Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
1
ideias e sentimentos sobre determinada empresa de forma livre e independente, muitas vezes
afetando estrategicamente a empresa, como, por exemplo, gerando mais demanda por
determinado produto através de divulgação boca à boca. Neste contexto, a criação
compartilhada pode ser observada em inúmeros aspectos: na escolha do local da festa, na
decoração, no vestido da noiva, no convite, enfim... São inúmeros detalhes a serem definidos
que requerem muita interação e pesquisas dos noivos. Nesse contexto, redes sociais e blogs
tornam-se ferramentas importantes de interação entre as empresas e consumidores, e serão o
ponto central no processo de cocriação de valor analisado neste texto.
Partindo deste cenário e de uma revisão teórica dos conceitos de cocriação e da teoria
dos stakeholders, o presente estudo tem como objetivo analisar como a empresa cocria valor
compartilhado com seus stakeholders.
REFERENCIAL TEÓRICO
Há várias décadas a cocriação vem sendo debatida, porém o contexto atual torna as
discussões sobre a temática cada vez mais relevantes. Segundo Prahalad e Ramaswamy (2004),
a visão tradicional da criação de valor, centrada na empresa, está sendo desafiada por
consumidores cada vez mais ativos, conectados e informados. Esta nova realidade emergente
denota uma mudança radical na maneira como os consumidores atuam nos fluxos de consumo.
Os autores examinam essas mudanças relativas ao comportamento do consumidor segundo os
conceitos de: acesso à informação, visão global, redes de contatos, experimentação e ativismo.
O acesso à volumes de informação cada vez maiores tornou os consumidores muito mais
esclarecidos e questionadores, capazes de tomar decisões de forma mais consciente e
informada. Já a visão global contribuiu para o redimensionamento das fronteiras geográficas do
acesso às informações: atualmente é possível consultar informações sobre uma empresa, como
preços, desempenho e tecnologia de seus produtos, de forma bastante simples.
2
O conceito de cocriação de valor corrobora como esta abordagem, reforçando a
evolução de um modelo tradicional centrado na empresa como criadora e fornecedora de valor
para seus clientes para um cenário atualmente multilateral e interativo, sob constante impulso,
conectividade, e permeado por convergência entre todos os atores envolvidos.
4
METODOLOGIA
A pesquisa realizada tem caráter descritivo, onde foi analisada como a teoria se aplica
nesse caso específico. Quanto a natureza do estudo, foi feita uma pesquisa qualitativa, que é
definida por Malhotra (2006, p. 155) como sendo uma metodologia de pesquisa não estruturada
baseada em pequenas amostras, que proporcionam compreensão do contexto do problema.
Como método de estudo optou-se pelo estudo de caso. Segundo Yin (2011), “um estudo de caso
é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto
da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos”. Ainda na abordagem de Yin, o estudo de caso é uma estratégia de
pesquisa abrangente composta de componentes chave: as questões do estudo de caso, as
proposições, as unidades de análise e a lógica que une os dados às proposições, além dos
critérios para análise até a chegada a uma conclusão.
1) Nas últimas interações com a empresa você entende que houve algum tipo de
aprendizado que você considera relevante? (experiência), Como ocorreu esse
aprendizado?
2)
4) O que ele significou pra você? (de forma igual)
3)
5) Esse aprendizado permitiu de alguma forma que você compreendesse mais sobre a
empresa? Descreva esse processo. (novos níveis qualitativos de compreensão)
6) Você entende que a empresa também aprendeu algo com esse processo?
(aprendizado compartilhado)
5
8) Como foi essa experiência para você?
15) Durante a experiência com a empresa, você percebeu que algumas informações
deveriam ter sido passadas e não foram? Quais? Cite como foi! (Níveis de
transparência)
16) Como você entende o papel plataformas digitais na viabilização desse acesso?
(Advento das plataformas digitais)
A análise dos dados coletados foi realizada através da análise de conteúdo (BARDIN,
2006) que é composta por um conjunto de procedimentos sistemáticos e objetivos para a clara
e efetiva descrição do conteúdo das mensagens coletadas dividido em três fases: a pré-análise,
que consiste na exploração do material e tratamento dos resultados, na organização do que será
analisado. Na segunda fase ocorre o tratamento das informações obtidas durante as entrevistas
6
realizadas, resultando assim na inferência e interpretação dos resultados, com objetivo de
responder à questão de pesquisa e também da utilização dos resultados para fins teóricos e de
orientação de novas pesquisas.
-Missão: Oferecer vestidos de noiva simples, não convencionais, lindos e com preços justos
para todas as noivas do Brasil; revolucionando o mercado um vestido por vez;
- Visão: Ser referência no Brasil e na América latina em vestidos de noiva e acessórios para
cerimônias não tradicionais até 2020;
- Propósito: Promover a celebração do amor de forma que se transforme em relações
verdadeiras em toda a cadeia produtiva;
- Valores: simplicidade, humanização, celebração, amor, verdade, transparência, autonomia,
liberdade.
Devido à relevância que as clientes tem dentro do contexto da empresa, que visa atuar
em benefício não somente próprio, mas também em prol da comunidade em que atua, foi
selecionada uma cliente que, segundo as fundadoras, representa bem o perfil das stakeholders
da empresa. A jornalista Laura Gertz tem 29 anos conheceu a empresa desde seu início, em
2014, e logo no primeiro momento já se identificou com a proposta. Segundo ela, “nunca havia
se imaginado casando com um vestido tradicional, sempre possuía a ideia muito clara de que
se fosse casar, iria optar por algo no estilo dos vestidos do O Amor é Simples.” A sócia Natália
define Laura como uma “supercliente”, pois além de ter uma relação muito próxima com a
empresa desde seu início, ela já adquiriu dois vestidos de casamento da empresa. Abaixo o
relato de Laura sobre essa experiência:
7
Entrevistador: “Como foi o processo de escolha do teu vestido? A Natália me contou
que você casou duas vezes com dois vestidos diferentes do amor é simples. Conta
como foi essa experiência?”
LAURA: “O meu marido ele é estrangeiro [...] e a gente não conseguia decidir se ia
fazer o casamento na França, ou aqui no Brasil, então a gente decidiu fazer dois mini-
weddings. Então o primeiro foi no meu salão de festas em Porto Alegre, e foi um
casamento de dia. Quem fez a cerimônia foi a minha vô, então foi um casamento bem
familiar [...] Juntei as pessoas próximas para se conhecerem, todos no mesmo
ambiente, meus sogros conheceram os meus amigos [...] No segundo casamento, foi
na França, e foi um casamento mais tradicional, foi na Igreja, depois a gente foi para
um hotel fazenda, porque era bem interior, na cidade dos pais do meu marido, então,
foi um ‘casamento-casamento’, assim, com todas as etapas normais.”
Após a fase de entrevistas finalizada, foi efetuada uma pré-análise, onde foi realizada a
transcrição das entrevistas e a reunião destes dados, constituindo assim, o corpo de pesquisa.
Na segunda fase, iniciou-se a exploração deste material, criando-se categorias de codificação
para serem analisados de acordo com a fundamentação teórica estabelecida. Para Bardin (2010,
p. 145), “a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos”. As categorias definidas segundo a fundamentação
teórica foram as variáveis DART: Diálogo, Acesso, Avaliação de Riscos, e Transparência
(PRAHALAD, 2004).
DIÁLOGO
LAURA: “O fato de elas publicarem coisas como: A gente está fazendo uma nova
coleção; a gente está pegando ideia da nova coleção... Então você tem uma coisa
assim, meio por trás das cortinas, que dá uma impressão de como funciona a
empresa... Sem falar que elas aparecem as três fundadoras, né, então, tu tem a
impressão de que é uma empresa, uma coisa do interior, da família... Uma coisa bem
humana, "um a um", bem pessoal...”
8
Através deste contato próximo entre os stakeholders, é possível percebermos que existe
uma troca muito fluída de aprendizados, estimulando novos níveis qualitativos de compreensão.
Essa valorização do contato ‘um à um’ relatado por Laura é reflexo de toda uma geração de
consumidores que tem a expectativa de serem tratados como indivíduos únicos e singulares,
capazes de e propensos a participar (Prahalad e Krishnan, 2008). Ou seja, mesmo que a empresa
esteja lidando com milhões de consumidores, ela deve concentrar-se na experiência de um
consumidor por vez.
‘O Amor é Simples’ recebe através de suas redes sociais, como Facebook, Instagram,
WhatsApp diariamente inúmeros contatos de clientes, e isso serve como insight e aprendizado
melhorias em toda a empresa. Na visão de cocriação, todos os pontos de interação entre a
empresa e o consumidor são oportunidades, tanto para a criação como para extração de valor
(Prahalad, 2004).
A empresa também criou uma coleção em parceria com o site “Casando Sem Grana”,
onde foi feita uma pesquisa com 3.000 noivas para criação da nova coleção. Segundo Natália,
para o mercado em que atua a organização, esse aprendizado é ainda mais estratégico: “a gente
sabe que se não ouvir o nosso cliente não vai ter empresa, até pelo tipo de negócio, eu vendo
online vestido de noiva, se eu não deixar minha noiva, feliz e confortável e segura, ela vai
receber o vestido, não vai gostar, ela vai devolver”.
Assim, todos os modelos do site são customizáveis, ou seja, a empresa cocria com e
para cada uma de suas clientes através de propostas de valor muitas vezes inéditas e exclusivas.
No relato feito pela cliente Laura, podemos perceber que a cocriação gerou valor não somente
para a ela, mas também beneficiou o próprio ‘O Amor é Simples’, na medida em que o novo
modelo desenvolvido para ela se tornou também um sucesso de vendas para a marca:
LAURA: “Eu não tinha nenhum modelo assim que eu tivesse 100% de certeza, eu
sempre queria alterar alguma coisinha em um ou outro, então, eu escolhi um modelo,
que eu achei que tinha a coisa que eu gostei mais, que era leveza na saia [...] era um
modelo chamado Gaia. Eles tinham originalmente na cor dourada fosco (figura 3) e
eu olhei: Ok, torna ele diferente, mas não é muito a minha cara [...] Então, eu já fui
consultar a empresa, para ver se tinha como fazer uma alteração, e elas: ‘Com certeza,
a gente pode fazer o forro na cor que eu preferisse.’ Então, eu pedi para elas alterarem
o forro para o Off-White (figura 4) [..] Elas fizeram, e ficou incrível, tanto que elas
passaram a comercializar o modelo dessa forma depois da minha alteração [..] No
momento em que elas postaram a foto do meu vestido que estava pronto [...] foi um
furor e elas já alteraram e começaram a vender nas duas cores [...] pelo que sei agora,
eles só tem em Off-White, nem tem mais em dourado, tamanho sucesso!”
9
Figura 3- VESTIDO GAIA ORIGINAL <disponível em: Figura 4 - VESTIDO GAIA APÓS CUSTOMIZAÇÃO
https://oamoresimples.com.br/vestidos-simples/vestido-de-noiva-gaia> <https://oamoresimples.com.br/vestidos-simples/vestido-de-
noiva-gaia>
ACESSO
Segundo o site da empresa “cada vez mais noivas compram seu vestido pela internet,
por conta do maior custo x benefício, mas sabemos que muitas ainda ficam inseguras por não
poderem ver ou tocar nos tecidos.” Pensando nisso e também considerando pedidos de várias
noivas, foi criado um serviço de envio de amostras de tecidos. Através de uma transação normal
no site, a cliente recebe em casa a amostra do tecido, e, caso posteriormente decida comprar o
vestido, o valor da amostra (em torno de quinze reais) é revertido com saldo em dobro na hora
da compra. O desenvolvimento dessa nova funcionalidade para atender aquelas clientes que
estão em dúvida sobre qual tecido optar demonstra como a cocriação pode tornar a experiência
de compra muito mais rica e completa, gerando valor de forma equalizada tanto para a empresa
quanto para as clientes.
10
AVALIAÇÃO DE RISCOS
O elemento do modelo DART que trata a respeito dos riscos considera a empresa
responsável pela avaliação de riscos de seu interesse e também de interesse dos seus clientes.
Nesta relação, os líderes empresariais devem garantir que o foco na avaliação de risco e na
redução de danos não os leve a tomar decisões com objetivo apenas de defender a empresa, mas
sim, de informar seus consumidores de forma clara e objetiva, fornecendo-lhes dados e
metodologias apropriadas para avaliação dos seus produtos e serviços (Prahalad, 2004). É
possível notar que ‘O Amor é Simples’ possui preocupação em informar suas clientes de
maneira bastante clara sobre seus serviços, especialmente sobre seu prazo de entrega, que é um
pouco longo (gira em torno de 30 dias, pois o vestido é feito sob demanda) alertando a noiva
para que ela se antecipe para receber seu produto em tempo para a data do casamento.
Informações como medidas, opções de pagamento e condições de troca também estão presentes
em diversos áreas do site de forma bastante visual (passo à passo, ícones) conforme figura
abaixo.
Existem diversas clientes que procuram a marca para esclarecer dúvidas através dos
canais de atendimento, como WhatsApp, chat e e-mail. Segundo a empresa, a maior dúvida
geralmente é se o produto é a pronta entrega. Muitas também perguntam se a empresa é
confiável. Para essas dúvidas, a empresa disponibiliza no site uma seção chamada ‘quem
comprou’ onde traz relatos de diversas noivas que já casaram com vestidos do site. Ou seja, a
criação compartilhada através da interação dessas clientes gera uma rede de compartilhamento
de experiências que contribui para que a nova cliente se sinta mais confiante para comprar.
NATÁLIA: “a gente sabe que tem que comunicar mais, então hoje no nosso site a
gente tem lá o funcionamento, como funciona resumido, a gente tem toda a parte de
produtos, como funciona, o tempo, que a gente faz sob demanda, que a gente envia
em tanto tempo. No guia de medidas a gente diz, por e-mail também, quando elas
entram em contato, a gente tem respostas prontas do funcionamento, mas a gente vê
que ainda é muito pouco... A gente está estudando novas formas de colocar no site
vídeos, algumas coisas assim, ou até um infográfico [...] a gente tem muitas noivas
11
que tem um entendimento claríssimo de como a gente funciona, e tem noivas que não
[...] Então, mas a gente tem que evoluir aí...”
TRANSPARÊNCIA
Na visão da cliente, o site e o perfil da marca no Facebook são suas principais fontes de
informação, não sentido falta de nenhum outro tipo de dado para sua completa compreensão e
fidelização pela marca. Ela inclusive relata que, quando recebeu seu vestido de noiva, fez um
vídeo e postou no perfil do ‘O Amor é Simples’, abrindo a caixa e agradecendo o vestido que
havia chegado. Para sua surpresa, inúmeras noivas a contataram para saber sobre o vestido: “As
clientes queria muito saber se o tecido era de qualidade mesmo, [...] detalhes técnicos, se a
12
costura estava bem feita, se eu achava que aquilo estava simples de mais, ou não... Eu mandei
foto pra elas, respondi todas... Eu acho que elas compraram inclusive”. Esse episódio
exemplifica o conceito das rede de contatos, ou seja, comunidades de consumidores que
compartilham ideias e sentimentos sobre determinada empresa de forma livre e independente
através das redes digitais, e é um dos pontos centrais do processo de cocriação de valor.
13
VARÍAVEL DART: ACESSO
CONCEITO: Refere-se ao deslocamento da noção tradicional de propriedade para uma
visão onde o consumidor tem a possiblidade de experimentar, mesmo que não tenha domínio daquele bem.
14
Pergunta: Conceitos: Resultados:
Essas informações auxiliaram Forma clara e objetiva Foi possível verificar que a
seu entendimento sobre a empresa tem uma preocupação
empresa? grande com a clareza e qualidade
do conteúdo informacional do site,
é algo que está constantemente
melhorando.
15
Pergunta: Conceitos: Resultados:
Como você entende o papel Advento das plataformas As plataformas digitais se
plataformas digitais na digitais demonstraram como sendo a principal
viabilização desse acesso? forma de comunicação entre a empresa
e suas clientes. O case do vídeo postado
no Facebook relatado anteriormente
demostra o quão presente e relevante é a
interação entre as clientes nesse
contexto do casamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como principal objetivo analisar como a empresa ‘O Amor é Simples’
cocria valor compartilhado com seus stakeholders. A cocriação de valor compartilhado é um
conceito que há várias décadas vem sendo debatido, porém o contexto atual torna as discussões
sobre a temática cada vez mais relevantes na medida em que esta nova realidade emergente
denota uma mudança radical na maneira como os consumidores atuam nos fluxos de consumo.
Kozinets (2007) defende que os consumidores cocriadores de valor são aqueles que participam
ou se identificam com alguma comunidade, atuando em busca de aprendizados e significados
próprios do ato de consumir. Dessa forma, foi realizada uma revisão teórica sobre cocriação,
de modo a se estabelecer um modelo para análise. Foi realizada também a revisão teórica do
conceito de ‘teoria dos stakeholders’ complementando a definição da unidade a ser analisada.
A partir da fundamentação teórica foi feito um estudo de caso com a empresa ‘O Amor é
Simples’, um ecommerce de vestidos de Noiva de Porto Alegre que hoje se posicionam como
única empresa no Brasil que atende noivos que se identificam com formas simples e não
tradicionais de casamento. A empresa tem como propósito promover a celebração do amor de
forma que se transforme em relações verdadeiras em toda sua cadeia produtiva. Prahalad e
Ramaswamy (2004) construíram um modelo básico de cocriação de valor que é composto por
quatro elementos básicos: diálogo, acesso, avaliação de riscos, e transparências. O modelo
DART foi utilizado como base teórica para a análise do conteúdo das entrevistas.
Através da pesquisa realizada foi possível constatar que a empresa ‘O Amor é Simples’
cocria valor de forma compartilhada com seus stakeholders por meio do diálogo claro e
próximo com suas clientes, extraindo aprendizados e evoluindo seus produtos e serviços;
informando através de diversas plataformas digitais como Facebook, Instagram e WhatsApp,
sempre com a preocupação de que o conteúdo seja muito claro e de qualidade; e com pilar da
transparência e das relações verdadeiras em toda a cadeia produtiva. Esta geração de valor é
compartilhada com as clientes, principais stakeholders, que confiam na empresa, e veem todos
esses pontos como diferenciais e motivadores de sua fidelização. Assim, é possível dizer que a
cocriação é combustível vital para o sucesso da empresa, e através dela ‘O Amor é Simples’
realiza sua missão de revolucionar o mercado de casamentos, um vestido por vez.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DONALDSON, Thomas; PRESTON, Lee. E.; The stakeholder theory of the corporation:
concepts, evidence and implications. Academy of Management Review, v. 20, 1995.
KRISTENSSON, P.; MATTHING, J.; JOHANSSON, N. Key strategies for the successful
involvement of customers in the co-creation of new technology-based services.
International Journal of Service, 2007.
REVISTA CLÁUDIA. Lindos e Baratos 25 vestidos de noivas por até 1 mil. Disponível
em <http://claudia.abril.com.br/sua-vida/lindos-e-baratos-25-vestidos-de-noivas-por-ate-r1-
mil/> Acesso em 15.07.2017.
17
R7. Amigas passam apuros para encontrar vestido de noiva e abrem loja com peças por
R$ 300,00. Disponível em <http://entretenimento.r7.com/mulher/fotos/amigas-passam-
apuros-para-encontrar-vestido-de-noiva-e-abrem-loja-com-pecas-por-r-300-
15122015#!/foto/1> Acesso em 15.07.2017.
REVISTA GLAMOUR. Casamento Vestido de Noiva por menos de mil reais. Disponível
em <http://revistaglamour.globo.com/Lifestyle/Casamento/noticia/2015/11/casamento-
vestido-de-noiva-por-menos-de-r-1-mil.html>Acesso em 15.07.2017.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ZERO HORA. Empresa envia junto a vestidos de noiva bilhetes escritos por costureiras
com palavras de carinho. Disponível em
<http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/fernanda-pandolfi/noticia/2015/11/empresa-
envia-junto-a-vestidos-de-noiva-bilhetes-escritos-por-costureiras-com-palavras-de-carinho-
4900625.html> Acesso em 15.07.2017.
APÊNDICE - ENTREVISTAS
1ª Pergunta:
Entrevistador - Nas últimas interações com seus clientes, você entende que houve algum tipo
de aprendizado que você considera relevante? Como ocorreu esse aprendizado?
Natália: Bah, isso tem muito, Ana, porque a gente é uma empresa muito próxima dos clientes,
né. Então, desde sempre ‘O Amor é Simples’ se propôs a ter um atendimento próximo,
amigável e possível, então, diferente da indústria de casamento, que é muito tradicional, e
geralmente tem uma frieza muito grande quando a noiva vai falar com o fornecedor, é tudo
muito frio, tudo muito caro, eles pensam muito numa parte financeira mesmo, e pra locações
de vestido de noite, nem se fala...Assim, como tudo é muito caro, tem muita noiva que não se
18
sente representada mesmo, então, desde sempre ‘O Amor é Simples’ teve essa ideia de ‘vamos
fazer diferente em tudo’, e isso também passa por atender a noiva de um jeito muito próximo,
muito amigável... O jeito que a gente se comunica é uma coisa muito direta, muito possível,
muito clara... Então, a gente sempre teve um relacionamento muito próximo com as noivas, e
que é muito elogiado... E como a gente está há quase 3 anos, a gente existe a quase 3 anos, é
claro que no começo a gente ainda era muito pequeno, mas hoje a gente tem uma base de fãs
muito ativa. Então, todos os dias a gente recebe muito Email, Whatsapp, Facebook, Instagram,
todos os canais possíveis e imagináveis, e a gente sempre tira muito insight de todos. É claro
que nem todos os contatos são positivos, mas a gente tira muito... Por exemplo agora, a gente
acabou de fazer um editorial novo, e a gente fotografou dois modelos numa noiva GG. Porque,
desde sempre, as noivas incomodavam dizendo: “Cadê as plus-size? Vocês dizem que querem
mudar a Indústria e democratizar a moda noiva e não tem pluz size” só falando sinceramente,
que a gente ainda é tão pequeno, a gente não tem dinheiro para fazer uma grade pluz size,
porque a cada grade que eu tenho que fazer e a cada editorial, eu gasto muito dinheiro, e as
noivas pluz size elas não vão comprar pela internet, elas tem que provar. Além de eu não ter
esse dinheiro para colocar na frente, eu não vou conseguir retornar esse dinheiro logo, então a
gente escuta muita pluz size falando, a gente ouve, aprende, entende....
Mas a gente fez uma coleção também em parceria com o “Casando Sem Grana”. A gente
fez uma pesquisa com 3.000 noivas. A gente anotou tudo que elas querem e fez uma coleção
muito baseada nisso... Mas todos os nossos lançamentos tem dedo de noivas, assim: “Ai, falta
modelo Sereia, falta o modelo não sei o quê...” então a gente está sempre ouvindo as clientes...
2ª Pergunta:
Entrevistador - O que significa para O Amor é Simples esse aprendizado? Qual influência dele
no desenvolvimento e evolução da empresa? Ele permitiu de alguma forma que você
compreendesse mais sobre a seus clientes?
Natália: Olha, eu digo que tem uns 80% tá...Porque, a gente, agora tem aparecido algumas
concorrências nossas, que não são assim, concorrências diretas, mas elas são o tipo de, como
posso dizer... A gente se entende como start up, tá, que é uma empresa que está testando seu
modelo de negócio, que quer escalar, que é tudo muito rápido...A gente tem uma velocidade
muito rápida de análise e de entendimento, e que gente não quer é ser só uma marca de moda-
19
noiva, e aí eu tenho olhado para essas novas concorrências, assim, e elas são uma marca de
moda-noiva, que é “uma marca”: eu faço vestidos, eu vendo através de um representantes, eu
vendo um pouco online, e tô cagando pro resto...É muito mais passivo, digamos assim, e é isso
que a gente não quer.. A gente quer ser, desde o início, ouvir muito a noiva, porque, enfim, a
gente não é aquela marca que está fazendo um favor para a cliente por existir, a gente agradece
muito porque elas escolherem O Amor é Simples, então é uma relação de dependência mesmo,
a gente sabe que se não ouvir o nosso cliente não vai ter empresa, até pelo tipo de negócio, eu
vendo online Vestido de Noiva, se eu não deixar minha noiva, feliz e confortável e segura, ela
vai receber o vestido, não vai gostar, ela vai devolver e eu vou me fuder...
3ª Pergunta:
Entrevistador: E tu acha que as clientes, de certa forma, também, aprendem em relação a esse
processo de vocês? Por exemplo: a questão do plus size, vocês chegaram a comunicar pra ela
que a empresa de que a empresa nem sempre por questão de budget, vocês ter todas as grades,
como é que é a percepção delas em relação a isso?
Natália: Assim, a gente dá respostas tipo “'Ah, isso está nos nossos planos, fiquem nos
acompanhando". Só que eu percebo, tá, que a gente tem noiva muito engajada, por exemplo,
tem noiva que comprou vestido numa coleção 2, faz dois anos que casou, e até hoje ela comenta
nos posts. Tem muita noiva que está sempre presente mesmo conversando... A gente sempre
deixa um diálogo aberto, a gente sempre foi conversando. Tem noiva que a gente conversa todo
mês... A gente está muito aberto, e eu percebo que a plus size ela não nos acompanha 'oficial',
ela nunca contatou o amor é simples querendo e conversando, ela vem, faz a crítica dela, e vai
embora. Então...
Entrevistador: Mas existem clientes que tu acha que tem essa interação mais próxima, que
acompanham mesmo a empresa, então...
Natália: E a gente acha que a Pluz Size vai comprar muito pouco, é só olhar isso, ela vem,
critica, e nunca mais volta, pra ver se O Amor é Simples evoluiu...
Entrevistador: Mas as clientes que tiveram uma experiência positiva, elas continuam, então...
20
Natália: Sim, a gente tem uma base de fãs muito engajadas, de ex-noivas também...
4ª Pergunta:
Entrevistador: Nas suas interações com seus clientes, eles alguma vez eles tiveram
oportunidade de experimentar algum serviço sem adquirí-lo?
Natália: Sim, a gente aqui, hoje, recebe noivas, né... A gente tem um escritório, e tem todos os
pilotos que a gente fotografa... E aí, eu, particularmente, não gosto de fazer isso, porque a gente
é uma loja virtual, mas fica muito chato aqui pro pessoal da região, a gente não atender... Então,
a gente recebe no escritório noivas para verem os vestidos... A gente não estimula isso, não
somos um Atelier, a gente é um ecommerce... Então, a gente recebe porque enfim, acaba
fechando negócio, acaba tirando insight... Enfim, a gente tem atendido, e aí, nem todas fecham
negócio, mas a gente, enfim, está no jogo...
5ª Pergunta:
Natália: A gente quer muito mudar o mercado, entende, então, hoje o mercado de noiva é muito
tradicional, se tu vai provar no atelier, por exemplo, tem toda aquela parafernália, champanhe,
não é à toa que custa 5 mil. A gente é um escritório, eu sirvo no máximo um cafezinho, e a
noiva prova ali no meio das coisas...Então, a gente tem dois tipos de clientes: um cliente que é
nosso público-alvo, que é como a gente foi, bem desapegado de toda essa pompa, que quer
comprar um vestido bonito, simples, e não se incomodar, quer uma cerimônia desapegada. Tem
umas noivas bem desapegadas, então essas, quando vão alí, elas se sentem muito confortáveis,
porque elas não são o tipo de noiva que vai entrar numa loja de atelier... Por exemplo, eu não
entrei, e eu tenho muita noiva que nunca foi nas lojas tradicionais, porque não é a cara delas,
elas não querem provar aquelas coisas enormes, elas não gostam daquilo tudo... Então esse tipo
de noiva se sente muito bem ali, e tudo flui... Mas ainda tem noivas que vão nos visitar que não
entendem o que a gente faz, e a gente comunica de forma muita clara o que elas vão encontrar
21
ali, e elas querem mais uma pompa... às vezes a gente atende noiva e pensa: porque essa noiva
está aqui? Eu perco meu tempo que é escasso, tu perde o teu, porque não é o que tu quer, eu
não entendo...
6ª Pergunta:
NATALIA: Eu tenho certeza, eu tenho certeza que não existe uma marca de noiva no Brasil
que faz isso...Então, ela é não é inovadora, no sentido de 'nossa, um novo canal de vendas, um
novo formato de compra’, eu acho que é ela inovadora por ser disruptiva, de ter a coragem de
fazer, de pegar o que o mercado faz, que é realmente, é todo o processo, é todo uma formalidade,
é um “champanhezinho”, enquanto vai te cobrar 5 mil reais desnecessários... E a gente está
dizendo assim: Tu é noiva, a gente faz de outro jeito: tem aqui, uma sala de 5m2, não sei qual
é o tamanho da minha sala, e é só mostruário, e ponto final...Então acho que é corajoso a nossa
parte de fazer diferente...Não sei, eu acho inovador, não sei...
7ª Pergunta:
A gente hoje testa, por ser ecommerce, enfim, diferentes canais de aquisição de audiência,
então, a gente faz mídia e Facebook, Google, Adwords, enfim, Remarketing, então tem essa
parte de mídia, a gente já testou Youtube também, mas é basicamente Google e Facebook, a
gente já fez muito link building com Blogs do passado, assim, hoje até a gente não tem feito
mais publipost, porque é muito caro, e não dá muito retorno, é uma estratégia mais de SEO,
então a gente já fez muito link building, muita parceira com blogs de noivas e casais, hoje a
gente trabalha bastante com SEO, bastante conteúdo também, então, muitas descobrem porque
a gente faz um post que bomba, conteúdo que viraliza, e aí, descobrem a marca, e seguida eu
posto em comunidades de noivas, volta e meia faço um mini-spam, vou lá e jogo um conteúdo,
não é nem propaganda, jogo um conteúdo, então a gente tenta ter vários canais, assim... A gente
trabalha bastante e-mail marketing também...
22
Natália: E agora a gente comprou um canal, que é um dos maiores blogs do brasil, o ‘Casando
Sem Grana’, a gente já está testando por alguns meses, mas ainda não temos 100% dos trâmites
de compras feito, mas a gente está testando esse canal...É uma grande vitrine, assim. Então a
gente, com esse canal, vai ter um custo menor de aquisição de clientes, enfim...
Entrevistador: E Nati, eu vi que vocês tem uma comunidade no Facebook... Vcs ativam esse
canal?
Natália: Sim, nós temos a comunidade 'Casamento Simples Brasil', que cresce de um jeito
orgânico bem interessante, assim, ela já está agora com quase mil pessoas, e lá, a gente também,
a gente não ativa quanto deveria, porque a gente não tem tempo...
Natália: A gente não traçou ainda uma estratégia para ela, então ela é pouco divulgada, mas
está lá... Por enquanto ela está meio ‘escanteadinha’ mais tá... Então, ainda bem que tu falou,
tão escanteada que eu ia esquecer... Ela também é um canal de descoberta, porque a noiva que
entra nessa comunidade, algumas nem conhecem ‘O Amor é Simples’, cai por indicação do
Facebok, enfim, e aí descobre...
Entrevistador: É isso que eu achei legal, porque é um desafio planejar um casamento, enfim...
E aí, tu ter um canal, uma comunidade promovida por uma marca, mas que ela não está com
objetivo só de vender o produto dela, mas também de te ajudar nesse momento 'tenso', eu achei
muito legal, assim...
Natália: Ah, sim, boa também, isso também a gente faz... A gente faz algumas ações que tem
um custo quase zero, que a gente ganha bastante cliente. Então a ação das cartinhas ela foi um
insight da minha sócia, ela estava fazendo uma aula da Perestroika, e ela teve esse insight, e
23
bombou muito, a gente saiu em vários canais... Depois a gente fez também um post sobre
plaquinhas machistas de casamento, a gente 'Ai, olha só, vamos falar sobre isso...' Guria, a
gente teve, na época, ah... faz quase 1 ano, a gente impactou 100 mil pessoas só no post do
Facebook de forma totalmente orgânica...Uns 80 mil views no site, ele foi reproduzido em
outros blogs, tanto que teve um blog que ele foi reproduzido, e que ele saiu do ar... Então a
gente também teve uma nova audiência, nem todo mundo fica, mas sim... A gente fez ano
passado, e requentou um quiz de Dia dos Namorados, dava um resultado, a gente consegue
muitos leads assim, o ano passado, a gente conseguiu 25 mil leads, e esse ano, também, por não
conseguir ativar tanto uns 7 ou 8 mil leads... E teve também mais algumas ações, assim, mas
essas são as principais.
8ª Pergunta:
Natália: É a gente sabe que tem que comunicar mais, então hoje no nosso site a gente tem lá o
funcionamento, como funciona resumido, a gente tem toda a parte de produtos, como funciona,
o tempo, que a gente faz sob demanda, que a gente envia em tanto tempo. No guia de medidas
a gente diz, por e-mail também, quando elas entram em contato, a gente tem respostas prontas
do funcionamento, mas a gente vê que ainda é muito pouco... A gente está estuda novas formas
de colocar no site vídeos, algumas coisas assim, ou até um infográfico, porque muitas, enfim,
tem muito cliente preguiçoso, que não quer ler, ou que lê e não entende... Então a gente tem
muitas noivas que tem um entendimento claríssimo de como a gente funciona, e tem noivas que
não conseguem, assim...Então, mas a gente tem que evoluir aí...
Entrevistador: Vocês tem algum SAC? Como é que funciona essa questão de quando a
cliente entra em contato?
Natália: Sou eu ainda! (Risos) A gente lá no site tem uma barrinha de atendimento, hoje os
principais canais de atendimento são Whatsapp e o chat do site, e claro, eu não consigo ficar
24
online o tempo todo, então, as vezes as noivas não conseguem ter atendimento em real time,
mas em geral, 50% do tempo sim, e também, email, então a gente faz toda a parte de SAC, a
gente felizmente não tem muita reclamação e devolução ( a gente achava que ia ter muito, pelo
tipo de negócio) mas a gente acabou de fechar agora os dados do trimestre, e nos últimos 9
meses, eu tive 6 devoluções, e nós vendemos em torno de 300 vestidos, uma taxa muito baixa...
E aí, claro, 6 devoluções, e aí teve algumas clientes, tipo, que a gente teve que trocar o vestido,
porque 'Ai, eu não gostei desse modelo"... Tu quer um outro, eu te faço, só não quero te perder
como cliente... Então, foram poucos casos de ‘refação’, assim..
9ª Pergunta:
Entrevistador: E você acredita que alguma dessas informações influenciaram a maneira como
elas avaliam as empresas e os produtos? Por exemplo, existiu alguma cliente, que por alguma
informação que ela viu no site, ela mudou a opinião dela, ou por algum retorno que vocês deram,
ela mudou o entendimento?
Natália: Não, com certeza, assim...A gente tem algumas que não entendem mesmo, e após
conversando, elas entendem... Então, geralmente, para essas noivas, como elas estão
organizando antecipadamente, é bem ok tem esse tempo de produção... Então, geralmente a
maior dúvida é essa: é pronta entrega? Aí tu explica: Não, nós trabalhamos assim, ‘blá-blá-blá’
e aí elas entendem... Muitas delas vem: ‘Ah, mas é confiável mesmo’, e aí tu mostra as milhares
de noivas casando, daí elas 'ah, é verdade, é confiável'... Então, a gente consegue sim passar a
mensagem quando se comunica com elas...
10ª Pergunta:
Natália: A gente já buscou algumas vezes, para clientes que estavam incomodando muito, para
entender o contexto...Mas foram poucas vezes, nunca foi muito... A gente já fez, de noivas que
estavam sendo muito injustas com a empresa...Tipo, gente: vocês estão pagando 600,00 por um
vestido de noiva, tu tem que entender que se tu quer um atelier, se tu quer um vestido sob
medida, vai numa loja de aluguel e paga 3 mil reais... A gente já passou por coisas bem difíceis
25
assim, da noiva ser bem injusta...No fim, a gente jurava que ia ter reclamação nas redes sociais,
mas no fim não teve... Então, nesses casos a gente tentou assim, mas só no Facebook, ver a
noiva, quem é, que cara tem, que estilo de vida tem, mas geralmente são perfis fechados e a
gente não consegue ter...A gente já faz o contrário também, de noivas muito muito muito legais,
que a gente: ‘meu deus, temos que saber que noiva é essa’ que tipo de cliente é, no sentido bem
de pesquisar mesmo e tentar entender o comportamento do consumidor, mas no geral a gente
nem faz mesmo, porque não tem muito tempo...
11ª Pergunta:
12ª Pergunta:
Entrevistador: Durante a experiência com essas clientes, tu sentiu falta de alguma informação,
relativa a elas, que talvez, se tu tivesse essa informação, iria te ajudar em algum outro aspecto?
Entrevistador: Por exemplo, se tu tivesse alguma forma de obter mais informações sobre ela,
enfim mais dados sobre ela, tu acha que isso iria te ajudar, em algum aspecto da empresa, ou
não?
Natália: Acho que não, porque, tem duas noivas particulares que a gente teve alguns problemas,
assim, e é muito tipo, da pessoa ser intransigente, entende... Eu não sei o quanto ia ajudar tendo
mais informações... Pra gente sempre é bom umas informações para entender o cliente, né,
questão de entender comportamento de consumo, comportamento de cliente, estilo de vida, mas
eu não sei...A gente, quando a noiva compra, sabe quando ela vai casar, a gente também faz
algumas pesquisas depois, se gostou da experiência de compra, e agora temos alguns canais de
26
aquisição de clientes que a gente também indica vestidos...Então, nessa parte também a gente
consegue então levantamento do tipo de cerimônia,
Natália: Ela deixa informações básicas de ecommerce, enfim, dados obrigatórios e fados de
entrega, e a gente pergunta onde nos conheceu, e a do casamento. O cadastro não pode ser mais
longo que isso...
13ª Pergunta:
Entrevistador: Como você entende o papel das plataformas digitais na viabilização dessa
conversa com as clientes?
Natália: A, é fundamental, assim... Eu até estava falando esses dias, é incrível como o Brasil é
muito social, e hoje, Ana, a gente tem cliente, que a gente vendo no WhatsApp. Tipo, a cliente,
ela não quer entrar no meu site, por que ela não consegue entender a interface, ela não consegue
saber o que ela tem que fazer, então eu tenho que mandar foto, preço, parcelas e aí eu mando o
link da compra, e ela vai lá e finaliza a compra. Ou seja, ela não navega mais no meu site... Isso
tá cada vez mais comum, agora que o Instagram tem aquela opção de conversação pelas
imagens, a gente tem feito vendas pelo Instagram...Então assim, eu não consigo ter um
atendimento como eu gostaria, porque eu sou sozinha e eu não tenho tanto tempo, porque eu
tenho que fazer tudo, e, mas eu acho que as plataformas para mim, para ecommerce, elas estão
revolucionando muito, e não só pela questão do atendimento... Claro, o atendimento faz parte,
eu tenho que estar online, eu tenho que estar presente, respondendo as dúvidas das clientes,
sendo eficiente na comunicação, isso a gente sabe fazer, mas para mim, elas estão
revolucionando o modelo de consumo, porque, eu pessoalmente, não tenho a menor paciência
de falar com a marca pelo WhatsApp, eu acho um saco, eu acho tosco, eu acho invasivo, então
eu quero contratar na marca, eu entro no site, porque eu também só compro online, e se eu
quero reclamar ou vou no site, ou no Facebook... Mas tem uma leva de cliente aí, a gente acha
que, por pesquisa assim, não tem nem que ser uma geração mais jovem, tá... Não sei se é classe,
onde começa e onde termina, tá, mas é uma geração que não sai das redes sociais…
27
ENTREVISTA COM CLIENTE
1ª Pergunta:
Entrevistador: Nas últimas interações que você teve com a empresa, tu entende que houve
algum tipo de aprendizado, alguma coisa que tu considere relevante em relação a essa
experiência?
Laura: Eu não tenho nada em mente assim, antes mesmo de comprar com elas... Ah, eu acho
que o que tenho mais de aprendizado com elas não foi enquanto cliente, acho que foi mais
enquanto acompanhar a marca, e a forma como elas se relacionam, assim, mas por uma coisa
não necessariamente enquanto cliente. Eu via assim, que elas tão muito preocupadas em dar um
feedback, em mostrar que elas estão alí,... Isso é algo assim, que me chamou atenção, assim que
o aprendizado nesse sentido...Aprendizado sobre minha experiência enquanto cliente, acho que
não...
2ª Pergunta:
Laura: Então, eu conheço a Nati da época da faculdade, então, eu vi os primeiros vestidos logo
quando elas lançaram, e eu nunca me imaginei casando com um vestido tradicional, então, logo
quando elas lançaram, quando eu vi o site e os primeiros modelos, eu logo embarquei bem na
ideia: não se um dia eu casar, que não estava realmente muita clara a ideia, quando eu casar,
vai ser algo nesse estilo... Como eu peguei bem no início, os vestidos delas eram bem mais
28
simples, então eu 'ai, alguma coisa nesse sentido', mas a proposta da empresa, eu abracei, é
muito eu, desde o primeiro momento que eu vi...
Entrevistador: E como que tu, assim, acompanha a empresa, o que ela está fazendo?
3ª Pergunta:
Laura: Sim, com certeza. Isso fica muito claro na comunicação delas, elas botam um valor
digamos assim, na vitrine, o fato de ser feito com costura local, o fato de ser, a impressão que
dá, vendo a página, é que é feito à mão, digamos assim, feito unidade por unidade, eu acho que
no início devia até ser, hoje em dia não deve mais ser, mas ainda hoje em dia, tu tem muita
impressão de que é feito caso à caso. Isso é uma impressão que passa por causa daquela ação
que elas fizeram das costureiras, e o fato de eu ver na página delas feedback das noivas. Elas
compartilham: ah, tá aqui o ‘unbox’ da noiva tal, ou a noiva dizendo, então, dá pra ver uma
coisa bem case a case, e não produção em massa, a página passa essa impressão. Também o
fato de elas publicarem: A gente está fazendo uma nova coleção, a gente está pegando ideia da
nova coleção, então você tem uma coisa assim, meio por trás das cortinas, que dá uma impressão
assim de como funciona a empresa... Sem falar que elas aparecem as três fundadoras, né, então,
tu tem a impressão de que é uma empresa, uma coisa do interior, da família... Uma coisa bem
humana, "um a um", bem pessoal...
4ª Pergunta:
29
Entrevistador: E como foi o processo de escolha do teu vestido? A Natália me contou que
você casou duas vezes com dois vestidos diferentes do amor é simples. Conta como foi essa
experiência?
Laura: O meu marido ele é estrangeiro, não sou louca, não tô casando com todo mundo (risos),
e a gente não conseguia decidir se ia fazer o casamento na França, ou aqui no Brasil, então a
gente decidiu fazer dois mini-weddings, então o primeiro foi no meu salão de festas em Porto
Alegre, e foi um casamento de dia, quem fez a cerimônia foi minha vô, então foi um casamento
bem familiar...A minha sensação era que era um encontro de família. Juntei a família mais para
as pessoas se conhecerem, todos nos meus ambientes, meus sogros conheceram os meus
amigos, então foi uma coisa bem nesse sentido. Foi um casamento pra mim também, mas foi o
menos tradicional. Aí, nesse casamento, eu peguei um vestido, ah, digamos assim, que não era
necessariamente aquela fantasia de casamento de noiva, peguei um vestido que achava que era
mais adequado para a situação. No segundo casamento, foi na França, então, foi um casamento
tradicional, foi na Igreja, depois a gente foi para, tipo um hotel fazenda, porque era bem interior,
na cidade dos pais do meu marido, então, foi um casamento-casamento, assim, com todas as
etapas normais.
5ª Pergunta:
Entrevistador: E como foi a escolha e a compra desses dois vestidos no site O Amor é Simples?
Laura: Então, no meu segundo casamento, foi o que eu mais quebrei a cabeça, assim, eu quero
que seja como eu quero! (risos) Eu vou querer uma coisa bem específica, e que fiquei ‘super’
em dúvida entre dois ou três modelos no site. Eu estava na dúvida em qual era mais adequado
para a situação, e qual ficaria melhor no meu corpo. Eu não tinha nenhum modelo assim que eu
tivesse 100% de certeza, eu sempre queria alterar alguma coisinha em um ou outro, então, eu
escolhi um modelo, que eu achei que tinha a coisa que eu gostei mais, que era leveza na saia, e
as costas bonitas, mas eu não gostei da cor do forro, que era um modelo Gaia. Eles tinham
originalmente na cor dourada fosco, e eu olhei: OK, torna ele diferente, mas não é muito a
minha cara, e, a principal coisa que eu não gostei, é que como tinha um forro tinha uma cor
diferente, ele praticamente marcava a cintura, pois ficava a saia branca, e o forro então, marcava
muito mais a cintura, a diferença entre a blusa e a saia, foi o que eu não gostei... Então, de cara,
30
eu já fui consultar as meninas, para ver se tinha como fazer uma alteração, e elas, com certeza,
a gente pode fazer o forro na cor que eu preferisse. Então, eu pedi para elas alterarem o forro
para o Off-White, então, um branco mais fosco, e elas fizeram, e ficou incrível, tanto que elas
passaram a comercializar o modelo dessa forma depois da minha alteração. Então, acho que é
um total case de algo que não existia no site, não existia em nenhum lugar, essa questão desse
opcional do forro, o modelo pelo que elas me disseram já era bem popular, mas no momento
em que elas postaram a foto (me pediram permissão para postar a foto do meu vestido que
estava pronto em um manequim de tecido) e no momento em que elas postaram, foi um furor e
elas já alteraram e começaram a vender nas duas cores, e pelo que entendi agora, eles só tem
em Off-White, nem tem mais em dourado. É, então, foi bem o que eu queria. Eu tive uma
experiência um pouco ruim com uma costureira que fez um ajuste aqui em SP, ela deu uma leve
repuxada, porque assim, as meninas customizaram também o meu tamanho, porque eu sou
muito pequena, e eu mandei minhas medidas e veio certinho, mas eu olhei assim: eu ainda podia
ajustar um pouco mais no busto... Então a costureira deu uma repuxada no cetim, e eu optei por
usar uma fita na cintura, que no final eu achei que ficou perfeito, até melhor do que sem
nada...Uma fita assim, em um tom marfim, meio dourado... Então isso foi pro segundo
casamento, então teve essa customização, e eu amei! No primeiro casamento, também teve
customização, era um modelo que elas tinham da primeira ou da segunda coleção, eu fui na
casa da Nati e eu provei todos os vestidos que elas tinham, experimentei todos! (risos) E, esse
foi um que sentou bem no meu corpo, ficou o modelo bonito, mas eu não gostei do tecido, então
elas também fizeram dois modelos, tipo assim, com teste com dois tecidos, eu ainda pude
escolher entre qual deles, que ficou certinho, e eu arrumei ao vivo, alí em Porto Alegre, na
costureira delas, então, é sob medida, praticamente!
6ª Pergunta:
Entrevistador: Então respondendo a próxima pergunta, que seria se você já teve alguma
oportunidade de experimentar o produto antes de comprar, a resposta seria sim, certo?
Laura: Então, na primeira vez, sim! Na segunda vez, zero! Ele era um vestido do modelo novo,
então eu não tinha visto ao vivo, no segundo casamento eu fui uma cliente totalmente normal...
Eu tinha, normalmente, um friozinho na barriga de comprar online, mas como eu conheço o
serviço das meninas, e o fato de elas postarem vídeos, uma coisa que ajuda muito nas redes
31
sociais, então tu vê o caimento, por mais que seja uma modelo perfeita, com corpo incrível, tu
tem uma noção do movimento, do tecida, então eu tava tranquila... E a entrega foi ótima, vem
numa caixa linda, embaladinho, com uma cartinha... Então o atendimento é super
personalizado.
7ª Pergunta:
Laura: Então, para mim foi uma escolha meio natural ir pro ‘O Amor é Simples’, porque eu já
conhecia a proposta antes de pensar em casar, mas eu nunca, de forma alguma, passaria por
aquelas lojas de aluguel, porque eu passei por isso quando eu fiz festa de debutante quando eu
tinha 15 anos. E tem opções mais chiques, mas ‘classudas’, mas tudo tem muito bordado, tudo
é muito pesado, é pouco prático, então, se eu não conhecesse ‘O Amor é Simples’, eu não
alugaria, eu provavelmente compraria um vestido branco, que alguém usaria para uma festa de
réveillon, e eu faria isso... Ou, eu faria numa costureira eu mesma, assim, mas... Meio assim,
porque eu não sou uma ligada em moda, eu não saberia inventar da minha cabeça um modelo,
dar indicações pra uma costureira, mas aluguel, de forma alguma. Além disso, os aluguéis são,
além de serem caríssimos, tem aqueles paetês e aqueles bordados, não casaria com a minha
proposta de casamento, por mais que na França eu fiz um casamento tradicional, ele era um
casamento de dia, começou às quatro horas da tarde na Igreja, e a festa, foi noite a dentro, mas
como era verão, o sol se ponha às 10h da noite, não faria o menor sentido eu estar com bordados
e paetês.
8ª Pergunta:
Entrevistador: Olha, eu acredito que a gente já tenha abordado tudo... Realmente muito bacana
a sua experiência e relato. Uma coisa que estava querendo saber mesmo, esse perfil de cliente,
se todas as pessoas que interagem com a marca são 'noivas', mas vendo o seu caso, que antes
de casar já se identificava com a proposta ser, me demostra que não necessariamente...
32
Laura: Quer ver uma coisa: eu usei para o meu primeiro casamento, muitas indicações do blog
delas para decoração...Porque o meu primeiro casamento eu organizei tudo e fiz tudo uma
decoração meio DIY, foi minha fez que fez as flores, mas todas com ideias, muitas, muitas, das
ideias eu peguei do blog delas....Então, elas não vendem só o produto, elas vendem a ideia do
casamento simples, e essa ideia então a gente compra, embarca, muito bem assim, porque é
frustrante quando você começa a organizar um casamento e começa a fazer os cálculos, e, antes
de decidir fazer no meu salão, eu fiz uns orçamentos, qualquer sala minúscula que eu fosse
alugar, era uns orçamentos absurdos, tu era obrigada a pegar os fornecedores deles de
decoração, e luz, então, não existe uma proposta na indústria que contemple essa ideia do
casamento simples, então elas tocam no coração das noivas frustradas, assim...Elas desistem de
casar porque tudo é um absurdo de caro...Uma coisa que aconteceu, eu acho legal comprar:
quando eu recebi o meu vestido, não quando eu casei, mas quando eu recebi, eu postei na
página delas um ‘vídeozinho’ de eu abrindo e agradecendo, que o vestido chegou ótimo... A
quantidade de 'mina' que me entrou em contato não era brincadeira! Elas assim: “E aí, é legal
mesmo?”, “eu tô acompanhando, mas não me sinto segura”, na na na, então, essa coisa da rede
social, de elas se botarem a disposição, eu acho que faz muita diferença, assim, para apaziguar
essas inseguranças de se comprar online... Elas realmente tem um cuidado com as clientes, que
transparecem na marca.
9ª Pergunta:
Entrevistadora: E essas clientes que te contataram, conta mais como foi essa experiência?
Laura: As clientes queria muito saber se o tecido era de qualidade mesmo, queriam saber
detalhes técnicos, assim, se a costura estava bem feita, se eu achava que aquilo estava simples
de mais, ou não... Eu mandei foto pra elas, respondi todas... Eu acho que elas compraram
inclusive, uma delas pelo menos falou que iria comprar...Agora, eu acredito que compraram...
33