Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O pai de Che em Buenos Aires recebeu uma carta de seu filho pródigo: “Papai, eu queria
confessar que agora eu descobri que realmente gosto de matar” (BRAVO, Marcos. La Otra
Cara del Che. Bogotá, Colômbia, Editorial Solar, 2004, p. 136).
Esta atitude afirmativa chamou a atenção de Fidel Castro. Muitas execuções de supostos
“desertores”, “informantes” e “criminosos de guerra” se seguiram rapidamente, todas com a
entusiasmada participação de Che. Houve uma, em especial, de um soldado constitucional
capturado que não passava dos dezessete anos – um garoto totalmente inexperiente nos
assuntos de guerra, daí sua fácil captura.
“Eu não matei ninguém, comadante!”, dizia o garoto aterrorizado, respondendo a uma
pergunta de Che. “Eu acabei de chegar aqui! Sou filho único, minha mãe é viúva, e eu ingressei
no exército por conta do soldo, para lhe mandar o dinheiro todo santo mês... não me mate!”
(BRAVO, Marcos. Op.cit p. 142).
Che gritou para seus lacaios e o garoto foi amarrado, arrastado para perto da cova recém-
cavada e assassinado. E o homem que o ordenou foi o mesmo que Ariel Dorfman descreveu na
revista Time como “o generoso Che que cuidava dos soldados inimigos feridos”.
(FONTOVA, Humberto. O Verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São
Paulo: É Realizações, 2009. p. 121)
CHE E OS CÃES
Che matou muitos homens, mas não em combate. Ele também matou animais, mas não era
um caçador.
[...]
Enquanto “lutava” em Sierra Maestra, a coluna de Che fizera amizade com um cãozinho com
apenas “algumas semanas de vida”, segundo confessa o próprio Che. O bichinho apareceu no
acampamento por causa dos restos de comida e também para brincar com os homens: e se
tornou o mascote do grupo. Certo dia, ao exército de Batista, o cãozinho os seguiu, sempre
brincando e balançando a cauda.
“Mate o cão, Félix”, ordenou Guevara a um de seus homens. “Mas não atire nele – estrangule-
o”. Lentamente, segundo o próprio Che, Felix fez um laço, colocou-o em volta do pescoço do
cão, e começou a enforcá-lo.
Naturalmente, o cão esperava os carinhos habituais. É por isso que balançava a cauda quando
Felix colocou a corda no seu pescoço. Este último, à medida que apertava o laço, contorcia o
rosto como se fosse a vítima, não o algoz. “O alegre balanço da cauda se tornou convulsivo”,
escreve. “Finalmente, o cão soltou um último latido, que mal se pôde ouvir. Não sei quanto
tempo isso levou, mas a mim me pareceu um longo tempo até chegar ao final, conta. “Depois
de um último espasmo, o cãozinho jazia imóvel, a cabecinha sobre um ramo qualquer”
(BRAVO, Marcos. Op.cit p. 136).
Durante a campanha na Bolívia, seu compatriota Dariel Alarcón ouviu Guevara gritando: “Vai,
vai, vai, filho da puta!”. Ele procurou e viu Che em cima de seu burrico, churtando-o de modo
selvagem. O animal não conseguia ganhar velocidade. De repente, Guevara sacou sua adaga.
“Eu disse: vai, anda, vai!” Novos gritos. Só que desta vez, cada grito era acompanhado de uma
estocada no pescoço da besta – o que logo caiu por terra.
Como diz o antigo prisioneiro político Roberto Martín-Perez, “Havia alguma coisa muito errada
com Che Guevara”.
(FONTOVA, Humberto. O Verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São
Paulo: É Realizações, 2009. p. 170-171)
Na véspera de natal daquele mesmo ano, Juana Diaz cuspiu na cara dos executores que a
prendiam e a amordaçavam. Ela havia sido condenada por esconder e alimentar alguns
“bandidos” (termo com que a Revolução designava os fazendeiros cubanos que pegaram em
armas para lutar contra a espoliação de suas terras). Quando as balas lhe estraçalhavam o
corpo todo – lembremos que todos os rifles traziam munição de verdade –, Juana estava
grávida de seis meses.
[...]
(FONTOVA, Humberto. O Verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São
Paulo: É Realizações, 2009. p. 137-139)