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MERCADO MAPEADO: UM ESTUDO SOBRE

O E-COMMERCE DE MODA NO BRASIL

Ana Carolina Antunes Steffens1


Rosana Viera de Souza2
Sandra Portella Montado3

RESUMO

Um novo modelo de negócio que usa a tecnologia para conectar pessoas,


organizações e recursos em um ecossistema interativo, na qual podem ser criadas e
trocadas quantidades incríveis de valor vêm se destacando nos diferentes ramos de
atividade: as plataformas. Dentre esses segmentos, o comércio online de artigos de
moda, ou e-commerce, se sobressai como uma modalidade estratégica para as
empresas se adaptarem às novas necessidades des seus clientes. Dessa forma, o
presente artigo tem como objetivo identificar quais são os principais ecommerce de
varejo de moda no Brasil e assim contribuir para expansão dos estudos relativos a
esse novo mercado.

Palavras-chave: ecommerce, moda, varejo de moda, plataforma.

INTRODUÇÃO

O e-commerce é segmento em expansão no Brasil. Segundo a Forrester


Research, o setor teve um crescimento médio anual de 24% entre 2011 e 2016, um
índice 1,6 vez maior que o dos Estados Unidos no mesmo período. A tecnologia vem
transformando o cenário dos negócios e impulsionando um fluxo constante de novos
consumidores e uma intensificação do volume e número de categorias presentes
nas compras online conforme o consumidor aprofunda seu relacionamento com as
empresas do setor. Uma das categorias de maior destaque no setor, o ecommerce
de ‘Moda e Acessórios’ lidera o ranking em maior volume de pedidos realizados via
web desde 2013 no país, o que confirma dados apontados pelo estudo realizado
pelo SEBRAE sobre o Varejo de Moda no Brasil em 2015 que já apontavam a
realização de vendas online como um dos fatores de maior relevância para o

1
Mestranda em Indústria Criativa, na Universidade Feevale. Graduada em Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
2
Doutora em Comunicação Social. Pesquisador e Professora na Universidade Feevale. Docente no
Mestrado em Indústria Criativa na Universidade Feevale.
3
Doutora em Ciências da Comunicação. Pesquisador e Professora na Universidade Feevale. Docente no
Mestrado em Indústria Criativa na Universidade Feevale.
1
crescimento da Indústria de Moda. Dentro desse contexto propôs-se uma pesquisa
de caráter descritivo, lançando mão de uma revisão teórica e de um mapeamento
bibliométrico que tem como objetivo identificar quais são os principais ecommerce
de varejo de moda no Brasil.

REFERENCIAL TEÓRICO

Um novo modelo de negócio, que usa a tecnologia para conectar pessoas,


organizações e recursos em um ecossistema interativo, na qual podem ser criadas e
trocadas quantidades incríveis de valor vêm se destacando nos diferentes ramos de
atividade: as plataformas. Segundo Parker (2016), Amazon, AirBnb, Alibaba,
Facebook e Instagram exemplificam esse novo perfil de negócio, onde a
singularidade e dominância em seus segmentos específico impuseram
transformações globais, mudando radicalmente negócios, a economia e a
sociedade.
“Quase todo setor de atividade em que as informações são ingrediente
importante, candidata-se à Revolução da Plataforma. Incluem-se aí
empresas cujo “produto” é constituído por informações (como educação e
mídia), assim como qualquer outra que extraia valor do acesso a
informações sobre necessidades de clientes, flutuação de preços, oferta e
procura de tendências de mercado. (PARKER, 2016, p. 12)

Dessa forma, uma plataforma deve oferecer estrutura para que sejam
viabilizadas interações, troca de bens, serviços, ou “moedas sociais”, onde o produto
seja a geração de valor entre produtores e consumidores externos. Diversas
empresas estão migrando de uma cadeia linear de valor, ou pipeline, para a
estrutura de plataforma, ou seja, para um sistema mais complexo, onde “produtores,
consumidores, e a própria plataforma estabelecem entre si um conjunto variável de
relações (...) graças às conexões facilitadas pela plataforma” (PARKER, 2016, p.14).
Nesse novo contexto, a comunidade torna-se elemento-chave, na medida em
que grande parte do valor de uma plataforma é proveniente da comunidade que lhe
deu origem, e são os Efeitos de Rede, ou seja, os impactos positivos ou negativos
exercidos por esse grupo sobre o valor criado para um deles individualmente o
diferencial mais relevante de uma plataforma. Dessa forma, o sucesso e expansão

2
de um negócio de plataforma residem na gestão efetiva desses efeitos, de forma a
minimizar os negativos, e a maximizar os positivos.
A infraestrutura tecnológica necessária para sustentar a complexidade de
uma plataforma, proporcionando participação, criando valor significativo, e
estimulando efeitos positivos de rede deve focar em seu ponto crucial – sua
interação básica. Seu design deve tornar essa troca essencial de valor, que
inicialmente atraiu os usuários, a mais simplificada possível. Parker (2016) define
três componentes para a interação básica: atrair para si os produtores e
consumidores, permitindo-lhes a interação; facilitar as interações, fornecendo-lhes
ferramentas e regras que tornem a conexão simples e estimule trocas importantes; e
parear produtores e consumidores eficientemente, usando informações específicas
de cada lado para conectá-los de uma forma que ambos os considerem
gratificantes. Segundo o autor, o bom desempenho das três funções é imperativo
para o êxito do sistema.
A evolução de uma plataforma perpassa pela evolução de seu design, de
modo a que possam ser incorporadas novas ferramentas e funcionalidades, que
podem atrair novos usuários para o ecossistema. Muitas plataformas têm inclusive
como plano de negócio o acréscimo gradual de novas interações, como relata Logan
Green, cofundador do aplicativo de caronas Lyft:

A empresa sempre teve o compartilhamento de corridas como um objetivo.


O design da versão inicial do Lyft foi concebido para atrair uma base inicial
de clientes “em todo em qualquer mercado”. Alcançada essa meta, temos
agora de dar a próxima cartada e começar a parear as pessoas na
contratação de corridas” ( PARKER, 2016, p. 60)

Assim, existem diversas outras formas de se expandir um sistema,


sobrepondo interações adicionais às básicas, como mudando a unidade de troca
entre os usuários, introduzindo uma nova categoria de usuários, ou permitindo que
usuários troquem novos tipos de unidades de valor, como no caso citado
anteriormente. Todavia, esse acréscimo de novos recursos pode gerar
complexidade e tornar lenta e mais difícil a navegação dos usuários. Parker (2016)
aponta que o caminho para a evolução de uma plataforma é o equilíbrio na adoção
de recursos adicionais ao sistema através do princípio fim à fim, conceito criado
originalmente em 1981 por J.H. Saltzer, D.P. Reed e D.D. Clarck. O conceito se

3
define por: “atividades que não são essenciais para o funcionamento da plataforma
da rede, mas que se mostram valiosos apenas para certos usuários, deveriam ser
localizados nas extremidades da rede, e não em seu ponto central.” (PARKER,
2016, p. 63) Dessa forma, apenas as funções de valor e volume mais elevados que
perpassem uma plataforma devem se tornar parte do seu núcleo. Quando um núcleo
é simples e enxuto, o ecossistema tem condições de evoluir muito mais rápido.
Uma plataforma com atenção concentrada nos princípios de design tem suas
chances de geração de valor muito mais acentuadas. O balanço entre um sistema
organizado e planejado em sua essência, mas que também é aberto à descobertas
intuitivas para atender às novas necessidades de seus usuários, tem muito mais
chance de obter êxito.
Dentre os segmentos que vêm sendo transformados pelas plataformas, o
varejo se destaca com representantes internacionais de peso como a Amazon,
Alibaba, Burberry e Shopkick. O comércio online de produtos e serviços, ou e-
commerce, se sobressai nesse contexto como uma modalidade estratégica para as
empresas se adaptarem às mudanças e às novas necessidades dos seus clientes
no cenário da Revolução das Plataformas. Consumidores cada vez mais conectados
e munidos de informações, procurando acesso instantâneo e facilitado a produtos e
serviços, a qualquer hora e lugar, aumentam a demanda do ecommerce.
O varejo online é um segmento em expansão no Brasil. Segundo dados do
E-bit, o mercado apresentou R$44,4 bilhões em vendas em 2016, crescimento de
7,4% em relação ao ano anterior. Como constatou a Forrester Research, o setor
teve um crescimento médio anual no país de 24% entre 2011 e 2016, um índice 1,6
vez maior que o dos Estados Unidos no mesmo período. Portanto, o consumidor
brasileiro tem buscado intensamente o varejo online como destino ou ponto de
partida para pesquisa sobre produtos, preços e condições. O relatório anual
Webshoppers do E-bit, principal publicação do país sobre comércio eletrônico,
classifica atualmente as lojas online nas seguintes categorias: Moda e Acessórios;
Saúde, Cosméticos e Perfumaria; Casa e Decoração; Eletrodomésticos;
Telefonia/Celulares; Livros, Apostilas e Assinaturas; Esporte e Lazer; Informática;
Alimentos e Bebidas; e Eletrônicos. Segundo esse relatório, a categoria de ‘Moda e
Acessórios’ lidera o ranking em maior volume de pedidos realizados via web desde
2013:

4
O crescimento expressivo no segmento de moda ocorreu por conta dos
melhores preços do canal online, a possibilidade de buscar as melhores
opções e na percepção de melhoria nos processos dos lojistas de entrega e
segurança de pagamento”. (WEBSHOPPERS, 2016, p.19)

De fato, os e-commerce do segmento da Moda vem ganhando cada vez mais


espaço no comércio eletrônico brasileiro, muito impulsionado pela expansão da
Indústria como um todo. Segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria
Têxtil e de Confecção), “o Brasil já é o quinto maior produtor têxtil e possui o quarto
maior parque produtivo de confecção do mundo”. Conforme trecho do estudo do
Euromonitor de 2016 “O Brasil nunca movimentou tantos fundos em moda quanto
nos últimos 10 anos”.
Um estudo realizado pelo SEBRAE sobre o Varejo de Moda no Brasil em
2015 já apontava a realização de vendas online como um dos fatores de maior
relevância para o crescimento da Indústria de Moda. Ainda, segundo matéria da
revista PEGN* de 2016, dentre as principais tendências para crescimento o mercado
de moda nos próximos anos, encontram-se "a agilidade nas trocas de coleções, o
uso de tecnologia e o ecommerce”. Isso porque o acesso cada vez mais facilitado
das pessoas via internet à informações relacionadas à moda e beleza contribuiu
para formação de um novo público consumidor inspirado por personalidades e
influenciadores digitais. Em contraponto, uma pesquisa liderada pela Camila Terra
Ramalho, aluna do mestrado em Administração do Ibmec/RJ, sob a supervisão e
orientação da professora Priscilla Yung Medeiros, revelou que mesmo com a alta do
mercado de moda no Brasil, os consumidores ainda têm algum receio e se sentem
inseguros para comprar roupas ou acessórios pela internet. De acordo com o
estudo, uma das principais preocupações na hora de comprar online é a falta de
informações sensoriais práticas antes de realizar a compra, como a falta de
possibilidade de experimentar para garantir que a peça realmente vai ficar boa no
corpo. A necessidade de informar dados confidenciais, como o número do cartão de
crédito, ainda é um problema para os usuários que não costumam comprar na
internet. Porém, ainda que existam limitações, a modalidade já se consolidou com
relevância no contexto do consumo de moda.
Uma lacuna observada no decorrer dessa pesquisa se refere ao mapeamento
das empresas especializadas nesse mercado no país, visto que a maioria das
pesquisas dos órgãos especializados, como SEBRAE, E-BIT e ABIT dão conta de
dados macro dos setores de ecommerce. Dessa forma, o presente estudo visa
5
contribuir para aprofundamento dos estudos desse setor através de um
mapeamento que tem como objetivo identificar quais são os principais ecommerce
de varejo de moda no Brasil.

METODOLOGIA

Essa pesquisa possui caráter descritivo o qual segundo Prodanov e Freitas


(2013) visa registrar e descrever os fatos observados sem interferir nestes. Ao
mesmo tempo foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de se obter uma revisão
teórica baseada em materiais já publicados. Segundo Prodanov e Freitas (2013), o
método científico é um conjunto de procedimentos adotados como propósito de
atingir o conhecimento. A fim de contribuir para o desenvolvimento de conhecimento
no campo em questão, este estudo irá utilizar um levantamento quantitativo
associado a uma pesquisa bibliométrica. Segundo Vanti (2006), a bibliometria é um
instrumento estatístico que permite mapear e determinar díspares apontadores de
tratamento e gestão do conhecimento e da informação, sobretudo, em sistemas de
comunicação e informação tecnológicos e científicos. Trata-se de uma forma
concreta de mapear o conhecimento produzido e, a partir disto, o pesquisador tem
autonomia para analisar seus dados e produzir as considerações pertinentes.
De acordo com estudo sobre Varejo Online realizado pelo SEBRAE em 2016,
as principais plataformas utilizadas pelos consumidores para concretização de uma
venda online são as Redes Sociais e a Busca Orgânica. Sendo assim, o
levantamento realizado terá como critério o mapeamento de sites de ecommerce de
moda localizados no principal buscador, o Google.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Segundo dados do report Google Fashion Trends, estudo realizado


anualmente pelo Google que busca pontuar tendências e buscas realizadas dentro
desse campo, 64% dos internautas que compraram roupa pesquisaram online antes
de comprar, e 45% dos internautas usam a busca para ter ideias iniciais durante o
processo de compra de moda. Ainda ‘Roupa’ é o item da categoria buscado com
mais frequência (73%), seguido por calçados (67%), acessórios (63%) e bolsas

6
(50%). Diante da relevância do termo ‘roupa’ na plataforma, foi selecionado o termo
genérico ‘comprar roupas’ como ponto de partida para a realização da busca e
posterior avaliação de quais buscas relacionados foram sugeridos, conforme figura
1:

Figura 1 - Buscas Google - Acesso em 24 de Dezembro de 2017.

A pesquisa realizada no dia 24 de dezembro de 2017 apontou mais de 264


milhões de resultados de busca para os termos relacionados à ‘comprar roupas’.
Conforme o gráfico abaixo, o termo ‘comprar roupas online’ apresentou disparado o
maior percentual de resultados relacionados, com 93,31% do total, seguido pelo
segundo maior termo ‘comprar roupas’, com 1,72%, e pelo o terceiro ‘comprar
roupas femininas’, com 0,96% dos resultados obtidos. O termo ‘comprar roupas pela
internet’, apesar de semelhante ao termo ‘comprar roupas online’, se demonstrou
menos utilizado do que o primeiro, dado que este atingiu somente 0,62% dos
resultados obtidos no buscador.

Figura 2 - Gráfico de SHARE de Buscas no Google - Acesso em 24 de Dezembro de 2017.

7
É interessante observarmos nessa seleção a presença de buscas
relacionadas a alguns nichos específicos do mercado de moda, como o Mercado de
Luxo (termo ‘comprar roupas importadas’), Fast-Fashion (termo: ‘comprar roupas
baratas’), Moda Masculina (termo: ‘comprar roupas masculinas), Vestuário Infantil (
termo: ‘comprar roupas de bebe’) e ao mercado de Moda Fitness (‘comprar roupas
fitness’). Pode-se inferir que existe demanda crescente por esse perfil de produtos
no mercado brasileiro.
A fim de se mapear quais os principais ecommerces de varejo de moda no
Brasil, foi feito um recorte que considera as 15 principais lojas online posicionadas
nos resultados de busca dos 10 termos sugeridos pelo Google. Abaixo ranking dos
sites levantados e seus termos de busca correspondentes:

comprar comprar comprar comprar comprar


comprar comprar comprar comprar
TERMOS comprar roupas roupas roupas roupas roupas pela roupas para
roupas online roupas baratas roupas de bebe roupas fitness
femininas importadas masculinas internet revender
Loja Era uma
1 Kanui Kanui Kanui Outletgriffes Kaisen Kanui Dafiti Kaisen Vez Honeybe
Feira da
2 Dafiti Dafiti Bonprinx Mercado Livre Bonprinx Dafiti Kaisen Madrugada SP Tricae Kaisen

3 Bonprinx Bonprinx Dafiti Farfetch Posthaus Taco Bonprinx Mercado Livre Cegonha Feliz Fitmoda

4 Kaisen Kaisen Marisa Sisluxe Atacado.com Lojas Renner Kanui Adamas BebeFácil DLKModas
Cegonha
5 Zattini Marisa Kaisan Importadora Dafiti Raffaelo Zattini Sacoleira Chic BebeStore Donna Carioca
Clube do CompraFacilLig
6 Posthaus Posthaus Posthaus W-Outlets Mercado Livre Posthaus Dzarm Importador AloBebe erie
Camisaria Maria Bonita
7 Amaro Zattini Mercado Livre Importclothes Kanui Colombo Repassa RacyModas.com Baby.com Fitness
TudoChina Fornecedor de Cegonha
8 Passarela Dzarm MissBela Express Roupa.com Zattini Farfetch Atacado.com Encantada Donna Shape
Compra Fácil
9 Aquamar Spookies Amaro Kanui Lingerie Mercado Livre Marisa Dloja Virtual Dafiti Use Ange
Feria da Cegonha Specialità
10 Farfetch Madrugada SP Damyller Dzarm AliExpress Cea Encantada Fabrica.modas Bebe de Grife Fitness
Bravaa Moda
11 Agatha Extra Cea Just Clothing Fitness VideBula Amaro Moda Colmeia Boutique Infantil Vestem

12 Shoulder Agatha Lojas Renner Kaisan DX.com Submarino Privalia Click Chique Americanas.com Livre e Leve
Raffaello TOP
13 Marisa Amaro Shoulder Network Compra.com Calvin Klein TNG Adamas Baby Enxoval La Bella Mafia

14 Oqvestir Tricae Passarela Figo Verde Marisa Aramis Tricae Artmaia Bebe Boutique Live Oficial
Bebe
15 Privália Profhecia Sofisticata Shop2geter Tricae Extra ManiaBras Outletgriffes Encantado Fit Li

Das 150 lojas levantadas, 52 obtiveram recorrência em mais de uma palavra-


chave. O site que mais apareceu nos resultados de busca analisados foi ecommerce
Kaisan (https://www.kaisan.com.br), que se posiciona como a loja online de roupas
femininas mais baratas do Brasil, relatando que seu alcance através do e-commerce
tem chegado a clientes no Brasil e exterior como nos Estados Unidos, Espanha,
Portugal, Japão e Nova Zelândia. A interface do site, apesar do excesso de
informação, permite ao usuário uma navegação intuitiva, pois este facilmente

8
consegue perceber os elementos-chave4 para realizar a compra online: mix de
produtos ofertados, central de atendimento, preço, condições de pagamento e forma
de entrega. Dessa forma, a Kaisan consegue atrair para si os consumidores,
permitindo-lhes e facilitando a interação, fornecendo-lhes ferramentas que tornam a
experiência de compra online simples, eficiente e gratificante, características que
segundo Parker (2016), são fundamentais para o êxito de uma plataforma.

Figura 3 - Home Site Kaisan - Acesso em 24 de Dezembro de 2017.

Os demais ecommerces que se destacaram pela recorrência nos resultados


de busca foram: Dafiti, Kanui, Bonprix, Marisa, Mercado Livre, Posthaus, Amaro,
Tricae, Zattini, e Farfetch. Destaca-se o fato de diversos desses sites pertencerem a
dois dos maiores grupos de ecommerce do país: o Dafiti Group, que controla as
lojas Dafiti (maior de e-commerce de moda e lifestyle da América Latina segundo o
portal Ecommerce Brasi) a Kanui e a Tricae. Já Zattini é a loja virtual do segmento
de moda e lifestyle do grupo Netshoes, que também é um dos maiores grupos de e-
commerce do país.
Percebe-se que diversas lojas analisadas tem sua origem em países
estrangeiros: a Bonprix, que se posiciona como uma das top 5 lojas de e-commerce
da Alemanha, atuando em mais de 29 países; a Posthaus, que possui um mix
bastante amplo de produtos com preços acessíveis e de diferentes marcas e faz
parte do Grupo Otto que é líder no E-commerce têxtil da Europa. Já a Farfetch,
plataforma bastante renomada no segmento de Moda de Luxo online, tem origem

4 a
FONTE: 3 pesquisa de Varejo Online de 2016 realizado pelo SEBRAE.
9
londrina. Sobre a relevância e inovação desse ecommerce em específico, o portal
Telegraphy Luxury pontuou:
“com o sucesso fenomenal do seu site Farfetch, José Neves está
conquistando o mundo, e redefinindo o significado da terapia de varejo...
Nada assim existiu no passado ou hoje. Está atrás das melhores marcas e
boutiques de luxo do mundo? Sua busca acabou! De Tóquio à Toronto,
Milão à Miami, a Farfetch leva os mais inovadores pensadores do mundo da
moda até você” (Telegraphy Luxury, 2016)

Finalmente, a loja online Amaro, que tem ganhado cada vez mais destaque e
notoriedade no ecommerce de moda no Brasil, é uma empresa brasileira, porém foi
fundada por um suíço - Dominique Oliver Schweingruber - que se formou nos
Estados Unidos e mudou-se para São Paulo em 2011 em busca de experiência em
um mercado emergente. Oferecendo uma moda no modelo fast-fashion, a marca
tem preços até 15% mais baixos que concorrentes como a Zara, e se destaca pelo
posicionamento alicerçado na inovação e no fortalecimento da empresa enquanto
plataforma: “de fato, não é novidade pra ninguém que o comércio online esteja em
constante expansão – ainda mais no mercado de moda feminino. O diferencial
buscado pela Amaro, no entanto, é justamente buscar fortalecimento no mundo
além-Internet para se estabelecer como plataforma digital." Em 2017, a marca
inovou lançando suas Guide Shops, ou seja, lojas físicas conceito da marca onde as
clientes podem ver de perto e experimentar as roupas, finalizando a compra
diretamente no e-commerce com a ajuda de iPads. A entrega dos produtos é feita no
mesmo dia, sem custo para a consumidora. Segundo o fundador, as Guide Shops
também são ferramentas de publicidade “Eu acredito que todos os shoppings e lojas
de rua premium vão se tornar ferramenta de mídia. Não somente para ter
faturamento nestes lugares, mas também para que eles funcionem como um outdoor
de experiência. Isso acaba sendo mais valioso que ter banners nas redes sociais”.

10
Figura 4 - Amaro Guide Shop - Fonte: Portal
Moda Ir - Acesso em 24 de Dezembro de
2017.
A Marisa, loja tradicional e popular no mercado brasileiro, foi uma das
primeiras redes de moda brasileira a ter uma loja virtual em 19995. Em 2010, a loja
virtual ganhou um serviço patenteado e inédito até o momento em sites brasileiros: o
‘Sua Medida’, onde a cliente pode medir seu corpo, inserir os dados e receber
sugestões de produtos com os tamanhos mais indicados para sí. Já o Mercado
Livre, empresa argentina que oferece soluções de comércio eletrônico para que
pessoas e empresas possam comprar, vender, pagar, anunciar e enviar produtos
por meio da internet, é dentro os ecommerces aqui estudados, o negócio que mais
se aproxima da visão de plataforma referenciada anteriormente em Parker (2016).
Isso fica evidente na fala de seu fundador, Marcos Galperin:
“Durante o crescimento e consolidação da plataforma, enfrentamos vários
obstáculos, como adaptar o modelo de negócio dos Estados Unidos para
trabalhar na América Latina; desenvolver uma tecnologia que é escalável e
um produto de fácil entendimento para usuários da região; investir na
América Latina e ser líder em cada país onde operamos; incentivar que as
pessoas usem a plataforma e que estejam dispostos a pagar por este
serviço; assegurar que o MercadoLivre.com seja o site com os mais altos
índices de segurança em todo o mundo e construir e manter uma equipe de
colaboradores para ajudar a atender a todas as demandas acima.”
(ESTADÃO, 2012)

Assim, o fato de ser um sistema organizado e planejado em sua essência,


mas também aberto a descobertas intuitivas para atender às novas necessidades de
seus usuários e escalar sua atuação de forma efetiva, contribuiu para geração de
valor acentuada e consequente sucesso do Mercado Livre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os e-commerces que atuam no segmento da Moda vem ganhando cada vez


mais espaço no comércio eletrônico brasileiro, muito impulsionado pela expansão da
Indústria como um todo. A pesquisa proposta, que visou preencher uma lacuna
observado no que se diz respeito ao mapeamento de quais sites do setor se
destacam na plataforma de maior acesso dos consumidores, o buscador Google.
Através da seleção de 10 termos relacionados ao ato de comprar online, foram
levantadas 150 lojas de ecommerce. Dessas, 52 obtiveram recorrência em mais de
uma palavra-chave. O site que mais apareceu nos resultados de busca analisados
foi ecommerce Kaisan (https://www.kaisan.com.br), que se posiciona como a loja

5
Segundo dados do site www.marisa.com.br
11
online de roupas femininas mais baratas do Brasil, relatando que seu alcance
através do e-commerce tem chegado a clientes no Brasil e exterior como nos
Estados Unidos, Espanha, Portugal, Japão e Nova Zelândia. Os demais
ecommerces que se destacaram pela recorrência nos resultados de busca foram:
Dafiti, Kanui, Bonprix, Marisa, Mercado Livre, Posthaus, Amaro, Tricae, Zattini, e
Farfetch. Através de breve análise dos sites mapeados, foi possível perceber que
diversos deles fazem parte de grandes conglomerados de ecommerce no país,
como a Dafiti e a Zattini. Também observou-se a recorrência de ecommerces que
não são origenários do Brasil, como a Posthaus, que é alemã, e a Farfetch, que é
inglesa. Destaca-se pela atuação inovadora no mercado a Amaro, cujo
posicionamento se alicerça em uma visão de negócio como plataforma. Por fim, o
Mercado Livre se sobressaiu por sua atuação muito alinhada à visão de plataforma
de Parker (2016).
Para estudos futuros, é interessante a complementação desse levantamento
com dados provenientes do Facebook, que é a rede social mais acessada pelos
clientes de ecommerce6 e do Instagram, plataforma de maior afinidade com temática
de moda7.

6
Segundo dados do COMSCORE
7 Segundo relatório do Instagram sobre Fashion Industry.
12
REFERÊNCIAS

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cartilhabx.pdf> – Acesso em 24 de dezembro de 2017.

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em 24 de dezembro de 2017. - Acesso em 24 de dezembro de 2017. – Acesso em
24 de dezembro de 2017.

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em 24 de dezembro de 2017.

AMARO <www.amaro.com.br> - Acesso em 24 de dezembro de 2017. – Acesso em


24 de dezembro de 2017.

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<https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/mercado-de-moda-no-brasil-e-
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<https://ecommercenews.com.br/noticias/balancos/posthaus-cresce-67-no-primeiro-
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<https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/dafiti-crescimento-breakeven-2016/ >
Acesso em 24 de dezembro de 2017.

ESTADÃO. Para fundador do mercado livre, ecommerce brasileiro é o mais


desenvolvido da américa latina.< http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,para-
fundador-do-mercadolivre--e-commerce-brasileiro-e-o-mais-desenvolvido-da-
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EXAME. Marketplace e Zattini são os motores de crescimento da NetShoes.


<https://exame.abril.com.br/negocios/marketplace-e-zattini-sao-motores-de-
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EXAME. Grupo Netshoes anuncia compra de Shoestock


13
https://exame.abril.com.br/negocios/grupo-netshoes-anuncia-compra-da-shoestock/
– Acesso em 24 de dezembro de 2017.

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<https://exame.abril.com.br/negocios/dino/setor-de-moda-foi-responsavel-por-
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<http://ffw.uol.com.br/noticias/moda/vendas-de-luxo-atraves-de-loja-online-irao-
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