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Português CESPE
1
PREFÁCIO
Caro candidato,
Das bancas organizadoras de concursos, uma das mais temidas é do CESPE (Centro de
Seleção e de Promoção de Eventos), vinculada à Fundação Universidade de Brasília (UnB).
E não à toa que ela tem essa fama! Nas provas de língua portuguesa, os motivos são vários:
textos longos, questões bem (ou mal elaboradas, a depender do ponto de vista), alternativas
(quando é o caso) com pequenas e quase imperceptíveis “armadilhas” e, claro, exigência de
conhecimentos prévios articulados.
Sabe o que isso significa? Para responder uma questão de sintaxe, morfologia, pontuação,
variedades linguísticas, dentre outras, sempre é solicitada uma análise semântica. A
semântica, ao contrário do que muitos pensam, não é mera interpretação de textos. É um
campo de conhecimento muito reservado aos estudos da linguística aplicada que, nas provas
do CESPE, é cobrado de “pessoas comuns”, “meros mortais”. Tanto é que, tentar classificar a
questão de acordo com o conteúdo, é uma tarefa bem difícil (ou até impossível), já que apenas
uma questão aborda e transita por vários tipos de conhecimento simultaneamente.
Mas não se desespere. Não estou querendo assustá-lo! Há estratégias sobre como “quebrar
a banca”.
Neste material você encontrará questões comentadas da banca CESPE. As questões nível
hard, isto é, as mais difíceis foram retiradas de concursos anteriores com base em alguns
critérios, mas, principalmente: 1) questões de provas de concursos de nível superior; 2)
classificadas como “muito difíceis”; 3) índice de erro superior a 50% dos concurseiros que as
responderam; 4) questões recentes (aqui, a maior parte é dos últimos 3 anos, com raras
exceções para questões que realmente foram uma raridade não repetida).
Você irá verificar que os “comentários” das questões, na verdade, são análises, pois eles
ultrapassam a justificativa de dizer porque está certou errado. Mais do que isso, procuramos,
aqui, retomar aspectos teóricos, dar dicas e lembretes sobre determinado conteúdo e
explicitar o processo de formulação da questão. Esse processo é essencial, pois a melhor
forma de aprender a lidar com determinada banca é conseguir “estar do outro lado”, ou seja,
Questão 1
Qualquer língua, escrita ou não, tem uma gramática que é complexa. Do ponto de vista
naturalista, não faz sentido afirmar que há gramáticas melhores e gramáticas piores. Não é
certo, por exemplo, dizer que a gramática que produz Os meninos saíram é melhor do que a
que produz Os menino saiu.
Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo. São duas
maneiras de chegar ao mesmo lugar. São duas gramáticas distintas, uma em que a
pluralidade é marcada em todos os termos da oração, outra em que o plural aparece marcado
apenas no artigo. Mas esses dois modos de falar não são avaliados socialmente da mesma
maneira. O valor social de cada um deles é muito diferente. Aquele que fala Os menino saiu
não sabe falar, diz a voz que define qual variedade está correta. Só que há línguas, como o
inglês, em que o plural só ocorre em 16 um dos termos: The tall boys left (tradução literal
possível, desconsiderada a marca de plural: O alto meninos saiu). É claro que a gramática do
inglês não é a mesma gramática do português, mas o nosso ponto é que o plural só está em
um lugar na oração do inglês e isso não recebe uma avaliação negativa. No português do dia
a dia, é possível marcar o plural em apenas um dos elementos, mas isso é avaliado
negativamente. Roberta Pires de
Caso o vocábulo “certo”, em “um certo conteúdo” (l. 6), fosse deslocado para
imediatamente após “conteúdo”, seriam alterados o sentido e as relações sintáticas
entre os termos da oração em que o trecho ocorre.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Esta é uma questão que possui 70% de erros. Vou te dizer por que isso acontece:
enunciado. A “pegadinha” está justamente aí, pois são duas afirmações em uma que dizem
respeito a duas áreas diferentes da LP: Semântica (relações de sentido) e Sintaxe (relações
1º Por considerar que envolve uma afirmação sobre sentido, é preciso resgatar no texto o
O trecho é:
2.º fazer o que se indica no enunciado (deslocar a palavra “certo” após “conteúdo”), que
ficaria assim
CORRETO, pois na frase original, a palavra “certo” funciona como um pronome indefinido,
como sinônimo de “determinado conteúdo”. Na frase reescrita, a palavra “certo” é
sinônimo de adequado, tem valor de adjetivo.
Vamos retomar as funções sintáticas. Em análise sintática, cada palavra da oração é chamada
de termo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que
exerce na oração. Para isso, é preciso lembrar que os termos da oração se dividem em:
1) Essenciais
2) Integrantes
3) Acessórios
adjunto adnominal;
adjunto adverbial;
aposto.
Para saber a função sintática, é preciso lembrar que cada uma delas tem uma tarefa
em relação aos termos da oração.
Nos dois casos, a palavra “certo” serve para determinar o sentido da palavra “conteúdo”,
desempenhando, portanto, a função de adjunto adnominal, cuja definição é: aquele
que” determina, especifica ou explica um substantivo, possui função adjetiva e se
prende diretamente ao nome a que se refere, ou seja, pode se relacionar a adjetivos, locuções
adjetivas, artigos, pronomes adjetivos enumerais adjetivos.
Nas duas frases, ao substituir o substantivo “conteúdo” por um pronome (lo), ficaria assim:
Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois altera o sentido, mas não
altera a função sintática.
Educação prisional
No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes
no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência
escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem
um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção
social, está a remição de pena por meio da leitura.
Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios.
Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias
remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros,
em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo.
No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o seguinte
item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa
Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa
seleção, eles têm entre vinte e um a trinta dias para ler um livro
Esta afirmação por si só, já tornaria o item incorreto, pois a preposição “entre”
acompanhada da preposição “a” não existe em língua portuguesa. O correto seria “entre
vinte e um e trinta”.
Errada, o sentido não se mantém, uma vez que, gramaticalmente, está incorreto e,
mesmos se fosse entre vinte e um e trinta dias, o sentido seria diferente. Veja o período
Entre vinte e um e trinta = 8 dias, pois neste caso o dia 21e o 30 não pertencem ao
período.
Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois não se mantém a correção
gramatical e nem o sentido.
Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será exercido, quer de
maneira direta, quer por intermédio de representantes eleitos. Essa afirmação, dentro do
espírito do texto constitucional, deve ser interpretada como verdadeiro dogma estabelecido
pelo constituinte originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político
dos anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia Constituinte que
Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que ocorreram a
partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta,
deixaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes que o coração da nação
brasileira estava palpitante, quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a
possibilidade de se recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser
escolhido pelo povo brasileiro.
Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde então, recebeu a
denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto confere ênfase à titularidade do
poder para ressaltar que “A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior
é fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação da vontade
política.
(L.14) estão ligadas ao mesmo termo, que, nos dois primeiros casos, é retomado pelo
( ) CERTO ( ) ERRADO
[...] os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem
1 ª afirmação:
Dica 1: Lembre-se de que para identificar o sujeito, nós fazemos a pergunta: sobre quem
ou o quê se diz algo? Este verbo está ligado a qual informação/ação?
2ª afirmação: nos dois primeiros casos, é retomado pelo pronome “que": “os
movimentos populares"
ERRADA: A partir da análise da afirmação anterior, é possível observar que o 1º que retoma
“movimentos populares”, mas o 2º não, pois retoma “os movimentos populares que
ocorreram a partir de 1984”. Portanto, esta afirmação também está errada.
Dica 2: Para perceber que em cada caso o uso do QUE tem uma função diferente ao
retomar os termos e esta função está associada ao uso da vírgula. Neste caso, ele é
pronome relativo, pois retoma/caracteriza o sujeito. Mas cada uma delas é um tipo de
oração subordinada adjetiva:
I- “Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984 [...] ”, ou seja, não é qualquer
movimento popular, mas sim estes
II- Os movimentos populares [...], que deram margem ao início do processo de elaboração
da nova Carta, [...] . Neste caso, a oração está entre vírgulas, o que a torna uma oração
subordinada adjetiva explicativa.
Portanto, apenas se houvesse uma vírgula após "movimentos populares" a questão estaria
correta, pois isso tornaria a oração uma adjetiva explicativa. Logo, o primeiro "que"
retoma: "os movimentos populares". O segundo "que" retoma a frase inteira: "os movimentos
populares que ocorreram a partir do ano de 1984" E “deixaram transparecer" (L.17) também
diz respeito a frase inteira: "os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984"
3. CRASE
Educação prisional
No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes
no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência
escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem
um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção
social, está a remição de pena por meio da leitura.
Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios.
Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias
remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros,
em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo.
No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o
seguinte item.
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia
ser eliminado em ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à
reinserção social"
( ) CERTO ( ) ERRADO
Vamos lá! Para analisar esta afirmação, vamos seguir os seguintes passos:
Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição
de pena por meio da leitura.
2.º Observe que o enunciado pede para verificar apenas se há erro gramatical ou não caso
as crases sejam retiradas, ou seja, não se pede para analisar a questão semântica, de
alteração de sentido.
3.º Nós costumamos decorar as regras de crase obrigatória, mas nesse caso, trata-se do
4.º Nesta questão, o emprego das crases é facultativo, ou seja, tirá-las, não configura erro
gramatical. A regra que sustenta esta afirmação é a “II – Antes do pronome possessivo
Nesse caso, o pronome feminino “sua” está em forma elíptica (subentendido), cujo referente
está dentro do texto (a palavra é presos = reinserção e recuperação social dos presos).
5.º Lembre-se de que a crase é junção da preposição (a) mais artigo (a). Uma dica é
Desde 2012, entre os projetos voltados para recuperação e para reinserção social, está a
remição de pena por meio da leitura.
Observe que o artigo suprimido nos dois casos não faz com que a oração fique errada, não
(sujeito+verbo+complemento), temos:
A remição de pena por meio da leitura está entre os projetos voltados a recuperação e a
reinserção social,
Dica: Nesta questão, a retirada das ocorrências de crase só esta certa porque ocorreu ao
sintáticos iguais.
Portanto, a resposta para esta questão é: CORRETO pois a retirada das duas crases
não se configura erro gramatical neste caso.
4. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO/COESÃO/COERÊNCIA
Texto
O livro vê-se perante um concorrente que o intimida, porque disputa a mesma clientela: os
que podem comprar livros são os mesmos que dispõem de recursos econômicos para
adquirir e renovar seus computadores pessoais (PCs). O livro, que já constituiu a
materialização mais completa da modernidade, tendo aparecido à época em que se
inauguravam as revoluções que marcariam o progresso econômico e cultural da Europa
ocidental (revoluções das quais ele fez parte), alcança o começo do novo milênio sem a
mesma qualificação. Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram
a encarnar o novo, já que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação
artesanal, ainda possível (e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros.
Contudo, não se trata de uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe
necessariamente em risco o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu
possível antagonista, mostra-se, por outro, seu parceiro. A produção editorial ganhou com os
recursos introduzidos pela informática, tendo o processo de formatação, revisão, impressão
e distribuição sido facilitado graças a programas de editoração de textos, de digitalização de
imagens e de tratamento de figuras.
Porém, a introdução desse novo suporte provoca determinados efeitos, já que ele se vale de
códigos específicos e exige formas particulares de manipulação. Transplantada para a tela, a
escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece novas possibilidades de reproduzir
a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa representação. A escrita, no meio digital,
produziu seu próprio código, não transferível automaticamente para outros contextos, e seus
usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre
os diferentes gêneros de escrita, aplicando cada um deles em conformidade com as situações
práticas.
(Marisa Lajolo e Regina Zilberman. Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus
discursos. São Paulo: Editora Ática, 2009- adaptado).
ERRADA: Para analisar esta afirmação é preciso analisar a oração e seus referentes. Para isso,
vamos retomar o fragmento na íntegra:
Transplantada para a tela, a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece
novas possibilidades de reproduzir a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa
representação. A escrita, no meio digital, produziu seu próprio código, não transferível
automaticamente para outros contextos, e seus usuários — como poliglotas usuários de
diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre os diferentes gêneros de escrita,
aplicando cada um deles em conformidade com as situações práticas.
b) a oração “alcança o começo do novo milênio sem a mesma qualificação” encerra uma
generalização a que se chega com base nas afirmações constantes nas orações anteriores e
que vai ser corroborada pelo período que se segue a essa oração: “Desde que se expandiu
(...) na produção de livros”.
O erro desta afirmação consiste em dizer que chegamos à generalização – ideia geral contida
no fragmento – com base nas afirmações/informações contidas nas orações anteriores. No
entanto, as orações anteriores apresentam duas ideias diferentes e contrárias entre si:
1.ª a ideia de que o livro apresentava uma modernidade na época em que surgiu
2.ª a ideia de que o livro perdeu a condição de modernidade quando foi substituído pelos
computadores.
c) os termos “o uso do PC”, “telas”, “teclados” e “mouses”, são usados para fornecer
exemplificação do que vem a ser “fruto de tecnologia mais sofisticada”.
Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já
que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível
(e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros.
Neste fragmento afirma-se que esses recursos (PC, telas, teclados, mouse) são frutos da
tecnologia mais avançada, mas não necessariamente são usadas como exemplificação no
texto. Além disso, uma análise ainda mais detalhada nos mostra que a oração fala sobre o
“uso do PC” e não o PC, ou seja, a ação de usar não pode ser vista como uma “tecnologia mais
sofisticada”. É nessas duas ideias que consistem o erro da afirmação.
A produção editorial ganhou com os recursos introduzidos pela informática, tendo o processo
de formatação, revisão, impressão e distribuição sido facilitado graças a programas de
editoração de textos, de digitalização de imagens e de tratamento de figuras.
Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já
que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível
(e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros. Contudo, não se trata de
uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco
o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu possível antagonista, mostra-
se, por outro, seu parceiro
A ideia genérica presente nesta afirmação é justamente uma síntese do que se apresenta
anteriormente a respeito dos livros e das tecnologias. Essas ideias mostram que o que a
autora defende é o fato de que os livros não irão acabar por conta das tecnologias, mas sim
que terão seu processo de produção enriquecidos por conta das tecnologias que serão
empregadas. A oração “livros e computadores não se excluem, nem o PC põe
necessariamente em risco o universo do livro” fazem uma síntese da tese principal defendida
pelo autor, portanto, a afirmação está correta e não apresenta nenhum conceito distorcido
ou afirmação que extrapola os limites do texto, como ocorreu nas anteriores.
Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos,
a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes
sociais em seus embates políticos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Para responder esta questão, é preciso se atentar não apenas para a questão gramatical, mas
coerência.
Verifique o uso excessivo dos pronomes possessivos enquanto recursos de coesão. É neles
Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos,
a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes
sociais em seus embates políticos.
seu- papel).
Um pronome relativo é aquele que indica posse, que dá a ideia de pertencimento. Para
devidos referentes:
Constituição brasileira, pois os pronomes possessivos se ligam a ela. No entanto, veja que a
ideia das críticas não deveria ser de pertencimento, mas sim de direcionamento. Isso
forma:
Apesar de seus eventuais problemas, das críticas recebidas e de suas emendas ao longo
dos anos, a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os
agentes sociais em seus embates políticos.
Portanto, o fragmento não contém correção gramatical, uma vez que apresenta uso
inadequado de pronome que leva a problema de coesão/coerência. O item deve ser julgado
como ERRADO.
6. SINTAXE/SEMÂNTICA
Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried Schnitman
(Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações).
Mesmo que não possamos olhar de um curso único para a história, os projetos humanos
têm um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros
possíveis.
2.º - O enunciado afirma que a reescrita manteria a ideia original da argumentação. Vamos
Mesmo não podendo olhar de um curso único para a história, os projetos humanos têm
possíveis.
No trecho original, o sujeito é oculto e está implícito na flexão verbal (não possamos
projetos”: “mesmo não podendo olhar para o curso da história, os projetos humanos
[...]
Portanto, o item deve ser julgado como ERRADO, já que não mantém a mesma linha de
argumentação, pois atribui a ação de olhar para a história de um curso diferente como de
incoerente).
Esta é uma daquelas questões em que as estratégias de leitura são essenciais, pois há muitas
É uma tecla muito batida pelos que procuram estudar o caráter dos brasileiros o gosto que
estes revelam pela improvisação em todos os ramos de atividade. A cada passo, se verifica o
pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se saem com brilho e galhardia.
Isso de se preparar longa e pacientemente para resolver os problemas próprios a uma
especialidade não vai muito com eles. Improvisam-se os nossos sociólogos, improvisam-se os
nossos estadistas, improvisam-se os nossos linguistas.
Os nossos grandes poetas podem se contar pelos dedos, e nenhum tivemos até hoje capaz
de uma destas obras de fôlego, como a Divina Comédia, o Fausto ou Os Lusíadas, onde,
escolhido o tema capital, o seu autor põe, ao lado das ideias-mestras da cultura do seu tempo,
toda a sua inteligência e toda a sua sensibilidade. Agora, abancai ao zinco de um bar em dias
de carnaval e, aparecendo um violão, vereis com que facilidade o malandro mais desprovido
de letras inventa um despotismo de quadrinhas de desafio ou de embolada. Isso na
cidade. No sertão, então, nem se fala. Para os matutos do Nordeste, “poeta” só é o sujeito
capaz de improvisar na boca da viola. Não sei quem foi o literato que, de uma feita, recitou
para uns cantadores do sertão algumas poesias de Bilac. Os homens ouviram calados, mas
depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo. — Como poeta mesmo? — Nós queremo sabê
se ele é capaz mêmo de improvisá na viola...
Manuel Bandeira. O dedo de Deus, o dedo do alemão e o dedo do brasileiro. In: Crônicas inéditas
II, 1930-1944. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p.16.
a) A expressão “uma tecla muito batida” (l.1), de uso informal, foi empregada com sentido
ERRADA – O sentido denotativo (real) seria sim, desgastada pelo uso; mas no emprego do
texto foi usada no sentido conotativo (figurado) e significa “um assunto muito discutido/
b) No segmento “o gosto que estes revelam pela improvisação” (l.2), o termo “pela
CORRETA: O termo “pela improvisação” exerce função distinta em cada frase. Comparando
as duas orações:
complemento nominal (pois quem tem gosto, tem gosto por algo)
que indica como se deu a ação do verbo revelar, isto é, pela (=por meio) da
improvisação.
c) O vocábulo “se” tem a mesma classificação gramatical nas seguintes ocorrências: “se
A cada passo, se verifica o pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se
Na 1.ª ocorrência (se verifica) o “se” é índice de partícula apassivadora, pois o verbo
Na 2.ª ocorrência (se saem) o “se” faz parte do verbo e é partícula integrante que
forma o verbo pronominal. Lembre-se de que o verbo pronominal é aquele que indica
a ação do sujeito para ele mesmo (como suicidar-se). Neste caso, é o sentido de eles
próprios/eles mesmos (os brasileiros) “se saem com brilho e galhardia” (= sair com
sucesso/elegância/êxito).
d) No período “No sertão, então, nem se fala” (l.15), verifica-se a antecipação do adjunto
adverbial de lugar do verbo falar, o que justifica o emprego da vírgula imediatamente após a
palavra “sertão”.
ERRADA – Esta é um tipo de afirmação que nos induz ao erro porque está parcialmente
correta. O adjunto adverbial de lugar realmente está antecipado (no sertão) e acompanhado
por vírgula. Entretanto, nesse caso, a vírgula é facultativa. O que justifica o uso das vírgulas é
e) No trecho “mas depois indagaram se Bilac era ‘poeta’ mesmo” (l.12), em que se verifica
emprego de discurso indireto, a oração iniciada pelo conectivo condicional “se” expressa uma
ERRADA – é uma afirmação que também induz ao erro porque está parcialmente correta.
Os homens ouviram calados, mas depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo.
Nesse trecho verifica-se, sim, a ocorrência de discurso indireto, onde a fala dos
homens está em 3.ª pessoa. Está implícito o diálogo com a indagação: “- Bilac era
poeta mesmo?”.
O uso do “se” não é usado aqui como conectivo condicional, mas sim como
conjunção integrante que foi usada para introduzir uma oração subordinada
substantiva.
que uma ação ocorra, como na frase” Se os homens entendessem a poesia de Bilac ,
7. REGÊNCIA VERBAL/SEMÂNTICA
Para fazer esta alteração, teríamos também que modificar a sequência do segmento
eliminando a preposição em ‘de obter’, de modo que ficasse “[...] proíbem ao parlamentar [...]
obter”.
Mas como a afirmação não mencionou que deveriam ser feitas outras adaptações para
manter a alternativa correta, o item está errado, pois o acréscimo do “a” torna construção
incorreta do ponto de vista gramatical.
É uma questão que realmente confunde, pois o termo impedimento, de fato, exige a
preposição a. No entanto, neste caso, a preposição é uma exigência da palavra “prévio” e
não de “impedimento”. O impedimento em si não é à eleição, mas sim um impedimento que
ocorre prévio a ela que também exige a preposição a.
Nesse caso o sentido original não seria mantido (conforme diz no enunciado).
Na forma original, a posição do advérbio antes da palavra “distingui-la” indica que
distinção entre inelegibilidade e incompatibilidade é uma necessidade que deve ser
feita antes de qualquer coisa.
Ao colocar o advérbio após o verbo “distingui-la” pode ocorrer a interpretação de que
existem outras distinções, mas que a primeira delas é entre a inelegibilidade e a
incompatibilidade.
Embora ocorra uma mudança sutil, não podemos afirmar que não ocorre mudança
nenhuma.
Assim como a posição do adjetivo em relação ao substantivo pode alterar o sentido da
frase (velho amigo = antigo X amigo velho = idoso), a posição do advérbio em relação
ao verbo também.
Essa forma de redação estaria incorreta, uma vez que o único caso em que se usa
próclise (pronome antes do verbo) é quando há um termo atrativo (advérbios,
pronomes, conjunções subordinativas etc.).
Ela foi elaborada de modo que, quem não souber que superveniente é um sinônimo
ponto de vista morfológico como se “super” fosse prefixo que indica superlativo (como
subsequente, posterior.
8. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Questão 10
Que me perdoem os devotos machadianos, eu prefiro Euclides da Cunha e Lima Barreto, com
todos os defeitos que ambos possam ter, a Machado de Assis, com todas as suas qualidades.
E, até onde pude entender, Millôr Fernandes tem opinião parecida com a minha. Tanto assim
que, segundo afirmou, não incluiria qualquer dos livros de Machado de Assis entre os dez
maiores romances brasileiros.
A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros como Dom
Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia contra a qual o
músico Jayme Ovalle reclamava. Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de
Assis na linhagem cervantina da literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da
insânia do Cavaleiro da Triste Figura.
Mas, talvez por causa da ironia sem compaixão de Machado de Assis, a loucura de Rubião gira
somente em torno de sua pessoa, jamais partindo ele para qualquer ação no sentido de
corrigir “os desconcertos do mundo” — como acontecia com o cavaleiro manchego. De modo
que o personagem mais generosamente quixotesco da literatura brasileira não é Rubião, é
Policarpo Quaresma. Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a
palavra em seu verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de
Machado de Assis ou impede ou mancha.
Alguns escritores que desprezam o Brasil e seu povo costumam usar Policarpo Quaresma
como pretexto para escarnecer de ambos. Pensam, talvez, que Lima Barreto era um deles.
Esquecem que, em seu romance, o grande escritor carioca ri, antes de tudo, de si mesmo. E,
sobretudo, não veem tais escritores que, se a realidade brutal e mesquinha (inclusive a da
política) desmente e destrói, a cada instante, as ações generosas de Policarpo Quaresma, a
pureza de seu sonho permanece intocada até a morte, o que o coloca muito acima dos
poderosos e “realistas” que o cercam.
Ariano Suassuna. In: Cadernos de literatura brasileira – Millôr Fernandes, n.º 15, Rio de Janeiro:
Instituto Moreira Salles, 2003, p. 18-9 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é qualidade
distintiva de uma narrativa literária e incompatível com a ironia e o sarcasmo, recursos
de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão
antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu
povo”.
este, por sua vez, deve ser analisado como um conjunto de ideias e não por frases
isoladas;
outras e as costurou apresentando uma NOVA ideia, que não se alinha à ideia
1.ª afirmação - O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é
[...]
Para analisar esta parte da afirmação, vamos primeiro entender o que ele diz e como isso
aparece no texto:
R. No texto, o fragmento que apresenta esta definição de humor está quando Suassuna
“Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu
verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de
Assis ou impede ou mancha.”
R. É este tipo de humor apresentado no texto que seria qualidade distintiva de uma narrativa
literária, ou seja, é a qualidade que distingue uma narrativa literária (dentre outras) e que esta
2.ª afirmação: [...] recursos de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os
escritores com visão antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o
Esta afirmação vai além do que o texto de Suassuna afirma. Ao falar sobre as obras da
literatura brasileira (Lima Barreto e de Machado de Assis) ele não pretende colocar a sua
acepção de humor como sendo essencial a qualquer literatura. Ele tece comentários
comparando a obra de Lima Barreto e de Machado de Assis, mas não generaliza modo de
fazer literatura deste último estendendo-o aos demais. No mesmo trecho:
“Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu
verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de
Assis ou impede ou mancha.”
povo”.
Essa afirmação distorce a ideia do autor, pois em nenhum momento ele diz sua
literatura brasileira”.
1.º Ao dizer que Millôr Fernandes considerou apenas uma obra para dizer o motivo de
não incluir Assis “entre os dez maiores romances brasileiros.”
“A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros
como Dom Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia
[...]”
2.º Ao comparar o personagem Quincas Borba (Machado de Assis) com Dom Quixote
(Miguel Cervantes-).
“Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de Assis na linhagem cervantina da
literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da insânia do Cavaleiro da Triste Figura.”
Para responder esta questão, é preciso depreender a ideia geral do texto - e não fazer
Gabarito
1 ERRADO
2 ERRADO
3 ERRADO
4 CERTO
5 Alternativa E
6 ERRADO
7 ERRADO
8 Alternativa B
9 Alternativa E
10 ERRADO
10%
OFF #MODOHARD10
*Apenas para os 100 primeiros.