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Analise I Djairo Guedes Figueiredo Capitulo 1 PDF
Analise I Djairo Guedes Figueiredo Capitulo 1 PDF
EDITORA AFILIADA
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Análise I
2ª Edição
Análise I
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EDITORA
Direitos exclusivos para a língua portuguesa
Copyright © 1996 by Djairo Guedes de Figueiredo
LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
Travessa do Ouvi dor, 11
Rio de Janeiro, RJ - CEP 20040-040
1. NÚMEROSREAIS,1
2. FUNÇÕESREAIS,48
3. FUNÇÕESDERNÁVEIS, 75
3.1. A derivada, 75
3.2. Operações com funções deriváveis, 78
3.3. Derivadas de algumas funções, 79
3.4. Derivada da função inversa, 80
3.5. Derivação de funções compostas, 81
3.6. O Teorema do Valor Médio, 84
3.7. A fórmula de Taylor, 89
3.8. Os pontos críticos de uma função, 91
3.9. Séries de potências, 97
3.10. A série de Taylor de uma função, 101
xiv SUMÁRIO
5. A INTEGRAL, 116
APÊNDICE, 236
REFERÊNCIAS, 253
Números Reais
Exemplos de funções
(i) A = B = IR e f(x) = x2, isto é, a função que a cada real x associa o seu
quadrado x2•
(ii) A = B = IR+ e f(x) = + V~, isto é, a função que a cada real positivo
x associa sua raiz quadrada positiva.
(iii) A = IR+, B = IR e f(x) = - V~, isto é, a função que a cada real positivo
x associa sua raiz quadrada negativa.
(iv) A = B = IR e
para X>O
f(x) = para x=O
para x < O.
(v) A = B = IR+ e f(x) = 1/(1 + x).
(vi) (a função de Dirichlet). A = B = IR e f a função que a cada racional
associa o número O,e a cada irracional associa o número 1.
é uma injeção se, para todo par de pontos XI e X2 em A tais que XI -:F X2, tem-
se j(xl) As funções (ii), (iii), (v) acima são injetivas.
=1= j(x2).
Uma função que seja, ao mesmo tempo, uma injeção e uma sobrejeção é chama-
da de bijeção ou função bijetiva. A função (ii) acima é bijetiva.
Sejam f: A --? B e C C A dados. A função j: C --? B, definida por j(x) =
~ f(x), para todo x E C, é chamada a restrição de f ao subconjunto C. Essa função
fé, ge:almente, designada por fie. Por exemplo, a função j: IR+ --? IR definida
como f(x) = x é a restrição da função (iv) ao conjunto IR +.
O leitor interessado encontrará um tratamento detalhado das idéias aqui apre-
sentadas nas referências [7], [9] ou [19]. O artigo de Paul Cohen e Reuben Hersh
na referência [12] faz um tratamento completo da axiomática da Teoria dos Conjuntos.
o 1 R
Fig.l.!
Os inteiros são marcados facilmente, se usarmos o segmento de extremidades
O e 1 como unidade. Os racionais são obtidos por subdivisões adequadas do seg-
mento unidade. Se imaginarmos os números racionais marcados sobre a reta,
veremos que eles formam um subconjunto da reta que é denso no sentido que escla-
recemos a seguir.
Dado um ponto qualquer da reta, poderemos obter racionais tão perto dele
quanto se queira; basta tomar subdivisões cada vez mais finas da unidade. Pode
parecer, pois, que os racionais cobrem a reta R, isto é, a cada ponto de R corres-
ponde um racional. Que isso não é verdade já era conhecido pelos matemáticos
da Escola Pitagórica. Sabiam eles que a hipotenusa de um triângulo retângulo
isósceles não é comensurável com os catetos, isto é, se os catetos têm comprimento
igual a 1, então a hipotenusa não é racional. Portanto, o ponto P da reta R, obtido
traçando-se a circunferência centrada em O e raio igual à hipotenusa, não corres-
ponde a um racional (ver Figura 1.2).
,,
\
\
\
\
\
\
,I
o 1 P
Fig.l.2
Demonstração de que a hipotenusa não é racional
EXERClcIOS
1
6 NÚMEROS REAIS CAPo1
ordenado F, podemos introduzir uma ordem estrita entre seus elementos, do se-
guinte modo:
x > y .se x - y E P.
EXERCíCIO
(O símbolo =}, que lemos "implica", é usado para expressar que as asserções do
lado esquerdo acarretam o que vem escrito do lado direito. Nos enunciados de
teoremas, "=}" substitui a palavra "então".)
1.3 INF E SUP 7
Como não existe racional tal que x2 = 2, segue-se que dado um racional positivo
r, então ou r E A ou r E B. Em primeiro lugar, provamos:
Como x E A, temos que p2 - 2q2 > O. Logo, (3) se verifica para n suficiente-
mente grande (quão grande?). De modo análogo, provamos (2). A seguir, su-
ponhamos que A tenha ínfimo, que designamos por xo. Então Xo ::; x para todo
x E A. À vista de (1), Xo não pode pertencer a A, pois, de outro modo, ~averia
y E A tal que y < xo, o que seria absurdo. Logo, Xo deve pertencer a B. A vista
de (2), existe, pois z E B tal Xo z. <
Como z2 < 2, segue-se que z é cota inferior
para A. Isso, porém, contradiz o fato de Xo ser o inf de A.
EXERCÍCIOS
Agora definimos o conjunto IR dos números reais, como sendo um corpo orde-
nado onde se verifica a propriedade a seguir.
Postulado de Dedekind. Todo subconjunto não-vazio de IR, constituído de
elementos positivos, tem um ínfimo.
O Postulado de Dedekind realmente determÍna o corpo dos reais entre todos
os corpos ordenados. (A rigor essa determinação é feita a menos de isomorfis-
mos.) O corpo IR assim definido contém um subconjunto que está em correspon-
dência biunívoca com o conjunto 11) dos racionais. Na realidade, essa corres-
pondência goza da propriedade de preservar as operações de adição e multiplica-
ção; correspondências biunÍvocas desse tipo tomam o nome de isomorfismos. Para
todos os efeitos, podemos simplificar essa questão do isomorfismo e simplesmente
dizer que IR contém Q: Q C IR. A reta R é um belo modelo geométrico para
o corpo IR: cada ponto de R representa um real e, vice-versa, a cada real corresponde
um ponto de R. As afirmações feitas no presente parágrafo requerem demonstração.
O leitor poderá encontrá-Ias, p. ex., na referência [10).
Deixamos ao leitor as verificações dos seguintes fatos que decorrem direta-
mente do Postulado de Dedekind.
EXERctCIOS
(b + .1.)2
n = b2 + 3!!-
n + ~2
n =:::; b2 + 2b n+1,
vê-se que ( b + 11 2 _+b2'1 Isso mostra que b + -;:;
1 )2 < 2 se n > 2b 1 e• uma cota
inferior do conjunto A; portanto, b não poderia ser o ínfimo de A. Por outro
lado, suponha que b2 > 2. É fácil de ver, como se fez acima, que se n E N for
EXERCíCIOS
EXERCÍCIOS
15. Mostre que qualquer número racional positivo pode ser expresso de
um único modo na forma
1.5. Desigualdades
lal = {a,
- a,se sea ~a O< O.
lal = 1- ai·
Seja a um número real positivo. Observamos na seção anterior que a equação
x2 = a temuma única solução positiva, i.e., existe b E IR+ tal que b2 = a. Este
valor é chamado a raiz quadrada positiva (ou simplesmente a raiz quadrada) de a,
e será representada por VO:. Se considerarmos a equação x2 = O, vemos que
x = O é solução; logo, a raiz quadrada de O é O. Se considerarmos a equação
x2 =a, com a < O, vemos que ela não pode ter solução, pois o quadrado de um
número real, positivo ou negativo, nunca é negativo. Logo, um número negativo
não tem raiz quadrada. Provaremos agora os seguintes fatos relativos. à raiz qua-
drada.
w=~
para o caso de c
= Ic I,
2::
onde se usou, na última igualdade,
O.
o resultado já provado
Teorema 1.2. Sejam a e b reais positivos, tais que a < b. Então V;; < Vb.
Demonstração. Escrevamos x = V;';e y = Vb.
Daí x2 = a e y2 = b. Como
a < b, então x2 < y2. Isto é, y2 - x2 > O, ou (y - x) (y x) > O. Sendo x +
e y positivos, temos que y x é + positivo. Pela propriedade (4) da Seç. 1.3, segue-'
se que y - x > O~ Daí x < y, como queríamos provar.
Temos as seguintes propriedades do valor absoluto:
EXERCíCIO
1. Use o Teorema 1.1 e o Exerc. 11, da Seç. 1.4, para demonstrar (i) acima.
EXERCíCIO
2. Usando (ii) acima, demonstre (iii).
O conjunto IR+ é chamado a sem i-reta positiva. Por analogia, o conjunto
14 NÚMEROS REAIS CAPo1
onde a e b são reais quaisquer. Nos dois primeiros casos, a semi-reta não inclui
a extremidade e, então, é chamada sem i-reta aberta. Nos dois últimos casos, ela
inclui a extremidade e, então, é chamada semi-reta fechada.
Dados dois reais a e b, com a < b, um conjunto de uma das quatro formas
abaixo é chamado um intervalo:
(- 3, 3) = {x E IR : Ix I < 3}
[- 4,4] = {x E IR : Ix I ~ 4}.
{x E IR: Ix +3 1 < I} = (- 4, - 2)
{x E IR: Ix - 31 ~ 2} = [1,5].
{x E IR : Ix + a I < r} = (- a - r, - a + r)
{x E IR : Ix + a I ~ r} = [- a - r, - a + r]
{x E IR : Ix - a I < r} = (a - r, a + r).
Dados dois números reais a e b, dizemos que Ia - b I é a distância entre eles.
Tal conceito tem um significado geométrico evidente, se lembrarmos a correspon-
dência entre os números reais e os pontos da reta. O comprimento de um inter-
valo [a, b], (ou [a, b), (a, b), (a, b]) é, então, a distância entre suas extremidades.
EXERClcIOS
{x E IR : Ix - 21 ~ Ia - 21},
(Observe que, usando a noção de distância, o segundo conjunto pode ser descrito
como o conjunto dos pontos, cuja distância a 2 é menor do que sua distância a 6.)
6. (A desigualdade do triângulo generalizada.) Sejam a, b e c números reais.
Prove que
Ia +b+cI~ Ia I + Ib I + Ic I.
(Esse resultado pode ser provado, usando-se indução, para qualquer número fi-
nito de termos, i.e.,
{XER:l<~<2}
{XER:~<~}
{ x E R : 9 < x2 < 16}
{x E R : 0< x3}.
{x E R : x2 - x - 6 < O}
{x E R : x2 - 2x + 1 > O}
{x E R : x2 + x + 1 < O}
{x E R : (x - l)(x - 2)(x - 3) ~O}.
Observação. Se aI, ..., an forem reais positivos, então temos a seguinte desi-
gualdade, que generaliza a do Exerc. 11:
sendo o número h tal que h-I = ~ (a-1 + b-1). Mostre que a média harmô-
nica é menor do que ou igual à média geométrica. Quando é que essas duas médias
são iguais?
13. (Desigualdade de Cauchy-Schwarz.) Se XI> •. " Xn e YI> •. " Yn são números
Exemplos:
(iv) 1, 2, 1, 4, ...
(v) 2, 2, 2, ...
(vi) 1, 2, 3, 4, ...
Observação. A notação (a,,) não deve induzir o leitor a pensar que uma su-
cessão é um conjunto de reais. É essencial ter uma definição de sucessão que
implique que a sucessão (i) acima seja diferente de 1, 1/2, 1, 1/3, 1, 1/4, 1, 1/5,
1, .... Quando nos referimos ao conjunto formado pelos termos da sucessão,
usaremos a notação {an}.
Uma sucessão (an) converge para um número real T, se, para qualquer real
E >O dado, existir um número natural no (que pode depender de t) tal que
o que é impossível.
ou I ~ - O/ < E.
2) A sucessão (ii) acima não converge, visto que, por um lado, há termos da su-
cessão iguais a 3, para n's tão grande quanto se queira e, por outro lado, os termos
an para n ímpar convergem para O. Poderíamos formalizar esse argumento do
seguinte modo: seja dado E = I; então, qualquer que fosse o real r, o intervalo
{x E IR : Ix - r I < I} não poderia conter o número 3 e algum termo an para n
ímpar.
3) Por um argumento semelhante ao de 1), acima, podemos provar que a su-
cessão (iii) converge para O.
4) É imediato que a sucessão (iv) não pode convergir.
5) A sucessão (v) obviamente converge para 2.
Quando uma sucessão não converge, dizemos que diverge e ela é, então, cha-
mada uma sucessão divergente. Uma sucessão, ao divergir, pode fazê-lo de modo
que os termos an se tornem "arbitrariamente grandes". Formalmente, isso quer
dizer que, dado qualquer real M> O, existe no (que pode depender de M) tal que,
para todo n 2:: no, temos an > M. Neste caso, dizemos que a suces.são (an) tende
para + co. Usamos a notação an -> + co ou lim an = + co.
Por exemplo, a sucessão (vi) tende para + co. De modo análogo, podemos
definir o conceito de uma sucessão tender para - co : an -- - co, se dado qualquer
M> O existe no (que pode depender deM) tal que, para todo n 2:: no, temos
ar. <- M.
1.7 PROPRIEDADES DO LIMITE 19
Uma sucessão pode divergir sem que seus termos se tornem arbitrariamente
grandes, como, p. ex., a sucessão (ii) acima. A divergência, neste caso, decorre
de que os termos se "acumulam" junto a dois pontos diferentes, 3 e O.
Seja A = {nl < nz < ...} um subconjunto infinito de N. A restrição s iA
de uma sucessão s: N ~ IR (s: n --+ an) a A é chamada uma subsucessão. Portanto,
a subsucessão s IA é uma sucessão definida do seguinte modo: a cada j E N corres-
ponde s(nj) = an·J •
EXERCíCIOS
1. Seja k um número real positivo dado. Prove que uma sucessão (an) con-
verge para r se, dado E > O existir no E N tal que lan - r I < k€ para n no. ;::=:
1 1 1 I
an = T2 + 2·3 + 3·4 + ...+ n(n + 1)
6. Mostre que se a sucessão (an) não converge para r E IR, então existem
€o > O e uma subseqüência (an)) tais que Qn - r I €o para todo j
I ;::: E N.
Propriedade 4. Se (a,,) é uma sucessão convergente tal que a" :;é O para todo
11, e lim an:;é O, então a sucessão (l/a,,) é convergente, e
Propriedade 7. Se (an) e (bn) forem sucessões tais que Gn ::; bn, para todo n
(ou para n maior que um certo no), e (an) tender para +
00, então (bn) também
tenderá para 00.+
1.7 PROPRIEDADES DE LIMITE 21
Teorema 1.3. Seja (a.) uma sucessão convergente. Então, existe k >O tal que
Ian I ~ k para todo n.
Logo, I a. I < Ir I + 1 para todo n ~ no. Seja agora k' o maior dos números
I ali, la21, .. ·, Ia. -11. É claro, pois, que se tomarmos k como sendo o maior
dos dois números, o k' e I r I +
1, então I,a. I ~ k para todo n, como queríamos
provar.
onde r = lim a", e s = lim bn. Agora, para provar que o limite de (anbn) é rs, de-
veremos obter uma majoração para anbn - rs:
I anb" ~ rs I ::; k I bn - si + I an - r I ! s I,
22 NÚMEROS REAIS CAPo1
onde k é tal que I an I ~ kpara todo n. Logo, para n maior que no, onde no é o
maior dos dois números no' e no", temos
Como k e Is I são constantes, temos, à vista do Exerc. 1 (Seç. 1.6), que anbn --+ rs.
EXERcíCIOS
(V;+!)
vn+2' ( vn1 ) .
10. Se (a,,) converge para O e (bn) é limitada, mostre que (a"bn) converge
para O.
11. Sejam to, ti, ... , tp E IR tais que to + tI + ...+ tp = O. Mostre que a
sucessão (an) cujo termo geral é
tende a zero.
12. Seja (x,,) uma sucessão formada de duas subsucessões (xnj) e (xmJ Mais
precisamente, N se decompõe em dois conjuntos infinitos NI e N2, (x,,) é a res-
trição de (x,,) a Nj, i.e., nj E Nj, e (xm) é tal que mj E N2. Suponha que Xnj~' r
e xmj --;. r. Prove que Xn ---Ó' r.
13. Seja (an) uma sucessão tal que toda subsucessão contenha uma subsuces-
são que converge para o mesmo limite r. Mostre que a sucessão original (an) con-
verge para r.
(1) 1 + nr ~ (1 + r)n, n E N,
que fornece
(2)
Como nor2 é positivo, o primeiro membro de (2) é maior que 1 (no 1)" de + +
onde se segue a desigualdade (1) para n = no +
1. Logo, o lema está provado.
Observação. Obviamente, a desigualdade (1) é válida para , = - 1. De
fato, neste caso (1) se reduz à desigualdade 1 - n ~ O, a qual se verifica, pois,
n2:1.
Vejamos agora a análise da convergência de (an).
1 1
O < an = (1 + r)n::::; 1 + nr .
a-I
O<hn < --'.n
-
lim Vã = 1 + Um bn = 1.
(4) va = 1
1 + Cn '
1.8 EXEMPLOS DE SUCESSÕES 25
a= 1 < 1
(1 + cn)n - 1 + nCn
De onde se segue
Portanto, Cn -J- O, quando n -lo <Xl. E daí (y~) converge para 1, também
neste caso, pois,
1
lim ya = ----=
1 + Iim Cn
1.
Aplicando (7):
Daí se segue
26 NÚMEROS REAIS CAPo1
1 - ,,,+1
1+ r + r2 + ...+ r" = 1- r
(ii) Prove que
lim (1 + r
n-40CO + ...+ r") = -1_1_,r - se Irl < 1.
onde
(n)_
j - (n _n!j)!j! . (ConvenClOna-se
.. que 01-1)
.- .
~I~
I·1m 1.~aj
n--1' ~ = 1
J
" =max •.aI,
( ~
... , api'
e (a,,)= ( -n-
n - I) .
Teorema 1.4. Seja (ao) uma sucessão não-decrescente tal que o conjunto
{ao} tem uma cota superior (cf Seç. 1.3). Então, (ao) é convergente e seu limite é
o supremo do conjunto {ao}'
Demonstração. Seja m o sup do conjunto {an}, o qual existe em virtude do
Postulado de Dedekind. Provaremos que (an) converge para m. Pela definição de
supremo, dado E > O, existe um elemento do conjunto {an}, digamos a"", tal
que a"" >m~E. Como a seqüência é monótona não-decrescente, segue-se que
ao > m - E para todo n ~ no. Logo, lao - ml < E para todo n ~ no, o que
prova que a sucessão (ao) converge para m.
EXERCÍCIOS
5. Mostre que a sucessão VI, vi2 + V2, ... , V 2 + v2 + v'2, ... , con-
verge para 2.
28 NÚMEROS REAIS CAPo 1
7. Seja (an) uma sucessão de números reais tais que, para um certo k, com
O < k < 1, temos I an+1 I :S k i Cln I. Mostre que an --7 O.
1). Sejam O < a < b. Considere a sucessão (s,,) definida por SI =a e Sn+1
i ab" + S/
~----.
" a+l Mostre que lim s" = b.
À'
>O e
10. Seja À e considere a sucessão (a,,) tal que aI
(1 + Ày+l
a1
an+1 = Mostre que lim = 1~
(1 - an)' an À o
11. Sejam O < aI < a2' Considere a sucessão (an) definida por a.+1
1
2 (an + a.-I ). Mostre que
1 3 7 17
}' 2' 5' 12,0.0,
Pn 2qn-I+Pn-1
qn Pn-I+qn-l'
superior. Como vimos na Seç. 1.7 uma sucessão (an) é limitada se {an} for um
conjunto limitado.
la"l - m I < 1.
O intervalo (m - 1/2, m + 1/2) contém termos da sucessão (ali) para uma
infinidade de valores de n, o que se prova do mesmo modo que no caso precedente;
seja a", um tal termo e tal que n2 > nl' (Observe que 0"2 pode ser igual a an1 .)
Então,
la"2 - m I < 1/2.
Assim por diante, tomamos anj E (m - 1/j, m + l/j) e tal que nj> nj-l >... >
n2 > nl' Deste modo constrói-se uma subsucessão (a"j) de (On) tal que Onj -+ m,
quando j ---7 cx>, pois
Exemplos:
ter pontos de acumulação. Há, por outro lado, conjuntos infinitos que não têm
pontos de acumulação; p. ex., {I, 2, 3, ... }. Entretanto, vale o seguinte resultado.
Proposição 1.1. Todo conjunto infinito limitado A de números reais tem pelo
mcnos um ponto de acumulação.
Exemplos:
Observação. Vê-se, pelos exemplos acima, que o conjunto dos pontos de acumulação
de um conjunto dado pode ou não intersecionar o conjunto. Pode inclusive contê-
10.
EXERCÍCIOS
2. Sem a hipótese de (a,,) ser limitada não se pode concluir que ela contenha
uma subsucessão convergente. Dê um exemplo. Entretanto, pode-se concluir
que, quando tal coisa não ocorrer, então existe uma subsucessão tendendo para-oo
ou +00.
3. (Lim sup). Dada uma sucessão (an), define-se o limite superior de (an) (o
qual se representa por lim sup an) como o número real s que goze da seguinte
propriedade: dado E > 0, existe apenas um número finito de Índices n tais que
an > s + .E, e existe um número infinito de Índices n tais que an > s - E. Para
entender bem esse conceito, determine os lim sup de algumas das sucessões exemplificadas
acima. Observe que se a sucessão converge, então seu limite coincide com o fim
sup. Mostre que se uma sucessão tem lim sup, então existe uma subsucessão que
converge para esse lim sup.
4. (Um inf). Dada uma sucessão (a,,), definimos o limite inferior de (a,,)
(o qual se representa por lim in{ Gn), como sendo o número (j que goze da seguinte
propriedade: dado E > ° existe apenas um número finito de índices 11 tais que
a" < IT - E, e existe um número infinito de índices 11 tais que a" < (j + E. Analise
,d~d!lS cxcmplos. Prove rcsultados análogos aos do lim sup.
1.11 O CRITÉRIO DE CAUCHY 31
(ii) lim sup (an + bn) ::; lim sup an + lim sup bn•
9. Prove que lim inf (an + bn) ::5 lim sup (an) + lim inf (bn).
10. Prove que lim inf (an + bn) ~ lim inf an + lim inf bn.
11. Analise (i) e (ii) do Exerc. 7, no caso de sucessões não-limitadas.
S~ja agora k' o m:lior dos números lar I, la21, ... , lano-ll, e seja k o maior dos
dois números, k' e 1 + Ia",; I. Portanto,
para I1j 2 11,/. Por outro lado, em virtude da hipótese, temos que, dado E > O,
existe 110" E N tal que
Ia" - am I <€
para 11, m 2 110". Agora, pela desigualdade do triângulo, temos
para quaisquer termos a" e a", de (a,,). Logo, se em (3) tomarmos m 2 max (110', no")
e 11 = I1j 2 max (11,,', 110") temos
< E para todos n, m ?: no. (É a "mesma" definição acima, exceto que considera-
mos apenas racionais.) Considerando apenas racionais, vemos que existem suces-
sões de Cauchy de números racionais que não convergem para um número racional.
Ex.: a sucessão 1, 1,4, 1,41, 1,414, ... que converge (no conjunto dos reais) para
V2. Em virtude de haver sucessões de Cauchy de racionais que não convergem
para um racional, dizemos que o conjunto dos racionais não é completo.
(iii) O conjunto dos reais pode ser construido a partir dos números racionais.
Daremos, a seguir, um esboço do método, cujos detalhes podem ser encontrados
na referência [6], cf. também [18]. A imprecisão desse esboço será perdoável,
se conseguirmos despertar o interesse de algum leitor para estudar a questão mais
a fundo!
Considere o conjunto C de todas as sucessões de Cauchy de números racio-
nais. (Um elemento de C é uma sucessão de números racionais!) Como não
desejamos distinguir entre sucessões que estão "perto" uma da outra (P' ex.:
EXERCÍCIOS
2. Seja (P,) uma sucessão de tennos positivos convergindo para p. Mostre que a su-
(1) L.J
"" an =a) ,- a2'1
" ... ,
n~1
onde os termos an são números reais dados. Urna expressão da forma (I) é cha-
mada uma série numérica.
34 NÚMEROS REAIS CAPo 1
Associamos à sucessão (an) dada acima uma nova sucessão (AnJ, chamada
sucessão das reduzidas ou das somas parciais, que é assim definida
n
An = L:
j~1
ai = ai + '" + ano
Sea sucessão (An) tiver um limite S, dizemos que a série (1) converge, e que
sua soma é S. Se a sucessão (An) não tiver limite, diremos que a série (1) diverge.
No caso de convergência, escrevemos
~
L: ano
S = n=1
~
Exemplo 1. L: 2-n•
n-l
A soma parcial An é igual a 1 - 2-n, cf. Exerc. 2, da
Seç. 1.8. É claro que o limite de An é 1. Logo, a série em pauta converge e sua
soma é 1.
Exemplo 2. t
n=U
rn, onde Ir I < 1. Deixamos ao leitor a verificação da con-
vergência dessa série, e a demonstração que sua soma é (I - r)-I. Cf. Exerc. 2, da
Seç. 1.8. Essa é a chamada série geométrica.
Observação. A série t
n~1
an converge se, e só se, a sene
converge, onde b é um número real diferente de zero. De fato, se An é a reduzida
f
n=l
ban também
(que pode depender de E) t~? que I jf;" aj I < E para todos m 2: n 2: no.
Deixamos a demonstração a cargo do leitor e sugerimos o uso do critério de
Cauchy para convergência de sucessões, Í;e., Teorema 1.6.
.~
L:=1 an
(ou diverge) se, e só se, a série f
mente: seja p um número inteiro positivo fixado, então, a série
n~p
an convergir (ou. divergir).
n
converge
, Exemplo 4. A série t
n~l
n~ '"diverge,
n. ' , como decorre do Corolário 1.1, pois
n
. "
temos a segUlnte estlmatlva para seu termo gera
ln
';t = Tn n
2'"
n
--;; > 1.
Exemplo
reduzidas tende para
5. As séries
+
t t n=1
cx).
1 e
n=l
n divergem. Vê-se que a sucessão das
Neste caso, a sucessão das reduzidas torna-se
00
ilimitada. A série L: (-
n=1
1)" é um exemplo de uma série divergente, cujas re-
duzidas se mantêm limitadas; de fato, a sucessão das reduzidas é (-1, O,-1, O,... ).
Observação. O Ex. 3 acima mostra que o Corolário 1.1 fornece apenas uma
série t
condição necessária para a convergência de uma série. Em outras palavras, a
n=1
an pode divergir e, apesar disso, pode-se ter lim Qn
se os termos an alternarem de sinal, então a condição lim an O é "quase" sufi- =
= O. Entretanto,
Teorema 1.8. (Séries alternadas.) Seja (a,,) uma sucessão de números reais
não-negativos, tais que ai ~ a2 ~ ••• ;::: ao ~ ..• e lim a" = O. Então a série aI -
Qz + Q3 - Q4 + ... converge.
a série t
existir no tal que, para todo n
11.=1
bn é uma majorante
~
> no,
daserie t
tenham05
ano
11.=1
lan I ::; bn• É comum dizer-se que
jorante t
Teorema 1.9. A série
11.=1
bn, que converge~= 1
2: an será convergente se ela possuir uma série ma-
11.=1
Qn divergente.
~
Então, a série i:
11.=1
bn
2: bn
~ = ~ambém
seja uma ma-
divergente.
é uma majorante da série harmônica. Usando uma idéia análoga, prove que a série L: n -(1 + ~)
também diverge.
~ ro
~
Definição. Uma série
co
L: an
n=l
converge absolutamente (ou, é absolutamente
convergente) se a série L: lan I
n=l
convergir. O Teorema 1.10 mostra que toda
série absolutamente convergente é também convergente.
que
Teorema
ai ;::: a2;:::
convergir
a3;::: .... Então, a série t
1.11. Seja (a,,) uma sucessão de números reais não-negativos
11.=1
an converge se, e só se, a série abaixo
e tais
(2) f:
j=o
2j~i = aI + 2a2 + 4a4 + 8as + ...
a2 + a4 + a4 + as + as + as + as + ...,
a qual tem como majorante a série t
n=2
an, segue-se que a primeira série também
converge e, conseqüentemente, a série (2) é convergente, como queríamos provar.
Exemplo t
7. A série n-l n-P converge, se p> 1. Basta m
L: 2i(21)-V = j-O
e observar que, neste caso, a série (2) é i-o
CD
aplicar o Teorema 1.11
L: (2V-1)-; = 1/(21)--1 - 1).
Exemplo 8. Veja Exercs. 14, 15 e 16 da Seç. 6.2.
Apresentaremos, a seguir, dois testes para a convergência absoluta de séries
numéricas.
Teorema 1.12 (Teste da razão ou teste de D'Alembert.} Consideremos uma
série t
n=-l an e suponhamos
(i) a série converge absolutamente
lim I an+
que n---+-co an 1 I exista.
se I < 1; (ii)
Seja I tal limite.
a série diverge se I >
Então:
1; (iii) o
leste é inconcludente se I = 1.
e daí segue:
38 NÚMEROS REAIS CAPo 1
geométrica
A desigualdade
00
acima mostra
1: \a"o IbP = I a"o Ip-l1:
00
que a série
bp•
p-l
Como b
t la"o-lpI é majorada
< 1, segue-se, pelo
pela
Teorema
série
p~1 00
1~1>1
a,. _.
Logo
Logo. pelo Corolário
la"-I11 ~ Ia"
t
I. para
1.1, a série
n ~ no.
••-I a"
Portanto. (a,.) não pode convergir
deve divergir .
para O.
t
Por outro lado, a primeira série diverge, enquanto a segunda converge.
Demonstração. (i) Pela definição de limite, segue-se que existe no tal que,
para n ~ no, temos
(4) -\!'fa:T ~ b,
métrica t
A desigualdade
b". Como
acima mostra que a série
b < 1, segue-se,
t
pelo nT~orema
Ia" I é majorada pela série geo-
1.9, que a série :t Ia" I
n=1 ,,=1
converge.
(ii) Se I > 1, concluímos que existe no tal que, para n ~ no, temos ~ ~
?:: 1. Dai lan I ?:: 1, para n?:: no e, portanto, a sucessão (an) não tende a O. Pelo
00
ro
(iii) L: n-1
É fácil ver, usando um resultado da Seç. 1.8, que I = I para as séries n-l
e L: n-2•
n=1
A primeira série diverge, enquanto a segunda converge.
1.12 SÉRIES NUMÉRICAS 39
EXERClcIOS
1. Use o Teorema 1.4 para provar o seguinte resultado: "Uma série de ter-
mos não-negativos é convergente se, e só se, as reduzidas formarem uma sucessão
limitada."
2. Prove que
'" 1
L:
n=l
---=1.
n(n + 1)
. '" 1
1<L:n=l -2
n <2.
4. Sejam:t
n=l
On e i:
n=l
bn duas séries de termos positivos, e suponha que
1. On
O < 1mb; < 00.
Então, uma das seguintes alternativas ocorre: (i) ambas convergem, (ii) ambas
divergem.
'" 1
:t
n=1 +
( 2n 2n 1 2n'-l)
2n
e L:
n=l Vn(2n+ 1)
'"
6. Seja (On) uma sucessão não-crescente de números reais positivos, tais que
L: an convirja. Mostre que nan ----7 O, quando n ----7
t
00.
n=l
<
t
7. Demonstre que as séries :t nrn e n(n - l)rn convergem se I r I 1.
n~l n=l
entao
- a sene
, . Van
~..ç... --- tam b'em o sera.
,
n=l n
40 NÚMEROS REAIS CAPo 1
e sejam
, L = I'1msup I ---a::
an+1 I e 1 = ]'1m 10
'f I -----o:-
an+1 I .
Mostre que (i) se L < 1 a série converge absolutamente, (ii) se 1 > 1 a série diverge,
(iii) se I ~ 1 ~ L o teste é inconcludente.
'"
11. (Teste da raiz em uma forma mais forte,) Considere a série L: a" e seja
L == 1imsup Vn~ I an I, Mostre que (i) se L < 1 a série converge -absolutamente,
n=1
(ii) se L > 1 a série diverge, (iii) se L = 1 o teste é inconcludente.
12. Seja t
n=1
an uma série de termos positivos. Mostre que
I,1msup an+l
--,
a"
1 1 1 1 1 1
2: + 3 + 22'" + 32 + 2ã + 33 + ,,'
'f --an+l
Mostre que I'1mlU
a"
= O, I'1msup --an+l
an
=+ co, 1"1m ln fv
_n/-a" = 1jV3 e
razão, dado no Exerc, tO, é inconcludente para essas séries. Use o critério da raiz
Mostre que o critério da
dado no Exerc, 11, e mostre que a primeira série converge, enquanto a segunda
diverge.
15. Seja (a,,) uma sucessão de números reais não-nulos tais que an ~ + co
Mostre que a série
1.13 REPRESENTAÇÃO DECIMAL 41
L (1---
"'
,,-1a" 1)
a"+1
f t
,,-I
a~l 1:' a" converge (ou diverge) se a série n=l a" convergir (ou divergir).
18. Se a série t
n-l
an, a" ;::: O, converge, então a série t
n-l 1+
a,,2
a,,2
converge.
Por outro lado, se 01 = .a1 a2 ... , 02 = .b1 b2 ... e 1(01) =1(02), mostraremos
que 01 e 02 devem ser da forma das decimais que aparecem em (1). De fato, seja
j o primeiro índice onde o a é diferente de b; suponhamos ai < b;. Então, de
..ç..
~=1 --10-10-
:ri
a10 b10
-
= O, obtemos
42 NÚMEROS REAIS CAPo1
00
(2) L:
n=i+1
[D* ~ [0,1)
00 an
.al a2 ... ~ n=l L: 10n •
A segUIr,
. ~. consIderemos [aI 10'aI-W
+ 1) = j~ 9 [aI 10 + j
102' 10 + -wz
aI j + 1) e se-
leclOnemos
. a2 tal que r E 12 = [ 10
aI + 102-'
a2 10aI + 102
a2 + 1). . por di-
E assIm
'"
Como
n=l
n 1,,:1 r, segue-se que a sucessão formada pelas extremidades esquerdas
Uma dízima peri6dica é uma decimal na qual, após um número finito de termos,
aparece um bloco de termos (chamado o período) e a partir daí a decimal é
constituída pela repetição sucessiva desse bloco. De modo mais rigoroso, podemos
proceder assim. Uma decimal é uma função f: N -> {O, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}.
Uma decimal é periódica se existirem m e n tais que, para todo k > m, temos
f(k) =f(k + n). Exemplos:
(i) .777...= .7
(ii) .01333~.. = .013
(iii) .235747474 = .23574
(iv) .2394394394 = .2394,
1.13 REPRESENTAÇÃO DECIMAL 43
onde o período é formado pelos termos que têm um ponto sobre eles. As dízimas
periódicas representam números racionais que podem ser calculados assim. Ve-
jamos o Ex. (iii):
onde se reconhece que, a partir do segundo termo, temos uma série geométrica.
Portanto,
. . 235 74 1
.23574 = 103 + 103 102 _ 1 '
isto é,
.. 23574 - 235
(3) .23574 = 99000
ou, finalm~nte:
. . 23339
.23574 = 99000'
(I) toda dízima periódica simples é igual a uma fração irredutÍvel cujo de-
nominador não é divisível nem por 2 nem por 5;
(lI) uma dízima periódica composta com m termos na parte não-periódica
é igual a uma fração irredutÍvel cujo denominador é divisível por 2m ou 5m, mas
não por potências mais elevadas de 2 ou 5.
Para provar (lI) basta observar que o numerador de (4) não é divisível simul-
taneamente por 2 e por 5, pois isso implicaria que ele fosse divisível por 10. E
isso acarretaria bn = am' Mas, então, am não pertenceria à parte não-periódica
da dízima, pois a parte periódica seria amb1 ... bn-1.
As recíprocas de (I) e (lI) são verdadeiras.
(1') Uma fração irredutível p/q E [0,1), cujo denominador q não seja divisível
nem por 2 nem por 5, é igual a uma dízima periódica simples.
(lI') Uma fração irredutível p/q E [0,1), cujo denominador seja divisível por
uma potência de 2 ou de 5 (sejam 2ml e 5m2, e seja m = max (mI, m2) > O), é uma
dízima periódica com m termos na parte não-periódica.
Demonstração de (1'). Por hipótese, mdc (q, 10) = 1, i.e., o máximo divisor
comum de q e 10 é 1, ou ainda, q e 10 são primos entre si. Os possíveis restos das
divisões das potências inteiras positivas de 10 por q são em número (no máximo)
de q. Logo, existem nI > n2 tais que
(7)
(8)
Portanto, q deve dividir 10" - 1, uma vez que mdc(q, 10"2) = 1. Isto é, existe
b E N tal que
10n - 1= bq
Daí se segue que
1 b b b
q= 10-; + 102" + 103" + ...
e, portanto, p/q é uma dízima periódica simples cujo período tem n termos e é cons-
tituído dos algarismos do número bp acrescidos por zero à esquerda, se necessário,
para completar os n dígitos.
onde a E N e Pl/ql E [0,1), com mdc (ql> 10) = 1. Aplicamos agora o resul-
tado (I) à fração Ptlql> que então se expressa como uma dízima periódica simples.
Logo, se segue de (9) o resultado procurado.
Exemplos de aplicação. 1) A decimal .101001000100001 ... , onde o número
de zeros entre os I' s vai aumentando, é um número irracional.
2) a decimal seguinte representa um número irracional:
.11101010001010 ... ,
f(n) =
1 bn_p,
an, se p + 1::::; n.
2) A união de dois conjuntos enumeráveis é enumeráveI. De fato, sejam
f(n) =
lap
bp se n = 2p -
n=2p 1
EXERCíCIOS
1. Considere uma coleção enumerável de conjuntos finitos A1, Az, ...• Mos-
tre que a união U An é também enumerável.
n=l
se p + 1 ::; n.
2) A união de dois conjuntos enumeráveis é enumerável. De fato, sejam
f(n) =
lap
bp se n = 2p
n=2p - 1
Das observações 1) e 2) e do fato que 01+ é enumerável segue-se:
EXERCíCIOS
1. Considere uma coleção enumerável de conjuntos finitos AI, A2, •••• Mos-
tre que a união U An é também enumerável.
n=l