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A relação do dentista com a criança é a base para a profilaxia do medo. Por que? As
situações que a gente trata no consultório causam um certo medo, ansiedade. A criança e o
ser humano, de modo geral, tem medo do desconhecido, então a gente tem que ter alguns
cuidados na abordagem da criança. A gente precisa estabelecer uma relação de confiança
com a criança.
O odontopediatra, de um modo geral, é um educador para promoção de saúde bucal.
É ele que vai despertar nessa criança o interesse e a responsabilidade pela sua saúde
bucal, não que esta seja uma responsabilidade exclusiva da criança e também não é só dos
pais, é do núcleo familiar.
A relação entre o dentista e a criança está em volta de interações. A princípio, a
relação entre a criança e o dentista se dá num formato triangular: dentista, criança e família.
Por que? Às vezes, a gente atende crianças que são muito pequenas e não conseguimos
estabelecer uma comunicação, então a gente tem um intermediador que é a mãe ou o
responsável pela criança. A mãe é a interlocutora. Essa relação também sofre influência de
um meio externo que seria a sociedade. O que a gente costuma escutar das mães falando
para as crianças? “Se você não se comportar, eu vou levar você para o dentista ou para
tomar injeção!”. Essas influências que o meio determina na relação dentista-criança também
deve ser levada em consideração.
Algumas forças são descritas na literatura como influências para o desenvolvimento
psicológico da criança. A primeira delas seria a força de maturação do sistema nervoso
central, em que há uma interação da maturação do SNC da criança com o meio, o que vai
influenciar no seu comportamento. E a gente não pode esquecer de características
genéticas da criança que também estarão envolvidas no desenvolvimento dela. Tem ainda
as características externas, que seria a terceira força. Essas três forças principais é que
estariam norteando o desenvolvimento dessa criança. A maturação do SNC é julgada como
a força mais importante.
Algumas posturas vão influenciar na relação do dentista com a criança. Tem três
posturas básicas dentro da odontopediatria:
• Superidentificação do profissional em relação à criança, na qual o
profissional se identifica muito com a criança e deixa a parte emocional dele tomar
conta da situação e isso não é legal porque nós acabamos colocando a culpa na mãe,
não que não seja, mas temos que ser imparciais;
• Dominação em que a gente vê somente o dente, esquecemos a parte
emocional e trabalhamos somente com nosso conhecimento técnico e científico,
como se a criança que estivesse ali fosse só um dente e a gente esquece de um todo;
• Empatia, a postura mais ideal que o odontopediatria deveria ter, em que
a gente consegue ter um equilíbrio entre o conhecimento técnico-científico e a parte
emocional porque a gente não pode esquecer que ali tem um ser humano. Não
esquecendo que as reações da criança também vão influenciar no comportamento do
odontopediatra.
A psicologia e a medicina traçaram alguns princípios gerais que regulam o
desenvolvimento humano:
• O desenvolvimento é multidimensional, ele se dá várias
dimensões; Físico-motor, a criança começa a adquirir a habilidade de se
mover, de se deslocar de um lugar para o outro e também cresce em altura e
peso; Cognitivo, que é o intelectual. A criança está crescendo
intelectualmente, tem relações emocionais, afetivas e o social que engloba
todos os outros.
• O desenvolvimento é integral, o emocional, físico-motor, social e
cognitivo estão interligados;
• O desenvolvimento é contínuo, ele se dá a partir da concepção,
passa pelo período pré-natal, período pós-natal, adolescência, até o fim da
vida;
• O desenvolvimento ocorre com interação, a criança interage
com o mundo que está ao seu redor. Tem uma interação e nós não podemos
excluí-la, para isso, ela precisa ser estimulada. Por isso que a criança vai para
a escola e brinca com os amigos.
• O desenvolvimento é único, segue um padrão, mas é único em
cada criança. Por exemplo: aos dois anos de idade, uma criança deve ter um
vocabulário de aproximadamente 300 palavras, mas tem criança que tem o
vocabulário muito mais vasto, então temos que respeitar isso.