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LIÇÃO 12

SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA 12ª LIÇÃO DO 2º TRIMESTRE DE


2018 – DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2018

ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA

Texto áureo

“Portanto, dai a cada um o que


deveis: a quem tributo, tributo; a
quem imposto, imposto; a quem
temor, temor; a quem honra,
honra” (Pv 13.7)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – Romanos 13.1-7.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
Estamos já em reta final, e desta feita chegamos à lição de número 12, com
um tema que suscita acirradas discussões e calorosos debates: afinal, o cristão
deve, ou não deve, se envolver em política? À bem da verdade, se envolver é uma
coisa, instruir-se sobre, é outra bem diferente, não é mesmo, distinto leitor!

Pois bem, eis o que vamos estudar nesta presente lição: Uma Perspectiva
Bíblica da Política; A Separação do Estado da Igreja: Uma Herança Protestante e
Como o Cristão Deve Lidar com a Política.

Portanto, prezados leitores, tenham uma excelente aula.

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I – UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DA POLÍTICA

O que significa a palavra Política?

Comumente falando, Política é a ciência da governança de um Estado ou


Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo
tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é
público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado
com aquilo que diz respeito ao espaço público.

Aristóteles compreendia a política como a ética do Estado, como grandeza


ética coletiva decorrente da estrutura própria do ser humano, definido como zoon
politikon, a partir da qual concebe sua obra A Política. Para ele, a política é a ética
escrita em letras grandes para a vida da polis.

Já Nicolau Maquiavel, resumia a política à reflexão sobre as formas de


alcance e manutenção do poder, ou seja, sobre os mecanismos de discriminação e
prática do poder. Destarte, Maquiavel escreveu seu tratado de política sob
inspiração absolutista, segundo a qual o monarca encarna o poder, restando
irrelevante a legitimidade ética dele.

Num significado mais abrangente, o termo política pode ser utilizado como um
conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma
empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de
deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de
trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e
compromissos com os clientes.

Já na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em


relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política
educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política
ambiental, etc.

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1. Deus governa todos os aspectos da vida humana, inclusive o político.

No livro do Profeta Daniel, temos um exemplo extraordinário de como Deus


governa, de fato, todos os aspectos da vida humana, bem como as matizes da
história mundial, em que a política está presente. No capítulo 2, deste livro, e
versículos 37 e 38, ver-se a forma vigorosa, como é afirmada a absoluta soberania
de Deus no governo da história humana, destacada nas palavras ali expressas:
“conferiu o reino”, “poder”, “força” e “glória”.

À época, o império Babilônico, comandado pelo rei Nabucodonosor, era


protótipo de um governo absoluto e glorioso, mas sob a égide do governo do Eterno
Deus, até porque é Deus quem dirige o curso dos tempos (Dn 2.21) e outorga poder
e autoridade a quem Ele quer (Dn 4. 17, 25, 32). Por isso, Nabucodonosor não
governa pela sua própria autoridade, mas porque Deus a concedeu-lhe para que a
exerça conforme o prazo que lhe fixou (Dn 5.18; Jr 27. 5-8). Portanto, o Senhor
possui a plenitude do poder e Ele pode dá-lo a quem quiser. Logo, os aspectos
políticos de um governo não passam despercebidos do Altíssimo Deus.

2. Deus levanta homens que o glorifiquem na política.

Temos exemplos contundentes na Bíblia de homens e mulheres que


exerceram um papel relevante de liderança e governo, que podemos imitá-los. Eis
alguns:

 José, filho de Jacó (Gn 41. 37-57);

 Neemias (Nm 5. 13-19);

 Esdras (Ed 7. 6-28);

 A Rainha Ester (Et 2. 12-20);

 Daniel (Dn 2. 46-49);

E outros exemplos poderiam ser dados, na Bíblia e fora dela, como o de


William Wilberforce (1759-1833), sitado pelo comentarista da lição, no entanto, o que
se pode depreender destes que foram supracitados é que podemos glorificar a Deus

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em todas as áreas de nossas vidas, até porque ser Cristão não é ser religioso
fanático, mas ter um modus vivendi equilibrado e responsável.

3. O Estado e a Política.

A ideia de Estado constituído por três elementos, quais sejam, povo, território
e governo soberano, ficou relegada ao plano das definições formais dos cursos de
Teoria Geral do Estado. A política, portanto, se exerce como atividade conduzida
pelo Estado, reconhecendo ou não legitimidade e liceidade1 aos movimentos da
sociedade civil. E naquilo que o governo interfere, ele o faz por meio do direito, do
aparelhamento da força que é peculiar (coerção). De modo que o direito vem
atender às opções políticas do Estado, e o conceito de éthos como toda a
normatividade produzida pelo meio se perde completamente, pois uma é a ordem
ética, outra é a política e uma terceira é o direito (ordem coerciva por excelência).

O Estado no Novo Testamento, tem, portanto, um papel exaltado e muito


claramente delineado (Rm 13. 3,4). É responsabilidade, portanto, de todo cristão
ajudá-lo a manter-se fiel a esse papel.

4. O Estado e a Bíblia.

O Novo Testamento retrata o estado como instrumento de Deus para trazer


justiça e equidade à labuta diária dos seres humanos. Mas se este mesmo estado
eximir-se de cumprir este mister, entregar-se-á ao mal, tornar-se-á, assim, tirano,
logo demoníaco, e, portanto, será comparado a uma insana e perversa meretriz,
pronto a ser julgado por Deus. Ver-se que o o papel de um estado tirano e mal é
descrito no livro de Apocalipse, enquanto o papel correto, equânime e justo é
exposto no restante do Novo Testamento.

É notório destacar que a missiva do Apóstolo Paulo aos Romanos descreve


incisivamente o papel do estado, demostrando que não existe autoridade humana
que não seja dada por Deus; pois as que existem foram ordenadas por Deus (Rm
13.1).

1
Liceidade é a qualidade e requisito do que é lícito; licitude.

4
É importante dizer que Paulo não enumera as diversas formas como os
governantes chegam ao poder, mas destaca que o governo humano é uma
realidade sustentada por Deus, logo aqui está implicito o princípio de autoridade
outorgada às intituições governamentais e não às pessoas de per si. Neste caso,
este governo, ressaltado pelas palavras do apóstolo, estaria agindo de forma justa, e
as pessoas que resistissem a esse tipo dado de autoridade estaria resistindo à
ordenança do próprio Deus, portanto, sujeito a punição (13.2). Logo, essa autoridade
governante é serva de Deus, trazendo ira sobre o que comete mal (13.4). Neste
caso, sem o governo, conforme descrito em 13.1-7, haveria anarquia.

Destarte, o bem deve ser exaltado e honrado pelo governo (Rm 13.3;1 Pe
2.14); nós cristãos devemos demonstrar sujeição ao estado mediante o pagamento
de impostos (claro, estes deveriam ser justos e não abusivos) e do exercício da
cidadania, mostrando honra e respeito (Rm 13. 6,7). Contudo, este respeito e honra
não devem ser levado em conta se houver leve traço de adoração e exaltação de
um regente humano, pois isto contraria a Palavra de Deus e ao próprio Deus (Dn
3.18).

Como diz Wayne Grudem: “No tocante a algumas questões, creio que o
ensino geral da Bíblia é claro, direto e categórigo, como a ideia de que os governos
civis foram instituídos por Deus para punir o mal e recompensar o bem, ou como a
ideia de que as leis de uma nação devem proteger a vida das pessoas,
especialmente das crianças que ainda não nasceram”2

Devemos, portanto, orar em favor de todos aqueles que estão em posição de


autoridade e liderança ( I Tm 2.2), lembrando que existem coisas que pertencem ao
estado e outras que pertencem a Deus (Mt 22. 15-22; Mc 12. 13-17; Lc 20.20).

II – A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE.

Quando nos referimos a separação do Estado da Igreja, estamos falando de


um Estado Laico. Mas o que significa o termo Laico? Laico significa o que ou quem

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GRUDEM, Wayne. Política segundo a Bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer. São
Paulo: Vida Nova, p. 23, 2014

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não pertence ou não está sujeito a uma religião ou não é influenciado por ela. O
termo “laico” tem sua origem etimológica no grego laikós que significa “do povo”.

Está relacionado com a vida secular (mundana) e com atitudes profanas que
não se conjugam com a vida religiosa. Originalmente, a palavra laico servia para
descrever cristãos devotos, mas que não faziam parte do clero. Só a partir da
segunda metade do século XIX esta palavra ganhou o sentido de uma pessoa,
organização ou atividade autônoma e sem ligação à esfera da religião.

Um comportamento secular é o oposto de um comportamento eclesiástico,


direcionado para atividades da Igreja.

Estado laico, portanto, significa um país ou nação com uma posição neutra no
campo religioso. Também conhecido como Estado Secular, o Estado laico tem como
princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando
nenhuma religião. Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus
cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias
sociopolíticas e culturais. Um país laico é aquele que segue o caminho do laicismo,
uma doutrina que defende que a religião não deve ter influência nos assuntos do
Estado. O laicismo foi responsável pela separação entre a Igreja e o Estado e
ganhou força com a Revolução Francesa.

O Brasil é oficialmente um Estado laico, pois a Constituição Brasileira e outras


legislações preveem a liberdade de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção
e respeito às manifestações religiosas.

No artigo 5º da Constituição Brasileira (1988) está escrito:

“VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre


exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;”

Logo, a qualidade de ser laico pressupõe a não interferência da igreja em


assuntos políticos e culturais.

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1. A união entre a Igreja e o Estado.

No mês de março de 313 d. C, os proclamas da aliança profana entre a igreja


e o Estado foram publicados em Milão. O celebrado decreto daquela data conferiu
aos cristãos completa tolerância, e abriu o caminho para o estabelecimento legal do
cristianismo e para sua ascensão sobre todas as outras religiões. Isto foi
publicamente demonstrado no novo estandarte imperial - o Lábaro. Além das iniciais
de Cristo e do símbolo de Sua cruz, havia também uma imagem do imperador em
ouro. Estes signos, ou motes, foram concebidos como objetos de adoração, tanto
para os soldados pagãos quanto cristãos, e para animar-lhes o entusiasmo no dia da
batalha.

Logo, em 27 de fevereiro de 380 d.C, o imperador romano Teodósio I


decretou o Édito de Tessalônica, também conhecido como Cunctos Populos ou De
Fide Catolica, em que estabelecia que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a
religião de estado, no Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro
do império e fechando templos pagãos.

Assim, aquele que é chamado de grande imperador cristão uniu publicamente


o cristianismo e a idolatria.

2. A separação entre a Igreja e o Estado.

Historicamente, o Estado surge no momento em que os conflitos sociais


colocam em risco a sociedade e expõem ao perigo os meios de produção, fazendo
predominar os interesses da classe social dominante, haja vista, os interesses da
monarquia, da nobreza, do clero e da burguesia.

A partir da queda do Império Romano, começou a nascer o período chamado


de Idade Média, ocorrido entre os anos de 476 e 1453. Nessa época o poder era
local (restrito ao feudo) e descentralizado, sempre assumido pelos nobres. Os reis
possuíam os reinos apenas legalmente, pois as terras estavam sob o controle da
nobreza feudal. Não existiu realmente a autoridade de um Estado unificado, a

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nobreza mantinha-se no poder pelo vínculo de suserania e vassalagem. Nas
palavras de Dallari o Estado Medieval possui certas características as quais são:

“(...) o cristianismo, as invasões bárbaras e o feudalismo (...), mais


como aspiração do que como realidade: um poder superior, exercido
pelo Imperador, com uma infinita pluralidade de poderes menores,
sem hierarquia definida; uma incontável multiplicidade de ordens
jurídicas, compreendendo a ordem imperial, a ordem eclesiástica, o
direito das monarquias inferiores, um direito comunal que se
desenvolveu extraordinariamente, as ordenações dos feudos e as
regras estabelecidas no fim da Idade Média pelas corporações de
ofícios”.

Vale ressaltar que nos tempos antigos a Religião e o Estado formavam uma
instituição única, por exemplo, o faraó egípcio, antes de ser chefe de Estado era
considerado uma divindade. A Religião acabava assim, dominando o Estado, pois
ela escolhia os seus representantes.

A organização e o fortalecimento da Igreja, nos séculos I ao VII, foi um


período onde as primeiras gerações de cristãos foram perseguidas constantemente,
pelo domínio absoluto dos romanos. O acontecimento que marca a organização da
Igreja foi o Concílio de Nicéia, de 335, que presidiu também a sua união com o
Estado Romano. O poder da Igreja, por conseguinte não era somente espiritual, era
também temporal.

Com o passar do tempo ela tornou-se o maior proprietário de Terras da já


conhecida Idade Média. Como destacado, mais vamos aqui enfatizar, a Igreja era a
instituição mais poderosa da época, os poderes locais dos senhores feudais
integravam-se ao poder universal da Igreja, visando manter a organização
econômica e feudal que lhes era favorável.

Dos anos 700 a 1300 ocorreu a simbiose entre a Igreja e o Império. Dois
importantes fatos históricos aconteceram, o primeiro foi o Cisma, a separação do
Oriente em 1054, devido às dificuldades encontradas para manter a homogeneidade
da doutrina cristã, e o complicado relacionamento com a Igreja Bizantina, e o

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segundo foram as Cruzadas, que aspiravam como objetivo reconquistar a Terra
Santa (Jerusalém, Belém, Nazaré) das mãos dos infiéis muçulmanos.

O tempo caracterizado pela dissolução do mundo cristão e ocidental, foi de


1300 a 1750, no qual ocorreu o Cisma do Ocidente, por iniciativa principalmente, de
Lutero. O Papado acabou sendo despojado do seu poderio unificador. O Cardeal
Arns assim exemplifica: “Bonifácio VII (Papa de 1294 a 1303) ainda chega a afirmar
a primazia sobre o Estado nacional da França. Mas será preso por Felipe, O Belo.
Segue o tempo do exílio dos Papas, em Avignon, na França (1309 a 1378): período
confuso e desnorteante para os fiéis. Declínio último do poder temporal dos Papas”.

A Revolução Francesa, em 1789, separou o Estado da Igreja ocasionando o


fechamento das igrejas, os sinos foram descidos, a prataria sacra foi entregue à
diligência das autoridades distritais e a iconoclastia, foram algumas demonstrações
da descristianização. Os conceitos de fé são fortemente abalados, pois o homem
passa a acreditar no seu potencial e na razão, dando a Igreja apenas a consciência
de agir pelo povo e de cumprir a sua missão junto ao povo.

Com essas peculiaridades a instabilidade política, econômica e social era


predominante, ocasionando a necessidade da criação do Estado Moderno como
retentor da ordem e de autoridade. A busca por unidade e por um poder soberano foi
estabelecida em grande parte pelo Tratado de Westfália, de 1648, que documentou
um novo tipo de Estado, possuidor da particularidade básica de unidade territorial
com um poder soberano, ficou, então, consagrado o modelo da soberania absoluta.

O Estado Moderno passou a ter elementos indispensáveis para a sua


composição que são: o povo, o território fixo reconhecido e a soberania, já
anteriormente ressaltado.

As modernas Constituições junto com o direito positivado e mais os


elementos do Estado Moderno, povo, território fixo reconhecido e soberania,
formaram o Estado Contemporâneo, modelo de Estado que atualmente, está em
vigor na sociedade. Ele detém o poder político visando como fim o bem comum. A
crise do Estado Contemporâneo, contudo, é notória e a perda de soberania e
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autonomia dos Estados Nacionais na formulação de políticas internas é fato, devido
em grande parte a globalização. Porém o mundo sofre constantes variações e tudo o
que está inserido nele também tende a mudar, se acaso ocorrem mudanças, elas
serão mais um passo dado pelo homem e registrado pela história.

3. O Modelo de Estado Laico Brasileiro.

A Constituição brasileira de 1988 garante que todo cidadão brasileiro deve ter
direito de praticar livremente seu credo religioso. A referida Carta Magna assegura a
todo cidadão brasileiro ainda a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva como, por exemplo: Forças Armadas e presídios.

Segundo a Constituição, a liberdade de consciência e de crença é inviolável.


O Estado brasileiro é laico, mas como indica a Carta, ele não é laicista, pois
assegura aos seus cidadãos o direito de livremente expressarem e praticarem sua
religião. Logo, sendo o ser humano religioso por natureza (Sl 42.1), tem uma
dimensão transcendente.

O Estado existe em função do bem comum e da ordem social. Os objetivos


fundamentais da República Federativa do Brasil são: construir uma sociedade livre,
justa e solidária; promover o bem de todos; entre outros. Em outros termos, a razão
de ser do Estado é o bem do homem, assegurar que seus direitos sejam
respeitados. Os princípios religiosos visam também o bem e a paz social.

III – COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA

1. O perigo da politicagem.

Mas o que significa o termo politicagem? Pois bem, politicagem diz respeito
aquela “política” de troca de favores e de interesses e vantagens pessoais. Isto é,
cada um busca o que é melhor pra si, sem se importar com os que realmente
precisam de uma representação justa e equânime – o povo.

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Logo, este tipo de atitudes demonstra a falta de um caráter cristão, pautado
nas Escrituras, e realmente põe em “descrédito o Evangelho e a Igreja”. Como bem
escreveu Diego Windsor: “Um dos efeitos da politicagem é a degradação e
decadência espiritual das pessoas. Pois, quando um líder, seja ele pastor, bispo,
ancião, ou qualquer que seja a denominação dada, é ungido sem a direção de Deus,
todo o povo sofre”

Portanto, a Igreja deve manter a sua integridade num mundo hostil (Is 5.20).

2. Como delimitar a atuação da Igreja.

Como bem escreveu Leonardo Gonçalves: “Púlpito não é palanque! E política


no templo é ilegal!”

Esta frase é verdadeira e deve ser bem explicada. Pois bem, é verdade e
justo que toda Igreja, qualquer que seja ela, tem de ser bem instruída em tudo, logo
o tema política também. Mas, entre uma instrução dada de um pastor ao seu
rebanho, e a ocupação do púlpito para motivos políticos, existe uma distância muito
grande. “Conscientização política é uma coisa, campanha política é outra”, diz o
comentarista da lição. Além do mais, a Lei n.º 9504/97, Artigo 37 § 4º, assim
prescreve:

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder
Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de
iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes,
paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de
propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta,
fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados. (Redação dada pela
Lei nº 11.300, de 2006) (g.m.)

§ 4º. Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil e também aqueles a
que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas,
centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade
privada. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).
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E ainda:

Artigo 13 da Resolução 22.718/2008 do Tribunal Superior Eleitoral:

Art. 13. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder
público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de
iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes,
paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de
propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta,
fixação de placas, estandartes, faixas e assemelhados (Lei nº 9.504/97, art.
37, caput).

§ 2º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo
Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais
como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios,
ainda que de propriedade privada.

Portanto, o espaço do culto é sagrado e deve ser respeitado, logo, toda a


intenção e propósitos devem ser exclusivamente para adoração a Deus, e nunca
para outros fins, mesmo que não houvesse nada dito ou escrito, pois isto é questão
de temor e respeito ao sagrado.

3. Ajustando o foco da Igreja.

As Sagradas Escrituras dizem em Efésios 6.12: “Porque não temos que lutar
contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais”.

De fato, a suprema missão da Igreja é a pregação do Evangelho e isso


envolve batalha nos lugares celestiais, logo, nunca a nossa confiança deve ser no
governo temporal deste mundo, pois ele é terreno e físico; nós, contudo
pertencemos a um reino celeste e espiritual.

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CONCLUSÃO

Como bem escreveu o autor da lição: “como cristãos precisamos fazer a


diferença em nossa sociedade e para isso, precisamos estar bem informados a
respeito do que aqueles que estão exercendo um cargo político, e que muitas vezes
receberam o nosso voto, estão fazendo.”

Portanto, devemos orar pelas autoridades constituídas, para que a nossa


nação seja bem dirigida e que tenhamos dias melhores no porvir terreno.

“Quando não há uma direção sábia, o povo cai, mas na multidão de


conselheiros há segurança” (Pv 11.14).

Louvemos, então, ao nosso Bom e Eterno Deus, cantando o coro do Hino da


Harpa Cristã de número 401.

Breve virá, breve virá,


Breve Jesus Voltarás.

[Professor. Teólogo. Tradutor. Jairo Vinicius da Silva Rocha – Presbítero,


Superintendente e Professor da E.B.D da Assembleia de Deus no Pinheiro.]
Maceió,16 de junho de 2018.

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