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Expõe sua teoria do pacto social e defende o liberalismo, buscando derrubar de forma definitiva o
absolutismo inato.
1. Contratualismo
2. Liberalismo
Movimento que teve como eixo principal o desenvolvimento da liberdade pessoal e o progresso da
sociedade. Para Locke os homens se juntam em sociedade política e submetem-se a um governo com a
finalidade de conservarem suas propriedades. Sustentou que o poder não é somente do soberano, mas
de todos, liberdade fundamental dos indivíduos. Formamos estados por livre associação para produzir
mais.
3. Empirismo
Movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras de ideias, discordando,
portanto de ideias natas. Locke descreve a mente humana como uma tabula rasa (folha em branco),
aonde por meio da experiência, vão sendo gravadas as ideias.
O Estado de Natureza de Locke é diferente do Estado de natureza hobbesiano (uma vez que é baseado
na insegurança e na violência: "guerra de todos contra todos"), para Locke o Estado da natureza é de
relativa paz, concórdia e harmonia. Um dos direitos do homem no Estado natural é a propriedade privada.
Por teoria da propriedade em Locke entende-se a posse de bens móveis e imóveis.
Como vimos, a propriedade já é realidade no Estado de natureza e, sendo uma instituição anterior à
sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado. Em Hobbes quem
detinha a propriedade era o soberano e os súditos não tinham direito algum, em Locke o objetivo final é
que o Estado garante o direito de propriedade.
Como a razão natural na compreensão de Locke ensina que todos os homens são iguais e livres, porém
com direitos aos bens, porém sempre surge o perigo eminente da invasão e a tomada dos bens de uns
sobre os outros na medida em que todos são proprietários. A saída é estabelecer um contrato entre os
homens que dê total segurança e proteção aos proprietários, não vindo a acontecer a distribuição de uns
sobre os outros. Então o contato social é a realização da passagem do Estado de natureza para a
sociedade política ou civil e visa exclusivamente preservar e proteger a comunidade tanto dos perigos
internos como dos externos.
CAPÍTULO I
Locke volta a refutar no primeiro capítulo de seu tratado, as teses do filosofo Sir Robert Filmer
(1588 – 1653), defensor assíduo do Absolutismo, alicerçado em bases divinas. Como havia exposto no
primeiro tratado, Adão não tinha em qualquer hipótese ou por direito, ou por doação divina, a autoridade
sobre seus filhos e sobre o mundo, e se o teve, isso é impossível de se estender e determinar até a
atualidade, o que leva Locke à busca de reiterado entendimento da legitimidade do domínio e poder de
determinados indivíduos sobre outros.
Assim, Locke define um de seus conceitos-chave, que é o de poder político, que seria o “direito
de fazer leis com pena de morte e, conseqüentemente, todas as penalidades menores para regular e
preservar a propriedade, e de empregar a força da comunidade na execução de tais leis e na defesa da
comunidade de dano exterior; e tudo isso tão-só em prol do bem público”. (Locke, 1978, p. 34)
CAPÍTULO IV – DA ESCRAVIDÃO
Para Locke, “a liberdade natural do homem consiste em estar livre de qualquer poder superior
na Terra ,e não sob a vontade ou autoridade legislativa do homem, tendo somente a lei da natureza
como regra”. (LOCKE, 1978, p.43) Assim, ´podemos dizer que também no estado social, o homem deve
se subordinar somente àquele poder cujo consensualmente anuiu, estando livre para fazer tudo o que
não é defeso por tal poder, princípio de nosso Direito Constitucional “Ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CR, art. 5º II)
Em relação à escravidão, é mais do que clara a repulsa de Locke a tal modo de domínio,
gerador de infinitos conflitos e ninharias. Para ele, só existe uma possibilidade do mencionado m o d u s
v i v e n d i : os casos em que a pessoa perde o seu direito à vida. Podemos ter o exemplo de um
cidadão que cometeu alguma falta gravíssima passível de pena de morte, casos em que Locke,
reconhece a possibilidade de escravização: “aquele a quem a entregou [a vida] pode, quando o tem
entre as mãos, demorar em tomá-la, empregando-o em seu próprio serviço”…(LOCKE, 1978,p.43)
CAPÍTULO V – DA PROPRIEDADE
Locke considera em seguimento ao Gênesis, que Deus deu a Terra aos homens em comum,
para que estes se utilizassem desta para a subsistência e conveniência. “Embora a terra e todas as
criaturas inferiores sejam comuns a todos os homens, cada homem tem uma propriedade em sua
própria pessoa; a esta ninguém tem qualquer direito senão ele mesmo.” (LOCKE, 1978, p.45) Note-se
que Maquiavel anteriormente a Locke nos deixou ensinamentos neste sentido, ao dizer no cap. XIX de
sua obra “O Príncipe” que para que não seja odiado por seus súditos, o Príncipe jamais deve usurpar
os bens e patrimônio destes: “quando os súditos têm seu patrimônio e honra respeitados, vivem
geralmente satisfeitos”. (MAQU IAVE L, 2004,p. 110)
Em continuidade, Locke nos diz que aquele espaço ao qual o indivíduo incorporou para si
através do trabalho é de sua propriedade exclusiva e não lhe pode ser contestada (salvo problemas de
escassez), pois se necessitássemos do consentimento de todos para apropriarmo-nos de uma
macieira, por exemplo, morreríamos de fome “É a tomada de qualquer parte do que é comum com a
remoção para fora do estado em que a natureza o deixou que dá início à propriedade.” (LOCKE, 1978,
p.46)
Assim o é também com a terra: “a extensão de terra que um homem lavra, planta, melhora,
cultiva, cujos produtos usa, constitui sua propriedade.” (LOCKE, 1978, p.47)
Locke ressalta a importância do trabalho nesse sentido, ou seja, de incorporação de maior
propriedade, algo que foi demasiado crucial no âmbito do protestantismo, que incorpora tal conduta à
preceitualização divina: “ aquele que em obediência a esta ordem de Deus, dominou, lavrou e semeou
parte da terra, anexou-lhe por este meio algo que lhe pertença.. . ” ( I d e m ) Note-se que Max
Weber (1864-1920), em sua obra “A Ética protestante e o espírito do Capitalismo” fez uma abordagem
muito importante nesse sentido, ao afirmar que a mencionada conduta (do trabalho como importante para
a dignificação do homem), foi muito importante no âmbito do desenvolvimento do Capitalismo, à medida
em que concorreu para o desenvolvimento econômico-social por ter o trabalho como base importante em
sua doutrina. (WEBER, 2004)
Quanto aos problemas relativos à escassez das terras, Locke considera impossível tal
contestação, pois o espaço dado por Deus a cada um dos homens para usufruto é mais do que suficiente
para sua satisfação, e no caso de desacordo com qualquer outro homem, é passível de modificação,
podendo aquele que teve sua propriedade disposta a terceiro, trocá-la por outra tão quão produtiva
quanto a anterior.
Retornando à questão do trabalho, Locke nos chama a atenção não só para o acúmulo de
propriedade, mas também para a sua valorização: “. . .considere qualquer um a diferença que existe entre
um acre de terra plantado [...] e um acre da mesma terra em comum sem qualquer cultura e verificará que
o melhoramento devido ao trabalho constitui a maior parte do valor respectivo.” ( I d e m , p.50) “A
grande arte do governo consiste no aumento de terras e no uso acertado delas”(I d e m , p.51)
Ao longo do tempo, com o crescimento populacional, a escassez passou a ser iminente, o que
culminou em pactos e leis fixando os limites dos respectivos territórios, dando ênfase à legitimidade de
sua posse.
Em seguida Locke nos explica o surgimento do dinheiro, advindo da necessidade de se
acumular bens sem o problema da fungibilidade, ou seja, sem o perecimento de seus bens com o tempo.
(Note-se que o processo se iniciou com a permuta ou troca, que aos poucos foi sendo substituída pela
moeda – “as moedas fabricadas com uma liga de ouro e prata apareceram pela primeira vez no século VI
a.C. Tanto os monarcas como os aristocratas, as cidades e as instituições começaram a cunhar moedas
com seu sinete de identificação para garantir a autenticidade do valor metálico da moeda.” (ENCARTA
2001)
José Afonso da Silva em seu “Curso de Direito Constitucional Positivo”,considera a propriedade
como direito individual indispensável (p.180), ao lado da vida, igualdade, liberdade e segurança, todos
elencados no art. 5º de nossa Carta Magna, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos, que
assim define em seu Inciso XXIII: “ a propriedade atenderá a sua função social”, e em seu inciso XI que “a
casa é asilo inviolável.”
Tais desígnios são pertinentes da primeira leva de direitos a serem assegurados aos
indivíduos ainda na idade Moderna (os quais J. J. Canotilho define como “Direitos de Defasa do cidadão
perante o Estado,” considerando Locke o pai do individualismo possessivo, p.384; Moraes chama-os de
“Direitos da primeira Geração ou negativos”, sucedidos pelos sociais, econômicos e culturais (2ª), e pelos
de solidariedade ou fraternidade (3ª) p.27;) com a declaração dos direitos do homem e cidadão pouco
após o término da Revolução Francesa, com a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que
deveriam ser dispostas em quaisquer constituições que viessem a existir, sendo substituída a
p o s t e r i o r i , pela “Declaração Universal dos Direitos Humanos” em 1948 pela assembléia das Nações
Unidas.