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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS

Português CESPE
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www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu


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PREFÁCIO

Caro candidato,

Das bancas organizadoras de concursos, uma das mais temidas é do CESPE (Centro de
Seleção e de Promoção de Eventos), vinculada à Fundação Universidade de Brasília (UnB).

E não à toa que ela tem essa fama! Nas provas de língua portuguesa, os motivos são vários:
textos longos, questões bem (ou mal elaboradas, a depender do ponto de vista), alternativas
(quando é o caso) com pequenas e quase imperceptíveis “armadilhas” e, claro, exigência de
conhecimentos prévios articulados.

Sabe o que isso significa? Para responder uma questão de sintaxe, morfologia, pontuação,
variedades linguísticas, dentre outras, sempre é solicitada uma análise semântica. A
semântica, ao contrário do que muitos pensam, não é mera interpretação de textos. É um
campo de conhecimento muito reservado aos estudos da linguística aplicada que, nas provas
do CESPE, é cobrado de “pessoas comuns”, “meros mortais”. Tanto é que, tentar classificar a
questão de acordo com o conteúdo, é uma tarefa bem difícil (ou até impossível), já que apenas
uma questão aborda e transita por vários tipos de conhecimento simultaneamente.

Mas não se desespere. Não estou querendo assustá-lo! Há estratégias sobre como “quebrar
a banca”.

Neste material você encontrará questões comentadas da banca CESPE. As questões nível
hard, isto é, as mais difíceis foram retiradas de concursos anteriores com base em alguns
critérios, mas, principalmente: 1) questões de provas de concursos de nível superior; 2)
classificadas como “muito difíceis”; 3) índice de erro superior a 50% dos concurseiros que as
responderam; 4) questões recentes (aqui, a maior parte é dos últimos 3 anos, com raras
exceções para questões que realmente foram uma raridade não repetida).

Você irá verificar que os “comentários” das questões, na verdade, são análises, pois eles
ultrapassam a justificativa de dizer porque está certou errado. Mais do que isso, procuramos,
aqui, retomar aspectos teóricos, dar dicas e lembretes sobre determinado conteúdo e
explicitar o processo de formulação da questão. Esse processo é essencial, pois a melhor
forma de aprender a lidar com determinada banca é conseguir “estar do outro lado”, ou seja,

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compreender o processo de avaliação do examinador, praticamente entrar na cabeça dele no


momento da formulação.

Bons estudos e... que comecem os jogos! =D


Prof.ª Mestra Cláudia Abreu

1. ANÁLISE SINTÁTICA /SEMÂNTICA

Questão 1

2017 – CESPE – SEDEF. Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto


precedente, julgue o item que se segue.

Qualquer língua, escrita ou não, tem uma gramática que é complexa. Do ponto de vista
naturalista, não faz sentido afirmar que há gramáticas melhores e gramáticas piores. Não é
certo, por exemplo, dizer que a gramática que produz Os meninos saíram é melhor do que a
que produz Os menino saiu.
Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo. São duas
maneiras de chegar ao mesmo lugar. São duas gramáticas distintas, uma em que a
pluralidade é marcada em todos os termos da oração, outra em que o plural aparece marcado
apenas no artigo. Mas esses dois modos de falar não são avaliados socialmente da mesma
maneira. O valor social de cada um deles é muito diferente. Aquele que fala Os menino saiu
não sabe falar, diz a voz que define qual variedade está correta. Só que há línguas, como o
inglês, em que o plural só ocorre em 16 um dos termos: The tall boys left (tradução literal
possível, desconsiderada a marca de plural: O alto meninos saiu). É claro que a gramática do
inglês não é a mesma gramática do português, mas o nosso ponto é que o plural só está em
um lugar na oração do inglês e isso não recebe uma avaliação negativa. No português do dia
a dia, é possível marcar o plural em apenas um dos elementos, mas isso é avaliado
negativamente. Roberta Pires de

Oliveira e Sandra Quarezemin. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 44 (com


adaptações)

Caso o vocábulo “certo”, em “um certo conteúdo” (l. 6), fosse deslocado para
imediatamente após “conteúdo”, seriam alterados o sentido e as relações sintáticas
entre os termos da oração em que o trecho ocorre.

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( ) CERTO ( ) ERRADO

Esta é uma questão que possui 70% de erros. Vou te dizer por que isso acontece:

Para responder esta questão, aparentemente simples, é preciso ficarmos atentos ao

enunciado. A “pegadinha” está justamente aí, pois são duas afirmações em uma que dizem

respeito a duas áreas diferentes da LP: Semântica (relações de sentido) e Sintaxe (relações

sintáticas entre os termos da oração).

Vamos então analisar esta assertiva por partes:

1º Por considerar que envolve uma afirmação sobre sentido, é preciso resgatar no texto o

trecho original, pois apenas a expressão destacada retomada no enunciado da afirmação

não é suficiente para respondê-la.

O trecho é:

Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo.

2.º fazer o que se indica no enunciado (deslocar a palavra “certo” após “conteúdo”), que
ficaria assim

Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um conteúdo certo.

A partir dessa alteração, você deve verificar a 1ª afirmação da sentença:

1ª afirmação: a mudança da posição da palavra altera os sentidos

CORRETO, pois na frase original, a palavra “certo” funciona como um pronome indefinido,
como sinônimo de “determinado conteúdo”. Na frase reescrita, a palavra “certo” é
sinônimo de adequado, tem valor de adjetivo.

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O mesmo processo ocorre nos pares de sentenças abaixo:

1) Ele é um amigo velho. (= amigo idoso)


Ele é um velho amigo. (= amizade antiga)

2) Ele é um oficial alto. (= de estatura alta)


Ele é um alto oficial. (= importante)

3) Chame qualquer pessoa. (= qualquer uma)


Não sou uma pessoa qualquer. (= insignificante)

2ª afirmação: altera a função sintática?

ERRADO, pois embora no 1º caso (original), “certo” seja um pronome indefinido e no 2º


“certo” seja um adjetivo, em ambos os casos a palavra CERTO exercerá a função sintática de
adjunto adnominal.

Vamos retomar as funções sintáticas. Em análise sintática, cada palavra da oração é chamada
de termo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que
exerce na oração. Para isso, é preciso lembrar que os termos da oração se dividem em:

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1) Essenciais

Também conhecidos como termos "fundamentais", são representados


pelo sujeito e predicado nas orações.

2) Integrantes

Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são representados por:

complemento verbal - objeto direto e indireto;


complemento nominal;
agente da passiva.

3) Acessórios

Desempenham função secundária (especificam o substantivo ou expressam circunstância).


São representados por:

adjunto adnominal;
adjunto adverbial;
aposto.

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Para saber a função sintática, é preciso lembrar que cada uma delas tem uma tarefa
em relação aos termos da oração.

Nos dois casos, a palavra “certo” serve para determinar o sentido da palavra “conteúdo”,
desempenhando, portanto, a função de adjunto adnominal, cuja definição é: aquele
que” determina, especifica ou explica um substantivo, possui função adjetiva e se
prende diretamente ao nome a que se refere, ou seja, pode se relacionar a adjetivos, locuções
adjetivas, artigos, pronomes adjetivos enumerais adjetivos.

1 - Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo.


 tem a função de restringir o substantivo "conteúdo".
2- Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um conteúdo certo
 tem a função de qualificar "conteúdo"

Dica: Ao substituir um substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais que


estão ao redor do substantivo têm de acompanhá-lo nessa substituição.

Nas duas frases, ao substituir o substantivo “conteúdo” por um pronome (lo), ficaria assim:

Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmiti-lo.

Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois altera o sentido, mas não
altera a função sintática.

2. COESÃO/COERÊNCIA/ SEMÂNTICA /ANÁLISE SINTÁTICA

Questão 2 – 58% erros

2015- CESPE - Especialista em Assistência Penitenciária/Enfermagem

Educação prisional

No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes
no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência
escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem
um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção
social, está a remição de pena por meio da leitura.

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O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já


caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem
livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias
para ler um livro e escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como
circunscrição ao tema e estética, subtraem quatro dias da pena. Ao todo, os detentos podem
remir até quarenta e oito dias apenas com as leituras. Essa possibilidade, no entanto, ainda é
restrita a penitenciárias federais de segurança máxima.

Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios.
Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias
remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros,
em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo.

Na visão do coletivo de incentivo cultural Perifatividade, o projeto é uma oportunidade de


os detentos ampliarem seu universo e perceberem novas dinâmicas de como analisar o
mundo, além de ser um incentivo à educação.

Internet: <www.revistaeducacao.uol.com.br> (com adaptações).

No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o seguinte
item.

A correção gramatical e o sentido original do texto seriam mantidos caso a expressão


“de vinte e um a trinta” fosse substituída por entre vinte e um a trinta.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Esta é uma questão que possui 69% de erros. Vamos analisá-la?

1º Vamos retomar a frase no contexto original

Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa

seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias para ler um livro

2.º Reescrita conforme enunciado:

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Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa

seleção, eles têm entre vinte e um a trinta dias para ler um livro

3.º O enunciado faz duas afirmações:

1.ª afirmação: a alteração manteria a correção gramatical, isto é, o texto continua

correto do ponto de vista gramatical.

Esta afirmação por si só, já tornaria o item incorreto, pois a preposição “entre”

acompanhada da preposição “a” não existe em língua portuguesa. O correto seria “entre

vinte e um e trinta”.

2.ª afirmação: o sentido seria mantido

Errada, o sentido não se mantém, uma vez que, gramaticalmente, está incorreto e,

mesmos se fosse entre vinte e um e trinta dias, o sentido seria diferente. Veja o período

que cada afirmação corresponde:

 De vinte e um a trinta = 10 dias, a contar do dia 21º ao 30º

 Entre vinte e um e trinta = 8 dias, pois neste caso o dia 21e o 30 não pertencem ao

período.

Dica: Usamos a expressão “entre x e y” quando a intenção é excluir os extremos da

contagem. Usamos a expressão “de x a y” quando a intenção é incluir os extremos da

contagem. A regrinha, portanto, é:

 Use os pares ENTRE uma coisa E outra

 DE uma coisa a outra

Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois não se mantém a correção
gramatical e nem o sentido.

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Questão 3 – 80% erros

2015- TRE-GO – Analista Judiciário

Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será exercido, quer de

maneira direta, quer por intermédio de representantes eleitos. Essa afirmação, dentro do

espírito do texto constitucional, deve ser interpretada como verdadeiro dogma estabelecido

pelo constituinte originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político

dos anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia Constituinte que

resultou na Carta de 1988.

Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de repressão à


manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por exercer o direito de eleger os
seus representantes com o objetivo de participar direta ou indiretamente da formação da
vontade política da nação.

Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que ocorreram a
partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta,
deixaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes que o coração da nação
brasileira estava palpitante, quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a
possibilidade de se recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.

Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde então, recebeu a
denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto confere ênfase à titularidade do
poder para ressaltar que “A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior
é fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação da vontade
política.

Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do candidato – avanço da


legislação para as eleições de 2014. In: Estudos Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral.
Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

Com referência às estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item.

As formas verbais “ocorreram" (L.13), “deram" (L.13) e “deixaram transparecer"

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(L.14) estão ligadas ao mesmo termo, que, nos dois primeiros casos, é retomado pelo

pronome “que": “os movimentos populares" (L. 12 e 13)

( ) CERTO ( ) ERRADO

Esta é uma questão que possui 80% de erros. Vamos analisá-la?

1º Retomando o trecho original em que as palavras destacadas no enunciado aparecem:

[...] os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem

ao início do processo de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira

cristalina aos então governantes [...]

2º O enunciado faz duas afirmações:

1 ª afirmação:

ERRADA: As formas verbais “ocorreram" (L.13), “deram" (L.13) e “deixaram transparecer"


(L.14) estão ligadas ao mesmo termo Esta afirmação não está correta, pois não se ligam
ao mesmo termo.

Dica 1: Lembre-se de que para identificar o sujeito, nós fazemos a pergunta: sobre quem
ou o quê se diz algo? Este verbo está ligado a qual informação/ação?

Vamos testar essa dica?

 Se eu perguntar sobre o 1º verbo: o que ocorreu?


R. Os movimentos populares

 O que deu margem ao início do processo de elaboração da nova Carta?


R. Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984.

 Quem deixou transparecer de maneira cristalina aos então governantes?


R. Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984.

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2ª afirmação: nos dois primeiros casos, é retomado pelo pronome “que": “os
movimentos populares"

ERRADA: A partir da análise da afirmação anterior, é possível observar que o 1º que retoma
“movimentos populares”, mas o 2º não, pois retoma “os movimentos populares que
ocorreram a partir de 1984”. Portanto, esta afirmação também está errada.

Dica 2: Para perceber que em cada caso o uso do QUE tem uma função diferente ao
retomar os termos e esta função está associada ao uso da vírgula. Neste caso, ele é
pronome relativo, pois retoma/caracteriza o sujeito. Mas cada uma delas é um tipo de
oração subordinada adjetiva:

I- “Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984 [...] ”, ou seja, não é qualquer
movimento popular, mas sim estes

II- Os movimentos populares [...], que deram margem ao início do processo de elaboração
da nova Carta, [...] . Neste caso, a oração está entre vírgulas, o que a torna uma oração
subordinada adjetiva explicativa.

Dica 3: É importante compreender a relação semântica dessa classificação sintática nas


orações, pois cada uma delas tem um sentido. Veja o outro exemplo:

Os professores, que fizeram greve no mês de agosto, tiveram desconto salarial.


O.S.Adj. Explicativa

 pressupõe-se que todos os professores fizeram greve e todos tiveram desconto.

Os professores que fizeram greve no mês de agosto tiveram desconto salarial


OSAdj. Restritiva
 pressupõe-se que apenas os professores que fizeram greve tiveram desconto

Portanto, apenas se houvesse uma vírgula após "movimentos populares" a questão estaria
correta, pois isso tornaria a oração uma adjetiva explicativa. Logo, o primeiro "que"
retoma: "os movimentos populares". O segundo "que" retoma a frase inteira: "os movimentos
populares que ocorreram a partir do ano de 1984" E “deixaram transparecer" (L.17) também
diz respeito a frase inteira: "os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984"

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Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois os verbos não se


relacionam ao mesmo termo e o pronome não retoma o mesmo elemento nos dois
casos.

3. CRASE

Questão 4 – 74% erros

2015- CESPE – Especialista em assistência penitenciária

Educação prisional

No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes
no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência
escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem
um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção
social, está a remição de pena por meio da leitura.

O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já


caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem
livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias
para ler um livro e escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como
circunscrição ao tema e estética, subtraem quatro dias da pena. Ao todo, os detentos podem
remir até quarenta e oito dias apenas com as leituras. Essa possibilidade, no entanto, ainda é
restrita a penitenciárias federais de segurança máxima.

Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios.
Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias
remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros,
em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo.

Na visão do coletivo de incentivo cultural Perifatividade, o projeto é uma oportunidade de


os detentos ampliarem seu universo e perceberem novas dinâmicas de como analisar o
mundo, além de ser um incentivo à educação.

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No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o
seguinte item.

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Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia
ser eliminado em ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à
reinserção social"

( ) CERTO ( ) ERRADO

Vamos lá! Para analisar esta afirmação, vamos seguir os seguintes passos:

1º Vamos retomar a sentença em seu trecho original:

Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição
de pena por meio da leitura.

2.º Observe que o enunciado pede para verificar apenas se há erro gramatical ou não caso
as crases sejam retiradas, ou seja, não se pede para analisar a questão semântica, de
alteração de sentido.

3.º Nós costumamos decorar as regras de crase obrigatória, mas nesse caso, trata-se do

emprego facultativo. Os casos que permitem o emprego facultativo da crase são:

I. Após a preposição "até";

II. Antes do pronome possessivo feminino adjetivo no singular "sua";

III. Antes de nome próprio no singular;

4.º Nesta questão, o emprego das crases é facultativo, ou seja, tirá-las, não configura erro

gramatical. A regra que sustenta esta afirmação é a “II – Antes do pronome possessivo

feminino adjetivo no singular "sua".

Nesse caso, o pronome feminino “sua” está em forma elíptica (subentendido), cujo referente

está dentro do texto (a palavra é presos = reinserção e recuperação social dos presos).

5.º Lembre-se de que a crase é junção da preposição (a) mais artigo (a). Uma dica é

substituir o A (preposição) por PARA retirando o artigo:

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Desde 2012, entre os projetos voltados para recuperação e para reinserção social, está a
remição de pena por meio da leitura.

Observe que o artigo suprimido nos dois casos não faz com que a oração fique errada, não

se configura como erro gramatical.

6.º Observe também que colocando a oração na ordem direta

(sujeito+verbo+complemento), temos:

A remição de pena por meio da leitura está entre os projetos voltados a recuperação e a

reinserção social,

Dica: Nesta questão, a retirada das ocorrências de crase só esta certa porque ocorreu ao

mesmo tempo e é sustentada pela ideia de paralelismo sintático, ou seja, pelo

encadeamento de funções sintáticas idênticas ou encadeamento de orações de valores

sintáticos iguais.
Portanto, a resposta para esta questão é: CORRETO pois a retirada das duas crases
não se configura erro gramatical neste caso.

4. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO/COESÃO/COERÊNCIA

Questão 5 – 68% erros

2016- Analista Judiciário – TRE -PI

Texto

O livro vê-se perante um concorrente que o intimida, porque disputa a mesma clientela: os
que podem comprar livros são os mesmos que dispõem de recursos econômicos para
adquirir e renovar seus computadores pessoais (PCs). O livro, que já constituiu a
materialização mais completa da modernidade, tendo aparecido à época em que se
inauguravam as revoluções que marcariam o progresso econômico e cultural da Europa
ocidental (revoluções das quais ele fez parte), alcança o começo do novo milênio sem a

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mesma qualificação. Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram
a encarnar o novo, já que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação
artesanal, ainda possível (e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros.

Contudo, não se trata de uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe
necessariamente em risco o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu
possível antagonista, mostra-se, por outro, seu parceiro. A produção editorial ganhou com os
recursos introduzidos pela informática, tendo o processo de formatação, revisão, impressão
e distribuição sido facilitado graças a programas de editoração de textos, de digitalização de
imagens e de tratamento de figuras.

Porém, a introdução desse novo suporte provoca determinados efeitos, já que ele se vale de
códigos específicos e exige formas particulares de manipulação. Transplantada para a tela, a
escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece novas possibilidades de reproduzir
a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa representação. A escrita, no meio digital,
produziu seu próprio código, não transferível automaticamente para outros contextos, e seus
usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre
os diferentes gêneros de escrita, aplicando cada um deles em conformidade com as situações
práticas.

(Marisa Lajolo e Regina Zilberman. Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus
discursos. São Paulo: Editora Ática, 2009- adaptado).

Na organização retórica do texto Das tábuas da lei à tela do computador...,

a) a oração sublinhada em “a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala” e os termos


sublinhados em “seu próprio código, não transferível automaticamente para outros
contextos” e “seus usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens” constituem
definições, respectivamente, para “a escrita”, “seu próprio código” e “seus usuários”.

ERRADA: Para analisar esta afirmação é preciso analisar a oração e seus referentes. Para isso,
vamos retomar o fragmento na íntegra:

Transplantada para a tela, a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece
novas possibilidades de reproduzir a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa
representação. A escrita, no meio digital, produziu seu próprio código, não transferível
automaticamente para outros contextos, e seus usuários — como poliglotas usuários de
diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre os diferentes gêneros de escrita,
aplicando cada um deles em conformidade com as situações práticas.

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 O segmento “que sempre procurou acompanhar a fala” é definição do termo “a escrita”.


Trata-se de uma oração subordinada adjetiva explicativa.
 O segmento “não transferível automaticamente para outros contextos” tem como
referente “seu próprio código”, o que não significa que seja uma definição ou
apresentação do conceito de código.
 O segmento “como poliglotas usuários de diferentes linguagens” refere-se a “seus
usuários”, mas indica apenas uma condição (como= enquanto) e não uma definição
deles.

b) a oração “alcança o começo do novo milênio sem a mesma qualificação” encerra uma
generalização a que se chega com base nas afirmações constantes nas orações anteriores e
que vai ser corroborada pelo período que se segue a essa oração: “Desde que se expandiu
(...) na produção de livros”.

ERRADA: Para analisar esta afirmação é preciso analisar o fragmento na íntegra:

O livro, que já constituiu a materialização mais completa da modernidade, tendo aparecido à


época em que se inauguravam as revoluções que marcariam o progresso econômico e
cultural da Europa ocidental (revoluções das quais ele fez parte), alcança o começo do novo
milênio sem a mesma qualificação.

O erro desta afirmação consiste em dizer que chegamos à generalização – ideia geral contida
no fragmento – com base nas afirmações/informações contidas nas orações anteriores. No
entanto, as orações anteriores apresentam duas ideias diferentes e contrárias entre si:

1.ª a ideia de que o livro apresentava uma modernidade na época em que surgiu

2.ª a ideia de que o livro perdeu a condição de modernidade quando foi substituído pelos
computadores.

Portanto, as afirmações a respeito do livro e das transformações de modernidade pelas quais


ele passou não são as mesmas. Mesmo porque a questão fala sobre “orações anteriores”, o
que não nos permite saber exatamente a qual delas se refere.

c) os termos “o uso do PC”, “telas”, “teclados” e “mouses”, são usados para fornecer
exemplificação do que vem a ser “fruto de tecnologia mais sofisticada”.

ERRADA: retomando o trecho:

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Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já
que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível
(e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros.

Neste fragmento afirma-se que esses recursos (PC, telas, teclados, mouse) são frutos da
tecnologia mais avançada, mas não necessariamente são usadas como exemplificação no
texto. Além disso, uma análise ainda mais detalhada nos mostra que a oração fala sobre o
“uso do PC” e não o PC, ou seja, a ação de usar não pode ser vista como uma “tecnologia mais
sofisticada”. É nessas duas ideias que consistem o erro da afirmação.

d) o trecho “o processo de formatação, revisão, impressão e distribuição” descreve as etapas


do processo de produção de livros que foram beneficiadas graças à introdução da informática
nesse mercado, enquanto o trecho “programas de editoração de textos, de digitalização de
imagens e de tratamento de figuras” descreve ferramentas que foram introduzidas pela
informática no mercado editorial.

ERRADA: Retomando o trecho

A produção editorial ganhou com os recursos introduzidos pela informática, tendo o processo
de formatação, revisão, impressão e distribuição sido facilitado graças a programas de
editoração de textos, de digitalização de imagens e de tratamento de figuras.

Ao ler o fragmento é possível perceber que a alternativa distorce parcialmente a ideia do


fragmento original. Nesta questão, é preciso ficar atento e, principalmente, saber diferenciar
produção de livros/produção editorial x mercado editorial. No texto não se fala sobre
beneficiamento no mercado editorial pelas ferramentas da informática, mas sim na
produção editorial. Isso porque a ideia de mercado editorial está associada à comercialização
de livros e não produção.

e) as duas orações presentes em “livros e computadores não se excluem, nem o PC põe


necessariamente em risco o universo do livro” foram empregadas para especificar uma
informação mais geral anteriormente apresentada.

CORRETA: retomando o fragmento:

Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já
que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível
(e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros. Contudo, não se trata de
uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
19

o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu possível antagonista, mostra-
se, por outro, seu parceiro

A ideia genérica presente nesta afirmação é justamente uma síntese do que se apresenta
anteriormente a respeito dos livros e das tecnologias. Essas ideias mostram que o que a
autora defende é o fato de que os livros não irão acabar por conta das tecnologias, mas sim
que terão seu processo de produção enriquecidos por conta das tecnologias que serão
empregadas. A oração “livros e computadores não se excluem, nem o PC põe
necessariamente em risco o universo do livro” fazem uma síntese da tese principal defendida
pelo autor, portanto, a afirmação está correta e não apresenta nenhum conceito distorcido
ou afirmação que extrapola os limites do texto, como ocorreu nas anteriores.

Portanto, a resposta para esta questão é: E .

Questão 6 – 56% erros

CESPE - Analista Judiciário (STF)/Apoio Especializado/Comunicação Social/2013


O item apresenta fragmentos adaptados de textos diversos. Julgue-o quanto à
correção gramatical.

Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos,
a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes
sociais em seus embates políticos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Para responder esta questão, é preciso se atentar não apenas para a questão gramatical, mas

para os efeitos semânticos que o fragmento produz. Lembre-se de que um texto

gramaticalmente correto é aquele que se apresenta adequado em termos de coesão e

coerência.

Verifique o uso excessivo dos pronomes possessivos enquanto recursos de coesão. É neles

que reside o erro gramatical.

Observe-os destacados no fragmento e verifique a qual elemento do texto se referem:

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
20

Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos,
a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes
sociais em seus embates políticos.

 Seus - suas- suas – seu em destaque, consecutivamente, essas ocorrências se referem

à Constituição brasileira (seus- eventuais problemas; suas = críticas; suas= emendas;

seu- papel).

 Um pronome relativo é aquele que indica posse, que dá a ideia de pertencimento. Para

verificar a adequação dessas ocorrências, basta respondermos às questões de seus

devidos referentes:

 De quem são os eventuais problemas?

 De quem são as críticas?

 De quem são as emendas?

 De quem é o papel de mediar as relações?

Segundo a REDAÇÃO do texto, todas essas responsabilidades estariam relacionadas à

Constituição brasileira, pois os pronomes possessivos se ligam a ela. No entanto, veja que a

ideia das críticas não deveria ser de pertencimento, mas sim de direcionamento. Isso

porque as críticas não são DA Constituição, mas sim DIRECIONADAS a ela.

Sua redação/reescrita de modo adequado seria (dentre várias possibilidades) da seguinte

forma:

Apesar de seus eventuais problemas, das críticas recebidas e de suas emendas ao longo
dos anos, a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os
agentes sociais em seus embates políticos.

Portanto, o fragmento não contém correção gramatical, uma vez que apresenta uso

inadequado de pronome que leva a problema de coesão/coerência. O item deve ser julgado

como ERRADO.

6. SINTAXE/SEMÂNTICA

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Português CESPE
21

Questão 7 – 61% erros

2008- CESPE - Oficial de Inteligência

Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da


cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um traçado único, um
horizonte de sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da
subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se intensamente complexo e as
respostas não são diretas nem estáveis. Mesmo que não possamos olhar de um curso único
para a história, os projetos humanos têm um assentamento inicial que já permite abrir o
presente para a construção de futuros possíveis. Tornar-se um ser humano consiste em
participar de processos sociais compartilhados, nos quais emergem significados, sentidos,
coordenações e conflitos.
A complexidade dos problemas desarticula-se e, precisamente por essa razão, torna-
se necessária uma reordenação intelectual que nos habilite a pensar a complexidade.

Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried Schnitman
(Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, a respeito da organização das ideias no texto acima.

Preservam-se as relações entre os argumentos do texto caso se empregue, em lugar de "que


não possamos", uma oração correspondente com o gerúndio: não podendo.
( ) CERTO ( ) ERRADO

1.º - Retomando o fragmento:

Mesmo que não possamos olhar de um curso único para a história, os projetos humanos

têm um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros

possíveis.

2.º - O enunciado afirma que a reescrita manteria a ideia original da argumentação. Vamos

ver como fica:

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Português CESPE
22

Mesmo não podendo olhar de um curso único para a história, os projetos humanos têm

um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros

possíveis.

 No trecho original, o sujeito é oculto e está implícito na flexão verbal (não possamos

= nós não podemos);

 Na reescrita, ao empregar o gerúndio, o sujeito é determinado e passa a ser “os

projetos”: “mesmo não podendo olhar para o curso da história, os projetos humanos

[...]

Portanto, o item deve ser julgado como ERRADO, já que não mantém a mesma linha de

argumentação, pois atribui a ação de olhar para a história de um curso diferente como de

responsabilidade dos projetos humanos (o que também tornaria a argumentação

incoerente).

Questão 8 – 58% erros

Esta é uma daquelas questões em que as estratégias de leitura são essenciais, pois há muitas

assertivas dentre as opções que nos induzem ao erro.

CESPE – 2010- Diplomata (Terceiro Secretário)

Texto para a questão

É uma tecla muito batida pelos que procuram estudar o caráter dos brasileiros o gosto que
estes revelam pela improvisação em todos os ramos de atividade. A cada passo, se verifica o
pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se saem com brilho e galhardia.
Isso de se preparar longa e pacientemente para resolver os problemas próprios a uma
especialidade não vai muito com eles. Improvisam-se os nossos sociólogos, improvisam-se os
nossos estadistas, improvisam-se os nossos linguistas.

Os nossos grandes poetas podem se contar pelos dedos, e nenhum tivemos até hoje capaz
de uma destas obras de fôlego, como a Divina Comédia, o Fausto ou Os Lusíadas, onde,
escolhido o tema capital, o seu autor põe, ao lado das ideias-mestras da cultura do seu tempo,

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
23

toda a sua inteligência e toda a sua sensibilidade. Agora, abancai ao zinco de um bar em dias
de carnaval e, aparecendo um violão, vereis com que facilidade o malandro mais desprovido
de letras inventa um despotismo de quadrinhas de desafio ou de embolada. Isso na
cidade. No sertão, então, nem se fala. Para os matutos do Nordeste, “poeta” só é o sujeito
capaz de improvisar na boca da viola. Não sei quem foi o literato que, de uma feita, recitou
para uns cantadores do sertão algumas poesias de Bilac. Os homens ouviram calados, mas
depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo. — Como poeta mesmo? — Nós queremo sabê
se ele é capaz mêmo de improvisá na viola...

Manuel Bandeira. O dedo de Deus, o dedo do alemão e o dedo do brasileiro. In: Crônicas inéditas
II, 1930-1944. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p.16.

Assinale a opção correta acerca de aspectos semânticos e morfossintáticos do texto.

a) A expressão “uma tecla muito batida” (l.1), de uso informal, foi empregada com sentido

conotativo e significa expressão desgastada pelo uso.

ERRADA – O sentido denotativo (real) seria sim, desgastada pelo uso; mas no emprego do

texto foi usada no sentido conotativo (figurado) e significa “um assunto muito discutido/

uma questão muito abordada”.

b) No segmento “o gosto que estes revelam pela improvisação” (l.2), o termo “pela

improvisação” exerce função distinta da exercida na seguinte frase: Revelou, pela

improvisação, o quanto se afastara da cultura clássica.

CORRETA: O termo “pela improvisação” exerce função distinta em cada frase. Comparando

as duas orações:

 o gosto que estes revelam pela improvisação

Aqui a expressão destacada completa o sentido do substantivo “gosto”; é um

complemento nominal (pois quem tem gosto, tem gosto por algo)

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24

 Revelou, pela improvisação, o quanto se afastara da cultura clássica

Aqui a expressão destacada indica a circunstância do verbo, é um adjunto adverbial

que indica como se deu a ação do verbo revelar, isto é, pela (=por meio) da

improvisação.

c) O vocábulo “se” tem a mesma classificação gramatical nas seguintes ocorrências: “se

verifica” (l.3) e “se saem” (l.4).

ERRADA – retomando o contexto em que o “se” aparece:

A cada passo, se verifica o pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se

saem com brilho e galhardia.

 Na 1.ª ocorrência (se verifica) o “se” é índice de partícula apassivadora, pois o verbo

é transitivo direto (precisa de complemento) = a cada passo é verificado o pendor.

 Na 2.ª ocorrência (se saem) o “se” faz parte do verbo e é partícula integrante que

forma o verbo pronominal. Lembre-se de que o verbo pronominal é aquele que indica

a ação do sujeito para ele mesmo (como suicidar-se). Neste caso, é o sentido de eles

próprios/eles mesmos (os brasileiros) “se saem com brilho e galhardia” (= sair com

sucesso/elegância/êxito).

d) No período “No sertão, então, nem se fala” (l.15), verifica-se a antecipação do adjunto

adverbial de lugar do verbo falar, o que justifica o emprego da vírgula imediatamente após a

palavra “sertão”.

ERRADA – Esta é um tipo de afirmação que nos induz ao erro porque está parcialmente

correta. O adjunto adverbial de lugar realmente está antecipado (no sertão) e acompanhado

por vírgula. Entretanto, nesse caso, a vírgula é facultativa. O que justifica o uso das vírgulas é

a palavra então que funciona aí como interjeição intercalando a ordem da frase.

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
25

e) No trecho “mas depois indagaram se Bilac era ‘poeta’ mesmo” (l.12), em que se verifica

emprego de discurso indireto, a oração iniciada pelo conectivo condicional “se” expressa uma

hipótese acerca do que foi mencionado anteriormente.

ERRADA – é uma afirmação que também induz ao erro porque está parcialmente correta.

Retomando o trecho original:

Os homens ouviram calados, mas depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo.

 Nesse trecho verifica-se, sim, a ocorrência de discurso indireto, onde a fala dos

homens está em 3.ª pessoa. Está implícito o diálogo com a indagação: “- Bilac era

poeta mesmo?”.

 O uso do “se” não é usado aqui como conectivo condicional, mas sim como

conjunção integrante que foi usada para introduzir uma oração subordinada

substantiva.

 Lembre-se de que o “se” enquanto condição expressa a ideia de pré-requisito para

que uma ação ocorra, como na frase” Se os homens entendessem a poesia de Bilac ,

o reconheceriam como poeta”. (A condição, o pré-requisito para os homens

considerarem Bilac poeta é entenderem de poesia.).

 Portanto, a resposta para esta questão é a alternativa B

7. REGÊNCIA VERBAL/SEMÂNTICA

Questão 9 – 70% erros

CESPE – 2015- TRE-RS - Analista Judiciário

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26

Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la(d) de


outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. O nosso legislador
constituinte distingue perfeitamente as duas situações. A Constituição Federal de 1988 (CF)
estabelece as incompatibilidades no seu artigo 54, e as inelegibilidades no artigo 14, §§ 4.º e
seguintes. Os demais casos de inelegibilidade estão fixados na Lei Complementar n.º 64/1990.

As inelegibilidades são os impedimentos, de natureza constitucional ou legal (se forem os


previstos na lei complementar que regula a matéria das inelegibilidades), que impossibilitam
alguém de se registrar como postulante a todos ou a alguns cargos eletivos, ou,
se supervenientes(e) ao registro, que servem de embasamento à impugnação de sua
diplomação, tornando nulos os votos porventura dados ao cidadão sufragado.

As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza diversa,


que proíbem o parlamentar(a), desde a expedição do diploma ou desde a sua posse, de obter,
direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar do mandato para obtê-
las com maior facilidade.

Enquanto a inelegibilidade é um impedimento(b) prévio à eleição(b), que torna nulos os votos


dados ao cidadão inelegível, a incompatibilidade é um impedimento posterior ao pleito
eleitoral e proibitivo do exercício do mandato.

Se o parlamentar infringir as proibições constantes do artigo 54 da CF, perderá o seu


mandato. Cabe, portanto, a ele, parlamentar, optar por permanecer no Legislativo e
abandonar o cargo incompatível com o exercício do seu mandato, ou, então, continuar no
exercício do cargo incompatível, e, no entanto, perder o mandato legislativo.

Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Condições de elegibilidade e inelegibilidade. In:


Revista do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, vol. 17, n.º 35, jul.-dez./2012. Porto
Alegre: TRE/RS, p. 13-15. Internet: <www.tre-rs.gov.br> (com adaptações).

No que se refere aos aspectos linguísticos do texto Condições de elegibilidade e


inelegibilidade, assinale a opção correta.

a) Dada a regência do verbo proibir, a substituição do termo “o parlamentar” por


ao parlamentar não prejudicaria a correção gramatical do texto.

ERRADA – Retomando o trecho:

As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza diversa,


que proíbem o parlamentar, desde a expedição do diploma ou desde a sua posse, de obter,
direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar do mandato para obtê-
las com maior facilidade.

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
27

 O verbo proibir é transitivo e pode assumir duas regências (direto e indireto)


 Transitivo direto = Proibir alguém de fazer algo
 Transitivo indireto = Proibir algo a alguém
 Ao fazer o que a afirmação descreve teríamos a seguinte construção:
As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza
diversa, que proíbem ao parlamentar, desde a expedição do diploma ou desde a sua
posse, de obter, direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar
do mandato para obtê-las com maior facilidade.

Para fazer esta alteração, teríamos também que modificar a sequência do segmento
eliminando a preposição em ‘de obter’, de modo que ficasse “[...] proíbem ao parlamentar [...]
obter”.

Mas como a afirmação não mencionou que deveriam ser feitas outras adaptações para
manter a alternativa correta, o item está errado, pois o acréscimo do “a” torna construção
incorreta do ponto de vista gramatical.

b) O uso do acento indicativo de crase em “à eleição” é exigido pela presença do substantivo


“impedimento” e pela presença de artigo definido feminino que determina o substantivo
“eleição”.

ERRADA – Retomando o trecho:

Enquanto a inelegibilidade é um impedimento prévio à eleição, que torna nulos os votos


dados ao cidadão inelegível, a incompatibilidade é um impedimento posterior ao pleito
eleitoral e proibitivo do exercício do mandato.

É uma questão que realmente confunde, pois o termo impedimento, de fato, exige a
preposição a. No entanto, neste caso, a preposição é uma exigência da palavra “prévio” e
não de “impedimento”. O impedimento em si não é à eleição, mas sim um impedimento que
ocorre prévio a ela que também exige a preposição a.

c) Na linha linha 1, caso o advérbio “preliminarmente” fosse colocado depois de “distingui-la”


— feitas as devidas alterações na pontuação —, o sentido original seria mantido.

ERRADA – retomando o trecho

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Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la de


outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade.

A proposta de reescrita do fragmento segundo enunciado ficaria assim:


Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário distingui-la, preliminarmente, de
outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade.

 Nesse caso o sentido original não seria mantido (conforme diz no enunciado).
 Na forma original, a posição do advérbio antes da palavra “distingui-la” indica que
distinção entre inelegibilidade e incompatibilidade é uma necessidade que deve ser
feita antes de qualquer coisa.
 Ao colocar o advérbio após o verbo “distingui-la” pode ocorrer a interpretação de que
existem outras distinções, mas que a primeira delas é entre a inelegibilidade e a
incompatibilidade.
 Embora ocorra uma mudança sutil, não podemos afirmar que não ocorre mudança
nenhuma.
 Assim como a posição do adjetivo em relação ao substantivo pode alterar o sentido da
frase (velho amigo = antigo X amigo velho = idoso), a posição do advérbio em relação
ao verbo também.

d) A forma pronominal “la”, em “distingui-la”, poderia ser corretamente deslocada para


imediatamente antes da forma verbal — escrevendo-se a distinguir.

ERRADA – retomando o trecho:

Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la de


outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade.

A reescrita indica pela afirmação teria a seguinte redação:

Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, a distinguir de


outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade.

 Essa forma de redação estaria incorreta, uma vez que o único caso em que se usa
próclise (pronome antes do verbo) é quando há um termo atrativo (advérbios,
pronomes, conjunções subordinativas etc.).

e) Admite-se, para o adjetivo “supervenientes”, a variante sobrevenientes.

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
29

CORRETA – esta afirmação depende de um conhecimento lexical prévio.

 Ela foi elaborada de modo que, quem não souber que superveniente é um sinônimo

(embora menos usual) de sobreveniente, tende a errá-la.

 Isso porque, ao analisarmos a palavra ‘superveniente’, somos induzidos a pensa-la do

ponto de vista morfológico como se “super” fosse prefixo que indica superlativo (como

na palavra supermercado = mercado grande).

 No entanto, a origem da palavra é do latim (superveniens. entis.) e indica aquilo que é

subsequente, posterior.

 Sobrevenientes tem o mesmo significado, isto é, subsequente, que ocorre depois.

Portanto, a alternativa correta para este item é a letra E

8. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Questão 10

2014- CESPE- Diplomata (Terceiro Secretário)/2014

Que me perdoem os devotos machadianos, eu prefiro Euclides da Cunha e Lima Barreto, com
todos os defeitos que ambos possam ter, a Machado de Assis, com todas as suas qualidades.
E, até onde pude entender, Millôr Fernandes tem opinião parecida com a minha. Tanto assim
que, segundo afirmou, não incluiria qualquer dos livros de Machado de Assis entre os dez
maiores romances brasileiros.

A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros como Dom
Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia contra a qual o
músico Jayme Ovalle reclamava. Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de
Assis na linhagem cervantina da literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da
insânia do Cavaleiro da Triste Figura.

Mas, talvez por causa da ironia sem compaixão de Machado de Assis, a loucura de Rubião gira
somente em torno de sua pessoa, jamais partindo ele para qualquer ação no sentido de
corrigir “os desconcertos do mundo” — como acontecia com o cavaleiro manchego. De modo
que o personagem mais generosamente quixotesco da literatura brasileira não é Rubião, é
Policarpo Quaresma. Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
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palavra em seu verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de
Machado de Assis ou impede ou mancha.

Alguns escritores que desprezam o Brasil e seu povo costumam usar Policarpo Quaresma
como pretexto para escarnecer de ambos. Pensam, talvez, que Lima Barreto era um deles.
Esquecem que, em seu romance, o grande escritor carioca ri, antes de tudo, de si mesmo. E,
sobretudo, não veem tais escritores que, se a realidade brutal e mesquinha (inclusive a da
política) desmente e destrói, a cada instante, as ações generosas de Policarpo Quaresma, a
pureza de seu sonho permanece intocada até a morte, o que o coloca muito acima dos
poderosos e “realistas” que o cercam.

Ariano Suassuna. In: Cadernos de literatura brasileira – Millôr Fernandes, n.º 15, Rio de Janeiro:
Instituto Moreira Salles, 2003, p. 18-9 (com adaptações).

Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima, julgue (C ou E) o item subsequente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é qualidade
distintiva de uma narrativa literária e incompatível com a ironia e o sarcasmo, recursos
de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão
antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu
povo”.

Este item é ERRADO. Vamos analisar a questão?

 Primeiramente, é preciso considerar que é uma questão interpretação de texto em que

este, por sua vez, deve ser analisado como um conjunto de ideias e não por frases

isoladas;

 Ao elaborar esta questão, o examinador recortou algumas informações do texto, criou

outras e as costurou apresentando uma NOVA ideia, que não se alinha à ideia

defendida por Ariano Suassuna.

 Vamos analisar a assertiva e verificar se as afirmações nela contidas se alinham ao que

o texto apresenta ao longo de sua tessitura:

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31

1.ª afirmação - O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é

qualidade distintiva de uma narrativa literária e incompatível com a ironia e o sarcasmo

[...]

Para analisar esta parte da afirmação, vamos primeiro entender o que ele diz e como isso

aparece no texto:

 Qual é esta acepção de humor de indicada no texto?

R. No texto, o fragmento que apresenta esta definição de humor está quando Suassuna

retoma Lima Barreto:

“Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu
verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de
Assis ou impede ou mancha.”

Neste caso, o humor não é apenas riso, mas também compaixão.

 O que este humor representa em um texto literário?

R. É este tipo de humor apresentado no texto que seria qualidade distintiva de uma narrativa

literária, ou seja, é a qualidade que distingue uma narrativa literária (dentre outras) e que esta

é incompatível com a ironia e sarcasmo [...]

2.ª afirmação: [...] recursos de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os

escritores com visão antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o

Brasil e seu povo”.

Esta afirmação vai além do que o texto de Suassuna afirma. Ao falar sobre as obras da
literatura brasileira (Lima Barreto e de Machado de Assis) ele não pretende colocar a sua
acepção de humor como sendo essencial a qualquer literatura. Ele tece comentários
comparando a obra de Lima Barreto e de Machado de Assis, mas não generaliza modo de
fazer literatura deste último estendendo-o aos demais. No mesmo trecho:

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
32

“Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu
verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de
Assis ou impede ou mancha.”

A assertiva da questão diz que a concepção de humor apresentada é qualidade distintiva à

narrativa literária e incompatível com a “[...] ironia e o sarcasmo, recursos de uso

frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão

antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu

povo”.

 Essa afirmação distorce a ideia do autor, pois em nenhum momento ele diz sua

concepção de humor é incompatível com a ironia e sarcasmo. (Aliás, para quem

conhece minimamente as obras de Ariano Suassuna, como o famoso Auto da

compadecida sabe que ele próprio incorre a esses recursos.)

 No entanto, o fato de alguns autores - em especial machado de Assis, a quem a

ironia é atribuída enquanto recurso - usarem de ironia e sarcasmo não é suficiente

para fazer a afirmação genérica de que são “recursos de uso frequente na

literatura brasileira”.

 Se observamos a opinião de Suassuna sobre Machado de Assis, ele chega a


defendê-lo em dois momentos:

1.º Ao dizer que Millôr Fernandes considerou apenas uma obra para dizer o motivo de
não incluir Assis “entre os dez maiores romances brasileiros.”

“A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros

como Dom Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia

[...]”

2.º Ao comparar o personagem Quincas Borba (Machado de Assis) com Dom Quixote

(Miguel Cervantes-).

“Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de Assis na linhagem cervantina da
literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da insânia do Cavaleiro da Triste Figura.”

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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS
Português CESPE
33

Para responder esta questão, é preciso depreender a ideia geral do texto - e não fazer

interpretação de modo isolado, uma vez que em questões de interpretação é o conjunto de

ideias que determina a tese e posicionamento defendidos pelo autor.

Portanto, este item é ERRADO.

Gabarito

1 ERRADO
2 ERRADO
3 ERRADO
4 CERTO
5 Alternativa E
6 ERRADO
7 ERRADO
8 Alternativa B
9 Alternativa E
10 ERRADO

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