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Resumo
Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa sobre os sites das 12 maiores
editoras de livros no Brasil, visando investigar o ambiente de conteúdo quanto a
navegabilidade, relevância de conteúdo agregado e integração de mídias. O
presente trabalho buscou através de uma breve análise evidenciar como as editoras
transpõem o espaço de vendas para um ambiente de conteúdo editorial relevante
para o público leitor e se relaciona com o mesmo em um diálogo interativo. Críticas
foram tecidas a respeito da estratégia de e-commerce das editoras ainda atrasadas
diante da disponibilidade de ferramentas e práticas do mercado atual. Partiu-se do
pressuposto de que a Internet tem modificado as relações temporais e o modo como
os indivíduos se articulam e, por isso, é importante que as editoras se apresentem
no ambiente web usando de novas práticas de marketing digital.
Abstract
This article presents the results of a survey of 12 sites of the largest publishing house
in Brazil to investigate the environment of content and navigability, content relevance
and integration of media. This study sought through a brief analysis show how
publishing house implementing the sales space to an environment of editorial content
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relevant to the readership and relates to the same in an interactive dialogue. Reviews
have been woven about the e-commerce strategy still backward on the availability of
tools and market practices recently. It is assumed that the Internet has changed the
relationships and how people articulate themselves, so it is important that publishing
house should operate in a web using new practices of digital marketing.
Introdução
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Apesar dos avanços, PERRONE (apud Ribeiro, 2010), diretor de estratégia digital da
agência de propaganda Giovanni+DraftFCB, ainda considera que a grande maioria
das companhias está atrasada:
Falta funcionalidade nos sites corporativos, que não evoluíram no mesmo ritmo da
própria internet. A cada ano há mais gente usando a rede global. Um processo de
democratização de acesso que não vem sendo atendido pelas empresas em seus
sites com facilidades proporcionais. Existe tecnologia disponível para interfaces
melhores no que diz respeito à busca de informações, por exemplo, assim como
recursos de adaptação com fontes mais amigáveis para os internautas.
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estruturado de forma bem tradicional, com itens como a história da empresa, sua
missão e outras informações do gênero, mas alerta que hoje não pode se resumir a
isso:
Esse tipo de informação básica continua sendo relevante, e o meio interativo ainda é
uma das melhores formas de fornecer dados da empresa no momento em que o
usuário busca proativamente pela informação. No entanto, marcar presença na
internet evoluiu não só no formato, mas também conceitualmente. Hoje, estar online
significa também abrir um diálogo com o usuário.
Agora, o usuário ganha voz e quer interagir, opinar, comentar nos sites das
empresas, ou seja, ter uma experiência de consumo que vai além de comprar
produtos tangíveis. Dessa forma, os sites precisam ir além das informações
institucionais, diz STERNE (2000, p.5):
Ele não precisa ser legal, extravagante, sexy e nem avançado. O que as pessoas
querem é mais valor por seu dinheiro. Se a sua nova ferramenta de jardinagem é
apoiada com um website cheio de dicas, truques e ciladas de jardinagem, isso terá
mais valor do que se ele contiver apenas uma tabela de preços. Se o seu site
oferece várias formas para adquirir um produto, é mais provável que as pessoas o
escolham de alguma forma.
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Se, por um lado, o site é uma plataforma de diálogo sobre as marcas e sua inter-
relação de uso com os consumidores, por outro, não deixa de ser o espaço para
vender os produtos. Por isso, em paralelo a todo o aprendizado adquirido com a
evolução da internet para melhor estruturar o conteúdo em seus sites, as empresas
também amadureceram suas estratégias de venda pela web. Este novo meio
acresceu mais canal de comércio e representou uma ampliação na visão de logística
e distribuição de tudo que elas conheciam até então. O comércio eletrônico trouxe
um novo modelo de operação, segundo CAMPOS (2006), que permitiu vantagens
atraentes como: ampliação da rede geográfica, baixo custo, operação 24 horas
todos os dias do ano, estoque mínimo e exposição do catálogo de produtos de forma
simples. Se antes, o comércio tradicional estava preso à venda direta por meio de
lojas físicas ou vendedores de porta, o comércio eletrônico trouxe outras
possibilidades, como: exposição de serviços on-line, colocação de pedidos a
qualquer hora do dia, faturamento e processos de pagamentos e transações
automatizados. Se apenas expor o conteúdo sobre a empresa já trazia desafios de
comunicação, estruturar os sites que comportam também venda online ampliou
ainda mais a importância de se pensar questões como usabilidade, bom webdesign
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Imagine a seguinte situação: o visitante chegou até sua loja virtual; identificou-se
com os produtos oferecidos e os preços; sentiu-se confiante para realizar a compra,
e quando tentou realizá-la... simplesmente não conseguiu por um problema de
usabilidade! Ou o cadastro pedia uma informação que ele não possuía, ou o boleto
não apareceu na tela para ser impresso, ou clicou no botão errado e desistiu ao ter
que reiniciar todo o processo. Estes são exemplos de situações que ocorrem com
frequência nas lojas virtuais causando a perda de muitas vendas. A usabilidade é
consequência da forma como a loja virtual é desenhada, mas vai muito além dos
aspectos visuais. Usabilidade é a facilidade encontrada pelo usuário para navegar
na loja e realizar todas as ações que desejar. Quanto mais fácil for esse processo
para o usuário, menor o nível de “fricção” que desestimula a efetivação da compra e
menor a chance de que erros ocorram.
Foi feita uma análise documental dos portais para verificação dos aspectos
presentes na ficha de avaliação, no Quadro 3. Como a web possui um caráter
dinâmico, ressaltamos que a discussão aqui apresentada é um retrato daquele
momento de avaliação no qual se pretende averiguar o ambiente web quanto a
navegabilidade, relevância de conteúdo agregado, atendimento ao cliente e
integração de mídias digitais. O método valorizou a observação empírica sistemática
das regularidades e irregularidades identificadas nos sites objetos do estudo. Com o
objetivo de facilitar a análise, as perguntas foram separadas nos
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breve precisarão balisar sua estratégia não mais para a venda de livros, mas de
ideias. O autor não se resumirá no objeto livro, mas sua capacidade de pensar
estará performada em livros, DVDs, palestras, encontros etc. A editora entrará,
então, como uma organizadora e promotora desses eventos e plataformas de venda
de idéias da mesma maneira que as vendas de CDs despencaram e hoje as
celebridades da música vivem de suar a camisa no palco dos grandes shows. Dessa
maneira, NEPOMUCENO (2009) sustenta a visão de ALDRICH (2000 p.5-9) sobre a
importância que as empresas devem dar ao valor das idéias em detrimento da
concentração dos seus esforços de marketing para focalizar na venda das
“embalagens”. O barateamento dos tablets, finos e leves computadores portáteis, já
começa a provocar indícios de que a internet e a comunicação mediada pelo
computador vão afetar a mídia livro. Não se pode afirmar que os impressos morrerão
e não se pretende aqui discutir a morte do objeto, mas questionar qual será a lógica
lucrativa que irá guiar a visão de estratégia de longo prazo das editoras. Percebe-se,
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então, pelo exposto que o marketing dessas empresas precisa estar organicamente
ligado à plataforma web.
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Figura 2: Mancha gráfica com excesso de textos nos sites das editoras Rocco,
Objetiva e Companhia das letras.
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Para Ediouro e Moderna, não basta usar o recurso ao seu favor, eles também são
oferecidos para uso dos clientes. Ediouro, que detém a revista Coquetel fez uma
parceria com a empresa de aviação Gol e oferece no site desta 12 jogos da revista
Coquetel como crosswords, forca, jogo dos erros, palavras cruzadas, tetris, sudoku,
caça palavras, entre outros para os viajantes da pontes Rio e São Paulo que podem
acessar por meio da rede wi-fi com seu laptop ou smartphone. Por sua vez, a editora
Moderna oferece para os professores imagens, músicas e jogos para download e
uso dos alunos em sala de aula.
Conteúdo Relevante
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partilhar tal conteúdo com o público de maneira a provocar um estímulo para voltar
no site. O recurso de assinatura da newsletter está presente em 58% dos sites. É
importante ressaltar que ao dividir com o leitor informações que ele deseja receber,
é possível manter um banco de
dados e um mailing dos mesmos para fazer relacionamento. Porém, 42% das
editoras ainda não se aproveitam deste recurso. Notícias sobre os autores,
lançamentos e cobertura de eventos literários faz parte do conteúdo de 58% dos
sites. Editoras como Sextante, Objetiva, Ediouro, Scipione e Sextante e Companhia
das Letras não apenas colocam notas, mas usam recurso de vídeos, imagens, áudio
pra tornar as notícias mais interessantes e profundas. Algumas destas se
aproveitam do formato de blogs com linguagem informal e ferramenta de
comentários para fazer a publicação do que de mais recente está acontecendo no
mundo das letras. Editoras como Globo publicam suas novidades nas redes sociais,
porém, nem se quer divulgam o link das mesmas no seu site. Alguns conteúdos
merecem até mesmo um hotsite a parte como é o caso do site dedicado a
comunidade fã da revista Coquetel da Ediouro; o Portal do Professor da Editora
Moderna; Portal Pedagógico da Editora Scipione.
Atendimento e Interatividade
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fora. A maioria exibe os ícones das redes sociais no canto de suas páginas,
contudo, só a Ediouro vai além dos links e indexa o próprio conteúdo do Twitter no
site (Figura 4), ou seja, não separa o que é comunicação oficial daquela dividida e
co-produzida com os leitores. Seu blog (Figura 5) tem como template de fundo a
capa de um dos seus lançamentos, tem recursos para “compartilhar” e “curtir” os
posts, nuvem de tags (palavras-chave) de assuntos mais relevantes, janela com
tweets, amigos do Google e do Facebook que já passaram pela página. Além disso,
oferece poadcast, resenhas, indicação de livros e recurso de comentários.
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Daquelas presentes nas redes, todas estão no Facebook; 73%, no Youtube; 91%,
no Twitter; 45%, no Orkut; 45%, em blogs; 18%, no Flickr (rede de imagens); 9%, em
outras. Mas ter uma página já é o padrão do mercado, o diferencial da rede é
interagir com o público e responder ao que este escreve. Porém, 45% não promove
esse feedback e fica no monólogo oficioso. Daquelas que retornam ao leitor, 43% só
dizem “obrigado” ou respondem objetivamente com a data ou endereço de um
lançamento. As outras 57% realmente promovem uma partilha de ideias, discussões
e retornam com feedbacks detalhados aos seus leitores. Ainda entre essas editoras
que atuam nas redes sociais 29% já fazem concursos culturais, sorteios e
aproveitam a plataforma nas mecânicas promocionais com premiação para aqueles
que “curtirem” a página, replicarem um post ou tweet.
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Venda Online
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Percebe-se que as empresas concentram ainda seu esforço para venda de livros e
mantém um bom webdesign. Mas, já vemos editoras como Objetiva e Record
procurando estar mais próximas do público. Moderna e Sicpione, que se voltam para
o segmento educativo se preocupam com conteúdo, mas, apesar de estarem na
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rede, ainda não usam a sua potencialidade e não interagem muito. Destaca-se o
valor dado ao conteúdo e interatividade das editoras Ediouro, Companhia das letras
e Sextante.
Conclusão
Neste trabalho, foi visto como a evolução da internet modificou a forma como as
empresas fazem o seu marketing digital e interagem com seus consumidores na
rede. A fim de mergulhar na estratégia de um segmento específico foram analisados
o site de 12 editoras brasileiras e, por meio de observação e pesquisa quantitativa,
foi feito um levantamento da forma de comunicação digital adotada. A pesquisa
constatou que ainda há um conservadorismo de algumas das empresas, mas já há
editoras que estão se destacando em interatividade e disseminação de conteúdo
relevante, que é a tendência para onde o mercado caminha, segundo os estudiosos.
Muitas questões abordadas, porém, não foram plenamente esclarecidas no espaço
deste estudo e ficaram abertas para novas pesquisas.
Referências Bibliográficas
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Sobre a Autora
Revista Hipertexto, Volume 3, No 1, Janeiro/Junho de 2013. ISSN: 2236-515X. Este artigo foi
submetido para avaliação em 13/01/2013 e aprovado para publicação em 12/02/2013.
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