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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO


DA_____VARA DA FAZENDA PUBLICA DE SALVADOR - BA

João Paulo Oliveira, brasileiro, casado, servidor publico, portador do título


de eleitor de número 050685550540, cédula de identidade de número 320520579, SSP-
BA e CPF50106139568, residente em Salvador e domiciliado na Rua Vinte, quadra N,
nº 13, Bairro dos Sonhos com fundamento no Art.1º da Lei n.4.717 de 1965 e art. 5º,
LXXIII da CF de 1988, por seus procuradores infra-assinados, com escritório na Rua
Barão, n.20, Soledade, nesta cidade, onde deverão receber as comunicações de praxe
conforme Procuração Ad Judicia em anexo (doc. n. 01), vem à presença de Vossa
Excelência propor a presente,

AÇÃO POPULAR com pedido de liminar

Contra:

Demétrius Capinzal, secretário de transportes do Estado da Bahia,


domiciliado na Rua Treze, Nº 21, nesta cidade;

Governo do Estado da Bahia, pessoa jurídica de direito público, com sede


na 3a. Avenida, Nº 310, Centro Administrativo da Bahia - Procuradoria Geral do
Estado da Bahia CEP: 41.745-005, Salvador - Ba

Felizardo Transportes Coletivos, pessoa de direito publico privado,


inscrita no CNPJ sob o número 80055963/0001-23 com sede na Rua dos Anzóis, Nº 168
nesta cidade, pelos fatos e direitos a seguir expostos:
FATOS

O primeiro Demandado, atualmente secretário de transporte do Estado da


Bahia, concedeu permissão sem licitação para o terceiro Demandado visando o
fornecimento de serviços de transportes coletivo intermunicipal em face de todos os
municípios do estado com prazo de 20 anos, alegando para tal concessão sem a devida
licitação o fato da terceira Demandada nos 20 anos anteriores de serviços prestados
(05/03/1987 a 04/03/2007) promover vultosos investimentos, construir grande estrutura
administrativa em todos os municípios do estado, ter acumulado experiência necessária
para tal serviço e lei federal não exigir licitação para contratos de permissão.

Além do mencionado acima, o segundo Demandado negou acesso a


documentos, edital de licitação, contrato de concessão etc., (docs.06 e 07) necessários a
propositura da referida ação ao Demandante João Paulo, impossibilitando assim que no
momento o mesmo instrua a presente ação com provas cabíveis.

FUNDAMENTOS DO DIREITO

I – Fundamentos normativos e doutrinários

Aduz Toshio Mukai: “O serviço público – diz a Carta Magna – incumbe ao


Poder Público, na forma da lei, prestá-lo, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação (art. 175, caput da CF)” (Concessões, permissões
e privatizações de serviços públicos. p. IX. 3.ed. 1998)

O Saudoso Hely Lopes em seu livro Mandado de Segurança, p.137. 2008,


baseando sua exposição na Lei 4.717 de 1965 diz que “dentre os atos com presunção
de ilegitimidade e lesividade sujeitos à anulação por meio da ação popular pode-se citar:
a empreitada, a tarefa e a concessão de serviço publico contratadas sem
concorrência...”

No presente caso é possível elencarmos algumas inobservâncias por parte


dos Demandados. De inicio vemos afrontado um principio basilar da Administração
Publica, o exposto no artigo 37 caput da Constituição Federal que concretiza “ A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”
No caso supra observamos que os princípios da moralidade e
impessoalidade foram negligenciados quando o primeiro Demandado concedeu
permissão sem a devida licitação à terceira Demandada pelo simples fato da mesma já
ter trabalhado com o primeiro Demandado.

Com relação ao princípio da moralidade aduz Maria Sylvia Di Pietro (Dir.


Adm. p.358-59. 2010) “ o princípio da moralidade exige da Administração
comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons
costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a idéia
comum de honestidade.” Continua a Maria Di Pietro expondo que em relação ao
principio da impessoalidade “ a Administração deverá pautar suas decisões em critérios
objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as
vantagens por ele oferecidas, salvo aquelas que estiverem expressamente previstas na lei
ou no instrumento convocatório”.

Em conformidade com nossa Constituição o Art. 2º da Lei 8.666/1993 aduz


que “as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões,
permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta
Lei.”. Continua no seu artigo 3º indicando que “ a licitação destina-se a garantir a
observância do principio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração.”

II – Fundamentos Jurisprudências

Em julgados realizados tanto pelo STF quanto pelo STJ fica clara a
necessidade da propositura da referida ação, pois há evidencia de ilegalidade e
lesividade ao patrimônio público por não se vê observada as diretrizes elencadas. É que
se pode extrair dos julgados infra:

MANDADO DE SEGURANÇA. LINHAS DE SERVIÇO DE


TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E
INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS. DECRETO
PRESIDENCIAL DE 16 DE JULHO DE 2008. A titularidade dos
serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros, nos termos do art. 21, XII, e, da Constituição Federal, é
da União. Possibilidade de adoção da modalidade leilão no caso em
apreço, nos termos do art. 4º, § 3º, da Lei 9.491/97. Necessidade de
observância do devido processo licitatório, independentemente da
modalidade a ser adotada (leilão ou concorrência). Ordem denegada.
(MS 27516, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno,
julgado em 22/10/2008, DJe-232 DIVULG 04-12-2008 PUBLIC 05-
12-2008 EMENT VOL-02344-01 PP-00104)

AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE TUTELA


ANTECIPADA. TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL.
LICITAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. OCORRÊNCIA DE GRAVE
LESÃO À ORDEM PÚBLICA. 1. Ocorrência de grave lesão à ordem
pública, considerada em termos de ordem jurídico-constitucional. 2.
Existência de precedentes do Supremo Tribunal Federal no sentido da
impossibilidade de prestação de serviços de transporte de passageiros
a título precário, sem a observância do devido procedimento
licitatório. 3. Cabimento do presente pedido de suspensão, que se
subsume à hipótese elencada no art. 4º, § 3º e § 4º, da Lei 8.437/92 . 4.
Agravo regimental improvido.
(STA 89 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno,
julgado em 29/11/2007, DJe-026 DIVULG 14-02-2008 PUBLIC 15-
02-2008 DJ 15-02-2008 EMENT VOL-02307-01 PP-00001)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - RECURSO


ESPECIAL - ADMISSIBILIDADE. OUTORGA DE
AUTORIZAÇÃO PARA A EXPLORAÇÃO DE LINHA
RODOVIÁRIA. LICITAÇÃO. AUSÊNCIA. O transporte coletivo de
passageiros nas rodovias federais é um serviço público, competindo à
União explorá-lo diretamente ou outorgar sua execução, mediante
autorização, concessão ou permissão, a teor do que dispõe o art. 21,
XII, "e", e art. 175 da Constituição Federal, conforme conveniência e
necessidade. A implantação de nova linha de transporte, bem como
qualquer alteração referente à linha ou à prestação do serviço por
empresa de ônibus deverá sempre ser precedida de licitação. (REsp
617.147/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 15/03/2005, DJ 25/04/2005 p. 232)

DO PEDIDO DE LIMINAR

Importante ressaltar que o Demandante em tempo hábil requereu


pessoalmente, do órgão responsável, o acesso aos documentos necessários para a
propositura da presente ação, em conformidade com a exposição do Art. 1º § 4º que
reza: Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este
artigo, as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a
finalidade das mesmas, contudo esse pedido lhe fora negado.

Ressalte-se também que a negação por parte da autoridade competente vai


de encontro ao disposto na Carta Magna em seu art. 5º, nos seus incisos XXXIII e
XXXIV, ‘b’ que aludem a garantia constitucional de todo cidadão ter o direito a acesso
de documentos particulares ou não que sejam do seu interesse.
Logo, possui o Demandante o direito líquido e certo que permite respaldar a
concessão da ordem.

DO PEDIDO

Assim, considerando a situação elencada, a legislação vigente e a notória


ilegalidade e lesividade ao bem público o Demandante requer:

• Que seja julgada procedente a referida Ação Popular anulando ato do


então Secretário de transportes de Salvador;

• Que seja concedida a liminar para o órgão competente instruir a inicial


com os documentos solicitados pelo Demandante;

• Que os Demandados sejam intimados a realização de licitação para


concessão de permissão de exploração de serviço publico;

• Que os Demandados sejam citados para no prazo contestarem a presente


ação;

• Que o Ministério Público seja intimado para acompanhar a presente ação.

• Que ocorra a condenação dos Demandados em honorários advogatícios.

Protesta provar o exposto por todos os meios de provas admitidos no direito


incluindo a pericial se for necessário.

Dá-se a causa o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)

Salvador, 02 de setembro de 2010

Avandéia Ouais da Silva


OAB 00000

Deborah Nayanne Araujo Diniz Costa


OAB 11111
Hugo Baquil Figueiredo
OAB 22222

DOCUMENTOS ANEXADOS

I – Procuração Ad Judicia

II – Cópia do Titulo de Eleitor

III – Carteira de Identidade

IV – CPF

V – Comprovante de Residência

VI - Cópia do requerimento da solicitação de documentos à Administração Pública

VII – Cópia do indeferimento do pedido supra

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