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Formação de

Discipuladores

Formação de Discipuladores 1
Capítulo 1: A Espiritualidade do Líder

Introdução:

A espiritualidade de um líder cristão (seja líder de célula, discipulador, coordenador ou pastor, no


contexto da IBC) é um aspecto determinante para o sucesso de seu ministério. Um líder não pode
levar seus liderados a lugares onde nunca esteve e desconhece. Sendo assim, o tamanho e alcance do
ministério de um líder é diretamente proporcional à profundidade e intensidade de sua espiritualidade.
Nesse sentido, a palavra de Deus ao líder Josué foi clara: “Não deixe de falar as palavras deste Livro da
Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só
então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido” (Josué 1.8, destaque do autor). Para ser
próspero e bem-sucedido em seu empreendimento, Josué deveria cumprir com fidelidade o que estava
escrito na Lei de Moisés. Para cumprir essa lei, ele precisaria ler e meditar nela, ou seja, exercitar-se
espiritualmente.

No livro do profeta Jeremias, há uma dura advertência contra líderes sem espiritualidade. O texto diz:
“Os sacerdotes não perguntavam pelo Senhor; os intérpretes da lei não me conheciam, e os líderes do
povo se rebelaram contra mim. Os profetas profetizavam em nome de Baal, seguindo deuses inúteis”
(Jeremias 2.8). Que grande absurdo! Pense nas funções que um sacerdote, intérprete da lei, líder do
povo e profeta tinham que desempenhar. Na Jerusalém da época, esses líderes estavam desempenhando
essas funções sem buscar ao Senhor, ou seja, de maneira religiosa, mecânica e vazia, o que tornou seus
ministérios infrutíferos e despertou a ira do Senhor.

Para que não seja assim no nosso meio, esse curso tem por objetivo ensinar sobre quatro exercícios
espirituais que devem ser feitos para alongar e fortalecer a espiritualidade do líder. O líder, além de
praticá-los, também deve ensinar aqueles que estão sob sua liderança a fazê-lo. Os quatro exercícios
espirituais são: 1. Leitura da Bíblia; 2. Oração; 3. Jejum; 4. Confissão.

LEITURA DA BÍBLIA

1. O que é?

Antes de respondermos à pergunta “o que é ler a Bíblia?”, vamos responder a outra: “o que é a Bíblia?”.
A Bíblia também é chamada de Palavra de Deus. Por quê? Primeiramente, porque ela contém revela-
ções dadas por Deus a seres humanos, aos quais ordenou que as registrassem. Um exemplo disso está
em Jeremias 36.2. Em segundo lugar, porque Deus é o verdadeiro autor da Bíblia. Em 2Timóteo 3.16,
está escrito que a Bíblia foi inspirada por Deus. Isso quer dizer que Deus inspirou os autores humanos
a escrever o que escreveram. A partir desses dois pontos, podemos concluir que a Bíblia é um livro que
tem sua origem em Deus.

Posto isso, segundo Elben Lenz César, no livro Práticas Devocionais,

a prática da leitura da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagra-
das Escrituras até achar, a arte de enxergar a riqueza toda que está atrás da mera letra, de
ouvir a voz de Deus, de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite contido na Palavra
revelada e escrita, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente
menos atraentes, através de uma leitura responsável e do auxílio do Espírito Santo.

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A partir disso, podemos afirmar o seguinte quanto à leitura da Bíblia:

• O objetivo da leitura bíblica não é a mera obtenção de informações. Devemos ler a Bíblia com a
intenção de conhecer o caráter e a vontade de Deus, de modo a construirmos um relacionamen-
to correto e íntimo com ele;

• Ao ler a Bíblia, devemos buscar ouvir a voz de Deus. A Bíblia não é um mero registro do que
Deus falou e fez. Ela é um livro vivo (cf. Hb 4.12), ou seja, Deus fala e age através dela no pre-
sente;

• Apesar de ser a Palavra de Deus, a Bíblia é um livro como qualquer outro. Isso quer dizer que,
para termos um correto acesso ao seu conteúdo, devemos lê-la a partir de boas regras de com-
preensão e interpretação de textos;

• Sendo a Bíblia a Palavra de Deus, não podemos ter acesso ao seu conteúdo divino sem a ação
do Espírito Santo, o qual ilumina a leitura que dela fazemos, revelando-nos a mensagem de Deus
que ali está.

2. Como fazer?

Como ler a Bíblia? O processo de leitura da Bíblia pode ser comparado ao de alimentação. Três, então,
podem ser as suas etapas:

• Ingestão: Ingestão é o ato de se comer um alimento. No que se refere à Bíblia, diz respeito ao
ato de se ler a Bíblia, apropriando-se de seu conteúdo. Assim como comer depressa é algo que
não faz bem, já que não se mastiga direito o alimento, ler a Bíblia com pressa também não é
algo bom. Deve-se ler a Bíblia com calma e atenção, observando-se os detalhes do texto. Outra
coisa: assim como comer muito pode não fazer bem, por causar indigestão, ler muitos textos
da Bíblia de uma vez pode não ser bom, por não se conseguir captar todo o conteúdo lido. A
preocupação deve estar com a qualidade da leitura e não com a quantidade;

• Digestão: Digestão é o processo através do qual o organismo quebra/decompõe o alimento


ingerido, de modo a proporcionar a sua absorção. No que se refere à Bíblia, diz respeito ao ato
de se meditar sobre o que texto lido, refletindo-se sobre a sua mensagem. Em Josué 1.8, Deus
ordena a Josué meditar nas palavras do Livro da Lei de dia e de noite. Assim como no caso da
digestão, quanto mais meditarmos na mensagem do texto bíblico, melhor será a sua absorção e,
conseqüentemente, maior será o seu impacto sobre nós;

• Absorção: Absorção é o processo através do qual o organismo se apropria do alimento ingerido


e digerido. No que se refere à Bíblia, diz respeito à assimilação do texto bíblico no coração, o
que provoca um impacto transformador no leitor. Em Isaías 55.10-11, está escrito que a Palavra
de Deus não voltará para ele vazia, mas realizará o seu desejo, atingindo o propósito para o qual
foi enviada. Assim como no caso da alimentação, quanto mais absorvermos a Palavra de Deus,
mais impactados seremos e mais nutridos e fortalecidos estaremos para vivermos conforme a
vontade dele.

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Posto isso, segue a sugestão de um método de leitura da Bíblia passo a passo:

• Ore a Deus, pedindo ao Espírito Santo para te orientar e iluminar a leitura que você fará;
• Escolha um texto não muito grande, que tenha sentido completo, ou seja, início, meio e fim (os
subtítulos, em negrito, presentes nos textos das Bíblia atuais podem ajudar nisso). De preferência,
escolha um livro e leia-o do início ao fim;

• Leia o texto três vezes, se possível em duas versões (Almeida Revista e Atualizada e Nova Versão
Internacional, NVI, por exemplo);

• Sublinhe o que você achar interessante e faça anotações à parte sobre isso;
• Procure pela principal mensagem do texto ao seu coração e registre-a;
• Busque as aplicações da mensagem encontrada à sua vida e registre-as.

3. Quais os benefícios?

Quais são os benefícios da leitura da Bíblia? A própria Escritura nos apresenta os seguintes:

• Josué 1.8: “Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de
noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos
prosperarão e você será bem-sucedido”. A leitura da Bíblia nos leva a conhecer a vontade de
Deus. Quando essa vontade é obedecida, o resultado é uma vida bem-sucedida para aquele que
obedece;

• 2Timóteo 3.16,17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente
preparado para toda boa obra”. A leitura da Bíblia nos leva a ser ensinados, repreendidos, corrigi-
dos e instruídos segundo a vontade de Deus, de modo a sermos capazes de fazer o que ele quer;

• Salmo 119.9: “Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua
palavra”. A leitura da Bíblia nos leva a ter uma conduta pura;

• Hebreus 4.12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois
gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamen-
tos e intenções do coração”. A leitura da Bíblia nos leva a conhecer os nossos pensamentos e
intenções, ou seja, quem verdadeiramente somos;

• Salmo 119.98-100: “Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, por-
quanto estão sempre comigo. Tenho mais discernimento do que todos os meus mestres, pois
medito nos teus testemunhos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus
preceitos”. A leitura da Bíblia nos dá sabedoria;

• Salmo 119.105: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu
caminho”. A leitura da Bíblia provê orientação e direção para nossas vidas.

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4. Como aplicar?

• Escolha e separe um período de tempo do seu dia para ler a Bíblia. Faça-o de acordo com o seu
melhor momento de disposição e disponibilidade. Além disso, escolha um período em que você
poderá, constante e diariamente, se dedicar a esse exercício;

• Adquira um caderno de anotações para registrar os resultados da leitura;


• Siga os passos apresentados no item 2 logo acima;
• Compartilhe com seus líderes e liderados, em ocasião oportuna, os seus registros de leitura bí-
blica. Se você é um líder, peça aos seus liderados para compartilhar com você esses registros, de
modo a haver uma prestação de contas da prática do exercício.

ORAÇÃO

1. O que é?

Segundo Elben Lenz César, no livro Práticas Devocionais,

a prática da oração é a arte de entrar no Santo dos santos e de se colocar na presença do


próprio Deus em espírito, por meio da fé, valendo-se do sacrifício de Cristo, e falar com
Deus com toda liberdade através da palavra audível ou silenciosa.

A partir disso, podemos afirmar o seguinte quanto à oração:

• Orar é o ato de se dialogar com Deus. Deus é uma pessoa, logo, é alguém com quem podemos e
devemos dialogar. Esse diálogo, como a própria palavra indica, envolver os atos de falar e ouvir.
Assim sendo, na oração, podemos falar com Deus o que está em nossos corações e ouvir o que
ele tem a nos dizer;

• A oração, por se tratar de uma conversa, é espontânea e, não, mecânica e repetitiva. Jesus fala
sobre isso em Mateus 6.7,8;

• A oração é um ato de fé. Hebreus 11.6 diz que aquele que se aproxima de Deus precisa crer
que ele existe e que abençoa aqueles que o buscam, ou seja, aquele que ora precisa acreditar e
confiar que há um Deus que o está ouvindo e que responderá à sua oração;

• Podemos orar a Deus por causa do sacrifício de Cristo na cruz em nosso favor. Hebreus 10.19-22
diz que, pelo sangue de Jesus, podemos entrar com ousadia na presença de Deus.

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2. Como fazer?

Como orar? Há duas respostas a essa pergunta: uma se refere ao conteúdo e a outra à freqüência da ora-
ção. Quanto ao conteúdo, a oração, no contexto bíblico, pode ter pelo menos cinco elementos:

• Louvor e Adoração: Louvar a Deus é elogiá-lo, engrandecê-lo e exaltá-lo por causa de suas obras
e de seu caráter. Adorar a Deus é se prostrar diante dele em humildade, rendição e submissão;

• Ações de Graça: Dar ações de graça a Deus é agradecer-lhe pelas ações dele em nosso favor;
• Confissão de pecados: Confessar pecados a Deus é verbalizar para ele as ações contrárias à sua
vontade que foram praticadas por nós;

• Intercessão: Interceder é orar a Deus em favor de outra pessoa;


• Súplica: Na súplica, apresentamos a Deus as nossas necessidades pessoais.

Quanto à freqüência, a oração pode se dar das seguintes maneiras:

• Períodos regulares e fixos de oração: Há um exemplo disso em Daniel 6.10, onde está escrito
que Daniel tinha o costume de orar três vezes ao dia. Outro exemplo pode ser encontrado na
igreja primitiva. A partir de Atos 3.1 e 10.30, podemos concluir que alguns cristãos da época
tinham o costume de, diariamente, orar às três horas da tarde (hora nona);

• Períodos especiais de oração: São exemplos disso: um dia inteiro de oração, uma noite de ora-
ção, três dias de oração, uma semana de reuniões de oração, etc. Jesus, antes de escolher seus
doze apóstolos, passou uma noite inteira orando a Deus (cf. Lc 6.12-16);

• Oração conforme a necessidade: Somos livres para orar a Deus em qualquer lugar, momento e
situação, conforme a nossa necessidade e vontade. Um ótimo exemplo disso está em Neemias
2.4, texto que relata uma oração relâmpago feita por Neemias, tendo em vista uma pergunta feita
pelo rei Artaxerxes;

• Oração contínua: Em 1Tessalonicenses 5.17 está escrito: “Orem continuamente” (NVI) ou “Orai
sem cessar” (Almeida Revista e Atualizada). O que vem a ser isso? É estar continuamente em
comunhão com Deus, mantendo uma atitude de abertura e prontidão à oração. Certamente, a
oração contínua tem por base manter um constante sentimento de dependência de Deus.

3. Quais os benefícios?

Quais são os benefícios da oração? Podemos classificá-los em três grupos:

• Benefícios psicológicos: Por meio da oração, podemos expor para Deus aquilo que está nos

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causando tensão, ansiedade, angústia, certos tipos de depressão, sentimento de culpa e outros
estados emocionais desagradáveis. Tendo feito isso em confiança nele, receberemos e desfruta-
remos da paz (cf. Fl 4.6,7);

• Benefícios espirituais: Por meio da oração, temos comunhão com Deus. Quanto mais praticamos
a oração, maior se torna a nossa comunhão com ele. Quanto maior a nossa comunhão com ele,
mais frutos espirituais produziremos (cf. Jo 15.4,5).

• Benefícios em termos de atendimento: Jesus disse: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encon-
trarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e
àquele que bate, a porta será aberta” (Mt 7.7,8). Por meio da oração, podemos ter necessidades
e desejos atendidos, pois Deus responde às orações de seus filhos. A resposta nem sempre é se-
gundo o pedido, mas, com certeza, é de acordo com a vontade de Deus, a qual é boa, perfeita
e agradável (cf. Rm 12.2).

4. Como aplicar?

• Escolha e separe um período de tempo do seu dia para orar. Faça-o de acordo com o seu melhor
momento de disposição e disponibilidade. Além disso, escolha um período em que você poderá,
constante e diariamente, se dedicar a esse exercício. Preferencialmente, faça isso logo antes de
ler a Bíblia;

• Ore de acordo com os elementos citados no item 2 logo acima;


• Registre em um caderno os seus pedidos de oração e intercessão (pode ser o mesmo caderno
utilizado para a leitura bíblica). Além disso, registre também as respostas que forem sendo rece-
bidas;

• Compartilhe com seus líderes e liderados, em ocasião oportuna, os seus registros de oração. Se
você é um líder, peça aos seus liderados para compartilhar com você esses registros, de modo a
haver uma prestação de contas da prática do exercício.

JEJUM

1. O que é?

Originalmente, jejum é um ato voluntário de abstinência total ou parcial de alimentos durante um perí-
odo limitado de tempo. Posto isso, podemos fazer as seguintes afirmações quanto ao jejum:

• Apesar de, originalmente, se referir à abstinência de alimentos, o jejum também pode ser feito
tendo em vista outras abstinências. Em 1Coríntios 7.5, por exemplo, há uma referência à absti-
nência temporária de relações sexuais por parte de um casal para se dedicarem à oração;

• O jejum, geralmente, está associado à oração. No exemplo citado logo acima, o casal se abstém
temporariamente de relações sexuais para se dedicar à oração. Outros exemplos estão em Esdras
8.23, Neemias 1.4, Salmo 35.13, Daniel 9.3 e Lucas 5.33. Ao jejuar, uma pessoa se abstém de
uma prática rotineira para investir o tempo que seria gasto com essa prática em oração;

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• Comumente, o jejum é feito tendo em vista um motivo ou um propósito. A Bíblia nos apresenta
alguns exemplos de motivos e propósitos por que se fizeram jejuns: em sinal de arrependimento
(Ne 9.1-3); para obter maior autoridade e poder espiritual (Mt 17.19-21); por uma grande neces-
sidade (2Cr 20.1-4); para ouvir a voz de Deus e tomar uma decisão importante (At 13.1-3); por
ocasião de uma dedicação solene (At 14.23).

2. Como fazer?

• O jejum pode ser feito de maneira total ou parcial. No jejum total, abstém-se totalmente do co-
mer e do beber (inclusive de água) durante determinado período de tempo. No jejum parcial,
abstém-se parcialmente do comer e o do beber, o que pode ser feito de várias maneiras, como,
por exemplo, alimentar-se apenas de verduras, vegetais e frutas, ou apenas de pão e água, ou não
comer carne, durante determinado período de tempo;

• Quanto ao período de tempo, o jejum pode ser feito de diversas formas: abster-se de uma ou
mais refeições de um dia (Dn 6.18); durante um dia (1Sm 7.5,6); durante três dias (At 9.8,9);
durante sete dias (1Sm 31.11-13); durante três semanas (Dn 10.1-3); durante quarenta dias (Êx
34.28); etc. Ainda quanto ao período de tempo, há a possibilidade de se ter dias e períodos fixos
de jejum. Os fariseus, por exemplo, assim como os cristãos primitivos em geral, tinham o costu-
me de jejuar duas vezes por semana; toda segunda e quinta, no caso dos fariseus, e toda segunda
e quarta no caso dos cristãos primitivos (Lc 18.11,12);

• O jejum pode ser feito pessoal ou coletivamente (Lc 2.36,37; Jz 20.26);


• O jejum deve ser feito com responsabilidade e, de preferência, sob orientação quanto aos impac-
tos que o corpo poderá sofrer.

3. Quais os benefícios?

• Em uma realidade em que as pessoas têm suas agendas constantemente com muitos compromis-
sos, o jejum pode gerar tempo para nos dedicarmos ao Senhor;

• Confere maior autoridade e poder espiritual. Em Mateus 17.19-21, Jesus disse que há certas espé-
cies de demônios que, por serem muito poderosas, só saem com oração e jejum. Com isso, ele
deu a entender que a oração feita em jejum tem maior autoridade e poder espiritual;

• Gera domínio próprio, uma das facetas do fruto do Espírito (Gl 5.22,23). O domínio próprio
pode ser assim conceituado: capacidade de não se fazer o que se deseja e de se fazer o que não
se deseja. Ao ficar sem se alimentar durante um período, certamente uma pessoa sentirá o desejo
de comer e beber. Porém, tendo em vista o jejum, ela dominará esse desejo, não o saciando.
Esse domínio aprendido poderá ser aplicado aos desejos pelo pecado. Quando eles surgirem, a
pessoa poderá ser capaz de dominá-los e, assim, não pecar.

4. Como aplicar?

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• Faça suas escolhas quanto a como você fará o jejum de acordo com o item 2 logo acima;
• Associe o jejum que você fará à oração e a um propósito a ser alcançado.

CONFISSÃO

1. O que é?

Segundo Elben Lenz César, no livro Práticas Devocionais,

A prática da confissão é a arte de se apresentar constantemente diante de Deus para se


declarar culpado de pecados pessoais e específicos, depois de suficientemente alertado e
repreendido pela boa consciência, pela Palavra de Deus e pelo Espírito, com o propósito de
obter perdão e purificação, mediante a obra vicária de Jesus Cristo. A confissão verdadeira
remove a crise provocada pelo pecado e restaura a comunhão perdida ou arranhada. A sua
comprovação depende mais da fé do que de sentimentos. Por meio da contínua confissão
de qualquer transgressão e de qualquer omissão é perfeitamente possível manter a higie-
ne da alma.

Posto isso, podemos fazer as seguintes afirmações quanto à confissão:

• O que é confessar? Confessar é declarar a verdade acerca de determinado fato ou situação a al-
guém. A confissão, no contexto bíblico, então, é o reconhecimento e a verbalização de pecados
cometidos;

• O que é pecado? Em 1João 3.4, está escrito: “Todo aquele que pratica o pecado transgride a
Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei”. Pecado é a transgressão voluntária da vontade
de Deus, a qual, segundo Romanos 6.23, tem como conseqüência a morte espiritual, ou seja, a
quebra da comunhão com Deus;

• Confessar é declarar, verbalizar, ou seja, falar de maneira audível acerca do pecado que foi co-
metido;

• A confissão é antecedida pelo reconhecimento do pecado. Um pecado só é confessado quando


aquele que o cometeu o reconhece como tal. Nesse processo, há uma ação do Espírito Santo. A
Bíblia diz que ele é quem nos convence do pecado (cf. Jo 16.7,8);

• A confissão de um pecado pode e deve ser feita assim que se tem consciência dele, ou seja, não
é necessário se esperar um tempo após o cometimento do pecado para confessá-lo;

• A confissão de um pecado é um ato de fé, ou seja, mesmo que você não se sinta perdoado, creia
que você o foi.

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2. Como fazer?

Quanto à confissão de pecados, ela pode variar de acordo com a pessoa que confessa e de acordo com
a pessoa que ouve. Quanto à pessoa que confessa, a confissão pode ser:

• Individual: Nesse caso, o verbo é usado na primeira pessoa do singular. Davi, após ter sido con-
frontado quanto ao seu pecado pelo profeta Natã, disse: “Pequei contra o Senhor” (2Sm 12.13);

• Coletiva: Nesse caso, o verbo é usado na primeira pessoa do plural. Em Neemias 1.6, está escrito:
“Confesso o pecado que nós, os israelitas, temos cometido contra ti. Sim, eu e o meu povo temos
pecado”.

Quanto à pessoa que ouve, a confissão pode ser:

• A Deus: Em Esdras 10.11, está escrito: “Agora, confessem o seu pecado ao Senhor, os Deus dos
seus antepassados”;

• A pessoas: Em Tiago 5.16, está escrito: “Portanto, confessem os seus pecados uns pelos outros e
orem uns pelos outros”. Recomenda-se que essa confissão seja feita a alguém que tenha maturi-
dade e autoridade para ajudar o confessor a lidar com o seu pecado.

3. Quais os benefícios?

• Em 1João 1.9, está escrito que o resultado da confissão de um pecado a Deus é o perdão e a pu-
rificação do confessor. O perdão lida com a culpa pelo pecado. A purificação lida com a quebra
da comunhão com Deus provocada pela sujeira do pecado (Deus é santo e não comunga com o
pecado, cf. Is 59.2);

• Em Tiago 5.16, está escrito que o resultado da confissão de um pecado a uma pessoa é a cura do
confessor mediante a oração daquele que ouviu. A confissão de pecados a uma pessoa, na ver-
dade, é um ato de prestação de contas e de submissão à autoridade. Isso gera um grande poder
para que o confessor fique livre do pecado.

4. Como aplicar?

• Em seu dia-a-dia, quando tiver consciência de ter cometido em pecado, confesse-o imediatamen-
te a Deus e receba dela o perdão e a purificação;

• Associe a sua confissão a Deus aos seus momentos diários de oração. Faça dela a primeira parte
do seu período de oração. Isso é algo muito importante para que haja uma boa comunicação
entre nós e Deus. A Bíblia diz, em Isaías 59.1-2: “Vejam! O braço do Senhor não está tão enco-

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lhido que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades
separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele
não os ouvirá” (destaque do autor);

• Escolha uma pessoa a quem confessar os seus pecados regularmente. Essa pessoa deve ser uma
autoridade espiritual sobre a sua vida, ou seja, alguém que tenha maturidade, amor e poder para
ouvir sua confissão, te disciplinar e ministrar da parte de Deus sobre você. No caso de membros
de uma célula, preferencialmente o líder; no caso de um líder de célula, preferencialmente, o
discipulador; e assim por diante;

• Se você está em posição de autoridade espiritual sobre a vida de alguém, tenha, regularmente,
com ela, momentos de prestação de contas. Nessas oportunidades, faça-lhe perguntas que a le-
vem a confessar os seus pecados, tentações e fraquezas a você. Eis algumas sugestões dadas por
Charles Swindoll, no livro A Noiva de Cristo:

1. Você esteve com alguma mulher (homem) esta semana de uma maneira que tenha sido im-
própria ou que possa ter parecido aos outros que você tivesse agido com falta de bom senso?
2. Você esteve completamente acima de qualquer censura em todas as suas transações finan-
ceiras esta semana?
3. Você se expôs a qualquer material pornográfico esta semana?
4. Você passou tempo diariamente em oração e nas Escrituras esta semana?
5. Você cumpriu o mandato da sua vocação esta semana?
6. Você separou tempo para passar com sua família esta semana?
7. Você acabou de mentir para mim?

• No contexto de uma célula, como líder ou discipulador, divida os freqüentadores em micro-


células de cuidado e prestação de contas. Você pode usar, para isso, o conceito de hierarquia
espiritual (“pai”, “jovem” e “filhinho”) ensinado em 1João 2.12-14, chamando os mais maduros
na fé a cuidar dos de menor maturidade e incentivando os de menor maturidade a prestar contas
de suas vidas aos mais maduros.

Nota importante:

Uma das maiores causas da queda de líderes é o auto-isolamento e o enfrentamento solitário de tenta-
ções e pecados. Quando se age assim, a derrota é certa. Pecado não confessado é pecado bem alimen-
tado e forte. A Bíblia diz, em Provérbios 28.13, que “quem esconde os seus pecados não prospera, mas
quem os confessa e os abandona encontra misericórdia”. Quanto à confissão a Deus, como não estamos
diante de uma pessoa que podemos ver e tocar, talvez seja algo mais fácil e menos vergonhoso de se pra-
ticar. Entretanto, no que se refere à confissão a pessoas, não é bem assim. Como estamos diante de uma
pessoa como nós, o orgulho, a vergonha e o medo da rejeição podem ser grandes obstáculos. Contudo,
a cura (ou a libertação) de um pecado, segundo Tiago 5.16, acontece mediante a confissão desse a uma
pessoa. Com isso, a prática da confissão ou da prestação de contas a uma pessoa é algo muito importante
para a boa saúde espiritual de um líder. No caso de um líder, a pessoa a receber a confissão deverá ser,
preferencialmente, uma autoridade espiritual sobre ele.

Leia este precioso texto de Charles R. Swindoll sobre a prestação de contas, do qual vieram as perguntas
citadas logo acima:

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“As palavras de Tozer são contundentes. Precisamos, contudo, de mais do que advertências. O conselho
que nos admoesta a nos comportar só chega até certo ponto a nos ajudar a ‘subjugar’ nossos corpos e
evitar que sejamos reprovados (1Coríntios 9.27). Para tornar o treinamento mais eficaz, a prestação de
contas pessoal é inestimável. Como já tratei deste assunto em livros anteriores, não há razão para eu
repetir as mesmas coisas em grandes detalhes aqui. Mas permita-me sublinhar, mais uma vez, o quanto
a prestação de contas é essencial para manter uma vida pura diante dos outros e uma caminhada íntegra
com Deus.

A auto-análise é salutar e boa. Tempo a sós diante do Senhor deve permanecer uma alta prioridade.
Mas não podemos parar aí. Sendo criaturas com pontos cegos e tendências à racionalização, devemos
também manter contato com alguns indivíduos dignos de confiança, com quem nos encontraremos com
regularidade. Saber que esse encontro vai acontecer nos ajuda a segurar as pontas moral e eticamente.
Não conheço nada mais eficaz para a manutenção de um coração puro e da vida equilibrada e firme
no alvo do que fazer parte de um grupo de prestação de contas. É incrível o que um grupo desses pode
fornecer para nos ajudar a restringir nossas paixões!

Recentemente, fui encorajado a ouvir sobre um ministro que se encontra uma vez por semana com um
grupo de homens. Eles estão comprometidos com a pureza uns dos outros. Oram uns com os outros e
uns pelos outros. Eles falam franca e honestamente sobre suas lutas, fraquezas, tentações e tribulações.
Além dessas coisas gerais, eles olham nos olhos uns dos outros enquanto fazem e respondem nada me-
nos do que sete perguntas específicas:

1. Você esteve com alguma mulher esta semana de uma maneira que tenha sido imprópria ou que
possa ter parecido aos outros que você tivesse agido com falta de bom senso?
2. Você esteve completamente acima de qualquer censura em todas as suas transações financeiras
esta semana?
3. Você se expôs a qualquer material pornográfico esta semana?
4. Você passou tempo diariamente em oração e nas Escrituras esta semana?
5. Você cumpriu o mandato da sua vocação esta semana?
6. Você separou tempo para passar com sua família esta semana?
7. Você acabou de mentir para mim?

Eu chamaria isso de prestar contas! Sim, reuniões como essas talvez sejam rigorosas e até mesmo doloro-
sas. Mas se puderem ajudar a controlar a carnalidade e manter a vida do ministro livre de segredos que
algum dia resultem em escândalo, estou convencido de que valem a pena. Desafio todos a arriscarem
ser vulneráveis a esse ponto com regularidade” (Charles R. Swindoll, A Noiva de Cristo, pág. 214-215).

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Capítulo 2: Gestão de células
2. A IMPORTÂNCIA DAS METAS PARA A LIDERANÇA DE CÉLULAS

Sonhar é preciso! Sem sonhos começamos a morrer ou vivemos para cumprir os sonhos de ou-
trem. No entanto, nas células, muitos sonham alto, mas não têm a mínima noção de como chegar ao
sonho proposto no coração.
Deus sonhou em resgatar a humanidade e elaborou um plano para concretizar esse sonho mara-
vilhoso. Com certeza, Deus pensou na maravilhosa bênção de voltar a ter o ser humano restaurado ao
seu estado original, uma vez que o pecado tornou o homem um ser maldoso e distante do seu Criador.
Mas Ele teve de idealizar uma estratégia para alcançar esse objetivo. A essa estratégia, que é um conjun-
to de ações e atitudes práticas e seqüenciais para alcançar o objetivo, chamamos de metas.
O ponto-chave para a realização de um ministério de sucesso passa necessariamente pela obten-
ção de uma visão clara e divina daquilo que queremos, pela encarnação dessa visão, tornando-a missão
de vida, e pelo estabelecimento de metas para aperfeiçoar esta visão para não se perder na caminhada
ministerial.
O Líder de Célula precisa trabalhar dentro de uma visão clara. Todo líder precisa saber que a
visão é o fundamento de toda tarefa em liderança. A visão exige ação e dedicação. Chamamos isso de
missão. Contudo, sua visão de ministério não será realizada a não ser através de um ousado conjunto
de metas.
Em Gênesis, nos deparamos com o chamado de Deus para Noé livrar a raça humana do exter-
mínio. Nesse episódio Deus revelou a Noé o seu plano de preservá-lo juntamente com sua família e, ao
mesmo tempo, destruir a raça humana através do dilúvio. Veja que Deus deu a visão, que se tornou a
missão de sua vida, mas a realização desta missão foi levada a cabo através de um plano de metas bem
rígido e seqüencial estabelecido pelo próprio Deus, antes de qualquer coisa (Gn 6: 13-22).
Outro texto que ilustra claramente esse assunto é o de 1Sm 15: 1-35. Nessa passagem, vemos
Deus ordena a Saul, rei de Israel, através de Samuel, a destruição dos amalequitas. Veja a ordem: “Vai,
pois, pois agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém
matarás desde o homem até a mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas
e desde os camelos até aos jumentos”. Infelizmente Saul, ao invés de cumprir as metas de acordo com
a visão que Deus lhe dera, fez do seu próprio jeito.
No primeiro texto vimos que Noé cumpriu as metas estabelecidas por Deus: construiu a arca,
colocou os animais dentro dela literalmente como Deus lhe ordenara e teve seu nome eternizado como
um líder fiel e vitorioso. Já no segundo exemplo, Saul não levou muito a sério a realização de sua tarefa
ministerial de acordo com um plano de metas baseado na visão que Deus lhe dera, que era a de destruir
completamente os amalequitas, e isso lhe custou o reinado e o seu nome passou para a história como
um dos líderes bíblicos derrotados por infidelidade e incapacidade de dar conta da responsabilidade que
recebera de Deus. Veja a importância das metas no ministério cristão.

2.1 Vantagem de se ter metas

• Uma pesquisa entre igrejas em células demonstrou ser muito mais provável para o líder que
tem uma data estabelecida multiplicar sua célula e alcançar seu objetivo do que aquele que não tem
meta.
• Crescimento: As metas nos desafiam! Ninguém sobrevive e se desenvolve sem desafios
novos e interessantes. Desde a infância somos movidos por desafios: aprender a falar, andar, escrever,
etc... Na vida temos de estabelecer metas para alcançarmos nossos sonhos. Caso contrário, nossos so-
nhos acabarão se tornando pesadelos, uma vez que os sonhos não se realizam sem trabalho e esforço.
Todo esforço e trabalho sem etapas mensuráveis não produzem os efeitos desejáveis. As metas podem
produzir uma atmosfera propícia para suportarmos a espera de uma conquista.

SEM DESAFIO NÃO HÁ CRESCIMENTO!

Formação de Discipuladores 13
• A realização de metas nos consolida como líderes (1Sm 15: 22): Saul não foi consolidado
como um rei de sucesso porque vacilou na hora de cumprir as metas estabelecidas por Deus através de
seu líder espiritual que era Samuel. Cada pessoa que deseja tornar-se um líder de sucesso tem de cumprir
suas metas na igreja. Na vida, de um modo em geral, só conseguimos êxito quando alcançamos nossos
alvos. Cada área da nossa vida tem de ser consolidada por metas alcançadas. Estabeleça suas metas na
sua vida espiritual, familiar, material e pessoal e lute porque o seu sucesso depende de sua capacidade
de perseguir as metas. Ouça o seu líder e seja fiel a ele. Não seja como Saul, que ignorou Samuel e fez
as coisas do seu jeito.

As metas dão objetividade ao ministério: Um ministro não pode perder tempo com coisas su-
pérfluas, nem tampouco perder tempo realizando aquilo que, embora seja bom, não faça parte da sua
visão de ministério. Há muita coisa boa desenvolvida no mundo cristão, mas nem todas têm relação
com visão ministerial em questão. A visão correta não é fazer tudo aquilo que é bom, mas aquilo que
Deus preparou para o ministério. Nesse caso as metas nos ajudam muito porque elas nos tiram do ati-
vismo e nos colocam nos trilhos da visão de Deus pra nós. Jesus realizou seu ministério baseado numa
visão clara revelada nos profetas. Encarnou sua missão de forma radical, mas com metas objetivas. Em
Mc 1: 38 Jesus, que já havia curado muita gente no dia anterior, se recusa a ter sua agenda imposta
pelo povo ou pelas circunstâncias daquele momento. A multidão queria que Jesus continuasse por ali
para curar os demais enfermos daquelas cercanias que estavam vindo até ele. Mas ele disse: “Vamos
às aldeias vizinhas, para que ali eu também pregue, porque para isso vim.” Isso deixa claro que o mi-
nistério cristão precisa de objetividade e não somente de ser preenchido com muitas atividades, por
melhor ou mais interessantes que sejam.

2.2 Verdades ou mitos?

• Algumas pessoas pensam que estabelecer metas é algo que não pode ser feito.
• Só devemos esperar que a obra de Deus cresça tanto quanto ele deseje.
• É inútil, pois afinal a vontade de Deus é que prevalecerá.

2.3 A vontade de Deus

• Certamente é da vontade de Deus que as células se multipliquem porque quanto maior o


número de células, maior a quantidade de vidas alcançadas.
• Estabelecer metas tem o propósito de concentrar esforços para que a vontade de Deus seja
feita.

2.4 Nossa atitude

• Em vez de rotular as metas como algo negativo à vontade de Deus, devemos aceitá-las.
• Agrada a Deus ver que nos propomos a fazer sua vontade.

1.5 Princípios para o estabelecimento de Metas:

M: mensuráveis - se você não puder medir o resultado, como saberá se conseguiu ou não atingir
seu alvo? “Ter o máximo de membros na célula possíveis” não é uma meta, afinal, quanto representa o
máximo? Se você considerar isto como meta, qualquer valor que atingir vai achar que este é o máximo...

E: específica - mais uma vez, deixar o mais claro possível aonde se quer chegar nos ajuda a des-
cobrir o caminho e concentrar nossos esforços. Dizer “vou ter um computador” é bem menos potente
do que dizer “terei um Pentium III, de 500mtz e monitor de 17 polegadas”. Cuidado se definir uma meta
como o primeiro exemplo poderá receber um 286...

14 Formação de Discipuladores
T: temporal - outra arma poderosa no estabelecimento de metas é o prazo para se atingi-las.
Não estabelecer um prazo não ajuda a nos organizarmos e geralmente se leva mais tempo do que o
necessário para se atingir a meta. Afinal, se não tivermos prazo teremos a vida toda para tentarmos...

A: atingível - a meta precisa ser algo tangível. Estabelecer que vou visitar marte até o meu pró-
ximo aniversário certamente não me motivará buscar as formas de se realizar tal sonho. Por outro lado,
estabelecer uma meta que não seja desafiante também não mobiliza esforços para atingi-la. A meta
deve ter um significado pessoal. Algo que realmente faça com que você levante da cama de manhã
com “pique” para trilhar mais uma etapa do caminho que te aproxima de sua realização. Devem ser
criativas, desafiadoras, porém alcançáveis. As metas devem ser estabelecidas de acordo com as condi-
ções de cada igreja.

“Não há ventos favoráveis para quem não sabe aonde quer chegar”.
2.6 Perigos que devem ser evitados ao fixar metas

Idealismo – é fácil cair no extremismo sob o pretexto da fé em Deus.

• Se as metas estabelecidas são exageradas, as pessoas ficam desanimadas e perdem o entusias-


mo no evangelismo. Por isso as metas devem ser razoáveis e alcançáveis.

Temor

• Cada meta é um desafio pelo seu tempo específico, se é alcançado ou não. Por isso muitas
pessoas temem o estabelecimento de metas.
• Mas com a fé em Deus, para ele tudo é possível.
• Podemos trabalhar confiando.

Competição desleal

• O propósito não é criar contenda nem competições entre irmãos.

O verdadeiro propósito

• É encontrar inspiração no triunfo do outro.


• Se outros alcançam suas metas, nós também podemos alcançá-las.

2.7 Como alcançar as metas?

Passo 1

• Assuma as metas estabelecidas para sua célula e comece a planejar como irá alcançá-las.
• Isso indicará quanto você deve avançar cada semana para que sua meta se torne uma realida-
de.

Passo 2

• Destine responsabilidades específicas a cada um dos membros da célula e especifique o


tempo para cumpri-las.
• Cada membro da célula deve ter uma meta pessoal. É a maneira de envolver todas as pessoas
no esforço para alcançá-la.

Formação de Discipuladores 15
Passo 3

• Verifique semanalmente o estado de sua célula.


• Certifique-se de que os membros de sua célula ou setor estejam trabalhando nas tarefas que
lhes são dadas.
• Certifique-se semanalmente do real estado de sua célula.

Passo 4

• Incentive os membros de sua célula a trazer novos convidados.


• Uma pesquisa mostra que os líderes que incentivam seus membros a trazer convidados do-
bram a capacidade de multiplicação da sua célula, ao contrário do líder que menciona o tema só uma
vez, de vez em quando ou nunca.

Passo 5

• Ore diariamente, colocando diante de Deus as metas e clamando para que todas as coisas
saiam bem a fim de alcançá-las.
• Incentive os membros de sua célula a se unirem em oração.

2.8 Papel dos Líderes

• Façam sempre menção às metas.


• Dirijam a célula em oração pelo alcance das metas.
• Mencionem as metas tantas vezes quanto seja preciso para que cada membro se aproprie da
visão e coloque o empenho necessário para alcançá-las.
• Distribuam as metas no tempo que tiverem.

2.9 Ferramentas para o estabelecimento de metas

A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de am-
biente), sendo usado como base para gestão e planejamento estratégico de uma corporação ou em-
presa, mas podendo, devido a sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário,
desde a criação de uma célula à gestão de uma multinacional.
A Análise SWOT é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da em-
presa no ambiente em questão. A técnica é creditada a Albert Humphrey, que liderou um projeto de
pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e 1970, usando dados da revista Fortune
das 500 maiores corporações.

Na conquista do objetivo
Ajuda Atrapalha
(organização)
Interna

Forças Fraquezas
Origem do fator

(ambiente)
Externa

Oportunidades Ameaças

16 Formação de Discipuladores
O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo de Forças (Strengths),
Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).

2.10 Estudo de caso de aplicação do SWOT

A célula do Mário multiplicou mês passado. Sua nova célula possui cinco membros, contando com
ele. Destes cinco, apenas ele é um crente maduro, comprometido com o Senhor e disponível para o reino.
O anfitrião da célula é o Luiz, um rapaz muito simpático, comunicativo e assíduo aos eventos da Igreja.
Entretanto, Luiz nunca fora desafiado a assumir um nível de comprometimento maior com a célula e nunca
fez mais do que disponibilizar sua casa para as reuniões. Os outros três membros, Jonas, Vinícius e Paulo,
se converteram ha pouco tempo no último evento de colheita realizado pela célula que os gerou. Eles tra-
balham juntos e são muito amigos. Todos estão sendo apresentados à Cristo e estão descobrindo uma nova
proposta de vida no Senhor. Um deles, Vinícius, tem se mostrado desanimado e desencorajado frente aos
desafios e faltou as duas últimas reuniões da célula. Já Jonas e Paulo estão eufóricos e apaixonados, vivendo
o deslumbramento do primeiro amor.
Recentemente, Carlos, o Discipulador de Mário, solicitou-lhe o novo planejamento de multiplica-
ção com as datas dos próximos eventos de colheita, sociais e a tão sonhada data da geração da nova célula.
O pequeno número de membros da atual célula e as dificuldades atuais não abateram o Líder, entretanto
o mesmo decidiu identificar os pontos fortes e fracos de seu grupo e situá-los à luz das oportunidades e
ameaças que cercam a célula para definir as metas e construir seu planejamento.

Pontos Fortes
Item Descrição Propostas/Iniciativas
A maturidade, compro- Usar o tempo, paixão e visão do Líder para discipular os
FO01 metimento e disponibili- membros e servi-los.
dade do Líder da Célula.
A disponibilidade, en- Desafiá-lo a assumir novas responsabilidades com o grupo
volvimento e carisma do e treiná-lo para ser o novo Líder em Treinamento. Desafiá-
FO02
anfitrião. lo a matricular-se no CCM no Curso de Treinamento. Dele-
gar o discipulado de parte do grupo ao mesmo.
A euforia do primeiro Iniciar o discipulado direto com estes. Matriculá-los no
amor de Jonas e Paulo, os CCM. Delegar pequenas responsabilidades com o grupo.
FO03
membros recém conver-
tidos.

Pontos Fracos
Item Descrição Propostas/Iniciativas
O baixo número de Desafiar os membros, sobretudo os recém convertidos, a
FR01 membros. convidar novos para as reuniões de célula. Propor eventos
evangelísticos e de colheita.
O desânimo de Vinícius. Dedicar tempo a ele, ouvi-lo , amá-lo e discipulá-lo. Marcar
FR02 eventos sociais onde o mesmo se sinta mais à vontade.

Pouca maturidade espiri- Orar e jejuar pela vida e crescimento dos mesmos.
FR03 tual dos membros.

Formação de Discipuladores 17
Oportunidades
Item Descrição Propostas/Iniciativas
A disponibilidade, en- Desafiá-lo a assumir novas responsabilidades com o grupo
volvimento e carisma do e treiná-lo para ser o novo Líder em Treinamento. Desafiá-
OP01
anfitrião. lo a matricular-se no CCM no Curso de Treinamento. Dele-
gar o discipulado de parte do grupo ao mesmo.
Os três novos convertidos A euforia de Paulo e Jonas podem contagiar Vinícius e
OP02 trabalham juntos. atraí-lo.

Ameaças
Item Descrição Propostas/Iniciativas
O desânimo de Vinícius pode fazer Dedicar tempo a ele, ouvi-lo , amá-lo e discipulá-
AM01 com o que o mesmo se desvincule lo. Marcar eventos sociais onde o mesmo se sinta
da célula. mais à vontade.
Luiz pode não aceitar o convite Orar para que o Senhor confirme em seu coração
AM02 para se tornar Líder em Treinamen- este chamado.
to.
Os três novos convertidos traba- Qualquer problema no trabalho poderá abalar o
AM03 lham juntos. envolvimento dos mesmos com o grupo.

Após a análise dos pontos descritos, Mário definiu as seguintes metas:

Meta Item atacado do Responsável Prazo


SWOT
Definir Pais, Jovens e Filhinhos. FO01, FR03. Mário Esta semana.
Criar estrutura de discipulado na FO01, FR03. Mário Esta semana.
célula.
Discipular Vinícius. FR02. Mário Esta semana.
Discipular Paulo e Jonas. FO03, OP01. Luiz Esta semana.
Discipular Luiz. FO02, OP01. Mário Esta semana.
Matricular Luiz no curso de Trei- FO02, AM02. Mário Próximo mês.
namento do CCM.
Matricular Paulo e Jonas no curso FO03, FR03, OP02 Mário e Luiz Próximo mês.
Vida Cristã do CCM. e AM03.
Delegar o louvor da célula para FO03. Mário Próxima semana.
Jonas.
Delegar o secretariado da célula FO03. Luiz Próxima semana.
para Paulo.
Desafiar Paulo e Jonas a ganhar FO03, FR02, OP02 Luiz Esta semana.
Vinícius. e AM03.
Nomear Vinícius como o novo FO02, OP01. Mário Em dois meses.
Líder em Treinamento da Célula.
Desafiar Paulo e Jonas a convida- FO03. Luiz Próxima semana.
rem seus amigos para a Célula.

18 Formação de Discipuladores
Desafiar Luiz a convidar seus FO02, OP01. Mário Próxima semana.
amigos para a célula.
Levar dois novos visitantes a cada FR01. Todos Esta semana.
reunião de célula.
Realizar um evento social para FR03. Mário e Luiz Próxima semana.
integração dos membros.
Criar escala de oração pela célu- FR03. Mário Esta semana.
la.
Responsabilizar o Vinícius pela FR02, AM01. Vinícius Próximo mês.
intercessão da célula e pelo ami-
go de oração.

Com as metas definidas, agora Mário poderá iniciar o planejamento de multiplicação da célula.

Para que as METAS sejam alcançadas é necessário um PLANEJAMENTO

Para refletir

• Você sempre soube das metas de sua célula e da igreja como um todo?
• Você menciona semanalmente aos irmãos as metas pelas quais se está batalhando?
• Você delega a responsabilidade sobre algumas ações da célula, de modo a mover os mem-
bros ao envolvimento com o grupo?
• Você tem orado pelo cumprimento das metas da sua célula?

3. PLANEJAMENTO DA CÉLULA

O mover de Deus em nosso meio é uma expressão da Sua bondade e de Sua fidelidade. Temos
sido alvo da Sua misericórdia e amor. O avivamento é uma obra divina e mantido pelo compromisso
de fé e determinação de cada membro. O sonho de nosso Deus é que todos conheçam as Boas-Novas.
Cremos que o desejo do Senhor é que nos organizemos para multiplicar. Daí surge uma pergunta: Por
que alguns não conseguem se organizar e avançar? Percebemos que existem algumas áreas que estão
enfermas e precisam de cura. Existem algumas coisas que não fazemos muito bem, mas outras não
conseguimos sequer começar, quanto mais avançar.

Exemplo: Por que no trabalho eu consigo chegar às 7h da manhã, mas na reunião de Célula só
chego atrasado? Existe uma lei que diz que se não chegar no horário no trabalho serei punido, porém,
como na Célula, na Reunião do GD, no Culto de Celebração eu não tenho punição, não honro o
compromisso com a mesma intensidade. Isso revela uma desorganização no caráter. Embora não seja
necessariamente um mau-caratismo, é uma desestruturação interior.

Se uma pessoa não consegue organizar pequenas coisas, também não consegue organizar ou-
tras tantas que são tão importantes quanto chegar no horário, como ler um livro até o final ou começar
um curso de inglês e terminar. Jesus nos ensina em Lucas que aquele que começa um projeto e não
termina, está sujeito a sofrer gozações e chacotas. “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não
se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar? Para não acontecer que,
depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar
dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar” (Lc 14.28-30). Se não organizarmos
a visão, vamos multiplicar desorganizações e colheremos catástrofes.

Formação de Discipuladores 19
Deus é um Deus organizado. Ele é o modelo de organização. Ele está completamente organi-
zado. Ele vê todas as coisas e nada escapa aos Seus olhos. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar,
vigiando os maus e os bons” (Pv 15.3). Deus vê tudo e sabe quando eu estou sendo fiel ou infiel. Muitas
vezes o nosso conceito de fidelidade não é o de Deus e o nosso conceito de organização não é o dEle.
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus cami-
nhos, diz o Senhor” (Is 55.8).

3.1 Mas o que é planejamento?

Planejamento é uma das responsabilidades do Líder de Célula e consiste em exercer uma função
administrativa que determina antecipadamente quais são os objetivos que devem ser atingidos e como
se deve fazer para alcançá-los. É uma criação de cenários que imaginamos acerca do futuro, nos quais
estabelecemos quais recursos utilizaremos para alcançar nossas metas, qual é nossa missão etc., ou seja,
de uma forma bem simples é “pensar antes de fazer”.

3.2 Quais as vantagens de se planejar?

Podemos citar inúmeros benefícios da utilização do planejamento como ferramenta estratégica


para as células, por exemplo:
• Utilização eficiente dos talentos da célula, potencializando a geração de novos líderes;
• Mensuração de resultados;
• Direção para o cumprimento do propósito da célula, que é a multiplicação;
• Manutenção do foco sob a visão, entre outros.

3.3 Por que planejar?

Um dos grandes Adoradores da Bíblia foi o Rei Davi. Davi era reconhecido por seu temor e inti-
midade com o Senhor. Observando seu exemplo de vida, podemos encontrar inúmeras definições para
a adoração, mas podemos fazer algumas observações a partir do verso abaixo:

“Engrandecei ao SENHOR comigo, e juntos exaltemos o Seu Santo nome.” Salmos 34.3

Inspirados por este cântico pode-se concluir que, para Davi, tudo aquilo que cooperasse para o
engrandecimento e exaltação do Santo nome do Senhor poderia ser considerado um ato de adoração.

Ao contrário desta afirmação, muitas vezes atribuímos o ato de adorar a disciplinas espirituais ou
ações e reações que só podemos manifestar em celebrações ou ministrações na Igreja. Isso é um grande
engano! Segundo Davi, tudo aquilo que fizermos com excelência, zelo, capricho e, sobretudo que coo-
perar para a exaltação do nome do nosso Pai é um ato de adoração.

Alguns anos mais tarde, o Apóstolo Paulo confirma-nos este estilo de vida na carta à Igreja
de Colossos: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para os ho-
mens…” Colossenses 3.23

Podemos justificar a importância do planejamento à luz de razões espirituais e práticas, como


descrito a seguir:

• Razões Espirituais
o Deus não abençoa na desorganização: Deus organizou a multidão. Deus organizou as multi-
dões para que os milagres acontecessem. Organizou em grupos de 12 (Lc 6.12) e em grupos de 100 (Lc
15.3-7). Ele não abençoa na desorganização. Muita coisa você não conseguiu porque não se organizou.
Quem quiser ver milagres, prodígios e maravilhas, faça o que Jesus ensina: organize-se. Havia uma mul-
tidão que estava ouvindo sua ministração há muito tempo, e Jesus disse: “dêem-lhe de comer”. Os discí-
pulos questionaram porque não tinham dinheiro. Jesus mandou que todos se organizassem em grupos de

20 Formação de Discipuladores
50 e 100, e aí veio o milagre da multiplicação dos pães. Todos comeram se fartaram e sobejaram doze
cestos cheios. Na desorganização não tem provisão, alimento, sucesso, só gente sem senso de direção.
Quando organizamos, o povo se alimenta e se farta, nunca falta.

“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas,
para ver se tem com que a acabar? Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não
a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a
edificar e não pode acabar” (Lc 14.28-30)

• Razões Práticas
O atual cenário econômico mundial, com economias globalizadas e competição crescente, con-
firma-nos que as Organizações que não se conhecem e não definem um caminho a seguir, possuem
curto prazo de existência. Para os empresários é cada vez mais imperativo um forte posicionamento es-
tratégico e arrojadas ações para manter seus níveis de distribuição e vendas sadios. Podemos citar como
características deste cenário:
o Competição crescente;
o Forte exigência por qualidade;
o Redução sistemática nas margens de lucro;
o Pressão por resultados financeiros;
o Necessidade de atualização tecnológica;
o Cenário político e econômico instável.

Uma ilustração muito atual deste contexto é a velocidade com que a tecnologia da informação
tem transformado nossos hábitos e cotidiano. Se voltarmos no tempo 10 anos atrás, lembraremos a difi-
culdade (e a despesa) para se comunicar com familiares ou pessoas queridas residentes em outros países.
Atualmente, todos nós assumimos o hábito de “teclar” gratuitamente com os mais distantes países e, se
preferirmos, podemos pagar centavos para falar com aqueles que nestes residem. Os conhecidos e tão
difundidos MSN e Skype revolucionaram a comunicação mundial e trouxeram a globalização ao alcan-
ce de todos nós. Se observamos o mercado de telecomunicações, veremos como as empresas reagiram
a estas revoluções. Inúmeras incorporações e mudanças de controles acionários, criação de novas em-
presas e produtos, entre outros. O reflexo disso pra nossa vida foi uma amplitude de oferta de produtos
e serviços para a população, decorrente da grande competitividade existente no setor. Tais empresas, se
não estiverem bem estabelecidas, conscientes de seus recursos e estratégias, não sobreviverão.

3.4 Por que temos tanta resistência em planejar?

Se consultarmos os livros históricos ou os registros de grandes pensadores do nosso século, en-


contraremos justificativa para a resistência com a disciplina de planejamento em razões culturais. Pode-
se, de fato, creditar que o hábito ou cultura de um povo contribua para o agravamento de um compor-
tamento. Entretanto, a partir do momento que somos resgatados por Cristo e passamos a fazer parte do
povo de Deus, precisamos abrir mão de modelos mundanos ou culturais nos quais estávamos inseridos e
adotar um estilo de vida condizente Àquele que nos resgatou e à promessa para a qual fomos resgatados.
Assim, ao invés de justificarmos nosso desleixo ou descaso nesta disciplina, à luz dos benefícios e im-
portância da mesma para as nossas vidas e Reino, devemos nos empenhar em conhecê-la e praticá-la de
modo a desfrutarmos dos belos frutos que a mesma pode gerar. Se nos opomos ao conceito e benefícios
que o planejamento e a organização podem trazer às nossas vidas, justificando tal comportamento em
nosso estilo e personalidade, nos enganamos e dizemos não para um traço claro do comportamento do
nosso Senhor. Ao invés de oposição, nossa atitude deve ser de reconhecimento que tal comportamento
é fruto de uma desorganização em nosso caráter. Embora não seja necessariamente um mau-caratismo,
é uma desestruturação interior.

Caráter, disse um sábio uma vez, é o modo como agimos quando ninguém está olhando. Cará-
ter não é o que já fizemos, mas aquilo que somos.

Formação de Discipuladores 21
3.7 Planejando a multiplicação da Célula

A multiplicação da célula deve ser a principal meta do Líder. O Líder deve ser focado em atingir
(e potencializar o atingimento) desta meta. Por mais adversas que sejam as circunstâncias, à luz do
caráter aprovado em Cristo, da fé e do compromisso com o chamado para servir nesta obra, sua atitude
sempre deverá ser condizente com o sonho. Se o Líder possui este conceito cravado em seu coração e
se o estilo de vida e liderança exala o mesmo, contagiará seus liderados e facilmente (e rapidamente)
atingirá seu propósito.

Para multiplicar a célula, o Líder deverá definir uma data para a multiplicação e marcos impor-
tantes como eventos de colheita e outras atividades que levarão ao cumprimento do propósito. Reco-
menda-se fortemente que estas datas, marcos e objetivos sejam registrados e compartilhados continu-
amente com os membros da célula. O compartilhamento e divisão de papéis e responsabilidade geram
compromisso no grupo e é uma porta para a geração de novos Líderes. O Diário de Células da Central
possui um formulário semelhante à imagem abaixo que poderá ser utilizado para este fim. No mesmo,
o Líder poderá também simular os novos grupos, nomear os novos Líderes, Líderes em Treinamento e
Anfitriões.
Células da IBC - Planejamento da Multiplicação

Célula original
Líder: Agenda:
Líder em treinamento: Dia Tipo de Evento Detalhes
Membros: Membros: Evento Social
Dia do Amigo 1
Dia do Amigo 2
Evento de Evangelístico
Comemoração da
Multiplicação

Nova Célula 1 Nova Célula 2 Nova Célula 3


Líder: Líder: Líder:
Líder em treinamento: Líder em treinamento: Líder em treinamento:

22 Formação de Discipuladores
Lembre-se: Defina e documente seus objetivos. Qualquer
caminho é válido para aqueles que não possuem uma rota definida.

Algumas ferramentas de planejamento podem ajudar os Líderes a preencher este formulário.


Apresentaremos as mesmas a seguir.

3.8 Ferramentas para o planejamento

Uma Estrutura Analítica de Projetos (EAP), do Inglês, Work breakdown structure (WBS) é uma
ferramenta de decomposição do trabalho do projeto em partes manejáveis. É estrutura em árvore
exaustiva, hierárquica (de mais geral para mais específica) de entregáveis e tarefas que precisam ser
feitas para completar um projeto.
O objetivo de uma WBS é identificar elementos terminais (os itens reais a serem feitos em um
projeto). Assim, a WBS serve como base para a maior parte do planejamento de projeto.
A EAP é uma ferramenta bastante comum. Várias resoluções de trabalho do governo dos Esta-
dos Unidos têm como requerimento uma work breakdown structure.
A EAP não é criada apenas para o gerente do projeto, mas para toda a equipe de execução do
projeto.
Dicas para construir uma EAP:
• Planeje entregas, não planeje ações: Se o projetista da EAP tenta capturar qualquer deta-
lhe orientado a ação na EAP, ele irá incluir ou ações de mais ou de menos. Defina os elementos da
EAP em termos das entregas ou resultados. Isto também assegura que a EAP não exagere na visão dos
métodos, permitindo idéias mais criativas e inovadoras por parte dos participantes do projeto. Nível de
detalhe (granularidade) e elaboração progressiva
• Cuidado com o tamanho (profundidade) da EAP: Uma questão a ser respondida no desenho
de uma EAP é quando parar de quebrá-la em elementos menores. Se os elementos finais da EAP são
definidos de forma muito abrangente, não deve ser possível rastrear eficientemente a performance do
projeto. Se os elementos finais da EAP são muito detalhados, será ineficiente manter um rastreamento
de um número exagerado de elementos terminais, especialmente se o plano de trabalho é para um
futuro distante.
Um exemplo simples de Estrutura Analítica de Projeto para multiplicar uma célula (orientado a
atividades) é:
• Estação do Crescimento
o Compartilhar o propósito da célula;
o Orar por novos convidados e membros;
o Convidar novas pessoas;
o Realizar primeiro evento do dia do amigo;
o Realizar segundo evento do dia do amigo;
o Convidar amigos para o Encontro com Deus;
o Realizar evento de colheita;
o Delegar responsabilidades (louvor, secretariado, oração e escala de lanche).
• Estação do Cuidado
o Criar estrurura de discipulado;
o Definir Pais, Jovens e Filhinhos;
o Realizar primeiro evento social;
o Matricular novos convertidos no CCM;
o Convidar novas pessoas;
o Criar escala de oração pelos membros e célula;

Formação de Discipuladores 23
o Programar uma ida de toda à célula ao Culto de Celebração da Igreja;
o Verificar resultados do discipulado;
o Criar cínculos de oração entre os membros;
o Realizar segundo evento social ;
o Identificar Líderes em potencial;
o Nomear Líder em Treinamento.

• Estação da Comunhão
o Realizar evento social;
o Realizar célula no monte de oração;
o Realizar visita à casa de um dos membros da célula;
o Incentivar encontros informais ao longo da semana;
o Realizar dia do amigo;
o Orar continuamente pelos membros da célula;
o Orar pela multiplicação da célula;
o Programar ida da célula ao Culto de Celebração da Igreja;
o Realizar evento social;
o Comunicar a importância da multiplicação;
o Identificar novo anfitrião.
• Estação da Celebração
o Realizar evento social;
o Realizar reunião em micro-células;
o Definir os grupos a serem multiplicados;
o Definir a data de multiplicação;
o Orar pela multiplicação;
o Realizar evento de multiplicação.

Terminada a construção da EAP, o Líder deverá estruturá-la em formato de cronograma para se


orientar temporalmente sobre a execução das tarefas e entregas planejadas.
O cronograma é um instrumento de planejamento e controle semelhante a um diagrama, em
que são definidas e detalhadas minuciosamente as atividades a serem executadas durante um período
estimado.
Existem inúmeros softwares que permitem a criação de cronogramas. Entretanto, uma simples
planilha pode dar-nos a noção desejada e suficiente do mesmo. Um exemplo de cronograma de multi-
plicação, construído sobre a EAP descrita acima está logo abaixo:

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Modelo de cronograma gerado em planilha eletrônica.
Modelo de cronograma gerado em software de planejamento

“O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará”.


Isaías 32.8

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