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Guilherme d'Almeida
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O RISO
DISSERTAÇÃO INAUGURAL
PORTO
T Y P O G R A P H I A DO « D I Á R I O DA T A R D E
56, T. da Fabrica, 5 6
1900
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ESCOLA MEDICO-CIRIGICI DO PORTO
DIRECTOR INTERINO
C L E M E N T E FIXvTTO
CORPO DOCENTE
PROFESSORES PROPRIETÁRIOS
1." Cadeira—Anatomia descri-
ptiva e geral João Pereira Dias Lebre.
2." Cadeira—Physiologia . . Antonio Placido da Costa.
3." Cadeira—Historia natural
dos medicamentos e ma-
teria medica Illydio Ayres Pereira do Valle.
a
4. Cadeira—Pathologia exter-
na e therapeutica externa. Antonio J. de Moraes Caldas.
5." Cadeira—Medicina opera-
tória Vago.
6.* Cadeira—Partos, doenças
das mulheres de parto e
dos recem-nascidos . . . Cândido A. Corrêa de Pinho.
7." Cadeira—Pathologia inter-
na e therapeutica interna. Antonio d'Oliveira Monteiro.
8." Cadeira—Clinica medica . Antonio d'Azevedo Maia.
9.» Cadeira—Clinica cirúrgica Roberto B. do Rosário Frias.
10.a Cadeira—Anatomia patho-
logica Augusto H. d'Almeida Brandão.
11.a Cadeira—Medicina legal,
hygiene privada e publi-
ca e toxicologia . . . . Vago.
12.* Cadeira—Pathologia geral,
semeiologia e historia me-
dica Maximiano A. d'Oliveira Lemos.
Pharmacia Nuno Dias Salgueiro.
PROFESSORES JUBILADOS
/-Pedro Augusto Dias.
Secção medica ) D r - J o s é Carlos Lopes.
J José d'Andrade Gramacho.
VDr. Agostinho Antonio do Souto.
PROFESSORES SUBSTITUTOS
Secção medica r J o ã o L . da Silva Martins Junior.
VAlberto Pereira Pinto d'Aguiar.
Secção cirúrgica / Clemente J. dos Santos P. Junior.
'VCarlos Augusto de Lima.
Demonstrador de anatomia. . Luiz de Freitas Viegas.
A Escola não responde pelas doutrinas expendidas na dis-
cripção e enunciadas nas proposições.
(Regulamento da Escola, de 23 d'Abril de 1840, art. 155.°)
mcxte pct<$0
e ^s(mt>eitc Jrezeiza
Qsfíendéá
oOMana lOa/umM
Grattas ayamus.
O discípulo grato.
Na despedida, a
^-íííix Qyfaok
Heme state
Urna saudade.
Á ILLUSTRE DIRECÇÃO
DA
Sociedade de M e d i c i n a e C i r u r g i a
O PROFESSOR
O RISO NORMAL
1
CAPITULO I
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Concluindo :
— A expressão physionomica do riso não é devida
unicamente ao musculo grande zygomatieo.
CAPITULO II
PHYSIOLOGIÀ
O ataque de riso
Período prodromico
A aura é uma espécie de advertência rápida e
súbita que precede a vontade de rir. Pôde estar
debaixo da dependência dos nervos sensitivos, vaso-
motores e motores.
A aura sensitiva depende do estado moral do in-
dividuo, do seu temperamento, edade, etc. Caracté-
risai um arrepio que passa na commissura dos lá-
bios ou das pálpebras, um pequeno trillo precursor
do riso. Esse arrepio tem sede variável: assim, umas
vezes traduz-se por uma sensação de formigueiro,
outras por uma espécie de attricto na cavidade epi-
gastrica ou na região precordial.
A aura sensorial tem variadas formas de se ma-
30
Phenomenos respiratórios
Phenomenos phoneticos
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Concluindo:
— A aura é o inicio do ataque do riso.
— A theoria do riso diaphragmatico deve ser
posta de parte por menos verdadeira.
— O riso não é privativo da espécie humana.
— A primeira vibração do riso faz-se na laryngé.
—O riso consiste n'uma serie de expirações suc-
cessivas, cortadas de quando em quando por uma
inspiração.
— Os seus agentes musculares são além dos mús-
culos da face já mencionados, essencialmente os ex-
piradores.
CAPITULO III
O P R I M E I R O SORRISO
f
(EVOLUÇÃO)
O riso na creança
Poucos phenomenos se dão rias creanças de que
as mães sejam melhores observadoras do que da
apparição do primeiro sorriso. Esperam-no anciosas,
provocam-no, fazendo cócegas nos pequenitos, rindo-
Ihes por seu turno como que utilisando inconscien-
temente o contagio, mostrando-lhes brinquedos de
cores vivas, levando-os a olhar scenas movimenta-
das. Um comboio que passa, uma nora cujos alca-
truzes fazem escachoar a agua, um bando de pom-
bas que, em revoadas francas, recortam o espaço,
tudo lhes serve de pretexto para que a creança es-
boce essa modificação physionomica que ellas tanto
desejam, tanto anceiam — o primeiro sorriso. E assim
que elle appareee, que triumpho! Que felicidade e
que prazer indizível ao verem as creanças deitadas
no berço, sorrindo com os bracitos róseos sahindo
para fora das rendas caras, as madeixas louras a
ondearem sobre a alvura dos linhos perfumados de
rosmaninho e alfazema.
O sorriso de uma creança é como que um alvo-
recer de esperanças em leitos de illusões; é como
que um desabrochar de rosas por manhãs purpuri-
nas de abril. E as mães que vêem n'esse sorriso o
6
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O riso no adulto
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nsíom goròiJ
No adulto o riso é provocado por causas muito
différentes d'aquellas que bastam a produzilo na
creanca, e sobre esse assumpto bastante se tem es
cripto, chegandose á conclusão de que, no mundo
externo, o ridículo e o risível são as causas mais fre
quentes do riso. Como discernir porém o que seja o
ridiculo do que seja o risível ? Começa abi a grande
difficuldade e como, que saibamos, não se tenha ainda
chegado a uma resolução, achamos que melhor será
não demorar n'este assumpto, tão bem explorado por
diversos auctores 0), e que nos levaria a encher al
gumas paginas sem que de positivo se podesse tirar
uma única conclusão, ob c
Physionomistas entre os quaes Lavater occupa um
papel primordial (2), dizem que para se conhecer o
caracter e o grau de um individuo basta «consultar
o seu riso ». Segundo elles, o riso é a pedra de toque
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*
* *
Concluindo :
— O primeiro sorriso appárece na creança, em
regra, entre um e dois mezes.
— O riso desapparece durante a dentição.
— O ridículo é a causa mais' frequente do riso.
T
CAPITULO IV
O R I S O —MODALIDADES
Temperamentos
Contagio
Climas — Temperatura
*
* *
Concluindo:
—O riso parece estar na razão directa da frivo-
lidade.
—Os povos selvagens são os mais exhuberantes
na alegria.
— É difficil, senão impossível, crear a immunidade
do riso.
SEGUIDA PARTE
O RISO PATHOLOGICO
•
CAPITULO I
O RISO E M S E M E I O L O G I A
(GENERALIDADES)
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* *
IÍI07 ,'ÀHSé'l i í! 90p
*•
* *
Concluindo :
—O riso é também um elemento de diagnostico.
rjdini •
CAPITULO II
O RISO NA HYSTERIA
Concluindo:
— O riso è um dos syœptomas frequentes da hys
teria.
— Os ataques de riso produzemse ou como pro
dromos do accesso convulsivo ou no período de reso
lução.
— É diíucii o prognostico do riso incoercível dada
a difíiculdade de diagnostico entre risolic e riso
■espasmo.
CAPITULO III
O RISO NA EPILEPSIA
E NO TÉTANO
Na epilepsia
Brissaud (x) n'uma lição feita sobre o riso espas-
módico disse: «É como um ataque de epilepsia que
percorre fatalmente o cyclo das suas manifestações
convulsivas e que nada pôde suster desde que prin-
cipie ».
E de resto assim é. Não só o ataque de riso apre-
senta grandes analogias com os accessos convulsivos
da epilepsia, mas ainda pôde produzir-se como única
forma da epilepsia e substituir até outras manifesta-
ções.
Eis algumas observações que o comprovam :
OBS. IX — J. B., 36 annos, epiléptico desde os 14 annos. O
pae era alcoólico; seis irmãos que teve morreram todos na pri-
meira infância com convulsões. Além das grandes crises que
eram as primeiras manifestações da epilepsia, é sujeito a ver-
tigens súbitas com queda na resolução completa e a accessos de
riso.
As grandes crises são iniciadas por uma loquacidade des-
acostumada ; depois o olhar torna-se fixo e o doente cahe para
* *
Concluindo :
— 0 apparecimento do riso na epilepsia não marca
nenhuma phase do ataque.
— 0 riso do tetânico é de typo sardónico e inicial.
RISOTHERAPIA
Coucluindo :
— A despeito dos factos de risotherapia que a his-
toria nos aponta, o riso só poderá ser racionalmente
empregado, nas formas depressivas da alienação
mental.
PROPOSIÇÕES
VISTO. PÔDE I M P R I M I R - S E .