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TECIDO CONJUNTIVO
LINFOIDE
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
O tecido linfoide é mais uma variedade altamente especializada de tecido conjuntivo. Seu estroma
é formado por tecido reticular, no qual ocorre a proliferação e a diferenciação das linhagens
linfocitárias após sua formação prévia na medula óssea. Dessa maneira, o tecido linfoide tem suas
particularidades relacionadas à montagem da defesa do organismo nos ditos órgãos ou estruturas
linfoides.
No tecido linfoide ocorrem diversos dos mecanismos de respostas imunológicas: interação entre
macrófagos e linfócitos, apresentação de antígenos, produção de citocinas, produção de
imunoglobulinas, entre vários outros. Todos esses eventos envolvem a criação de uma resposta
imunológica (uma defesa) contra organismos estranhos. Em linhas gerais, os linfócitos são
“treinados” para reconhecer o que não faz parte do organismo. Desse “treinamento” emerge a
principal função dos tecidos linfoides no organismo: a de
preparar e de selecionar linfócitos.
2. TIPOS CELULARES
Além dos linfócitos, há também presença de células reticulares, plasmócitos, macrófagos e células
dendríticas no tecido linfoide. Esta última é mais uma da classe de células apresentadoras de
antígenos. Sendo assim, ela cumpre o ciclo natural de captura do antígeno → processamento →
obtenção de epitopos → apresentação de epitopos associados à MHC classe II.
Faculdade de Medicina da UFRJ – 2017.1
Células dendríticas têm corpo celular arredondado com prolongamentos relativamente curtos e
não ramificados. Nesse caso, a denominação “célula dendrítica” corresponde ao nome da célula.
Vale ressaltar que essa denominação também pode ser utilizada também como adjetivo: diz-se que
melanócitos são células dendríticas porque possuem forma semelhante (corpo arredondado,
prolongamentos curtos e não ramificados).
Além das células dendríticas, depreende-se que a variedade celular do tecido linfoide define
essencialmente sua função imunológica, bem como delimita e estrutura os eventos da montagem
de respostas imunológicas. Cada célula tem um papel primordial nesses eventos, que serão bem
reiterados em tópicos posteriores desse estudo.
TECIDO LINFOIDE NODULAR: agregados esféricos de linfócitos que formam os nódulos ou folículos
linfoides;
T. Linfoide Difuso
da lâmina própria
de intestino
delgado (à
esquerda); T.
Linfoide Nodular
(no meio); T.
Linfoide Cordonal
da medula de um
linfonodo (à
direita)
TECIDO LINFOIDE FROUXO: áreas com menor concentração de linfócitos e grande quantidade de
células reticulares do estroma. Essas áreas permitem a passagem e a filtração dos líquidos corporais.
Os antígenos trazidos pelos líquidos ficam retidos na trama tridimensional de tecido reticular.
Os seios dos linfonodos são áreas de tecido linfoide frouxo pelas quais se passa a linfa. A polpa
vermelha do baço (maior órgão linfoide do corpo) é uma área de tecido linfoide frouxo que retém
antígenos do sangue.
ÓRGÃOS LINFOIDES: massas maiores de tecido linfoide individualizados por uma cápsula conjuntiva;
Os linfonodos, o baço e o timo são exemplos de órgãos linfoides.
Já o órgão linfoide central para linfócitos B seria a Bursa de Fabricius (nas aves) e a medula óssea
(nos mamíferos). Nas aves, as células progenitoras de sua linhagem migram para a Bursa, localizada
próxima à cloaca, onde adquirirão sua imunocompetência. Como seres humanos não tem Bursa de
Fabricius, os linfócitos B adquirem imunocompetência na própria medula óssea. Entretanto, vale
ressaltar que a medula óssea NÃO é um órgão linfoide, ela apenas assume esse papel neste caso
específico.
As células dendríticas foliculares (CDFs) são específicas dos nódulos linfoides, e são responsáveis
pela seleção de linfócitos B úteis às respostas imunológicas. A elas é imputada a arquitetura do
nódulo linfoide: produzem quimiocinas específicas que atraem os linfócitos B para uma
determinada área, o que promove sua agregação;
Essas células são de origem incerta, e apresentam receptores para imunoglobulinas e para
componentes do complemento em sua membrana. Os antígenos ligados a imunoglobulinas ou a
componentes do complemento se prendem aos receptores das CDFs, o que os retém em sua
membrana em complexos antígeno-Ig ou antígeno-complemento. Esses complexos oferecerão os
antígenos a inúmeros linfócitos B, que serão selecionados.
EVENTOS INICIAIS
Ocorrem essencialmente na região limítrofe entre a zona do manto de um nódulo linfoide e o tecido
linfoide difuso que reveste externamente o nódulo. É caracterizada pela dupla ativação de linfócitos
T auxiliares, tanto por células dendríticas quanto por linfócitos B. Células dendríticas capturam
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EVENTOS TARDIOS
Uma vez sob os efeitos das interleucinas, os linfócitos B migrarão para o centro germinativo. Lá
acontecerão diversos eventos relacionados a seleção dessas células.
A maturação por afinidade é um evento que consiste na seleção propriamente dita dos linfócitos
B. Uma vez produzindo imunoglobulinas de alta afinidade por antígenos, serão permitidos a
sobreviver. Caso contrário, fatalmente serão destinados à apoptose.
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Dentro desse contexto, os linfócitos B se proliferam de tal maneira que produzem inúmeros
linfócitos no centro germinativo. Durante essa proliferação, existe um grande rearranjo da
expressão gênica. Esse evento está relacionado à ativação de inúmeros genes que sequenciam as
cadeias polipeptídicas de imunoglobulinas que virão a ser inseridas na membrana plasmática. Essa
infinidade de imunoglobulinas expostas na membrana ocorre de maneira a diversificar as
possibilidades de encaixe com antígenos. O rearranjo do genoma dos linfócitos B visando essa
diversidade é chamada de “Switching” das cadeias de imunoglobulinas.
Quanto aos dois destinos possíveis dos Linfócitos B, o mais comum deles é a diferenciação em
plasmócitos, células secretoras de imunoglobulinas que serão lançadas nos humores do organismo.
Ademais, os linfócitos B tambpem podem constituir a população de memória, que é imprescindível
em situações de reincidência infecciosa. Em havendo um segundo acesso do mesmo antígeno ao
organismo, esses linfócitos B respondem mais rapidamente em função de possuírem no seu
genoma a memória imunológica específica daquele antígeno. Isso agiliza a resposta do corpo a uma
infecção já contraída anteriormente.
Todo esse processo é a base de funcionamento das vacinas: um antígeno atenuado ou inativado é
injetado, e induz a produção de plasmócitos secretores de imunoglobulinas e de linfócitos B de
memória. Doses de reforço são aplicadas para incrementar a formação dos linfócitos B de memória,
que são mobilizados caso haja uma segunda sensibilização.