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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

DANIEL BRUNO PINTO DA SILVA

EFEITO DO ADITIVO HIDROFUGANTE NAS PROPRIEDADES E NA


DURABILIDADE DAS PASTAS DE GESSO DE FUNDIÇÃO

JUAZEIRO – BA
2018
1

DANIEL BRUNO PINTO DA SILVA

EFEITO DO ADITIVO HIDROFUGANTE NAS PROPRIEDADES E NA


DURABILIDADE DAS PASTAS DE GESSO DE FUNDIÇÃO

Trabalho apresentado à Universidade Federal


do Vale do São Francisco – UNIVASF,
Campus Juazeiro, como requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. José Getúlio Gomes de


Sousa

JUAZEIRO – BA
2018
2

Silva, Daniel Bruno Pinto da


S586e Efeito do aditivo hidrofugante nas propriedades e na durabilidade
das pastas de gesso de fundição/Daniel Bruno Pinto da Silva. --
Juazeiro, 2018.
xix, 109 f.: il.; 29 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)


- Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro,
Juazeiro - BA, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Sousa.

1. Gesso. 2. Aditivos hidrofugantes. I. Título. II. Sousa, José


Getúlio Gomes de. III. Universidade Federal do Vale do São
Francisco

CDD 693.6

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca


SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Márcio Pataro
3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

FOLHA DE APROVAÇÃO

DANIEL BRUNO PINTO DA SILVA

EFEITO DO ADITIVO HIDROFUGANTE NAS PROPRIEDADES E NA


DURABILIDADE DAS PASTAS DE GESSO DE FUNDIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil, pela
Universidade Federal do Vale do São
Francisco.

Aprovado em: ___ de _______________ de _______.

Banca Examinadora

Prof. José Getúlio Gomes de Sousa (orientador), Dr.


Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro - UNIVASF

Prof. Wagner Carvalho Santiago, Me.


Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro - UNIVASF

Profª. Almaí do Nascimento dos Santos, Drª.


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano,
Campus Petrolina - IF SERTÃO - PE.
4

Aos meus pais e à minha digníssima esposa.


5

AGRADECIMENTOS

Neste momento tão importante para a minha vida pessoal e profissional, agradeço,
primeiramente, a Deus por ter me concedido esta riquíssima oportunidade, por ter
me guiado em cada instante, por ter ouvido minhas orações (e foram muitas) e por
ter me guardado física e espiritualmente. Tudo devo a Ele.

À minha avó, Anita, que com muito amor cuidou de mim, por ter vivenciado comigo
muitas das emoções da universidade, por ter me apresentado em suas orações
diariamente e por estar se realizando juntamente comigo. Amor incondicional.

Aos meus pais, Ana Paula e Neto, que sempre me apoiaram e me encorajaram a
trilhar a vida acadêmica me dando suporte e consolo sempre que precisei. Os amo.

À minha esposa, Dálete, pessoa essencial pelas minhas conquistas, por ser meu
apoio, minha melhor amiga, por ter vibrado nas vitórias e por ter cedido seu ombro
quando precisei. Seu apoio, dedicação e paciência foram essenciais para a
realização deste curso. Esta vitória é nossa.

À minha família, especialmente, tia Neide, que sempre acreditou em mim e nunca
duvidou do meu potencial. Essencial.

Ao meu amigo, Marcelo (in memoriam), por ter sido um irmão, por sempre ter
acreditado em mim, por ter vibrado quando passei no ENEM, mas que Deus o levou
precocemente. Saudades.

Ao meu orientador, professor Dr. José Getúlio, pela confiança, por ter me dado a
riquíssima oportunidade de trabalhar na iniciação científica, pelos ensinamentos,
pelo apoio e por ter sido essencial no despertar da carreira acadêmica. Muito
obrigado.

À professora Drª. Almaí dos Santos, do IF Sertão Pernambucano, por ter sido
inspiração desde o ensino médio, pelo encorajamento e pela confiança. Sou muito
agradecido.

Aos técnicos do LABMATEC, Sílvio e Ricardo, pela grande prestatividade, pelo


profissionalismo, pelo grande apoio nas realizações dos trabalhos de laboratório e
pelos momentos de descontração entre os ensaios.
6

Aos colegas de bancada, Davison, Ananda e Tayná, pelas muitas trocas de


conhecimentos e experiências de laboratório, pelos muitos “galhos quebrados” e
pelos trabalhos que realizamos.

Aos meus amigos, Joabe, Karem, Kelly, Lucas e Lenilton pela essencial companhia
durante todo o curso, pela paciência e por ter tornado o caminho menos árduo,
compartilhando alegrias e consolos.

À Concretize Jr., pela oportunidade de obter mais experiência profissional, pelas


amizades conquistadas e pelas vivências de empresário júnior, essenciais para a
minha formação.

Agradeço aos meus amigos, Patrick, Júlio César e demais do tempo de IF, pelo
encorajamento, pelos conselhos e por ter compartilhado vários momentos da vida
acadêmica.

Aos amigos e colegas de sala, meu agradecimento pelas experiências trocadas e


pela companhia diária nessa jornada.

Aos professores do Colegiado de Engenharia Civil, pelos conhecimentos e


experiências compartilhados.

A todos que contribuíram, direta e indiretamente, para que este momento se


tornasse realidade.
7

Seja forte e corajoso!


Não se apavore, nem se desanime, pois, o Senhor,
o seu Deus, estará com você por onde você andar.
Josué 1:9
8

RESUMO

O gesso é um aglomerante que também é utilizado na construção civil na fabricação


de pré-moldados e no revestimento das alvenarias. Sua aplicação é justificada
devido à facilidade de produção e moldagem, baixo custo, resistência ao fogo,
possibilidade de ser reaproveitado e a devido ser um sistema construtivo que
promove a redução de cargas. No entanto, devido a esse material possuir alta
solubilidade em água, a utilização fica restrita a ambientes interiores e onde não há
o contato direto e constante com a água. Tem-se que as principais patologias que
ocorrem em pré-moldados de gesso são decorrentes do contato com a água e com
a umidade. Nesse contexto, faz-se necessária a utilização de aditivos hidrofugantes
na produção de pré-moldados de gesso criando um sistema de impermeabilização
com materiais mais resistentes à ação da água, impedindo ou amenizando a
deterioração devido a ação da umidade. Estudos relacionados com a utilização de
aditivos hidrofugantes no gesso de fundição são incipientes e não há informações
científicas sobre os efeitos destes materiais. Este trabalho avaliou os efeitos
provocadas pela utilização de aditivos hidrofugantes comerciais nas propriedades do
gesso de fundição no estado fresco (consistência, tempos de pega e calor de
hidratação) e no estado endurecido (dureza superficial, resistência à compressão,
perda de massa, absorção de água por imersão total e por capilaridade). Com o
intuito de avaliar o comportamento do material ao longo do tempo, foi estudada a
durabilidade das pastas por meio do ensaio de envelhecimento natural. A análise
indicou a influência dos aditivos nas propriedades das pastas que, muitas vezes,
não atenderam aos critérios normativos. Em relação à ação hidrofugante dos
aditivos, verificou-se que a utilização dos teores recomendados pelos fabricantes foi
insuficiente para a formação da barreira impermeabilizante adequada. Sobre o
ensaio de durabilidade, verificou-se que houve a alteração de algumas propriedades
das pastas no estado endurecido após a exposição às condições ambientais.

Palavras-chave: Gesso de Fundição. Aditivo Hidrofugante. Durabilidade. Blocos de


Gesso. Envelhecimento Natural.
9

ABSTRACT

Plaster is a binder used in civil construction in the precast manufacture and masonry
coating. Its application is justified due to the production and molding easiness, low
cost, fire resistance, possibility of being reused and due to be a constructive system
that promotes the reduction of loads. However, because of the high solubility in
water, this material is restricted to indoor environments and where there is no direct
and constant contact with water. It has been shown that the main pathologies that
occur in precast plaster are due to the contact with water and humidity. In this
context, it is necessary to use waterproofing additives in the production of gypsum
precasting, creating a waterproofing system with materials that are more resistant to
water action, preventing or mitigating deterioration due to the humidity action. Studies
related to the use of waterproofing additives in foundry gypsum are incipient and
there is no scientific information on the effects of these materials. This study
evaluated the effects caused by the use of commercial waterproofing additives on the
properties of the casting gypsum in the fresh state (consistency, picking times and
heat of hydration) and in the hardened state (surface hardness, compressive
strength, mass loss, water absorption by total immersion and by capillarity). In order
to evaluate the behavior of the material over time, the pastes durability was studied
by the natural aging test. The analysis indicated the influence of the additives on the
pastes properties, which often did not meet the normative criteria. In relation to the
waterproofing action of the additives, it was verified that the use of the levels
recommended by the manufacturers was insufficient for the suitable waterproofing
barrier formation. On the durability test, it was found that some properties of the
pastes in the hardened state have changed after exposure to the ambient conditions.

Key-words: Casting Plaster. Waterproofing Additive. Durability. Plaster Blocks.


Natural Aging.
10

Lista de Ilustrações

Figura Página
Figura 2.1 - Polo Gesseiro do Araripe ....................................................................... 25
Figura 2.2 - Variedade de gipsita utilizadas no Polo Gesseiro do Araripe,
respectivamente: alabastro, anidrita e selenita. ........................................................ 26
Figura 2.3 - Variedade de gipsita utilizadas no Polo Gesseiro do Araripe,
respectivamente: Pedra Johnson, rapadura e cocadinha. ...................................... 26
Figura 2.4 - Esquema das etapas de produção ......................................................... 27
Figura 2.5 - Ilustração dos íons dissolvidos na água ................................................. 31
Figura 2.6 - Ilustração dos íons depositados sobre o núcleo de cristalização. .......... 32
Figura 2.7 - Ilustração da formação dos cristais de gesso. ....................................... 32
Figura 2.8 - Exemplo de curva de hidratação de uma pasta de gesso. ..................... 33
Figura 2.9 - Micrografia da pasta de gesso ............................................................... 35
Figura 2.10 - Ilustração do entrelaçamento dos cristais de gesso ............................. 36
Figura 2.11 - Bloco de gesso Standard ..................................................................... 42
Figura 2.12 - Bloco de Gesso Hidro .......................................................................... 43
Figura 2.13 - Bloco de Gesso GRG ........................................................................... 43
Figura 2.14 - Bloco GRG-H ....................................................................................... 44
Figura 2.15 - Falta de aderência do pré-moldado de concreto com a alvenaria de
gesso. ........................................................................................................................ 44
Figura 2.16 - Fissuras abaixo da linha de madeira do telhado. ................................ 45
Figura 2.17 - Projeção de beiral insuficiente para proteger a parede da chuva ........ 45
Figura 2.18 - Parede revestida com gesso, pintada .................................................. 46
Figura 3.1 - Fluxograma do programa experimental.................................................. 55
Figura 3.2 - Corpos de prova nos dessecadores ....................................................... 59
Figura 3.3 - Preparo das pastas com aditivo 2 .......................................................... 59
Figura 3.4 - Esquema representativo do calorímetro................................................. 60
Figura 3.5 – Aparelhagem para o ensaio de calorimetria e datalogger,
respectivamente. ....................................................................................................... 61
Figura 3.6 - Aparelho de Vicat modificado. ................................................................ 61
Figura 3.7 - Aparelho de Vicat ................................................................................... 62
Figura 3.8 - Ensaio de dureza superficial em uma prensa de ensaios ...................... 63
Figura 3.9 - Ensaio de resistência à compressão ...................................................... 64
11

Figura 3.10 - Ensaio de absorção de água por imersão total .................................... 65


Figura 3.11 - Aplicação da resina acrílica nos corpos de prova ................................ 67
Figura 3.12 - Ensaio de absorção de água por capilaridade ..................................... 67
Figura 3.13 - Local de realização do ensaio de envelhecimento natural ................... 70
Figura 3.14 - Corpos de prova expostos às condições climáticas ambientais ........... 70
Figura 3.15 - Fluxograma do ensaio de durabilidade por meio de envelhecimento
natural ....................................................................................................................... 71
Figura 4.1 - Curva de calor de hidratação da pasta em consistência normal ............ 73
Figura 4.2 - Consistência das pastas de gesso ......................................................... 75
Figura 4.3 - Gráfico dos tempos médio de início e fim de pega das pastas de gesso
.................................................................................................................................. 76
Figura 4.4 - Curvas de hidratação das pastas de gesso ........................................... 77
Figura 4.5 - Gráfico do tempo de pega das pastas de gesso obtidas por meio das
curvas calorimétricas ................................................................................................. 79
Figura 4.6 - Tempos úteis pela ABNT e calorímetro.................................................. 79
Figura 4.7 - Gráfico dos valores médios de absorção de água por imersão total das
pastas analisadas...................................................................................................... 81
Figura 4.8 - Perda de massa das pastas de gesso ................................................... 82
Figura 4.9 - Absorção de água por imersão total e perda de massa das pastas de
gesso ......................................................................................................................... 83
Figura 4.10 - Curvas de absorção de água por capilaridade das pastas estudadas . 85
Figura 4.11 - Absorção de água por capilaridade da pasta GF0 com a curva
linearizada ................................................................................................................. 86
Figura 4.12 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos a partir da curvas de
absorção de água por capilaridade pela ASTM e pela regressão linear ................... 87
Figura 4.13 - Dureza superficial do gesso em comparação com a NBR 13207 (2017)
.................................................................................................................................. 89
Figura 4.14 - Dureza superficial após o ensaio de absorção de água por imersão
total ........................................................................................................................... 90
Figura 4.15 - Resistência à compressão das pastas analisadas ............................... 91
Figura 4.16 - Resistência à compressão após o ensaio de absorção de água por
imersão total .............................................................................................................. 92
Figura 4.17 - Gráfico dos valores médios de absorção de água por imersão total
após o envelhecimento natural.................................................................................. 94
12

Figura 4.18 - Comparação entre a absorção de água antes e depois do ensaio de


envelhecimento natural ............................................................................................. 95
Figura 4.19 - Curvas de absorção de água por capilaridade após envelhecimento
natural ....................................................................................................................... 96
Figura 4.20 - Comparação entre os coeficientes de capilaridade antes e depois do
ensaio de envelhecimento natural ............................................................................. 97
Figura 4.21 - Comparação entre a dureza superficial antes e depois do ensaio de
envelhecimento natural ............................................................................................. 98
Figura 4.22 - Comparação entre a resistência à compressão antes e depois do
ensaio de envelhecimento natural ........................................................................... 100
13

Lista de Tabelas

Tabela Página
Tabela 2.1 - Compostos obtidos na calcinação da gipsita ......................................... 28
Tabela 2.2 - Características do sulfato de cálcio nos diferentes estados de hidratação
.................................................................................................................................. 34
Tabela 2.3 - Requisitos físicos e mecânicos do gesso para construção civil ............ 38
Tabela 2.4 - Requisitos químicos do gesso sem aditivos para construção civil. ....... 39
Tabela 2.5 - Requisitos físicos do gesso para revestimento (tempo de pega e
granulometria via seca). ............................................................................................ 39
Tabela 2.6 - Requisitos físicos do gesso para fundição (tempo de pega e
granulometria via seca). ............................................................................................ 40
Tabela 2.7 - Classificação dos blocos de gesso. ....................................................... 41
Tabela 2.8 - Classificação de absorção para blocos em geral .................................. 41
Tabela 2.9 - Classificação de dureza para blocos em geral ...................................... 41
Tabela 2.10 - Classificação da densidade para blocos em geral .............................. 41
Tabela 2.11 - Classificação dos blocos de gesso ...................................................... 41
Tabela 2.12 - Identificação do bloco de gesso por cor .............................................. 42
Tabela 3.1 - Matriz experimental da pesquisa ........................................................... 57
Tabela 3.2 - Metodologias dos ensaios de caracterização ........................................ 58
Tabela 4.1 - Caracterização física e mecânica do gesso .......................................... 72
Tabela 4.2 – Resultados da curva do calor de hidratação das pastas ...................... 73
Tabela 4.3 - Comparação dos tempos de pega pelos métodos da ABNT e
calorimétrico .............................................................................................................. 73
Tabela 4.4 - Consistência média das pastas de gesso ............................................. 74
Tabela 4.5 - Tempos de pega das pastas de gesso pelo método da ABNT .............. 75
Tabela 4.6 - Tempo útil das pastas pelo método da ABNT ....................................... 77
Tabela 4.7 - Resultados das curvas do calor de hidratação das pastas................... 78
Tabela 4.8 - Comparação dos tempos de pega das pastas pelos métodos da ABNT e
calorimétrico .............................................................................................................. 80
Tabela 4.9 – Valores médios de absorção de água por imersão total das pastas de
gesso ......................................................................................................................... 81
Tabela 4.10 - Perda de massa após o ensaio de absorção de água por imersão total
.................................................................................................................................. 82
14

Tabela 4.11 – Água absorvida por unidade de superfície ......................................... 84


Tabela 4.12 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos a partir da curvas de
absorção de água por capilaridade pela ASTM......................................................... 86
Tabela 4.13 - Valores dos coeficientes de absorção obtidos a partir da curvas de
absorção de água por capilaridade por regressão linear .......................................... 87
Tabela 4.14 - Classificação de materiais quanto à absorção de água ...................... 88
Tabela 4.15 - Valores médios de dureza superficial das pastas de gesso ................ 89
Tabela 4.16 - Valores médios de resistência à compressão das pastas analisadas . 91
Tabela 4.17 - Dados climáticos no período do ensaio ............................................... 93
Tabela 4.18 - Valores médios de absorção de água por imersão total após o
envelhecimento natural ............................................................................................. 94
Tabela 4.19 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos das curvas de
absorção de água após o envelhecimento natural .................................................... 96
Tabela 4.20 - Valores médios de dureza superficial após o ensaio de
envelhecimento natural ............................................................................................. 98
Tabela 4.21 - Resistência à compressão após envelhecimento natural .................... 99
15

Lista de abreviaturas e siglas

Abreviatura/sigla Significado

a/g Relação água/gesso em massa


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials (EUA)
Aw Coeficiente de capilaridade (kg/m².s0,5)
Ca2+ Íon Cálcio
CaO Óxido de cálcio ou cal livre
CaSO4 Anidrita II ou anidrita insolúvel
CaSO4.1/2H2O Sulfatao de cálcio hemi-hidratado
CaSO4.2H2O Sulfato de cálcio di-hidratado (gipsita)
CaSO4.εH2O Anidrita III ou anidrita solúvel
CCIVIL Colegiado de Engenharia Civil
CMEC Colegiado de Engenharia Mecânica
CV Coeficiente de variação
GF0 Pasta de gesso com relação a/g comercial, sem aditivo
GF1-A Pasta de gesso com relação a/g comercial, com 0,6% do
aditivo 1
GF1-B Pasta de gesso com relação a/g comercial, com 1,0% do
aditivo 1
GF2-A Pasta de gesso com relação a/g comercial, com 0,2% do
aditivo 2
GF2-B Pasta de gesso com relação a/g comercial, com 0,8% do
aditivo 2
GFC Pasta de gesso com relação a/g normal, sem aditivo
GFG Glass reinforced gypsum
GRGH Glass reinforced gypsum hidro
H Bloco de gesso hidro
H2O Água
HCL Ácido clorídrico
LABMATEC Laboratório de Materiais e Técnicas Construtivas
LMM Laboratório de Materiais Mecânicos
16

min. Minutos
MPa Mega Pascal (0,1 KN/cm²)
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
pH Potencial hidrogeniônico
R² Coeficiente de determinação
S Bloco de gesso standard
SINDUSGESSO Sindicato das Indústrias de Extração e Beneficiamento de
Gipsita, Calcários, Derivados de Gesso e de Minerais
Não-Metálicos do Estado de Pernambuco
SO3 Anidrido sulfúrico
SO42- Íon Sulfato
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco
Δmt Quantidade de água absorvida por unidade de superfície
17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 20
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 21
1.1.1 Geral ..................................................................................................... 21

1.1.2 Específicos ........................................................................................... 22

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 22


2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 24
2.1 GESSO ........................................................................................................ 24
2.1.1 A gipsita ............................................................................................... 24

2.1.2 Reserva de gipsita natural .................................................................. 25

2.1.3 Processo de produção do gesso de construção .............................. 27

2.1.3.1 Calcinação da gipsita ...................................................................... 27


2.1.3.2 Hidratação do gesso ....................................................................... 30
2.1.4 Propriedades físicas da pasta fresca ................................................. 33

2.1.4.1 Calor de hidratação e Tempo de Pega ........................................... 33


2.1.4.2 Solubilidade..................................................................................... 34
2.1.5 Propriedades físicas da pasta endurecida ........................................ 35

2.1.5.1 Microestrutura ................................................................................. 35


2.1.5.2 Resistência mecânica ..................................................................... 37
2.2 GESSO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL ......................................................... 38
2.2.1 Gesso para revestimento .................................................................... 39

2.2.2 Gesso para fundição ........................................................................... 39

2.2.3 Gessos especiais................................................................................. 40

2.3 PRÉ-MOLDADOS DE GESSO .................................................................... 40


2.3.1 PATOLOGIAS NOS PRÉ-MOLDADOS DE GESSO ............................ 44

2.4 SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO ......................................................... 46


2.4.1 Materiais e sistemas impermeabilizantes .......................................... 47

2.4.2 Aditivo hidrófugo ................................................................................. 48

2.4.2.1 Estudos recentes sobre o uso de aditivos hidrofugantes em pastas


de gesso..........................................................................................................49
2.5 DURABILIDADE ........................................................................................... 51
18

2.5.1 Estudos da durabilidade ..................................................................... 52

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ......................................................................... 54


3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ................................... 54
3.2 FLUXOGRAMA DO PROGRAMA EXPERIMENTAL ................................... 55
3.3 MATERIAIS .................................................................................................. 55
3.3.1 Água ...................................................................................................... 56

3.3.2 Gesso Comercial ................................................................................. 56

3.3.3 Aditivo Hidrofugante ........................................................................... 56

3.4 VARIÁVEIS ANALISADAS NA PESQUISA .................................................. 57


3.5 METODOLOGIA DE ENSAIOS E PROCEDIMENTOS ................................ 57
3.5.1 Preparo e produção das pastas de gesso ......................................... 58

3.5.2 Ensaios no estado fresco ................................................................... 60

3.5.2.1 Calor de hidratação ......................................................................... 60


3.5.2.2 Consistência.................................................................................... 61
3.5.2.3 Tempo de pega ............................................................................... 62
3.5.3 Ensaios no estado endurecido ........................................................... 62

3.5.3.1 Dureza Superficial ........................................................................... 62


3.5.3.2 Resistência à compressão axial ...................................................... 63
3.5.3.3 Absorção de água por imersão total ............................................... 64
3.5.3.4 Perda de massa .............................................................................. 65
3.5.3.5 Absorção de água por capilaridade ................................................. 66
3.5.4 Ensaio de durabilidade ....................................................................... 69

3.5.4.1 Envelhecimento natural ................................................................... 69


4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 72
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA ................................................. 72
4.1.1 Gesso hemidrato ................................................................................. 72

4.2 AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS ADITIVOS HIDROFUGANTES .................. 74


4.2.1 Avaliação das pastas no estado fresco ............................................. 74

4.2.1.1 Consistência.................................................................................... 74
4.2.1.2 Tempos de pega ............................................................................. 75
4.2.1.3 Calor de hidratação ......................................................................... 77
4.2.2 Avaliação das pastas no estado endurecido .................................... 80

4.2.2.1 Absorção de água por imersão total ............................................... 80


19

4.2.2.2 Perda de massa .............................................................................. 82


4.2.2.3 Absorção de água por capilaridade ................................................. 84
4.2.2.4 Dureza superficial ........................................................................... 88
4.2.2.5 Resistência à compressão .............................................................. 90
4.3 ENSAIO DE DURABILIDADE ...................................................................... 93
4.3.1 Envelhecimento natural ...................................................................... 93

4.3.1.1 Absorção de água por imersão total ............................................... 94


4.3.1.2 Absorção de água por capilaridade ................................................. 96
4.3.1.3 Dureza superficial ........................................................................... 98
4.3.1.4 Resistência à compressão .............................................................. 99
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 101
5.1 CONCLUSÕES .......................................................................................... 101
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................... 104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 105
20

1 INTRODUÇÃO

A exploração da gipsita no Brasil localiza-se, predominantemente, na Região


Nordeste. Atualmente, a localidade de maior produção é a microrregião de Araripina,
em Pernambuco, que participa com mais de 90% da produção nacional, sendo
formada pelos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri, Bodocó e Exu
(PERES, 2008).

Embora o Estado de Pernambuco possua apenas 22,4% da reserva de gipsita


brasileira a qualidade do mineral, expressa na concentração de sulfatos e impurezas
praticamente desprezíveis, e o afloramento da gipsita na superfície justificam o
grande potencial do Polo Gesseiro do Araripe e a viabilidade de exploração
(BRASIL, 1995).

A utilização do gesso na construção civil deve-se ao baixo consumo de energia para


a produção, a facilidade de moldagem, boa aparência com lisura da superfície,
produtividade elevada, boa aderência à alvenaria, endurecimento rápido, entre
outras propriedades. O gesso poderá ser utilizado na produção de revestimentos,
artefatos de decoração, forros, gesso acartonado (Drywall) e na fabricação de pré-
moldados.

No mercado brasileiro, são utilizados os gessos de fundição para a fabricação de


pré-moldados, os de revestimento e os especiais quando são produzidos com
materiais auxiliares, por exemplo, aditivos hidrofugantes. Apenas os gessos de
fundição e revestimento são normalizados pela ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS) (PERES; BENACHOUR; SANTOS, 2008).

O uso de aditivos na produção de gessos especiais tem como objetivo a modificação


de propriedades específicas. Dependendo das características que serão modificadas
os aditivos classificam-se em: modificadores do tempo de pega, retentores de água,
incorporadores de ar, umidificantes, reforçadores de aderência, fluidificantes,
aerantes e hidrofugantes (PERES; BENACHOUR; SANTOS, 2008).

O gesso é um aglomerante aéreo e a pasta apresenta a propriedade de endurecer


por reação de hidratação com a água. No entanto, após seu endurecimento, o gesso
não resiste satisfatoriamente quando submetida à ação da água. Desta forma, tem-
se o surgimento de patologias decorrentes do contato do bloco de gesso com a água
21

e a umidade, como a desagregação da pintura, desgaste e deterioração do gesso e


o surgimento de manchas amareladas reduzindo, consequentemente, a vida útil do
sistema de vedação (RODRIGUES, 2008; SIQUEIRA FILHO, 2006).

Devido as patologias, foram desenvolvidas novas tecnologias que proporcionam


maior resistência à ação da água e permitem a utilização em ambientes como
banheiros, cozinhas e fachadas. Desta forma, são utilizados aditivos hidrofugantes
ou hidrorrepelentes juntamente à água de amassamento, conhecidos como aditivos
de massa, ou através do revestimento da superfície do bloco semelhantemente a
uma pintura, conhecidos como aditivos de superfície.

O uso dos aditivos hidrofugantes é justificada pela capacidade do material de


funcionar como impermeabilizante, conferindo estanqueidade ao sistema
construtivo, evitando a dissolução e proporcionando uma maior durabilidade da
edificação. Comercialmente, os principais hidrófugos são, geralmente, à base de
silanos, siloxanos ou misturas desses derivados do silicone (LIMA FILHO, 2010).

Apesar das vantagens associadas ao uso dos aditivos hidrofugantes que são
difundidas no mercado de produção, principalmente de blocos de gesso para
alvenaria, ainda são incipientes as informações sobre os efeitos provocados nas
propriedades das pastas de gesso. Além disso, há uma carência de dados
científicos que comprovem a eficácia do aditivo na formação da barreira
impermeabilizante, sobre o conhecimento da vida útil e a respeito da durabilidade
dos materiais com o aditivo hidrófugo.

Diante dessas necessidades, este trabalho tem por objetivo fundamental avaliar os
efeitos provocados nas propriedades das pastas de gesso de fundição com a
presença de aditivos hidrofugantes comerciais no estado fresco e endurecido.
Pretende-se estudar a durabilidade dessas pastas através do ensaio de
envelhecimento natural, analisando a deterioração dos corpos de prova.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Este trabalho tem como objetivo geral estudar os efeitos provocados pela adição de
aditivos hidrofugantes comerciais para gesso nas propriedades físicas e mecânicas
22

das pastas de gesso para fundição, avaliando ainda a durabilidade dessas pastas
utilizando o processo de envelhecimento natural.

1.1.2 Específicos

Os objetivos específicos são:

i. Caracterizar fisicamente a matéria-prima (gesso de fundição) em pó, no estado


fresco e endurecido, por meio dos ensaios de: água livre, consistência normal,
dureza superficial, resistência à compressão axial, granulometria, massa
específica, massa unitária, tempo de pega e calor de hidratação;
ii. Avaliar os efeitos de aditivos hidrofugantes comerciais, utilizados na composição
das pastas de gesso de fundição, nas propriedades no estado fresco e
endurecido, como: calor de hidratação, consistência, tempo de pega, dureza
superficial, resistência à compressão axial, absorção de água por imersão total e
por capilaridade e perda de massa;
iii. Estudar a durabilidade por meio do ensaio de envelhecimento natural das pastas
de gesso com e sem o aditivo hidrofugante, avaliando a dureza superficial, a
resistência à compressão, a absorção de água por imersão total e por
capilaridade.

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esse Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) encontra-se estruturado em cinco


capítulos, sendo este o primeiro, que tem um aspecto introdutório, onde é feita uma
contextualização geral da pesquisa e seus objetivos.

No segundo capitulo, é feita uma revisão bibliográfica sobre o gesso, abordando a


matéria prima, o processo de calcinação, o mecanismo de hidratação, as
propriedades físicas e o gesso para construção civil, as patologias nos pré-moldados
de gesso, o sistema de impermeabilização e os estudos sobre a durabilidade em
materiais diversos.

O programa experimental é exposto no capítulo três, onde estão apresentados os


materiais que foram utilizados na pesquisa, o fluxograma experimental, as variáveis
analisadas, a metodologia de ensaios e procedimentos.
23

No quarto capitulo, estão apresentados os resultados obtidos por meio do programa


experimental, que compreende a avaliação das propriedades das pastas de gesso
de fundição no estado fresco e endurecido com aditivos hidrofugantes, além do
estudo de durabilidade.

No quinto capítulo, estão apresentadas as conclusões dos experimentos realizados,


tendo em vista os objetivos e hipóteses considerados no primeiro capítulo, além de
recomendações para trabalhos futuros relacionados à temática deste trabalho.
24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 GESSO

2.1.1 A gipsita

A gipsita é um minério que está presente em várias regiões do mundo e, devido a


constituição, é conhecida como sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O)
(FRANÇA, 2016). Embora o mineral gipsita seja abundante na natureza, o gesso,
na forma de bassanita, dificilmente será encontrado sem que dispense qualquer
processo industrial. Os termos “gipsita”, “gipso” e “gesso”, são frequentemente
utilizados como sinônimos, sendo o último termo o mais apropriado para designar o
produto calcinado (ABREU, 2005).

O mineral poderá ser encontrado em diversas colorações conforme o grau de


impureza dos cristais, em tons claros de amarelo e de marrom e em granulação fina
a média, estratificada ou maciça (BRASIL, 2001). Oliveira (2012), definiu algumas
características da gipsita:

 Clivagem em quatro direções;


 Composição química teórica de 32,5% de CaO, 46,6% de SO 3 e 20,9% de
H2O;
 Densidade relativa 2,32;
 Dureza varia entre 1,5 a 3 na escala de Mohs;
 Ocorrências associadas com calcários, folhelhos1, margas2 e argilas;
 Solubilidade em ácido clorídrico (HCL) diluído a quente.

Segundo Baltar, Bastos e Luz (2004), a gipsita pode ser utilizada na forma natural ou
calcinada e, desta forma, possui grande aplicabilidade na indústria. O gesso e a
gipsita podem ser utilizados de várias formas, a saber: fabricação de cimento
portland (gipsita adicionada ao clínquer), na medicina (gessos ortopédicos e
odontológicos), indústria cerâmica (gesso na produção de moldes), agricultura

1 Rochas que possuem grãos do tamanho de argila.


2 Tipo de calcário contendo 35 a 60% de argila.
25

(gesso utilizado na dessalinização do solo), indústria farmacêutica (gesso com


ingrediente de vários produtos), na construção civil (gesso usado no revestimento de
paredes e tetos, construção de divisória entre outros) (MELO, 2008).

2.1.2 Reserva de gipsita natural

Os países da América são os maiores produtores e consumidores do gesso e seus


derivados, assim como, do mineral gipsita. O Brasil possui condição de destaque
nesse cenário sendo um dos mais importantes. A reserva de gipsita no Brasil está
concentrada, principalmente, em três estados: Camuru, na Bahia (53,3%); Araripe,
em Pernambuco (22,4%) e Alveiro, no Pará (21,9%) (RIBEIRO, 2011; LIMA FILHO,
2010).

Segundo Brasil (2001), as principais cidades com viabilidade de exploração


econômica de gipsita estão localizadas na bacia do Araripe, no Polo gesseiro do
Araripe, em Pernambuco, compreendendo as cidades de Araripina, Bodocó, Exu,
Ipubi, Ouricuri e Trindade, correspondendo a 89,4% da produção brasileira,
conforme Figura 2.1.

Figura 2.1 - Polo Gesseiro do Araripe

Fonte: Rodrigues (2008)

O grande potencial do minério extraído do Polo Gesseiro do Araripe está na


qualidade do mineral, que possui concentração de sulfatos na ordem de 90% a 95%,
enquanto as impurezas são praticamente desprezíveis, raramente ultrapassando
0,5% da rocha, e a gipsita ocorre tanto na superfície quanto na crosta (BRASIL,
1995).

Tem-se que a precariedade da malha rodoviária brasileira associada à concorrência


com o escoamento de frutas do perímetro irrigado do Vale do São Francisco são
26

complicadores para o Polo Gesseiro do Araripe. Devido ao transporte de gipsita e do


gesso até os centros consumidores, principalmente, a região Sudeste ser apenas
rodoviário o seu custo tem agregado valor significativo no preço do produto final
(RIBEIRO, 2011).

Castro (2012), descreveu a cadeia produtiva do Araripe, sendo: 28 minas de gipsita


em atividade, 80 calcinadoras onde 50% está interligada à fabricação de elementos
de gesso; 230 unidades independentes de fabricação desses elementos. Estima-se
que o Polo gera 12.000 empregos diretos, distribuídos na mineração (950), na
calcinação (3.900) e na fabricação de pré-moldados (7.150) e 60.000 empregos
indiretos.

De acordo com Baltar, Bastos e Luz (2004), no polo gesseiro do Araripe existem
variações da gipsita de acordo a mineralogia e são conhecidas regionalmente,
como: cocadinha (estratificada); rapadura (filmes milimétricos de argila verde); pedra
jonhson (variedade mais pura com coloração de branco a creme); estrelinha (cristais
radiados em forma de estrela); alabastro (maciça e transparente) e selenita (incolor
e transparente), como verificado na Figura 2.2 e 2.3.

Figura 2.2 - Variedade de gipsita utilizadas no Polo Gesseiro do Araripe, respectivamente: alabastro,
anidrita e selenita.

Fonte: Baltar et al. (2004)


Figura 2.3 - Variedade de gipsita utilizadas no Polo Gesseiro do Araripe, respectivamente: Pedra
Johnson, rapadura e cocadinha.

Fonte: Pinheiro (2011)


27

2.1.3 Processo de produção do gesso de construção

No Brasil, a extração da gipsita é realizada com a lavra 3 a céu aberto (open pit),
semimecanizadas, utilizando bancadas com altura entre 15 m a 20 m de altura e
frentes de lavras em forma de anfiteatro (BALTAR; BASTOS; LUZ, 2004; ABREU,
2005).

De acordo com o observado por Pinheiro (2011), existem cinco etapas para a
produção do gesso, a saber: extração e preparação da matéria prima (britagem,
moagem, peneiramento); calcinação; pulverização; ensilagem e acondicionamento
(embalagem), conforme Figura 2.4.

Figura 2.4 - Esquema das etapas de produção do gesso

Fonte: Andrade (2016)

Para a realização da calcinação é necessário que a gipsita possua tamanhos


adequados que foram obtidos na britagem por meio de britadores de mandíbulas e
rebritadores de martelo. A moagem irá depender do tipo de forno utilizado e poderá
ser feita em moinhos de martelos. Antes de seguir para a calcinação, a gipsita é
moída em placas vibratórias na etapa de peneiramento e separada em frações
específicas conforme a aplicação (ABREU, 2005; RIBEIRO, 2011).

2.1.3.1 Calcinação da gipsita

Segundo Bardella (2011), para obter o gesso é necessário realizar a desidratação da


gipsita em temperaturas específicas no processo de calcinação. Durante este
processo serão obtidos diferentes tipos de aglomerantes e as propriedades são
influenciadas pelo tipo de forno (panela, marmita e rotativo), temperatura, pressão
de vapor no interior do forno, velocidade de aquecimento da matéria prima, finura e
densidade de gipsita.

3 Locais de extração e remoção da gipsita também conhecidos como áreas de escavação.


28

A partir da desidratação da gipsita é possível obter os seguintes aglomerantes:


hemi-hidrato α, hemi-hidrato β, Anidritas tipo I, II e III. A calcinação poderá ser
ocorrer de dois princípios: via seca e via úmida (DE MILITO, 2007). Na Tabela 2.1
estão apresentadas algumas propriedades dos compostos obtidos da calcinação.

Tabela 2.1 - Compostos obtidos na calcinação da gipsita


Composição Temperatura de
Compostos Observações
Química Obtenção
Gipsita CaSO4.2H2O - Matéria prima

Hemi-hidrato α ou β CaSO4.1/2H2O 100 a 180 °C Gesso


Solúvel e instável,
Anidrita III CaSO4.ƐH2O 180 a 300 °C reativa, re-
hidratando-se
Supercalcinada e
Anidrita II CaSO4 300 a 700 °C
insolúvel
Gesso morto, cal
Anidrita I CaO + SO2/SO3 Acima de 1200 °C
virgem
Fonte: Adaptado, Pereira (1973) apud De Milito (2007).

a) Hemi-hidrato alfa

A produção do gesso alfa, ou hemi-hidrato alfa, é realizada em temperaturas entre


100 ºC e 180 ºC, em equipamentos fechados com pressões superiores a
atmosférica, leva em torno de 5h e pode ocorrer pelo processo hidrotermal (via
úmida) ou calcinação sob vapor (via seca). Esse hemidrato possui cristais grandes,
compactos e facilmente solúveis em água (PINTO, 2014; PERES; BENACHOUR;
SANTOS, 2008; DE MILITO, 2007).

A Equação 1 apresenta a calcinação do hemi-hidrato alfa. (1)

𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 1⁄2 𝐻2 𝑂

Segundo Soares (2005), o formato regular dos cristais do gesso alfa proporciona
melhor compactação, maior densidade, menor porosidade e melhor trabalhabilidade.
Esse hemi-hidrato possui menor coeficiente de absorção de água, maior tempo de
pega e melhores propriedades mecânicas alcançando resistência à compressão
entre 15 e 24 MPa. Para obter este aglomerante, faz-se necessária a utilização de
uma matéria prima de maior qualidade, como a pedra Johnson ou Estrelinha,
obtidas no Araripe (PINTO, 2014; OLIVEIRA, 2012).
29

b) Hemi-hidrato beta

O gesso beta, ou hemi-hidrato beta, também é obtido em temperaturas entre 100 ºC


e 180 ºC e configura-se um gesso de qualidade inferior ao hemi-hidrato alfa.
Produzido por via seca, esse gesso é fabricado em vários tipos de fornos e sob
pressão atmosférica, podendo ser realizado em, aproximadamente, 40 minutos. Na
indústria da construção civil este é o produto da calcinação da gipsita mais utilizado
devido ao simples processo de produção, baixo custo e tempo de pega mais rápido
(PINTO, 2014; SANTOS, 2017; DE MILITO, 2007; SOARES, 2005).

A Equação 2 apresenta a calcinação do hemi-hidrato beta.

𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 1⁄2 𝐻2 𝑂 (2)

c) Anidrita III

De Milito (2007), definiu a Anidrita III como uma fase intermediária entre os hemi-
hidratos e a Anidrita II. Obtida em temperaturas entre 180 ºC e 300 ºC, possui baixa
quantidade de água dissolvida variando entre 6% e 11%. Desta forma, configura-se
como um composto instável, solúvel e extremamente reativo, podendo ligar-se a
água rapidamente. A Anidrita III funciona como catalisador na reação de hidratação
do gesso e pode ser utilizada como acelerador de pega. Devido à instabilidade, a
anidrita III poderá se hidratar apenas com a umidade do ar (CASTRO, 2012).

A Equação 3 apresenta a calcinação da anidrita III.

𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 . ε𝐻2 𝑂 (3)

d) Anidrita II

Obtida em temperaturas entre 300 ºC e 700 ºC, é denominada supercalcinada e é


insolúvel. Caso a temperatura de calcinação da gipsita ocorra entre 700 ºC e 800 ºC,
a hidratação poderá ocorrer em meses e conhecida como anidrita calcinada “à
morte”. Se misturado ao gesso beta poderá ser utilizado para a produção de gesso
para revestimento devido ao tempo de pega mais prolongado e maior
trabalhabilidade. A anidrita II poderá alcançar melhor resistência mecânica e dureza
de acordo aos teores utilizados (PINTO, 2014; DE MILITO, 2007; SANTOS, 2017).
30

A Equação 4 apresenta a calcinação da anidrita II.

𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 (4)

e) Anidrita I

A anidrita I ou anidrita de alta temperatura é obtida em temperaturas entre 1100 ºC e


1200 ºC. Este componente não é observado em temperatura ambiente pois seu
resfriamento a transformará novamente em anidrita II. Geralmente, a anidrita I não é
pura devido à presença de óxido de cálcio (CaO) e de difícil hidratação (DE MILITO,
2007; CASTRO, 2012; JONH; CINCOTTO, 2007). Acima de 1250 ºC, há a
decomposição da gipsita em óxido de cálcio e anidrido sulfúrico (CASTRO, 2012).

A Equação 5 apresenta a calcinação da anidrita I.

𝑆𝑂2 (5)
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 → CaO + ⁄𝑆𝑂
3

O processo de calcinação da gipsita não ocorre de maneira homogênea devido a


variação da temperatura no interior dos fornos. No forno ideal, a desidratação da
gipsita ocorreria com 100% de rendimento. Entretanto, verifica-se que há a presença
de material não-calcinado (di-hidratado) onde a temperatura não foi suficiente para a
dissociação da gipsita e há a presença de anidritas nos pontos em que a
temperatura foi excessiva.

Tem-se que o gesso comercial utilizado na construção civil possui hemi-hidrato beta,
anidrita III e anidrita II (em menor quantidade). Desta forma, o processo de
calcinação deverá ocorrer em fornos adequados para que haja a garantia da
qualidade do hemi-hidrato produzido com a maior pureza possível (DE MILITO,
2007; PEREIRA, 1973 apud DE MILITO, 2007).

2.1.3.2 Hidratação do gesso

O mecanismo de hidratação do gesso pode ser explicado por meio de duas teorias:
a teoria de cristalização, proposta por Lavoisier (1798) e em seguida por Le
Chatelier (1877); e a teoria coloidal, defendida por Cavazzi (1913), Traube (1919),
dentre outros pesquisadores. A diferença entre as teorias consiste na formação de
um gel entre a dissolução do hemi-hidrato e a precipitação do di-hidrato na teoria
31

coloidal. No entanto, a teoria de Lavoisier foi aprimorada e adotada pela maioria dos
pesquisadores (PINTO, 2014; SNIP 2002 apud PINHEIRO, 2011).

Segundo a teoria da cristalização, os pesquisadores propuseram que a hidratação


do gesso ocorria de três formas distintas, a saber: fenômeno químico da dissolução,
fenômeno físico da cristalização e fenômeno mecânico do endurecimento (PINTO,
2014; JONH; CINCOTTO, 2007)

a) Fenômeno químico da dissolução: formação de um sistema iônico saturado de


íons Ca2+ e SO42- ao se misturar a água com o sulfato de cálcio hemi-hidratado.
Há a formação de hidratos primários, microcristais de di-hidratos, quando atingida
a concentração de saturação e são pouco estáveis e de baixa solubilidade,
conforme Figura 2.5.

Figura 2.5 - Ilustração dos íons dissolvidos na água

Fonte: Pinto (2014)

b) Fenômeno físico da cristalização: os hidratos primários se estabilizam e começam


a gerar o sulfato de cálcio di-hidratado que se precipita na solução por ser menos
solúvel em água. Há a formação do núcleo ou germe de cristalização pela
transformação do di-hidrato e pelo depósito de íons na superfície, conforme
Figura 2.6.
32

Figura 2.6 - Ilustração dos íons depositados sobre o núcleo de cristalização.

Fonte: Pinto (2014)

c) Fenômeno mecânico do endurecimento: crescimento radial de cristais em forma


de agulhas, de forma entrelaçada, e precipitação após o depósito dos íons sobre
os núcleos de cristalização. Há a formação de cristais de di-hidratos, que são os
cristais de gesso, e há a liberação de calor, como verificado na Figura 2.7. O
crescimento de forma entrelaçada e radial dos cristais é o responsável pelo
endurecimento e ganho de resistência mecânica do gesso.

Figura 2.7 - Ilustração da formação dos cristais de gesso.

Fonte: Pinto (2014)

A hidratação do gesso pode ser observada por meio da reação química indicada na
Equação 6 (RIBEIRO, 2011).

𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 0,5𝐻2 𝑂+1,5𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 + 𝐶𝐴𝐿𝑂𝑅 (6)


33

2.1.4 Propriedades físicas da pasta fresca

2.1.4.1 Calor de hidratação e Tempo de Pega

A pega do gesso é um fenômeno no qual os hemi-hidratos e os sulfatos anidro


solúveis, em contato com a água, se transformam no sulfato bi-hidratado inicial.
Esse fenômeno caracteriza-se pela liberação de energia sob forma de calor devido
ser uma reação exotérmica. Esse processo pode ser acompanhado por meio de
curvas calorimétricas obtidas de calorimetria adiabática que revelam a cinética das
reações (DE MILITO, 2007; BALTAR, 2009).

Clifton (1973) apud Antunes (1999), analisou em seus estudos as etapas da reação
de hidratação e explicou o fenômeno da pega por meio das curvas obtidas na
calorimetria adiabática, conforme Figura 2.8. As etapas são:

a) Etapa de indução: esta etapa é iniciada após uma pequena hidratação que é
finalizada no instante em que a taxa de elevação da temperatura ultrapassa
0,1ºC/min, caracterizando o início da pega (ANTUNES, 1999);

b) Etapa de aceleração: elevação rápida da temperatura devido à elevação


rápida da reação de hidratação ocorrendo precipitação dos hidratos e
formação dos cristais (BALTAR, 2009);

c) Etapa de reação mais lenta: a reação de hidratação atinge o ponto máximo de


temperatura indicando a conclusão da hidratação e o final da pega (BALTAR,
2009).

Figura 2.8 - Exemplo de curva de hidratação de uma pasta de gesso.

Fonte: Antunes (1999)


34

A velocidade de hidratação ou a pega do gesso é influenciada por diversos fatores, a


saber: relação água/gesso, temperatura da água de amassamento, matéria prima,
impurezas, energia de mistura, tamanho das partículas e aditivos. De acordo com
Antunes (1999), a relação água/gesso é o fator de maior influência na cinética da
reação de hidratação. De Milito (2007), observou que quanto maior a finura a pega
será mais rápida e atingirá maiores resistências.

2.1.4.2 Solubilidade

O gesso é um aglomerante que possui certa solubilidade em presença de água e


não deverá ser utilizado em ambientes externos sem a presença de aditivos
hidrofugantes. A utilização pura do gesso fica restrita a ambientes interiores e onde
não haja o contato direto e constante com a água (RIBEIRO, 2011).

Andrade (2017), apresenta a solubilidade da gipsita nos diferentes estados de


hidratação, conforme a Tabela 2.2.

Tabela 2.2 - Características do sulfato de cálcio nos diferentes estados de hidratação


Hemihidratado
Desidratado
Hidratado (Gesso)
Características
(Gipsita) Anidrita Anidrita
α β
solúvel insolúvel
CaSO4
Fórmula CaSO4.2H2O CaSO4.1/2H2O CaSO4 (sol.)
(insol.)
Massa molecular
172,17 145,15 136,14 136,14
(g/mol)
Densidade
2,31 2,76 2,62 - 2,64 2,58 2,9 - 3,0
(g/cm³)
Dureza escala
1,5 - - - 3-4
de Mohs
Solubilidade em
Hidrata para
água a 20 °C 2,1 6,5 ≈8,8 hemihidratado
2,7
(g/dm³)
Fonte: Adaptado, Andrade (2017)

De acordo com Soares (2005), a solubilidade do gesso é influenciada durante o


processo de hidratação pela temperatura e por meio de aditivos controladores de
pega.
35

a) Temperatura: O aumento da temperatura da água de amassamento promove


o aumento da solubilidade devido a maior difusão dos íons. Até 45 ºC a
solubilidade aumenta com o aumento da temperatura, acelerando a
hidratação. Acima de 45 ºC o efeito é inverso (SOARES, 2005; CLIFTON,
1973 apud ABREU, 2005).

b) Aditivos controladores de pega: Os aceleradores de pega aumentam a


solubilidade do hemidrato, acelerando a hidratação (SOARES, 2005;
HINCAPIÉ; CINCOTTO, 1997)

2.1.5 Propriedades físicas da pasta endurecida

2.1.5.1 Microestrutura

De acordo com Antunes (1999), o entendimento da microestrutura do gesso é


essencial para a compreensão das propriedades mecânicas. Estudos apontam que
o arranjo microestrutural das pastas é influenciado pelo tipo de gesso, a distribuição
e tamanho das partículas, as impurezas, uso de aditivos e adições (KARNI; KARNI,
1995).

A partir da micrografia observa-se a formação dos núcleos, dos cristais (formatos e


tamanhos) e a porosidade (macroporos, microporos e microfendas), conforme Figura
2.9 (DE MILITO, 2007).

Figura 2.9 - Micrografia da pasta de gesso

Fonte: Gmouh et al. (2003) apud De Milito (2007)

A formação da microestrutura no gesso está diretamente relacionada à quantidade


de núcleos desenvolvidos durante o processo de hidratação, à taxa de crescimento
e ao tamanho dos cristais por unidade de volume da solução. Quando os núcleos
são numerosos o crescimento é rápido e há a formação de muitos cristais pequenos.
36

Quando os núcleos são pouco numerosos o crescimento será lento e haverá a


formação de cristais maiores (MURAT et al., 1979 apud ANTUNES, 1999).

Segundo Bardella (2011), a estrutura porosa e o intertravamento dos cristais são


característicos das pastas de gesso. No gesso beta, são encontrados cristais mais
grossos, curtos, fraturados e com menor grau de entrelaçamento devido a
hidratação rápida desse gesso, Figura 2.10. Já o gesso alfa possui cristais com
grande entrelaçamento ligados fortemente e em formas de agulhas curtas (LEWRY,
1994 apud PINHEIRO, 2011).

Figura 2.10 - Ilustração do entrelaçamento dos cristais de gesso

Fonte: Pinto (2014)

A estrutura cristalina é modificada pela umidade quando o vapor que penetra nos
poros se condensa provocando uma dissolução-recristalização, formando novos
cristais e poros maiores. Essa modificação influencia no contato entre os cristais e
na diminuição das propriedades mecânicas. O aumento de temperatura durante a
hidratação ocasiona a queda na solubilidade do hemi-hidrato, um alargamento dos
cristais de di-hidrato formados e, consequentemente, haverá a diminuição dos
núcleos e o surgimento de poros maiores. O aumento da relação água/gesso faz
aumentar o tamanho dos cristais sem afetar na forma obtendo pastas com mais e
maiores poros (MURAT et al., 1979; OLDER, 1989 apud ANTUNES, 1999).

Singh, Garg e Rehsi (1989), observaram que a adição de gipsita, de aditivo


acelerador de pega (sulfato de potássio) e de aditivo retardador de pega provocam a
redução do grau de entrelaçamento dos cristais. Desta forma, haverá a diminuição
das propriedades mecânicas das pastas de gesso.
37

2.1.5.2 Resistência mecânica

De acordo com Ribeiro (2011), resistência mecânica é a força resultante da


aplicação de um esforço sobre um material. Segundo Canut (2006), a resistência
mecânica consiste da manutenção de integridade dos pré-moldados e produtos à
base de gesso quando submetidas aos esforços de tração, compressão,
cisalhamento ou até mesmo impacto e desgaste.

Hincanpié e Cincotto (1997), observaram que há uma relação entre a resistência


mecânica e a microestrutura. Cristais em forma de agulha, imbricados, de maior
comprimento e menor largura proporcionam maiores valores de resistência. No
entanto, quando a microestrutura se apresenta como pacotes de agulhas bem
definidas, com cristais mais grossos a resistência tende a diminuir.

Como dito anteriormente, o entendimento da microestrutura é essencial para a


compreensão das propriedades mecânicas do gesso, principalmente, relativas à
porosidade. Quando o sistema microestrutural é formado por cristais grandes haverá
uma maior porosidade e menor resistência que as formadas por cristais pequenos
(mais densas) (MURAT et al., 1979 apud ANTUNES, 1999).

Canut (2006), observou que as propriedades mecânicas também são influenciadas


pelo aumento da relação água/gesso que proporciona uma maior porosidade dos
produtos à base de gesso e, consequentemente, a diminuição da resistência
mecânica. A utilização de aditivos tenso-ativos redutores de água também
influenciam aumentando a resistência mecânica à medida que alteram as forças de
atração e repulsão das partículas. Ainda foi observado que o gesso possui baixa
resistência à abrasão perdendo massa em situações de repetidas ações de
desgaste sobre a superfície.

De acordo com Antunes (1999), a umidade também influencia no comportamento


mecânico do gesso sendo que a resistência à compressão e à tração na flexão
diminuem com o aumento do teor de umidade. No entanto, devido a absorção de
água, o gesso de construção também possui propriedade de regulador higrotérmico
do ambiente absorvendo ou liberando umidade proporcionando conforto ambiental.
Esse efeito não é significativo em paredes de pequena espessura. Antunes ainda
38

observa que a umidade é o maior limitador da utilização do gesso ao passo que o


faz perder grande parte das propriedades mecânicas.

Segundo Jonh e Cincotto (2007), as variações de umidade influenciam de forma


sensível na resistência à compressão do gesso. Essa propriedade é reduzida em,
aproximadamente, 50% quando sai do estado seco em estufa (50ºC) para o estado
úmido.

2.2 GESSO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

No mercado brasileiro são utilizados três tipos de gesso para construção, a saber:
gesso de fundição, gesso para revestimento e gessos especiais. Somente os gessos
de fundição e os de revestimento são normalizados pela ABNT (PERES;
BENACHOUR; SANTOS, 2008).

Segundo John e Cincotto (2007), o gesso possui vasta aplicação no mercado de


construção por ser resistente ao fogo, não abrasivo e não necessita de altas
energias para a produção. Além disso, apresenta muitas possiblidades de ser
reaproveitado.

A ABNT NBR 13.207 (2017), define o gesso de construção como o material


proveniente da gipsita ou resíduos de gesso, constituído predominantemente de
sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O), calcinado e reduzido a pó, podendo
conter adições e ou /aditivos. Esta norma ainda define os requisitos físicos,
mecânicos e químicos do gesso para construção civil assim como os critérios para
classificar o gesso como de revestimento ou de fundição.

As exigências físicas e mecânicas para os gessos de fundição e revestimento


devem atender aos requisitos de massa unitária, dureza e aderência, conforme
Tabela 2.3. A versão vigente da NBR 13.207 (2017), não faz menção à avaliação da
resistência à compressão e incorporou a exigência de aderência.

Tabela 2.3 - Requisitos físicos e mecânicos do gesso para construção civil


Ensaios Unidade Limite
Massa unitária g/cm³ ≥ 600,0
Dureza N/mm² ≥ 20,0
Aderência MPa ≥ 0,2
Fonte: NBR 13207 (2017)
39

Os requisitos químicos do gesso sem aditivo previstos pela norma são a água livre,
água de cristalização, óxido de cálcio (CaO) e anidrido sulfúrico (SO 3), conforme
Tabela 2.4.

Tabela 2.4 - Requisitos químicos do gesso sem aditivos para construção civil.
Determinações químicas Limites (%)
Água livre Máx. 1,3
Água de cristalização 4,2 a 6,2
Óxido de cálcio (CaO) Mín. 38,0
Anidrido sulfúrico (SO3) Mín. 53,0
Fonte: NBR 13207 (2017)

2.2.1 Gesso para revestimento

De acordo com Peres, Benachour e Santos (2008), esse gesso é utilizado como
revestimento manual e é conhecido como gesso lento. Constituído basicamente de
hemi-hidrato de cálcio (CaSO4.1/2H2O) pode conter cerca de 2% de impurezas
como sílica, sulfato de magnésio, carbonatos, argilas e óxido de ferro e alumínio.

A NBR 13.207 (2017), define os requisitos físicos do gesso de fundição quanto o


tempo de pega e a granulometria, conforme Tabela 2.5.

Tabela 2.5 - Requisitos físicos do gesso para revestimento (tempo de pega e granulometria via
seca).
Tempo de pega (min.)
Ensaios
Início Fim
Gesso para revestimento ≥ 35
≥ 10
(sem aditivo)
Gesso para revestimento ≥ 50
≥4
(com aditivo)
Granulometria mínima (peneira
Granulometria abertura 0,21 mm)
≥ 90% passante
Fonte: NBR 13207 (2017)

Esse gesso é utilizado no revestimento das superfícies de paredes, tetos e lajes


constituídos de blocos cerâmicos, de cimento ou concreto (PERES; BENACHOUR;
SANTOS, 2008).

2.2.2 Gesso para fundição

De acordo com Peres, Benachour e Santos (2008), o gesso de fundição ou gesso


rápido, é composto de hemi-hidrato beta e pequena fração de anidrita solúvel. Este
40

gesso é utilizado na fabricação de pré-moldados, peças de decoração, placas para


forro, chapas de gesso acartonado, blocos de gesso etc.

A NBR 13.207 (2017), define os requisitos físicos do gesso de fundição quanto o


tempo de pega e a granulometria, conforme Tabela 2.6.

Tabela 2.6 - Requisitos físicos do gesso para fundição (tempo de pega e granulometria via seca).
Tempo de pega (min.)
Ensaios
Início Fim
Gesso para fundição ≤ 10 ≤ 20
Granulometria mínima (peneira
Granulometria abertura 0,29 mm)
≥ 90% passante
Fonte: NBR 13.207 (2017)

2.2.3 Gessos especiais

Esses gessos são produzidos a partir dos gessos básicos, mas são aditivados com
materiais auxiliares a fim de obter características necessárias à aplicação específica.
Essas adições podem ser agregados finos (areias e pó de calcário) ou aditivos
(retardadores de pega, retentores de água, aerantes e umectantes, plastificantes,
reforçadores de aderência e hidrofugantes) (PERES; BENACHOUR; SANTOS,
2008).

2.3 PRÉ-MOLDADOS DE GESSO

Os pré-moldados ou blocos de gesso são utilizados na vedação vertical na


compartimentação e separação de espaços internos em edificações. Este material é
leve (até 100kg/m²), fixo, monolítico, autoportante e executado por conformação
(NEVES, 2011).

Segundo a NBR 16.494 (2017), blocos de gesso são componentes fabricados


industrialmente, com formato de paralelepípedo, podendo ser maciço ou vazado,
possuindo duas faces planas e lisas, com encaixes macho e fêmea em lados
opostos.

Ainda segundo a NBR 16.494 (2017), os blocos de gesso podem ser classificados
conforme a Tabela 2.7.
41

Tabela 2.7 - Classificação dos blocos de gesso.


Utilização de
Absorção Distribuição
Densidade Dureza fibras de
de água de massa
reforço
Baixa; Baixa; Sem fibras;
Simples; Compacto;
Tipo de bloco Média; Média; Reforçado com
Hidrofugado Vazado
Alta Alta fibras
Fonte: NBR 16.494 (2017).

A NBR 16.494 (2017), define os requisitos de absorção de água, dureza e


densidade, conforme as Tabelas 2.8, 2.9 e 2.10.

Tabela 2.8 - Classificação de absorção para blocos em geral


Bloco Simples
Bloco Hidrofugado
≤ 5%, após 120
Absorção de água - minutos de imersão
em água.
Fonte: NBR 16.494 (2017).

Tabela 2.9 - Classificação de dureza para blocos em geral


Dureza Dureza (MPa)
Ensaio
(Shore C)
Alta Dureza ≥ 80 ≥ 20
Média Dureza ≥ 55 e < 80 ≥ 12 e < 20
Baixa Dureza ≥ 40 e < 55 ≥ 8 e < 12
Fonte: NBR 16.494 (2017).

Tabela 2.10 - Classificação da densidade para blocos em geral


Ensaio Densidade (kg/m³)
Alta densidade ≥ 1.100,0
Média densidade ≥ 800,0 e < 1.100,0
Baixa densidade ≥ 600,0 e < 800,0
Fonte: NBR 16.494 (2017).

De acordo com Santos (2017), a norma francesa EM 12859 (CEN, 2008) define três
tipos de blocos classificando-os quanto à capacidade de absorção de água, a saber:
HI, H2 e H3. Esses blocos possuem as cores verde, azul e branco, respectivamente,
conforme a Tabela 2.11.

Tabela 2.11 - Classificação dos blocos de gesso


Classificação Absorção de água Cor
H1 Sem exigência Branco
H2 ≤ 5% Azul
H3 ≤ 2,5% Verde
Fonte: EN 12859 (CEN, 2008) apud Santos (2017)
42

Para facilitar a identificação dos blocos de gesso nos canteiros de obras, a ABNT
definiu as cores presentes na Tabela 2.12, baseadas em requisitos de densidade e
absorção de água.

Tabela 2.12 - Identificação do bloco de gesso por cor


Densidade Cor
Densidade alta Verde
Densidade média Branco
Densidade baixa Amarelo
Densidade alta para hidrofugados Rosa
Densidade baixa para hidrofugados Lilás ou Rosa
Densidade média para hidrofugados Azul
Blocos hidrofugados com absorção de água ≤ 5%
Fonte: NBR 16.494 (2017)

Já no mercado da construção brasileira, os blocos de gesso são classificados de


acordo as propriedades físicas e composição, a saber: bloco de gesso standard (S),
bloco de gesso hidro (H), bloco de gesso GRG (glass reinforced gypsum) e bloco de
gesso GRGH (glass reinforced gypsum hidro) (SANTOS, 2017). Apenas o bloco
GRGH não é normalizado pela norma 16.494 (2017).

O bloco de gesso Standard (S), Figura 2.11, é considerado o bloco padrão. Este
bloco é fabricado nas versões maciça e vazada, e em duas espessuras, 70 mm e
100 mm. Produzido na cor branca para facilitar a identificação, o bloco S pode ser
aplicado no interior das edificações: escritórios, hospitais, escolas, hotéis entre
outros. (NEVES, 2011).

Figura 2.11 - Bloco de gesso Standard

Fonte: Santos (2017)


43

O bloco de gesso Hidrofugado (H), Figura 2.12, possui aditivos hidrofugantes que
diminuem a absorção de água e é fabricado na cor azul. É recomendado para a
construção de paredes internas em áreas molhadas (cozinhas, lavabos, áreas de
serviço, banheiros, copas) e na primeira fiada de paredes em áreas normais
(sujeitas a lavagens periódicas) (MOURA, 2009).

Figura 2.12 - Bloco de Gesso Hidro

Fonte: Santos (2017)

O bloco de gesso GRG (Glass Reinforced Gypsum), Figura 2.13, são blocos
especiais aditivados e reforçado com fibra de vidro. No mercado brasileiro, esses
blocos possuem a cor verde e são recomendados para a construção de alvenarias
que estarão submetidas a esforços de cargas suspensas e de impactos ou em áreas
que ocorram grandes aglomerações de pessoas (COSTA; INOJOSA, 2007 apud
SANTOS, 2017).

Figura 2.13 - Bloco de Gesso GRG

Fonte: Santos (2017).

O bloco de gesso GRG-H (Glass Reinforced Gypsum Hidro), Figura 2.14, possui
características do bloco hidro (hidrofugado) e do bloco GRG. Comercializado na cor
rosa, é recomendado para construção de alvenaria em áreas molhadas sujeitas às
ações mecânicas (CAMPOS, 2017).
44

Figura 2.14 - Bloco GRG-H

Fonte: Santos (2017)

2.3.1 PATOLOGIAS NOS PRÉ-MOLDADOS DE GESSO

Segundo Rodrigues (2008), as patologias nas construções com blocos de gesso


podem ser ocasionadas por ação por sulfato, ação de carregamentos e pela ação da
água. O entendimento destas ações é essencial para a eficiente prevenção e
correção das patologias em blocos de gesso.

a) Ação por sulfato: Redução da rigidez e resistência seguido de expansão e


fissuração da argamassa de cimento quando utilizada para junção dos blocos
de gesso em contato com pilares, paredes ou outros elementos construtivos.
Isso se deve quando, em ambiente úmido, o sulfato do gesso em contato com
o cimento, reage com os aluminatos. Desta forma, não haverá a aderência
entre o gesso e o cimento, conforme figura 2.15.

Figura 2.15 - Falta de aderência do pré-moldado de concreto com a alvenaria de gesso.

Fonte: Rodrigues (2008)


45

b) Ação de carregamentos: Fissuração nas alvenarias de gesso devido à baixa


resistência dos blocos à tração, cisalhamento e à flexão, conforme Figura
2.16. Esse problema é favorecido pela falta de elementos adequados para a
transferência dos esforços, como vergas e contra-vergas nos vãos de portas e
janelas.

Figura 2.16 - Fissuras abaixo da linha de madeira do telhado.

Fonte: Rodrigues (2008)

c) Ação da água: Desagregação da pintura e o desgaste do gesso são algumas


patologias relacionadas à umidade, Figura 2.17. Se deve a solubilidade do
gesso e devido a erros construtivos que proporcionam o contato com a água
e umidade.

Figura 2.17 - Projeção de beiral insuficiente para proteger a parede da chuva

Fonte: Rodrigues (2008)


46

A ação da água numa estrutura de gesso está relacionada com a maior facilidade de
transporte de íons, retirando partículas do interior da estrutura em um processo
chamado lixiviação (RODRIGUES, 2008).

De acordo com Siqueira Filho (2006), o surgimento de manchas amarelas nos


blocos de gesso é a patologia pós-pintura mais comum dos sistemas convencionais
de pintura, Figura 2.18. As potenciais causas do amarelamento dos blocos de gesso
pós-pintura foram citadas por Pinho (2003), a saber:

a) Água utilizada;
b) Tipos de desmoldantes;
c) Processo de secagem ao ar livre;
d) Umidade relativa durante a pintura;
e) Tipo de tinta.

Figura 2.18 - Parede revestida com gesso, pintada

Fonte: Siqueira Filho (2006)

2.4 SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

De acordo com Arantes (2007), o sistema de impermeabilização é o conjunto de


elementos destinados a garantir as funções da edificação ao longo do tempo, frente
a ação da água. A NBR 9575 (2010) define sistema de impermeabilização como o
conjunto de produtos e serviços dispostos em camadas ordenadas, destinado a
conferir estanqueidade a uma construção.

Estanqueidade é a propriedade de um elemento (ou conjunto de componentes) de


impedir a penetração ou passagem de fluidos através de si (NBR 9575, 2010).
47

O principal agente causador de patologias relacionado aos sistemas de


impermeabilização é a agua. Foi verificado que cerca de 62% dos sinistros em uma
edificação resultam de problemas de estanqueidade à água (SOUSA, 2004).

De acordo com a NBR 9575 (2010), o tipo adequado de impermeabilização a ser


empregado na construção civil deve ser determinado segundo a solicitação que
requeira estanqueidade. A solicitação poderá ser de quatro formas distintas, a saber:

a) Imposta pela água de percolação (chuva, lavagem): paredes, coberturas e


pisos;
b) Imposta pela umidade do solo (água capilar): fundações, cortinas, pisos sobre
o solo;
c) Imposta pelo fluido sob pressão (unilateral ou bilateral): piscinas e
reservatórios;
d) Imposta pela água de condensação: superfícies expostas ao calor e ao frio.

2.4.1 Materiais e sistemas impermeabilizantes

Segundo Arantes (2007), existem no mercado brasileiro diversos produtos


impermeabilizantes com características físico-químicas distintas de acordo a
matéria-prima e segundo o sistema impermeabilizante. Os materiais
impermeabilizantes poderão ser:

a) Asfalto Oxidado;
b) Emulsão Asfáltica;
c) Solução Asfáltica;
d) Emulsão Polimérica;
e) Asfalto Modificado;
f) Mastique;
g) Solução Polimérica;
h) Resina Epoxídica
i) Cimentos Impermeabilizantes;
j) Aditivo Impermeabilizante;
k) Manta de Polímero.
48

A NBR 9575 (2010), classifica os tipos de materiais impermeabilizantes segundo o


material constituinte da principal camada impermeável, conforme a seguir:

a) Cimentícios;
b) Asfálticos;
c) Poliméricos.

2.4.2 Aditivo hidrofugante

A utilização de aditivos hidrofugantes poliméricos na produção de pré-moldados de


gesso se deve a necessidade de obter materiais mais resistentes à ação da água
(LIMA FILHO, 2010). Estudos realizados por Aberle et al. (2010), apontam o uso de
aditivos hidrofugantes em pastas de gesso destinadas para revestimentos externos
ou áreas úmidas, como banheiros e áreas de serviço.

De acordo com Lima Filho (2010), a hidrofugação dos blocos poderá ocorrer
diretamente misturado na água de amassamento durante a produção do bloco em
líquido ou em pó (aditivo de massa) ou utilizados como pintura, após a fabricação
(aditivo de superfície). Existe uma grande variedade de produtos hidrorrepelentes no
mercado que poderão possuir diferentes cores, ser incolor ou transparente, solúveis
em água ou em solventes, mas não há informações quanto à validade, durabilidade
e eficácia residual (OLIVEIRA, 2013).

Comercialmente, os principais hidrófugos são os produtos à base de silanos e


siloxanos ou misturas desses derivados do silicone. Os aditivos hidrofugantes
também poderão ser compostos de materiais celulósicos que dependerão do ph do
gesso e de seu processo de fabricação. A produção dos hidrorrepelentes dependerá
das características da aplicação (LIMA FILHO, 2010; OLIVEIRA, 2013; MOURA,
2009).

Os silanos, também designados como alquiltrialcoxisilanos, são o derivado mais


simples do silicone. Possuem moléculas muito pequenas e baixa viscosidade
permitindo a penetração em materiais com poros extremamente finos. Os silanos
ligam-se quimicamente em materiais contendo sílica ou alumina tornando-os
hidrófugos. Os siloxanos, conhecidos como oligômeros alquilalcoxisiloxanos,
permitem a boa penetração e hidrorrepelência mesmo com estrutura maior que os
silanos. Este hidrorrepelente reage semelhantemente aos silanos mas apresenta
49

perdas menores dos componentes ativos, maior reatividade, são menos voláteis e
necessitam de menor tempo para formar a superfície hidrófuga (OLIVEIRA, 2013).

Segundo Gonçalves (2010), a utilização do aditivo hidrófugo reduz a tensão capilar


no interior da mistura impedindo a penetração ou circulação da água. O emprego
desses aditivos reduz a taxa de penetração de água por absorção capilar que não
está sob pressão hidrostática. Assim, a formação da barreira de umidade em
concretos e argamassas não é efetiva e permite a entrada e saída de vapor de água
(CASALI; GAVA; JR, 2006).

Os aditivos hidrófugos a base de silano e siloxano são compostos por partículas


menores, muito finas e insolúveis que não são lixiviados pela água (BRUNO, 2001;
INLUB, 2016). Estudos mostram que o emprego de hidrófugos faz os poros maiores
tornarem pequenos ou muito pequenos, e poros contínuos tornarem pequenos e
isolados diminuindo o volume total de poros nas argamassas (LU, ZHOU, ZHANG,
2004 apud CASALI; GAVA; JR, 2006).

Ainda segundo Casali, Gava e Jr. (2006), a utilização de aditivos hidrofugantes


poderá provocar efeitos secundários nas propriedades do estado fresco do concreto.

2.4.2.1 Estudos recentes sobre o uso de aditivos hidrofugantes em pastas de gesso

Pesquisas tem sido realizadas com o objetivo de avaliar a influência do aditivo


hidrofugante nas pastas de gesso de fundição. Esses estudos foram feitos utilizando
aditivos hidrófugos de massa próprios para pastas de gesso e também para pastas
cimentícias, como argamassas e concretos.

Sousa (2015), avaliou a ação do aditivo hidrófugo comercial nas propriedades no


estado fresco e endurecido do gesso de fundição. O estudo contemplou a realização
de ensaios de tempo de pega, resistência à compressão e absorção de água e
ciclos de umedecimento e secagem de corpos de prova. Os resultados indicaram a
viabilidade da utilização do aditivo hidrófugo em relação à absorção de água. No
entanto, aditivo provou a diminuição da resistência à compressão e retardou o
tempo de pega.

Silva et al. (2016), realizou a avaliação das propriedades do gesso de fundição


aditivado com hidrofugante recomendado para gesso. Foram estudadas as
50

propriedades de tempo de pega, dureza superficial, resistência à compressão axial,


absorção de água por capilaridade, absorção de água por imersão total e ciclos de
umidade e secagem. Os resultados indicaram que o aditivo influenciou as
propriedades no estado fresco e endurecido, retardando o tempo de pega,
diminuindo a resistência à compressão, diminuindo a dureza superficial, diminuindo
a absorção de água por imersão total e por capilaridade. Sobre os ciclos de umidade
e secagem, a utilização do aditivo hidrofugante reduziu a degradação da superfície
dos corpos de prova.

Crateú (2017), realizou estudos com aditivos hidrofugantes para materiais


cimentícios avaliando as propriedades do gesso de fundição no estado fresco e
endurecido. Foram realizados ensaios de tempo de pega, resistência à compressão,
absorção de água por imersão e por capilaridade. Em relação à absorção de água
por capilaridade, observou-se que as pastas com o aditivo hidrofugante tiveram
melhores resultados que a pasta sem aditivo, porém a longo prazo perderam
eficiência.

Silva (2017), analisou a contribuição ao estudo da formulação de pastas de gesso,


para fundição, com aditivos hidrofugantes comerciais para argamassas e concretos.
As pastas foram avaliadas no estado fresco quanto ao tempo de pega e no estado
endurecido quanto a resistência à compressão, absorção de água por imersão total,
imersão por capilaridade e ensaios de envelhecimento acelerado em ciclos de
molhagem e secagem. O estudo mostrou que os aditivos provocaram o
retardamento da pega, a diminuição da resistência à compressão, o aumento da
absorção de água em algumas pastas e não influenciou nos ensaios de
envelhecimento acelerado.

Santos (2017), estudou o comportamento higrotérmico de paredes de gesso do tipo


standard e do tipo hidro utilizando diferentes teores de hidrofugação, fazendo uma
avaliação da adequabilidade a zonas climáticas do Brasil. Foram realizados os
ensaios de absorção por capilaridade, condutibilidade térmica, permeabilidade ao
vapor, curva de retenção, dureza superficial, resistência à compressão, resistência à
flexão e resistência ao impacto. Os resultados indicaram que é possível utilizar
alvenarias de gesso em fachadas, desde que haja condições climáticas favoráveis,
com baixa pluviosidade e elevada insolação.
51

2.5 DURABILIDADE

De acordo com Farias Filho (2007), o estudo da durabilidade é essencial no


desenvolvimento de novos materiais. O conhecimento da vida útil e condições de
uso desses materiais é importante para que haja confiabilidade e para que possam
ser disponibilizados no mercado como nova tecnologia.

Segundo Oliveira (2013), o conceito de durabilidade é descrito como a capacidade


do edifício ou seus elementos de desempenhar as funções requeridas durante um
determinado período de tempo sob a influência dos agentes atuantes em serviço. A
durabilidade não configura uma propriedade intrínseca do material mas dependerá
das condições de serviço.

Oliveira (2013) ainda associa o conceito de durabilidade à qualidade de forma direta.


Quanto maior a durabilidade de um elemento construtivo ou edificação maior será a
qualidade apresentada e vice-versa.

Para o desenvolvimento de um material de forma confiável e com qualidade é


essencial que o material mantenha as características de forma satisfatória ao longo
da vida útil e não apenas inicialmente (FIGUEIREDO, 2011). De acordo com Lima
(2010), a vida útil é o intervalo de tempo no qual as características da estrutura se
mantém de acordo os requisitos de uso, manutenção e reparos necessários.

Na avaliação da durabilidade é essencial o conhecimento dos termos degradação,


agentes ou fatores de degradação, mecanismo de degradação e indicadores de
degradação. Segundo Farias Filho (2007):

a) Degradação: processo pelo qual o material sofre transformações irreversíveis


que provocam perda de qualidade ou valor;
b) Agentes ou fatores de degradação: agentes químicos ou biológicos e ações
que provocam a degradação do material;
c) Mecanismo de degradação: formas pelas quais os agentes provocarão
perdas nas propriedades previamente esperadas ou existentes do material;
d) Indicadores de degradação: parâmetros utilizados para quantificar os
mecanismos de degradação. São propriedades mensuráveis, as quais
expressam a variação no desempenho do produto durante a utilização ou
avaliação.
52

2.5.1 Estudos da durabilidade

Quando um elemento construtivo está sujeito a um ou vários fatores de degradação


e atinge o limite de durabilidade verifica-se que o seu estado limite foi superado. A
definição da vida útil e da durabilidade adequada será definida com base em
critérios com base na definição de níveis mínimos de desempenho específicos
(OLIVEIRA, 2013).

A avaliação da resistência à compressão é uma das propriedades utilizadas no


estudo da durabilidade. Esse parâmetro é utilizado para quantificação e observação
de possíveis variações na durabilidade de um material e justifica-se devido existir
relação direta entre a variação da resistência e a durabilidade (FARIAS FILHO,
2007).

De acordo com Lima Filho (2010), o estudo da durabilidade consiste em expor o


material às condições que simulam a utilização ao longo da vida útil e avaliar a
degradação. Os métodos mais empregados são: ensaio de durabilidade natural,
ensaio de durabilidade em uso e ensaio de durabilidade acelerada.

a) Ensaio de durabilidade natural: os materiais são expostos às condições que


serão submetidas durante o uso. É considerado um ensaio lento pois
necessita de um longo período de exposição para possibilitar a ação dos
agentes de degradação. A vantagem está na proximidade das condições de
utilização reais durante o uso (LIMA FILHO, 2010).
b) Ensaio de durabilidade em uso: este ensaio expõe o material às condições de
uso real e considera o componente interagindo com outros elementos
construtivos permitindo uma avaliação sistêmica. É o método mais eficiente
na avaliação da durabilidade do material. Entretanto, requer um longo período
de tempo (FARIAS FILHO, 2007).
c) Ensaio de durabilidade acelerada: consiste em submeter o material em
condições de exposição com alta intensidade aos agentes de degradação.
Esse método é caracterizado pela rapidez na obtenção de repostas, mas de
forma imprecisa. A simulação de materiais de construção convencionais ou
não convencionais poder ser realizada por meio do uso de ciclos de
molhagem e secagem do material (FARIAS FILHO, 2007; LIMA FILHO,
2010).
53

Segundo o estudo realizado por Silva (2002), foi observado que a quantidade de
ciclos no ensaio de durabilidade acelerada simulava um envelhecimento
correspondente a nove meses de envelhecimento natural em compósitos produzidos
com cimento de escória de alto forno com fibra de celulose.

Pesquisas realizadas indicam o estudo da durabilidade em diversos materiais, a


saber: concretos produzidos com resíduos de alvenaria, compósitos de concreto de
cimento Portland com agregados reciclados, solos contaminados e tratados com
cimento Portland e em cerâmicas vermelhas incorporadas com resíduo de granito
(OLIVEIRA, 2012; LEVY, 2001; ROJAS, 2008; XAVIER, 2009 apud LIMA FILHO,
2010).

No Brasil, o ensaio de durabilidade por ciclos de molhagem e secagem é


regulamentada para solo-cimento pela NBR 13.554 (1996) e há a avaliação da
variação de volume, variação de umidade e perda de massa.
54

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O presente capítulo desta pesquisa descreve o programa experimental que foi


utilizado com o objetivo de estudar os efeitos provocados pela utilização de aditivos
hidrofugantes comerciais nas propriedades das pastas de gesso de fundição.

Descrevem-se as etapas de desenvolvimento da pesquisa, os materiais utilizados,


as variáveis e os métodos de ensaios aplicados para caracterização dos materiais e
das misturas utilizadas.

A pesquisa experimental foi desenvolvida no Laboratório de Materiais e Técnicas


Construtivas (LABMATEC/CCIVIL) e no Laboratório de Materiais Mecânicos
(LMM/CMEC) da UNIVASF – Campus Juazeiro.

3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

O desenvolvimento do programa experimental consistiu nas seguintes etapas:

i. Caracterização física da matéria-prima

Foi realizada a caracterização da matéria-prima (gesso de fundição) em pó, no


estado fresco e endurecido. Os ensaios realizados foram: água livre, consistência
normal, dureza superficial, granulometria, massa específica, massa unitária, tempo
de pega, calor de hidratação e resistência à compressão axial.

ii. Avaliação do efeito dos aditivos hidrofugantes comerciais nas pastas de


gesso de fundição

Em seguida, foram realizados os estudos nas pastas de gesso de fundição com os


aditivos hidrófugos. Consistiu na avaliação das propriedades no estado fresco:
consistência, calor de hidratação e tempo de pega; e no estado endurecido:
absorção de água por imersão total, perda de massa, absorção de água por
capilaridade, dureza superficial e resistência à compressão axial.

iii. Estudo da durabilidade

Nessa etapa foram realizados os estudos de durabilidade por meio do ensaio de


envelhecimento natural das pastas de gesso com e sem aditivo hidrofugante. Foram
avaliadas as propriedades no estado endurecido de absorção de água por imersão
55

total, absorção de água por capilaridade, dureza superficial e resistência à


compressão axial.

3.2 FLUXOGRAMA DO PROGRAMA EXPERIMENTAL

Na Figura 3.1 está apresentado o fluxograma do programa experimental que foi


desenvolvido neste trabalho.

Figura 3.1 - Fluxograma do programa experimental

Fonte: Autor (2018)

3.3 MATERIAIS

Os materiais utilizados na pesquisa foram a água, o gesso comercial e o aditivo


hidrofugante comercial.
56

3.3.1 Água

A água utilizada na pesquisa no preparo das pastas foi fornecida pelo sistema de
abastecimento público por intermédio da concessionária da cidade de Juazeiro –
BA. Somente nos ensaios em que há a prescrição normativa foi utilizada a água
destilada.

3.3.2 Gesso Comercial

O gesso empregado na fabricação das pastas foi um hemidrato de fundição ou


gesso rápido. Esse gesso foi adquirido no Polo Gesseiro do Araripe, em Araripina –
PE, em sacos de 40 kg de um mesmo lote.

3.3.3 Aditivo Hidrofugante

Foram utilizados dois aditivos hidrófugos comerciais, de massa, indicados para


pastas de gesso aqui identificados como, aditivo 1 e aditivo 2. Esses aditivos são
comercializados por empresa brasileira e adquiridos por meio de representante
comercial.

O aditivo 1 é recomendado para utilização em gesso cola, gesso hidro-repelente e


gesso projetado. Fornecido em pó, esse aditivo possui coloração branco a
levemente amarelado, densidade de 0,50 a 0,70 g/cm³, teor de umidade máximo de
7,0% e validade de 12 meses. A dosagem recomendada pelo fabricante é de 0,6% a
1,0% sobre a massa da formulação.

O aditivo 2, chamado também de polidimetil siloxano, é recomendado para


aplicações em argamassas e revestimentos decorativos, revestimentos com gesso,
rejunte hidrofóbico e tintas minerais e acrílicas. Fornecido em pó, é composto por
silano-siloxano. O aditivo possui teor de umidade máximo de 5,0%, coloração
branco a levemente amarelado, densidade aparente de 0,40 a 0,50 g/cm³, ph da
solução 8,0 – 9,0 e validade de 12 meses. A dosagem recomendada pelo fabricante
é de 0,2% a 0,8% sobre a massa da formulação.

Nesta pesquisa apenas foram utilizadas dosagens dos aditivos de acordo à faixa
recomendada pelo fabricante.
57

3.4 VARIÁVEIS ANALISADAS NA PESQUISA

Para a avaliação das propriedades físicas e mecânicas das pastas de gesso de


fundição foi utilizada a relação água/gesso (a/g) de 0,7. Esta relação foi escolhida
devido ser utilizada na fabricação comercial de blocos de gesso no Polo Gesseiro do
Araripe e, assim, obter as mesmas características da produção comercial dos
blocos.

Como variável independente tem-se o tipo de aditivo hidrófugo e os teores utilizados


para cada um. As proporções de aditivo são de acordo a massa do gesso hemidrato
e adotadas com base na recomendação do fabricante. Também foram utilizadas
pastas de gesso sem o aditivo para serem parâmetros de referência no estudo.

A Tabela 3.1 apresenta a matriz experimental que foi utilizada neste estudo, que
especifica as pastas estudadas e a proporção de aditivo para cada pasta.

Tabela 3.1 - Matriz experimental da pesquisa


Relação
Pasta Gesso Aditivo Hidrofugante
água/gesso
Caracterização – consistência normal
GFC 100,0% 0,0% 0,5
Referência – sem aditivo
GF0 100,0% 0,0% 0,7
Hidrofugado - Com aditivos
GF1 - A 100,0% 0,6% 0,7
GF1 - B 100,0% 1,0% 0,7
GF2 - A 100,0% 0,2% 0,7
GF2 - B 100,0% 0,8% 0,7
Fonte: Autor (2018)

As pastas foram identificadas pelo prefixo “GF” que significa gesso de fundição. A
letra “C” indica que a pasta GFC foi fabricada utilizando a consistência normal. A
pasta GF0 não possui aditivo hidrofugante, sendo a referência.

As pastas GF1-A e GF1-B foram produzidas utilizando o aditivo 1. Já as pastas GF2-


A e GF2-B foram produzidas utilizando o aditivo 2.

3.5 METODOLOGIA DE ENSAIOS E PROCEDIMENTOS

Nesta seção estão relatados os experimentos e os procedimentos que foram


realizados na pesquisa. As pastas em estudo foram avaliadas em pó, nos estados
58

fresco e endurecido, quanto as propriedades físicas e mecânicas, conforme Tabela


3.2.

Tabela 3.2 - Metodologias dos ensaios de caracterização


Estado Objetivo Ensaio Método Material/Pasta
Caracterização Caracterização
Água livre NBR 12130 (2017) Gesso
Física Granulometria NBR 12127 (2017) Gesso

Massa
NM 23 (2001) Gesso
específica
Massa unitária NBR 12127 (2017) Gesso
Calor de
Pseudoadiabático Todas as pastas
hidratação
Fresco

Física

Consistência NBR 12128 (2017) Todas as pastas

Tempo de pega NBR 12128 (2017) Todas as pastas

Absorção de
água por NBR 16495 (2016) GF0; GF1; GF2
imersão total
Caracterização Mecânica

Perda de
NBR 13554 (1996) GF0; GF1; GF2
Massa
Absorção de
ASTM C1794
água por GF0; GF1; GF2
(2015)
capilaridade
Endurecido

Dureza
NBR 12129 (2017) Todas as pastas
superficial
Resistência à
compressão NBR 12129 (2017) Todas as pastas
axial
Durabilidade
Ensaio de

Envelhecimento Adaptado, Farias


GF0; GF1; GF2
Natural Filho (2007)

Fonte: Autor (2018)

3.5.1 Preparo e produção das pastas de gesso

As pastas de gesso foram preparadas conforme disposto na norma NBR 12129


(2017). Inicialmente, o aditivo hidrofugante foi dissolvido na água de amassamento
com as proporções presentes na Tabela 3.1.

Em seguida, foi realizado o polvilhamento do gesso na água de amassamento, em


59

um recipiente impermeável e não reativo com o sulfato de cálcio, durante 1 min. A


seguir, a pasta ficou em repouso por 2 min. Durante 1 min. Foi realizada a mistura
de forma contínua, desfazendo os grumos de gesso e bolhas de ar.

A homogeneização da mistura ocorreu com frenquência de uma volta por segundo,


manualmente. Após o preparo das pastas, as mesmas foram transferidas,
rapidamente, em duas camadas para os moldes metálicos, impermeáveis e não
reativos, permanecendo por 1h até a desmoldagem.

Após desmoldados, os corpos de prova permaneceram em estufa a 40 ºC para


secagem. Após atingida a constância de massa, que ocorreu com quatro dias, os
corpos de prova foram transferidos para o dessecador permanecendo por 24h,
Figura 3.2. Os corpos de prova foram retirados do dessecador apenas
imediatamente antes dos ensaios no estado endurecido.

Figura 3.2 - Corpos de prova nos dessecadores

Fonte: Autor (2018)

Para cada pasta de gesso foi moldada uma série contendo três corpos de prova. Em
relação ao preparo das pastas, foi verificado que o aditivo 2 não se homogeneizava
completamente com o gesso em meio aquoso, apresentando algumas
aglomerações do aditivo, conforme a Figura 3.3.

Figura 3.3 - Preparo das pastas com aditivo 2

Fonte: Autor (2018)


60

3.5.2 Ensaios no estado fresco

Os ensaios realizados no estado fresco foram o de calor de hidratação, consistência


e tempo de pega.

3.5.2.1 Calor de hidratação

O calor de hidratação, ou cinética de temperatura, das pastas foi obtido por meio de
ensaios calorimétricos que revelaram o incremento de temperatura ao longo do
tempo.

Neste ensaio foi utilizado um equipamento em condições pseudoadiabáticas,


semelhantemente ao utilizado por Ferreira (2017), Andrade (2016), Pinheiro (2011) e
Antunes (1999). Este equipamento é constituído por um recipiente de isopor com
tampa e, no interior, um copo de plástico descartável que recebeu a pasta de gesso,
como indicado na Figura 3.4. Para propiciar o isolamento do material foi colocado
um material de baixa condutividade (espuma de poliuretano) nos espaços vazios.

Figura 3.4 - Esquema representativo do calorímetro

Fonte: Andrade (2016)

Para o registro do incremento da temperatura ao longo do tempo foi utilizado um


termopar conectado a um datalogger localizado na tampa do isopor que fica em
contato com a pasta. O datalogger foi conectado a um computador por meio da
entrada USB, Figura 3.5. As curvas calorimétricas foram expressas, graficamente,
em Temperatura (°C) x Tempo (min.).
61

Figura 3.5 – Aparelhagem para o ensaio de calorimetria e datalogger, respectivamente.

Fonte: Autor (2018)

O datalogger que foi utilizado é do modelo TEMPer2, da PC Sensor. A faixa de


captação do aparelho é de – 40 ºC a 125 °C.

3.5.2.2 Consistência

A consistência é a relação água/gesso na qual será obtida uma fluidez da pasta de


gesso adequada para a realização da caracterização do gesso em pasta. Este
ensaio foi realizado segundo a NBR 12128 (2017), utilizando o aparelho de Vicat
modificado, Figura 3.6.

Figura 3.6 - Aparelho de Vicat modificado.

Fonte: Autor (2018)

A medição da consistência ocorreu por meio da leitura da escala graduada após a


penetração lenta da sonda cônica. A consistência foi determinada através da média
de duas leituras consecutivas no visor.

A consistência é considerada normal quando for obtida uma penetração de (30 ± 2)


mm. A consistência normal foi utilizada nos ensaios de caracterização física e
mecânica da matéria prima, conforme a Tabela 3.1.
62

3.5.2.3 Tempo de pega

A determinação do tempo de pega foi realizada conforme o método especificado na


NBR 12128 (2017), que recomenda o aparelho de Vicat, Figura 3.7. O início da pega
se deu no instante em que a agulha do aparelho de Vicat não mais tocou o fundo da
pasta, ficando afastada, aproximadamente, 1 mm da base.

Figura 3.7 - Aparelho de Vicat

Fonte: Autor (2018)

O fim de pega foi determinado no instante em que a agulha não mais penetrou na
pasta deixando apenas uma leve impressão na superfície. Os resultados foram
expressos por meio da média de, pelo menos, duas determinações com variação de
até 5% entre elas.

3.5.3 Ensaios no estado endurecido

No estado endurecido foram realizados os ensaios de dureza superficial, resistência


à compressão axial, absorção de água por imersão total e absorção de água por
capilaridade. Também foi feita a avaliação da perda de massa dos corpos de prova
após o ensaio de absorção de água por imersão total.

3.5.3.1 Dureza Superficial

Após o preparo das pastas, conforme o item 3.5.1, foi realizado o ensaio de dureza
superficial de acordo a NBR 12129 (2017). Este ensaio utilizou os mesmos corpos
de prova do ensaio de resistência à compressão. De acordo com a NBR 12129
(2017), primeira realiza-se a dureza e, em seguida, a resistência dos corpos de
prova.
63

O ensaio de dureza consistiu no contato de uma esfera metálica de diâmetro igual a


10,0 mm na superfície do corpo de prova em uma prensa de ensaio para
determinação da dureza com capacidade de 0,5 toneladas força, como indicado na
Figura 3.8. Após o ensaio, foram feitas as medições da impressão da esfera
metálica na superfície dos corpos de prova com o auxílio de um paquímetro digital.

Figura 3.8 - Ensaio de dureza superficial em uma prensa de ensaios

Fonte: Autor (2018)

O valor da dureza superficial foi determinado por meio da Equação 7.

𝐹
𝐷= (7)
𝜋𝑥∅𝑥𝑡

Onde:

D = Dureza superficial (N/mm²);


F = Carga (N);
Ø = Diâmetro da esfera (mm);
t = Média da profundidade (mm).

Este ensaio também foi realizado nos mesmos corpos de prova que foram
submetidos ao ensaio de absorção de água por imersão total para a avaliação do
efeito da água nesta propriedade.

3.5.3.2 Resistência à compressão axial

O ensaio de resistência à compressão foi realizado conforme a metodologia indicada


na NBR 12129 (2017). Para este ensaio foram utilizados três corpos de prova
cúbicos (50,0 mm x 50,0 mm x 50,0 mm) fabricados em molde metálico,
impermeável e não reativo com sulfato de cálcio, moldados simultaneamente.
64

Após a estabilização da massa dos corpos de prova durante 4 dias em estufa à 40º
C e permanência no dessecador, durante 24h, foi realizado o ensaio de resistência à
compressão em uma máquina universal de ensaios modelo Time Group
WAW1000C, com capacidade de 100 toneladas força, como indicado na Figura 3.9.

Figura 3.9 - Ensaio de resistência à compressão

Fonte: Autor (2018)

O valor da resistência à compressão foi obtido por meio da Equação 8.

𝑃
𝑅= (8)
𝑆

Onde:

R = Resistência à compressão (MPa);


P = Carga que produziu a ruptura do corpo de prova (N);
S = Área de seção transversal de aplicação da carga (mm²).

Este ensaio também foi realizado nos mesmos corpos de prova que foram
submetidos ao ensaio de absorção de água por imersão total para a avaliação do
efeito da água nesta propriedade.

3.5.3.3 Absorção de água por imersão total

Este ensaio foi realizado conforme determinado na NBR 16495 (2016), para blocos
de gesso para vedação vertical. Foram utilizados três corpos de prova cúbicos (50,0
mm x 50,0 mm x 50,0 mm) por pasta de gesso.
65

Após a estabilização da massa durante 4 dias em estufa à 40º C e permanência no


dessecador por 24 h, os corpos de prova foram inseridos no recipiente com água à
temperatura ambiente durante 120 min. Conforme recomendação normativa, os
corpos de prova não entraram em contato com o fundo do recipiente e sua face
superior permaneceu com uma lâmina de água de (5 ± 1) cm. Na Figura 3.10
observa-se o ensaio de absorção de água por imersão total.

Figura 3.10 - Ensaio de absorção de água por imersão total

Fonte: Autor (2018)

Após o contato com a água os corpos de prova foram enxutos superficialmente e


pesados, obtendo a massa úmida, em gramas.

A absorção de água foi determinada por meio da Equação 9.

𝑚2 − 𝑚1
𝐴= 𝑥100 (9)
𝑚1

Onde:

A = Absorção de água (%);


M2 = Massa obtida após a imersão dos corpos de prova (g);
M1 = Massa inicial após o dessecador (g).

3.5.3.4 Perda de massa

Este ensaio foi realizado conforme determinado na NBR 13.554 (1996). Esta norma
trata do ensaio de durabilidade por molhagem e secagem em solo-cimento.

Após o ensaio de absorção de água por imersão total, os corpos de prova


permaneceram em estufa durante quatro dias a 40 ºC, seguido de 24h no
dessecador, para estabilização da massa.
66

Após a estabilização da massa, os corpos de prova foram pesados para


determinação da massa seca final. A perda de massa foi determinada através da
Equação 10.
(10)
𝑚𝑖 − 𝑚𝑓
𝑃𝑚 = 𝑥100
𝑚𝑖

Onde:

Pm = Perda de massa final (%);


mi = Massa seca inicial dos corpos de prova;
mf = Massa seca final dos corpos de prova;

3.5.3.5 Absorção de água por capilaridade

Para a realização deste ensaio foi adotada a metodologia definida pela norma
americana ASTM C1794 (2015), “Determination of the Walter Absorption Coefficient
by Partial Immersion”. Esta norma foi utilizada devido determinar os procedimentos
para o cálculo da absorção de água por unidade de área e do coeficiente de
capilaridade para os materiais de construção, inclusive, o gesso.

De acordo com a ASTM C1794 (2015), o coeficiente de capilaridade é a massa de


água absorvida por uma amostra por área da superfície e pela raiz quadrada do
tempo. Este coeficiente foi utilizado para classificar as pastas estudadas quanto à
absorção de água.

No ensaio foram utilizados três corpos de prova prismáticos (40,0 mm x 40,0 mm x


160,0 mm), para cada pasta de gesso. Após o preparo e estabilização da massa,
conforme o item 3.5.1, os corpos de prova receberam uma impermeabilização das
faces laterais com duas demãos de resina acrílica, Figura 3.11. Este procedimento
foi utilizado para possibilitar a existência de apenas um fluxo unidirecional.
67

Figura 3.11 - Aplicação da resina acrílica nos corpos de prova

Fonte: Autor (2018)

Após a secagem da resina acrílica, os corpos de prova foram inseridos em um


recipiente com lâmina de água de 5 ± 2 mm. Para que a base dos corpos de prova
não tocasse o fundo do recipiente, foi utilizada uma tela fixada a tubos de PVC com
distância de 3,0 cm do fundo, devido a norma exigir uma distância de, pelo menos, 5
mm do fundo do recipiente. Na Figura 3.12, observa-se o ensaio de absorção de
água por capilaridade.

Figura 3.12 - Ensaio de absorção de água por capilaridade

Fonte: Autor (2018)

Após o contato com a água, os corpos de prova foram pesados nos tempos, em
minutos: 5, 20, 60, 120, 240, 360, 1440. A norma ASTM C1794 (2015), determina
que as pesagens deverão ocorrer, pelo menor, duas vezes no período de 24 h e,
impreterivelmente, com 4h de duração.

A norma determina que seja observada a absorção líquida dos corpos de prova. Se
for menor que 0,001 kg/m² a medição será interrompida e o material será
classificado como “resistente contra a absorção”. Se a água líquida estiver visível na
68

superfície superior do espécime, o tempo deverá ser observado e a medição deverá


ser encerrada, pois a ascensão capilar terá terminado.

A quantidade de água absorvida por unidade de superfície (Δmt) foi determinada por
meio da Equação 11. Em seguida, foram plotados os gráficos de (Δmt) em função da
raiz quadrada do tempo, em segundos.

𝑚𝑡 − 𝑚𝑖
∆𝑚𝑡 =
𝐴 (11)
Onde:

∆mt = Quantidade de água absorvida por unidade de superfície (kg/m²);


mt = Massa final (kg);
mi = Massa inicial (kg);
A = Área da superfície do corpo de prova.

A norma ASTM classifica o comportamento da absorção de água por capilaridade


dos materiais em dois, Tipo A e Tipo B, de acordo a quantidade de água absorvida
por unidade de superfície (Δmt) e da raiz quadrada do tempo.

Se o gráfico de (∆mt) x raiz quadrada do tempo for linear até o final do ensaio, o
material será do Tipo A. Desta forma, o coeficiente de capilaridade será obtido por
meio da Equação 12, utilizando o último ponto do gráfico.

∆𝑚′𝑡𝑓 − ∆𝑚′0
𝐴𝑤 =
√𝑡𝑓 (12)
Onde:

Aw = Coeficiente de capilaridade ou absorção de água (kg/m² s0,5);


∆m’tf = Diferença de massa relacionada à área (kg/m²);
∆m’0 = Diferença de massa relacionada à área linearizado (kg/m²);
tf = Duração do ensaio (s).

O coeficiente de capilaridade também poderá ser obtido através da equação da reta


com a regressão linear dos pontos. Neste caso, o coeficiente de capilaridade será o
coeficiente angular da equação da reta. A comprovação da linearização da reta se
deu pelo coeficiente de determinação (R²).
69

Se o gráfico de ∆mt em função da raiz quadrada do tempo mostrar uma inclinação


com uma queda súbita, a água no interior do corpo de prova, provavelmente,
alcançou a superfície superior. Nesse caso, os pontos após a diminuição repentina
da inclinação deverão ser ignorados.

Se a relação entre ∆mt e a raiz do tempo não for linear o material será classificado
como Tipo B. Neste caso, o coeficiente de capilaridade deverá ser calculado para o
tempo de 4h ou 14.400s de duração do ensaio, conforme a Equação 13.

∆𝑚′𝑡𝑓 − ∆𝑚′0 (13)


𝐴𝑤,4 =
√14400𝑠

Onde:
Aw,4 = Coeficiente de capilaridade ou absorção de água para uma relação não linear
de absorção, para a duração de 14.400 s (kg/m² s1/2);
∆m’tf = Diferença de massa relacionada à área (kg/m²);
∆m’0 = Diferença de massa relacionada à área linearizado (kg/m²).

A norma ASTM ainda prevê a situação em que a água alcance a superfície superior
dos corpos de prova antes da medição de 4 h. Neste caso, o tempo deverá ser
observado e não será determinado o coeficiente de capilaridade.

3.5.4 Ensaio de durabilidade

3.5.4.1 Envelhecimento natural

Este ensaio foi realizado através de adaptações dos estudos de durabilidade


realizados por Farias Filho (2007). Após a moldagem, os corpos-de-prova foram
mantidos em estufa, para estabilização da massa, a 40 ºC durante quatro dias e
permaneceram no dessecador por 24h.

Para cada pasta analisada, foram moldadas duas séries de corpos de prova cúbicos
(50,0 mm x 50,0 mm x 50,00 mm) e uma série de corpos de prova prismáticos (40,0
mm x 40,0 mm x 160,0 mm). Cada série possui três corpos de prova moldados
simultaneamente.

Após a moldagem e estabilização da massa dos corpos de prova os mesmos foram


pesados para a determinação da massa seca inicial. Em seguida, foram expostos às
70

condições climáticas ambientais por 30 dias na Estação Meteorológica Automática


da UNIVASF, localizada no Espaço Plural, em Juazeiro – BA, para
acompanhamento das informações meteorológicas, conforme verificado na Figura
3.13.

Figura 3.13 - Local de realização do ensaio de envelhecimento natural

Fonte: Autor (2018)

No período estudado, os corpos de prova ficaram diretamente expostos à


precipitação de águas pluviais, insolação e à umidade natural. Desta forma, foi
realizada a caracterização climática no período do ensaio de envelhecimento natural
por meio dos dados climáticos disponíveis no site do Laboratório de Meteorologia da
Univasf.

Os corpos de prova ficaram sob peneiras apoiadas em blocos de concreto para


permitir o escoamento das águas pluviais. Na Figura 3.14, estão apresentados os
corpos de prova expostos às condições climáticas ambientais.

Figura 3.14 - Corpos de prova expostos às condições climáticas ambientais

Fonte: Autor (2018)

Após o período de exposição natural, durante 30 dias, os corpos de prova foram


pesados e transferidos para a estufa a 40 °C, permanecendo durante quatro dias.
Em seguida permaneceram 24 h no dessecador para estabilização da massa. Após
71

a pesagem para determinação da massa seca, foram realizados os ensaios no


estado endurecido.

Foram utilizados corpos de prova cúbicos (50,0 mm x 50,0 mm x 50,00 mm) para os
ensaios de dureza superficial, resistência à compressão, absorção de água por
imersão total e para a avaliação da perda de massa. Os corpos de prova prismáticos
(40,0 mm x 40,0 mm x 160,0 mm) foram utilizados para o ensaio de absorção de
água por capilaridade.

Para o cálculo do valor da dureza superficial foi utilizada a Equação 7; para a


resistência à compressão foi utilizada a Equação 8; para a absorção de água por
imersão total foi utilizada a equação 9; para a perda de massa foi utilizada a
Equação 10; e para a absorção de água por capilaridade foi utilizada a Equações 11
e 12.

Na Figura 3.15, apresenta-se o fluxograma experimental do estudo de durabilidade


do ensaio de envelhecimento natural.

Figura 3.15 - Fluxograma do ensaio de durabilidade por meio de envelhecimento natural

Fonte: Autor (2018)


72

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos com a execução do


programa experimental e as discussões.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA

4.1.1 Gesso hemidrato

A caracterização física e mecânica desse material está indicada na Tabela 4.1. As


pastas foram produzidas utilizando a consistência normal e foi verificada a
conformidade com os requisitos da NBR 13.207 (2017).

Tabela 4.1 - Caracterização física e mecânica do gesso


Limite
Propriedade Valor (NBR 13207, Método de ensaio
2017)
Água Livre (%) 0,20 ± 0,07 1,3 NBR 12130 (2017)
Consistência Normal (a/g) 0,499 ± 0,001 - NBR 12128 (2017)
Dureza Superficial
57,12 ± 3,64 ≥ 20,00 NBR 12129 (2017)
(N/mm²)
≥ 90%
(passante na
Granulometria (%) 97,03 ± 0,72 peneira de
NBR 12127(2017)
abertura 0,294
mm)
Massa Unitária (g/cm³) 0,724 ± 0,003 ≥ 0,600
Massa Específica (g/cm³) 2,65 ± 0,01 - NBR NM 23 (2000)
Resistência à Compressão
21,06 ± 0,49 ≥ 8,45 NBR 12129 (2017)
(MPa)
Tempo de início de pega
12,67 ± 0,23 ≤ 10,00 NBR 12128 (2017)
(min.)
Tempo de fim de pega
14,92 ± 0,59 ≤ 20,00 NBR 12128 (2017)
(min.)
Fonte: Autor (2018)

4 Foi utilizada a peneira de abertura 0,30 mm devido a inexistência na peneira de abertura 0,29 mm
no laboratório.
5 A NBR 13.207 (2017) não faz referência a resistência à compressão. O parâmetro utilizado refere-se

à NBR 13.207 (1994).


73

A Tabela 4.1 indica que o gesso utilizado atende, quase totalmente, aos requisitos
da NBR 13207 (2017), caracterizando-se como gesso de fundição. Apenas a
propriedade de tempo de início de pega excedeu ao valor normalizado de, no
máximo, 10 min. Ressalta-se que a produção de pastas de gesso utilizando a
consistência normal alcançou valores de dureza superficial e de resistência à
compressão maiores que a recomendação normativa, 185,60% e 150,71%,
respectivamente, sendo um aspecto positivo.

A curva de hidratação e os valores do ensaio calorimétrico, em condições


pseudoadiabáticas, para as pastas produzidas com consistência normal estão
apresentadas na Figura 4.1 e na Tabela 4.2.

Figura 4.1 - Curva de calor de hidratação da pasta em consistência normal


60,00
55,00
Temperatura (°C)

50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
Tempo (min.)

Fonte: Autor (2018)

Tabela 4.2 – Resultados da curva do calor de hidratação das pastas


Tempo de Tempo de Atividade
Pasta Parâmetro início de pega fim de pega Variação cinética
(min.) (min.) (°C/min.)
TEMPERATURA
28,19 54,88 26,69
GFC (°C) 1,10
TEMPO (min.) 13,07 37,42 24,35
Fonte: Autor (2018)
A Tabela 4.3, mostra os resultados para os tempos de início e fim de pega pelo
método da NBR 12128 (2017) e pelo método calorimétrico.

Tabela 4.3 - Comparação dos tempos de pega pelos métodos da ABNT e calorimétrico
Método NBR 12128 (2017) Método Calorimétrico
Pasta Tempo de início Tempo de fim Tempo de início Tempo de fim
de pega (min.) de pega (min.) de pega (min.) de pega (min.)
GFC 12,67 14,92 13,07 37,42
Fonte: Autor (2018)
74

A Tabela 4.2 indica que o tempo útil estimado (tempo de fim de pega menos o tempo
de início de pega), obtido pela curva do calor de hidratação, é de 24,35 min. Através
dos tempos de pega indicados na Tabela 4.3, o tempo útil pelo método da ABNT foi
de 1,62 min. O tempo de início de pega foi, praticamente, o mesmo nos dois
métodos. Já o tempo de fim de pega pelo método calorimétrico foi maior que o
obtido através do método da ABNT.

A produção das pastas utilizando a consistência normal convém apenas para obter
valores de caracterização normativa visto que a produção de blocos com baixa
relação a/g se torna inadequada devido à ausência de trabalhabilidade. Desta forma,
faz-se necessária a utilização de aditivos que melhorem esta propriedade.

4.2 AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS ADITIVOS HIDROFUGANTES

A avaliação das pastas de gesso foi realizada conforme o programa experimental e


utilizando a relação a/g de 0,7 que é usada na fabricação comercial dos blocos de
gesso para alvenaria.

4.2.1 Avaliação das pastas no estado fresco

4.2.1.1 Consistência

A consistência é definida como a relação água/gesso (a/g) na qual se obtém uma


fluidez da pasta de gesso adequada para a manipulação. De acordo com a NBR
12128 (2017), a consistência é determinada através da leitura no visor do aparelho
de Vicat modificado da penetração lenta da sonda cônica. Os valores médios de
consistência das pastas analisadas estão apresentados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Consistência média das pastas de gesso


Penetração
Pasta
(mm)
GF0 35,50 ± 0,71

GF1-A 34,00 ±1,41

GF1-B 37,50 ± 0,71


GF2-A 36,50 ± 0,71
GF2-B 35,50 ± 0,71
Fonte: Autor (2018)
75

A Figura 4.2 indica, graficamente, a consistência das pastas de gesso estudadas.

Figura 4.2 - Consistência das pastas de gesso


40,00
39,00
37,50
38,00
Consistência (mm)
36,50
37,00
35,50 35,50
36,00
35,00 34,00
34,00
33,00
32,00
31,00
30,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

Fonte: Autor (2018)


Como indicado na Figura 4.2, a utilização da menor proporção do aditivo 1, presente
na pasta GF1-A, ocasionou a diminuição da penetração da sonda cônica, em
relação à pasta GF0. No entanto, a análise do desvio padrão indica que a
consistência da pasta GF1-A é semelhante à da pasta GF0. Já o aumento do teor do
aditivo 1 influenciou na consistência da pasta que se tornou mais fluida.

Em relação ao aditivo 2, a pasta com a menor proporção do aditivo apresentou, em


média, consistência maior que a pasta GF0. Já a pasta com a maior proporção do
aditivo 2, apresentou a mesma consistência da pasta de referência.

4.2.1.2 Tempos de pega

Os tempos de início e fim de pega das pastas estão apresentados, em minutos, na


Tabela 4.5. Os resultados expressam as médias de duas determinações que não
variaram mais que 5% e foram determinados pelo método da ABNT que recomenda
a utilização do aparelho de Vicat (NBR 12128, 2017).

Tabela 4.5 - Tempos de pega das pastas de gesso pelo método da ABNT
Tempo de pega (min.)
Pasta
Início Fim
GF0 20,88 ± 0,18 28,42 ± 0,12
GF1-A 12,55 ± 0,78 17,17 ± 0,94
GF1-B 22,89 ± 0,05 27,5 ± 0,71
GF2-A 25,56 ± 0,80 33,00
GF2-B 23,93 ± 0,96 31,42 ± 1,29
Fonte: Autor (2018)
76

Na Figura 4.3, estão indicados os tempos médios de início e fim de pega das pastas,
assim como as referências da NBR 13207 (2017).

Figura 4.3 - Gráfico dos tempos médio de início e fim de pega das pastas de gesso
35,00 33,00 31,42
28,42
Tempos de pega (min.)

30,00 27,50
25,56
23,93
25,00 20,88 22,89
20,00 17,17

15,00 12,55

10,00
5,00
0,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

INÍCIO DO TEMPO DE PEGA (min.)


FIM DO TEMPO DE PEGA (min.)
INÍCIO DO TEMPO DE DE PEGA MÁXIMO PELA NBR 13207 (2017)
FIM DO TEMPO DE DE PEGA MÁXIMO PELA NBR 13207 (2017)

Fonte: Autor (2018)

De acordo com a NBR 13207 (2017), uma pasta de gesso para fundição deve
apresentar tempo de início de pega menor que 10 min. e tempo de fim de pega
menor que 20 min. Nenhuma pasta estudada atendeu ao requisito de início de pega,
uma vez que os valores encontrados estão entre 12,55 e 25,56 min. Em relação ao
tempo de fim de pega somente a pasta GF1-A atendeu ao requisito com valor de
17,17 min., conforme a Figura 4.3.

Em relação à pasta sem aditivo, GF0, o uso da menor proporção do aditivo 1,


presente na pasta GF1-A, ocasionou a redução dos tempos de início e fim de pega,
retardando-os. Já na pasta GF1-B, os tempos de pega foram acelerados com a
utilização da maior proporção do aditivo 1.

Nas pastas com o aditivo 2, GF2-A e GF2-B, os tempos de início e fim de pega
foram acelerados em relação à pasta de referência, GF0. No entanto, a variação do
teor deste aditivo não ocasionou mudanças expressivas dos tempos de pega que
permaneceram, praticamente, constantes nas pastas GF2-A e GF2-B, conforme
verificado na Figura 4.3.
77

De acordo com Antunes (1999), o tempo útil das pastas de gesso é dada pela
diferença entre o valor do tempo que corresponde à consistência máxima e o tempo
de espera que corresponde à consistência mínima. Ou seja, é a diferença entre o
tempo de fim de pega o tempo de início de pega. Na Tabela 4.6, estão indicados os
tempos úteis das pastas de gesso estudadas.

Tabela 4.6 - Tempo útil das pastas pelo método da ABNT


Pasta Tempo útil (min.)
GF0 7,54
GF1-A 4,62
GF1-B 4,61
GF2-A 7,44
GF2-B 7,49
Fonte: Autor (2018).

Verifica-se que as pastas produzidas com o aditivo 1, GF1-A e GF1-B,


apresentaram, praticamente, os mesmos valores de tempo útil e que são menores
que o tempo útil da pasta de referência, GF0. Já as pastas com o aditivo 2, GF2-A e
GF2-B, apresentaram os mesmos tempos úteis e foram próximos ao da pasta GF0.

4.2.1.3 Calor de hidratação

As curvas de hidratação das pastas, obtidas em condições pseudoadiabáticas, estão


apresentadas na Figura 4.4.

Figura 4.4 - Curvas de hidratação das pastas de gesso


50,00

45,00
Temperatura (°C)

40,00

35,00

30,00

25,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
Tempo (min.)

GF0 GF1 A GF1 B GF2 A GF2 B

Fonte: Autor (2018)


78

Observa-se que, em todas as pastas, as curvas calorimétricas apresentam um


comportamento característico, conforme apresentado por Antunes (1999) e Bardella
(2011). As curvas de hidratação são caracterizadas pelo período de indução que é
finalizada pelo início da pega; pelo período de nucleação, onde há uma elevação de
temperatura da pasta e é finalizada pelo final da pega; e pelo período de
endurecimento onde há estabilidade da temperatura e diminuição das velocidades
das reações (BARDELLA, 2011).

Na Tabela 4.7, estão apresentados os valores obtidos das curvas de hidratação das
pastas de gesso.

Tabela 4.7 - Resultados das curvas do calor de hidratação das pastas


Taxa de elevação Atividade
Pasta Parâmetro Início Fim Variação da temperatura cinética
(°C/min.) (°C/min.)
TEMPERATURA
28,75 48,06 19,31 0,11
GF0 (°C) 0,86
TEMPO (min.) 16,63 39,08 22,45 0,54
TEMPERATURA
27,25 47,25 20,00 0,11
GF1-A (°C) 0,79
TEMPO (min.) 14,03 39,42 25,39 0,55
TEMPERATURA
29,00 48,38 19,38 0,11
GF1-B (°C) 0,76
TEMPO (min.) 19,28 44,73 25,45 0,48
TEMPERATURA
27,81 46,19 18,38 0,11
GF2-A (°C) 0,56
TEMPO (min.) 21,22 53,90 32,68 0,38
TEMPERATURA
27,63 46,31 18,68 0,11
GF2-B (°C) 0,59
TEMPO (min.) 19,03 50,63 31,60 0,41
Fonte: Autor (2018)
O tempo de início de pega é determinado pelo instante em que a taxa de elevação
da temperatura ultrapassa 0,1 °C/min, equivalendo, aproximadamente, ao início da
formação da microestrutura. O tempo de fim de pega é o instante em que é atingida
a temperatura de hidratação (RIDGE, 1959).

As temperaturas máximas atingidas pelas pastas no final do período de hidratação


foram parecidas, em média: para a pasta de referência, GF0, foi de 48,06 °C, para o
aditivo 1, pastas GF1-A e GF1-B, foi de 48,38 °C; para o aditivo 2, pastas GF2-A e
GF2-B, foi de 46,31 °C. Desta forma, a utilização do aditivo 2 fez as pastas de gesso
alcançarem os menores valores e obterem as menores variações de temperatura.
79

Foi observado, que a atividade cinética diminuiu com o aumento do teor de aditivo
hidrofugante 1. O aditivo 2 não seguiu esta tendência mas obteve valores de
atividade cinética menores que o da pasta GF0.

Na Figura 4.5 estão indicados os tempos de início e fim de pega que foram obtidos
das curvas calorimétricas

Figura 4.5 - Gráfico do tempo de pega das pastas de gesso obtidas por meio das curvas
calorimétricas
55,00 53,90 50,63
Tempos de pega (min.)

50,00 44,73
45,00 39,08 39,42
40,00
35,00
30,00
25,00 19,28 21,22
19,03
20,00 16,63
14,03
15,00
10,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
INÍCIO DO TEMPO DE PEGA
FIM DO TEMPO DE PEGA

Fonte: Autor (2018).


A Figura 4.5 indica que o tempo de início de pega foi retardado na pasta GF1-A e
acelerado nas demais, em relação à pasta GF0. Já os tempos de fim de pega foram
retardados em todas as pastas onde a maior expressão ocorreu nas pastas com o
aditivo 2, GF2-A e GF2-B.

Na Figura 4.6, estão indicados os tempos úteis das pastas de gesso obtidos através
da ABNT e por meio das curvas de hidratação.

Figura 4.6 - Tempos úteis pela ABNT e calorímetro


35,00 32,68 31,60
Tempo útil (min.)

30,00 25,39 25,45


25,00 22,45
20,00
15,00
7,54 7,44 7,49
10,00 4,62 4,61
5,00
0,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

TEMPO ÚTIL ESTIMADO PELO CALORÍMETRO


TEMPO ÚTIL PELA ABNT

Fonte: Autor (2018)


80

Como indicado na Figura 4.6, os tempos úteis foram, praticamente, constantes nas
pastas de cada aditivo. Os tempos úteis pelo calorímetro são maiores que pelo
método da ABNT. Isso se deve a utilização do método pois no início da pega
determinado pelo calorímetro a quantidade de di-hidrato precipitado é,
aproximadamente, 0%, enquanto pelo aparelho de Vicat (NBR 12128, 2017),
aproximadamente, 10% do di-hidrato já está formado (CLIFTON, 1973; BENTUR,
1995 apud ANTUNES, 1999).

O final da pega pela ABNT é determinado quando a agulha de Vicat deixa uma leve
impressão na superfície da pasta indicando a consistência máxima. Já pela
calorimetria, o final da pega é indicado pela temperatura máxima onde 90% da pasta
já está hidratada ocorrendo a estabilização da temperatura e a diminuição das
velocidades das reações (THOLE, 1994 apud ANTUNES, 1999).

A Tabela 4.8 exibe os valores dos tempos de pega pelo método da ABNT e
calorímetro.

Tabela 4.8 - Comparação dos tempos de pega das pastas pelos métodos da ABNT e calorimétrico
Método NBR 12128 (2017) Método Calorimétrico
Pasta Tempo de início Tempo de fim Tempo de início Tempo de fim
de pega (min.) de pega (min.) de pega (min.) de pega (min.)
GF0 20,88 28,42 16,63 39,08
GF1-A 12,55 17,17 14,03 39,42
GF1-B 22,89 27,50 19,28 44,73
GF2-A 25,56 33,00 21,22 53,90
GF2-B 23,93 31,42 19,03 50,63
Fonte: Autor (2018)
De acordo com a Tabela 4.8, os resultados de tempo de início de pega pelo método
calorimétrico foram menores que os obtidos pelo método da NBR 12128 (2017), com
exceção da pasta GF1-A que obteve tempo maior. Em relação ao tempo de fim de
pega, pelo método calorimétrico, os valores foram sempre maiores. Esses
comportamentos já eram previsto e foram explicados anteriormente.

4.2.2 Avaliação das pastas no estado endurecido

4.2.2.1 Absorção de água por imersão total

Este estudo contemplou a avaliação dos corpos de prova de dimensões 50x50x50


mm, sob o efeito da absorção total de água por imersão total. Os resultados estão
apresentados na Tabela 4.9.
81

Tabela 4.9 – Valores médios de absorção de água por imersão total das pastas de gesso
Absorção de água por
Pasta
imersão total (%)
GF0 32,81 ± 0,79
GF1-A 32,27 ± 0,22
GF1-B 30,38 ± 0,42
GF2-A 34,86 ± 0,54
GF2-B 34,93 ± 0,80
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.7, estão presentes os valores médios de absorção de água por imersão
total das pastas analisadas.

Figura 4.7 - Gráfico dos valores médios de absorção de água por imersão total das pastas analisadas
40,00%
34,86% 34,93%
Absorção de água por imersão

32,81% 32,27%
35,00%
30,00% 30,38%
25,00%
20,00%
total (%)

15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL (%)

ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL MÁXIMA


SEGUNDO A NBR 16494 (2017)
Fonte: Autor (2018)
Através da Figura 4.7, é possível observar, graficamente, o comportamento da
absorção de água por imersão total das pastas de gesso. Percebe-se que, após 120
min. de ensaio, a pasta GF1-A não apresentou mudança significativa desta
propriedade em relação à pasta de referência, GF0; a pasta GF1-B apresentou uma
pequena redução desta propriedade, de 7,41%. As pastas fabricadas com o aditivo
2, GF2-A e GF2-B, tiveram seus valores de absorção, praticamente, constantes e
maiores que na pasta de referência, não correspondendo às expectativas de
redução desta propriedade.

Em relação ao critério normativo da NBR 16494 (2017), todas as pastas possuem


valores de absorção de água por imersão total maior que 5%, após 120 min. de
imersão. As pastas também não atenderam ao requisito de absorção dos blocos que
são produzidos na Europa, de acordo com Santos (2017) apud EN 12859 (2008),
deverão absorver, no máximo, 5% de água.
82

Verifica-se que o comportamento das pastas de gesso com os aditivos hidrofugantes


não ocorreu de forma adequada visto que a absorção de água não reduziu como o
aumento do teor de hidrofugação conforme observado na literatura (SILVA et al,
2016; SANTOS, 2017). Em contrapartida, a influência do aditivo 2, pastas GF2-A e
GF2-B, ocorreu de forma negativa obtendo resultados de absorção maiores que na
pasta sem aditivo, GF0.

4.2.2.2 Perda de massa

A perda de massa dos corpos de prova foi observada através da massa seca antes
e após o ensaio de absorção de água por imersão total, ambas obtidas após a
secagem em estufa a 40 °C, até constância de massa e permanência no dessecador
por 24h.

A perda de massa é um dos critérios que pode indicar a durabilidade do material,


principalmente se o material está exposto a condições extremas. Na Tabela 4.10
estão apresentados os valores de perda de massa para as pastas analisadas.
Tabela 4.10 - Perda de massa após o ensaio de absorção de água por imersão total
Pasta Perda de massa (%)
GF0 0,29 ± 0,01
GF1-A 0,31
GF1-B 0,33 ± 0,01
GF2-A 0,23 ± 0,01
GF2-B 0,21 ± 0,02
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.8, observa-se, graficamente, o comportamento da perda de massa das
pastas de gesso.

Figura 4.8 - Perda de massa das pastas de gesso


0,40%
0,33%
Perda de massa(%)

0,35% 0,31%
0,29%
0,30%
0,25% 0,23%
0,21%
0,20%
0,15%
0,10%
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

Fonte: Autor (2018).


83

Observando a Figura 4.8, tem-se que os valores de perda de massa não foram
expressivos com variação de 0,21% a 0,33%. As pastas com o aditivo 1
apresentaram os maiores valores de perda de massa. Além disso, o aumento do
teor de hidrofugação influenciou em um sensível aumento da propriedade.

Já as pastas com o aditivo 2 foram as que menos perderam massa. A pasta com o
maior teor de hidrofugação, GF2-B, foi a que menos perdeu massa, 0,21%, em
relação as pastas estudadas. A influência do aditivo 2 sobre a perda de massa das
pastas indica maior efeito sobre a durabilidade dos gessos que poderá ser
confirmada por meio de ensaios de durabilidade.

Na Figura 4.9, é possível observar os comportamentos das curvas de perda de


massa e de absorção de água por imersão total.

Figura 4.9 - Absorção de água por imersão total e perda de massa das pastas de gesso
0,35% 0,33% 36,00%
0,31% 34,86% 34,93%

Absorção de água por imersão


0,29% 35,00%
Perda de massa(%)

0,30%
34,00%
32,81% 0,23%
0,25% 32,27% 33,00%
0,21%

total (%)
0,20% 32,00%
31,00%
0,15% 30,38%
30,00%
0,10% 29,00%
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL PERDA DE MASSA

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.9, verifica-se que a absorção de água, por meio da imersão
total, está relacionada com a perda de massa das pastas. Quando a curva de
absorção teve comportamento crescente, a curva de perda de massa teve
comportamento decrescente e, vice-versa.

Desta forma, verifica-se uma relação inversa entre estas propriedades onde, para o
aditivo 1, quanto maior o teor de hidrofugação, menor foi a absorção de água por
imersão total e maior foi a perda de massa. Já para o aditivo 2, quanto maior o teor
de hidrofugação menor foi a perda de massa e a absorção de água manteve-se,
praticamente, constante.
84

4.2.2.3 Absorção de água por capilaridade

Este ensaio foi realizado conforme a metodologia da norma americana ASTM C1794
(2015) que define o procedimento para a determinação do coeficiente de
capilaridade para materiais de construção, como o gesso. Inicialmente, foi
determinada a quantidade de água absorvida por unidade de superfície (Δmt) e, em
seguida, foi plotado o gráfico de (Δmt) em função da raiz quadrada do tempo.

De posse das curvas de absorção de água em função da raiz quadrada do tempo


foram calculados os coeficientes de absorção capilar de água.

Na Tabela 4.11, estão apresentados os valores de quantidade de água absorvida


por unidade de superfície (Δmt), ao fim do ensaio de absorção por capilaridade.

Tabela 4.11 – Água absorvida por unidade de superfície


Desvio Padrão Coeficiente de Tempo de ensaio
Pasta Média (kg/m²)
(kg/m²) Variação - CV (%) (min.)
GF0 67,29 0,23 0,34 120 (2h)
GF1-A 46,18 0,67 1,44 1.440 (24h)
GF1-B 31,61 2,85 9,00 1.440 (24h)
GF2-A 63,93 2,09 3,27 120 (2h)
GF2-B 52,84 1,24 2,35 120 (2h)
Fonte: Autor (2018)
Ao analisar os resultados presentes na Tabela 4.11, nota-se que as pastas com os
aditivos tiveram a água absorvida por área menor que na pasta de referência, GF0.
Nota-se que com o aumento do teor de hidrofugação nas pastas GF1-A e GF2-A, a
quantidade de água absorvida por unidade de superfície diminuiu.

Ainda de acordo com a Tabela 4.11, nota-se que o aditivo 2 influenciou na maior
absorção de água por área, em relação à pasta de referência. A análise dos
coeficientes de variação indica que, em todas as pastas, os valores obtidos
possuem baixa dispersão e apresentam homogeneidade, CV ≤ 15%.

Verifica-se que na pasta de referência, GF0, e nas pastas com o aditivo 2, GF2-A e
GF2-B, o tempo de ensaio foi de 120 min. Este ocorrido se deve à chegada da água
à superfície do corpo de prova determinando o fim do ensaio, conforme recomenda
a norma americana ASTM C1794 (2015).

A Figura 4.10, apresenta a evolução da quantidade de água absorvida pelos corpos


de prova, por unidade de superfície, em função da raiz quadrada do tempo.
85

Figura 4.10 - Curvas de absorção de água por capilaridade das pastas estudadas
70
65
60
55
50
Δmt (kg/m²)
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 50 100 150 200 250 300
t0,5(s0,5)

GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B

Fonte: Autor (2018)


Na Figura 4.10, nota-se que as curvas de absorção de água possuem evolução
semelhante. As curvas das pastas GF0, GF2-A e GF2-B possuem dois trechos bem
definidos, um linear e um constante. No primeiro trecho, a absorção de água ocorreu
de forma linear finalizando no instante em que a água alcançou a superfície superior
dos corpos de prova, em torno de 120 min, e permanecendo constante.

Já as curvas das pastas GF1-A e GF1-B, são caracterizadas apenas pelo trecho
linear indicando que a água não alcançou a superfície superior dos corpos de prova
no período do ensaio. Da análise da Figura 4.10, é possível verificar que a absorção
de água foi maior nas pastas com o aditivo 2 e foi muito próximo da absorção de
água na pasta de referência. Já as pastas com o aditivo 1 possuem os menores
valores de absorção de água, em relação à referência.

De acordo com a norma americana ASTM C1794 (2015), os materiais podem ser
classificados de acordo com a curva de absorção de água. Se a relação entre a
absorção de água por unidade de superfície (Δmt) e a raiz quadrada do tempo for
linear, o material será classificado como Tipo A. Caso esta relação não seja linear, o
material será classificado como Tipo B.

A diferença de comportamento da curva de absorção irá determinar o cálculo do


coeficiente de capilaridade, conforme explicado no programa experimental. Na
Tabela 4.12, estão apresentados os valores obtidos a partir das curvas de absorção
de água por capilaridade.
86

Tabela 4.12 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos a partir da curvas de absorção de água
por capilaridade pela ASTM
Coeficiente de Tipo
Média Desvio Coeficiente de
Pasta determinação de
(kg/m².s0,5) Padrão Variação - CV (%)
(R²) gráfico
GF0 7.931 x 10-4 27 x 10-4 0,34 0,9961 Tipo A
GF1-A 1.571 x 10-4 23 x 10-4 1,44 0,9637 Tipo A
GF1-B 1.076 x 10-4 97 x 10 -4 9,0 0,9986 Tipo A
GF2-A 7.534 x 10-4. 246 x 10 -4 3,27 0,9997 Tipo A
GF2-B 6.227 x 10-4 146 x 10-4 2,35 0,9998 Tipo A
Fonte: Autor (2018)
Como observado na Tabela 4.12, todas as curvas possuem comportamento Tipo A,
apresentando uma relação linear entre a quantidade de água absorvida por unidade
de superfície (Δmt) e a raiz quadrada do tempo. Este dado é corroborado pelo
coeficiente de determinação (R²), que é uma forma de avaliar a qualidade do ajuste
do modelo e indica se o modelo foi capaz de explicar os dados coletados, quanto
mais próximo de 1,0 melhor será a qualidade dos dados.

Nas curvas das pastas GF0, GF2-A e GF2-B, os coeficientes R² foram obtidos
apenas para os trechos lineares, desconsiderando os trechos, praticamente,
constantes, conforme indicação da norma americana ASTM C1794 (2015). A
observação dos coeficientes R² presentes na Tabela 4.12, corrobora que as curvas
presentes na Figura 4.10 possuem comportamento linear, e podem ser classificadas
com Tipo A, de acordo a norma americana.

Na Figura 4.11, está apresentada a curva de absorção de água por capilaridade da


pasta GF0 e a curva linearizada de absorção.

Figura 4.11 - Absorção de água por capilaridade da pasta GF0 com a curva linearizada
70,00 67,29
65,00 y = 0,7687x + 3,3258
60,00 R² = 0,9961 51,39
55,00 CV = 0,34%
Δmt (kg/m²)

50,00
45,00
40,00
35,00 30,08
30,00
25,00
20,00 15,83
15,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
t (s½)
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE PASTA GF0
Linear (ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE PASTA GF0)

Fonte: Autor (2018)


87

Como a relação entre Δmt e a raiz do tempo é linear, foi determinada a equação da
reta, por meio de regressão linear, para as curvas de absorção de água,
desconsiderando os trechos constantes, conforme verificado na Figura 4.11. Desta
forma, através da equação da reta, também foi possível obter os coeficientes de
absorção de água por capilaridade (kg/m².s0,5), que são os coeficientes angulares da
equação da reta para cada série de corpos de prova.

Na Tabela 4.13, estão apresentados os coeficientes de capilaridade obtidos através


da linearização das curvas de absorção de água por capilaridade.

Tabela 4.13 - Valores dos coeficientes de absorção obtidos a partir da curvas de absorção de água
por capilaridade por regressão linear
Média Desvio Coeficiente de
Pasta
(kg/m².s0,5) Padrão Variação - CV (%)
GF0 7.687 x 10-4 43 x 10-4 0,56
GF1-A 1.692 x 10 -4 29 x 10-4 1,69
GF1-B 1.093 x 10 -4 116 x 10 -4 10,65
GF2-A -4
7.583 x 10 . 312 x 10 -4 4,12
GF2-B 6.350 x 10-4 145 x 10-4 2,28
Fonte: Autor (2018).
Na Figura 4.12, estão apresentados os valores de coeficientes de capilaridades das
curvas de absorção de água obtidos pelo método da ASTM e pela regressão linear.

Figura 4.12 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos a partir da curvas de absorção de água
por capilaridade pela ASTM e pela regressão linear
7931 7534 7583
8.000,00
Coeficiente de absorção de água por

7687
capilaridade (kg/m².s0,5) X 10^(- 4)

7.000,00 6227
6350
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00 1571 1692
1076
1093
1.000,00 333
0,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

COEFICIENTE DE CAPILARIDADE PELA ASTM C1794 (2015)

COEFICIENTE DE CAPILARIDADE PELA REGRESSÃO LINEAR

COEFICIENTE DE CAPILARIDADE MÍNIMO PARA SUCÇÃO RÁPIDA PELA DIN


52.617 (1987)

Fonte: Autor (2018).


88

Através da Figura 4.12, é possível observar que os coeficientes de capilaridade de


absorção de água obtidos pelo método da ASTM e através da regressão linear são,
praticamente, iguais. Nota-se que as pastas com o aditivo 1, GF1-A e GF1-B,
possuem os menores coeficientes. A pasta com a menor proporção do aditivo 2,
GF2-A, obteve o maior coeficiente estando muito próximo ao da pasta de referência,
GF0. Entre todas as pastas, verifica-se que o aumento do teor de hidrofugação
influenciou na diminuição do coeficiente de absorção de água por capilaridade.

De acordo com a norma DIN 52.617 (1987) apud Santos (2017), os materiais podem
ser classificados segundo o valor do coeficiente de capilaridade, conforme a Tabela
4.14.

Tabela 4.14 - Classificação dos materiais quanto à absorção de água


Aw (kg/m².s0,5) Classificação
Aw > 333 x 10 -4 Sucção rápida
Aw < 333 x 10 -4 Preventivo contra a água
Aw < 83,3 x 10-4 Quase impermeável
Aw < 0,167 x 10 -4 Impermeável
Fonte: DIN 52.617 (1987) apud Santos (2017).

Ainda por meio da Figura 4.12, observa-se que os coeficientes de absorção obtidos
são maiores do que 333 x 10-4 (kg/m².s0,5). De acordo com a Tabela 4.14, todas as
pastas estudadas são classificadas como material de “Sucção rápida”.

Desta forma, verifica-se que a utilização dos aditivos hidrofugantes não proporcionou
a obtenção de coeficientes de capilaridade que classificassem as pastas em, pelo
menos, como “Preventivo contra a água”, como verificado na literatura. Ou seja, as
pastas com os aditivos hidrofugantes possuem a mesma classificação, quanto ao
coeficiente de capilaridade, que a pasta sem aditivo.

4.2.2.4 Dureza superficial

O ensaio de dureza superficial foi realizado através do método indicado pela NBR
12128 (2017), que utiliza a penetração de uma esfera metálica nos corpos de prova.
Na Tabela 4.15, estão apresentados os valores médios de dureza obtidos nas
pastas estudadas.
89

Tabela 4.15 - Valores médios de dureza superficial das pastas de gesso


Dureza superficial
Pasta
(N/mm)
GF0 22,16 ± 0,46
GF1-A 18,88 ± 0,41
GF1-B 20,1 ± 0,50
GF2-A 19,17 ± 1,42
GF2-B 19,36 ± 0,93
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.13, é possível observar, graficamente, o comportamento da dureza
superficial em comparação com o critério mínimo da NBR 13207 (2017).

Figura 4.13 - Dureza superficial do gesso em comparação com a NBR 13207 (2017)
23,00 22,16
Dureza Superficial (N/mm²)

22,00
21,00 20,10
20,00 19,17 19,36
18,88
19,00
18,00
17,00
16,00
15,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso

DUREZA SUPERFICIAL
DUREZA MÍNIMA PELA NBR 13207 (2017)

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.13, verifica-se que a utilização dos aditivos hidrofugantes
influenciou na diminuição da dureza superficial em todas as pastas, em relação à
referência, pasta GF0. Nas pastas com o aditivo 1, o aumento do teor de
hidrofugação ocasionou o aumento da dureza. Já nas pastas com o aditivo 2, a
variação do teor de hidrofugação não provocou mudanças nessa propriedade.

Em relação ao critério mínimo definido pela NBR 13207 (2017), em valores médios,
somente as pastas GF0 e GF1-B atenderam ao requisito. Mas, analisando a
dispersão em torno da média, apenas a pasta GF1-A não atendeu ao critério
normativo.

Vale salientar que os altos valores de dispersão são decorrentes do método de


ensaio proposto pela NBR 12128 (2017), que utiliza um paquímetro para medição da
penetração da esfera, onde o valor da dureza é obtido de forma indireta, como
90

explicado no programa experimental. Mesmo utilizando um paquímetro digital, as


variações das leituras são grandes e requerem destreza do operador.

Este estudo comtemplou a avaliação da dureza superficial após o ensaio de


absorção de água por imersão total, seguido de quatro dias em estufa e 24h no
dessecador. Os valores médios de dureza superficial podem ser observados na
Figura 4.14.

Figura 4.14 - Dureza superficial após o ensaio de absorção de água por imersão total
23,00 22,16
Dureza Superficial (N/mm²)

22,00
21,00 20,38
20,10 19,97
20,00 19,36
18,88 19,17
19,00
18,37 18,86
18,00
16,90
17,00
16,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
DUREZA SUPERFICIAL

DUREZA SUPERFICIAL APÓS ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMSERSÃO


TOTAL
DUREZA MÍNIMA PELA NBR 13207 (2017)

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.14, observa-se que os valores médios de dureza superficial,
após a absorção de água por imersão total, foram menores aos anteriores ao ensaio
de absorção. No entanto, observando-se a dispersão em torno da média, as pastas
GF1-A e GF2-A apresentam os mesmos valores de dureza.

Através da Figura 4.14, verifica-se que a dureza superficial é influenciada pela ação
do aditivo hidrofugante e da água, sendo diminuída em relação à pasta de
referência. As pastas GF0 e GF2-A foram as únicas que atenderam ao requisito da
NBR 13207 (2017) após a absorção de água, que exige dureza superficial de 20,0
N/mm²

4.2.2.5 Resistência à compressão

O ensaio de resistência à compressão foi realizado conforme especificado na NBR


12129 (2017), onde o valor de cada copo de prova não excedeu a 15% da média.
Os resultados estão apresentados na Tabela 4.16.
91

Tabela 4.16 - Valores médios de resistência à compressão das pastas analisadas


Pasta Resistência à compressão (MPa)
GF0 9,67 ± 1,00
GF1-A 8,45 ± 0,15
GF1-B 8,33 ± 0,14
GF2-A 8,15 ± 0,44
GF2-B 7,01 ± 0,55
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.15, estão apresentados os valores médios de resistência à compressão
dos gessos analisados.

Figura 4.15 - Resistência à compressão das pastas analisadas


11,00
Resistência à compressão

10,00 9,67

9,00 8,45 8,33


(MPa)

8,15 8,40
8,00
7,01
7,00

6,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
RESISTÊNCIA MÍNIMA PELA NBR 13207 (1994)

Fonte: Autor (2018)


A Figura 4.15 indica que os aditivos hidrofugantes influenciaram na resistência à
compressão diminuindo esta propriedade em todas as pastas, em relação à pasta de
referência. Nas pastas com o aditivo 1, o aumento do teor de hidrofugação não
provocou mudança na resistência, sendo um aspecto positivo. Já nas pastas com o
aditivo 2, o aumento do teor de hidrofugação provocou a diminuição desta
propriedade.

Em relação ao critério normativo de resistência à compressão, vale salientar que, a


versão atual da NBR 13207 (2017), não faz referência a esta propriedade. A versão
anterior, a NBR 13207 (1994), determinava o valor mínimo de 8,4 MPa para as
pastas de gesso fabricadas em consistência normal. A NBR 16494 (2017), que trata
dos requisitos dos blocos de gesso para vedação vertical, também não faz
referência à resistência à compressão. Desta forma, entendendo que a resistência à
compressão é uma propriedade imprescindível para a avaliação dos blocos de
92

gesso, este trabalho usará como referência a NBR 13207 (1994) que determina o
valor mínimo de 8,40 MPa.

Em relação à resistência mínima, segundo a NBR 13207 (1994), observa-se que


apenas a pasta com o maior teor do aditivo 2, GF2-B, não atendeu ao critério
normativo. Em relação aos valores médios, apenas a pasta GF1-A alcançou 8,40
MPa.

Este estudo comtemplou a avaliação da resistência à compressão após o ensaio de


absorção de água por imersão total, seguido de quatro dias em estufa e 24h no
dessecador. Os valores médios de resistência podem ser observados na Figura
4.16.

Figura 4.16 - Resistência à compressão após o ensaio de absorção de água por imersão total
11,00
Resistência à compressão (MPa)

10,10
10,00 9,67

9,00 8,45 8,33 8,00


8,15 8,40
8,00 7,99
7,01
7,00 7,15

6,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO APÓS ABSORÇÃO TOTAL
RESISTÊNCIA MÍNIMA PELA NBR 13207 (1994)

Fonte: Autor (2018)


Por meio da Figura 4.16, observa-se que as pastas com o aditivo 1, GF1-A e GF1-B,
tiveram a resistência à compressão diminuídas após o ensaio de absorção de água
por imersão total. Já na pasta de referência e nas pastas com o aditivo 2, GF2-A e
GF2-B, o valor da resistência não foi influenciado observando a dispersão em torno
da média.

Em relação ao critério da NBR 13207 (1994), a pasta com o maior teor de


hidrofugação do aditivo 2, GF2-B, foi a única que atendeu ao requisito mínimo.
93

4.3 ENSAIO DE DURABILIDADE

O ensaio de durabilidade tem o objetivo de acelerar a ação dos agentes de


degradação a fim de conhecer a vida útil e as condições de uso dos materiais. Neste
estudo foi realizado o ensaio de envelhecimento natural que se caracteriza pela
proximidade das condições de utilização reais.

4.3.1 Envelhecimento natural

Os corpos de prova ficaram expostos às condições climáticas no Espaço Plural da


Univasf, localizado na cidade de Juazeiro – BA, no período de 12 de dezembro de
2017 a 12 de janeiro de 2018. Para melhor caracterização climática, os corpos de
prova ficaram no mesmo espaço que a Estação Meteorológica Automática da
Univasf, coordenadas geográficas – latitude: 09º26'56"S, longitude: 40º31'27"W,
altitude: 356m. Na Tabela 4.17, estão apresentados os dados climáticos do período
do ensaio.
Tabela 4.17 - Dados climáticos no período do ensaio
30 dias de
Dezembro (2017) Janeiro (2018)
ensaio
Dado Climático Mensal Média diária Mensal Média diária Média diária
Evapotranspiração
de Referência 103,50 5,20 ± 0,50 49,50 4,50 ± 1,19 4,85 ± 0,49
(ETo mm/dia)
Precipitação (mm) 8,60 - 21,30 - 29,906
Radiação global
514,80 25,70 ± 2,80 262,50 23,90 ± 5,69 24,80 ± 1,27
(MJ/m².dia)
Temperatura do ar
37,08 34,70 ± 1,05 37,32 33,57 ± 3,13 34,14 ± 0,80
máxima (°C)
Temperatura do ar
22,44 23,74 ± 0,90 20,70 23,54 ± 1,58 23,64 ± 0,14
mínima (°C)
Umidade relativa
83,40 68,50 ± 7,34 89,30 72,50 ± 9,19 70,50 ± 2,83
do ar máxima (%)
Umidade relativa
20,22 25,30 ± 2,92 19,90 29,90 ± 12,55 27,60 ± 3,25
do ar mínima (%)
Velocidade
máxima do vento 13,89 9,20 ± 1,76 10,70 9,10 ± 1,11 9,15 ± 0,07
a 10m (m/s)
Fonte: Laboratório de meteorologia da Univasf (2018)

6 Valor de precipitação (mm) acumulado nos meses de dezembro e janeiro no período do ensaio.
94

De acordo com a Tabela 4.17, a temperaturas máximas médias variaram de 33,57


°C a 34,70 °C. As temperaturas mínimas médias variaram de 23,54 °C a 23,74 °C.
No período do ensaio houve a precipitação de 29,90 mm, com maior valor
acumulado no mês de janeiro com 21,30 mm. No mês de dezembro houve o maior
valor de radiação global. Em relação à velocidade média do vento, dezembro
registrou os maiores valores.

4.3.1.1 Absorção de água por imersão total

Os resultados do ensaio de absorção de água por imersão total, após a exposição


às condições climáticas, estão apresentados na Tabela 4.18.

Tabela 4.18 - Valores médios de absorção de água por imersão total após o envelhecimento natural
Absorção de água
Pasta
por imersão total (%)
GF0 35,22 ± 0,30
GF1-A 32,50 ± 0,73
GF1-B 30,71 ± 0,23
GF2-A 35,54 ± 0,55
GF2-B 34,94 ± 0,23
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.17, estão presentes os valores médios de absorção de água por
imersão total após o ensaio de envelhecimento natural.

Figura 4.17 - Gráfico dos valores médios de absorção de água por imersão total após o
envelhecimento natural
35,22% 35,54% 34,94%
35,00% 32,50%
Absorção de água por imersão total (%)

30,00% 30,71%
25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL APÓS
ENVELHECIMENTO NATURAL
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL MÁXIMA
SEGUNDO A NBR 16494 (2017)

Fonte: Autor (2018)


95

Na Figura 4.17, observa-se que o comportamento da absorção de água por imersão


total foi o mesmo de antes do ensaio de envelhecimento natural. As pastas com o
aditivo 1, GF1-A e GF1-B, apresentam valores médios menores que a referência,
GF0. Além disso, o aumento do teor de hidrofugação do aditivo 1, influenciou na
menor absorção de água. Já o aditivo 2 obteve valores médios maiores que a
referência e sem variação com o aumento do teor de hidrofugação.

Na Figura 4.18, estão presentes os valores de absorção de água por imersão total
antes e depois do ensaio de envelhecimento natural.

Figura 4.18 - Comparação entre a absorção de água antes e depois do ensaio de envelhecimento
natural
37,00%
Absorção de água por imersão total (%)

35,54%
36,00%
35,22% 34,86% 34,93%
35,00%
34,94%
34,00%
32,81%
33,00% 32,27% 32,50%
32,00%
30,71%
31,00%
30,38%
30,00%
29,00%
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL

ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO TOTAL APÓS


ENVELHECIMENTO NATURAL

Fonte: Autor (2018)


Por meio da Figura 4.18, verifica-se que a pasta de referência, sem aditivos,
aumentou o valor da absorção de água por imersão total após o envelhecimento
natural, em 7,35%. Já as pastas com os aditivos mantiveram esta propriedade,
praticamente, constante em relação aos valores antes do envelhecimento natural,
observando o desvio em torno da média.

Desta forma, verifica-se que o efeito hidrofugante dos aditivos influenciou


positivamente as pastas que, após à ação dos agentes degradantes no ensaio de
envelhecimento, não absorveram mais água.
96

4.3.1.2 Absorção de água por capilaridade

Na Figura 4.19, estão apresentadas as curvas de absorção de água de água por


capilaridade dos corpos de prova por unidade de superfície, em função da raiz
quadrada do tempo, após a exposição às condições climáticas ambientais.

Figura 4.19 - Curvas de absorção de água por capilaridade após envelhecimento natural
70
65
60
55
50
Δmt (kg/m²)

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 50 100 150 200 250 300
t (s½)

GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.19, observa-se que o comportamento das curvas de absorção
de água por capilaridade em função da raiz quadrada do tempo foi o mesmo que
antes do envelhecimento natural. Verifica-se que as pastas com o aditivo 2 possuem
os maiores valores de absorção entre as pastas com o aditivo hidrofugantes e,
inclusive, a pasta com a menor proporção do aditivo 2, GF2-A, possuem valores da
absorção por capilaridade próximos à pasta de referência, GF0, indicando que o
aditivo não está sendo eficiente na formação da barreira impermeabilizante.

Na Tabela 4.19, estão apresentados os valores dos coeficientes de capilaridade das


pastas, obtidas após o ensaio de envelhecimento natural.

Tabela 4.19 - Valores dos coeficientes de capilaridade obtidos das curvas de absorção de água após
o envelhecimento natural
Média Desvio Coeficiente de Tipo de
Pasta
(kg/m².s0,5) Padrão Variação - CV (%) gráfico
GF0 6.695 x 10-4 116 x 10-4 1,74 Tipo A
GF1-A 2.696 x 10-4 181 x 10 -4 6,71 Tipo A
GF1-B 2.751 x 10-4 438 x 10 -4 15,93 Tipo A
GF2-A 5.314 x 10-4. 14 x 10-4 0,27 Tipo A
GF2-B 5.059 x 10-4 125 x 10 -4 2,47 Tipo A
Fonte: Autor (2018)
97

Conforme foi observado na Figura 4.19 e na Tabela 4.19, o gráfico da absorção de


água em função da raiz quadrada do tempo é do tipo A, como verificado antes da
exposição às condições climáticas ambientais.

Na Figura 4.20, estão apresentados os valores dos coeficientes de absorção de


água por capilaridade antes e após o ensaio de envelhecimento natural.

Figura 4.20 - Comparação entre os coeficientes de capilaridade antes e depois do ensaio de


envelhecimento natural
8.100,00 7931 7534
Coeficiente de absorção de água por

7.100,00
capilaridade (kg/m².s½) X 10^(- 4)

6695 6227
6.100,00
5314
5.100,00 5059
4.100,00
2696
3.100,00
2751
2.100,00 1571
1076
1.100,00 333
100,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
COEFICIENTE DE CAPILARIDADE (kg/m².S½) X 10^-4

COEFICIENTE DE CAPILARIDADE APÓS ENVELHECIMENTO


NATURAL (kg/m².S½) X 10^-4
COEFICIENTE DE CAPILARIDADE MÍNIMO PARA SUCÇÃO
RÁPIDA PELA DIN 52.617 (1987)

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.20, observa-se que que o ensaio de envelhecimento natural
influenciou no comportamento do coeficiente de capilaridade das pastas de gesso.
As pastas de GF0, GF2-A e GF2-B, possuem coeficientes menores após o
envelhecimento natural, indicando uma diminuição na absorção de água. Já as
pastas GF1-A e GF-B, apresentam coeficientes maiores.

De toda forma, todas as pastas, inclusive as com o aditivo hidrofugante, possuem


coeficientes de capilaridade maiores que o critério mínimo da DIN 52617 (1987), que
recomenda, no máximo, coeficiente de capilaridade de 333 x 10 -4 (kg/m².s0,5) para
que o material seja classificado como preventivo contra a água. Desta forma, mesmo
a após o envelhecimento natural, as pastas estão classificadas como de “Sucção
Rápida”, conforme a Tabela 4.14.
98

Ainda da Figura 4.20, verifica-se o efeito positivo do envelhecimento natural que


influenciou na redução do coeficiente de capilaridade das pastas GF0, GF2-A e
GF2-B. Já nas pastas GF1-A e GF1-B o coeficiente obteve valores maiores,
indicando o aumento da absorção de água.

4.3.1.3 Dureza superficial

Os resultados do ensaio de dureza superficial, após a exposição às condições


climáticas, estão apresentados na Tabela 4.20.

Tabela 4.20 - Valores médios de dureza superficial após o ensaio de envelhecimento natural
Pasta Dureza superficial (N/mm)
GF0 19,92 ± 0,88
GF1-A 21,23 ± 0,57
GF1-B 22,14 ± 1,09
GF2-A 17,03 ± 0,15
GF2-B 19,19 ± 1,09
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.21, estão presentes os valores médios de dureza superficial antes e
após o ensaio de envelhecimento natural.

Figura 4.21 - Comparação entre a dureza superficial antes e depois do ensaio de envelhecimento
natural
Dureza Superficial (N/mm²)

23,00 22,16
21,23 22,14
21,00 20,10
18,88 19,17 19,36
19,00 19,92
19,19
17,00 17,03

15,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B

DUREZA SUPERFICIAL Pastas de gesso


DUREZA SUPERFICIAL APÓS ENVELHECIMENTO NATURAL
DUREZA MÍNIMA PELA NBR 13207 (2017)

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.21, observa-se que a exposição às condições climáticas
ambientais influenciou na redução da dureza superficial da pasta sem aditivo, GF0.
As pastas com o aditivo 1 tiveram esta propriedade aumentada em relação à dureza
antes do envelhecimento natural, sendo um aspecto positivo tendo em vista que o
gesso é um material de natural dureza superficial baixa.
99

Já na pasta com a menor proporção do aditivo 2, GF2-A, a dureza após o


envelhecimento natural foi reduzida e na pasta GF2-B a dureza permaneceu,
praticamente, constante.

Em relação à recomendação normativa, apenas as pastas GF0, GF1-A e GF1-B


atenderam ao valor mínimo de 20 N/mm². Já as pastas GF2-A e GF2-B não
atenderam ao critério em relação ao valor médio da dureza.

Ressalta-se, novamente, que os valores obtidos possuem grande variabilidade em


torno da média devido à metodologia que utiliza um paquímetro para medir a
penetração da esfera metálica nas faces dos corpos de prova. A utilização de um
aparelho que meça diretamente a dureza, provavelmente, alcançará resultados com
menos dispersão em torno da média.

4.3.1.4 Resistência à compressão

Os resultados do ensaio de resistência à compressão, após a exposição às


condições climáticas ambientais, estão apresentados na Tabela 4.21.

Tabela 4.21 - Resistência à compressão após envelhecimento natural


Resistência à
Pasta
compressão (MPa)
GF0 8,98 ± 0,15
GF1-A 9,24 ± 0,31
GF1-B 8,75 ± 0,67
GF2-A 7,45 ± 0,30
GF2-B 6,92 ± 0,66
Fonte: Autor (2018)
Na Figura 4.22, estão presentes os valores médios de resistência à compressão
antes e após o ensaio de envelhecimento natural.
100

Figura 4.22 - Comparação entre a resistência à compressão antes e depois do ensaio de


envelhecimento natural
11,00

Resistência à compressão (MPa)


10,00 9,67

9,24 8,75
9,00 8,98 8,45 8,33
8,15
8,00
7,45 7,01
7,00
6,92

6,00
GF0 GF1-A GF1-B GF2-A GF2-B
Pastas de gesso
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO APÓS ENVELHECIMENTO


NATURAL (MPa)
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO MÍNIMA PELA NBR 13207 (1994)

Fonte: Autor (2018)


Através da Figura 4.22, observa-se que a pasta de referência obteve resistência à
compressão menor após o ensaio de envelhecimento natural. Observando os
valores médios, as pastas GF1-A e GF1-B apresentam valores de resistência
maiores. Já a pasta com a menor proporção do aditivo 2 teve esta propriedade
diminuída. A pasta com a maior proporção do aditivo 2, GF2-B, não foi influenciada
pelo ensaio de envelhecimento natural.

Em relação ao critério mínimo da NBR 13207 (1994), a pasta GF0 continuou


atendendo à exigência de 8,4 MPa. As pastas com o aditivo 1 atenderam ao critério
normativo e as pastas como aditivo 2 continuaram não atendendo com valores a
baixo de 8,4 MPa.
101

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve o objetivo de avaliar os efeitos dos aditivos hidrofugantes nas
propriedades nos estados fresco e endurecido e na durabilidade do gesso de
fundição utilizando relação água gesso comercial.

5.1 CONCLUSÕES

A partir do estudo do gesso nos estados anidro, fresco e endurecido, são


apresentadas as seguintes conclusões:

Com relação à caracterização da matéria prima, tem-se:

 Em relação aos critérios da NBR 13207 (2017), o gesso de fundição utilizado


não atendeu apenas ao critério de tempo de início de pega;
 O tempo útil da pega obtido pelo método calorimétrico é maior que o método
da ABNT;
 A utilização da consistência normal proporciona a diminuição da
trabalhabilidade das pastas.

Com relação à avaliação do efeito dos aditivos hidrofugantes no estado fresco do


gesso, tem-se:

 O aumento do teor do aditivo 1 influenciou no aumento da consistência da


pasta de gesso. Já o aditivo 2, não modificou esta propriedade;
 O aumento do teor de hidrofugação do aditivo 1 ocasionou o retardamento do
início e do fim da pega da pasta. O aditivo 2, retardou os tempos de início e
fim da pega em relação à pasta de referência, mas o aumento do teor de
hidrofugação não influenciou esta propriedade;
 Em relação ao tempo útil, houve a diminuição nas pastas com o aditivo 1. Já
nas pastas com o aditivo 2 o tempo útil não foi modificado;
 As curvas de hidratação possuem formato conforme indicado na literatura;
 As pastas com o aditivo 1 atingiram valores máximos e apresentam variações
de temperatura próximas às da pasta sem aditivo. Já as pastas com o aditivo
2, atingiram os menores valores de temperatura máxima;
102

 Em relação à atividade cinética, o aumento do teor de hidrofugação do aditivo


ocasionou a diminuição dessa propriedade. Já o aditivo 2, influenciou obtendo
os menores valores;
 O tempo útil da pega das pastas pelo método da ABNT é menor que pelo
método calorimétrico;
 Os tempos de início de pega pelo método calorimétrico são menores que pelo
método da ABNT. Já os tempos de fim de pega pelo método calorimétrico são
maiores.

Com relação à avaliação do efeito dos aditivos hidrofugantes no estado endurecido


do gesso, tem-se:

 Em relação à absorção de água por imersão total, a menor proporção do


aditivo 1 não influenciou esta propriedade que obteve valor, praticamente,
igual à pasta de referência. O aumento do teor de hidrofugação diminuiu de
forma sensível a absorção de água por imersão total;
 O aditivo hidrofugante 2 influenciou as pastas obtendo valores de absorção
de água por imersão total maiores que a referência. O aumento do teor de
hidrofugação não influenciou nesta propriedade;
 Em relação ao critério normativo de absorção de água por imersão total da
NBR 16494 (2017) e da norma francesa EM 12859 (2008), todas as pastas
não atenderam ao requisito obtendo mais de 5%;
 Em relação à perda de massa durante o ensaio de absorção de água por
imersão total, as pastas com o aditivo 1 foram as mais influenciadas com
aumento devido ao maior teor de hidrofugação. Já as pastas com o aditivo 2
possuem os menores valores, inclusive, perderam menos massa que a pasta
sem aditivo;
 Em relação à absorção de água por capilaridade as pastas com os aditivos
hidrofugantes apresentaram valores menores que a pasta de referência;
 Verificou-se que o aumento do teor de hidrofugação dos dois aditivos
influenciou na redução da absorção de água por capilaridade, onde as pastas
com o aditivo 1 obtiveram os menores valores;
 Todas as curvas de absorção de água por capilaridade possuem
comportamento linear entre a absorção de água e a raiz quadrada do tempo;
103

 Os coeficientes de capilaridade obtidos pela ASTM C1794 (2015) são,


praticamente, iguais aos obtidos pelo método da regressão linear;
 Todas as pastas, com e se aditivo, foram classificadas como sendo “Sucção
rápida”, conforme a DIN 52.617 (1987);
 Verifica-se que os aditivos hidrofugantes não proporcionaram a redução da
absorção de água, tanto por imersão total quanto por capilaridade, de forma
satisfatória atendendo aos critérios normativos. Esperava-se que o
comportamento do gesso hidrofugado fosse, pelo menos, como sendo
“preventivo contra a água”;
 Os aditivos influenciaram na redução da dureza superficial em todas as
pastas que apresentaram valores menores que na pasta de referência.
Mesmo assim, somente a pasta com o menor teor do aditivo 1 não atendeu
ao critério normativo;
 Verificou-se que a absorção de água influenciou na redução da dureza
superficial;
 Em relação à resistência à compressão, os aditivos hidrofugantes
influenciaram na redução desta propriedade. A aumento do teor de
hidrofugação do aditivo 2 fez a pasta diminuir a resistência;
 Verificou-se que a absorção de água influenciou na redução da resistência à
compressão das pastas com o aditivo 1. As pastas com o aditivo 2 não foram
influenciadas.

Com relação à avaliação do efeito dos aditivos hidrofugantes no estado endurecido


do gesso após o ensaio de durabilidade através do envelhecimento natural, tem-se:

 A pasta de referência aumentou a absorção de água por imersão total. Já as


pastas com os aditivos hidrofugantes não foram influenciadas pelas
condições climáticas em relação a esta propriedade;
 Em relação à absorção de água por capilaridade, as pastas mantiveram a
relação linear da absorção com a raiz quadrada do tempo;
 Em relação ao coeficiente de capilaridade, o ensaio de envelhecimento
natural provocou a redução na pasta sem aditivo e nas pastas com o aditivo
2, sendo um aspecto positivo. Já nas pastas com o aditivo 1, o coeficiente foi
aumentado;
104

 Todas as pastas continuam sendo classificadas como “Sucção rápida” após a


exposição às condições climáticas ambientais;
 Em relação à dureza superficial, a pasta sem aditivo teve esta propriedade
diminuída. As pastas com o aditivo 1 tiveram a dureza aumentada. Apenas a
pasta com a menor proporção do aditivo 2 foi influenciado pelo ensaio de
envelhecimento com a redução da dureza;
 Em relação à resistência à compressão, a pasta sem aditivos obteve valor
médio menor. As pastas com o aditivo 1 tiveram esta propriedade aumentada
e a pasta com o aditivo 2 obteve valor menor de resistência, não atendendo
ao critério normativo.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se recomendar:

 Avaliação da influência dos aditivos hidrofugantes para gesso utilizando


teores de hidrofugação fora da recomendação do fabricante;
 Estudo da influência de outros aditivos hidrofugantes para gesso;
 Avaliação microestrutural do aditivo hidrofugante nas pastas de gesso;
 Estudo de durabilidade do gesso por meio de ensaios de envelhecimento
acelerado através de molhagem e secagem;
 Avaliação das temperaturas de secagem no estudo da durabilidade do gesso;
 Avaliação da durabilidade do gesso utilizando períodos de exposição às
condições climáticas maiores.
105

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