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Conflito, violência e tragédia

Drogas, conflito e violência

da cultura moderna: reflexões


à luz de Georg Simmel

Giane Alves de Carvalho

Giane Alves de Carvalho é socióloga, doutoranda em Sociologia Política, pela Universidade Federal de Santa Catarina.

gianealves@hotmail.com

Resumo
Este artigo tem como ponto de partida a discussão teórica do conflito social em Simmel, mais especificamente, sua
relação com a violência contemporânea, evidenciando, assim, os limites e divergências teóricas de ambos os conceitos
que se encontram vinculados aos aspectos trágicos de ausências de relações recíprocas e perda da originalidade do
indivíduo moderno.

Palavras-Chave
Simmel. Conflito social. Violência. Cultura moderna.

150 Revista Brasileira de Segurança Pública | Ano 1 Edição 2 2007


Drogas, conflito e violência
U m século se passou e as teorias de Sim-
mel ainda se sustentam com tamanha
relevância e pertinência no meio acadêmico.
O estudo sociológico de Simmel consiste
em construir uma teoria da modernidade ba-
seada na vivência do indivíduo, com preocu-
O notório empenho deste sociólogo alemão pação voltada para o cotidiano e para as for-
permitiu novos olhares para a microssociologia mas de socialização e conformações de grupos

Conflito, violência e tragédia da cultura moderna:


reflexões à luz de Georg Simmela
Giane Alves de Carvalho
sem perder o gancho com as complexas pro- sociais. Esta abordagem microscópia, acerca
blemáticas da macro vida moderna. Ao lado das interações sociais da vida cotidiana, leva
de seu colega Max Weber, este autor trilhou, ao caminho do vitalismo, em que o enfoque
com originalidade teórica, novos rumos para sociológico recai sobre as entremanhãs da vida
a sociologia. marcada por paradoxos e dualismos.

Sendo assim, diante do constante aumen- Neste contexto interdisciplinar, a teoria do


to da complexidade das manifestações dos conflito social em Simmel traz uma nova luz
objetos de análise sociológica, surge a neces- para a sociologia, no sentido de repensar os
sidade de repensar a realidade e as relações verdadeiros propósitos e impactos sociais do
sociais que têm como enfoque os conflitos conflito estabelecidos na sociedade moderna.
sociais. Dos mais tenros aos mais intensos, Portanto, pretende-se discutir a teoria do con-
Georg Simmel tem sido referência para pro- flito social em Simmel e elencar elementos que
por novos olhares para o conflito na socieda- permitem a compreensão da violência contem-
de moderna. porânea numa perspectiva relacional entre o
conflito e a tragédia da cultura moderna.
No entanto, falar das teorias de conflito
social em Simmel é um grande desafio, haja
vista a ampla articulação teórica de múltiplas O conflito social em Simmel
temáticas sobre o indivíduo moderno. No As teorias de conflito social estão arraigadas
âmbito de suas densas reflexões, Simmel pu- em muitas vertentes das Teorias Sociais. No
blicou mais de 200 artigos1 de sua própria au- entanto, diferentemente das propostas de Sim-
toria, perpassando por diferentes áreas do co- mel, muitas abordagens sobre conflito social
nhecimento, como sociologia, antropologia, encontram-se, claramente, dicotomizadas em
psicologia, filosofia, sem deixar de manter o dois pólos: os enfoques que aceitam, no senti-
foco de suas análises nas formas particulares do analítico, o conflito social; e os que rejeitam
de interação humana, cristalizadas em estru- o conflito, cedendo lugar às questões de ordem
turas institucionais de grupos. e consenso social.

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A opinião de uma sociedade do consenso en- tura da unidade. Esta maneira de entender o
contra-se presente nas concepções filosóficas da conflito revela o aspecto da socialização pelo
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imagem de uma sociedade harmônica em Rous- conflito, constituindo uma das mais vivas ações
seau; no “imperativo moral” de Kant; na perspec- recíprocas, pois somente se mostra quando se
tiva naturalista de ordem social em Durkheim; no produz a luta (Simmel, 1986a).
funcionalismo de Parsons, ao destacar que todo
sistema social se estrutura com base no acordo e Assim, os fenômenos sociais, vistos ao
no consenso; em Mills com sua ênfase na noção partir do ângulo positivo do conflito social,
de pacto social, entre outros. aparecem sob uma nova luz. O rompimento
com a visão dicotômica é justamente entender
Em outro plano, encontram-se teorias que o conflito não somente sob uma perspectiva
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abarcam a noção de conflito social, como Hob- negativa. O lado positivo do conflito é consi-
bes, ao tomar a imagem da discórdia social e crer derado no sentido de permitir mecanismos de
que o pacto social somente é possível através da socialização, sendo percebido nas entrelinhas
coerção; Hegel e Marx, ao voltarem-se para os dos trabalhos de Simmel; um “mal” necessário
conflitos de classe social, assim como as ênfases que nem sempre é mal.
no conflito social, claramente presentes nas aná-
lises de Giddens, Touraine e Dahrendorf. Sendo assim, para Simmel, a teoria so-
ciológica do conflito está articulada em dois
Para além destas abordagens, Simmel traz momentos: o primeiro analisa a natureza so-
um novo paradigma dos conflitos sociais ao ciológica do conflito como um mecanismo de
compreender o conflito social como meio cons- socialização; e o segundo apresenta uma refle-
tante de integração social que vise a socialização xão sobre o conflito em relação às estruturas do
dos sujeitos. Sua perspectiva dualista permite grupo social e dos grupos em conflito (SIM-
compreender a relação direta entre conflito e MEL, 1986a).
consenso, como um eixo real que se encontra
empiricamente em toda unidade social. No que se refere ao aspecto da natureza so-
ciológica, Simmel compreende que o conflito é
Sendo assim, questiona-se a possibilidade de projetado para resolver os dualismos divergen-
o conflito social ser um fator positivo nas socie- tes. É uma maneira de conseguir algum tipo
dades modernas. Simmel traz a resposta ao evi- de unidade, mesmo se for pela aniquilação dos
denciar que tal conflito não somente possui um opostos. A intenção do conflito é resolver a
lado positivo, mas também se torna elemento tensão entre os contrastes.
necessário da natureza sociológica, pois apresen-
ta-se como forma de socialização ambivalente. Em relação à estrutura grupal, a preocupa-
ção de Simmel é justamente a necessidade de
Desse modo, o conflito que desvela e mas- orientação e centralidade para o conflito social,
cara, ao mesmo tempo, faz referência a uma pois este pode tanto ser uma forma de socializa-
forma de dissociação, de confrontação, de rup- ção como tornar-se o conflito dos conflitos de

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socialização. Esta última questão será tratada sistirem em sua postura diante da transigência
mais adiante, haja vista no momento a intensa e tolerância do seu oponente, para que a uni-

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articulação teórica de Simmel entre questões dade dos elementos siga atuando com interesse
da natureza social do conflito e da estrutura de vital (SIMMEL, 1903).
grupos sociais.
Para Marx, a luta de classe, a qual se com-
Na visão de Wolff (1950), um estudioso de preende por conflito social, é vista como uma
Simmel, o conflito sempre foi visto como um passagem para emancipação do proletariado.
fator que rejeita a socialização, no sentido pu- Neste caso, o conflito não é analisado como
ramente perverso. No entanto, para Simmel, algo inerente aos indivíduos, mas sim como
diante deste contraste de puro negativismo, os um mecanismo de transformação social. No

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aspectos positivos e negativos do conflito são entanto, para Simmel, o conflito é algo cons-
integrados, podendo ser separados conceitual- tante e inacabável; ao estudar a ordem econô-
mente, mas não empiricamente. mica o autor sobrepassa o materialismo histó-
rico para dar conta das interações sociais coti-
Entretanto, estas discórdias não são, para dianas e dos processos de socialização.
Simmel, meras responsabilidades sociológicas
ou exemplos negativos. A sociedade real não Para compreender o conflito social, é ne-
resulta somente de forças sociais consideradas cessário entender a sociologia de Simmel,
positivas até o limite de se tornarem negativas. pois para ele uma classificação mais detalha-
Na concepção simmeliana, esta visão é com- da da ciência das relações dos homens – a
pletamente superficial, pois a sociedade como sociologia – deve distinguir-se das relações
nós a conhecemos é o resultado de ambas as que visem a constituição de unidades sub-
categorias de interação (WOLFF, 1950). divididas: a unidade individual e a unidade
dos indivíduos (sociedade).
Diferentemente da perspectiva da socieda-
de do consenso em Durkheim ou em Weber, Para Simmel, o indivíduo não alcança a
Simmel também inova ao atribuir a noção de unidade de sua personalidade exclusivamente
coesão social através do conflito, que obriga as por uma exaustão harmônica de acordo com
pessoas a se concentrarem em grupo e em seus normas lógicas, objetivas, religiosas ou éticas.
objetivos comuns. O estabelecimento de uma A contradição indivíduo-sociedade não so-
fronteira claramente definida é fundamental mente precede a unidade, mas também é um
para que os membros possam produzir e repro- imperativo em cada momento da existência do
duzir a identidade do grupo e suas diferenças a indivíduo-unidade. Nenhuma unidade social
respeito de outros grupos. convergente ou divergente intervém separada
e independentemente (WOLFF, 1950).
A exigência de coesão social impulsiona de-
terminados grupos, sob determinadas circuns- A existência de um grupo absolutamente
tâncias, a buscarem inimigos externos ou per- centrípeto e harmonioso é empiricamente ir-

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real e não pode demonstrar nenhum processo orienta para a experiência do indivíduo. Assim,
real de vida. Assim como o universo necessita o indivíduo está, ao mesmo tempo, dentro e
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do amor e do ódio, de forças atrativas e repul- fora da sociedade, pois ele existe para a socie-
sivas, a sociedade precisa, demasiadamente, dade assim como para ele mesmo.
alcançar relações quantitativas de harmonia
e discordância, da associação e da competi- O “Homem Social” não é parcialmente so-
ção, de tendências favoráveis e desfavoráveis cial e nem parcialmente individual. Sua exis-
(WOLFF, 1950). tência é dada por uma unidade fundamental
que não possa ser esclarecida de nenhuma outra
Além disso, é importante destacar que a so- maneira que não seja a síntese ou a consciência
ciologia de Simmel também se volta para o es- de duas determinações logicamente contradi-
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forço de compreender a vida, uma vez que para tórias: indivíduo e sociedade (COSER, 1977).
ele a finalidade está na própria vida e não pode
ser encontrada fora dela. A essência da vida é Neste sentido, ainda para Coser, a insis-
a intensificação, o aumento, o crescimento da tência na dialética perversiva da relação en-
plenitude do poder, a força e a beleza interior tre indivíduo e sociedade contempla todo o
própria na relação, não a todo o objetivo defi- pensamento sociológico de Simmel. O indi-
nível, mas puramente ao seu próprio desenvol- víduo é determinado ao mesmo tempo em
vimento. Por seu aumento, a vida própria faz que está sendo determinado. A incorporação
exame no valor potencialmente infinito (SIM- na rede de relações sociais é um fator inevi-
MEL, 2000). tável da vida humana.

Simmel conversa com Schopenhauer e Segundo Coser (1977), é importante


Nietzsche e propõe pensar o conceito como lembrar que Simmel nunca sonhou com um
algo mais do que a substância da vida em se- universo social em que a disputa entre indi-
guir a vontade determinada pelo self. A idéia da víduos e grupos seria proibida para sempre.
vida é o ponto de intersecção de duas maneiras Para ele, o conflito é a maior essência da vida,
diametralmente opostas de pensar que entre um componente impossível de radicalizar da
elas traçaram para fora as decisões cruciais a vida social. O conflito e a ordem são corre-
serem feitas na vida moderna. lativos e constituem uma eterna dialética da
vida social. Seria conseqüentemente um erro
Neste sentido, para Coser (1977), a socio- distinguir uma sociologia da ordem e uma so-
logia de Simmel é formada sempre por uma ciologia da desordem.
aproximação dialética. Durante todo seu tra-
balho, ele evidencia as conexões e tensões entre A socialização envolve sempre harmonia e
indivíduos e sociedade. Os indivíduos são, para conflito, atração e repulsão. A mistura das duas
Simmel, produtos da sociedade. Ao olharmos tendências forma na realidade uma unidade. A
a totalidade da vida devemos olhar, ao mesmo socialização é sempre o resultado de ambas as
tempo, para o aspecto da singularidade que se categorias de integração. Neste sentido, Sim-

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mel demonstra sua preocupação no sentido de Uma vez que as questões sobre conflito
diferenciação entre aparência social e realidade já foram elucidadas, em meio a este debate é

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social. Embora um relacionamento conflitivo preciso situar, primeiramente, os principais
possa ser considerado completamente negati- parâmetros teóricos sobre violência, aqui
vo por participantes ou por observadores ex- adotados: a violência não é um sinônimo
ternos, evidencia-se que transversalmente os de conflito social; a perspectiva teórica so-
aspectos positivos são latentes. bre violência não é a mesma a respeito do
conflito social em Simmel; e a compreensão
dos conflitos sociais à luz de Simmel é um
Conflito social e violência fator crucial para compreender a violência
Conforme visto até aqui, é essencial reco- em tempos contemporâneos.

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nhecer em Simmel que o conflito social en-
volve necessariamente a ação recíproca. Este Neste sentido, não se trata de relegar a
processo é mais favorável aos grupos sociais do violência ao plano dos conflitos sociais sob
que uma posição unilateral marcada pela au- um julgamento de um mal a ser combatido
sência da negociação recíproca. em nome da ordem social e tampouco des-
tacar a violência como um fator positivo e
Para Simmel (1986a), somente a exclusão necessário à sociedade.
de um relacionamento poderia ser considerada
completamente negativa. Um relacionamento Ao se tomar como ponto de partida a
conflitivo e possivelmente doloroso, para um perspectiva teórica sobre conflito social em
ou mais membros, integra os indivíduos na Simmel, é possível compreender a violência
teia social através de uma participação mútua, contemporânea como um conceito muito
mesmo sendo diante do dissenso. mais amplo, que vai além das questões de so-
cialização e relações recíprocas marcadas pelo
No entanto, em face de tais fatores de ex- conflito social.
clusão, há que se pensar nas questões sobre
violência: afinal, em que aspecto o conflito Mesmo na possibilidade de ser confun-
social relaciona-se com a violência contem- dida como o conflito social, a sociologia
porânea? Simmel não aborda diretamente o evidenciou que a violência, já instrumentali-
conceito de violência, no entanto, surgem zada, provém de múltiplos fatores políticos,
novos questionamentos: quais os limites dos culturais, econômicos ou sociais, que demar-
aspectos negativos do conflito social? Quais cam sua complexidade quando esta se torna
os efeitos do conflito social e da violência no difusa, sem referências estáveis, sem âmbi-
âmbito da liberdade do sujeito? Em meio às to e inexplicável. Porém, ela deixa brechas
multiplicidades teóricas sobre violência, não para se reconhecer que seu ponto de partida
cabe aqui investigar a fundo estas questões, e chegada ocorre no campo simbólico dos
mas é pertinente refletir sobre os limites teó- sujeitos, quando agride a alma e rebaixa a
ricos entre violência e conflito social. condição humana.

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Diante da pluralidade do social e do su- Wieviorka (1997) coloca-se diante de duas
jeito, os esforços maiores para compreender a idéias centrais sobre violência. Uma é clara-
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violência não se referem às conseqüências, mas mente instrumental e cresce quando a ordem
sim às causas. No entanto, se a violência for social se desfaz, onde não há “atores” estratégi-
entendida como ausência de conflito, sintoma cos envolvidos, dispensando a comunicação e a
de desequilíbrio na ordem social, de não re- relação entre atores. A outra idéia é denomina-
conhecimento mútuo e de negação do outro, da, pelo autor, por violência não instrumental,
pode-se, então, partir da compreensão simme- que significa a impossibilidade para os atores
liana de relação recíproca entre meios e fins, ou sociais estruturarem suas práticas em uma re-
seja, a violência vista como um processo dialé- lação de mudanças mais ou menos conflitivas,
tico entre meios e fins. traduzindo-se num déficit nas relações, na
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comunicação e no funcionamento da relação


Desta forma, Simmel pode fornecer bases entre atores.
explicativas para o entendimento da violência
contemporânea. Sua preocupação com a perda Para Tavares dos Santos, é imprescindível
lastimável de energias no processo antagônico distinguir a relação de poder e a relação de
entre conflito e consenso, contrários aos pro- violência. Para ele, o poder é uma forma de
cessos naturais da vida social, permite perceber exercer a dominação que se caracteriza pela
que a violência corresponde às conseqüências legitimidade e pela capacidade de negociar o
da ausência de sociabilidade e reciprocidade conflito e estabelecer o consenso, enquanto a
dos conflitos sociais aos quais se referia. violência é uma relação social inegociável, pois
alcança, no limite, as condições de sobrevivên-
Apesar das dificuldades empíricas de dife- cia, materiais e simbólicas.
renciar conflito de violência, ainda é possível,
à luz de Simmel, perceber que o conflito social No famoso capítulo Superiority and su-
somente será conflito quando corresponder à bordination, de Simmel (1896), a dominação,
socialização e à ação recíproca entre os grupos assim como o conflito, não se encontra na im-
sociais; caso contrário, entende-se que o con- posição unilateral da vontade do subordinador
flito deixa de ser conflito e sede lugar às mais sobre o subordinado, mas envolve uma ação re-
diversas formas de violência. cíproca. A ação do subordinador não pode ser
compreendida sem a referência ao subordinado
Neste sentido, Wieviorka (2006) ajuda e vice-versa, ou seja, ao contrário de violência, a
compreender a violência ao defini-la como uma dominação é uma forma de interação.
negação da subjetividade e uma negação de re-
conhecimento sociocultural: não é mais a luta Na contramão de muitas abordagens que
contra a exploração, a sublevação contra um ad- consideram a violência uma forma de poder
versário que mantém com os atores uma relação (Foucault, Weber), é necessário compreen-
de dominação, mas sim a não relação social, a der o poder presente nas relações de confli-
ausência de relação conflitual, a exclusão social. to e não nas relações de violência. Hannah

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Arendt (1994) sublinha as distinções concei- individual, pressupondo a habilidade de es-
tuais entre poder e violência. Para a autora, tar acima de fatores preconceituosos dos de-

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a violência não é apenas distinta do poder, sejos imediatos.
mas, precisamente, o seu oposto. Se o poder
é a capacidade que temos de agir em conjun- Um caso especial de troca significa, a prin-
to, toda impossibilidade de ação estimula o cípio, embora realizado somente pelas par-
ato violento. tes, a possibilidade de evitar o esforço, ou de
lhe ajustar um limite antes da mera força das
A perda da sustentação pelo grupo ocasio- partes. O espírito de conciliação, entretanto,
na a perda do poder, que fica substituído pela manifesta-se, freqüentemente em sua peculia-
dominação e pelo uso da violência. O poder ridade, após o conflito.

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nasce de uma vontade coletiva que, evidente-
mente, não necessita da violência como instru- No entanto, cria-se um problema adicio-
mento de imposição, enquanto na violência há nal quando a atitude conciliatória apresenta-
sempre a expressão de uma impotência torna- se como um exclusivo fator sociológico. Neste
da ativa (ARENDT, 1994). caso, trata-se de uma situação puramente exter-
na, em que se prossegue uma completa espon-
Se em toda relação de poder existe uma taneidade e não meramente uma conseqüência
acordo, nas de conflito social, conforme vis- de emoções subjetivas. É comum dizermos que
to, não é diferente. Há que considerar que o nós não poderíamos nos esquecer, não pode-
conflito é marcado por relações de poder, pois ríamos perdoar ou não poderíamos nos tornar
para Simmel (1903) o conflito configura-se em reconciliáveis por completo. Isto significa, ob-
meio aos objetos de disputa. viamente, a irreconciliação, pois a conciliação
depende do consenso para a atitude contrária a
A renúncia e a troca são fatores que não cada ocasião (SIMMEL, 1903).
permitem o desgaste entre os grupos em con-
flito. A troca pressupõe um caráter objetivo Nestes casos, é possível visualizar as con-
dos valores e interesses. O elemento decisivo já seqüências do conflito, totalmente descartado
não é a mera paixão subjetiva do desejo, que se de seu aspecto real, para se afundar no centro
submete pelo esforço e desgaste, mas sim um da alma, completamente voltado para as mais
valor do objeto, reconhecido por ambas as par- profundas formas da personalidade humana,
tes (SIMMEL, 1903). tão distantes do relacionamento com o outro e
sem acesso para qualquer ação corretiva (SIM-
No entanto, Simmel deixa claro que abdi- MEL, 1903).
car a renúncia requer, certamente, um longo
desenvolvimento histórico para permitir um Assim, o antagonismo entre conflito e con-
processo harmônico entre conflito e consen- senso gera uma perda lastimável de energia e
so. Este quadro pressupõe uma generalização esforço, contrária aos processos naturais da
psicológica de valores universais do objeto vida social. Simmel (1903), ao falar que toda

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troca é um acordo, refere-se ao reconhecimen- Neste sentido, a tragédia da cultura moderna
to mútuo e recíproco perante as tensões anta- não se encontra no conflito em si, (conforme já
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gônicas entre conflito e acordo. visto, a necessidade vital do conflito), mas sim no
descompasso desproporcional entre indivíduo e
Neste sentido, compreende-se que esta sociedade. Este conflito doentio é caracterizado
perda de energias possibilita brechas profun- pela separação entre “coisas” e “homem”, inexis-
das para a difusão da violência. Mas Simmel tindo uma reciprocidade conflitual entre socieda-
vai além, ao perceber a complexidade das re- de e indivíduo. O mesmo processo fatal que, na
lações sociais dos indivíduos nos processos de esfera cultural, conduz inevitavelmente à perda
socialização da vida moderna. Sua preocupa- de sentidos, também vigora na esfera material da
ção em torno da inexistência de uma relação sociedade, ocasionando a perda da liberdade.
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recíproca entre indivíduo e sociedade demar-


ca o lado patológico de um conflito eviden- Simmel mostra os caminhos em que a cultura
ciado na cultura moderna. objetiva se desenvolve. Para o autor, este desen-
volvimento é proporcionado pela conjunção da
Há um processo de inversão social em que economia monetária e divisão do trabalho. Na
a vida não se encontra mais nos indivíduos, realidade, conforme Souza descreve, encontra-se
mas sim na técnica, no dinheiro, nos objetos, aqui um ótimo exemplo do talento de Simmel
na ciência. Nestes termos, o conflito assume como observador das patologias do cotidiano.
uma nova forma anômica, à medida que o su- A sociedade do “Deus-dinheiro”, por exemplo,
jeito se coisifica e se aliena diante da própria é um elemento alienante que afasta tudo o que é
objetivação da cultura. pessoal e tornar-se um fim absoluto e regulador
da vida prática (SOUZA, 2005).
Vandenberghe (2005) esclarece que, para
Simmel, ocorre um divórcio entre a cultura Sendo assim, para Simmel, o conflito da cul-
objetiva e a subjetiva. A hipertrofia de uma tura moderna sem dúvida faz parte da condição
permanece inseparável da atrofia relativa da do homem. No entanto, quando a objetivação
outra. Esse triunfo da cultura objetiva é pro- das relações sociais impede o desenvolvimento
porcional à derrota da cultura subjetiva. do indivíduo (do self) ,emerge o aspecto trágico
e alienante da cultura moderna, caracterizando
Para Souza (2005), esta separação entre as o conflito como algo inautêntico e patológico.
culturas subjetivas e objetivas, destacada por
Simmel, é a cisão que dá conteúdo ao con- Contrabalançando a reificação com a perso-
ceito de tragédia da cultura moderna. O con- nificação, Simmel estabelece, contudo, no fim
teúdo da cultura torna cada vez mais crescente do percurso, a ambivalência da modernidade.
um espírito objetivo, de modo que a elevação “Ele liga a dialética da reificação da vida e da
cultural dos indivíduos fica abaixo da elevação alienação do indivíduo à da reificação das rela-
cultural das coisas, em termos concretos, fun- ções sociais e da liberação do indivíduo” (VAN-
cionais e espirituais. DENBERGHE, 2005, p. 186).

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O homem moderno é de tal modo rodeado sendo que, em casos de grandes frustrações seu
por coisas impessoais que a concepção de uma caminho será pelas múltiplas formas de violên-

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ordenação da vida absolutamente antiindividu- cia, embora se considere, também, a intrínseca
al aproxima-se cada vez mais, o que certamente relação entre violência e alienação.
também é válido para a concepção oposta a tal
ordenação da vida (SOUZA, 205). Considerando que a violência possa existir,
juntamente com os conflitos sociais, desde os
Para Simmel, a vida pode muito bem in- tempos mais remotos da civilização, e talvez
corporar em si o seu contrário, mas não pode existindo apenas como resquícios, diante do
superá-lo, pois, ainda que busque a unidade, a século das luzes, em que o Iluminismo demar-
vida só pode encontrá-la na dualidade (VAN- cou novos princípios de racionalidade e certa

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DENBERGHE, 2005). preponderância da evolução humana, pouca
evolução se percebeu no campo da retenção da
Neste sentido, é possível compreender, à violência; ao contrário, ela se intensifica e se
luz de Simmel, que a violência contemporânea ressignifica aos moldes da sociedade moderna.
não vai encontrar suas bases de evolução nos
aspectos da dualidade, porque este é o cami- O lado trágico é vivermos na era do pro-
nho do conflito social. A tragédia da cultura gresso (técnico e científico), na era da valoriza-
moderna não mantém constante a energia vital ção da cultura objetiva, conforme lembra Sim-
da dualidade, da reciprocidade, do conflito so- mel. Em contrapartida, o sujeito não encontra
cial; ao contrário, essa discrepância, em relação seu “lugar”; não encontra retorno (o que vai
aos aspectos equitativos de dualidade, pode não volta), e então o culto à violência é uma
permitir a involução do indivíduo e o desen- resposta às avessas. A hostilidade acentua-se
volvimento da violência. sob forma de violência, nas guerras contempo-
râneas, nas facções criminosas, no terrorismo,
A mediação humana é inteiramente descar- no tráfico de drogas, no cotidiano, no público
tada. Na visão de Simmel, os indivíduos alme- e no privado, até mesmo na barbárie do matar
jam desejos de liberdades, de compreensão, de por matar, lado a lado do crescimento da cul-
igualdade de direito, mas ficam impotentes à tura objetiva.
medida que a cultura das coisas torna-se supe-
rior à cultura das pessoas. Neste sentido, pro- É importante lembrar que, para Simmel, é
gresso e estagnação podem encontrar-se ime- inegável a existência de um instinto de hosti-
diatamente emparelhados (SOUZA, 2005). lidade no conflito, se forem levados em con-
ta os motivos mínimos que podem produzir
A discrepância entre as culturas subjetivas e um conflito, como desproporção entre causa e
objetivas caracteriza um indivíduo impessoal, efeitos de algumas confrontações, um eixo que
privado de liberdade. Entretanto, o indivíduo o indivíduo necessita para se firmar e, ao mes-
não vai buscar esta perda subjetiva nos confli- mo tempo, negar o outro. No entanto, a hos-
tos sociais, mas principalmente na alienação, tilidade não é suficiente para explicar todas as

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situações de conflitualidade, mas serve como No entanto, ao investigar o conflito no
elemento para fortalecer controvérsias originá- plano da cultura moderna, Simmel percebe
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rias de interesses materiais (SIMMEL, 1986). uma profunda discrepância entre indivíduo e
sociedade, mais especificamente entre culturas
Além disso, a exacerbação da violência con- subjetiva e objetiva. A decadência do indiví-
temporânea não se confunde com o caráter duo contrapõe-se ao crescimento de uma obje-
patológico do conflito social, porque não se tividade científica, social e econômica, pilares
configura pela dualidade discrepante e pelo des- da cultura moderna.
compasso entre cultura objetiva e subjetiva, mas
utiliza os mesmos para se manter, seja de uma O conflito da cultura moderna assume
forma simbólica ou não, visível ou invisível. um caráter trágico marcado pela incapacida-
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de de atuação e intervenção do indivíduo. A


preocupação de Simmel em relação ao con-
Considerações finais flito da cultura moderna é, justamente, a au-
Simmel não se opõe ao conflito em tem- sência de relações recíprocas entre culturas
pos modernos, pois, em suas diferentes ins- objetiva e subjetiva.
tâncias, o conflito é um elemento eminente-
mente de natureza sociológica e regulador dos Trata-se de uma ressignificação do conflito,
processos de socialização. A originalidade em que não se esgota, mas que assume um lado
Simmel é justamente evidenciar que o confli- trágico e patológico, numa perspectiva unila-
to possui aspectos negativos e positivos, fator teral, em que o mundo das coisas sobressai em
que contrapõe aos ideais de uma sociedade relação à própria individualidade. Para Sim-
projetada para a eliminação do mesmo, em mel, é a perda da originalidade do indivíduo
nome da primazia de uma sociedade do con- perante a cultura objetiva, corroída pela eco-
senso e da ordem. nomia monetária e pela divisão do trabalho,
que demarca os processos de alienação e priva-
A sociologia de Simmel fornece elementos ção da liberdade dos indivíduos.
para compreender o conflito social quando se
percebe a coerência de seus pensamentos mar- Conforme visto, a violência contemporâ-
cados pelos aspectos de dualidades, paradoxos nea não substitui o conflito, mas se alimenta de
e ambigüidades. Neste sentido, a epistemolo- seu caráter patológico. O conceito de violência
gia de Simmel guarda um aspecto normativo, aqui refletido subentende a ausência de conflito
ao perceber a dualidade como um princípio da social em outro plano unilateral, não somente
natureza humana, necessária aos processos de marcado pela ausência de relações recíprocas de
socialização. Esta dualidade caracteriza-se pela socialização, mas de um princípio de ação do
ligação recíproca entre os opostos, sejam eles: não reconhecimento e negação do outro.
vida e morte; conflito e ordem; indivíduo e so-
ciedade; totalidade e particularidade; subjetivi- Para Simmel, na vida moderna, se têm
dade e objetividade. privilegiado os meios sobre os fins. Não é à

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toa que Simmel percebe o conflito da cultu- dade, pois seu vitalismo configura o processo
ra moderna como algo trágico, pois diante dinâmico da vida marcado pela criação, trans-

Drogas, conflito e violência


dos problemas que transpassam a sociedade formação e recriação. Para Capdequí, a vida
moderna, dos conflitos, dos processos de em Simmel pode se converter em uma totali-
alienação do indivíduo, da privação de liber- dade dinâmica e renovadora, que nada sabe de
dade impostos pela cultura objetiva e da in- suas causas, finalidades e razões (a priori), mas
tensificação da violência podemos perceber que se preconcebe (a posteriori) em símbolo de
a dificuldade de encontrar um “lugar” para transcendência imanente.
estabelecermos os limites.
Neste sentido, Ferreira (2000) consegue
Para Henriques (2007), a aposta de Simmel ver em Simmel a esperança como impulso on-

Conflito, violência e tragédia da cultura moderna:


reflexões à luz de Georg Simmela
Giane Alves de Carvalho
perante o conflito da cultura moderna seria lu- tológico, mencionando que “somos estimula-
tar pelo desenvolvimento da cultura objetiva dos pela fantasia e não pela realidade: ao invés
no sentido de romper com sua solidificação. disso, de forma bastante legítima e honesta, a
Não há outra forma a não ser pela busca de esperança da felicidade torna-se felicidade da
experimentação e originalidade que abarque esperança” (SIMMEL, 1986, p. 56).
outras dimensões da vida dominada pela eco-
nomia de mercado. Enquanto os conflitos da vida não conquis-
tam sua simbiose, o problema da cultura mo-
Sendo assim, é possível perceber que o pes- derna pode ser apenas uma passagem necessá-
simismo de Simmel é condicionado à cultura ria para que a vida possa conhecer os diversos
moderna, uma vez que as conseqüências das caminhos e, assim, alcançar uma transcendên-
ações humanas guardam certa imprevisibili- cia para além da dualidade.

1. Embora suas obras tenham sido traduzidas em vários países do continente e servindo como fonte inspiradora
para a compreensão das mais diversas questões da modernidade, no Brasil, em termos de traduções, ainda
não se alcançou tamanho reconhecimento das obras de Simmel.

Ano 1 Edição 2 2007 | Revista Brasileira de Segurança Pública


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Data de recebimento: 21/09/07


Data de aprovação: 20/10/07

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