode melhor
cumprir seu destino e escapar da sombra do karma, como
sugere o texto yetzirático.
23º Gevurah - Hod
Mem (40), a água; a qualidade mediadora do feminino
nas mudanças. Escorpião, Marte, Plutão, Saturno; o
elemento água. Azul escuro, verde água, verde oliva.
Corresponde ao arcano da Vida Eterna: XIII - "Sem
Nome", a Foice, Morte e Reencarnação, Transmutação
da Energia (ou XII - O Pendurado, Espírito das Águas).
O 23º caminho é a Inteligência Estável e é assim
denominado porque tem a virtude da coerência entre todas as
numerações. Liga, no sentido ascendente, o princípio
intelectual a uma faculdade espiritual de julgamento
rigoroso. Compreende o sacrifício das idéias e padrões
anteriores, sem o qual se retrocede.
Hod é um dos sefirah que correspondem ao elemento Água.
Um dos atributos da Água é a reflexão e, em Hod, podemos
distinguir os reflexos dos princípios dos mundos superiores.
As imagens em Hod se apresentam mais sob a forma de
abstrações (os símbolos geométricos de Pitágoras, por
exemplo) do que sob a forma de confusas inquietações do
subconscientes (os sonhos, por exemplo) de Yesod.
A similaridade de função dos dois sefirot pode ser
compreendida pela reapresentação dos planetas
correspondentes: a Lua de Yesod tem a forma de uma taça,
de um receptáculo, que é o mesmo símbolo que coroa
Mercúrio.
Gevurah não alcança seus propósitos apenas pela intensa
atividade ou pela violência, mas também pela sua
persistência no tempo. Temos, portanto, no 23º caminho, de
um lado a estabilidade necessária para refletir os mundos
superiores sem deformá-los e, de outro, a estabilidade do
esforço durante um período incomensurável.
24º TIFERET - NEZAH
Nun (50), o peixe; o fruto. Escorpião, Aquário e Sagitário.
Azul-esverdeado, marrom descorado, marrom bem
escuro, marrom esverdeado.
Corresponde ao arcano da Inspiração: XIV - A
Temperança, Dedução, Reversibilidade, Engenho Solar
(ou XIII - A Morte, Filho dos Grandes Transformadores).
O 24º caminho é a Inteligência Imaginativa, assim
denominada porque dá uma semelhança a todas as
similitudes criadas de modo similar às suas harmoniosas
elegâncias. Representa a prova no caminho do poder.
Corresponde à destruição dos impulsos egoístas com
finalidade de uma reconstrução num nível mais elevado de
individuação.
Os três caminhos (24º, 25º e 26º) que ligam as sefirot do
Mundo da Forma (Yetzirah) à Tiferet, são caminhos de
sacrifício, ou seja, da troca de alguma coisa por outra melhor.
A meta é descobrir a nossa verdadeira Vontade Espiritual e
ter a coragem de agir em função dela. O 24º caminho
representa a morte e o nascimento da personalidade e se
relaciona com a Vontade de Transformação. O 26º propõe a
transformação da inteligência em Intuição; e o 27º a
transformação da vontade, da inteligência e da memória da
personalidade em Caridade, Fé e Esperança.
Embora esses três caminhos tenham igual importância, o
24º possui o significado suplementar de estar na rota do Raio
Fulgurante. É denominado "Inteligência Imaginativa", pois a
personalidade pode se tornar imagem do princípio espiritual.
A letra hebraica que corresponde ao caminho 24 é Nun, o
peixe, que no nível do simbolismo sexual representa o
esperma masculino. O peixe, em especial, está associado a
Cristo.
25º Tiferet - Yesod
Samech (60), o sustentáculo; uma flecha contornando
a superfície de uma circunferência. Sagitário e Saturno.
Azul, amarelo, verde, azul escuro brilhante.
Corresponde ao arcano da Contra-inspiração: XV - O
Diabo, Lógica, Nahash (a serpente que seduziu Eva),
Fatum (ou XIV-A Temperança, Filha de
Reconciliadores).
O 25º caminho é a Inteligência da Prova ou Tentação, assim
denominado por ser a primeira tentação pela qual o Criador
prova todas as pessoas virtuosas. É o caminho entre a
Personalidade e a Individualidade, no qual se desenvolvem os
primeiros vislumbres da consciência superior. Representa a
prova da viagem de travessia do deserto, que necessita da Fé
e da Coragem para ser empreendida, que exige o abandono
da aparente segurança dos mundos inferiores.
Cada uma das três vias que levam a Tiferet (os caminhos
24, 25 e 26) contêm a experiência conhecida pelo nome de
Noite Escura da Alma. No 25º caminho a alma deve progredir
no Caminho Deserto, deixando para trás a vida dos mundos
exteriores e inferiores, embora ainda inconsciente da vida dos
mundos interiores e superiores, invocando a luz interior que
se tornará a aurora dourada nas trevas.
Trechos de Noite Escura da Alma, São João da Cruz
"As almas começam a entrar nessa Noite Escura quando
Deus as liberta pouco a pouco de um primeiro estado, aquele
em que se medita na vida espiritual, e as introduz num
estado mais avançado que é o dos contemplativos. É
necessário passar por esse caminho para se tornarem
perfeitas, ou seja para alcançar a divina união da alma com
Deus. Ora, para explicar e melhor dar a entender a natureza
da Noite que a alma deve atravessar e o motivo pelo qual
Deus a introduz aí, é indispensável dizer uma palavra sobre
os defeitos específicos dos iniciantes: seremos breve, mas sem
deixar de lhes ser útil. Eles assim se darão conta da fraqueza
do estado no qual ainda se encontram. Com uma nova
coragem, desejarão que Deus os introduza nessa Noite em
que a alma é confirmada em suas virtudes e na qual se
encontra as inefáveis delícias do amor divino. Que nos seja
portanto permitido deter um momento para dizer
simplesmente o necessário em vista da Noite Escura, que
trataremos a seguir".
"Sabemos que a alma, tão logo tenha se decidido a se
colocar completamente a serviço de Deus, torna-se objeto
especial da solicitude divina para favorecê-la e fazê-la crescer
em espírito. Os cuidados com os quais Deus preenche sua
vida espiritual lembram os de uma mãe, cujos afetos se
concentram sobre seu filho. Ela os aquece em seu seio, os
alimenta com seu leite, dá os mais delicados alimentos,
carrega-o em seus braços e o cobre de carícias. Mais tarde,
quando a criança cresce, o carinho se torna menos
expansivo, o amor se oculta, os seios esfregados com aloés
enjoam a criança, e então a mãe termina por colocá-lo no
chão, para que ele use os próprios pés, deixe de ser pequeno
e se desenvolva com atos mais de acordo com as exigências
da vida... "
"Por Noite Escura, entendemos a Contemplação, e ela
produz nos espirituais dois gêneros de trevas ou de
purificações, conforme afete um ou outro dos elementos do
homem, a parte sensitiva ou a parte espiritual. Há portanto
uma primeira Noite ou purificação dos sentidos, que dá à
alma sua pureza segundo sua parte sensitiva e acomodando
o sentido ao espírito. A segundo Noite ou purificação
espiritual é aquela em que a alma se purifica e se despoja
segundo o espírito a fim de se acomodar e se tornar apta à
união de amor com Deus. A Noite dos sentidos é comum: ela
se produz num grande número de iniciantes, e dela nos
ocuparemos em primeiro lugar. A Noite do espírito é
excepcional; ela é privilégio daqueles que já se exercitaram e
avançaram e a explicaremos em segundo lugar. "
"A primeira noite é amarga e temível para os sentidos, tal
como veremos. A segunda não tem comparação, é só horror e
espanto para o espírito; e como a Noite dos sentidos é pela
ordem a primeira que a alma deve atravessa, direi uma
palavra sem me estender, visto ser bem conhecida e ter sido
descrita com freqüência. Nos deteremos sobretudo na Noite
do espírito porque os ensinamentos orais e os livros
geralmente as negligenciam e principalmente porque a
experiência é rara.
Como o modo pelo qual os iniciantes principiam o caminho
divino é vulgar, e como ela está muito sujeita aos seus
próprios desejos e elãs, Deus se interpõe para fazê-los
progredir, libertando-os de sua baixa concepção de amor. Ele
quer eleva-os até Ele, fazê-los abandonar o exercício inferior
dos sentidos (a imaginação) e do raciocínio através do qual se
busca Deus de modo mesquinho no meio de obstáculos que
já assinalamos, e os introduz no exercício mais fecundo do
espírito, aquele que permite comunicar menor
imperfeitamente com Deus. Ele se ocupa deles porque já
desde algum tempo os iniciantes mostraram sua
perseverança nos caminhos da virtude pela meditação e pela
oração.
Encontrando aí um sabor, satisfazendo seu gosto, eles são
pelo menos desligados das coisas do mundo. Suas forças
espirituais em Deus são aumentadas e, por isso, eles
aprenderam a refrear o apetite que leva para as criaturas. Eis
que se tornam capazes de suportar por Deus uma
contrariedade, uma aridez sem ter imediatamente a idéia de
recuar para encontrar as antigas satisfações."
"Ora, no momento em que estão bem à vontade em seus
exercícios espirituais, em que imaginam caminhar
plenamente com os favores divinos, bruscamente Deus os
mergulha na obscuridade: a porta da felicidade se fecha, a
fonte tão agradável da bebida espiritual, em que saboreavam
Deus tão freqüente e tão longamente quando desejassem,
encontra-se esgotada... E Ele os deixa numa obscuridade tal
que eles chamam em vão o socorro do sentido (da
imaginação) e do raciocínio para se dirigir. Para onde vão?
Eles o ignoram; impossível avançar como antes pela
meditação discursiva. O sentido interior, já paralisado nessa
Noite, encontra-se tão árido que, longe de reencontrar a
antiga satisfação e o encanto das coisas espirituais e de seus
exercícios, ele só se choca com desgostos e contrariedades."
"Deus notou que esses iniciantes tinham crescido um
pouco; agora, o progresso deve retirá-los dos cueiros, afastá-
los do seio alimentar, colocá-los na terra para que aprendam
a usar os próprios pés. Se tudo isso parece estranho, é
porque tudo se passa no sentido contrário ao dos seus
hábitos".
26º Tiferet - Hod
Ayin (70), o olho; uma conexão em estado de tensão.
Capricórnio, Escorpião, Plutão e Urano. Índigo, negro,
azul escuro, verde escuro e frio.
Corresponde ao arcano da Construção: XVI - A Torre,
Eliminação Lógica, Contração Astral, Destruição física,
Casa de Deus (ou XV - O Diabo, a Porta da Matéria).
O 26º caminho é denominado a Inteligência Renovadora
porque, por ele, o Deus Santo renova todas as coisas mutáveis
que são regeneradas pela criação do mundo. Do mesmo
modo que o 25º caminho é uma Noite Escura da Alma no
caminho do Amor ou do Misticismo Devocional, e o 24º
caminho é uma prova no Caminho do Poder ou do Misticismo
da Natureza e da Arte, pode-se considerar o 26º caminho
como uma prova similar no Caminho da Sabedoria, o
Caminho Hermético.
Escapar das limitações da forma exige a ruína das
construções do intelecto. A idéia que o homem faz de Deus,
por exemplo, vai se modificando na medida de sua própria
evolução.
O signo de Capricórnio atribuído a esse caminho fala da
autoridade, da limitação e da densificação. Mas a cabra que
figura esse signo também diz que percorrendo agilmente o
caminho, de rochedo em rochedo, poderemos alcançar altos
picos. No correr do percurso nossa compreensão se
modificará pois, afinal, esse caminho é denominado
Inteligência Renovadora. À media em que o ar mental se
rarefaz, os processos mentais se transformarão de
inteligência em intuição. Esse caminho é uma operação de
transformação da consciência intelectual de Hod na
consciência iluminada de Tiferet.
27º Nezah - Hod
Pei (80), a boca; uma boca com língua, ou seja, uma
boca que fala. Mercúrio, Peixes e Netuno, Marte.
Vermelho, vermelho brilhante raiado de azul e
esmeralda.
Corresponde ao arcano do Crescimento e da Mãe: XVII -
A Estrela, a Esperança, Intuição, Estrela dos Magos (ou
XVI - A Casa de Deus, Senhor dos Exércitos).
O 27º caminho representa a Inteligência Ativa e estimulante
porque, por ele, cada ser recebe seu espírito e seu movimento.
Esse caminho é o suporte principal da Personalidade. É o
primeiro véu ou barreira do caminho ascendente, ligando o
centro do poder criador em Nezah ao centro do pensamento
concreta em Hod.
O 27º caminho está na rota do Raio Fulgurante e
manifesta a força de vida nos mundos inferiores. Ele liga as
sefirot de base dos pólos opostos do Princípios da
Manifestação, o pilar positivo da Misericórdia e o pilar
negativo do Rigor.
A letra hebraica para esse caminho, Peh, significa boca,
órgão que ingere os alimentos (aspecto receptivo) e emite a
palavra (aspecto ativo). O Yud que preenche a boca pode ser
considerado uma figuração da língua que formula o Verbo em
ação, ou até mesmo o próprio Verbo. No caso do 27º
caminho, os Verbo se refletiu nos níveis inferiores astral-
mental e formou uma veículo para si, a Personalidade. É por
meio dessa Personalidade que o Verbo é pronunciado para o
nível de existência mais denso, Malkut, o mundo físico.
Como esse caminho representa a estrutura da
personalidade, o símbolo da boca nos lembra que a meta da
encarnação é a busca do alimento na Forma em benefício da
individualidade e do Espírito.
"O nome do caminho dá uma boa indicação. O caminho
entre Hod e Nezah é chamado, a partir da letra hebraica que
lhe foi designada e do significado de sua raiz, "florescer e
murchar", isto é, aparecer e, então, desvanecer. Isso é um
fenômeno vital e contínuo da mente. O caminho entre Hod e
Yesod é chamado de "Boca", originando-se da letra hebraica
Peh; o seu complemento no caminho Yesod-Nezah é chamado
de "macaquear ou imitar". Esse caminhos combinados formam,
com seus sefirot, um nítido retrato do trabalho dessa tríade.
Além do mais, se levarmos adiante esse princípio kabalístico,
a palavra "Nakaph", formada pelas letras desses três
caminhos, significa "andar em círculos". (AAK,207).
Halevi, como se pode notar pela citação acima, estabelece
uma relação entre as letras hebraicas e os Caminhos,
diferente do que fizeram até agora os autores franceses e
ingleses.
28º Nezah - Yesod
Tsadi (90), o anzol; uma cobertura, uma tampa que se
fecha. Aquário, Câncer, Lua e Peixes. Violeta, azul
celeste, malva azulada, branco matizado de púrpura.
Corresponde ao arcano da Inteligência: XVIII - A Lua,
Crepúsculo, Hierarquia Oculta, Perigos Ocultos (ou IV -
O Imperador, Filho da Manhã; ou XVII - A Estrela).
O 28º caminha é denominado a Inteligência Natural; por ele,
tudo o que se encontra abaixo do Sol é terminado e concluído.
É o caminho de grandes poderes e forças porque, por ele,
as forças pura da imaginação criadora são vertidas para o
nível subconsciente.
Entre as pessoas cultivadas, a Personalidade deveria ser
uma reprodução da Individualidade; em outros termos, o que
está embaixo deveria ser semelhante ao que está acima, para
estar de acordo com o axioma hermético. Esse fator é
mostrado pelo signo de Aquário, , uma linha em ziguezague
que lembra o Raio, refletido abaixo por uma linha ziguezague
similar. A linha superior representa a Individualidade, a linha
inferior a Personalidade. Desse modo, "tudo o que se encontra
sob o Sol é terminado e concluído".
A adoração da Natureza também cabe no 28º caminho. O
aspecto feminino dessa adoração, Vênus ou Ísis, é indicado
pela figura simbólica de Nezah, a Bela Mulher Nua, embora
seus aspectos profundos venham de Binah. Esse caminho
corresponde ao canal de inspiração artística e de todo
trabalho criativo. Ele se refere a Lúcifer, o portador da Luz.,
cujos aspectos superiores aparecem na lenda do Santo Graal,
vaso que teria sido esculpido da esmeralda caída da fronte de
Lúcifer. E a esmeralda é a pedra atribuída a
Vênus/Afrodite/Nezah.
Os variados significado do 28º caminho vão desde o da
polaridade sexual, do contato com os reinos não humanos,
até a formação de um canal interior na consciência para a
representação dos aspectos superiores da alma.
29º Nezah - Malkhut
Kuf (100), o machado, uma arma cortante, a nuca.
Peixes, Gêmeos, Sol e Leão. Vermelho vivo, camurça
salpicado de branco prateado, castanho róseo.
Corresponde ao arcano da Intuição: XIX - O Sol, Luz
Resplandecente, Verdade Fecunda, Virtude Fecunda,
Ouro dos Filósofos (ou XVIII - A Lua, a Regente do
Fluxo e Refluxo, Filha dos Filhos do Todo Poderoso).
O 29º caminho é denominado Inteligência Corporal porque
constrói cada corpo criado em todos os mundos, bem como sua
reprodução. Está ligado ao corpo físico, esse grande
complexo de sangue, carne, ossos e nervos que o Espírito
utiliza para se manifestar sobre a Terra. Também se refere
aos instintos fundamentais, em particular à sexualidade e à
reprodução. O fato de possuirmos raízes biológicas físicas é
uma das verdades que devemos enfrentar no 29º caminho.
O homem urbano tende a aumentar o controle sobre os
instintos, o que pode torná-lo cego para as leis da natureza.
Mas o homem não pode escapar do seu aspecto primitivo. Ele
pode controlar, transcender, mas sempre se deparar á com
esse lado da natureza em sua vida física. A aceitação desse
estado talvez seja a principal lição do caminho 29º.
Trata-se de um caminho do panteísmo e das etapas
primitivas e mais terra a terra do "Raio Verde", a via do
misticismo da natureza. Aqui não cabe o "amor" superficial e
sentimental do citadino pela natureza, mas sim a atitude
ambivalente de amor e ódio do camponês que dela deve tirar
sua subsistência através de uma verdadeira luta.
O amor real pela natureza, como o verdadeiro amor
humano, não é uma coisa de apreciação refinada e
impalpável, mas uma confrontação e aceitação voluntária da
realidade. O mito de Leda e o cisne (Zeus) cabe neste
caminho. Do seu encontro amoroso nascem Cástor e Pólux,
os Gêmeos Celestes, representação da Individualidade e da
Personalidade.
30º Hod - Yesod
Reish (200), a cabeça; uma cabeça humana. Saturno,
Urano e o elemento Ar, o Sol. Laranja, amarelo dourado,
âmbar, âmbar rajado de vermelho.
Corresponde ao arcano da Ressurreição: XX - O
Julgamento. Transformação Astral, Transformações no
Tempo (ou XIX - O Sol, o Senhor do Fogo do Mundo).
O 30º caminho representa a Inteligência Coletiva e, por meio
dela, os astrólogos adquirem o conhecimento das estrelas e
dos corpos celestes e aperfeiçoam sua ciência em função das
leis que regem o movimento das estrelas. Trata-se de um
caminho de esclarecimento, que liga a visão do mecanismo do
universo, Yesod, à visão do esplendor, Hod. Este é a sefirah
do Mensageiro Divino, do Senhor dos Livros, e igualmente do
Arcanjo Miguel, que dispersa as forças das trevas.
A letra hebraica significa cabeça, o que supõe inteligência,
enquanto que o texto yetzirático sublinha a perfeição da
ciência. Nesse texto a astrologia é representativa de todas as
ciências, cuja meta é a compreensão das leis com as quais se
pode prever os acontecimentos.
O princípio solar do 30º caminho pode lançar uma luz crua
sobre os desvios do ser, tais como se manifestam na
personalidade. A lança e a espada do Miguel Arcanjo, neste
caso, não são apenas as armas simbólicas para lutar contra
os demônios, mas as pontas de acusação e cauterização
dirigido para o mais profundo do coração daqueles que
caminham nos níveis mais baixos desse caminho.
Os caminhos da Árvore da Vida são para a alma como
grandes viagens e importantes experiências e aquele que está
na demanda do Santo Graal em Keter acolherá com prazer os
processos petrificadores no seu caminho. Aquele que ousa se
manter nu sob a luz brilhante da Verdade, como fazem os
personagens da lâmina do Tarô, compreenderá que iniciou
uma Busca verdadeira e probatória e não um romance
encantador ou um jogo esotérico de salão.
31º Hod - Malkhut
Shin (300), o dente; uma flecha em movimento
oscilante. Sol, Sagitário e o elemento fogo. Laranja,
vermelho vivo salpicado de ouro ou de esmeralda.
Corresponde ao arcano do Amor: "O Arcano Sem
Número", o Louco, o Viajante, a Matéria ou XXI - O
Mundo (ou XX - O Julgamento, o Espírito do Fogo
Primordial).
O 31º caminho é a Inteligência Perpétua, mas porque é
assim denominada? É porque ele rege os movimentos do Sol e
da Lua em seu rumo próprio, cada um na órbita que lhe
convém. Este caminho comunica a direção ou a revelação
de fatores mentais que, elevados a um nível sempre
crescente, vão provocar a grande diferença entre o homem e
os animais selvagens.
O texto yetzirático, o único com pergunta e resposta, indica
que esse caminho se refere à instrução no nível mental.
Ele rege os movimento do Sol e da Lua, símbolos supremos
da radiação e da receptividade.
Héstia/Vesta, deusas do fogo, e Prometeu, cujo nome
significa "Previsão, que oferecem a principal distinção entre
os homens e os animais, podem ser associados a esse
caminho.Pode-se dizer que o 31º compreende os instintos
superiores, por exemplo, os ternos sentimentos associados à
paternidade, à maternidade, à união.
Como ele nos leva a Hod, é influenciado pelos aspectos
civilizadores do número e da palavra, que permitem o cálculo
e a medida e, também, a comunicação com um nível superior.

Enquanto o caminho 29 nos oferece uma confrontação


com a herança biológica, recapitulada no ventre materno, o
31º pode nos revelar os fatores das vidas precedentes que
desempenham uma papel importante na formação do
temperamento da vida presente.
32º Yesod - Malkhut
Tav (400), a cruz; um peito. Sol, Saturno e os signos
fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário). Índigo, negro,
azul escuro, negro rajado de azul.
Corresponde ao arcano da Alegria. XXI - O Mundo, a
Coroa Mágica, Adaptação da Obra Magna, Onipotência
Natural ou O Louco, o arcano sem número.
O 32º é a Inteligência Organizadora. É assim denominado
porque governa e associa os movimentos dos sete planetas
guiando-os em suas trajetórias próprias Esse caminho liga
Malkhut, o mundo físico, à Yesod, o véu etérico e
inconsciente universal que representa o fundamento da
existência física. É um caminho de introversão da consciência
sensorial para a consciência das profundezas do mundo
interior.
É também o caminho da Iniciação. Yesod, sefirah da Lua,
reflete e magnetiza o poder oculto. Deméter e sua filha
Perséfone, podem ser assobiadas a esse caminho.
Do ponto de vista psicológico, poder-se-ia dizer que as
técnicas freudianas correspondem a esse caminho, na
medida em que ajudam a perceber as imagens inconscientes
de Yesod em relação a Malkhut, ou seja, à vida cotidiana. Já
as técnicas junguianas poderiam ajudar a seguir essas
imagens até se tornarem símbolos de transformação que
conduzem à harmonia psíquica de Tiferet (caminho 25,
Yesod-Tiferet).
O 32º caminho representa as primeiras fases da devoção
mística, bem como o caminho que leva aos planos inferiores e
à memória inconsciente. Suas lições mais importantes são,
no sentido ascendente, a existência da causalidade das coisas
num plano mais elevado ou profundo que o do mundo físico
e, no sentido descendente, a aceitação de uma limitação do
espírito numa forma mais densa. Agrupamentos dos
caminhos
Os Pequenos Mistérios (da Personalidade)
- Os que vão e vêm do ser físico: 32, 29 e 31.
- As estruturas da personalidade: 28, 30 e 27.
- Os laços com a individualidade: 25, 26 e 24.
Os Grandes Mistérios (da Individualidade)
- As estruturas da individualidade: 20, 22 e 19.
- As influências sobre a personalidade: 21 e 23.
- Os laços com o espírito: 13, 17 e 15.
Os Mistérios Supremos (do Espírito).
- As influências sobre a individualidade: 18 e 16.
- As estruturas do espírito: 14, 12 e 11.

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