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Dr. J. H.

Reyner

Colaboradores:
Dr. George Laurence
Dr. Carl Upron

MEDICINA PSIÓNICA
Estudo e Tratamento dos Fatores Causativos da Doença

Tradução
GILSON CÉSAR CARDOSO DE SOUSA

EDITORA CULTRIX
São Paulo
Sumário

Agradecimentos . 7
Introdução (pelo Professor Ervin Laszlo) . 9

Prefiício à Terceira Edição . 15

Prefiício à Segunda Edição . 17

Prefiício à Primeira Edição . 19

Parte 1 A Ciência e a FilosofUz da Medicina Psiônica . 21


Capítulo 1: Urna Nova Dimensão na Medicina . 23
Capítulo 2: A Hipótese do Campo Psi: Algumas Considerações . 39
Capítulo 3: Medicina Ortodoxa - Do Sistema Filosófico à Ciência . 52
Capítulo 4: Corpos Sutis e Medicina Psiônica . 64
Capítulo 5: Homeopatia - A Medicina Sutil . 82
Capítulo 6: Miasmas e Toxinas . 92
Capítulo 7: A Teoria Unitária da Doença . 103
Capítulo 8: Intuição, Percepção Extra-Sensorial e Fenômenos Psi . 112
Parte 2 História e Prática da Medicina Psiônica . 123
Capítulo 9: A História da Rabdomancia e da Radiestesia . 125
Capítulo 10: Rabdomancia Prática . 134
Capítulo 11: A Abordagem Psiônica . 142
Capítulo 12: A Medicina Psiônica na Prática . 163
Capítulo 13: O Método Psiônico na Odontologia . 183
Capítulo 14: A Medicina Veterinária Psiônica . 189
Conclusão..................................................................................................... 199

Bibliografia Selecionada................................................................................ 203


Leituras Recomendadas 208
Agradecimentos

Inúmeras pessoas contribuem para a elaboração de um livro. Eu gostaria de agrade-


cer a J. H. Reyner, a George Laurence e a Carl Upton por nos darem este. Agra-
deço também ao Dr. Gordon Flint, presidente do Instituto de Medicina Psiônica,
pelo prefácio; ao Dr. Farley Spink, diretor do Instituto de Medicina Psiônica, pelo
capítulo sobre Miasmas e Toxinas, e ao Dr. Mark Elliott, primeiro veterinário a
aplicar a técnica psiônica, pelo capítulo sobre Prática da Veterinária Psiônica.
Toda a minha gratidão à Ora. Pam Tatham, atual secretária do Instituto de
Medicina Psiônica, e ao Dr. Geoffrey Goodyear, secretário anterior, por seus co-
mentários a respeito do manuscrito. Agradecimentos também aos colegas Ora.
Carol Brierly, Sr. David Hooper, Dr. Vincent Mainey, Dr. Peter Mansfield, Dr.
Leon Wyman e Dr. David Williams, pelas idéias exaradas em seus artigos e pales-
tras. Sou grato igualmente à Ora. Anne Wynne-Simmons, associada de longa data
e incentivadora da Medicina Psiônica.
O apoio da Sociedade Médica Psiônica foi de valor inestimável. Agradeço, em
particular, a Sir Charles Jessel, presidente da Sociedade, pelo seu inabalável entu-
siasmo, ajuda e liderança. Sou grato ainda ao Dr. Solveig McIntosh, vice-presi-
dente da Sociedade, Sr. John Fryer, secretário, e Sr. Edwin Barelay, tesoureiro. O
mesmo se aplica aos membros da Sociedade Médica Psiônica pelo seu interesse e
apoio ao método.
Um agradecimento especial ao meu amigo e colega, Quincy Day Rabôt, com
quem mantive tantas e tão agradáveis conversas sobre medicina energética e Medi-
cina Tradicional Chinesa.
Agradeço efusivamente ao professor Ervin Laszlo, patrono da Sociedade Mé-
dica Psiônica, por ter com tanta eloqüência descrito sua visão da nova ciência,
formulada com imensa erudição em sua Hipótese do Campo Psi, que compõe o
segundo capítulo do livro.
Minha gratidão aos nossos editores, The C. W Daniel Co. Ltd., que, como
sempre, fizeram parecer muito fácil a publicação de uma obra.
Finalmente, agradeço a Mollie, Rachel, Kate, Ruth e Andrew, respectivamen-
te mãe, esposa e filhos, por suportarem com paciência mais outro projeto editorial.

K. S.
Introdução
(pelo Professor Ervin Laszlo)

É verdadeiramente prazeroso escrever a Introdução para um livro que dá tão rara


e significativa contribuição ao nosso bem-estar individual e coletivo. Medicina
Psiônica: Estudo e Tratamento ckJsFatores Causativos da Doença coloca o leitor a par
da natureza e realizações desse ramo notavelmente desenvolvido da ciência da cura
que ostenta o nome de Medicina Psiônica.
Tive o privilégio de conhecer em primeira mão a eficácia dessa forma de me-
dicina, pois estive sob cuidados médicos psiônicos durante quase uma década.
Minha experiência pessoal confirma uma tese a que cheguei independentemente,
fazendo inferências a partir dos últimos achados das ciências físicas e biológicas.
Segundo essa tese, o organismo vivo não é um simples mecanismo ou sistema
bioquímico, mas uma articulação complexa de componentes moleculares, celula-
res e de campo. Isso é bastante pertinente, dado que a Medicina Psiônica não atua
sobre as moléculas ou células do organismo e sim sobre o campo que governa os
processos moleculares e celulares.
Postular um campo como elemento básico no organismo vivo não é coisa
nova na história da biologia do século XX. Já em 1925, o biólogo vienense Paul
Weiss, inspirado pela teoria da Gestalt de Wolfgang Koehler, aplicou o conceito de
campo aos processos de regeneração de membros nos anfíbios, estendendo-o mais
tarde a todas as formas de ontogênese. Fiando-se em seu trabalho experimental,
Weiss concluiu que o aparecimento de órgãos e tecidos durante o desenvolvimen-
to indica que as partes emergentes estabelecem relações espaciais padronizadas
exibidas em traços geométricos de posição, proporção e orientação. Essas, diz ele,
são "ações de campo". Cada espécie tem o seu próprio campo morfogenético; e o
campo morfogenético de cada indivíduo é uma sucessão hierárquica de campos
subsidiários.
De igual modo, na década de 1920, o biólogo russo Alexander Gurwitch
observou que o papel das células individuais na embriogênese não é determinado
nem pelas suas propriedades intrínsecas nem pelas suas relações com as células

9
10 MEDICINA PSIONICA

vizinhas, mas sim por um fator que parece envolver todo o sistema de desenvolvi-
mento. Trata-se, afirma ele, de um amplo campo sistêmico de força criado pelo
efeito mútuo dos campos de força individuais em associação com as células. Os
limites do campo de um embrião, por exemplo, não coincidem com os limites do
próprio embrião: vão além. A embriogênese, sustenta Gurwitch, ocorre dentro do
campo morfogenético do embrião.
Em 1934, Conrad Waddington introduziu a idéia dos "campos de indi-
viduação", que atuam na formação dos órgãos, e em 1957 estendeu a tese do
campo aos "creodos", que são os rumos evolutivos da embriogênese. Essa noção
foi elaborada por René Thom em modelos matemáticos que representam o estado
para o qual o organismo avança, mediante "bacias de atração" dentro dos campos
morfogenéticos. Na década de 1950, Harold Saxton Burr, da Universidade de
Yale, avaliou as propriedades eletromagnéticas do que chamou de campo L (life,
"vida"), ao mesmo tempo que seus colaboradores mostravam que esse campo se
desvanece com a morte do organismo.
Embora as teorias do campo biológico surgissem nos anos de 1920 e alcanças-
sem enorme popularidade em meados do século, as propriedades físicas dos cam-
pos não estavam bem definidas e, nas décadas seguintes, deixaram de suscitar
interesse. Na embriologia, por exemplo, os métodos bioquímicos não possibilita-
ram aos pesquisadores descobrir a natureza dos campos que governam a polarida-
de dos membros, a esquematização neural, a indução de lente e outros processos
de desenvolvimento. Os conceitos de campo passaram a ser vistos como puramen-
te especulativos e, em anos recentes, apenas uns poucos pesquisadores insistiam
em elaborar teorias do campo biológico. Em geral, os biólogos transferiram sua
atenção para a bioquímica de mecanismos genéticos específicos, abordagem vigo-
rosa que ensejou uma série de aplicações práticas.
Nas últimas décadas, porém, embora menos conhecidos que a pesquisa dos
mecanismos e códigos genéticos, os conceitos de campo voltaram à tona, na van-
guarda da pesquisa biológica. O biólogo canadense Brian Goodwin sugeriu, com
base no campo, um conceito de regeneração e reprodução, processos nos quais um
todo é gerado por uma parte. Isso, afirma ele, não pode ser considerado unica-
mente em termos de plasma germinal e DNA, mas também como produto das
propriedades de campo dos organismos vivos. Os campos biológicos engendram
ordens espaciais que influenciam a atividade dos genes, enquanto a atividade ge-
nética influencia por sua vez os campos. O campo é a unidade de forma e organi-
zação, ao passo que as moléculas e células que constituem o corpo são as unidades
de composição: os campos estruturam-nas a seguir na ordem que irá caracterizar o
organismo. A vida é uma "dança sagrada" de células dentro dos organismos e dos
organismos em seu meio, onde os campos biológicos mantêm a cadência dos pa-
res. Rupert Sheldrake, por seu turno, apresentou a "hipótese da causação formativà',
INTRODUÇÃO 11

segundo a qual os campos mórficos estão associados a todos os organismos vivos e


são responsáveis por sua perpétua morfogênese.
Sem dúvida, a presença de campos complexos associados à matéria celular
jamais foi contestada em biologia - a prova oriunda da biofísica não admite
contradição. Contudo, nas ciências biológicas ortodoxas, o papel e a função dos
campos magnético, elétrico, etc., associados à matéria celular, não foram conside-
rados importantes para o funcionamento do organismo: eles seriam meros efeitos
secundários, produzidos bioquimicamente por células, tecidos e órgãos
comunicantes. A recente redes coberta dos campos biológicos representa uma
mudança fundamental de ênfase. Lembra o "desvio forma-pano de fundo" descri-
to pelos psicólogos da Gestalt, onde a percepção visual de uma imagem avança e
recua na medida em que se vê um de seus aspectos como forma ou pano de fundo.
Na biologia e na medicina ortodoxas, a forma é o conjunto de moléculas orgânicas
que constituem a célula, enquanto os campos produzidos pela comunicação celu-
lar - se são levados em conta - são vistos como um pano de fundo real, mas
psicológica e medicamente insignificante. Em contrapartida, tanto na pesquisa de
ponta quanto na medicina alternativa, a forma é o campo; as moléculas, células e
órgãos sobre as quais o campo atua são o pano de fundo.
O atual desvio-Gestalt ocorre em virtude da descoberta experimental de
interação ampla e quase instantânea dentro do organismo e, também, da desco-
berta por parte da medicina alternativa da interação sutil, mas efetiva, entre médi-
co e paciente. Parece que o organismo vivo é um sistema de interconexão instan-
tânea que se mantém em seu próprio meio como um todo, sofre danos como um
todo, mas pode também, como um todo, curar-se. Esses aspectos dependem abso-
lutamente da coordenação de campo do grande número e da ampla variedade de
processos moleculares e celulares do organismo.
Reconhecer a primazia dos campos na manutenção e restabelecimento da saú-
de é fundamental para a medicina contemporânea. Segundo esse conceito, o fun-
cionamento do organismo não lembra a atividade de uma máquina, de vez que as
meras manipulações cinéticas só têm valor corretivo em casos específicos como,
por exemplo, os da alçada dos quiropráticos. O funcionamento do organismo
também não é plena e adequadamente representado pelo conceito de sistema
bioquímico, motivo pelo qual os tratamentos alopáticos prescritos pela medicina
ocidental ortodoxa têm aplicação limitada. O complemento do tratamento mecâ-
nico e bioquímico é a terapia baseada no campo, convincentemente representada
pela medicina psiônica.
O lema da medicina psiônica, "TOlte Causam" (Procure a Causa), justifica-se
plenamente. Tratar o campo do organismo significa tratar o aspecto básico da
condição viva, aquele que, no sentido cibernético, "governà' a interação orques-
12 MEDICINA PSIONICA

trada dos incontáveis componentes bioquímicos do organismo. A doença não


passa do comprometimento da integridade do campo que governa o organismo e,
como tal, é própria e eficazmente tratada. Em compensação, tratar os processos
bioquímicos do paciente significa tratar as conseqüências inevitáveis do compro-
metimento de seu biocampo e não a causa do mal, que é o desgaste do campo em
si. A terapia convencional, ilustrada por exemplo pelo uso de antibióticos de largo
espectro, envolve medidas desnecessariamente drásticas; seria o mesmo que alvejar
mosquitos com balas de canhão. Cuidar do campo que governa o organismo é
bem menos invasivo e muito mais eficaz.
Outro aspecto da medicina psiônica que merece comentário é o seu funciona-
mento por distâncias finitas até agora não avaliadas. Isso que à primeira vista
parece um sofisma, um diagnóstico a distância - e mesmo, em certos casos, uma
cura a distância - se explica quando reconhecemos que o campo que permeia e
governa o organismo celular ou multicelular é um campo quântico. Não se trata
de uma conclusão ad hoc. decorre da descoberta de que o leque da coerência bio-
lógica transcende o leque da transmissão dos sinais bioquímicos, mesmo quando a
sinalização bioquímica se revela notavelmente eficiente. A coerência exibida pelos
organismos vivos (a correlação simultânea e quase instantânea das partes entre si)
é uma forma de coerência quântica, do tipo que só se pode explicar por referência
aos conceitos e leis da teoria dos quanta. Os biólogos da recente disciplina da
biologia quântica falam de uma "função de onda macroscópica do organismo" e
consideram o tecido vivo uma espécie de condensado de Bose-Einstein, no qual
efeitos análogos à superfluidez e à supercondutividade ocorrem a temperaturas
normais.
Teorias e conceitos que se destacam na biologia de ponta indicam que o
biocampo do organismo constitui uma manifestação específica de um campo
quântico mais fundamental- um campo que enseja a interação na natureza físi-
ca. O biocampo é uma estrutura local dentro de um campo mais vasto e mais
básico: o campo que, independentemente uns dos outros, este escritor e os funda-
dores da Medicina Psiônica denominaram "campo psi". Minha teoria do campo
psi oferece uma descrição de ciência natural da transmissão de informação que
transcende o tempo e o espaço, nascida da prática da medicina psiônica.
A Medicina Psiônica anuncia o advento de uma nova era no exercício da
profissão médica, com potenciais de cura e manutenção da saúde que representam
importante contribuição ao repertório do tratamento desenvolvido na medicina
bioquímica. Na Medicina Psiônica, o fator crítico não é a química nem a inter-
venção cirúrgica - embora tais métodos ainda devam ser indicados em certos
casos - e sim as "informações" sutis que afetam o biocampo do paciente. O livro
que o leitor ora tem em mãos proporciona uma visão notavelmente clara e concisa
INTRODUÇÃO 13

do que vem a ser medicina psiônica, como funciona e por que merece o tipo de
atenção que hoje em dia apenas os avanços no âmbito das moléculas e da genética
têm recebido. Faz jus ao interesse sério e urgente tanto dos leigos quanto dos
profissionais da medicina.
Prefácio à Térceira Edição
(pelo Dr. Gordon Flint)

É para mim uma honra e um privilégio ter sido convidado para escrever este
prefácio à cuidadosa revisão feita pelo Dr. Keith Souter das duas edições anteriores
de Medicína Psiônica.
Uma das palavras mais importantes dessa nova obra é "interconexão" - e o
leitor certamente apreciará ser levado ao longo da história da medicina, dos tem-
pos antigos onde imperava a filosofia oriental, via Hipócrates e a cultura mais
ocidentalizada, até o século XXI e a medicina energética, à qual nos dedicamos,
auxiliados pelas pesquisas do professor Ervin Laszlo e sua Hipótese do Campo Psi.
Todo aspirante à prática psiônica bem-sucedida contribui para ela com sua
própria habilidade atual, graças ao treinamento recebido nas ciências médica,
odontológica e veterinária, secundado por anos de experiência clínica, primeiro
na medicina ortodoxa, mais tarde na homeopática e finalmente nas técnicas da
prática psiônica, além, talvez, do trato com outros ramos da ciência e áreas como
acupuntura e hipnose médica.
A primeira e mais importante habilidade deve ser o uso de nosso sentido da
rabdomancia, o qual, como os cinco básicos, já possuímos ao nascer. No entanto,
se em poucos anos adquirimos boa dose de profidência na interpretação do ambi-
ente imediato por meio da visão, audição, olfato, paladar e tato, às vezes são neces-
sárias décadas para podermos fazer uso prático de nossa capacidade rabdomântica.
Como se pode notar num quadro de distribuição padronizado, cerca de 10% das
pessoas revelarão considerável habilidade, 10% nada realizarão de notável e o res-
to, com a prática, conseguirá alcançar níveis bastante aceitáveis, à medida que esse
sentido for se tornando tão confiável quanto os outros cinco.
Tive a honra de estudar com Carl Upton, a quem disse certa feita: "Gostaria
de ter conhecido a Medicina Psiônica há dez anos atrás." Sua resposta instantânea
foi: "Meu caro Gordon, há dez anos você não estava pronto para ela." Tinha razão,
é claro.
No que diz respeito à Homeopatia, um bom conhecimento e uma boa experi-
ência da filosofia básica, princípios e prática, tais quais preceituados por Samuel
15
16 MEDICINA PSIONICA

Hahnemann, são essenciais. Sempre que possível, cumpre freqüentar cursos de


instrução nos diversos centros de ensino do país. Não obstante, nenhum dos três
grandes nomes da Medicina Psiônica - Laurence, Upton e Wesdake - tem
qualificações específicas nessa área, e o Dr. Farley Spink, nosso atual diretor, foi o
primeiro a empregar seu talento na experimentação da homeopatia clássica, para
enorme proveito de nós todos.
Mark Elliott, nosso primeiro veterinário, deu especial contribuição ao conhe-
cimento geral da prática psiônicai e ele sabe qual poderá ser o conteúdo de uma
futura edição do presente livro.
Neste momento de reavaliação e revalidação, acreditamos ser conveniente res-
tringir o adestramento no método psiônico a médicos, dentistas e veterinários.
Mas, num futuro previsível, quando se falará muito de alimentos geneticamente
modificados (ou mutilados), talvez precisemos recorrer à ajuda de outras fontes: a
botânica e a agronomia, por exemplo.
J. E. R. McDonagh, cujas idéias e trabalhos tanto incentivaram nosso funda-
dor-presidente, George Laurence, sustentava que o ponto de partida mais impor-
tante era o solo, o solo saudável, com "clima" microbiológico sadio. Esse solo
garantiria colheitas saudáveis, gado saudável e gente saudável. Isso, nem é preciso
dizer, inclui água limpa e potável, não-contaminada por resíduos e aditivos poten-
cialmente venenosos.
O treinamento inicial em Medicina Psiônica dutará pelo menos um ano, a
fim de se adquirir experiência. Daí por diante, a prática contínua gerará um signi-
ficativo grau de satisfação profissional, à medida que os vários desafios apresenta-
dos pelos pacientes, em sua maneira única e individual, nos encorajar a determi-
nar, como Laurence, por que as pessoas adoecem.
Prefácio à Segunda Edição
(pelo Dr. Carl Upton)

Alexis Carrel, ex-membro do Instituto Rockefeller de Pesquisa Médica, escreveu


em seu livro O Homem, esseDesconhecido, que existem dois tipos de saúde: a natu-
ral e a artificial. A medicina científica, disse ele, deu ao homem a saúde artificial e
a proteção contra muitas doenças infecciosas. Foi um dom maravilhoso. O ho-
mem, porém, não deveria ter de confiar na medicação contínua, com suas dietas
especiais e seus produtos químicos sintéticos. Se corpo e mente estiverem em har-
monia, o organismo funcionará de maneira naturalmente saudável. Há, com efei-
to, certos indivíduos que parecem possuir urna imunidade intrínseca, que não
apenas resiste à infecção corno retarda a velhice. Ternos de descobrir o seu segredo.
George Laurence endossaria de bom grado essa visão. A medicina convencio-
nal considera o corpo urna máquina falível, da qual as peças podem quebrar a
qualquer momento, necessitando de freqüentes reparos ou mesmo de substitui-
ção. Laurence, contudo, via-a corno urna estrutura superiormente inteligente,
animada por um padrão apropriado, embora invisível, de força vital. Todavia, por
urna série de causas, algumas herdadas, outras adquiridas por acidente ou uso
incorreto, esse padrão subjacente pode se distorcer, daí resultando um dis-
tanciamento do estado natural de saúde.
Sua grande façanha foi a descoberta de um meio de comunicação com esse
padrão invisível e o aperfeiçoamento da técnica que ele chamou de Medicina
Psiônica, pela qual os desarranjos da força vital podem ser detectados e possivel-
mente corrigidos. Laurence conseguiu, graças a urna análise simples e direta, pres-
crever remédios homeopáticos adequados que, segundo descobriu, atuavam de
um modo harmônico e atóxico, removendo as causas sutis e freqüentemente en-
tranhadas da doença. Seguiu esse caminho inspirado até quase o fim de sua longa
vida. Faleceu a 11 de outubro de 1978, pouco depois de seu nonagésimo oitavo
aniversário.
É claramente desejável que os médicos familiarizados com a verdade dessas
idéias possam ser adestrados nas técnicas básicas da abordagem médica psiônica,
para que comecem a aplicar os métodos. Isso, em verdade, já está acontecendo no
17
18 MEDICINA PSIONlCA

Instituto de Medicina Psiônica, embora não sem problemas. Mora a dificuldade


de aceitar desvios de hábitos estabelecidos, exigem-se sacrifícios de tempo e di-
nheiro para o aprendizado das habilidades necessárias. Mas, a despeito disso, nota-
se crescente interesse da parte tanto dos médicos quanto do público, sendo que
milhares de pacientes já foram tratados com sucesso.
A Medicina Psiônica é natural e requer, conjuntamente, o emprego da intui-
ção e da vasta provisão dos remédios proporcionados pela natureza. Não se trata
de uma medicina "radical", mas de um método singularmente prático que uriliza
os recursos naturais para identificar e debelar as causas ocultas das doenças que
afligem a humanidade hoje em dia.
Prefácio à Primeira Edição
(pelo Dr. George Laurence)

Acho gratificante que um cientista da estatura do Sr. Reyner esteja tão profunda-
mente convencido do valor dos métodos psiônicos de diagnose.
Médico há mais de sessenta e cinco anos, estou desapontado com o pouco
progresso registrado na medicina, sobretudo quando comparado aos avanços na
cirurgia e outras áreas afins. Todos os dias, são anunciados incontáveis tratamen-
tos e curas, que em geral baseiam-se em novas substâncias químicas sintéticas -
ignorando as causas. O princípio psiônico investiga a causa do desvio da saúde
normal antes de haver-se com os sintomas.
Espero que o livro aguce o interesse por esse ramo tão importante da ciência
médica.

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PARTE 1

A CIÊNCIA E A FILOSOFIA
DA MEDICINA PSIÔNICA

21
Uma Nova Dimensão
na Medicina

A Natureza abomina o vdcuo.


- François Rabelais (c. 1494-1553)

Há altera consideravelmente. Podemos citar o tratado clássico de Harvey


épocas,
sobre na história
a circulação médica, em
sanguínea, em que
1628,a tendência do conhecimento
ou os estudos se
microbiológicos
de Louis Pasteur e a descoberta dos raios X por Wilhelm Rõntgen, no século XIX.
O século XX presenciou a descoberta da penicilina por Fleming, em 1928, a leitu-
ra do código do DNA por Watson e Crick, em 1953, e o primeiro transplante de
coração pelo Or. Christian Barnard, em 1967. No início do século XXI, os cientis-
tas se empenham na decifração do genoma humano.
Ao mesmo tempo, ampliou-se em muito o conhecimento da constituição físi-
ca da matéria viva, tanto no que toca à complexa estrutura das células quanto à
comunicação entre elas, em conseqüência do que a prática médica pôde vislum-
brar novos tratamentos para inúmeros achaques do corpo, às vezes com resultados
espetaculares. Esses mesmos sucessos, no entanto, fomentaram uma confiança
indevida nos aspectos materiais da medicina, dada a crença de que o pleno conhe-
cimento dos mecanismos físicos permitiria, no fim, a cura de todos os sofrimentos
da carne. Na verdade, a biologia molecular e a engenharia genética estão progre-
dindo tão rapidamente que, segundo se acredita, em poucas décadas teremos a
chave da base genética de muitas formas de câncer e doenças crônicas. Mas isso é
ilusório porque, embora uma aplicação inteligente do conhecimento material possa
acarretar uma melhoria de condições, os sintomas clínicos são apenas a prova
física de algum distúrbio da energia vital do corpo. Essa tese não constitui, em si,
uma nova filosofia, pois tem sido cultivada, se não reconhecida, há pelo menos
dois mil e quinhentos anos. De fato, Hipócrates, considerado o Pai da Medicina,
sustentou que a doença não se manifesta puramente como moléstia (pathos), mas
23
24 MEDICINA PSIONICA

também como esforço (ponos) do corpo para restaurar o equilíbrio de suas nm-
ções. Esse poder de cura intrínseco é conhecido como Vis Medicatrix Naturae,
sendo que o médico esclarecido sabe muito bem que seu verdadeiro papel consiste
apenas em estimulá-lo criando as circunstâncias adequadas para que ele opere o
mais livremente possível.
Sejamos claros nesse ponto: são os próprios mecanismos de cura do indivíduo
que realmente arrostam a doença, não os do cirurgião, do clínico ou de qualquer
outro profissional de saúde envolvido. O cirurgião pode remover um tumor, mas
é o corpo que cura a ferida. De igual modo, o clínico pode prescrever uma droga,
mas é o corpo do paciente que responde a ela.
Os mecanismos de cura, chamados em fisiologia de "homeostáticos" ou auto-
reguladores, funcionam permanentemente para dar o melhor ao indivíduo. Regu-
lam processos como metabolismo, temperatura, equilíbrio fluido e mineral, quí-
mica sanguínea, e produção e distribuição de células. Quando o corpo se vê
pressionado de alguma maneira, esses mecanismos tentam automaticamente res-
taurar certo nível de equilíbrio. Não raro o indivíduo percebe tais mudanças como
incomuns ou desagradáveis. Trata-se dos sintomas da doença, com o corpo pro-
curando corrigir o problema. A questão é que nem sempre os mecanismos voltam
completamente à normalidade. Embora as funções retomem ao "serviço quase
normal", isso tem um custo, que pode ser a redução da função, sua alteração ou a
da estrutura. Essencialmente, na maioria dos casos, o que ocorre não é um
reequilíbrio e sim uma compensação.
A medicina ocidental ortodoxa baseia-se solidamente num modelo reducionista.
Sem dúvida, isso logrou êxito em diversos campos, mas tem limitações óbvias. Ela
rejeita o conceito do "princípio vital" e considera o corpo uma integração comple-
xa de células, tecidos, órgãos e sistemas controlados bioquimicamente e supervi-
sionados por um computador biológico interno, o cérebro. Em muitos outros
sistemas médicos bem-sucedidos (e, globalmente, a medicina e a cirurgia ociden-
tais ortodoxas aparecem apenas em quarto lugar na provisão de cuidados médi-
cos), o princípio vital constitui o cerne de sua filosofia. Um número crescente de
médicos, e maior ainda de pacientes, acredita que essa limitação é francamente
prejudicial ao progresso da medicina.

Controle bioquímico ou biofísico


Em bases puramente lógicas, as limitações do modelo predominantemente
bioquímico são claríssimas. O corpo humano é composto de um número muito
grande de células que trabalham de diferentes maneiras, segundo o tipo de tecido
a que pertencem. Para qualquer escolar, é uma velha história o fato de o corpo
renovar-se a cada sete anos. Isso significa que, nesse período, todas as células dos
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 25

tecidos lisos são substituídas pelo menos uma vez. Com efeito, há sempre deter-
minado grau de crescimento, reparo, reprodução e eliminação de células mortas
no organismo. Um controle bioquímico dessa complexidade, para manter o bom
equilíbrio e assim preservar a integridade do sistema inteiro, é simplesmente
absurdo.
Não: se os controles químicos que conhecemos conseguem indubitavelmente
explicar até certo ponto como as células do corpo se integram, temos de postular
outro controle mais abrangente - um tipo de sistema de informação energético
ou campo de energia, talvez.
Dissemos acima que o princípio vital está no cerne de diversos sistemas de
medicina. Os chineses chamam-no de chi e os iogues indianos, de prana. Afora
isso, foi aventado ou "redescoberto" por muitos estudiosos ao longo da história.
Por exemplo, Paracelso denominava-o munia; para os alquimistas, era o fluido
vita~ e o barão Von Reichenbach, o químico alemão que descobriu o creosoto,
dava-lhe o nome de odyle. No século XX, Wilhelm Reich chamou-o de orgone,
Rudolph Steiner de força formativa etérica e outros de bioplasma, plasma biológico
ou biocampo.
Em todos esses casos, embora haja uma interpretação ligeiramente diferente,
o princípio vital é visto como uma forma de energia que permeia as criaturas vivas
e constitui parte integrante de seu ser. Trata-se de um campo, localizado dentro e
ao redor do organismo, que produz uma espécie de corpo etérico.
Esse "corpo" de energia parece funcionar como um sistema de informação,
fazendo as vezes de molde para o desenvolvimento fetal e o crescimento posterior,
além de organizar os tecidos e repará-Ios.

A pirâmide da medicina
Considerando-se que a medicina é uma prática tão imemorial quanto a própria
humanidade, convém utilizar um modelo para figurar ao mesmo tempo sua anti-
guidade e sua evolução: a pirâmide.
Em qualquer livro de história da medicina você lerá que as bases desse saber
científico foram lançadas quando o homem começou a en~ender a estrutura orgâ-
nica por meio da dissecação e do estudo da anatomia. A observação e a experimen-
tação conduziram em seguida a deduções sobre o funcionamento dos órgãos e
suas estruturas anatômicas. Daí nasceu a ciência da fisiologia. Graças à crescente
sofisticação dos instrumentos e à aplicação do conhecimento químico, desenvol-
veu-se a bioquímica. O papel da mente em relação ao corpo sempre constituiu
uma questão delicada, mas em conseqüência do aperfeiçoamento da Medicina
Corpo-Mente ou psiconeuroimunologia (PNI),l já começamos a perceber que os
processos mentais podem afetar as funções neurológica, hormonal ou imunológica.
26 MEDICINA PSIONICA

As quatro ciências formam, pois, a chamada pirâmide da medicina. É crença ge-


neralizada que esse edifício de conhecimento, tido como o melhor que a capacida-
de humana pôde produzir, explica tudo sobre o corpo e suas necessidades. As
reações bioquímicas nas células esclareceriam de que modo elas trabalham para
assegurar o funcionamento fisiológico das estruturas anatômicas do corpo. E, é
claro, a mente poderia atuar por intermédio dos canais de PNI.
No entanto, como indicamos acima, isso é mais uma mastabri- que uma pirâ-
mide (Figura 1). E ainda assim, como as mastabas do Antigo Egito, desempenhou
até certo ponto sua função. Foi necessário, primeiro, erguer essas estruturas para
compreender e depois planejar a conclusão do edifício.
Parece bastante apropriado, aqui, apresentar o grande Imhotepe (c. 2800 a.c.),
sumo-sacerdote de Rá, arquiteto real, médico pessoal e grão-vizir do faraó Djoser,
da Terceira Dinastia. Sir William Osler, decano dos médicos do século XX, escre-
veu que ele foi "a primeira figura de clínico a destacar-se nitidamente das brumas
da antiguidade". Em séculos posteriores, acabou deificado como um deus da cura
e identificado pelos gregos com Asclépio. Para receber hontas divinas, deve certa-
mente ter desenvolvido a prática da medicina de um modo notável. Além disso,
na qualidade de arquiteto do faraó Djoser, ele glorificou o Egito por milênios.
Redesenhou a mastaba de Djoser e criou a famosa pirâmide escalonada de Sacará,
dando assim ao mundo esse ícone da antiga sabedoria.

FISIOLOGIA

ANATOMIA

Figura 1

Assim, pode-se notar que o modelo bioenergético é uma extensão lógica do


modelo bioquímico aceito pela medicina ortodoxa, análogo à transformação da
mastaba em pirâmide. As ciências tradicionais conduziram-nos muito longe, mas
deixaram-nos lamentavelmente privados da verdadeira compreensão. De fato,
precisamos acrescentar um vértice à nossa pirâmide. Esse vértice é a energia
organizadora ou bioenergia e sua ciência apropriada será o que por enquanto
chamaremos de medicina energética (Figura 2).
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 27

FISIOLOGIA

ANATOMIA

Figura 2

o campo energético
A regeneração, modo pelo qual os organismos reproduzem partes danificadas ou
perdidas, é uma das áreas que sempre intrigou os bi610gos e se revelou uma fasci-
nante área de pesquisa no início do século xx. Em 1907, o w610go H. V. Wilson
realizou o experimento capital em regeneração ao forçar uma pequena esponja a
passar por uma peneira fina, separando assim as células e destruindo a organização
intercelular do organismo. Ap6s a separação, no entanto, as células isoladas
perambularam durante algum tempo até se reunir novamente num agregado con-
fuso, que em poucas semanas se remodelou numa esponja do tipo original.
Na década de 1920, Alexander Gurwitch postulou a existência de um campo
gerador da forma ou morfogenético, que explicaria o desenvolvimento embriol6gico
dos organismos. Supunha ele que esse campo organizador, uma espécie de diagra-
ma evolutivo, determinava o papel de certas células durante a embriogênese e não
suas propriedades individuais.
Nas décadas seguintes, vários cientistas pesquisaram o conceito de biocampo,
capaz de regular o crescimento e o desenvolvimento tanto das células quanto dos
tecidos dentro dos corpos. Entre eles, destacou-se o bi610go de Yale, Dr. Harold
Saxton Burr, que num período de mais de quarenta anos conduziu numerosos expe-
rimentos em organismos, de mixomicetos ao pr6prio homem. Burr concluiu que o
biocampo, a que chamou de L-field (Lift-fie/d., "campo vital"), era o esquema básico
da vida e que todo organismo tem um, o qual organiza e orienta sua estrutura geral.
Usando equipamento eletrônico de alta sofisticação, Burr demonstrou que o
campo vital podia ser medido e mapeado. Mais: suas pesquisas com humanos
provaram que as condições físicas e mentais determinavam modificações nas me-
didas do campo.
Fato interessante: em 1950, usando um "teste de mensuração elétrica" basea-
do no trabalho de Burr, o Dr. Louis Langman, do Departamento de Obstetrícia e
28 MEDICINA PSIONICA

Ginecologia da Universidade de Nova York, publicou um estudo onde indagava se


a medição das forças de campo em mulheres teria algum valor diagnóstico para a
detecção de cânceres. Ele e sua equipe concluíram que tais testes eram de fato
bastante acurados, simples de realizar e merecedores de mais estudo e pesquisa.
Outro de seus colaboradores, Leonard Ravitz, sustentou que o campo vital
desaparece pouco antes da morte física, de sorte que, quando a força organizacional
cessa, a vida não pode ser mantida.
Nos anos de 1960 alguns biofísicos, liderados por Viktor Inyushin em Alma-
Ata, ex-União Soviética, levaram a cabo extensas investigações com o que chama-
ram de "corpo energético". O que mais estimulou essa pesquisa foi a descoberta
do "efeito Kirlian" por Semyon Kirlian em 1939. Tratava-se de um processo
eletrográfico que gerava fotografias da aura do corpo. Notou-se que o estado da
aura variava conforme as condições de saúde da pessoa.
Inyushin concluiu que o corpo energético possui uma base física, uma constela-
ção elementar semelhante ao plasma constituída por partículas ionizadas, a que deu
o nome de plasma biológico ou bioplasma. Esse plasma seria, disse ele numa formula-
ção da Teoria do BiopkJsma, o substrato final dos processos tanto químicos quanto
eletrônicos, além de veicular todas as informações dentro do sistema. Explicando o
efeito Kirlian, ele deduziu que, como o bioplasma existe nos sistemas vivos, poderia
ser luminescente em certas circunstâncias - como quando um campo poderoso e
de alta freqüência era aplicado ao sistema, tal qual ocorria na fotografia Kirlian.
Nos anos de 1980, o biólogo Rupert Sheldrake propôs sua revolucionária
teoria dos campos mórficos. Com base na palavra grega morphe, que significa "for-
mà', Sheldrake postulou um campo de forma, padrão, ordem e estrutura. Esses
campos, acredita ele, organizam não apenas as entidades vivas, mas também a
conformação dos cristais e das moléculas. Assim, cada tipo de molécula, seja ela
uma proteína, uma hemoglobina ou um complexo cristal inorgânico, tem seu
próprio campo mórflco. Além disso, todo organismo, toda espécie de instinto ou
comportamento possuem um campo. Os campos mórficos são, pois, percebidos
como os campos organizadores da natureza. Até o que Jung chamou de inconsci-
ente coletivo pode enquadrar-se na teoria dos campos mórficos.
Sheldrake animou-se a desenvolver sua teoria em face dos inúmeros fenôme-
nos intrigantes da natureza que a química pura e os genes não conseguem explicar.
Por exemplo, embora uma única célula contenha toda a informação genética ne-
cessária à sua multiplicação num organismo completo, vegetal ou humano, por
que a forma final é sempre a mesma?
Também o impressionavam os fenômenos comportamentais, onde colônias de
organismos separados geograficamente e sem contato pareciam apresentar atitudes
semelhantes. Isso foi demonstrado em aves, símios e humanos. Uma colônia de
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 29

macacos, isolados numa ilha, aprendeu a lavar o alimento antes de comer; outras
colônias, sem contato físico ou meios de se comunicar, começaram a fazer o mesmo.
Isso, supõe Sheldrake, ocorre em virtude da ressonância mórfiea, fenômeno
pelo qual as estruturas prévias ou a experiência de organismos de determinada
espécie influenciam estruturas e organismos similares, contemporâneos ou subse-
qüentes. Graças a essa ressonância, o padrão e a informação formativa, ou influên-
cia, transmitem-se ao longo do tempo e espaço. Portanto, os membros vivos de
uma espécie estão ligados a membros antigos dessa mesma espécie e, dado que o
fenômeno da ressonância se fortalece com a repetição, uma atividade ou compor-
tamento adquirido, descoberto ou laboriosamente aprendido por indivíduos re-
motos, será rapidamente absorvido por outros.
A teoria do campo módico explica tais fatos com base em dois princípios, que
constituem parte integrante desses campos. Em primeiro lugar a criatividade; em
segundo, o hábito. Tomemos a bicicleta à guisa de exemplo. Há duzentos anos não
existiam bicicletas. Então alguém desenvolveu o conceito e elas surgiram. Esse foi
o passo criativo. (E quantas vezes não vemos novas "descobertas" sendo realizadas
independentemente quase ao mesmo tempo? Logo voltaremos a esse ponto.) Em
seguida, as pessoas começaram a aprender a andar de bicicleta, provavelmente
com grande dificuldade. Hoje, porém, centenas de milhões aprendem e circulam
sem sequer dar muita atenção ao processo. É o hábito, a repetição no interior da
espécie, que simplifica o processo de aprendizado.
Em suma, diz Sheldrake, a natureza é essencialmente uma formadora de hábi-
tos e todos os seus aspectos se baseiam nesse princípio. Poder-se-ia afirmar, em
conseqüência, que as leis da natureza são os hábitos da natuteza.

Vínculos culturais espontâneos


O estudioso da história espanta-se ante o número de casos em que culturas intei-
ras produziram de repente alguma descoberta que revolucionou por completo sua
sociedade. E isso parece ter acontecido espontaneamente, sem nenhuma conexão
óbvia. De fato, pode até ser que algumas dessas realizações ocorreram sem que
uma cultura sequer soubesse da existência da outra.
Artefatos da Idade da Pedra, provenientes do mundo inteiro, indicam por exemplo
que as primeiras ferramentas, inclusive o machado, surgiram ao mesmo tempo.
As pirâmides gigantes também apareceram por toda parte, no Egito, na Amé-
rica do Sul e no Camboja. Escritores como Graham Hancock aventaram uma
grande teoria pancultural plausível, com raízes numa civilização perdida. Mas,
como veremos, existe outra explicação.
O mais interessante, porém, é o aperfeiçoamento de habilidades: preparação
de alimentos, fabricação de queijos e pães, produção de álcool, cerâmica, cestaria
e confecção geral de ferramentas similares parecem ter ocorrido quase de novo.
30 MEDICINA PSIONICA

o mesmo se aplica aos grandes pensadores. Em seu livro The Whispering Pond,
o professor Ervin Laszlo fala da eclosão das culturas clássicas hebraica, grega, chi-
nesa e indiana, todas num lapso surpreendentemente curto de tempo. Exemplos
não faltam: a descoberta simultânea e independente do cálculo por Newton e
Leibnitz; a formulação independente da teoria da evolução por Darwin e Wallace;
a invenção do telefone por Bell e Gray, etc.
A teoria segundo a qual todos nós temos acesso a algum tipo de "campo"
torna-se cada vez mais atraente. E isso é fundamental para nossa discussão da
Medicina Psiônica.

A Medicina Psiônica
O objetivo principal da Medicina Psiônica está implícito no lema da Sociedade
Médica Psiônica: TO/teCausam, que significa "Procure a Causa" da doença. Embo-
ra a manifestação da doença possa ocorrer na esfera física, psicológica ou emocio-
nal, a causa reside muitas vezes no nível energético. Em outras palavras, é como se
ela se codificasse no interior do campo energético, passando a exercer seus efeitos
sobre o indivíduo pela ruptura do esquema organizacional desse campo.
Mas, antes de ir além, talvez seja conveniente discorrer um pouco mais a res-
peito do médico notável que desenvolveu esse sistema de medicina, o qual integra
a medicina ortodoxa, a homeopatia e a faculdade radiestésica.
George Laurence formou-se no St. George's Hospital, Londres, em 1904, tendo
estudado anteriormente na Universidade de Liverpool. E foi em Liverpool que ele
sofreu a influência de Sir Oliver Lodge, professor de física, à época um dos mais
destacados pesquisadores das propriedades das ondas eletromagnéticas. Depois de
trabalhar em diversos hospitais, fez pós-graduação no Royal College of Surgeons
(Edimburgo) e um ano mais tarde adquiriu um terço das ações de uma clínica em
Chippenham, Wutshire. Quase imediatamente seus dois sócios mais velhos foram
convocados para a guerra e ele teve de administrar a clínica sozinho, o que envolveu
funções hospitalares e consultivas durante perto de quarenta anos, entre as quais a de
oficial-médico do Hospital da Cruz Vermelha, cirurgião do Cottage Hospital, supe-
rintendente clínico do Isolation Hospital, Factory Surgeon e vacinador público.
Durante esse tempo, no entanto, ele foi se sentindo cada vez mais insatisfeito
com a obsessão ortodoxa por sintomas e drogas. Em suas próprias palavras:

Tive o pressentimento de que nem sempre sabia o que estava realmente fazen-
do - ou antes, por que estava fazendo. Em suma, ignorava as razões pelas
quais as pessoas adoeciam.
Era muito fácil tratar moléstias infecciosas comuns ou males agudos; mas,
face a distúrbios crônicos como tumores malignos, reumatismo, perturbações
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 31

nervosas degenerativas e outras doenças consideradas incuráveis, nenhum de


nós sabia o "porquê" e via-se reduzido a lidar com nomes e rótulos, sinais e
sintomas, sem lobrigar a causa. Assim, o alívio temporário dos sintomas era o
máximo que eu e meus colegas podíamos fazer na época.

Na tentativa de descobrir a causa das doenças, Laurence leu bastante e perce-


beu que três cientistas pareciam oferecer-lhe as chaves. Primeiro, Samuel Hah-
nemann com seu método homeopático; segundo, Rudolph Steiner, sobretudo pela
sua concepção das forças formadoras da natureza; e finalmente J. E. R. McDonagh
e sua Teoria Unitária da Doença. (Adiante examinaremos seus trabalhos com mais
pormenores.)
Por essa época, entrou casualmente em contato com o Dr. Guyon Richards e
inteirou-se da idéia da rabdomancia médica. Isso mostrou ser a chave daquilo que
procurava, pois há muito estava convencido de que o corpo físico é apenas parte
de uma estrutura mais vasta, irreconhecível pelos sentidos comuns. Ele achava que
era nessa esfera não-manifesta que as energias vitais operavam e descobriu que,
graças ao uso do pêndulo, podia detectar desarranjos das forças responsáveis pelos
distúrbios físicos e psicológicos, os quais, por sua vez, se traduziam em sintomas
clínicos.
Observou então que, ampliando a técnica, conseguia prescrever o tratamento
adequado, apto a restaurar a harmonia vital - em geral, mas não necessariamen-
te, recorrendo à medicação homeopática. Desse modo, pela primeira vez, logrou
formular um método científico de diagnóstico e tratamento das causas básicas da
doença. Com paciência e assiduidade, aprimorou-o ao longo do tempo, tornan-
do-o um sistema de medicina que tem se mostrado muitíssimo eficiente nos últi-
mos cinqüenta anos. Não raro, possibilita a detecção de causas ocultas e orienta o
especialista no tratamento apropriado de inúmeras doenças crônicas e suposta-
mente incuráveis.
O sistema, em essência, depende do exercício dos sentidos paranormais,3 cuja
realidade é hoje cientificamente aceita; e, dado que por convenção a letra grega psi
passou a associar-se a essa conotação, Laurence deu a seu sistema o nome de Me-
dicina Psiônica.

A patologia na Medicina Psiônica


A Medicina Psiônica constitui, basicamente, um sistema integrado que junta me-
dicina ortodoxa, homeopatia e radiestesia (ou faculdade rabdomântica). A ênfase
principal recai nas doenças crônicas, isto é, longas e persistentes.
Para uma explicação melhor, reconsideremos nossas duas "pirâmides" da medi-
cina, na forma completa e incompleta. Em medicina ortodoxa, fazemos um diag-
32 MEDICINA PSIONICA

nósuco que geralmente leva em conta o efeito da doença na estrutura, na função, na


aberração bioquímica e na intuição (respectivamente, anatomia, fisiologia, bioquí-
mica e psicologia ou PNI). A seguir, o tratamento resume-se a afetar o nível princi-
pal em que isso ocorre. Se o problema for de alteração estrutural, a cirurgia será
indicada; se de função ou aberração bioquímica, o tratamento médico se fará neces-
sário. Quando, porém, for considerado psicológico, então se deverá considerar uma
intervenção psicológica ou psiquiátrica. Obviamente, nos casos em que todos os
níveis são afetados, como no câncer, recomendam-se todos os tipos de intervenção.
Ora, para muitas pessoas, essa abordagem pode ser exatamente a requerida. A
condição delas precisa ser controlada de modo correto. Para outras, a condição
nunca é controlada e elas vivem com uma doença crônica ou progressiva que não
responde às intervenções ortodoxas.
Em Medicina Psiônica, o ápice da pirâmide da medicina é visto como o lado
energéuco do indivíduo, seu corpo energético ou campo de energia. Segundo a
experiência dos profissionais psiônicos, quando o tratamento convencional falha é
porque o problema existe e persiste no esquema energético, ou seja, no campo de
energia organizacional que governa o crescimento, a recuperação e os mecanismos
auto-reguladores da pessoa. A menos que essas máculas sejam removidas, o indiví-
duo terá sempre problemas físicos, emocionais e psicológicos.
Consideremos a forma mais extrema de doença física, o câncer. O tratamento
ortodoxo envolverá provavelmente cirurgia para remover o tumor e restaurar as
funções, seguida de quimioterapia e radioterapia para matar as possíveis células
cancerosas remanescentes. Se, em etapa posterior, descobrir-se que o câncer pro-
grediu, considera-se que a disseminação ocorreu num tecido afetado e não-elimi-
nado pela operação ou devido a células cancerosas que escaparam à quimioterapia
e à radioterapia.
Na Medicina Psiônica, essa recorrência não será atribuída à excisão incomple-
ta do tumor físico, mas à persistência de algum processo patológico não-combati-
do. Tal processo deve-se a uma falha no campo energéuco e continuará a operar
até produzir uma espécie de efeito de escoamento na pirâmide. Portanto, a
recorrência não é necessariamente uma disseminação e sim a seqüência do proces-
so mórbido. Em suma, ocorrerá porque a causa não foi descoberta nem tratada.
Essencialmente, ignorando até a existência do vértice da pirâmide e o lado energético
da pessoa, o tratamento ortodoxo da moléstia crônica quase nunca representa
muito mais que um alívio temporário.
Essa explicação simples aplica-se a todos os tipos de distúrbios, do câncer a
outras doenças progressivas e degenerativas.
A Medicina Psiônica procura rastrear a causa dos males crônicos determinan-
do a natureza da aberração patológica dentro do campo energético do indivíduo.
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 33

As aberrações podem ser herdadas de muitas gerações ou adquiridas durante a


vida da pessoa.

o que acontece na Medicina Psiônica?


Conforme já mencionamos, a Medicina Psiônica integra a radiestesia (ou faculda-
de rabdomântica) à prática ortodoxa e homeopática. Para tanto, uma amostra do
paciente, em geral cabelo ou sangue, ajuda o profissional a sintonizar-se com o
campo psi do indivíduo. Os instrumentos básicos, no caso, são o pêndulo, uma
tabela, uma série de dados de diagnóstico e um conjunto de amostras patológicas
ou terapêuticas em tubos de ensaio.
O profissional vale-se de sua intuição, com o pêndulo como indicador, para
comparar a amostra do paciente com as patológicas. Desse modo, fazendo-se men-
talmente as perguntas certas, ele pode, à semelhança de um detetive, lobrigar os
fatores causativos da doença. A seguir, de modo parecido, fará as perguntas apro-
priadas para determinar o tratamento correto, que é em geral homeopático (pois
seus remédios são de natureza energética, capazes de afetar o corpo de energia), e
assim remover as toxinas patológicas. Isso permite aos mecanismos auto-regulado-
res ou auto curativos do indivíduo entrarem em ação.
Portanto, nos termos do nosso modelo da pirâmide, quando a falha é sanada,
o efeito de escoamento (ou processo mórbido) se detém, fazendo com que os
mecanismos auto-reguladores ou auto curativos acalmem as sensações, corrijam a
aberração bioquímica, melhorem a função e, possivelmente, retifiquem os danos
estruturais.

Psi em Medicina Psiônica


A faculdade de radiestesia ou rabdomancia constitui, no fundo, um Estado Alte-
rado de Consciência (EAC), embora não o transe completo tal qual obtido graças
à hipnose ou à meditação. A consciência é preservada para que o profissional possa
formular perguntas apropriadas e acuradas enquanto se "descontrai" o suficiente
para receber respostas mediante um processo ideomotor (involuntário), que resul-
ta num movimento pendular.
Aqui, três coisas são dignas de menção. Primeira: no processo de diagnóstico,
contata-se o campo psi do paciente, às vezes a longa distância, a fim de descobrir
quais distúrbios estão presentes, quais são importantes e por que estão gerando
doença. Segunda: a chave para o campo psi do paciente é sua amostra de sangue
ou cabelo. Não importa quão distanciada esteja ela do paciente no espaço e no
tempo, subsiste uma conexão que reflete o estado energético atual do indivíduo. E
terceira: na prescrição do tratamento, fazem-se perguntas a um sistema
informacional infinitamente mais passível de conhecimento do que o próprio pro-
34 MEDICINA PSIONICA

fissional. Não se trata, em absoluto, de acessar a memória localizada na própria


mente do médico ou em seu circuito neurológico.
É como se o profissional se sintonizasse com duas coisas nesse estado ligeira-
mente alterado, sendo a primeira o campo psi do paciente e a segunda, um vasto
sistema ou campo de informações que interconecta o médico, a amostra do paci-
ente e o paciente - ou então os campos de todos eles. A sintonia dependerá, pois,
da ligação entre paciente e amostra.
Como logo veremos, o conceito de um universo interconectado explica muita
coisa a respeito desse ramo fascinante da medicina.

Uma Teoria de Tudo ou Grande Teoria Unificada


Quando falamos de diagnóstico ou prescrição de tratamento a distância, é fácil
pensar que utilizamos um paradigma mais em consonância com a magia do que
com a ciência. Isso implicaria não ser o processo científico, o que não é absoluta-
mente o caso. Na verdade, a Medicina Psiônica pode muito bem reivindicar uma
posição de vanguarda na ciência e mesmo na Nova Medicina. Penetremos agora
no reino da física teórica, muito importante para nossa discussão.
Até os anos de 1990, era consenso quase universal entre os físicos teóricos que
a matéria consistia de átomos e partículas subatômicas, mantidas juntas por qua-
tro forças fundamentais.
Havia, em primeiro lugar, a força gravitacional que fixa nossos pés no chão,
impedindo o Sol de explodir e as galáxias de despencar. Em segundo, a força eletro-
magnética, fonte de energia para nossas lâmpadas, casas e cidades. Em terceiro, a
força nuclear fraca, responsável pelo desgaste radioativo. Utilizamo-Ia em medici-
na nuclear, no rastreamento radioativo com nossos equipamentos de diagnóstico
altamente sofisticados. E em quarto, a força nuclear forte, presente no poder do Sol
e na energia interna do átomo. Na década de 1990, Sidney Sheldon, Steven
Weinberg e Abdus Salam mostraram que a força nuclear fraca e a força eletromag-
nética eram manifestações de um único fenômeno chamado força eletrofraca.
O modo como essas três forças fundamentais atuam é de capital importância na
ciência. Mas qual será sua conexão? Poderão ser unificadas numa única superforça?
Existem duas teorias principais, que explicam parcialmente a natureza delas.
Uma é a teoria quântica; a outra, a teoria da relatividade geral de Einstein. Contu-
do, lidam com as extremidades opostas do espectro, pois a teoria quântica limita-
se à esfeta do microcosmo, o mundo subatômico, ao passo que a relatividade geral
ocupa-se do macrocosmo, da natureza do Big Bang, das galáxias e dos buracos
negros. A teoria quântica explica as forças como pacotes ou quanta de energia; a
relatividade geral considera-as deformações do espaço-tempo. Coisa interessante,
você poderá adotar qualquer das duas e dela derivar todas as leis da física e da
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 35

química. Será capaz de construir o edifício científico inteiro a partir de uma das
teorias - mas das duas, não!
Esse problema mortificante consumiu todos os esforços de Albert Einstein
durante os últimos trinta anos de sua vida. Ele perseguiu uma teoria que nunca
encontrou, mas que se propôs chamar de teoria do campo unificado. Deveria ser,
realmente, uma Teoria do Universo - e desde então tem absorvido as carreiras de
incontáveis físicos teóricos.
Nos anos de 1970 e 1980, admitiu-se que uma solução estava à vista com o
desenvolvimento da teoria da supercorda. A base dessa teoria é que toda matéria se
compõe de supercordas, ou linhas, a ocupar um único ponto no espaço-tempo em
dado momento. Ela parecia compatível tanto com a teoria quântica quanto com a
relatividade geral, exceto pelo fato de só funcionar caso existissem dez dimensões.
Mas a teoria de Kaluza-Klein enseja essa possibilidade se as dimensões extras (além
das três espaciais e da do tempo) se entrosarem num espaço infinitamente peque-
no. Conjeturou-se então que, pouco antes do Big Bang, existia um universo vazio,
mas com dez dimensões. Ele se partiu em dois fragmentos, nosso universo de
quatro dimensões e outro de seis. O universo deu o salto quântico para um novo,
fazendo com que o de seis dimensões se encolhesse e o de quatro se expandisse.
Essa rápida dilatação, a dada altura, provocou o Big Bang - a Grande Explosão.
Atualmente, pensa-se que, em vez de ser o início de tudo, isso foi na verdade um
choque posterior ao colapso do universo de dez dimensões.
Surgiram até agora cinco teorias da "corda", que culminaram em sua unifica-
ção na teoria M, de 1994. Esta, porém, só é verdadeira se existirem onze dimen-
sões. E os físicos teóricos já falam da possibilidade de uma décima segunda
dimensão.
Face a essas idéias mirabolantes (evidentemente não-testáveis, pois é impossível
medir dimensões menores que o átomo), pareceria que uma grande teoria unificadora
ou Teoria de Tudo foi encontrada - ou, pelo menos, uma teoria sobre as origens do
universo, a natureza das partículas elementares e as forças que atuam sobre elas. Mas
isso estaria ainda muito longe de uma verdadeira Teoria de Tudo, não é?

o universo interconectado
Desde o começo, houve inúmeras interpretações conflitantes da teoria quântica.
Um paradoxo crucial foi apresentado por Werner Heisenberg, que recebeu o Prê-
mio Nobel de 1943 por uma obra que incluía a formulação do princípio de incer-
teza. Em essência, isso significa não ser possível determinar ao mesmo tempo a
posição de uma partícula e sua velocidade.
Em 1964, outro marco foi alcançado com a publicação do teorema da
interconexão de BelL O episódio revolucionou o pensamento porque mostrou que
36 MEDICINA PSIONICA

há conexões objetivas e não-locais no universo. Em palavras mais simples, quan-


do duas partículas origindrias da mesma fonte entram em contato, permanecem
assim para sempre (como se suas funções de onda, uma vez misturadas, não
mais se separassem). Portanto, duas dessas partículas, mesmo apartadas por uma
distância grande demais para que um sinal luminoso transite entre elas, conti-
nuarão interagindo e duas medidas poderão ser relacionadas instantaneamente.
Há uma interconexão não-local. Diversos experimentos já confirmaram o teorema
de Bell.
Isso é de importância monumental, pois toda matéria provém do Big Bang,
implicando que no nível quântico a esfera física inteira está interconectada.
O professor David Bohm, físico teórico e discípulo de Einstein, escreveu
muito a respeito da idéia de conexão e interconexão. Em seu livro O TOdo e a
Ordem Implicada, propôs o conceito de "totalidade indivisÍvel" como a verda-
deira realidade. Nesses termos, o universo não seria um conjunto de partes sepa-
radas, ainda que emparelhadas, mas uma complicada rede de "relações" entre
partes de um todo unificado. Bohm postula, em suma, que o universo obedece
aos mesmos princípios do holograma, com toda a informação existente contida
em cada uma de suas partes.
Segundo a teoria de Bohm, embora os fenômenos pareçam desconexos e iso-
lados, isso não passa de uma ilusão de nossa percepção. A verdadeira realidade é a
"unidade", onde todas as coisas se interligam e formam a mesma ordem implícita,
apesar de os vínculos escaparem à acuidade de nossos sentidos. Portanto, o princí-
pio da holografia permeia a natureza,4 como aspecto do universo holográfico.
Em seu livro The Whispering Pond, o professor Ervin Laszlo afirma que "o
conceito básico - o ponto alto - das teorias genuinamente unificadas é a
interconexão universal. Com efeito, a própria possibilidade de uma teoria dessas
reside na descoberta do campo que, no universo, ligaria átomos e galáxias, ratos e
homens, cérebros e espíritos, transmitindo informação de todos para todos".

o campo psi
Existem inúmeros paradoxos nas ciências (físicas, biológicas, psicológicas e mes-
mo sociológicas) que simplesmente não podem ser explicados a menos que aceite-
mos uma interconexão sutil. Somente um campo universal, seja de que tipo for -
um campo de interconexão -, daria conta de tais paradoxos. Mas qual poderia
ser e onde se situaria?
Na discussão acima, examinamos as idéias atuais sobre a matéria. Agora deve-
mos considerar o outro aspecto da realidade, isto é, o espaço. Por muitos anos
pensou-se que o espaço fosse apenas o nada, o vácuo. A ciência descobriu que não
é bem assim. O espaço é, na verdade, um plenum, quer dizer, um espaço preenchi-
UMA NOVA DIMENSÃO NA MEDICINA 37

do ou que contém alguma coisa. Os cientistas agora falam dele como de um vácuo
quântico.
O espaço está repleto de considerável energia, conhecida como "campo ponto
zero" (CPZ). Para além dele, ou subjacente a ele, Laszlo postula um campo funda-
mental do qual o CPZ seria uma manifestação. Esse campo é informacional no
sentido de que registra tudo o que ocorre em seu interior e apresenta-se inteira-
mente interconectado. É, em conseqüência, holográfico porque cada parte está
ligada a outra. Pode ser chamado, com muita propriedade, de holocampo ponto
zero baseado no vácuo.
Laszlo pressentiu que semelhante nome não soaria muito bem e, como "se
trata ao mesmo tempo de um elemento fundamental da realidade e de um fator
que entra em todas as nossas interações com essa realidade, merece nada menos
que uma letra grega". A letra que ele escolheu foi o '1', ou Psi.
A escolha do Psi não foi aleatória. Ao fazê-Ia, Laszlo levou também em conta
que ela "se refere aos fenômenos psi e talvez os explique. Isso, porém, é ninharia: o
holocampo universal faz muito mais do que veicular algumas variedades de infor-
mação extra-sensorial; ele também liga quanta e organismos, cérebros e espíritos,
povos e culturas. O motivo do emprego do Psi vai além da parapsicologia, da
psicologia, da neurofisiologia e até da biologia ou da ecologia. Abarca a física e a
cosmologia, isto é, o leque total das ciências contemporâneas".
Em Medicina Psiônica nós, rotineiramente, sintonizamos a energia do pró-
prio indivíduo, ou o seu campo psi pessoal, a fim de determinar a natureza das
distorções energéticas que o afetam física, emocional e psicologicamente. Fazemos
isso por meio de uma amostra que, embora removida do paciente, ainda mantém
com ele contigüidade ou se lhe associa graças aos vínculos não-locais que discuti-
mos. Também penetramos no grande campo psi que Ervin Laszlo descreveu tão
elegantemente e sobre o qual escreverá no próximo capítulo.

Notas
1. A psiconeuroimunologia (PNI), chamada às vezes de psiconeuroendocrinoimunologia
(PNEI) é uma ciência em desenvolvimento que une a mente, o cérebro, os hormônios
e o sistema imunológico. Candace Perr, uma neurocientista que descobriu o receptor
opiato, fez pesquisas pioneiras sobre o modo como as substâncias químicas de nossos
corpos estabelecem uma comunicação dinâmica entre a mente e o corpo. Como a
complexidade do nome sugere, trata-se de uma disciplina que vem atraindo especia-
listas de diversos ramos do saber. Ver "Leituras Recomendadas".
2. Mastaba: tumba inacabada e de cume achatado, precursora da pirâmide clássica.
3. A expressão "sentidos paranormais", neste contexto, refere-se simplesmente aos que
estão além dos cinco reconhecidos. Voltaremos a eles no capítulo sobre Intuição, Per-
cepção Extra-sensorial e Fenômenos Psi.
38 MEDICINA PSIONICA

4. Teoriaholográfieada mente: teoria proposta por Karl Pribram, da Faculdade de Medi-


cina de Stanford. Ele partiu da obra revolucionária de Karl Lashley, segundo a qual,
quando se removem partes do cérebro dos animais, podem prever-se danos às funções
da visão, apetite, sono, etc., mas não à memória. Pribram realizou diversos experi-
mentos sobre percepção e concluiu que o cérebro, ao codificar uma imagem, fá-Io à
maneira de um holograma. Pesquisas posteriores revelaram que outros sentidos, como
a audição, o olfato e o tato, também podem ser processados holograficarnente.
A Hipótese do Campo Psi:
Algumas Considerações

Professor Ervin Laszlo

1. Considerações básicas
A hipótese que aqui adiantamos baseia-se no conceito holístico do mundo passível
de conhecimento científico. Segundo tal conceito, a realidade não é divisível em
camadas ou níveis divergentes. Os fenômenos observáveis constituem o resultado
de um processo de desenvolvimento seqüencial e ocasionalmente não-linear que
liga a esfera física básica da realidade a outras esferas emergentes como as da vida,
da mente e da sociedade. Em conseqüência, todos os fenômenos possuem base
material, o que entretanto não acarreta a redução do fenômeno da vida e da mente
a meros processos físicos. A hipótese exige apenas que as leis fundamentais e as
regularidades que governam a evolução das diversas esferas da realidade sejam
universais - isto é, aplicáveis igualmente aos fenômenos físicos, biológicos, psi-
cológicos e sociais. Desse modo, os fenômenos que se manifestam não são reduzi-
dos às suas origens físicas: o que se faz é submeter suas interações a leis e processos
universais (quer dizer, interdisciplinares).

1.1.INTERCONEXÕES NO ESPAÇO E NO TEMPO

O âmbito empÍrico da física, como aliás o da biologia e das ciências humanas,


ainda não foi totalmente explorado; alguns achados permanecem anômalos para
as teorias convencionais. Parece que grande parte dessas anomalias deve-se a
interconexões entre fenômenos que não são levados devidamente em conta pelas
concepções vigentes. 1 Por exemplo:
Na jlsica, descobriu-se que partículas elementares em estado quântico idênti-
co apresentam não-localidade: estão instantaneamente conectadas por distâncias
finitas e possivelmente consideráveis. Fótons emitidos um por um interferem uns
com os outros à guisa de ondas simultâneas; elétrons, em supercondutores, fluem
39
40 MEDICINA PSIONICA

de uma maneira altamente coerente, assumindo funções de onda semelhantes; e


apresentam-se instantânea e não-dinamicamente ligados nas conchas energéticas
dos núcleos atômicos.
Em biologia parece que, quando mudanças no ambiente exigem grandes alte-
rações no plano adaptativo da espécie, essas mudanças são produzidas oportuna-
mente graças a mutações genéticas maciças e perfeitamente coordenadas - isto é,
não-aleatórias. Além disso a morfologia, e mesmo a informação genética de espé-
cies muito diferentes, exibem impressionantes isomorfias, absolutamente incríveis
num processo de mutação casual e desconexa, e de seleção natural nos quadros
cronológicos conhecidos.
Na esfera da mente e consciência, as atuais pesquisas indicam que o alcance da
experiência humana excede o tradicionalmente atribuído aos órgãos dos sentidos
e ao cérebro. Em determinadas circunstâncias, os indivíduos parecem capazes de
lembrar uma ou todas as suas experiências; e às vezes como que afetam os estados
mental e corporal uns dos outros através do espaço e do tempo.
Essas e outras anomalias afins sugerem que os fenômenos das esferas física,
biológica e psicológica estão sutil, mas efetivamente ligados. Dadas essas
interconexões, podemos compreender como as micropartículas conseguem infor-
mar-se do que se passa com as outras dentro de certos sistemas de coordenadas;
como o genoma dos organismos vivos se associa aos aspectos capitais do meio
ambiente; e como o cérebro e a mente humana se comunicam entre si indepen-
dentemente do tempo e do espaço.

1.2. A NOÇÃO DE UM CAMPO INTERCONECTADO

Algumas conexões ligam partes de elementos de um mesmo sistema; outras, siste-


mas distintos no tempo e no espaço. Se essas conexões forem reais e não ilusórias,
terão de ser explicadas pelos mesmos tipos de construtos aplicáveis a outras formas
de interação - gravitacional, eletromagnética e nuclear -, ou seja, por forças de
troca universais. 2
Na física contemporânea, as forças de troca universais costumam ser interpre-
tadas como campos clássicos. Contudo, em face das anomalias acima menciona-
das, os campos clássicos não podem explicar o tipo de interconexões exigidas: as
conexões que sugerem são anômalas com respeito a eles. Assim, o campo que
ampara e interconecta fenômenos provavelmente não será nem o eletromagnéti-
co, nem o gravitacional, nem o nuclear forte ou fraco. E não será, sem dúvida, um
construto puramente conceptual como os campos de probabilidade (não-clássi-
cos) da mecânica quântica. Ao contrário, o conceito mencionado deve referir-se a
um campo fisicamente real com propriedades novas e talvez não-clássicas.
A HIPOTESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇOES 41

1.3. O VÁCUO FUNDAMENTAL COMO O LOCUS DO CAMPO MENCIONADO

A hipótese aqui apresentada postula que o citado campo de conexão entre tempo
e espaço constitui um aspecto ou manifestação do vazio quântico. Não estamos
nos referindo ao campo ponto zero (CPZ) tal qual é costumeiramente entendido,
mas a um campo fundamental de que o CPZ não passa de uma manifestação
específica. Presume-se que, para além do CPZ eletromagnético, o vácuo funda-
mental possui outras, embora ainda não inteiramente compreendidas, manifesta-
ções que geram, inter alia, as forças de inércia e gravitação, bem como as forças
sutis que interligam partículas e sistemas construídos como conjuntos integrados
no espaço e no tempo.
O motivo de se considerar o vazio quântico como o locus do campo de
interconexão pode ser facilmente justificado. O vácuo cosmicamente estendido é
o estado de energia mais baixa de um sistema do qual as equações obedecem à
mecânica ondulatória e à relatividade especial. No entanto, segundo a interpreta-
ção ontológica, vai muito além disso. Conforme assinalou Paul Dirac, toda "maté-
ria" é criada a partir desse substrato que permeia o espaço-tempo e é, em si mes-
mo, imperceptível. No patamar de 1027erg/cm3, partículas quantificadas emergem
do vácuo aos pares: uma, energizada positivamente, passa para o espaço-tempo,
enquanto a outra, energizada negativamente, permanece no campo. A densidade
energética desta, conforme a estimativa de John Wheeler, chega a 1094erg/cm3,ou
seja, cerca de 1040maior (no dizer de David Bohm) do que a energia contida na
matéria do universo observável.
A física contemporânea reconhece que as partículas se originam do vácuo e
tem prova experimental de muitas de suas interações. Por exemplo, sabe-se que o
CPZ do vácuo cria uma pressão radiativa em duas placas metálicas contíguas;
entre as placas, alguns comprimentos de onda do campo de vácuo são excluídos,
reduzindo assim sua densidade energética relativamente ao campo exterior. Isso
gera uma pressão - conhecida como efeito Casimir- que empurra as placas uma
contra a outra. Sabe-se também que o CPZ atua sobre os elétrons que giram em
torno dos núcleos atômicos. Os elétrons "saltam" de um estado de energia para
outro e os fótons que emitem exibem a alteraçãoLamb, uma freqüência que, devi-
do à presença do CPZ, tem seu valor normal ligeiramente modificado. Além dis-
so, parece que os átomos estáveis persistem no espaço-tempo graças a interações
com o CPZ. O elétron dos átomos de hidrogênio, por exemplo, emite constante-
mente energia e, se o quantum de energia que absorve do vácuo não compensasse
a energia perdida em virtude de seu movimento orbital, aproximar-se-ia cada vez
mais do núcleo. Conseqüentemente, a estabilidade do hidrogênio, como de todos
os átomos do universo, deve-se em parte a interações com o CPZ.
42 MEDICINA PSIONICA

Há decerto interações de vácuo quântico que a física teórica ortodoxa ainda


não reconhece, embora alguns cientistas já tenham especulado sobre sua ocorrên-
cia. Em 1968, Andrei Sakharov aventou que a gravitação talvez se devesse a pro-
cessos dinâmicos no vácuo quântico, em presença da matéria.3 A hipótese foi pos-
teriormente desenvolvida, primeiro por János Lajossy e depois por László Gazdag,
à guisa de teoria "pós-relatividade".4 Nessa teoria, o vácuo é um meio fisicamente
real, inobservável em si mesmo, mas capaz de produzir efeitos visíveis. Possui pro-
priedades superfluidas, de sorte que, movendo-se uniformemente por ele, os obje-
tos não experimentam sua presença - ao passo que o movimento não-uniforme
produz fricção e, portanto, efeitos observáveis. Na proximidade da velocidade da
luz, isso dá nascença a infinitudes relativistas.
Em meados da década de 1970, Paul Davies e William Unruh apresentaram
uma hipótese baseada na diferença entre movimento uniforme e acelerado no
vácuo. O movimento uniforme mostraria o espectro do vácuo como isotrópico,
enquanto o movimento acelerado produziria uma radiação térmica capaz de rom-
per a simetria direcional. O efeito Davies-Unruh levou alguns físicos a investigar se
o movimento acelerado no CPZ produziria efeitos cumulativos. E essa expectativa
deu frutos.

1.4. INÉRCIA E GRAVITAÇÃO COMO PRODUTOS DE UM CAMPO DE VÁCUO SECUNDÁRIO

Uma descoberta recente, que diz respeito aos efeitos da interação no vácuo, é a
demonstração realizada por Bernhard Haisch, Alfonso Rueda e Harold Puthoff de
que a inércia pode ser um produto da interação entre partículas carregadas e vá-
cuo. A seu ver, a inércia surge como uma força Lorentz baseada no vácuo, que se
origina do nível das subpartículas e cria oposição à aceleração dos objetos materi-
ais.5 O movimento acelerado dos objetos no vácuo gera um campo magnético e as
partículas que constituem os objetos são desviadas por esse campo. Quanto maior
o objeto, mais partículas contém: conseqüentemente, quanto mais acentuado o
desvio, maior a inércia.
A interpretação proposta por Haisch, Rueda e Puthoff deriva a massa inercial
mi pela consideração de que, nos sistemas estacionário e de movimento uniforme,
a interação de uma partícula com o CPZ resulta num movimento oscilatório ale-
atório. Partículas carregadas flutuantes produzem uma dispersão bipolar do CPZ
parametrizada pelo coeficiente espectral de dispersão h(w), que depende da fre-
qüência. Em virtude das transformações relativistas do CPZ, em sistemas acelera-
dos a interação entre uma partícula e o campo toma uma direção: a "dispersão" da
radiação do CPZ engendra uma força de resistência direcional. Essa força é pro-
porcional e contrária ao vetor de aceleração no caso sub-relativista. Possui, pois, a
adeq uada generalização relativista.6
A HIPOTESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇOES 43

Todavia, se a massa inercial nasce da interação entre o CPZ e as partículas


carregadas, então o princípio da inércia-gravitação exige que também a massa
gravitacional tenha a mesma origem. Nesse caso, a gravitação se torna uma força
oriunda de interações entre CPZ e carga, o que lembra a tese de Sakharov. Essa
hipótese é convincente, ainda que o tratamento relativista geral da gravitação como
curvatura do espaço-tempo funcione muitíssimo bem: é possível mostrar, diga-
mos, que existe uma interpretação analiticamente equivalente segundo a qual a
gravitação é uma força gerada pelo movimento de partículas carregadas no CPZ.
A explicação alternativa baseia-se na constatação de que o componente elétrico do
CPZ faz as partículas carregadas oscilar e a oscilação dá origem a campos eletro-
magnéticos secundários. Em resultado, uma dada partícula experimenta tanto as
forças elétricas do campo ponto zero, que a fazem oscilar, quanto as forças secun-
dárias, que são acionadas no campo por outra partícula. O campo secundário,
gerado pela segunda partícula, retroage sobre a primeira. O efeito óbvio é uma
força de atração entre as duas partículas. Portanto, a gravitação não passa de uma
interação de longo alcance entre partículas, tal qual a força van der Waals.7
Levando-se em conta o princípio da equivalência das forças inercial e
gravitacional, as teorias de inércia da interação entre o vácuo e as partículas carre-
gadas sustentam-se ou ruem juntas. Embora suscitem controvérsias, suas implica-
ções em muito as recomendam. De fato, a gravitação já não parece uma força
misteriosa atuante entre dois corpos largamente separados um do outro no tempo
e no espaço. Na física clássica, essa força passa por uma "ação a distâncià' de
ordem metafísica, mas na relatividade geral é mediada pela geometria do espaço-
tempo. Embora não se saiba muito bem como uma estrutura geométrica possa
criar ou deslocar um campo fisicamente real, a menos que o vejamos como um
meio de espaço-tempo etérico (visão para a qual o próprio Einstein se inclinou em
seus últimos anos), é de crer que a gravitação não pressupõe semelhante meio. Isso
elimina uma incômoda anomalia, pois, se a imensa densidade energética do vácuo
fosse associada à gravitação (por intermédio da equivalência relativista de energia
e massa), toda a massa do universo imediatamente regrediria às dimensões de
Planck. Na teoria alternativa da interação CPZ/carga, tal não pode ocorrer: o
vácuo não atua sobre si mesmo. A gravitação não é dada no campo de ponto zero
na ausência de matéria; ela só é criada pelo movimento das partículas carregadas.
Por conseqüência, seu valor limita-se às massas dessas partículas, em vez de esten-
der-se à equivalência de massa de todas as partículas de força (bósons) no vácuo.8
Vale notar que algumas tentativas matematicamente elaboradas já referiram a
inércia e a gravitação, tal qual o efeito Casimir e a alteração Lamb, a interações com
o campo ponto zero do vácuo. Se esse trabalho contemplar um fenômeno físico
verdadeiramente fundamental, deverá ser visto como descrição de um efeito geral de
44 MEDICINA PSIONlCA

reação no vácuo. A implicação é a presença, no vácuo, de um campo interativo


fundamental. Dentro do campo de vácuo primário, parece que se engendra um
campo secundário, o qual produz os fenômenos da inércia e da gravitação. A presen-
te hipótese indica que os campos secundários gerados no vácuo não se limitam ao
CPZ com seus efeitos geradores de inércia e gravitação, mas incluem um campo
não-eletromagnético cujo efeito primordial consiste em interligar partículas no es-
paço e no tempo. A tese do campo de vácuo secundário não-eletromagnético pode
explicartoda uma gama de fenômenos interconectados, inclusivemutaçóes adaptativas
importantes em biologia, além de efeitos "transpessoais" de transcendência de tem-
po e espaço na esfera da mente e da consciência.

2. A base física do campo psi


As partículas elementares não são entidades classicamente distintas, mas elemen-
tos integrantes do vácuo fundamental, tal qual os sólitons são elementos integran-
tes de um fluido com características não-lineares. O movimento não-uniforme
dessas partículas quebra a homogeneidade e a isotropia do vácuo fundamental,
engendrando campos secundários. Além do CPZ eletromagnético, esses campos
incluem o campo não-eletromagnético que chamaremos de campo psi. Ele não
consiste de ondas eletromagnéticas clássicas (transversais), mas de ondas de cho-
que escalares (longitudinais).9 Seqüências de ondas escalares chocam-se e, por meio
dos hologramas de Schrodinger resultantes, codificam informações sobre a localiza-
ção e o movimento das partículas (ou sistemas de partículas) que foram responsá-
veis pelas ondas.lo

2.1. CONECTIVIDADE ESPACIAL POR INTERMÉDIO DO CAMPO PSI

As ondas escalares apresentam uma velocidade de propagação potencialmente su-


perior à da luz: é necessário nada menos que isso para explicar a quase instanta-
neidade de algumas formas de interconexão. Num artigo decisivo, publicado em
1903, E. T. Whittaker mostrou que ondas longitudinais como as escalares propa-
gam-se numa velocidade finita que pode ser maior que a da luz. A velocidade de
propagação é proporcional à densidade de massa do meio no qual as escalares
ocorrem. A densidade de massa do vácuo representa o parâmetro correto: ela defi-
ne o potencial escalar eletrostático local. Trata-se de uma quantidade variável,
maior em regiões adensadas, nos planetas e estrelas ou perto deles, e menor no
espaço profundo (variação devida ao aumento da intensidade de fluxo do vácuo
em conseqüência do acúmulo de massas carregadas).l1 Assim, as escalares viajam
mais depressa nas regiões adensadas do vácuo do que no vazio profundo, tal como
as ondas sonoras de propagação longitudinal atravessam mais rápido um meio
denso do que o ar.
A HIPÓTESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇÚES 45

Igualmente importante, as frentes das ondas escalares chocam-se em vez de se


permearem, corno ocorre com as ondas eletromagnéticas clássicas. As frentes das
ondas de choque codificam e transmitem informação, corno se fossem hologramas.
Conseqüentemente, a hipótese do campo psi estabelece que as ondas geradas no
vácuo pelo movimento das partículas carregadas são escalares e que os padrões
produzidos por elas são hologramas de Schrõdinger, constituídos por padrões de
choque escalares.

2.2. TRANSLAÇÃO ENTRE O MOVIMENTO DO ESPAÇO-TEMPO E O CAMPO PSI

A interação de partículas carregadas ou conjuntos de partículas carregadas com o


campo de vácuo secundário (de estrutura escalar) pode ser descrita corno urna
transformação Fourier de mão dupla. O campo psi codifica os coeficientes das
frentes de ondas de choque escalares produzidas pelo movimento das partículas
carregadas; em seguida, essa informação é decodificada pelas partículas ou siste-
mas de partículas em estados isomórficos.
As partículas se movem no espaço-tempo relativista e obedecem às leis da
relatividade geral. Entretanto, as escalares geradas por elas no campo psi não se
propagam no espaço-tempo, mas num domínio subjacente e essencialmente
espectral semelhante, embora não idêntico, à ordem implícita de Bohm. Desse
modo, as escalares criadas pelo movimento das partículas no campo representam
uma translação do domínio espácio-temporal para o domínio espectral: ou seja, o
movimento do espaço-tempo se transforma em padrões de choque escalares. Na
transformação Fourier inversa - do domínio espectral para o espácio-temporal -,
os padrões de choque do campo psi realimentam o movimento correspondente no
espaço-tempo. (Aqui, concebe-se o movimento do espaço-tempo corno movimento
num espaço configurativo dinâmico espácio-temporal e não apenas conceitual.)
Dado que as transformações espectrais do movimento espácio-temporal configu-
rado realimentam partículas analogamente móveis - ou conjuntos analogamente
configurados de partículas -, estes últimos são "informados" por seu próprio
movimento espácio-temporalmente configurado.
Numa expressão metafórica, mas pertinente, podemos dizer que a transfor-
mação Fourier progressiva - do movimento do espaço-tempo para o campo psi
- constitui urna leitura do primeiro no segundo, o que resulta na estruturação do
vácuo fundamental com os padrões de choque escalares do campo psi. Na trans-
formação Fourier inversa, esses padrões remontam a partículas ou sistemas de
partículas no espaço-tempo, seguindo um processo que lembra a rksleitura dos
padrões pelas partículas correspondentes e seus conjuntos.
46 MEDICINA PSIONICA

2.3. CONECTIVIDADE TEMPORAL NO CAMPO PSI

A observação já feita de que algumas formas de interconexão entre partículas e


sistemas de partículas persistem ao longo do tempo implica a existência de um
"fator memória". Na hipótese do campo psi, o substrato de vácuo dos objetos é
considerado o fator pertinente. Isso foi corroborado por prova experimental.
Vladimir Poponin e colaboradores do Instituto de Física Bioquímica da Academia
Russa de Ciências, e mais tarde uma equipe do Instituto Heartmath, nos Estados
Unidos, colocaram uma amostra de molécula de DNA numa câmara com tempe-
ratura controlada e submeteram-na a um raio faser. Notaram que o campo eletro-
magnético ao redor da câmara revelava uma estrutura específica, mais ou menos
como a esperada. Mas notaram também que a tal estrutura persistia muito tempo
depois de o DNA ter sido removido da câmara de irradiação de faser. A impressão
do DNA no campo continuava visível embora o DNA não estivesse mais lá! Poponin
e seus colaboradores concluíram que uma nova estrutura de campo fora excitada a
partir do vácuo físico. O campo é extremamente sensível; pode ser excitado por
uma série de energias próximas a zero. O "efeito fantasma", dizem eles, é a mani-
festação de uma subestrutura de vácuo até então descurada.12
Se o substrato de vácuo gerado no vácuo pelo movimento das partículas e
sistemas de partículas não se atenua significativamente com o tempo, a "informa-
ção" prestada por ele funciona como memória: liga o presente das partículas e
sistemas de partículas com seu passado.

2.4. INTERAÇÃO DE SISTEMAS DE MACROESCALA COM O CAMPO PSI

Se quisermos justificar todo o leque de conexões intersistêmicas anômalas, a


interação com o campo psi não poderá limitar-se a sistemas de microescala da
ordem da constante de Planck. Essa ampliação dos efeitos postulados de interação
no vácuo não exige uma revisão completa dos atuais conceitos da física. Embora,
nos sistemas de macroescala, as flutuações do nível quântico sejam minimizadas
por regularidades de larga escala obedientes às leis dinâmicas, a interação com
padrões de ondas de choque ainda assim pode acontecer. Em primeiro lugar, sabe-
se que em populações de partículas as ressonâncias Poincaré são amplificadas. Em
segundo, nos estados caóticos ou semicaóticos, os sistemas de macroescala depen-
dem muito da condição inicial. Isso significa sensibilidade às flutuações ambientais,
que podem estender-se a padrões ondulatórios sutis a propagar-se no vácuo.
Partículas e sistemas de partículas mostram-se sensíveis, primariamente, aos
seus próprios padrões ondulatórios do campo psi. No caso de partículas individuais,
a sensibilidade (e, portanto, o efeito interativo manifesto) limita-se aos graus de
liberdade definidos pelo estado quântico. No caso de conjuntos de partículas em
macroescala, porém, a sensibilidade é definida pelo espaço configurativo tridi-
A HIPÓTESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇOES 47

mensional do sistema como um todo. Nos termos da hipótese do campo psi, em


estados dinamicamente indeterminados, típicos do caos, os sistemas em macro-
escala são "in-formados" pela transformação Fourier de campo psi de sua própria
configuração espacial tridimensional.
A in-formação de sistemas em macroescala, dotados de padrões persistentes
de choque em isomorfia com seu espaço configuracional, significa que micro-
partículas e sistemas em macroescala são constantemente in-formados por seu
passado. No entanto, essa in-formação não é necessariamente limitada ao passado
das entidades em si mesmas, porquanto partículas e sistemas de partículas podem
mostrar-se sensíveis a padrões ondulatórios de campo psi que não são resquícios
em formato de onda de seu próprio movimento, mas revelam isomorfia com esses
resquícios. Se alguns sistemas assumirem configurações espaciais tridimensionais
idênticas ou quase idênticas, serão mutuamente sensíveis aos resquícios de campo
psi - e, portanto, in-formados por eles. Podemos concluir que, se estados de
partícula e configurações espaciais sistêmicas são praticamente idênticos, então a
in-formação transmitida no campo psi não fará distinção entre ambos. Conse-
qüentemente, a in-formação transmitida no campo psi gerará não-localidade en-
tre micropartículas quando partículas que antes assumiram estados quânticos idên-
ticos se desgarrarem. Conexões análogas aparecerão entre sistemas de macroescala
que ocuparem configurações espaciais muito parecidas. Em virtude da velocidade
das propagações ondulatórias escalares, que é superior à da luz, as conexões serão
praticamente instantâneas.

3. Conexões transpessoais
Antigamente, as interconexões que transcendiam os limites conhecidos de espaço
e tempo atraíam a atenção sobretudo de místicos e metafísicos. A partir de meados
do século XX, no entanto, também alguns cientistas impuseram-se a tarefa de
encontrar explicações aceitáveis. Entre eles, há bom número de ftsicos (desejosos
de provar a não-localidade quântica e a possibilidade do teletransporte), alguns
biólogos (interessados na emergência simultânea da ordem em várias esferas da
natureza) e uns quantos psicólogos e psiquiatrtlS (em busca das chamadas experiên-
cias "transpessoais"). Nesse ponto, a prática e os conhecimentos dos médicos e
curadores, incluindo membros destacados da British Psionic Medical Society, for-
necem pistas significativas.

3.1. O DOMíNIOTRANSPESSOAL DA CONSCIÊNCIA

Psicólogos e psiquiatras, bem como estudiosos dos estados meditativo, físico e


extático da consciência, descobriram que pessoas em estados alterados de consci-
ência (EACs) têm acesso a conteúdos de consciência que escapam aos sentidos
48 MEDICINA PSIONICA

corporais. Em tais estados, podem vir à tona imagens anômalas, elocuções, itens
de conhecimento, línguas completas e mesmo séries intricadas de acontecimen-
tos. Stanislav Grof pesquisou os EACs durante quase quarenta anos de prática
clínica e concluiu que todo processo no universo, objetivamente observável no
estado normal de consciência, pode ser subjetivamente vivenciado no estado alte-
rado.13 Sustentou que a cartografia-padrão da mente precisa ser completada com
elementos adicionais: ao usual domínio "biográfico-rememorativo" da psique,
devemos acrescentar um domínio "perinatal" e um domínio "transpessoal".14

3.2. CONEXÕES MENTE/CÉREBRO NO CAMPO PSI

OS achados de Grof exigem explicação em termos consistentes com os achados da


nova física.A hipótese do campo psi, conforme o próprio Grof salientou, é maleável:
possui um conceito de interconexão tanto espacial quanto temporal. No que toca
aos fenômenos transpessoais, o que se deseja explicar é, principalmente, a
interconexão temporal: a aparente capacidade de recuperar experiências remotas.
A memória deverá estender-se não apenas às experiências da pessoa, mas muito
além. Essa memória "transpessoal" implica que os conteúdos memorizados sejam
extra-somáticos, envolvendo um processo de codificação e decodificação de infor-
mações no campo psi e a partir dele. Mais precisamente, consiste no trânsito dos
padrões de choque escalares entre o campo de vácuo secundário e a estrutura
cerebral tridimensional. O trânsito ocorre quando o padrão dinâmico de estrutura
e atividade no cérebro do sujeito equipara-se a um padrão de choque presente no
campo. Tal padrão pode ser o indício da atividade cerebral do próprio sujeito ou o
da atividade cerebral de outra pessoa cuja estrutura cerebral apresente isomorfia
com a do sujeito.
A tese de que lembranças remotas são extraídas de um meio holograficamente
codificado dá boa margem à observação. Desde os clássicos experimentos com
animais de Karl Lashley, reconheceu-se de um modo geral que a memória não se
situa no tecido cerebral, mas distribui-se por vastas áreas do cérebro. Segundo Karl
Pribram, as principais regiões do cérebro parecem-se com fragmentos de recepto-
res holográficos. Quanto à evocação, possui sem dúvida propriedade associativa:
sempre que um fragmento de informação registrada é apresentado à atenção, ele
age como um recurso mnemônico para recuperar um vasto leque de informações
associadas (em consistência com o fato de que, num holograma, qualquer parte
inclui a totalidade da informação registrada). Em terceiro lugar, a evocação consis-
te num conjunto complexo de dados (visuais, acústicos, relacionais), muitas vezes
na forma de séries de dados que variam com o tempo ("lembranças movediças"), o
que aponta para mecanismos parecidos aos da holografia múltipla. Finalmente, o
tempo de acesso no cérebro não se relaciona ao tempo de varredura das experiên-
A HIPOTESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇOES 49

cias armazenadas, mas depende sobretudo do nível de atenção do sujeito e da


intensidade emocional que acompanha a lembrança.
Em conseqüência, a hipótese do campo psi indica que lembranças remotas
envolvem a recuperação de informação armazenada sob a forma de choque
ondulatório no campo ambiente. A evocação transpessoal deve-se, portanto, à
coincidência da estrutura cerebral do indivíduo com a de outra pessoa, próxima
ou distante, viva ou morta. O efeito se manifesta devido à possibilidade aumenta-
da de que a estrutura cerebral do sujeito se equipare à de outrem. Essa "probabili-
dade de equiparação" cresce com o número de pessoas cujo cérebro trabalhe de
modo semelhante. Um grande número de atividades cerebrais de determinado
tipo torna provável que um cérebro capte os indícios ondulatórios codificados no
campo pelo cérebro de outra pessoa. Quando alguém capta uma transformação
coincidente, recupera o aspecto correspondente da experiência alheia. Em resulta-
do, o item de experiência correspondente surge na consciência da própria pessoa.
A equiparação entre o sujeito e outra pessoa parece intensa no caso de gêmeos
idênticos (o fenômeno da "dor gêmea") e provavelmente pode ser induzida por
vínculos pessoais estreitos (como entre mãe e filhos, maridos e esposas, amantes,
etc.) ou por intencionalidade ("envio" proposital de pensamentos ou imagens nos
experimentos telepáticos).

3.3. IMPLICAÇÕES NA MEDICINA PSIÕNICA

Os efeitos transpessoais têm implicações significativas na medicina, conforme fi-


cou demonstrado pela experiência e prática da Sociedade Médica Psiônica. Quan-
do a consciência do médico se concentra nos estados corporais do paciente, com o
auxílio de uma amostra orgânica (testemunha) deste, obtém-se informação sobre
sua condição física atual. Isso permite ao médico diagnosticar disfunções e pres-
crever remédios. Dado que a informação é lembrança, disfunções antigas (miasmas)
remontando a progenitores e outros indivíduos com espaços semelhantes de con-
figuração corporal tridimensional também podem ser diagnosticadas e tratadas.
O fenômeno condiz com um achado básico referente aos fenômenos transpessoais:
a informação transmitida não se sujeita às limitações do espaço e do tempo. Na
hipótese do campo psi, a conectividade quase instantânea e localmente indepen-
dente explica-se pela velocidade da propagação ondulatória escalar, superior à da
luz, no campo de vácuo não-eletromagnético secundário, ao passo que a recupera-
ção de informação remota é assegurada pela persistência temporal dos padrões de
ondas de choque no campo.
O exame satisfatório da base física dos fenômenos psiônicos exige análise mais
ampla e profunda. A hipótese do campo psi, aqui esboçada, oferece uma base
sólida de pesquisa.
50 MEDICINA PSIONICA

3.4. CONCLUSÕES

Fenômenos anômalos à luz da ciência ortodoxa sugerem a existência de conexões


temporais e espaciais sutis, mas efetivas, entre as entidades do mundo real em
todos os principais campos de pesquisa: físico, biológico e psicológico. Os acha-
dos pressupõem um meio de interconexão física, um campo com propriedades de
transcendência do espaço-tempo correspondentes. A hipótese do campo psi pos-
tula esse campo. Note-se que a interação de partículas com o vácuo cria frentes de
ondas de choque escalares (hologramas de Schrodinger) que realimentam as partí-
culas nos mesmos (ou análogos) estados quânticos, e aos sistemas de macroescala
nas mesmas (ou análogas) configurações de espaço tridimensionais. Em conseqüên-
cia, partículas que antes ocupavam idênticos estados quânticos (e sistemas de macro-
escala que antes assumiam idênticas configurações espaciais) continuam a ser in-
formados por seu passado comum. Como a realimentação ocorre a velocidades
superiores à da luz, temos aqui uma base física para uma série de interconexões
anômalas, inclusive as que ligam micropartículas, organismos vivos - e o cérebro
e a consciência dos seres humanos.

Referências
1. Para um relato pormenorizado, ver Ervin Laszlo, Th( Creativ( Cosmos, Edimburgo,
Floris Books, 1993; Th( lnt(Yconnected Univ(YS(, Cingapura e Londres: World Scientific,
1995; Th( Whispering Pond, Rockport, Shaftesbury e Brisbane, 1996.
2. Ervin Laszlo, "Is mere an interconnecting field?", Scienu Spectra 5 (1998), 70-71.
3. A. Sakharov, "Vacuum quantum fluctuations in curved space and the theory of
gravitation", Sovi(t Physics - Dokiamy, 12, 11 (1968).
4. László Gazdag, A R(iativitás Elméleten Túl ("Além da Teoria da Relatividade"), Szenci
MolnárTársaság, Budapeste, 1995; "Superfluidmediums, vacuumspaces", Sp(cuiations
in Scienu and uchnology, vol. 12, 1, 1989; e "Combining of me gravitational and
electromagnetic fields", ibid., vol. 16, 1, 1993.
5. Bernhard Haisch, Alfonso Rueda e H. E. Puthoff, "Inertia as a zero-point-field Lorentz
force", Physical Revi(W A, 49.2 (fevereiro de 1994); Alfonso Rueda e Bernhard Haisch,
"Inertia as reaction of the vacuum to accelerated motion", Physics L(tt(YS A, 240 (30
de março de 1998).
6. Bernhard Haisch e Alfonso Rueda, "The Zero-Point Field and me NASA Challenge
to Create me Space Drive", Joumal ofScientific Exploration, vol. 11, nº 4 (inverno de
1997).
7. A interpretação sugerida por Pumoff et aL consiste em duas partes. Na primeira, a
energia das oscilações ultra-relativistas, chamadas de Zitt(rb(W(gung por Schrõdinger,
equivale à massa gravitacional m dividida por t!. Exceto no caso de um fator 2, isso
K

cria uma relação entre massa gravitacional e parâmetros eletrodinâmicos idênticos à


massa inercial acima postulada, m,. Todavia, Puthoff (t aL mostram que a massa
gravitacional m deveria ser reduzida por um fator 2, obtendo-se assim uma estrita
K

equivalência entre m; e m, entre forças de gravitação e inércia. A segunda parte da


A HIP6TESE DO CAMPO PSI: ALGUMAS CONSIDERAÇ6ES 51

análise de Puthoff deriva uma força de atração, de quadrado inverso, da interação de


van der Waals entre dois bipolos oscilantes. Essa análise é reconhecidamente incom-
pleta e exige um desenvolvimento teórico nos quadros de um modelo plenamente
relativista.
8. No tocante à inércia, as tentativas acima procuram derivar as equações clássicas do
movimento das equações da eletrodinâmica de Maxwell, considerando a inércia como
uma espécie de força de empuxo eletromagnética, dependente da aceleração em virtu-
de das características espectrais do campo ponto zero. Aqui, o conceito de eletrodinâ-
mica estocástica (EDE) do vácuo é muito mais pertinente que o conceito usual de
eletrodinâmica quântica (EDQ). Entretanto, trabalhos em curso indicam que discre-
pâncias entre EDE e EDQ não são irremediáveis, de sorte que algum dia talvez se
prove que as duas abordagens geram resultados absolutamente idênticos.
9. Mais detalhes na obra do autor Thr Intrrconnrctrd Univrru, op. cito
10. As escalares, ao contrário das ondas luminosas e sonoras clássicas, não satisfazem à
equação de d'Alembert, cuja característica marcante é a ocorrência de um segundo
termo (derivado do tempo) da amplitude de onda. Em geral, esse termo é conseqüên-
cia das propriedades inerciais da matéria. Contudo, num campo de força destituído
de massa como o vácuo quântico, tais propriedades não se aplicam. Conseqüente-
mente, as ondas de vácuO podem ser representadas por equações fundamentais que
contenham apenas termos (derivados do tempo) de primeira ordem. Existe só um
tipo de equações assim, governando propagações ondulatórias lineares: as equações de
onda de Schrodinger (cf. Thr Intrrconnretrd Univmr, op. cit.).
11. E. T. Whinaker, "an the partial differential equations of mathematical physics",
Mathmzatischr Annalm, 57 (1903), 333-355.
12. P. Gariaev e V. P. Poponin, "Vacuum DNA phantom effect in vitro and its possible
racional explanation", Nanobiology (1995).
13. Stanislav Grof, ThrAdvmturr ofSrlfdiscovrry, Albany: The State University ofNew
York Press, 1988.
14. Stanislav Grof, Thr Advmturr ofSrlfdiscovery, op. cit., xvi.
Medicina Ortodoxa -
Do Sistema Filosófico à Ciência

o filósofodeve começar pela medicina e o médico


deve terminar pela filosofia.
- Aristóteles

entanto, abebera-se amplamente na medicina ortodoxa. Cabe levar isso


AMedicina
em conta, Psiônica
pois não é,sesobretudo, umavisão
trata de uma abordagem
alternativabaseada
e sim na
de energia. No
uma exten-
são do tema ao campo da energia. Em conseqüência, nada mais apropriado do que
acompanhar o desenvolvimento da medicina ortodoxa desde suas origens, como
sistema filosófico, até seus atuais fundamentos científicos.

Breve história da medicina


Desde tempos imemoriais, o homem excogitou meios de assistir os doentes base-
ando seus tratamentos nas crenças da época. A partir de indícios arqueológicos
sabemos que, para o homem primitivo, a vida era governada por espíritos tanto
hostis quanto benevolentes. As doenças ou os distúrbios eram atribuídos à posses-
são demoníaca, sendo tratados com ritos mágicos, uso de amuletos e talismãs ou,
às vezes, técnicas primitivas de trepanação (abertura de um orifício no crânio) a
fim de deixar sair os maus espíritos.
Mais tarde, quando por fim renunciou à existência nômade de caçador e coleto r
de alimentos, o homem estabeleceu-se na terra e começou a plantar. À medida que
foi se envolvendo cada vez mais com os procedimentos agrícolas, percebeu forço-
samente que três fatores eram necessários à prosperidade das colheitas: o calor do
sol, a água e o solo. É fácil concluir, pois, que os antigos colonos logo deificaram
esses requisitos da vida vegetal para conceber uma cosmologia básica ou teoria do
universo. A eles, acrescentaram o elemento cósmico invisível do ar ou respiração,
a fim de explicar as necessidades especiais dos animais e dos homens.
52
MEDICINA ORTODOXA - DO SISTEMA FILOSÓFICO A CI~NCIA 53

Vemos assim como uma teoria dos elementos - terra, ar, fogo e dgua - pôde
evoluir para explicar a natureza do universo. Essa teoria, porém, não eiucidava o
fato de plantas e animais serem diferentes do resto do mundo inanimado. Para
tanto, impunha-se o conceito de algum tipo de energia ou força vital.
A antropologia nos ensina que esse modelo filosófico simples vem reaparecen-
do em todo o globo ao longo dos séculos. Os antigos gregos aperfeiçoaram-no no
século Va.c. Hipócrates de Cós, reverenciado como o Pai da Medicina, aprimo-
rou a idéia de que os quatro elementos, afetados pela força vital, transfundiam-se
em humores ou fluidos vitais depois de assimilados e absorvidos pelo corpo.
Havia quatro fluidos vitais: sangue, fleuma, bife negra e bife amarela.
Hipócrates ensinava que o Ar absorvido pelos pulmões se transformava em
sangue; a Água, em fleuma; a Terra (contida nos alimentos), em bile negra; e o
Calor ou Fogo, em bile amarela.
Aristóteles acrescentou a essa teoria a idéia dos elementos ligados às quatro
qualidades de quente, seco, frio e úmido. Cada elemento era uma combinação de
duas qualidades. Esse postulado explicaria a transformação de um elemento em
outro, caso se alterasse a predominância de uma das qualidades. Por exemplo: fogo
(quente e seco) mais água (fria e úmida) perderiam respectivamente secura e frial-
dade para formar terra (fria e seca) e ar (úmido e quente).

SANGUE BILE AMARELA


(SANGüíNEO) (COLÉRICO)

FLEUMA BILE NEGRA


(FLEUMÁTICO) (MELANCÓLICO)

Figura 3
54 MEDICINA PSIONICA

o médico do século II d.e, Cláudio Galeno, levou adiante essa teoria associan-
do os fluidos vitais (ou humores) e as qualidades aos tecidos do corpo. Brotou daí
a tese segundo a qual os fluidos vitais poderiam equacionar-se aos temperamentos
do homem. Haveria quatro temperamentos básicos: sangüÍneo, fleumático,
melancólico e colérico. Ademais, como se ligavam a pares de qualidades, a pre-
dominância de um desses pares resultaria em mais quatro subtipos, além de
um que representaria o equilíbrio perfeito das quatro qualidades. Portanto, nove
tipos constitucionais de pessoas, ou nove temperamentos, eram reconhecidos
(Figura 3).
Dos quatro temperamentos básicos, pensava-se que o colérico puro fosse con-
fiante, irascível, melindroso e orgulhoso; o fleumático ou linfático seria nervoso,
um tanto obsessivo, prático, mas tímido; o sangüÍneo, excitável, impressionável,
impulsivo e não raro inconstante; o melancólico, cauteloso, sério, industrioso e
solitário, com tendência à depressão.
Passou-se a acreditar também que os diferentes órgãos fossem influenciados
por uma das três essências ou espíritos. O coração seria a sede do espírito vital,
responsável pela esperança, o humanitarismo, a moralidade e a coragem; o fígado,
do espírito natural, que nutria o corpo; e o cérebro, do espírito animal, que dotava
o indivíduo de imaginação, tirocínio e memória.
Também se consideravam importantes as influências astrológicas, porquanto
se julgava que tanto os fluidos vitais quanto as essências sofriam a influência dos
signos zodiacais e dos planetas.
A saúde dependia, portanto, do equilíbrio entre os fluidos vitais, sendo a do-
ença a conseqüência inevitável de qualquer desequilíbrio. O tratamento incluía a
restauração do equilíbrio pela redução do pecante ou humor patogênico. Por exem-
plo, se se concluísse que o sangue era o humor responsável, a sangria restauraria o
equilíbrio. A palavra dessangrar pode ter-se originado dessa prática; de igual modo,
colagogo, droga que afeta o fluxo da bile; emético, que provoca vômitos; e purga-
tivo, que limpa os intestinos. Todos esses expedientes eram empregados para
remover o excesso de humores pecantes.
Outro método de restaurar o equilíbrio era a aplicação da doutrina dos con-
trários. Isso quer dizer que uma doença predominantemente úmida devia ser cura-
da pela administração de um remédio seco, ao passo que uma droga quente faria
mais efeito contra uma doença fria. Esse sistema de farmacologia recebeu a deno-
minação de galenismo, em lembrança do médico Galeno, e os remédios passaram
a ser conhecidos como galênicos.
Os galênicos eram em geral extremamente complicados, consistindo de nu-
merosos ingredientes de eficácia duvidosa. O próprio Galeno, com freqüência,
prescrevia remédios cuja fórmula exigia nada menos que cem substâncias. Estas
MEDICINA ORTODOXA - DO SISTEMA FILOSOFICO A CI~NCIA 55

iam do mágico-médico (pés de múmias egípcias pulverizadas), passando pelo exó-


tico (chifre torrado de unicórnio ou rinoceronte), até as ervas e plantas comuns.
Com efeito, na expressão inglesa "mais frio que um pepino", notamos a referência
ao uso desse legume simples como galênico. E na verdade é um agente refrescante,
de eficácia científica comprovada, pois que rico em salicilatos (associados, é claro,
à aspirina).
Essa visão simplificada de como pôde o homem chegar a uma teoria dos ele-
mentos e daí a uma teoria dos humores serve de modelo para uma explicação
filosófica da medicina. Observando o universo e deduzindo sua constituição a
partir dos "tijolos" dos elementos, o homem logicamente concluiu que o corpo
humano é um universo em miniatura e que as mesmas leis responsáveis pelo go-
verno do cosmo regulam a saúde. Assim o homem, microcosmo, reflete o universo,
macrocosmo.

o nascimento da medicina científica


A teoria dos humores, tal qual delineada acima, dominou a medicina ocidental até
o Renascimento, quando a adoção da abordagem científica tornou aparentemente
sem sentido os conceitos de quente, frio, úmido e seco.
Em 1543, foram publicados ao mesmo tempo, na Europa, três livros que
sacudiram os alicerces do mundo médico e científico. Eram eles: De Humani
Corporis Fabrica (Desenhos Anatômicos de André Vesálio), a primeira tradução do
original grego da Matemática e Física de Arquimedes e De Revolutionibus Orbium
Coelestium (Da Revolução dos Corpos Celestes), de Nicolau Copérnico. Graças a
essasobras, chegou-se à compreensão de que as doenças não podem ser vinculadas
à estrutura anatômica; de que os eventos físicos são mensuráveis e previsíveis de
acordo com leis matemáticas; e de que o sistema da astrologia baseava-se na crença
falaciosasegundo a qual estrelas e planetas estão fixos em posições corresponden-
tes aos seus papéis astrológicos. A Revolução Científica eclodira, fazendo com que
a observação e a mensuração objetivas começassem a substituir a tradição e a auto-
ridade da palavra escrita.
Um dos principais defensores da nova abordagem foi Santório Santório, con-
temporâneo e amigo de Galileu, o qual, em 1625, demonstrou que a temperatura
de um indivíduo predominantemente "quente" e a temperatura de um indivíduo
predominantemente "frio" eram iguais. 1
Três anos depois, em 1628, o método científico ganhou novo alento com
William Harvey e sua monografia De Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus (Do
Movimento do Coração e do Sangue nos Animais). Secundando a teoria com a prova
experimental, ele lançou as bases da ciência da fisiologia.
56 MEDICINA PSIONICA

Dualismo
Mais ou menos pela mesma época, René Descartes (1596-1650), matemático e
pensador, estabelecia os fundamentos daquela que viria a ser chamada a filosofia m~
cartesiana. Insatisfeito com a tradição e o dogma teológico, ele buscou uma expli- po
cação mecanicista dos fenômenos. A seu ver, a natureza trabalhava segundo leis vir
mecânicas e o corpo humano era uma máquina complexa desenhada por Deus, 19u
que a dotara de uma "alma racional". Além disso, como não acreditava que os lns
animais possuíssem uma alma racional (tomava-os por simples autômatos sofisti- aUI

cados), as operações dos órgãos do corpo poderiam, cria ele, ser legitimamente pn
estudadas graças à experimentação animal. do
Em virtude desse dualismo mente-corpo inerente à abordagem cartesiana - en
a doutrina pela qual mente e corpo constituem entidades separadas -, foi possí-
vel aos pesquisadores compartimentalizar as duas, de sorte que a medicina tornou- te
se o estudo do funcionamento interno do homem. Por essa razão, a torrente de m:
descobertas em fisiologia suscitou a crença de que a doença poderia, afinal de
contas, ser explicada inteiramente nos termos dos princípios mecanicistas. Com uri
efeito, na esteira da demonstração do italiano Giovanni Battista Morgagni (1682- rá(
1771), de que é possível localizar a doença em certos órgãos correlacionando-se rac
relatos post-mortem com registros clínicos, a nova ciência da patologia veio a lume.
Desde então, a doença, e não o paciente, tornou-se o objeto da medicina. po
A influência da Igreja Cristã tem de ser mencionada aqui, pois foi mais ou
menos nessa época que ela começou a permitir a dissecação de cadáveres para fins tu
científicos. A importância disso é que a Igreja viu no dualismo mente-corpo uma D
confirmação de seu próprio ponto de vista. Em outras palavras, o corpo era um de
tema conveniente de estudo para simples cientistas, pois não passava de um vaso
frágil e imperfeito que alojava temporariamente a alma, ao passo que a investiga-
10;
ção da mente e da alma cabia exclusivamente à religião. Assim, com as bênçãos da lic
Igreja, o dualismo mente-corpo abriu caminho para a implantação do modelo or
biomédico da medicina. O acúmulo de conhecimentos sobre estrutura e função
qi
parecia reafirmar a tese de que o corpo era uma máquina, de que a doença resulta- d<
va do mau funcionamento das peças e de que a tarefa do médico consistia em
consertar a engenhoca.

o modelo biomédico da medicina ocidental ortodoxa


Daí por diante, as doenças foram classificadas de acordo com os distúrbios patoló-
gicos e novas "ciências patológicas" surgiram. E, assim como as ciências médicas
fundamentais haviam abarcado a anatomia, a histologia, a fisiologia e a bioquími-
ca, seus equivalentes patológicos passaram a ser a anatomia patológica, a
histopatologia, a fisiologia patológica e a patologia química.
MEDICINA ORTODOXA - DO SISTEMA FILOSOFICO A CI~NCIA 57

Do lado clínico, dado que os médicos não buscavam mais indicadores de


desequilíbrio humoral, mas rastreavam sinais visuais e auditivos de mau funciona-
mento, houve uma avalanche de invenções diagnósticas. A invenção do estetoscópio
por René-Théophile- Hyacinthe Laennec (1781-1826) permitiu aos médicos ou-
vir o fluxo do ar nos pulmões, os batimentos cardíacos e o som dos intestinos. De
igual modo, o oftalmoscópio de Hermann von Helmholtz (1821-1894) ensejou a
inspeção do interior do olho. Nos anos de 1820, aperfeiçoou-se um espéculo
auricular para o exame do ouvido e, em 1896, Scipione Riva-Rocci apresentou o
primeiro esfigmomanômetro eficiente para a medição da pressão sanguínea. To-
dos esses instrumentos, ou suas versões um pouco mais sofisticadas, podem ser
encontrados na maleta de praticamente todos os clínicos ainda hoje.
Em 1895, Wilhelm Conrad Rõntgen (1845-1922) detectou o impressionan-
te fenômeno dos raios X. Como esses raios pudessem penetrar em quase todos os
materiaise produzir uma sombra fotográfica, seu uso em medicina logo foi adotado.
Pouco depois, Henri Becquerel (1852-1909) descobriu o elemento radiativo
urânio. Em 1898, Pierre (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934) isolaram o
rádio da plechbenda. Dessas duas grandes descobertas nasceram as disciplinas da
radiologia e da radioterapia, respectivamente.
O nome de Louis Pasteur (1822-1895) destaca-se na medicina do século XIX,
pois ele efetivamente implantou o campo da bacteriologia ao elaborar a teoria
microbiana da doença. Pela primeira vez, os médicos começaram a entender a na-
tureza das infecções e passaram a tomar precauções para evitar sua disseminação.
Depois dele, Robert Koch (1843-1910) descobriu o bacilo da tuberculose, um
dos maiores assassinos da época.
Esses dois homens, indubitavelmente, dominaram os primórdios da bacterio-
logia, mas após a morte de Pasteur a pesquisa bifurcou-se. Na Alemanha, sob a
liderança de Koch, os bacteriologistas puseram-se a investigar e a catalogar os
organismos responsáveis pelas diversas moléstias infecciosas. Na França, em se-
qüência aos trabalhos de Pasteur sobre vacinação, a ênfase incidiu na compreensão
dos mecanismos da imunidade.
O russo Elie Metchnikoff (1845-1916) aprimorou nosso conhecimento da
imunidade quando demonstrou que algumas células brancas do sangue (leucócitos)
eram capazes de destruir bactérias engolindo-as (fagocitose), ao passo que outras
podiam desenvolver anticorpos contra futuras invasões bacterianas. Por isso, rece-
beu o Prêmio Nobel em 1908.
Importante descoberta foi feita por Pierre-Paul Émile Roux (1853-1933),
discípulo de Louis Pasteur, que relatou ter encontrado um agente patológico tão
minúsculo que escapava ao microscópio e conseguia passar até mesmo pelo filtro
58 MEDICINA PSIONICA

mais fino. Assim se descobriram os vírus, inaugurando-se uma nova disciplina, a sen

virologia. em
Depois disso, encontraram-se outros microorganismos de diferentes tama- Bi~
nhos. Howard Taylor Ricketts (1871-1910), trabalhando nos Estados Unidos,
COI
atinou com um grupo de organismos de tamanho intermediário entre as bactérias
e os vírus, causadores por exemplo da febre maculosa das Montanhas Rochosas. Ele abl

deu nome a esse importante grupo: rickettsia.


ca:

Em busca da bala mágica - a farmacologia entra na lista


Durante séculos, o mercúrio sob a forma de calomelano (cloreto de mercúrio) era
res
usado em doses maciças, tóxicas e freqüentemente fatais no tratamento da sífilis.
Em 1909, Paul Ehrlich (1854-1915) e Sahachiro Hata (1873-1938) desenvolve-
sul
ram a droga salvarsan, também conhecida como 606 porque foi de fato produzida
en
na sexcentésima sexta tentativa. Era um composto de arsênico que suplantou pron-
Vl(
tamente o uso do mercúrio. Revelou-se a primeira droga realmente eficaz contra
es(
uma moléstia infecciosa e levou Ehrlich a pensar que havia outras "balas mágicas"
id,
a serem descobertas para a cura das doenças. m,
Foi só em 1932, porém, que se deu o próximo passo significativo, quando
apareceu o prontosil, precursor dos antibióticos de sulfonamida. Essas drogas ti- Cai
nham um efeito notável no tratamento da pneumonia, mas apresentavam proble- ca
mas sérios. Então, em 1940, em parte devido às necessidades de guerra, Ernst Chain bl:
(1906-1979) e Howard Florey (1898-1968) publicaram um trabalho sobre o uso
da penicilina no tratamento da infecção. Esse trabalho baseava-se, é claro, no
efeito antibactericida da penicilina observado por Alexander Fleming (1881-
1955) ainda em 1928. Os três cientistas ganharam o Prêmio Nobel em 1945.
Os últimos anos do século XX assistiram a uma verdadeira explosão de desco-
bertas no campo da farmacologia, quando passaram a ser usados a insulina, os
esteróides e outros agentes analgésicos ou antiinflamatórios. Em virtude disso e
dos progressos em outras disciplinas como a imunologia, foi possível aprimorar
técnicas de preservação da vida como a hemodiálise e o transplante de órgãos.

PSiquiatria - a medicina da mente


Mais acima, inferimos que René Descartes foi afinal de contas o responsável pela
doutrina da dicotomia mente-eorpo, o que de fato resultou em preservar a mente
de quaisquer considerações relativas aos processos mórbidos. Por felicidade, como
veremos, essa atitude está mudando de maneira radical no modelo da medicina
ortodoxa do Ocidente.
O tratamento costumeiro das doenças mentais, no início do século XVIII, era
uma desgraça. Os chamados "lunáticos" viviam encarcerados em hospícios, não
MEDICINA ORTODOXA - DO SISTEMA FILOSOFICO A CIf.NClA 59

sendo muito mais bem tratados que prisioneiros. O bom senso só se manifestou
em 1798, quando Phillipe Pinel quebrou os grilhões dos pacientes no Manicômio
Bicêtre, na França.
Em 1870, Henry Maudsley publicou um livro sobre a relação mente-eorpo
como fator causativo das doenças mentais. Era um livro brilhante para a época e
abriu caminho para uma melhor compreensão da mente no século XX.
A psiquiatria contemporânea consiste basicamente de três correntes de práti-
ca: psicoterapia, psiquiatria comportamental e psiquiatria orgânica.
A corrente dominante no início do século XX era sem dúvida a abordagem
desenvolvida por Sigmund Freud (1856-1939) e seus dois principais colaborado-
res, Carl Gustav Jung (1875-1961) e Alfred Adler (1870-1937).
Freud, usando de início a hipnose, sustentou que certas doenças mentais re-
sultavam de conflitos não-resolvidos imersos nas profundezas da mente inconsci-
ente. Descreveu inúmeros mecanismos mentais que pareciam atuantes tanto na
vida normal quanto nos estados neuróticos, como por exemplo a repressão, o
esquecimento e a simbolização. A seu ver, a mente se compunha de três partes: o
id, o ego e o superego, a partir do que desenvolveu sua famosa técnica da psicanálise
mediante livre associação.
Adler e Jung, ambos discípulos de Freud, também usaram técnicas psicanalíti-
cas, embora achassem que o mestre insistira demais na frustração sexual como
causa da neurose. Adler ressaltou a necessidade de auto-estima e Jung estimulou a
busca de auto-realização. Jung, como sabemos, ficou famoso graças ao seu concei-
to de inconsciente coletivo e à sua descrição dos arquétipos psicológicos. Cada um
seguiu seu próprio caminho, daí resultando a fundação de três escolas de pensa-
mento psicanalítico.
A psiquiatria comportamental, segunda corrente de pensamento, originou-se
da obra do russo Ivan Pavlov (1849-1936), que recebeu o Prêmio Nobel em 1904
por um trabalho sobre o sistema digestivo. Mais tarde, ele voltou a atenção para os
distúrbios mentais e, aplicando seu conceito de reflexo condicionado, implantou a
escola de pensamento behaviorista (comportamental). Nesses termos, a doença
mental podia ser atribuída ao comportamento aprendido e devia ser tratada pelo
"desaprendizado" da resposta condicionada.
A abordagem orgânica subscreve, em essência, a tese segundo a qual as ativi-
dades mentais são produto do funcionamento do cérebro, quer dizer, a aberração
da atividade mental é resultado de mudanças orgânicas (químicas ou físicas) no
encéfalo. O tratamento consistirá, portanto, no uso de drogas psicotrópicas, tera-
pia eletroconvulsiva (TEC) ou "psicocirurgia".
Tudo isso não passa, obviamente, de supersimplificação, pois praticamente
todos os médicos estão hoje cônscios da importância dos fatores psicológicos nas
percepções que os pacientes têm de suas próprias doenças.
60 MEDICINA PSIONICA

Medicina e cirurgia modernas


São muitos os progressos registrados tanto na medicina quanto na cirurgia ao
longo do século XX. O controle da dor, a melhor compreensão da coagulação
sanguínea, o equilíbrio fluídico e eletrolítico, o combate bem-sucedido à infecção
e a tecnologia dos anestésicos transformaram os anfiteatros das escolas de medici-
na em locais onde os mais incríveis procedimentos podem ser levados a cabo.
Muitos dos principais órgãos são agora objeto de transplante, reimplantam-se
membros amputados e é rotineira a substituição de ossos do joelho ou do quadril.
Não bastasse isso, graças aos laparoscópios e à fibra óptica, os cirurgiões estão
dilatando as fronteiras mediante o aperfeiçoamento de cirurgia minimamente
invasiva ou "de buraco de fechadura", como é popularmente chamada.
No lado médico, sintetizam-se o tempo todo drogas direcionadas, que produ-
zem efeito apenas em determinado órgão ou sistema. A úlcera péptica pode agora
ser tratada medicamente, sem recurso à cirurgia, como era o caso há apenas três
décadas. Vários tipos de câncer, que antes apresentavam assustadoras taxas de
mortalidade, oferecem hoje possibilidades realistas de bloqueio, se não de cura. As
terapias hormonais evoluíram muito, permitindo que as mulheres planejem suas
famílias e, em idade mais avançada, enfrentem a menopausa com pouquíssimo
risco de osteoporose, fraturas ósseas e perturbações cardíacas.
No começo do século XX, os médicos de hospital tornavam-se clínicos ou ci-
rurgiões-gerais. Ou seja, era possível a um homem versar todas as disciplinas médi-
cas ou cirúrgicas. Porém, com o avanço da tecnologia médica e o acúmulo dos
conhecimentos, aumentou a necessidade de especialização- e subespecialização.
Os críticos da medicina ortodoxa alegarão que o reducionismo, causador da
subespecialização (na verdade, uma superespecialização), forma médicos interes-
sados unicamente em seu campo, na parte do corpo estudada por sua especialida-
de. Isso é pueril, pois a especialização leva necessariamente ao trabalho de equipe
- e é o trabalho de equipe que, hoje, fomenta o progresso da ciência.
No último terço do século XX, as especialidades começaram a cruzar-se até
certo ponto. Havia, inevitavelmente, áreas de interesse mútuo, já que nenhum
sistema do corpo pode ser considerado à parte. Por exemplo, como o coração
não é apenas uma bomba, mas uma bomba inervada, alguns pesquisadores re-
solveram especializar-se em neurocardiologia. De igual modo, trabalharam-se
áreas como imunopsiquiatria, neuroendocrinologia, neuropsicologia e psico-
fisiologia.
Na verdade, pode-se tecer com tudo isso um tapete. Cada fio (cada disciplina)
é parte integrante e essencial do todo, embora por si só cause pouco efeito. Nos
pontos em que um fio se entrelaça com outro (outra disciplina), existem áreas de
interesse recíproco, criando-se ali um efeito mais destacado. Quanto mais entrela-
MEDICINA ORTODOXA - DO SISfEMA FILOSÓFICO A CIfNCIA 61

çamentos houver, mais perto chegaremos do quadro e do impacto total que os fios
individuais não podem provocar sozinhos. O resultado final do reducionismo, em
certo sentido, deve ser o avanço rumo ao holismo.

Medicina holística
Jan Smuts, primeiro primeiro-ministro da África do Sul, em seu livro Holism and
Evolution ["Holismo e Evolução"), cunhou o termo "holismo" em 1926. Décadas
mais tarde, nos anos de 1960, a palavra foi adotada como uma abordagem perti-
nente da medicina, em parte graças à reação contra o crescente reducionismo
dessaciência e em parte devido ao interesse cada vcr. maior do público pelas filo-
sofiasorientais. No fundo, era o reconhecimento de que mente, corpo, espírito e
ambiente tinham de ser levados em conta para se cuidar da saúde das pessoas.
Uma das maneiras de estudar esse assunto era observar os sistemas e a teoria
dos sistemas. Weiss2 e Von Bertalanffy3 escreveram sobre a teoria dos sistemas, mas
foi George EngeI,4 professor de Psiquiatria em Rochester, Nova York, que a apli-
cou à saúde e à doença. Engel salientou que todo sistema é, ao mesmo tempo,
componente de um sistema superior. Por exemplo: a célula é parte de um tecido e
o tecido é parte de um órgão, etc. Em suma, nada existe isoladamente. Cabe
examinar a célula, mas sabendo-se que ela não está desligada do todo. Seria o
mesmo que examinar o peixe fora da água: ele daria pouca informação sobre como
reage a seu ambiente, o que come, de que modo respira, vive e morre. É preciso
estudar todos os sistemas interativos e por isso Engel exigiu um novo modelo de
medicina.
De fato, com a especialização cruzada já em curso, os pesquisadores passaram
a aceitar a influência da mente na saúde e na doença (em tOtÚls as doenças, note-se
bem, e não apenas nas de ordem mental, domínio da psiquiatria), de sorte que
chegara a hora de dar impulso à medicina holística.

Psiconeuroimunologia
Na década de 1960, o psiquiatra Dr. George Solomon notou que algumas mulhe-
res com determinados traços de personalidade, inclusive passividade e tendência
ao sofrimento constante, eram mais propensas a desenvolver artrite reumatóide.
Observou também que ratos com células tumorais implantadas tendiam a morrer
mais depressa quando submetidos a estresse. Solomon concluiu que, de alguma
maneira, a mente afetava o sistema imunológico e por isso deu ao novo campo de
estudo o nome de psicoimunologia.
Nos anos de 1970, o psicólogo Robert Ader fcr. outra descoberta curiosa: os
ratos podiam ser condicionados a deprimir seu próprio sistema imunológico. Tra-
balhando com Nicholas Cohen, imunologista, aventou que certas trilhas nervosas
62 MEDICINA PSIONICA

talvez operassem entre o cérebro e o sistema imunológico e que o condicionamen-


to poderia afetar o sistema. Assim, os dois pesquisadores ampliaram o nome da
disciplina para psiconeuroimunologia (PNI). Mais tarde, a neurocientista Karen
Bulloch provou que eles estavam certos em sua conjectura: Bulloch conseguiu,
com efeito, rastrear ligações nervosas diretas entre o cérebro e o sistema imunológico.
Até então, sabia-se que havia transmissão nervosa entre o cérebro e o sistema
imunológico; mas muito mais estava por vir. Candace Pert, a neurocientista que
descobriu o receptor opiato, fez extensas pesquisas para provar que inúmeras subs-
tâncias químicas produzidas no corpo retroagem entre o cérebro e o sistema
imunológico. Ela e sua equipe descobriram que existem muitos pontos de recep-
ção para esses neurotransmissores ou moléculas informacionais5, que não se limitam
ao cérebro e ao sistema nervoso central. Há pontos nas células brancas e vermelhas
do sangue, no estômago e nos rins. Por isso se pode perceber por que o corpo reage
tão prontamente ao estresse.
Até o momento, uns sessenta e cinco neurotransmissores já foram cataloga-
dos. Eles agem literalmente como condutores de emoção no sentido de que, quan- 1.
do sentimos um arroubo particular - por exemplo, cólera, medo ou ciúme -,
um hormônio específico ou neurotransmissor é liberado nos compartimentos flui-
dos do sangue. Se encontrar um ponto adequado de recepção, parará e entrará na 2.
célula para afetar seu funcionamento.
Dado que agora estamos cientes tanto da base neurológica quanto do meca- 3.

nismo hormonal pelos quais a mente afeta o corpo, a disciplina às vezes é chamada 4.
de psiconeuroendocrinoimunologia (PNEI). Seja lá qual for o nome, suas descober-
5.
tas vêm se revelando de grande valia para a nossa compreensão de como mente e
corpo afetam-se um ao outro.
Dois fenômenos fascinantes são dignos de menção. O primeiro é o fato de
muita gente ser capaz de adiar suas doenças. Vê-se isso com freqüência em pessoas
que conseguem trabalhar duramente por muito tempo e vão para a cama logo no
primeiro dia de férias. O segundo é a observação de que um número desproporci-
onal de pessoas morrem no dia de seu aniversário ou depois de realizar uma tarefa
que se haviam imposto. William Shakespeare é exemplo disso: morreu no dia do
seu aniversário. Por quê?

Sumário
Este capítulo é muito importante porque vale a pena saber como a medicina ortodo-
xa se desenvolveu. Começou como um sistema filosófico; depois, sob a influência
do dualismo cartesiano, avançou em roupagem reducionista para mergulhar cada
vez mais fundo nas operações do corpo físico e reservar à mente apenas a condição
de fenômeno isolado, de área separada de estudo. No entanto, graças ao reconheci-
MEDICINA ORTODOXA - DO SISTEMA FILOSÓFICO À CItNCIA 63

memo do holismo e ao crescente interesse pela teoria dos sistemas, aceitou-se por
fim que mente, corpo e ambiente não podem ser considerados isoladamente.
A psiconeuroimunologia mostra-nos hoje que a mente e o corpo interagem,
pelo menos no nível fenomenológico. Isso é da máxima importância porque nos
revela como, se não por que, a mente e o corpo se influenciam mutuamente na
saúde e na doença. No entanto, em nada nos faz compreender melhor as causas
mais sutis da doença.
A Medicina Psiônica é o ramo da medicina que nos dará acesso a essas esferas
sutis. Repetimos: não se trata de medicina alternativa em nenhum sentido. Ela se
baseia solidamente na medicina ortodoxa e em todas as disciplinas que consti-
tuem esta última. Representa um meio de delinear e remover as causas imprecisas
das doenças, de modo que os processos subjacentes que as provocam sejam, se
possível, detidos em seu curso.

Notas
1. A idéia de que o quente e o frio tinham algo a ver com a temperatura era errônea,
porém. Os conceitos de quente e frio devem ter sido utilizados em sentido metafóri-
co. Com efeito, é assim que são vistos pelas culturas que ainda praticam extensamente
uma medicina baseada na teoria humoral.
2. Weiss, P., "The System of Nature and the Nature of Systems", in 1õwards a Non-
centrtd Mtdical Scimu, Nova York, Futura Pub. Co., 1977.
3. Von Bertalanffy, L., Gmtral Sysums Theory, Nova York, Braziller, 1968.
4. Engel, G., "The Need for a New Medica! Model: The Challenge of Biomedicine",
Science 196: 129-136, 1976.
5. Ver o livro de Candace Pert, The Mokcuks ofEmotion, Pocket Books, Simon & Schuster,
Londres, 1997.
Corpos Sutis
e Medicina Psiônica

o homem é o que é em virtude do corpo, do corpo etérico, da


alma (corpo astral) e do ego (espírito). Na saúde, deve ser visto
e compreendido a partir dos aspectos desses seus membros; na
doença, ser observado na perturbação do equilíbrio; e,para curd-
10, temos de procurar remédios que restaurem esse equilíbrio.

- FundamentaIs of The;apy,
Rudolph Steiner

No gens como sistema filosófico, ao longo de anos de crescente reducionismo


último capítulo,
e dualidade examinamos
mente-eorpo, até sua aatual
evolução da medicina
aceitação desde
da interação entresuas ori-
mente,
corpo e sistema imunológico. Isso demonstra que, se ela ainda não atingiu a meta,
está pelo menos no caminho certo. Agora, consideraremos de que modo o topo de
nossa pirâmide da medicina poderá altear-se graças à visão do lado energético do
homem.

Mais que carne e sangue


Praticamente todas as culturas acreditam ser o homem algo mais que um corpo
físico organizado por um órgão esquisito e enrugado - o cérebro -, contido no
interior do crânio. Quase sem exceção, elas concluíram que alguma força vivificante,
alma ou espírito, residia dentro do corpo e, na morte, sob a forma de energia
imponderável, deixava o corpo, viajando usualmente para outra esfera.
Algumas sociedades levaram essa idéia adiante e postularam diferentes "cama-
das" no homem, tanto no sentido físico quanto no suri!.

64
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONICA 65

Os antigos egípcios
Geralmente, cuida-se que os egípcios fossem uma raça obcecada pela morte. Esse
equívoco surgiu simplesmente em face dos artefatos e monumentos funerários
que eles nos legaram. Na realidade, eram um povo que amava a vida e queria que
ela continuasse em outra esfera ontológica. Suas práticas religiosas, porém, induzi-
ram-nos a acreditar que a personalidade deveria permanecer o mais intacta possí-
vel, para que se submetessem com êxito à prova dos deuses na Sala do Julgamento.
No período pré-dinástico, os egípcios achavam que os três principais elemen-
tos constitutivos da pessoa eram o corpo, a alma e o espírito. A medida que sua
religião foi se tornando mais complexa, passaram a conceber níveis ontológicos
mais profundos, que constituíam a personalidade, cada um dos quais devia ser
protegido caso o indivíduo almejasse viver eternamente com Osíris nos Campos
da Bem-aventurança. Os papiros falam-nos de múltiplas combinações, mas, ao
todo, havia dez camadas ou aspectos da personalidade: Sahu (corpo cósmico), Ka
(reprodução energética do corpo físico), Ba (reprodução do espírito), Khaibit(som-
bra), Khu (corpo espiritual), Khat (corpo físico), Hati (o coração físico), cujo equi-
valente era o Ab (o coração da consciência), Sekhem (força vital) e Ren (nome).
Concentremo-nos de momento no Ka. Esse dublê energético da pessoa, pelo
que se acreditava, podia deixar o corpo durante o sono, vagar e visitar pessoas ou
lugares; essas jornadas e encontros sobreviviam na memória. Assim, os sonhos
passavam por experiências Ka concretas, de sorte que o Ka do sonhador encontra-
va o Ka ou avistava a forma física de outro indivíduo em uma de suas andanças.
Todavia, não se pensava que apenas o ser humano possuía um Ka. Todas as
coisas existentes tinham Ka: pássaros, quadrúpedes, peixes, plantas, árvores e até
objetos inanimados. Quando o homem comia, o alimento físico nutria seu Khat
(corpo), mas o Ka do alimento nutria o Ka que era parte do homem.
É fácil desprezar os egípcios como filosófica ou teologicamente ingênuos; a
verdade, porém, é que havia muita sofisticação em sua concepção da natureza
humana.

Os antigos gregos
Os antigos gregos foram, como se sabe, um povo altamente sofisticado e inteligen-
te, que investigava a fundo a natureza do universo e o lugar que o homem nele
ocupava. Empédocles, nascido em Agrigento, Sicília (jloruit c. 450 a.c.), afirmava
que o universo era composto de quatro elementos: Terra, Ar, Fogo e Água, os
quais se sujeitavam às forças do amor e do ódio, da atração e da repulsão. Chegou-
se assim à conclusão de que a matéria do universo, e portanto também o homem,
eram feitos desses elementos.
A visão neoplatônica, que era no fundo uma síntese do platonismo, aristotelismo
e pitagorismo, apontava cinco componentes principais na pessoa: o soma, corpo
66 MEDICINA PSIONICA

físico; a psyehe, personalidade do indivíduo, uma espécie de mente inferior; thymos,


aspecto ativo, racional e mortal do homem; pneuma, energia ou ar vital; e nous,
mente superior e divina, além da qual só existia a divindade. Quando da morte, o
thymos expirava, deixando a psyehe livre para descer ao mundo subterrâneo e ali
gozar a vida eterna. Em essência, o thymos e a psyehe eram dois aspectos do ser,
correspondentes ao Ka e ao Ba dos antigos egípcios.

o conceito oriental
O hinduísmo é a última grande religião politeísta da Terra. Embora não possua
cânone escritural fixo, as doutrinas espirituais encontram-se nos Védas (literal-
mente, "conhecimento"), uma coletânea de antigos hinos e ensinamentos aparen-
temente transmitidos aos rishis (videntes) pelo Senhor Brahma, o criador. Foram
escritos entre 1500 e 500 a.c.
Nos Védas, temos descrições da natureza física e sutil do homem. Em resumo,
ensina-se que várias camadas, níveis ou corpos existem ao mesmo tempo, ligados
por tênues vínculos anatômicos que incluem os ehakras (centros energéticos) e os
nadis (canais de energia).
No século X, o guru Goraknath escreveu o Gorakshashatakam, um tratado
sobre o despertar do ehakra e a meditação. No século XVI, Purananda Svami
publicou um estudo ainda mais abrangente, o Shri- Tattva-Cintamini.
Os textos do budismo tibetano também descrevem esses corpos sutis e o siste-
ma dos ehakras. Há diferenças entre eles, mas que podem ser consideradas
superposições interpretativas.

o movimento teosófico
No final da década de 1870, madame Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891)
fundou a Sociedade Teosófica juntamente com o coronel Harry Steel Olcott, em
Madras, na índia. O termo vem das palavras gregas theos, "deus", e sophia, "sabe-
dorià'. Segundo os ensinamentos da seita, todas as religiões surgiram de uma raiz
comum da sabedoria antiga e podem facilmente ser desvinculadas dos mitos ou
símbolos populares que correm o mundo. Seu estudo conduzirá à verdade e à
unidade espiritual. Nesse quadro, o homem é concebido como um ser espiritual,
havendo sete esferas de consciência ou sete corpos sutis. Um conceito básico da
teosofia é a reencarnação determinada pelo karma.

Rudolph Steiner e a antroposofia


Rudolph Steiner (1861-1925) - filósofo, artista, cientista e educador austríaco
- vinha desenvolvendo suas próprias idéias sobre a natureza espiritual do ho-
mem, em parte com base em suas experiências clarividentes, em parte graças à sua
CORPOS SlJflS E MEDICINA PSIONICA 67

capacidade de acesso aos Registros Akáshicos, I quando começou a chamar a aten-


ção dos teosofistas. Suas palestras tornaram-se muito populares e, em 1902, ele
fundou a vertente alemã da Sociedade Teosófica.
As idéias de Steiner, porém, diferiam acentuadamente das adotadas pelos
teosofistas. Se, na teosofia, a influência dominante eram as filosofias orientais, a
orientação de Steiner apontava sobretudo para o Ocidente. Em 1913 ele resolveu
fundar sua própria organização, a Sociedade Antroposófica. O termo, originário do
grego anthropos ("homem") e sophia ("sabedorià'), trai a ênfase diversa de suas idéias.
A antroposofia cobre todo um leque de atividades, inclusive ciência espiritual,
religião, educação, agricultura orgânica e saúde. De fato, um sistema inteiro de
medicina, a medicina antroposófica, evoluiu a partir de seus princípios norteadores.
Steiner ensinou que a natureza humana era quádrupla - e disso ele estava
pessoalmente cônscio em virtude de sua própria capacidade psíquica. Com efeito,
acreditava na existência de quatro corpos constitutivos da pessoa:

• Corpo físico
• Corpo etérico - o dublê energético que exerce "forças formativas" sobre o
físico
• Corpo astral - o corpo emocional cognitivo que contém as motivações e
impulsos do indivíduo
• Ego - a autoconsciência, alma e espírito.

Conforme mencionamos no Capítulo 1, o conceito steineriano dos corpos sutis e


sua interação influenciou profundamente o Dr. George Laurence. Ele começou a
perquirir se a causa de inúmeras doenças não se localizava em algum lugar para
além do corpo físico. O corpo etérico parecia ser essa localização possível.

Os corpos sutis
Pelo exposto, vemos que existem várias similaridades entre os .sistemas examina-
dos. Eis um amálgama plenamente aceitável de todos eles:

• Corpo físico - o equivalente do Khat dos antigos egípcios, o grego Soma


• Corpo etérico - o corpo energético onde se acham os mecanismos
organizadores e reguladores que controlam efetivamente as funções corpo-
rais do nível atômico para cima. O equivalente do Ka dos antigos egípcios,
o grego Psyche
• Corpo astral - o corpo psíquico, corpo emocional que contém os impul-
sos emotivos e as paixões. O equivalente do Ba dos antigos egípcios, o grego
Thymos
68 MEDICINA PSIONICA

• Corpo mental - o corpo dos pensamentos ou intelecto


• Corpo causal - o eu superior. Em algumas interpretações, existiriam ní-
veis ainda mais elevados, conducentes à alma absoluta do indivíduo.

Esses corpos sutis são vistos como planos ontológicos diferentes e, por essa razão,
conviria considerá-Ios antes campos do que corpos (entretanto, por convenção,
continuaremos a chamá-Ios de "corpos"). Todos mostram-se ativos em cada um de
nós, que todavia não nos damos conta deles principalmente em virtude de viver-
mos na esfera física e termos nossos sentidos a ela limitados. Dito isso, muitas
pessoas conseguem conscientizar-se de alguns níveis inferiores, com a prática. Não
se trata de descobrir novas habilidades, mas apenas de redescobrir talentos ador- eo
mecidos ou esquecidos. De fato, recuperar alguns desses talentos latentes é funda-
mental para a prática da Medicina Psiônica.

Auras
Toda pessoa tem uma aura, um campo de energia multidimensional constituído
de diferentes corpos sutis. Estes, às vezes, são vistos em camadas, como as cores do
arco-íris, envolvendo o corpo como um conjunto de bonecas russas transparentes
e coloridas. Ressalve-se que isso está aberto às interpretações, porquanto a palavra
"ver" precisa ser adaptada: não se vê a aura como se vê um fenômeno físico. A
pessoa percebe a aura quando permite que seu "consciente" se eclipse ou durma
parcialmente. Por isso, é difícil detectá-Ia. As pessoas insistem em focalizar um
fenômeno de percepção que só em parte é visual.
Quem vê auras geralmente as descreve de maneira muito pessoal. Além disso,
a aura não é estática, mas altera-se a todo instante, refletindo a natureza dinâmica
do indivíduo e sua força vital.
Há um corpo extenso de pesquisas e literatura sobre as auras. WalterJ. Kilner,
médico do St. Thomas's Hospital, descobriu pouco antes da Grande Guerra que a
aura podia ser vista quando o corpo era observado através de uma lente de dicianina.
Suas primeiras pesquisas foram publicadas no livro The Human Aura ['~ Aura
Humanà'], em 1911. Embora recebido com notório ceticismo na época, atraiu a
atenção de eminentes cientistas, entre os quais Sir Oliver Lodge.2 Em 1919, ele
formulou um sistema de diagnose áurica. Em 1937, Oscall Bagnall, biólogo de
Cambridge, publicou sua obra The Origin and Properties ofthe Human Aura ["Ori-
gem e Propriedades da Aura Humanà']. Harold Saxton Burr pesquisou profunda-
mente o assunto, elaborando a chamada hipótese do campo L. Hiroshi Motoyama,
no Japão, e Valerie Hunt, na VCLA, fizeram testes eletromagnéticos com os ehakras
e os corpos sutis em fins dos anos de 1970. E ainda hoje prossegue a pesquisa em
laboratórios de universidades de prestígio no mundo inteiro.
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIÚNICA 69

Muitas autoridades consideram os diferentes corpos tênues como "oitavas" da


energia sutil ou da consciência dentro do mesmo campo abrangente.

Mente, consciência e mais além


Antes de prosseguirmos, vale a pena examinar um pouco mais a questão da mente
e da consciência. A consciência tem, essencialmente, a percepção de um eu distin-
to dos outros seres e do ambiente. No último capítulo, veremos de passagem como
Freud, Jung e Adler de fato transformaram a disciplina da psiquiatria postulando
teorias muito diferentes da mente.
Todos eles aceitaram a idéia de que a mente tinha dois elementos, o consciente
e o inconsciente. Também aceitaram que o consciente era apenas a ponta do iceberg
e, como tal, devia ser estudado. O inconsciente, no entanto, estando por assim
dizer "submerso", sujeitava-se a conjectutas. Os conceitos dos três estudiosos a
respeito do inconsciente levaram finalmente a uma ruptura entre eles.
Nesta altura, basta dizer que para Freud o inconsciente era puramente pessoal,
"construído" pelo acervo de experiências e pelas lembranças de infância. Jung foi
além. Afirmou que o homem tem uma consciência e, subjacente a ela, uma in-
consciência pessoal (embora não abastecida, como para Freud, pelo acúmulo de
experiências sexuais). Jung desceu ainda mais fundo: achava que, além do incons-
ciente pessoal, havia um inconsciente coletivo, partilhado por todos. Isso, acredita-
va ele, não era herdado dos ancestrais, mas constituía um patrimônio dos mem-
bros da raça humana ou, em outras palavras, uma consciência universal. Aqui,
podemos vislumbrar uma clara analogia com os campos mórficos de Sheldrake e o
modo pelo qual o inconsciente coletivo se adapta ao campo psi de Laszlo (ver
Capítulo 1).
Decerto, poderíamos encher vários volumes na tentativa de definir a mente e
sua localização - ou não-localização. Mas uma coisa é clara: a mente parece exis-
tir em vários níveis. Relaciona-se até certo ponto com a função cerebral e ainda
assim é como se não tivesse limites. Se você se concentrar em sua própria mente
por alguns instantes, perceberá que ela muda a todo momento, ora flutuando, ora
bruxuleando. Não se trata, porém, de um escoamento e sim de um campo de
fluxo e refluxo.

Terapias do campo de pensamento


Em anos recentes, um número cada vez maior de terapias surpreendentemente
eficazes foram desenvolvidas para ajudar pessoas às voltas com os mais diversos
problemas psicológicos, incluindo fobias, ansiedade e depressão. Todas elas basei-
am-se no conceito de um campo de pensamento que pode ser estimulado por
meio de um dos sistemas energéticos sutis do indivíduo.
70 MEDICINA PSIONICA

Em 1964, o Dr. George Goodheart, quiroprático, descobriu que certos gru-


pos musculares se enfraqueciam quando grupos opostos apresentavam espasmo. A
estimulação de módulos específicos associados ao grupo debilitado parecia provo-
car uma melhora imediata desse grupo, fazendo com que, ao mesmo tempo, o
espasmo se transferisse para o grupo oposto. Estudando o fenômeno e recorrendo
ao trabalho de um osteopata chamado Chapman, que determinara alguns reflexos
orgânicos, esboçou um esquema graças ao qual podia diagnosticar e tratar vários
distúrbios dos órgãos. Acrescentando a acupuntura à pesquisa, Goodheart con-
cluiu que alguns meridianos também se associavam aos grupos musculares de seu
esquema. Em 1974, fundou uma escola para o estudo de seu método, que cha-
mou de Cinesiologia Aplicada (CA).
Um dos alunos de Goodheart foi o psicólogo clínico Dr. Roger Callahan, que
adaptou o método ao tratamento de problemas psicológicos. Callahan descobriu,
sensibilizando acupontos em determinados meridianos, que podia eliminar algu-
mas fobias num tempo espantosamente curto. Após longa pesquisa, elaborou o
conceito de Terapia do Campo de Pemamento (TCP) por volta de 1980.
Segundo Callahan, o campo de pensamento é uma manifestação do sistema
energético da pessoa. Sempre que pensamos, o campo de pensamento se ativa ou
"sintoniza" um pensamento particular. O corpo responde a essa atividade (possi-
velmente ao longo de rotas de PNI), para bem ou para mal. Às vezes sobrevém
uma perturbação ou bloqueio, de modo que, sempre que ocorre à pessoa o pensa-
mento associado a essa perturbação, ela experimenta uma resposta corporal inade-
quada. Por exemplo, o indivíduo que sofre de agorafobia pode apresentar sinto-
mas de náuseas, palpitações ou transpiração excessiva (ataque de pânico) sim-
plesmente ao pensar em misturar-se à multidão.
No âmbito da terapia do campo de pensamento, o Dr. Callahan aperfeiçoou
um elaborado sistema tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de dis-
túrbios, utilizando algoritmos e diversas seqüências detalhadas de acesso a pontos
meridianos específicos. Daí surgiram inúmeras variantes, cada qual com uma ên-
fase ligeiramente diferente.
Gary Craig, engenheiro elétrico e treinador esportivo, estudou com o Dr.
Callahan e desenvolveu depois seu próprio método, chamado Técnica de Liberdd-
de Emocional (TLE). Trata-se de uma abordagem ainda mais simples, mas que
parece dar bons resultados.
A psicóloga Francine Shapiro elaborou a terapia da Dessensibilização e
Reprocessamento do Movimento Ocular (DRMO), que recomenda ao paciente pen-
sar na área problemática enquanto movimenta os olhos de uma maneira especial
(ou então permitir que seja tocado em determinados pontos do corpo).
CORPOS SlJfIS E MEDICINA PSIONICA 71

Outra variante, ainda, é o Matrix WÍJrk, criado por Nahoma Clinton e que se
concentra nos ehakras. Aqui, trabalha-se antes com crenças entranhadas que com
sentimentos.
Pessoas capazes de ver auras concordariam em que é possível distinguir tam-
bém o campo de pensamento com suas formas-pensamento e aberrações, em per-
feita correlação com o conceito das perturbações de Callahan.
Passemos adiante e consideremos a anatomia sutil.

Anatomia sutil
George Engel, em artigo da Scieneede 1976,3 declarou que um modelo nada mais
é que um sistema de crenças utilizado para explicar fenômenos naturais e dar
sentido ao que parece intrigante e perturbador.
Em nossa discussão até aqui, consideramos os diversos corpos sutis como mode-
los dos diferentes níveis ontológicos. Agora iremos um pouco mais longe e examina-
remos três modelos pelos quais os corpos sutis se conectam com o corpo físico.

1. O SISTEMA DE CHAKRA E NADI

Esse sistema é mencionado na literatura ióguica tanto hindu quanto budista e em


numerosos textos esotéricos. Os ehakras (da palavra sânscrita para "rodà') são vis-
tos como centros energéticos ou vórtices, que penetram o corpo físico e os corpos
tênues ligando assim os campos sutis. Cada um prende-se a determinadas funções
corporais, regulando a integridade e a função de sistemas e órgãos, e diferentes
níveis de consciência. Há discrepâncias nas descrições desses ehakras nos textos
hindus, tibetanos e ocidentais, mas que talvez se devam antes à interpretação que
à substância. Como pontificou o falecido Osho, "Dizem alguns que existem três,
cinco, seis, sete, oito ou mesmo nove grandes ehakras. Todos estão certos!" Falan-
do de um modo geral, porém, o número que mais comumente se dá é sete.
Os ehakras situam-se numa linha que corre ao longo da medula espinal (Figu-
ra 4) e cada um se relaciona a funções e órgãos específicos, além de glândulas
particulares. Assim:

Base - Associado ao intestino grosso e ao reto, influindo também nos rins. Asso-
ciado ainda aos membros inferiores e ao metabolismo ósseo. Controla as glându-
las supra-renais e a função excretora. Esse ehakra é geralmente associado aos senti-
mentos de segurança, sobrevivência e estabilidade. As disfunções apontam para
hemorróidas, constipação, ciática e obesidade.

Sacro - Associado ao útero, ovários, testículos e bexiga, influindo também nos


rins. Controla a função endócrina dos ovários e testículos. É responsável pela fun-
72 MEDICINA PSIONICA

ção reprodutora. Associado ainda às emoções, sexualidade, prazer e criatividade.


As disfunções apontam em geral para a impotência, a frigidez, os problemas sexu-
ais orgânicos ou funcionais, as afecções da bexiga e dos rins, as perturbações emo-
cionais ou psicológicas, os recalques.

Plexo solar - Associado ao fígado, vesícula biliar, estômago, intestino delgado e


baço. Controla a função digestiva. Associado geralmente à vontade, poder, impe-
tuosidade, ardor. As disfunções apontam para úlceras, diabete, hipoglicemia, mo-
léstias hepáticas, distúrbios alimentares como anorexia e bulimia.

e
COROA

FRONTE

GARGANTA

CORAÇÃO

PLEXO SOLAR

BASE

Figura 4
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONlCA 73

Coração - Associado ao coração e aos membros superiores, influindo também


nos pulmões. Controla a função do timo e a circulação. Geralmente associado ao
amor a si mesmo e aos outros, à força mental. As disfunções apontam para hiper-
tensão, moléstias cardíacas, asma e doenças pulmonares.

Garganta - Associado aos ouvidos, pescoço, pulmões e garganta, influindo tam-


bém nos pulmões. Controla a função da tireóide e das glândulas paratireóides, a
respiração e a comunicação. Geralmente associado à comunicação, auto-expressão
e criatividade. Os distúrbios apontam para dificuldades auditivas, problemas no
pescoço, disfunções da tireóide e afecções da garganta.

Fronte- Associado ao cérebro e aos olhos. Controla a função da glândula pituitária


e da glândula pineal, a cognição, a visão, a intuição e o intelecto. Geralmente
associado à intuição, percepção e tirocínio. Os distúrbios apontam para cefaléias,
problemas de vista, perturbações do sono e pesadelos.

Coroa - Associado à pessoa como um todo. Controla a função do hipotálamo,


glândula pineal e glândula pituitária, as funções superiores do cérebro, a integração
e o entendimento. Os distúrbios apontam para depressão, alienação e incapacida-
de de compreender ou apreender.

Cada ehakra pode encontrar-se em estado de equilíbrio, inatividade ou


hiperatividade. Pode ser bloqueado ou desbloqueado. O mau funcionamento,
portanto, tem efeitos diferentes e profundos sobre o corpo físico.
Entretanto, os ehakras não são fenômenos independentes. Estão ligados numa
rede de canais ou nadis (da palavra sânscrita para "fluxo"), de que existem três
grandes e, literalmente, milhares de pequenos. Um texto informa que há mais de
trezentos e cinqüenta mil nadis no corpo!
O nadi principal, o sushumna ou canal central, sai do ehakra base e sobe para
o ehakra coroa. Sua função é equilibrar.
Os outros dois são o ida e o pingala. Diz-se que o ida é a Lua e que o pingala
é o Sol, ou seja, constituem fluxos polares de energia. O ida emerge do lado direito
do ehakra base e serpenteia entre os outros ehakras, enquanto o pingala sai do lado
esquerdo e também serpenteia, indo ambos encontrar o sushumna no ehakra fron-
te, formando daí por diante uma única corrente.

2. O SISTEMA DOS MERIDIANOS

É básico, na medicina tradicional chinesa, o· conceito de que o Qi (pronuncia-se


Ch'i), energia universal primeva, flui pelo corpo numa seqüência ordenada, ao
74 MEDICINA PSIONICA

Figura 5

longo de veredas específicas chamadas meridianos (Figura 5). Originalmente, pen-


sava-se que fossem canais semelhantes a artérias ou veias, mas nunca se puderam
detectar estruturas anatômicas desse tipo.
Existem doze meridianos principais, cada qual relacionado a um órgão parti-
cular. Eles são bilaterais, doze de cada lado do corpo, havendo em cada um uma
série de acupontos. Além disso, existem dois meridianos centrais, um na frente do
corpo, outro atrás.
De início, foram descritos 365 acupontos, em consonância com o importan-
tíssimo sistema numérico da filosofia chinesa, mas essa quantidade chega hoje a
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONICA 75

mais de mil. Vale lembrar, porém, que os pontos não são superficiais, como se
costuma depreender dos mapas acupunturísticos, mas situam-se em profundida-
des variadas sob a pele. Os mapas seriam melhor encarados, assim, como trajetos
de trens subterrâneos.
Cabe mencionar aqui o Qigong (pronuncia-se Ch'i gong), que significa literal-
mente "trabalho no Qi". Os profissionais do Qjgong recorrem ao controle da men-
te para movimentar e controlar o Qi a fim de recuperar a saúde graças ao equilí-
brio e à harmonia. Eles efetivamente trabalham o campo energético do corpo.
Conforme dissemos acima, pensa-se na medicina tradicional chinesa que o Qi
flui por todas as coisas vivas e inanimadas. No corpo, segue o traçado dos
meridianos, operando intercâmbios nos acupontos com o Qi do ambiente. Assim,
o campo do corpo está em contato com o ambiente e com os campos energéticos
de todos os seres vivos.

3. O CONTATO DIRETO ENTRE O ETÉRICO E O FíSICO

Muitas pessoas consideram o corpo etérico, literalmente, como um dublê energé-


tico do corpo físico, semelhante ao Ka dos antigos egípcios. Nesse modelo todos
ostecidos, órgãos e sistemas do corpo físico teriam seu equivalente no corpo etérico.
Ambos são vistos como se estivessem em associação dinâmica direta, de sorte que
o desequilíbrio no rim etérico, por exemplo, se refletiria no rim físico. Todavia,
embora o corpo físico possa ser substancialmente alterado pelos processos patoló-
gicos, os traumas ou a remoção cirúrgica de órgãos e membros, o corpo etérico
mantém sua integridade. A excisão de um órgão, por exemplo, não resulta na
excisão de seu equivalente etérico e apenas provoca uma alteração no controle
funcional que o corpo etérico exerce sobre o físico.
Note o leitor que o termo "modelo" continua a ser empregado no contexto do
contato direto entre o etérico e o físico, porquanto o pensamento moderno consi-
dera o corpo etérico mais um campo do que uma imagem especular etérica. Como
tal, ele parece ser holográfico, já que cada ponto do campo contém informação
sobre a totalidade do corpo físico.

Essestrês sistemas sutis podem ser concebidos como um processo de transferência


entre o corpo etérico e os corpos sutis superiores, de um lado, e o corpo físico, de
outro. São diferentes, têm diferentes funções, mas apresentam sem dúvida inúme-
rassobreposições. Se os considerarmos a todos como parte de um campo unificador,
seus papéis e sobreposições tornar-se-ão bem mais compreensíveis.
Valea pena mencionar ainda a Teoria Unitária da Doença e o papel da proteína,
que discutiremos com vagar no Capítulo 7. O Dr. George Lautence acreditava que
issoexplicava muita coisa a respeito da conexão entre os níveis etérico e físico.
76 MEDICINA PSIONICA

o campo psi
se I
Elaboraremos agora um modelo do campo psi para mostrar como todos os ele-
tar
mentos que consideramos no presente capítulo se harmonizam. Antes, porém,
retomemos uma analogia do antigo Egito. Entenda o leitor, por obséquio, que
int
usamos o simbolismo dos egípcios unicamente porque eles, como povo, pensa-
m<
vam em termos simbólicos quando tentavam compreender a vida em relação à
Natureza. E alguns de seus símbolos eram, com efeito, muito apropriados.
me
Sabe-se que o panteão do Egito antigo era imenso. Os egípcios viam deuses
toe
em toda parte e personificavam qualquer atividade num deus ou deusa representa- «
c(
dos geralmente sob forma humana com cabeça de animal ou outra criatura. O
seI
faraó Amenófis IV, pouco depois de sua ascensão ao trono, mudou tudo isso.
me
Marginalizando as divindades até então cultuadas, decretou que devia haver um
só deus, adorado em todo o Egito. Esse deus era Aton, o disco solar. A fim de
exprimir sua devoção, o faraó adotou o nome de Akenaton, literalmente "o espírito
de Aton".4
Durante o reinado de Akenaton, comumente chamado de Período de Amarna
porque o faraó transferira sua capital para essa cidade (a cidade de seus sonhos)
erguida em pleno deserto, assistiu-se a um breve renascimento das artes. Nas pin-
turas, a imagem de Aton passou a simbolizar a crença do monarca de que a vida
era dada diretamente pelo deus. Aton, o disco solar, aparece eriçado de raios que
terminam em mãos; quando toca um ser humano, a mão empunha o ankh, sím-
bolo da vida, aproximando-o do rosto do indivíduo (Figura 6).

Figura 6
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONlCA 77

Akenaton acreditava que todas as formas de vida eram sagradas e que não mais
se deveria verter sangue nos sacrifícios. Sua descrição da força vital brotando dire-
tamente da fonte do universo é um símbolo de grande profundidade.
Temos aí também um modelo que podemos adotar na nossa jornada rumo à
interpretação do campo psi. Simplificando desde já, esse é um campo tridi-
mensional.
Na tridimensionalidade temos um bom ponto de partida, pois que a concebe-
mos como fonte.5 A partir dessa fonte, um número infinito de raios se projeta em
todas as direções, como de um So1.6A extremidade de cada raio representa uma
"coisà' no universo, da partícula subatômica à galáxia, do organismo unicelular ao
ser humano. Como raios, são distintos uns dos outros, mas prendem-se todos à
mesma fonte.

o CAMPO PSI

INCONSCIENTE COLETIVO

CAMPO MORFOGENÉTICO

CAMPO KÁRMICO

CAMPO DE AQUISiÇÃO

t Força vital
Bioquímica
Função
:i1'
~nergia Estrutura

Figura 7
78 MEDICINA PSIONICA

Aqui, ocupamo-nos sobretudo da humanidade e doravante consideraremos


como pessoa o raio que se projeta da fonte. Essa pessoa tem uma essência: a alma.
A alma está ligada à fonte, mas tem sua própria individualidade. da
O raio atravessa vários campos de influência (Figura 7), sendo o mais profun-
do o inconsciente coletivo, seguido do campo morfogenético e depois, possivelmente,
um campo kármico e um campo de aquisição.
Assim a alma, essência do indivíduo, prende-se ao inconsciente coletivo dan-
do acesso a formas-pensamento universais e lembranças arquetípicas; sujeita-se à
memória da espécie e às forças formativas (que englobam não só o conceito de
Sheldrake como também as idéias de Steiner sobre forças formativas). Os campos
kármico e de aquisição pareceriam mais específicos, relacionados a um número
menor de pessoas (no modelo, feixes miúdos de raios), de tal sorte que antepassa-
dos e outras influências exercidas sobre o indivíduo poderiam afetar diretamente
sua existência. Essas influências talvez sejam em parte genéticas e, em parte, ad-
quiridas energeticamente.
Na ilustração, conservamos o antigo símbolo egípcio do ankh, o princípio
vital, pois que ele é exatamente isto: uma ótima metáfora para a energia vital que
conhecemos como vida.
Mão e ankh tocam a pirâmide da vida; e, como os raios solares incidentes
sobre as pirâmides do Egito, simbolizam a conexão entre o energético e o físico.
Esse é, pois, o campo psi, um sistema de informação holográfico que contém
toda a história do universo, todos os pensamentos, atos, relações, nascimentos,
vida e morte. Está em todas as partes e em lugar nenhum ao mesmo tempo, pois
que permeia a plena extensão do vácuo.

o campo psi pessoal


O raio de luz é a vida da pessoa. É o indivíduo; só a ele pertence e exibe inúmeras
facetas. Esteve sujeito aos campos que mencionamos, responsáveis por sermos o
que somos no bem ou no mal.
O raio toca nossa pirâmide pessoal (a da vida e a da medicina) e esse vértice
energético permeia, controla e preserva o corpo físico. Podemos conceber o raio
de luz como o campo psi pessoal e o vértice como o corpo etérico (também parte
do campo psi, como o corpo). Eles contêm:

• O campo do pensamento - onde se acham as emoções e a mente


• O sistema chákrico
• O sistema de meridianos
• A superfície de contato direto entre o etérico e o físico.
e,
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONICA 79

Essaé a parte vitalizante do indivíduo, bem mais sutil que os impulsos eletromag-
néticos e as reações químicas, embora não passem do resultado, da manifestação
da interação do campo energético com o corpo físico.
E pode-se perceber que a pirâmide da medicina, laboriosamente construída
pelos médicos ao longo dos éons, começa a fazer sentido. Sim, a psiconeu-
roimunologia começa a fazer sentido. As terapias do campo de pensamento come-
çam a fazer sentido. A acupuntura e todos os tipos de terapia começam a fazer
sentido - porque tudo o que acontece no plano físico atua sobre o campo psi do
indivíduo, acionando seus mecanismos auro-reguladores.
Isso é sem dúvida o que Hipócrates e outros tinham em mente quando discor-
reram a respeito dos poderes curativos da natureza - Vis Medicatrix Naturae. O
corpo (isto é, a mente, o corpo e o espírito, não apenas o corpo físico) procura
esforçar-seao máximo para tirar o melhor do pior. Não importa o que o organis-
mo tenha, não importa o que o organismo sofra, o "corpo" fará o melhor que
puder. Às vezes ele protesta - gera sintomas percebidos como doença - mas faz
o que pode. A tarefa do médico consiste em permitir que ele aja assim.

Interconexão
Cabe agora examinar esse fenômeno, que está no cerne da Medicina Psiônica.
As pessoas muitas vezes sentem-se confusas quanto à possibilidade de se poder
dizer alguma coisa sobre um indivíduo com base na análise de uma amostra remo-
vida de seu corpo há já certo tempo (não raro, há anos). Afinal de contas, a lógica
exigiria normalmente que a única informação viável se relacionasse com o estado
químico da amostra no exato momento em que ela foi retirada do corpo. Bem,
issoseria verdadeiro se se tratasse de uma mera análise química da amostra. Con-
tudo, na análise psiônica, não é isso que fazemos. Nós analisamos a amostra
energeticamente, voltando-nos para o campo psi pessoal da qual ela é parte inte-
grante. E, porque nos voltamos para o campo psi, a informação obtida é atual,
.pois nos fala do estado das energias que operam e afetam a pessoa naquele instante
precIso.
No Capítulo 1, discutimos o conceito de interconexão no nível quântico.
Temos aqui uma realidade, não uma interpretação hipotética e abstrusa do uni-
verso. A verdade é que vivemos num universo interconectado, o qual, aparente-
mente, exibe feição holográfica. Naquela discussão procuramos o campo psi e,
mediante o uso de modelos, tentamos explicá-Io e determinar o lugar que nele
ocupamos.
Na Medicina Psiônica, usamos uma amostra da proteína do paciente, seja
uma gota de sangue ou um fio de cabelo, para ter acesso ao seu campo psi pessoal
e, bem assim, ao campo psi como um todo. Em essência, a matéria que uma vez
80 MEDICINA PSIONICA

integrou o corpo físico da pessoa é constituída de moléculas, átomos e partículas.


Todas essas partículas interagiam,7 de modo que, mesmo separadas, continuam
em contato graças a interconexões não-localizadas. A amostra enseja descobrir o
que atualmente está ocorrendo dentro do campo psi pessoal do paciente. Isso
significa que se pode extrair informação sobre o indivíduo de seu campo psi, já
que a amostra é e sempre será parte desse campo.

2.
Uma nova visão
O homem, como ser racional, esforça-se continuamente para entender seu uni- 3.
verso e o lugar que nele ocupa. A fim de arrostar o dia-a-dia, parece-lhe importan- 4.
te possuir um quadro de referência, uma base sobre a qual possa emprestar sentido
ao que lhe acontece e ao mundo que o cerca. A aceitação de um sistema de crenças
qualquer ajuda-nos a conseguir isso. Tal atitude é, praticamente, inata. Para o
cientista, afé pode estar na ciência; para o teólogo (e, neste contexto, referimo-nos
ao seguidor de qualquer religião), no espírito; e para o ateu, na descrença.
Sir James Frazer (1854-1941), considerado o fundador da antropologia mo-
derna, escreveu em seu livro O Ramo de Ouro que as sociedades em evolução
passam por um processo de desenvolvimento composto pelas três fases da magia,
da religião e da ciência. Vivendo, como estamos, na fase científica, é fácil olhar
para trás e sorrir da ingenuidade das crenças cultivadas pelas antigas civilizações e
sociedades. Semelhante postura pressupõe que a ultrapassagem das fases é progres-
so, que a visão científica é melhor que a espiritual ou religiosa, que a espiritual
supera a chamada mágica ou mística. Também não passa de mera pressuposição
afirmar que elas são mutuamente exclusivas.
O conceito de um sistema informacional holográfico, que a tudo permeia -
o campo psi - é um conceito novo e intrigante. Pode ser contemplado de qual-
quer fase que se queira e ainda assim fazer sentido. Não exige uma visão particular,
mas concorda com todas.
De fato, Ervin Laszlo sustenta em seu livro The Whispering Pond: ''A nova
percepção não é uma volta a conceitos hoje ultrapassados." E conclui: ''A atual
mudança na concepção científica do mundo, da rocha inanimada a um universo
conectado e quase vivo, tem profunda significação para nossos tempos. O concei-
to de um mundo sutilmente interconectado, de um lago murmurante no qual e
pelo qual estamos intimamente ligados uns aos outros e ao universo, assimilado
por nosso intelecto e acatado por nosso coração, faz parte da resposta da humani-
dade aos desafios que hoje todos encaramos. A separação entre os homens, e entre
os homens e a natureza, acha-se na raiz de muitos de nossos problemas. Superá-Ios
exige a recuperação de nossos vínculos e conexões tão negligenciados, mas nunca
esquecidos por completo."
CORPOS SUTIS E MEDICINA PSIONICA 81

Veremos no Capítulo 11, onde estudaremos o método psiônico, como as


distorções do campo psi pessoal podem redundar em doenças.

Notas
1. Os Registros Akáshicos são um conceito teos6fico. A palavra vem do sânscrito akasha,
que significa "éter" ou "espaço difuso". É fácil perceber que tal conceito se identifica
com o campo psl.
2. Sir Oliver Lodge foi professor de Física na Universidade de Liverpool e influenciou
muito a carreira inicial de George Laurence.
3. Ver nota no Capítulo 3.
4. Akenaton, o chamado "fara6 herético", subiu ao trono do Egito cerca de 1377 a.c. e
governou durante dezesseis anos. Com sua esposa Nefertiti ("eis que a formosa vem"),
tentou implantar o monoteísmo. Foi considerado por J. H. Breasted (em seu capítulo
da primeira edição de The Cambridge Andent History) como "a primeira individuali-
dade da hist6ria".
5. Se concebermos isso como um efeito holográfico, então todos os pontos são um: a
fonte não mais se restringe a uma localização específica, mas existe na inteireza do
campo holográfico.
6. Um modelo alternativo seria imaginar uma lâmpada de fibra 6ptica, com as fibras
formando urna esfera e cada uma delas produzindo seu pr6prio foco de luz.
7. Ver o Teorema de Bell no Capítulo 1.
(17
um
Ha
qUl
Homeopatia: Ha

a Medicina Sutil POl


" A
to
de,
ger
sen
Similia similibus curantur.
(Os semelhantes curam-se pelos semelhantes.)
- Samuel Hahnemann ser

ga, fato que se reflete em sua derivação do grego homoios, "igual", e pathos,
Ahomeopatia
"padecimento".é uma forma suave
Essencialmente, de medicina
significa já conhecida
tratar o igual comna oGrécia
igual. anti-
Foi o grande Hipócrates quem, pela primeira vez, ensinou que existem duas
maneiras de assistir o paciente: empregar os "contrários" ou os "similares" no tra-
tamento. Ou seja, pode-se ministrar remédios para combater os sintomas - a lei
dos contrdrios - ou para produzir os mesmos sintomas que acometem o paciente
- a lei dos similares. Em ambos os casos, acreditava ele, o médico apenas criava as
condições ideais para a intervenção do poder curativo interior, Vis Medicatrix
Naturae.
Muito tempo depois, na Europa do século XVI, Theophrastis Bombastus von
Hohenheim, também conhecido como Paracelso (1493-1541), sacudiu os alicer-
ces do dogmatismo médico e de novo propalou os méritos do tratamento do igual
pelo igual. No entanto, só no século XVIII os princípios básicos se corporificaram
num verdadeiro sistema de medicina.

o Or. Samuel Hahnemann (1755-1843)


O fundador desse sistema de medicina foi um gênio excêntrico chamado Samuel
Christian Hahnemann, filho de um pintor de porcelana do famoso ateliê Meissen.
Depois de formar-se em Medicina pela Universidade de Erlangen, em 1779, pra-
ticou durante muitos anos antes de desencantar-se com os tratamentos brutais e
duvidosos da época. Em conseqüência, interrompeu a carreira e começou a estu-
dar química, vivendo modestamente de artigos e traduções.
82
HOMEOPATIA - A MEDICINA SlITIL 83

Em 1790, traduzindo um manual do famoso médico escocês William Cullen


(1712-1790), professor de Medicina e Química na Universidade de Edimburgo e
um dos fundadores da faculdade de Medicina da Universidade de Glasgow,
Hahnemann interessou-se pela seção que abordava o tratamento da malária com
quinino. Embora essa fosse (e ainda seja) urna terapia adequada para a doença,
Hahnemann não aceitou a explicação de Cullen segundo a qual o quinino atuava
por exercer um efeito tônico sobre o estômago. Raciocinou que, como outros
"tônicos" ainda mais poderosos não apresentavam esse efeito benéfico, a droga
devia agir de conformidade com outro mecanismo. Experimentalista que era, in-
geriu ele próprio quinino durante vários dias - e o resultado foi que começou a
sentir os sintomas da malária.
Assim, começou a formar-se o germe de uma idéia: urna droga capaz de pro-
duzir os sintomas de determinada doença numa pessoa saudável poderia também
ser utilizada para tratar uma doença com as mesmas características.
Nos anos seguintes, Hahnemann retomou a prática médica e desenvolveu o
conceito de similia similibus curantur, ingerindo (e pedindo à família e amigos que
ingerissem) diferentes substâncias a fim de estudar os sintomas por elas provoca-
dos em pessoas saudáveis. Esses experimentos ficaram conhecidos como prufimgen
(em alemão, "provas"). Em 1796, Hahnemann publicou um artigo intitulado
"Ensaio sobre um novo princípio para determinar o poder curativo das drogas".
Foi o primeiro de urna série de trabalhos nos quais divulgou a evolução de suas
idéias. Então, em 1806, veio a lume A Medicina da Experiência, obra que nos
propicia o primeiro vislumbre claro de seu sistema. E, no ano seguinte (1807), ele
empregou pela primeira vez o termo "Homeopatia".
Novos trabalhos culminaram na publicação, em 1810, do livro Organon da
Cura RacionaL Nele, em estilo aforístico, consolidou suas teses para o sistema da
medicina homeopática. A escolha do título é interessante, pois vem do grego
organon, "ferramentà'. As razões possíveis dessa escolha podem ter sido dois pen-
sadores e seus métodos de escrita: em primeiro lugar Aristóteles, cujos diversos
tratados de lógica foram reunidos sob o título comum de Organon; em segundo,
Francis Bacon e seu Novum Organum, também vazado em estilo aforístico.
O Organon da Medicina (Hahnemann mudou o título na segunda edição) pas-
sou por cinco edições e diversas emendas em vida do autor, datando a última publi-
cação de 1833, muito emb()ra o manuscrito para a sexta estivessepronto antes de sua
morte, em 1843.1 A quinta edição continha novos materiais sobre os conceitos de
Hahnemann da Força Vital, e, o que é importantíssimo para a homeopatia em
nossos tempos, aquilo que ele chamou de "dinamização de medicamentos".
Inicialmente, Hahnemann prescrevia remédios nas doses usuais da época.
Todavia, embora seus resultados fossem bons, ele descobriu que muitos de seus
84 MEDICINA PSIONlCA

pacientes sofriam um agravamento inicial de sintomas, antes dos benefícios. Na


tentativa de obviar a isso, começou a ministrar apenas um décimo das doses. Os
resultados continuaram bons, mas os efeitos colaterais persistiam, embora menos
pronunciados. Hahnemann continuou diluindo as doses, de cada Vf':Zministran-
do um décimo da anterior. Como esperava, os efeitos colaterais desapareceram ...
mas também os benefícios. A diluição atingira um ponto em que já não havia
nenhum medicamento presente.
A homeopatia teria morrido ali mesmo se Hahnemann não atinasse com um
fenômeno incrível. Notou que, sacudindo vigorosamente cada diluição progressi-
va, o remédio resultante tornava-se não apenas menos capaz de agravar sintomas,
como bem mais poderoso. Chamou a esse processo dinamizaçiio. Hoje, é conheci-
do como potencializaçiio.
Nessa fase, foi precioso para a teoria homeopática o conceito de Força Vital.
Hahnemann achava que o remédio atuava, não sobre a doença, mas sobre a Força
Vital, restaurando assim o equilíbrio do corpo.
Entre 1812 e 1821, quando era professor de Medicina em Leipzig, Hahnemann
publicou uma obra com o título latino de Materia Medica Pura, em seis volumes.
Ela continha os resultados de todas as suas experimentações. Entretanto, devido a
uma questão jurídica com os boticários, que tentaram processá-Io alegando que
ele infringia seus direitos de preparar drogas, Hahnemann teve de deixar a cidade
e estabelecer-se em Kõthen. Foi ali que escreveu um trabalho em cinco volumes
intitulado As Moléstias Crônicas. Essa obra, juntamente com o Organon e a Materia,
são os textos fundamentais de sua teoria homeopática.
Em As Moléstias Crônicas, Hahnemann propôs-se explicar por que a homeopatia
às Vf':Zesfuncionava bem com enfermidades agudas, mas costumava falhar com
doenças crônicas. Aventou que estas se deviam a um dos três seguintes miasmas:
psora, sycosis ou syphilis. Supunha que se tratassem de distúrbios na Força Vital, os
quais acabavam se difundindo pelo corpo. Às vezes esses miasmas (do grego
miainein, "manchar", "poluir") eram adquiridos, outras herdados, exercendo as-
sim seus efeitos ao longo de gerações quais "fantasmas da doença original".
Hahnemann acreditava que o grupo psórico, relacionado com a sarna comum,
era responsável por 75% de todos os males crônicos, especialmente estados con-
gestivos, dermatoses, distúrbios de coluna e tuberculose. Também se associava
com a inquietação, as fobias e a hipersensibilidade.
Os outros dois grupos, a seu ver, provocavam as demais doenças crônicas, em
medida igual. O grupo sicótico, de origem gonorréica, estaria associado a verrugas,
excrescências, catarro e reumatismos. O grupo sifilítico, derivado da sífilis, parecia
ter algo a ver com problemas cardíacos, neurológicos e degenerativos, inclusive a
tendência à ulceração.
HOMEOPATIA - A MEDICINA SUTIL 85

A disseminação da homeopatia
Por ocasião da morte de Hahnemann em 1843, com a idade de 88 anos, a
homeopatia já se espalhara pelo mundo. Na Inglaterra, o Dr. Harvey Quin fun-
dou a Sociedade Homeopática Britânica em 1844 e teve participação decisiva na
inauguração do Hospital Homeopático de Londres, em 1850.
Outros convertidos ao método levaram-no ainda mais longe. Pelo fim do sé-
culo XIX, havia hospitais homeopáticos em toda a Europa, Rússia, Américas e
subcontinente indiano.

Or. James Tyler Kent (1849-1916)


Nos Estados Unidos, em meados dos anos de 1870, um jovem médico de forma-
ção ortodoxa chamado James Tyler Kent recorreu aos préstimos de um homeopata
para cuidar de sua esposa enferma. O tratamento convencional falhara e fora ela
própria quem sugerira a nova medicina. Para surpresa de Kent, obteve-se uma
cura espetacular. Daí por diante, o Dr. Kent decidiu aprender mais sobre o espan-
toso método. Aquele foi um dia afortunado para o desenvolvimento da homeopatia.
Hahnemann e seus discípulos haviam experimentado cerca de cento e trinta
remédios, mas nos poucos anos que se seguiram à sua morte o número aumentou
consideravelmente. Contudo, embora o corpo de conhecimentos crescesse, per-
manecia desordenado. É aí que entrou Kent. Ele sistematiwu a matma medica a
fim de dar um quadro claro de cada remédio. Sua obra, publicada em três alenta-
dos volumes: Lectures on Homoeopathic Philosophy; Lectures on Homoeopathic Matma
Medica e The Repertory o/ the Homoeopathic Materia Medica, tornou-se a pedra
fundamental do adestramento homeopático durante décadas. De fato, o "Reper-
tório de Kent", como é conhecido o seu último trabalho no mundo inteiro, con-
tinua provavelmente a ser a ferramenta mais usada na homeopatia ainda hoje.
Trata-se, em essência, de um livro que contém praticamente todos os sintomas
concebíveis, além do modo como são percebidos pelos pacientes e modificados
por agentes externos como temperatura, variações climáticas, movimento, etc.
Está organizado em seções seqüencialmente lógicas e indexado de modo que a
cada doença corresponda o remédio certo.

Or. Edward Bach (1886-1936)


Muita gente, em todo o mundo, já ouviu falar de Edward Bach, pois foi ele quem
criou o maravilhoso sistema de tratamento que traz seu nome: os Florais de Bach.
Era um médico de formação ortodoxa, especializado em bacteriologia e homeopatia.
Na década de 1920, o Dr. Edward Bach trabalhou como patologista no Hos-.
pital Homeopático de Londres e como clínico homeopata em Harley Street. Nes-
sa época, escreveu uma torrente de artigos e colaborou com o Dr. John Paterson
86 MEDICINA PSIONICA

no desenvolvimento dos nosodos intestinais, um grupo importante de remédios.2


Por esse trabalho, foi festejado pelos colegas como "o segundo Hahnemann".
O verdadeiro objetivo de Bach na vida era produzir o medicamento mais
simples possível, que pudesse ser tomado pelo paciente sem receio de efeitos
colaterais. Em 1930, já desiludido com o método científico (devido, em grande
parte, à sua natureza criativa e intuitiva), abandonou a carreira e instalou-se no
campo.
Achava ele que certos estados mentais negativos resultavam em doença e que a
correção do desequilíbrio emocional acarretaria a cura da pessoa como um todo.
Então, pesquisou e encontrou esses remédios nas flores e arbustos das campinas
inglesas.
Inicialmente, descobriu doze plantas capazes de corrigir doze correspondentes
estados mentais negativos. Seus achados foram devidamente registrados no livro
Heal Thyself ("Cura-te a Ti Mesmo") e no mundialmente famoso The Twelve Healers
("Os Doze Curadores"). Entre 1933 e 1936, ano de sua morte, descobriu outros
vinte e seis remédios, completando assim os trinta e oito que parecem cobrir a
maioria dos estados mentais negativos mais comuns.

Os Princípios da Homeopatia
Fica claro, a partir desse breve esboço histórico, que os dois grandes princípios são
a Lei dos Semelhantes e o uso de remédios potencializados. Vejamo-Ios agora em
maiores detalhes.

A LEI DOS SEMELHANTES

Significa isso que uma substância, apta a produzir sintomas de determinada doen-
ça numa pessoa saudável, pode também ser usada em quem sofre dessa doença.
Daí, similia similibus curantur. os semelhantes curam-se pelos semelhantes.
Efetivamente, considera-se o complexo sintomático do paciente e tenta-.se
contrabalançá-Io com os efeitos do complexo tóxico de um remédio. Haverá vá-
rios remédios apropriados, mas o mais apropriado ~ o mais próximo dos sinto-
mas - será o similar. Exemplo: o envenenamento por beladona provoca um efei-
to tóxico que lembra a escarlatina; se alguém apresentar sintomas parecidos aos da
escarlatina clássica, a beladona será o similar indicado.
Esse é um caso simples. Mas convém recordar que, na homeopatia, procura-se
um remédio para o paciente e não apenas para a doença. Imaginem-se então cinco
homens, todos com artrite nos quadris. No caso da alopatia, o tratamento seria o
mesmo para todos. O homeopata, porém, examinaria os padrões sintomáticos de
cada um e poderia muito bem receitar remédios diferentes para cada um deles.
Afinal, na homeopatia, quem deve ser tratado é o doente e não a doença.
HOMEOPATlA - A MEDICINA SUTIL 87

POTÊNCIA E DOSE INFINITESIMAL

Embora em homeopatia se usem quantidades infinitesimais de substâncias, a Lei


dos Semelhantes constitui o elemento crucial do método. Se se ministrar o remé-
dio inadequado, a questão da potência se tornará praticamente irrelevante.
A moderna matena medica homeopática contém bem mais de dois mil remé-
dios. Quase tudo é usado, desde substâncias simples como o sal até cactos exóticos
e venenos de cobras ou metais preciosos como o ouro. Todos podem ser prepara-
dos com diferentes potências.
Potência significa muito mais que diluição. O processo de potencialização na
verdade parece aumentar o "poder" do remédio, para que surta mais efeito. O
remédio fica menos concentrado, porém mais energizado.
No preparo dos remédios homeopáticos, dois métodos-padrão são usados (em-
bora existam outros). Primeiro, no caso de substâncias solúveis, um extrato alcoó-
lico é obtido por infusão durante um período de até três semanas, filtrado a fim de
produzir a tintura-mãe (comumente indicada pelo símbolo 0) e diluído com 40%
de álcool na proporção 1:10 ou 1:100. Em seguida, é vigorosamente sacudido por
alguns segundos, num processo chamado sucussão, para se obter o primeiro remé-
dio nas duas escalas de potência mais comuns. A escala 1:1O é chamada decimal
(introduzida pelo Dr. Constantine Hering - ver nota 5 no final do capítulo) e
designada pelas letras x no Reino Unido e D no continente europeu. Assim, a
primeira potência na escala decimal será 1x.
A escala 1:100 recebe o nome de centesimal (a escala de potência original de
Hahnemann) e é designada pela letra c no Reino Unido e CH no continente
europeu. A primeira potência na escala centesimal será, pois, lc.
Para se preparar a próxima potência, uma parte da primeira é diluída em 1:1O
ou 1:100 e depois submetida à sucussão, como antes, para produzir as potências
2x ou 2c.
Ficou claro agora que não são necessárias muitas diluições para reduzir signi-
ficativamente a concentração de uma substância. Na sexta etapa da escala decimal,
que equivale à terceira na escala centesimal (em concentração, não em termos
energéticos), a tintura-mãe terá uma diluição equivalente a 1:1.000.000, ou 10-6.
Na sexta etapa da escala centesimal, a diluição equivalerá aI: 1.000.000.000. Esses
números são quase inacreditáveis. De fato, quando se atinge a potência 12c, se-
gundo a hipótese de Avogadro,3 é pouco provável que reste uma única molécula da
substância original.
O segundo método destina-se às substâncias insolúveis, que não podem ser
transformadas em tinturas-mãe. Nesse caso, são trituradas e misturadas mecanica-
mente com pó de lactose por várias horas, na proporção de 1:10 ou 1:100 (depen-
dendo de qual escala de potência seja usada): esse processo chama-se trituração.
88 MEDICINA PSIONICA

É repetido até a etapa 6x ou 3c (ambas equivalentes a 1:1.000.000 ou 10-6), se-


guindo-se a dissolução em álcool e água mais a potencialização na maneira usual.
Convencionalmente, 12c é o ponto final; todos os remédios até aí são consi-
derados de baixa potência e os de 12c ou mais, de alta potência. Mas também se
preparam remédios em potências fora de ordem, os milésimos (equivalentes a mil
c), designados por M. Assim, 1M (1.000c), 10M (lO.OOOc),50M (50.000c) e
CM (lOO.OOOc).
Há ainda a chamada escala LM (de 50.000), que é na verdade um método
compósito para produzir remédios potencializados.4 Procede-se à trituração com
lactose até a etapa 3c, que é o ponto de partida. Daí por diante fazem-se diluições
de 1:50.000 em líquido, com cem sucussões por etapa, e produzem-se LM 1, LM2,
LM3, etc. Os adeptos da escala LM alegam que há menos efeitos colaterais do que
com outras escalas de potência.

A Lei da Cura
Outro grande princípio homeopático é a Lei da Cura, formulada pelo homeopata
americano Constantine Hering5 (Figura 8). Reza ele que a cura acontece:
• De cima para baixo
• De dentro para fora
• Dos órgãos principais para os secundários
• Na ordem inversa do sutgimento dos sintomas.

A SITUAÇÃO ATUAL DA HOMEOPATIA

Há atualmente, no mundo da homeopatia, inúmeras escolas de pensamento.


Embora todas, de um modo geral, aceitem as idéias propugnadas por Samuel
Hahnemann, observam-se opiniões amplamente divergentes sobre se um único
remédio (homeopatia clássica) ou vários (homeopatia pluralista) devam ser admi-
nistrados; se convém prescrever de acordo com os miasmas (prescrição miasmática),
os tipos constitucionais (prescrição constitucional) ou as condições patológicas
(prescrição patológica ou local).
A prescrição constitucional é comum na Grécia e na índia, ao passo que a
local goza de preferência na França e na América Latina. No Reino Unido, nota-
se uma mescla de ambas: remédios constitucionais são usados para estimular o
sistema imunológico e remédios patológicos, para combater os sintomas da doença.
De igual modo, correm opiniões diferentes sobre as potências a serem adotadas,
as baixas ou as altas. Esse tem sido, é claro, um problema difícil desde a introdução
da homeopatia. O próprio Hahnemann aconselhava 30c, enquanto Kent jamais
usava menos que isso. Na verdade, chegou a utilizar potências ainda mais elevadas,
chegando ao milionésimo (MM) na escala centesimal.
HOMEOPATIA - A MEDICINA SUTIL 89

A LEI DA CURA DE HERING

1) DE CIMA PARA BAIXO

2) DE DENTRO PARA FORA

3) DOS ÓRGÃOS PRINCIPAIS PARA OS SECUNDÁRIOS

4) NA ORDEM INVERSA DOS SINTOMAS

TERCEIRO

Figura 8
90 MEDICINA PSIÓNICA

Repetimos: não há conformidade de opinião quanto à potência a ser usada. E


vale ressaltar que muitos homeopatas ficariam felizes se essa questão fosse posta de
parte. Por esse motivo, há quem se limite a umas três ou quatro potências, aleato-
riamente.

A MEDICINA PSIÔNICA: UMA NOVA DIMENSÃO

Não é fácil praticar a homeopatia, pois o aprendizado da materia medica é longo,


e demorada a aquisição do hábito de estudar a evolução do paciente a fim de se
obter um quadro claro de sua experiência de vida. Ora, o mais importante é justa-
mente compreender essa experiência. Esmiuçando seus sintomas, observando suas
reações, pensamentos e expressão - e muito mais -, o homeopata competente
consegue traçar um perfil do doente. Em seguida, ele prescreverá o remédio mais
apropriado possível. Quanto mais próximo estiver o remédio dos sintomas, me-
lhores os resultados.
Conforme mencionado acima, diferentes abordagens são adotadas pelo mun-
do afora. Alguns homeopatas, por exemplo, receitam sempre remédios constituci-
onais, enquanto outros nunca se afastam dos patológicos. Às vezes a escolha é
óbvia, mas às vezes é uma questão de buscar o que parece melhor.
As técnicas da Medicina Psiônica acrescentam uma dimensão extra à escolha
tanto das drogas quanto da potência, graças a seus métodos precisos. Efetivamen-
te, é como se elas pusessem à disposição um laboratório e um aparelho de raio X
para transformar a homeopatia, de arte, em ciência.
Diversas abordagens ajudarão alguém a qualquer tempo. No entanto, cum-
pre seguir uma ordem hierárquica. A medicina psiônica indicará a melhor, que
nem sempre é a que o homeopata clássico escolheria.
Na questão da potência, embora muitos profissionais afirmem que ela não é
nada importante (o importante seria o remédio certo), a experiência psiônica indica
que a potência correta é vital - e não apenas em termos de tratamento, mas tam-
bém de diagnóstico. Isso pode confundir muitos homeopatas, porquanto as pergun-
tas e respostas tradicionais, no caso da homeopatia, não abrem caminhos novos.
Voltaremos a esse tema no Capítulo 11, quando examinarmos mais de perto a
abordagem psiônica.

ENFIM, UMA PALAVRA DO DR. GEORGE LAURENCE

Ouçamos agora o que o próprio Dr. George Laurence tem a dizer sobre esseassunto:6

Em muitos aspectos, os remédios homeopdticos são mais eficientes e decerto bem mais
seguros que os alopdticos. O princípio do 'similia similibus curantur " leva a resultados
espetaculares. Admito-o, deixando implícita a remoção da causa subjacente da aberra-
HOMEOPATIA - A MEDICINA SUTIL 91

ção da proteína, como diria McDonagh.7 Entretanto, parece haver muito de tentativa
~ erro no sistema, uma falta de consistência na abordagem de seus adeptos.
Bem sei que, como os médicos ortodoxos, podemos eliminar o problema chamando
nossaprática de arte; mas acho que devemos fazer melhor e evoluir a tal ponto que seja
justo chamá-Ia de ciência. Isso, tenho certeza, só será possível se estudarmos e aplicar-
mos o método psiônico, que já demonstrou ser de valor inestimável.
Continuaremos complacentes a esse respeito?
Insisti no assunto, mas temo que ele precise ser enfatizado e encarado mais de
frente. Não é bom que os homeopatas continuem a pensar que o que Hahnemann disse
é a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade, quando ~ssemesmo pensador
portentoso seria o primeiro a acatar quaisquer progressos em suas teorias, para a pro-
moção da causa da ciência homeopática.
Se o método psiônico nada mais fizer, provará sem sombra de dúvida a hipótese
dos miasmas de Hahnemann .

... E SUA VISÃO DA POTÊNCIA

Não espanta que, com pouca prática, o pêndulo aponte o remédio certo e, ainda mais,
indique em definitivo qual potência será mais eficaz. Isso é de extremo valor, já que na
homeopatia ortodoxa a questão das potências é sempre perturbadora e depende em
muito ora da preferência pessoal ora da experiência do clínico. Não bastasse isso, o
pêndulo pode nos dar uma excelente idéia da dosagem correta e do prazo de adminis-
tração do remédio.

Notas
1. A sexta edição do Organon da Medicina é de 1921.
2. Ver Capítulo 6.
3. AmedeoAvogadro, conde de Quaregna (1776-1856), foi um físico italiano. Em 1811,
propôs sua famosa hipótese, a qual permitiu aos cientistas calcularem o Número de
Avogadro, quantidade de moléculas contidas num moi de matéria.
4. Hahnemann empregou de início a escala centesimal e mais tarde introduziu a de
50.000. Ver Organon, par. 270 (inteiramente reescrito para a sexta edição), e as notas
de rodapé pertinentes.
5. O Dr. Constantine Hering (1800-1880), freqüentem ente chamado o Pai da
Homeopatia na América, formou-se em medicina pela Universidade de Würzburg.
Chegou a Filadélfia, EUA, em 1833 e fundou uma Escola Homeopática em Allentown,
Pensilvânia, que mais tarde ficou conhecida como Academia de Allentown. Pesquisou
e escreveu muito. Fez experiências com setenta e duas drogas, inclusive Cantharis,
Psorinum, Lachesis, Nux moschata e Gelsemium. É famoso por sua Lei da Cura e pela
introdução da escala de potência decimal.
6. Extraído de um texto sobre Medicina Psiônica lido perante a Sociedade Médica para
o Estudo da Radiestesia, Londres, 1962.
7. Ver, no Capítulo 7, a Teoria Unitária da Doença.
Miasmas e Toxinas

Dr. Farley Spink


Decano do Instituto de Medicina Psiônica

1
Os três miasmas de Hahnemann
O conceito de miasmas, ou processos mórbidos entranhados, subjacentes às mani-
festações comuns da doença, sempre foram cruciais para a teoria e a prática da
Medicina Psiônica, como também para a abordagem homeopática clássica do tra-
tamento das moléstias crônicas. Proposto inicialmente por Hahnemann1 há quase
duzentos anos, procurava justificar suas observações segundo as quais os males
agudos, mesmo quando tratados com êxito pela homeopatia, muitas vezes reapa-
reciam. Hahnemann, porém, não podia fazer muita coisa na época, pois lhe falta-
vam nossos modernos laboratórios e nossos aparelhos sofisticados de diagnóstico.
Além disso, os mecanismos da doença ainda não eram muito bem compreendi-
dos. Em conseqüência, ele só conseguiu estabelecer um vínculo definitivo entre as
duas conhecidÍssimas doenças venéreas, a sífilis e a gonorréia, e as manifestações
posteriormente observadas no mesmo paciente ou, o que é mais importante, em
seus descendentes.
Hahnemann concluiu serem as causas antecedentes responsáveis por cerca de
10% dos problemas que era chamado a tratar. Quanto aos restantes 90%, teve de
incluÍ-Ios numa única e ampla categoria atribuída ao terceiro miasma, que cha-
mou de Psora e associou aos resultados do tratamento externo, como também à
conseqüente supressão dos distúrbios epidérmicos. Entretanto, como os demais,
considerava-o contagioso, embora saibamos agora que a maioria das doenças de
pele não são desse tipo. Sua teoria era relativamente primitiva, mas revelou-se não
obstante um conceito notável e fundamental, que lhe permitiu avançar grandemente
na eficácia dos métodos homeopáticos. O livro Moléstias Crônicas trabalha em
92
MIASMAS E TOXINAS 93

profundidade seu pensamento e descreve bom número de novos remédios contra


os três estados miasmáticos e suas manifestações.
Infelizmente, como a idéia proposta por Hahnemann representa a nossos olhos
modernos apenas um começo, um germe da real compreensão da natureza da
doença, deu ensejo a duas atitudes igualmente irracionais, em anos recentes. Mui-
tos homeopatas acham que a tese original não pode ser aperfeiçoada - "o evange-
lho seguntÚJ Hahnemann", se quiserem.a E outros há que, em face de sua óbvia
incompletude, rejeitam tudo como coisa sem sentido. Tentar uma atualização ra-
cional desse valiosÍssimo conceito é o objetivo do presente capítulo.
A despeito das observações acima, é surpreendente como as características
descritas da "trindade" original correspondem mesmo aos três tipos básicos de
manifestações mórbidas, a saber: superproliferação de tecidos (sycosis: miasma
gonorréico); destruição e ulceração (syphilis); depleção funcional e desequilíbrio
(psora). A essa luz, a teoria constitui realmente um monumento ao gênio e à acuidade
de observação de Hahnemann.

o MIASMA DA TUBERCULOSE

O advento da moderna tecnologia, que começou no caso da medicina com a obra


de Pasteur sobre as bactérias, em meados do século XIX (cerca de vinte anos após
a morte de Hahnemann), levou à descoberta dos vírus e ao desenvolvimento tanto
da bioquímica quanto da endocrinologia, instaurando um novo corpo de conhe-
cimentos que pôde ser aplicado não só por homeopatas, mas também por médicos
convencionais. De especial importância foi a descoberta, por Robert Koch,
publicada em 1882, do organismo causador da tuberculose. Os nosodos (prepara-
dos homeopáticos potencializados, feitos com material infectado) da gonorréia e
da sífIlis haviam sido introduzidos alguns anos antes, e o próprio Hahnemann
usava o Psonnum (elaborado com "pústula pruriginosa", não se sabe ao certo).
Todavia, na esteira de Koch, James Compton Burnett,2 famoso médico homeopata .
de Londres, publicou seu livro sobre o uso do Bacillinum, fabricado com tecidos
tuberculosos, e descreveu vários aspectos do que hoje chamamos de miasma TB,
claramente reconhecível em gerações posteriores que nunca tiveram contato com
a doença.
Isso é tão importante como uma das principais causas ocultas dos males crôni-
cos que teve de ser alinhado com os dois grandes miasmas "infecciosos" de
Hahnemann. De fato, pareceria haver até uma espécie de "ordem cumulativa"
progressiva: primeiro a Syphilis, provavelmente a mais antiga e enraizada, manifes-
tando-se quase sempre em idade tardia; depois a TE, aparecendo em qualquer
idade, mas responsável por uma série de desordens artríticas, endócrinas, pulmo-
nares e talvez alérgicas; por fim, a Sycosis, "o miasma de nossos tempos", também
94 MEDICINA PSIONICA

com um vasto leque de efeitos, particularmente de natureza catarral, passando


para as doenças cardíacas e o câncer, os produtos finais de todo o processo
miasmático.
George Laurence3 ressaltou, já em seus primeiros trabalhos sobre Medicina
Psiônica, a suprema importância do miasma TB.

AS TOXINAS ADQUIRIDAS

Logo se tornou também notório que as várias doenças provocadas por vírus po-
diam causar tremendas "ressacas", as quais, muitas vezes, precisavam ser combati-
das antes mesmo dos grandes miasmas. Esses fatores receberam o nome de "toxi-
nas adquiridas" (para distingui-Ios dos "miasmas herdados") e, pelo menos em
alguns casos, devem-se à persistência do verdadeiro agente infeccioso no organis-
mo: por exemplo, o vírus da varicela, que pode reaparecer anos depois como her-
pes-zóster. A distinção é um tanto vaga, porém, pois pelos métodos psiônicos
traços de sarampo, por exemplo, e muitas vezes de varíola, podem ser detectados
em pacientes que nunca foram expostos à infecção aguda. Um item importante,
que parece ter sido subestimado, é a própria varíola - um grande assassino do
passado, mas cada vez mais raro ao longo do século XX e extinto deste 1979.
Todavia, aparece na análise psiônica de muitas pessoas e pode ter sua importância.
Muitos vírus mostram clara relação com um ou outro dos grandes miasmas.
Por exemplo: sarampo, influenza e coqueluche (bactéria, nesse caso) com TB;
varíola bovina, herpes e varíola com Sycosis; finalmente, febre glandular com câncer.

OS NOSODOS INTESTINAIS·

Esses valiosÍssimos remédios, feitos com culturas de salmonelasb e organismos


afins encontrados nos intestinos humanos, parecem inserir-se numa categoria di-
ferente, de vez que é a ausência dos ditos organismos que compromete a saúde, e
não o inverso. É como se eles servissem de "latas de lixo", com seus respectivos
nosodos vistos como a rede de drenagem final. Mas, ainda uma vez, existem rela-
ções óbvias entre alguns deles e os "três grandes".

RESUMO ATÉ AGORA

Pode-se postular, então, que TB, as toxinas adquiridas e a chamada toxemia intes-
tinal, são parte do vasto complexo de fatores patológicos que Hahnemann, na
falta de dados científicos, viu-se forçado a tratar como um item único: Psora.
Conforme discutimos acima, as coisas foram esclarecidas até certo ponto, mas
persiste a questão do conceito básico de Psora, que não se enquadra em nenhuma
categoria por direito próprio. Precisamos considerar esse assunto mais demo-
radamente.
MIASMAS E TOXINAS 95

o que é Psora?
O objetivo primário do tratamento homeopático é fomentar a vitalidade do paci-
ente para que ele possa curar-se a si mesmo. Em termos modernos, isso implica
melhorar o funcionamento dos sistemas adaptativos integrados, conhecidos como
psiconeurológico, endócrino e imunológico (PNEI),C que operam praticamente como
um todo, comunicando-se por meio dos mesmos transmissores químicos. Quan-
do as pessoas são tratadas de modo a "sentir-se bem", isto é, sentir que estão mais
fortes, lúcidas e calmas mental e emocionalmente, em geral os distúrbios físicos
desaparecem por si mesmos. O resultado comum é, então, uma maior resistência
às infecções. A recuperação começa de dentro (a partir dos órgãos principais) e
passa para os órgãos secundários, notando-se com freqüência que erupções cutâneas
surgem temporariamente no decorrer do processo. Vê-se isso com clareza no tra-
tamento de crianças asmáticas e com histórico de eczema - este sempre reaparece
à medida que a asma melhora. A importância dessa orientação terapêutica é óbvia:
a asma mata, o eczema não.
Quando não se consegue debelar prontamente, digamos, o sarampo, o resul-
tado pode ser complicações sérias como convulsões; o homeopata deverá, nesse
caso, aplicar uma droga antipsórica, talvez o cobre, a fim de restaurar o curso
natural da doença. De igual modo, a supressão externa de uma erupção cutânea
ou de qualquer outra condição superficial terá sem dúvida idêntico resultado -
e foi a esse aspecto que Hahnemann aludiu em sua definição original de Psora.
Esta pode, portanto, evoluir tanto da ausência preexistente de vitalidade quanto
da supressão.
No nível psicológico, o mesmo se aplica. A supressão ou repressão de "proble-
minhas" como ansiedade, medo, cólera, vergonha, culpa ou arrependimento pode
gerar péssimos resultados. Considere-se o caso de uma criança que sofreu algum
'tipo de abuso e não conseguiu, nem lhe foi permitido, queixar-se: a conseqüência
a longo prazo poderá ser artrite, colite e, é claro, depressão, além de ansiedade e
disfunções de ordem emocional ou mental. Pior ainda, esses estados disfuncionais
tendem a passar para outras pessoas, da mesma ou da próxima geração, suscitando
novos problemas, reações e comportamentos irracionais, e desandando por fim
nas tão conhecidas famílias ou grupos disfuncionais, portanto enfermos. Nada é
tão debilitante quanto a supressão interna das pressões psicológicas, o eu leva,
como se sabe, diretamente às conseqüências físicas do Psora. No que ficou dito
pareceria residir a explicação da natureza contagiosa deste primeiro e mais funda-
mental miasma, a mãe de todas as doenças,d correspondendo perfeitamente à visão
atual de que uma grande proporção de doenças tem origem psicológica.
96 MEDICINA PSIONICA

Diz Kent em Lectures on Homoeopathic Philosophy.5

Os três miasmas crônicos ... são todos contagiosos. Em cada instância, há algo que
antecede as manifestações da chamada doença. O Psora é oprimeiro ... sendo conveni-
ente indagar qual estado da raça humana estaria mais sujeito ao desenvolvimento do
Psora ... quando o homem começou a desejar coisas que eram resultado de um raci-
ocínio falso, atingiu um estado no qual ... dele se projetou uma aura (que pode
causar contágio) viciosa na medida de seu afastamento da virtude e da justiça em
direção ao mal

Se postularmos uma primitiva condição paradisíaca do homem, os únicos


dois fatores capazes de provocar sua queda dessa perfeição hipotética seriam a
aberração psicológica e/ou o desequilíbrio nutricional, ambos resultantes do raci-
ocínio falso.
De outro ângulo, o objetivo do tratamento homeopático constitucional é a
libertação do indivíduo -libertação das mazelas e desilusões, libertação da carga
miasmático-tóxica com que nascemos e que, não tratada, inexoravelmente- au-
menta ao longo da vida, libertação dos entraves à criatividade, à aceitação e à
adaptação ao cotidiano com todas as suas mudanças imprevistas e constantes. É
interessante que o remédio Walnut ("noz") de Bach seja receitado para o medo e a
dificuldade de adaptação às circunstâncias mutáveis da existência: as nozes, na
mitologia, eram o alimento dos deuses.
Todo problema ou desilusão representa, pois, uma negação ou supressão em
alguma área da vida, a incapacidade de aceitar e participar. Compare-se isso à
filosofia budista da existência perfeita - percepção pura, sem resistência. O amor
foi definido como a compreensão serena, isenta de crítica ou reação a quaisquer
situações.6 Assim, a Luz (compreensão) conduz ao Amor, e onde há Amor (não-
resistência), há Vida (vitalidade). Também se pode dizer que, onde há vitalidade,
há confiança; onde há confiança, não há necessidade de resistência ou supressão, e
há portanto Amor; enfim, onde há Amor, há compreensão ou Luz. Esses três são
um; não passam de aspectos da energia fundamental do Universo e de alicerces
para toda religião séria, toda arte curativa verdadeira. Na língua alemã, heil signi-
fica "todo" ou "curado"; Hei/, "bem-estar", "segurança"; Heilkunde, "arte de curar"
e heilig, "sagrado". Há que se pensar!
Desse modo, a natureza essencial do Psora é o estado de esgotamento que
resulta, por um lado, da supressão em qualquer nível e, por outro, das depredações
da doença - aguda ou crônica -, os efeitos deletérios dos outros miasmas, o
cansaço físico e mental, os ferimentos, os venenos (inclusive drogas) e, não menos
importante, a deficiência nutricional. George Vithoulkas descreve o quadro
MIASMAS E TOXINAS 97

psorínico como a conseqüência da pobreza e da privação. Há penúria de elemen-


tos nutritivos essenciais na doença, consumidos na luta pela sobrevivência, e, a
menos que sejam repostos, instauta-se um estado mais ou menos permanente de
baixa resistência ao próximo assalto. Isso se aplica também, podemos dizer, à falta
de energia potencial, isto é, do remédio homeopático correto para a restautação
do funcionamento normal. Assim, a deterioração progressiva da saúde forma um
círculo vicioso: a pressão para responder à infecção, às circunstâncias, etc., leva à
diminuição da vitalidade e da capacidade de responder adequadamente a novas
pressões.
As características aqui descritas do Psora puro são essencialmente funcionais,
mas a presença adicional de outros miasmas, inevitável na prática - ninguém está
livre deles -, resulta na pletora das doenças orgânicas que tão bem conhecemos.

3
De um ponto de vista prático, todo remédio ou nosodo corresponde a alguma
emoção negativa, passividade ou desilusão. 70S Segue-se então que todo remédio pode
ser considerado antipsórico. Muitos remédios, com efeito, têm amplo espectro de
ação e freqüentemente correspondem também aos efeitos diretos de outros miasmas
"infecciosos". A Drosera, por exemplo, chama a atenção pelo fato de curar os sin-
tomas da coqueluche; mas, além disso, apresenta acentuada sensibilidade à tuber-
culose e mostrou (nos tempos em que isso acontecia) eficácia contra o TB ósseo.
Como se tal não bastasse, atua nos desarranjos mentais e em paranóias parecidas
às do finado Adolf Hider.9 Quanto aos nosodos, eles parecem ter função dupla.
Costumam ser prescritos na presença de sintomas característicos, mentais ou físi-
cos, caso em que funcionam como remédios antipsóricos, ajudando o paciente a
livrar-se do miasma ou toxina correspondente. Entretanto, podem também ser
usados "isopaticamente", quando há motivos para suspeitar da existência oculta
de um estado miasmático, mesmo que os sintomas imediatos correspondam a um
remédio afim, mas diferente. De fato, se muitos remédios aliviam com o tempo os
efeitos de um miasma, é de crer que o nosodo seja sempre necessário para erradicar
o próprio miasma. Eis um exemplo bastante comum: Thuya é usado repetidamen-
te para abrandar os efeitos da vacinação contra a varíola, mas a cura final desta
exige Vaccininum em doses elevadas. Alguns homeopatas negam a validade dessa
aplicação dos nosodos; porém, na prática, a análise da medicina psiônica confirma
que ela é não só legítima, como imprescindível.
98 MEDICINA PSIONICA

Onde estão os miasmas?


Não se sabe ao certo como os miasmas são "armazenados". O Psora será excluído
desta discussão por ser antes um processo dinâmico que uma toxina ou entidade
particular. Em geral, os outros miasmas e toxinas adquiridas, aliás bastante nume-
rosos, podem na prática ser considerados como meras infecções persistentes e crô-
nicas em determinado nível do organismo. Casos há em que a sobrevivência de
partículas virais concretas ocorre conforme o mencionado. Em outros, sobretudo
se se trata de miasmas herdados e enraizados, tem-se de presumir um desarranjo
dos padrões de energia num nível não-físico. Segundo a prática psiônica, eles estão
estreitamente ligados ao DNA e ao RNA. Parece que, nos sistemas vivos, todo
componente existe em estados diversos de energia, os quais podem ser examina-
dos separadamente graças ao emprego de diferentes potências do item em questão.
Assim, algumas toxinas serão encontradas, digamos, apenas no DNA6 ou no RNA6,
enquanto outras só aparecerão no DNN2 ou no DNA30, e assim por diante. Quando
a toxina afeta gravemente o organismo físico, tende a ser detectada em níveis
inferiores, ao passo que o miasma latente ou adormecido se manifestará nas po-
tências mais elevadas.

Resposta positiva ou negativa


Examinando qualquer amostra diagnóstica, obtém-se uma resposta positiva ou ne-
gativa. Percebe-se isso com mais clareza pela consideração das duas fases de resposta
de um organismo vivo a um estímulo prejudicial: primeiro, a fase de reação; depois,
a fase de exaustão e talvez até de morte. Quando se "chicoteia um cavalo cansado", a
resposta inicial é a fuga desabalada e em seguida o colapso. Essa seqüência pode ser
notada em toda doença aguda, embora o colapso, é claro, só muito raramente ocorra
numa pessoa hígida, a menos que a virulência do ataque seja insuportável (no caso
da meningite, por exemplo). O diagnóstico positivo corresponde à fase de reação-
o organismo se insurge - e o negativo, à de exaustão. Já deve ter ficado claro para o
leitor que essa "fase negativà' tem algo a ver com o Psora. Toda fase pode ser detecta-
da em qualquer nível do DNAlRNA, passando pelas mitocôndrias (responsáveis
pela energia física) e o conjunto de células da entidade, até os órgãos e sistemas
particulares. O fígado, por exemplo, dará resposta positiva no nível celular, em pre-
sença de hepatite aguda.3 A medida que o paciente se recupera, ela diminui e desapa-
rece; mas uma resposta residual negativa poderá muito bem permanecer ainda por
algum tempo, embora, obviamente, com o tratamento ambas as fases sejam visivel-
mente abreviadas. Vale notar que a fase de exaustão é nitidamente cristalizada no
remédio Psonnum - sem dúvida o mais debilitante, depressor, aflitivo, frio e frágil
remédio da Materia Medica, destituído de vitalidade e ainda assim freqüentemente
necessário após uma doença aguda.
MIASMAS E TOXINAS 99

Na tentativa de entender o mecanismo da enfermidade, é importante ter em


mente que toda reação violenta - e todos os sintomas visíveis de natureza inflama-
tória (portanto, "positiva") - às vezes ocorrem apenas em virtude de um esgota-
mento ou deficiência funcional ocultos, no mesmo nível ou em outro, sendo por-
tanto uma compensação para essesúltimos. Explicando melhor: ao andar de bicicleta,
a pessoa mantém um equilíbrio perfeito graças a pequenos ajustamentos de que
nem sequer toma consciência. Esse é o "estado de saúde". Entretanto, se essa pessoa
for parcialmente incapacitada ou vagarosa nas reações, o mínimo distúrbio resultará
em perda do controle, seguida de resposta violenta e recuperação - ou desastre.
Temos aí a experiência típica do homem comum durante a doença. Portanto, a
importância fundamental do miasma Psora, a fraqueza ou o estado negativo
subjacentes, é seu papel na predisposição para todos os tipos de males humanos.
Devemos acrescentar que as condições degenerativas crônicas não passam,
logicamente, de estados psóricos persistentes e progressivos, provocados pelas devas-
tações do estresse, das supressões, das deficiências, das infecções e dos miasmas.
Os sintomas suscitados pelos remédios da Matma Medica homeopática, tais
quais estabelecidos pela experimentação e a terapia, inserem-se em duas categorias
- reação e exaustão -, dependendo da gravidade do envenenamento, trauma ou
infecção que forneceu os dados. Na prescrição, escolher-se-á um remédio ou um
nosodo para tratar de qualquer condição, positiva ou negativa. No caso das doen-
ças agudas comuns, o remédio sintomático tem com freqüência sua eficácia au-
mentada pelo uso adicional do nosodo fabricado a partir do organismo causativo.
O mais das vezes, a análise psiônica pode identificar ou confirmar ambos. As
moléstias crônicas exigem a cuidadosa e progressiva eliminação das toxinas e
miasmas presentes; cumpre enfatizar, no entanto, que a restauração dos estados
ps6ricos negativos e debilitantes é a medida mais urgente. Nessa abordagem
abrangente da cura reside o alvo da Medicina Psiônica.

Características principais dos grandes miasmas

PSORA: Distúrbios funcionais. Ausência de degeneração estrutural ou doença.


Hipersensível. Irrequieto.
Sagaz, inteligente.
Ansiedade - desproporcionada. Fobias.
(Esgotamento - resultante de doença aguda, atividade de outros
miasmas, supressão de estados/sintomas físicos ou emocionais).

SYPHILIS: Destruição de tecidos, deformidade, distorção.


Ulceração.
100 MEDICINA PSIONICA

Distúrbio neurológico.
Doença arterial. Idade avançada.
Todas as anormalidades congênitas.
Mente embotada, estupidez, imbecilidade.
Depressão, especialmente endógena. Tendências suicidas.
Psicoses orgânicas.
<noite <ar marinho >montanhas.
Propensão a acidentes.
''Atrai violência."

PSORA

Morgan
Bac No 7
Dys Co
Syphilinum Malária
Lepra
Proteus
• • • Gaertner
Sarampo
TBfTK Influenza
TUBERCULOSIS Coqueluche
. Estreptococo
.... Bacillinum
Sycotic Co
Estafilococo

... Bac No 10

Medorrhinum
Chlamydia
Vaccininum
Variolinum
Carcinosin

Figura 9. Esquema das inter-relaçóes miasmáticas


(sugerido, mas não definitivo nem completo).
MIASMAS E TOXINAS 101

TB: Hiperativo. "Abrasado." "Desgaste."


Inquieto, descontente, obstinado.
Humor instável. Sintomas variados.
Resfriados e gripes freqüentes, etc.
"Sem papas na língua."
Linfadenopatia.
Doenças ósseas. Distúrbios do metabolismo cálcico. Alergia (prová-
vel). Doença orgânica endócrina.

SYCOSIS: Neoplasias (malignizantes).


Distúrbios crônicos das mucosas, catarro.
Distúrbios urinários. Doença pélvica.
Asma.
Artrite reumatóide.
Infarto precoce do miocárdio.
"Cabeça ruim": irritabilidade, desconfiança, ciúme, tendência a esca-
motear, ludibriar, viciar-se. Amoral. <dia <umidade >ar marinho.
Achaques de nascença (primeiros meses de vida).
Observe o seguinte na Figura 9:
• O Psora é abrangente.
• O Psora é ao mesmo tempo a causa subjacente e a conseqüência dos estados
infecciosos/miasmáticos ativos (por isso as setas se opõem).
• A coluna 3 apresenta os nosodos intestinais e aponta algumas relações.

Referências
1. Hahnemann, S. c., The Chronic Diseases,1828.
2. Burnett, J. c., A New Cure ofComumption, 1906.
3. Westlake, A., A New Dimemion in Medicine, Psionic Medicine n'" 11 e 12, 1976/
1977.
4. Paterson, J., The Bowel Nosodes, 1950.
5. Kent, J. T., Lectures on Homoeopathic Philosophy, nº 19 (reimpressão, 1976).
6. Bailey, A., Treatiseon the Seven Rays, 1925.
7. Sankaran, R., The Spirit ofHomoeopathy, 1982.
8. Kent, J. T., Repertory of the Homoeopathic Materia Medica - Mind: Anxiety, Fear,
Delusiom. Sleep: Dreams (reimpressão, 1986).
9. Shepherd, D., A Physician'sPosy,C. W Daniel (Saffron Walden), 1969.
102 MEDICINA PSIONICA

Notas
a. Conduzindo assim a toda sorte de argumentos de feição teológica, segundo os quais
tudo pode ser explicado como efeitos de um ou outro, ou permutações e combinações
dos três.
b. O que se poderia tomar por variantes de baixa ou não-virulência é aqui mencionado.
c. PNEI ou PNI - psiconeuroimunologia (ver Capítulo 3).
d. O primeiro e último inimigo da humanidade, o "pecado original".
A Téoria Unitária da Doença

o terceiro pensador que me ajudou a desenvolver uma filosofia


operacional foi J E. R. McDonagh, FRCS.
- Or. George Laurence

A
vencionais,
dos sintomas clínicos é que induziu George Laurence a dilatar sua mente
certeza de dos
para além que limites
a verdadeira
aceitos.medicina tinha
Ele se pôs
não de um ponto de vista puramente
de enfrentar
a investigar as causas
técnicas poucoemcon-
vez
teórico, mas como um método
de enriquecer o seu sólido conhecimento ortodoxo. Todavia, com um misto carac-
terístico de precaução e intuição, não se fiou de nenhum sistema, acreditando que
os métodos eram todos facetas complementares de uma verdade fundamental.
Assim, se quisermos acompanhar sua busca, teremos também de levar em conta
uma série de aspectos da medicina causal, que podem a princípio parecer descone-
xos, mas ao fim se revelarão integrados no esquema geral.

o "Grande Triunvirato"l
Laurence reconheceu a influência de três grandes pensadores em sua busca da
verdade. O primeiro foi Samuel Hahnemann, cuja concepção da doença como
resultado de distúrbios na Força Vital correspondia à visão intuitiva da realidade
do próprio Laurence.
O segundo foi Rudolph Steiner: sua idéia de um mundo etérico confirmava a
possibilidade de influências e causas oriundas de uma ordem superior, ao passo
que sua noção de Forças Formativas reforçava ainda mais as teorias que Laurence
vinha desenvolvendo.
A essa altura de seu trabalho, teve contato com uma terceira fonte de inspira-
ção na pessoa de J. E. R. McDonagh, FRCS [Membro do Real Colégio de Cirur-
giões], com quem travou inúmeros debates. McOonagh perseguia a idéia de que
todas as doenças se devem a um desarranjo das energias vitais do corpo.
103
104 MEDICINA PSI0NlCA

A Teoria Unitária de McDonagh


Acreditava McDonagh que as energias vitais eram responsáveis pela formação das Cl
Sl
proteínas, os constituintes essenciais da matéria viva, de sorte que qualquer distúr-
C<
bio da harmonia vital provocava uma aberração correspondente na produção des-
C(
sas proteínas. Por isso sustentou que havia apenas uma doença básica, originária
de algum desequilíbrio na estrutura protéica. Os sintomas clínicos, independente-
mente de sua natureza e classificação, seriam portanto indício de mau funciona-
mento em determinado ponto dos intricados mecanismos do corpo, oriundo de
uma aberração da proteína. Desse modo, ainda que os sintomas possam ser estu-
dados em detalhe e as condições parcialmente melhoradas por técnicas paliativas
se
de vários tipos, a cura real não será possível a menos que o mencionado desequilíbrio
seja restaurado. a(

A extensão da aberração indicaria a gravidade do distúrbio. Com efeito, l~


McDonagh aventou que a doença maligna resultava de um grau extremo de
desequilíbrio protéico, que a tornava uma moléstia constitucional e não apenas
um problema localizado.
Esse é apenas um esboço da chamada Teoria Unitária da Doença, conceito dos
mais importantes que, entretanto, nunca foi universalmente aceito.2 Logo o dis-
cutiremos mais a fundo, porém desde já fique evidente que ele fornece um ótimo
modelo da forma pela qual os níveis etérico eflsico se vinculam.
Se a causa primordial da doença é o desequilíbrio das energias vitais, deduz-se
que essa perturbação pode manifestar-se em termos físicos como um desarranjo da
estrutura protéica, daí resultando os sintomas clínicos da enfermidade. Laurence
percebeu intuitivamente as possibilidades práticas desse conceito e conseguiu, medi-
ante longa e paciente experimentação, utilizá-Io no desenvolvimento das técnicas
integradas de diagnose e tratamento, que se tornaram a base da Medicina Psiônica.

Maya e a Respiração de Brahma


As idéias de McDonagh eram muito avançadas para sua época, inaceitáveis mes-
mo pelo materialismo ortodoxo, que considerou suas meticulosas formulações
abstrusas e até fantasiosas. Contudo, seu conceito fundamental é inteiramente
compatível com o moderno pensamento científico, o qual, como vimos, conside-
ra a matéria uma condensação local de energia difusa (ver Capítulo 2 sobre a
Hipótese do Campo Psi, pelo professor Ervin Laszlo).
Está claro que nós existimos num mundo de ilusão em que os próprios ele-
mentos constitutivos do universo material, as moléculas, átomos e partículas
subatômicas, possuem uma existência física indeterminada. Eles se agitam, nas-
cem e morrem sem que de nenhum modo possamos controlá-Ios. A esse mundo
enganoso, a filosofia hindu chama de Maya.
A TEORIA UNITÁRIA DA DOENÇA 105

Vivemos em Maya porque em geral só com Maya podemos lidar. Temos notí-
cia dos átomos e moléculas, da transiência de algumas das incríveis partículas
subatômicas; todavia, no cotidiano, tudo isso nos parece mera abstração acadêmi-
ca. Não pensamos no que acontece aos átomos individuais enquanto escrevemos,
comemos, jogamos golfe ou atormentamos um gato. De igual modo, na percepção
que temos do bom ou mau funcionamento de nosso corpo, nem sequer cogitamos
do que se passa nos níveis atômicos e subatômicos.
Em termos de inteligência sensorial (no mundo de Maya), tais refinamentos
são desnecessários. Para enfrentar os problemas materiais, basta-nos lançar mão
do conhecimento convencional. Entretanto, é óbvio que a percepção baseada nos
sentidos e o conhecimento vulgar (falamos dos cinco sentidos convencionalmente
aceitos) são muitíssimo limitados, sobretudo em seus aspectos médicos, onde fa-
lham na consecução de um entendimento real. Se quisermos superar essa barreira,
teremos de vincular nosso pensamento aos conceitos do mundo concreto, mais
especificamente ao quadro da esfera etérica, onde cobram existência as causas e
relações verdadeiras.
O conceito em cuja pista estava McDonagh lembrava um estado de coisas
dinâmico, envolvendo repetidos ciclos de crescimento e restauração. Por isso não
considerou o mundo físico como uma cristalização permanente do tecido etérico,
mas sim como uma criação contínua por meio de condensações rítmicas do cam-
po de força etérica em formas cada vez mais complexas.
Esse conceito é em tudo e por tudo consistente com a cosmologia esotérica,
que vê no universo uma entidade viva animada por fluxos e refluxos permanentes
de energia: a Respiração de Brahma, na filosofia hinduÍsta. Como já dissemos, há aí
muitas semelhanças com a Hipótese do Campo Psi.

Ciclos sucessivos de complexidade


Essa a idéia que McDonagh se esforçou por plasmar em apoio de sua Teoria Uni-
tária da Doença. Formulou minuciosamente o conceito, sobretudo numa série de
textos a respeito da natureza da doença; porém, como tomasse rumos de pensa-
mento muito além das idéias aceitas, viu suas teorias rejeitadas e mesmo hostilizadas.
Além do mais, o amor ao detalhe de certa forma obscurecia a simplicidade básica
da visão de McDonagh: ou seja, que esses processos ordenados podiam desarran-
jar-se e provocar desvios de norma responsáveis pelos sintomas patológicos.
Foi esse aspecto da idéia que Laurence, intuitivamente, identificou como o
fator aglutinante em seu estudo do desequilíbrio da energia vital e passou desde
então a aplicar na elaboração de um sistema terapêutico eminentemente prático.
Convém, pois, lançar um olhar aos fundamentos da teoria de McDonagh.
Isso nos ajudará a percorrer os diversos ciclos de complexidade crescente.
106 MEDICINA PSIONICA

Em suma, McDonagh postulou uma "atividade primordial" (que podemos


considerar o campo psi), formadora das energias materiais do mundo físico medi-
ante uma série de pulsações em espiral evolutiva. A primeira etapa cria as partícu-
las subatômicas de duração quase negligenciável, mas que constantemente se
recarregam.
O segundo ciclo assiste à integração das partículas nos átomos, engendrando
três grupos distintos (desiguais) dotados de funções específicas que ele chamou de
radiação, atração e armazenamento. Pode-se compará-Ios aos elementos metálicos
ativos; e de fato estes seriam compatíveis com o conceito de McDonagh de uma
função irradiativa, com os elementos básicos exercendo atração e os gases inertes
atuando como depósitos.
O terceiro ciclo envolve a formação das moléculas simples e seu arranjo nas
estruturas cristalinas que constituem a base da matéria inorgânica. De novo os
componentes, segundo sua natureza, exercem uma das três funções específicas que
determinam sua qualidade na estrutura química geral.
Segue-se um quarto ciclo, responsável pelas estruturas moleculares mais sofis-
ticadas dos chamados compostos orgânicos. Estes incluem os colóides, como a
albumina, e os aminoácidos formadores da proteína, constituinte essencial da
matéria viva. Nota-se, nesta etapa, uma espécie de infusão da energia vital -
possivelmente a Vis Medicatrix Naturae-, a qual permite às moléculas exercerem
todas três funções primárias num grau apropriado, em vez de apenas uma, como
nos compostos inorgânicos.
A partir daí, desenvolve-se um quinto ciclo, onde as proteínas se encaixam nas
várias estruturas interdependentes do mundo vegetal, seguido de um sexto ciclo,
pertinente às exigências do reino animal, em que as proteínas se diversificam nos
tecidos e órgãos do corpo.
No entender de McDonagh, a vida é alimentada pela pulsação contínua da
energia vital nas proteínas básicas, das quais cada uma enseja um exercício ade-
quado e harmonioso das funções de irradiação, atração e armazenamento. É, pois,
plausível que, quando esse ritmo essencial se desarranja mercê de uma influência
estranha - miasmas ou toxinas -, manifeste-se a condição mórbida acompa-
nhada de sintomas clínicos mais ou menos graves.

Comentário de George Laurence sobre a Teoria Unitária da Doença, de


McDonagh, em relação à diagnose radiestésica
(Artigo original do Dr. George Laurence, endereçado à Medical Society for Medical
Radiesthesia. )
''A essência da teoria de McDonagh é que existe apenas uma doença, oriunda
da circunstância de a proteína, no sangue, ser a tal ponto afetada que não mais
A TEORIA UNITÁRIA DA DOENÇA 107

consiga desempenhar sua função precípua de atrair o alimento, armazená-lo den-


tro de si e depois irradiá-Io para os tecidos e 6rgãos de uma maneira equilibrada.
Todas as chamadas 'doenças' não passam de manifestações de desequilíbrio ou
aberração da proteína - e nenhuma enfermidade será curada a menos que se
restaure esse equilíbrio. No dizer de McDonagh, o médico pode aliviar e amenizar
as manifestações da doença, suprimi-Ias ou mudá-Ias de um lugar para outro (por
exemplo, a alternância de erupção cutânea e asma como resultado de um trata-
mento voltado unicamente para um ou outro sintoma); consegue-se assim camuflá-
Ias por longos períodos, mas elas s6 serão eliminadas em definitivo caso se encon-
tre a causa primária ou o denominador comum. Por mais perfeito que seja um
preparado quimioterápico, jamais removerá todas as lesões e eliminará todas as
manifestações: ele s6 conseguirá reparar os danos locais secundários sofridos
pela proteína. E, como de modo algum atua sobre a causa ou causas primordiais
da doença, esse reparo será sem dúvida de curtíssima dutação. Eis um ponto im-
portante que a medicina ortodoxa em geral parece soberanamente ignorar - ou
desdenhar!
A verdadeira pergunta que temos diante de n6s é: por que, num primeiro mo-
mento, se dá o desequilibrio protéico?
A infecção por microorganismos logo nos ocorre e de pronto tentamos destruÍ-
los bioquimicamente; no entanto, matando-os, acaso logramos atinar com a razão
pela qual o indivíduo se mostrou tão vulnerável ao ataque? Como pôde a saúde ficar
tão abalada a ponto de permitir a invasão? Ou por outra, como muitos de n6s já
devemos estar indagando: que se passa com nossos esquemas mentais e espirituais,
nossa comida e nosso ambiente, para que a resistência dos tecidos esteja tão baixa?
A resposta parece exigir o exame da natureza da saúde; e, a fim de chegar até
aí, temos de reconhecer que parte importante de sua origem reside no solo. Os
microorganismos, afetando outros microorganismos ao mesmo tempo que a vida
mineral e vegetal, liberam energias vitais que constituem o ingrediente básico da
nutrição extraída pelas plantas do solo. Portanto, deficiência de vida no solo signi-
fica pobreza nutritiva para os animais e o homem, quer os nutrientes sejam de
origem animal ou vegetal.
Citando McDonagh: 'A terra sob os nossos pés não é mera massa inerte e
morta, mas compõe-se de uma infinidade de organismos vivos, cada qual com seu
minúsculo ciclo de vida e tarefa a desempenhar. Corpos vitais saudáveis exigem
alimentos vitais brotados em solo vivo. Mas o que vemos por aí? Corpos e mentes
adoentados, emoções fora de controle, nutridos de alimentos desvitalizados nasci-
dos de uma terra enfermiça, cansada e desgastada.'
Assim, um fator importante da saúde é a condição do solo, havendo aqui um
vínculo significativo com as aberrações protéicas no corpo. É encorajador obser-
108 MEDICINA PSIONICA

var que o problema da terra começa enfim a chamar a atenção, particularmente


com respeito às deficiências que temos de combater no tratamento das doenças
crônicas ou agudas.
O clima e o alimento são quesitos fundamentais para o solo e os micro-
organismos. Quando o clima é impróprio e se registram exaustão do solo ou trata-
mento inadequado com fertilizantes químicos, inseticidas e herbicidas, os
microorganismos não conseguem executar seu trabalho e a nossa comida paga o
preço disso. Não temos controle algum sobre o clima e, como cidadãos, muito
pouco sobre a qualidade dos produtos que nos são oferecidos. Precisamos, pois,
ser mais cuidadosos na escolha dos alimentos. Se o clamor público por farinhas e
cereais integrais, açúcar mascavo, frutas e legumes cultivados com adubos orgâni-
cos, leite puro e alimentos não-processados se fizer suficientemente alto para ser
ouvido e acatado, assistiremos a um decréscimo impressionante na taxa de doen-
ças e a uma melhoria na saúde da nação.
Além da toxemia intestinal, provocada por alimentos contaminados e impró-
prios, existem, é claro, muitas outras causas de doenças crônicas - ocupacionais,
psicológicas e ambientais - às quais se devem acrescentar os efeitos debilitantes
dos miasmas. Todas essas influências geram distúrbios no equilíbrio da proteína,
de sorte que nesse sentido só há, como quer McDonagh, uma única doença.
McDonagh sustenta que, sob a influência do 'climà, que penso significar energia
cósmica, todas as proteínas ora se expandem, ora se contraem; e quando o ritmo
dessa pulsação se acelera - torna-se aberrante, para empregar seu próprio termo
-, temos um estado de desequilíbrio e as condições necessárias para a intrusão da
doença.
Ele divide a proteína em três partes correspondentes às três principais divisões
de desenvolvimento do corpo, que aliás estimulam. São o epiblasto, mesoblasto e
hipoblasto, que devem operar em harmonia.

Sumariamente, McDonagh faz derivar do mesoblasto o:


Sistema osteomuscular
Sistema cardiovascular
Sistema geniturinário
Córtex supra-renal

do hipoblasto:
Sangue
Sistema respiratório
Tireóide
Sistema porta
A TEORIA UNITÁRIA DA DOENÇA 109

do epiblasto:
Medula da supra-renal
Pituitária anterior
Pituitária posterior
Sistema nervoso simpático
Sistema nervoso parassimpático

Em qualquer doença, os sintomas concretos costumam diferir segundo as partes


da proteína mais desequilibradas; mas não se pode confinar uma toxina a determi-
nada área do corpo, sendo necessário, primeiro, atentar para o quadro todo.

o diagnóstico pelo pêndulo


"Com base numa amostra do paciente (fio de cabelo, gota de saliva ou sangue),
consegue-se obter boa quantidade de informações sobre o estado da proteína gra-
ças ao emprego do pêndulo por mãos experientes - coisa quase inacreditável aos
olhos dos leigos e da fraternidade ortodoxa. Isso posso compreender bem, pois eu
mesmo fiquei cético quando pela primeira vez ouvi falar em radiestesia. Contudo,
a técnica está hoje cientificamente estabelecida e acho estranho que tanta gente
sofra sem necessidade por falta de um tratamento adequado, para além do alcance
da administração mais ou menos aleatória de substâncias químicas sintéticas, muitas
das quais são venenosas por causar posterior desequilíbrio da proteína - como se
não bastasse o fato de só promoverem alívio temporário ou supressão de sintomas.
Graças ao uso do pêndulo, é possível descobrir (com a ajuda de amostras) a
presença de uma toxina, sua natureza e extensão, bem como a parte do corpo mais
afetada. Assim como o veneno não se restringe a um ponto (pense-se na mordida
de serpentes ou mesmo na picada de insetos), não é sensato nem inteligente tratar
efeitos específicos antes de remover a causa. Depois de eliminada a causa primária,
podemos atacar os sintomas restantes com remédios homeopáticos comuns e, as-
sim, dirimir quaisquer aberrações protéicas de órgãos específicos.
O princípio segundo o qual se deve encontrar primeiro a causa básica de uma
doença, aplica-se particularmente à moléstia crônica. Eu poderia dar inúmeros
exemplos disso, mas cito apenas os inúmeros casos de alternância asmaJeczema,
que tenho presenciado ao longo de quase sessenta anos de prática. Tanto os
pneumologistas quanto os dermatologistas conseguem propiciar alívio temporá-
rio de uma ou outra dessas manifestaçóes, provocando freqüentemente uma exa-
cerbação do sintoma não tratado. No entanto, ignoram o que acontece ao pacien-
te e não atinam com a causa básica da doença.
Para mim, é absurdo aceitar um nome ou um rótulo como diagnóstico preci-
so. Esse termo deverá incluir a causa, de outro modo não passará de um palpite.
lIO MEDICINA PSIONICA

Outro exemplo é a enxaqueca, cujo tratamento parece não ter evoluído muito
desde os meus tempos de estudante e cuja causa primária varia de pessoa para
pessoa. Até que ela seja extirpada, de novo só poderemos esperar alívio passagei-
ro mediante o emprego de drogas - com o risco inevitável de sérios efeitos
colaterais.
Muitas dessas doenças crônicas devem-se a miasmas herdados ou toxinas ad-
quiridas, que se entranham no corpo e só podem ser detectados por métodos
extra-sensoriais. O tratamento eficaz desses casos será difícil enquanto o valor das
técnicas psiônicas de diagnose e terapia não for amplamente reconhecido.
Não espanta que, com pouquíssima prática, o pêndulo aponte o remédio con-
veniente e, além disso, indique em definitivo qual potência trará melhores
resultados. Deve-se levar isso em conta porque, no ensino homeopático ortodoxo,
a questão das potências é sempre um problema e depende bastante da experiência
ou preferência do clínico. Ademais, o pêndulo pode nos dar uma ótima idéia da
dosagem exata e do prazo de administração do remédio.

Recapitulando: a estrutura básica do corpo consiste de proteínas, das quais o


principal combustível são as gorduras e os carboidratos. Qualquer condição que
perturbe o equilíbrio harmonioso da proteína provoca dano à saúde, dano cujas
manifestações e sintomas dependem da região ou regiões da proteína que estejam
em desequilíbrio.
Pela minha experiência, quase todos os casos que tratei já haviam sido subme-
tidos às mais exaustivas - e muitas vezes extenuantes - investigações: clínicas,
laboratoriais, radiológicas, etc., sempre com resultados negativos. Esses pacientes
viam em mim sua derradeira esperança. É maravilhoso descobrir que, com fre-
qüência, as técnicas psiônicas proporcionam não apenas um diagnóstico correto,
mas também uma terapia eficaz, sobretudo no caso das chamadas doenças incurá-
veis, cuja causa básica quase nunca se sabe.
Eu gostaria de dizer aqui uma palavra a respeito das potências. Quando
potencializamos uma substância, nós a transformamos em energia, capaz de ope-
rar em nível de intensidade bem mais elevado que as drogas originais. Em certo
sentido, tornamos a substância radioativa,3 já que é por intermédio dessa "ativida-
de" ou efeito irradiante que o fármaco atua, retendo embora a influência ou cará-
ter da substância primitiva. Nada se pode comparar ao efeito irradiante dos remé-
dios potencializados na eliminação dos miasmas e toxinas, ou mesmo na correção
do desequilíbrio protéico.
Sou muitíssimo grato a McDonagh pela luz que lançou sobre o problema da
medicina e lamento outro tanto que só uns poucos profissionais ortodoxos procu-
rem entender sua Teoria Unitária da Doença e tentem aplicá-Ia à elucidação do
mistério da doença, para alívio do sofrimento humano."
A TEORIA UNITÁRIA DA DOENÇA III

Os médicos psiônicos, hoje, têm consciência do papel da aberração protéica na


geração da doença. Como se viu no último capítulo, redigido pelo Dr. Farley
Spink, atual decano do Instituto de Medicina Psiônica, as pesquisas podem ir
longe. É preciso observar tecidos, células, DNA, RNA, praticamente todo com-
posto celular, inclusive a mitocôndria - e observá-Ios um por um em diferentes
níveis de energia. Baste dizer que as idéias de McDonagh abriram novos caminhos
para a investigação.

Notas
1. Na Roma antiga, o triúnviro era um dos três magistrados encarregados de um ramo da
administração. O primeiro Grande Triunvirato, em 60 a.c., foi formado por César,
Pompeu e Crasso.
2. Esse capítulo permaneceu praticamente intacto, dada a sua importância histórica como
uma das principais influências sofridas por Laurence. Alguns médicos psiônicos mo-
dernos aceitarão determinados aspectos da teoria, mas não a sua totalidade.
3. Laurence não diz que a potencialização do remédio torna-o radioativo na acepção
científica corrente. Ele usa a palavra no sentido metafórico.
Intuição, Percepção
Extra-Sensorial e Fenômenos Psi

Se as vidraças da percepção fossem desembaciadas,


tudo pareceria, como de fato é, infinito.
- William Blake (1757-1827)

sentidos paranormais, responsáveis pela faculdade usualmente chamada


Váriasintuição.
referências
Ora, foram a feitas,
como nos ecapítulos
diagnose precedentes,
o tratamento à existência
psiônicos de
das causas
subjacentes da doença pressupõem o uso científico dessa faculdade, é de desejar
que discutamos pormenorizadamente a natureza e as possibilidades dos sentidos
paranormalS.
Já estabelecemos que o mundo físico da experiência cotidiana é apenas a inter-
pretação, por um número de sentidos muito limitado, de um universo incrivel-
mente complexo. Os constituintes desse universo não são, como vimos, tão subs-
tanciais quanto acreditávamos. De fato, na esteira da hipótese do campo psi,
começamos a entender que existe mesmo realidade no conceito do universo
interconectado, familiar ao xamã, ao místico e ao iluminado de diversas cultutas
ao longo da história.
O homem é, porém, dotado de todo um leque de sentidos extras, que respon-
dem a impressões de qualidade diversa, não pressentida pelos sentidos convencio-
nalmente aceitos. São os sentidos paranormais, ou seja, que existem paralelamente
aos sentidos físicos comuns. Certas pessoas possuem essa faculdade incrivelmente
desenvolvida, o que tende a alimentar a crença de que são, de algum modo, anor-
mais. Mas isso é um equívoco, pois os sentidos adicionais fazem parte do equipa-
mento normal do homem. Sucede apenas que, por não serem utilizados, perma-
necem em estado de latência.
Preocupados que somos com os fenômenos materiais, damos por pacífica a
existência dos cinco sentidos e esquecemo-nos de que tivemos de ser treinados
112
INTUIÇÃO, PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIALE FENOMENOS PSI 113

para interpretar suas respostas. Uma educação e cultivo similares são imprescindí-
veis para exercitar os sentidos paranormais, coisa que nem sempre achamos neces-
sária porque conseguimos lidar adequadamente com os fatos do mundo mediante
os processos do raciocínio lógico.
Não obstante, temos uma ligeira percepção dessas respostas paranormais,
costumeiramente manifestadas na chamada "sensitividade". Instintivamente, gos-
tamos ou não gostamos de pessoas ou lugares. Reconhecemos que determinadas
situações são corretas sem saber explicar por quê. Examinemos algumas dessas
estranhas "sensações" para descobrir como suscitam uma percepção mais profun-
da de nossos sentidos paranormais.

Sensações entranhadas, normas empíricas e sexto sentido


Virtualmente, todas as pessoas já experimentaram a chamada "sensação entranha-
dà' em uma ou outra ocasião. Por algum motivo, que não conseguem racionalizar,
tiveram a convicção absoluta de que algo estava certo ou errado, ou de que deve-
riam tomar determinada decisão. E, na maior parte dos casos, descobriram mais
tarde que essa sensação não mentia.
Muita gente usa também uma abordagem heurística em sua tomada de deci-
sões. A heurística1 é, em essência, uma norma empírica. Carpinteiros, mecânicos,
médicos, empresários - a maioria dos profissionais - utilizam normas empíricas
para resolver problemas. Os psicólogos mostraram que, embora três importantes
níveis mentais possam ser acionados - o da habilidade, o da regulamentação e o
do conhecimento -, os profissionais quase sempre tomam suas decisões com
base no critério empírico. É como nos cálculos aritméticos "de cabeça". Diante de
uma operação complicada de multiplicação ou divisão, a pessoa costuma fazer
mentalmente uma estimativa inicial, para chegar à solução. Ora, muitas vezes o
resultado é extremamente preciso, como se algum recurso sutil, vindo de uma
fonte desconhecida, fosse acrescido à abordagem heurística.
E há também o fenômeno do sexto sentido, aliás muito comum na medicina.
Sempre se ouve falar, o mais das vezes em tom chocarreiro, de alguém que apre-
sentou o diagnóstico correto de um paciente sem dispor dos dados suficientes. E
isso costuma acontecer mesmo quando o paciente não se queixa de nada: o médi-
co, porém, sabe que algo está errado com ele. Fala-se então, pilheriando, do "sexto
sentido do doutor", mas no fundo o piadista admira a perfeição e a finura do
diagnóstico. Numa profissão que se orgulha de ser "argutà', já que todo caso tem
de ter um diagnóstico ou solução, a abordagem heurística é considerada aceitável,
principalmente quando secundada pela justificativa de que "a experiência nos en-
sina a perceber essas coisas".
114 MEDICINA PSIONICA

Sim, pode bem ser o caso; mas melhor ainda seria se o médico permitisse que
um sentido superior entrasse em cena. Aqui, é de crer, vai-se além da heurÍstica
ou, pelo menos, mais longe do que a heurística comumente vai. Mas também
pode ser que a heurÍstica facilite a atuação desse sentido especial. Será que, por
estarmos firmemente plantados na era do racionalismo, da ciência e medicina basea-
tÚJsna evidência, é que negamos os sentidos superiores?
Nesse caso, estamos na verdade negando uma parte importante do nosso pró-
prIO ser.

Percepção extra-sensorial e psicocinese


Há relatos de fenômenos paranormais em praticamente todas as culturas, desde os
começos da história registrada. De fato, retomando o conceito de Sir James Frazer
segundo o qual toda sociedade evolui percorrendo as fases da magia, da religião e da
ciência, tais fenômenos foram por seu turno racionalizados como eventos mágicos,
miraculosos ou paranormais. Existe sem dúvida, na fase da ciência, a propensão a
considerar esses fenômenos como crendices, coincidências ou fraudes. Todavia, em
virtude do próprio fato de as pessoas terem consciência deles e achá-Ios normais,
corriqueiros, significa que há razões legítimas (e necessárias) para estudá-Ios.
A primeira investigação sistemática dos fenômenos paranormais foi feita em
1882, quando o filósofo Henry Sedgwick fundou em Londres a Sociedade de
Pesquisas Psíquicas. Entre seus co-fundadores contavam-se os físicos Sir Oliver
Lodge,3 Sir William Barrett e Sir William Crookes, e os pensadores Frederick W
H. Myers e Edmund Gurney. Em 1885, depois de um encontro de Sedgwick com
o psicólogo Wtlliam James, uma organização gêmea nasceu com a criação da Soci-
edade Americana de Pesquisas Psíquicas. O alvo original de pesquisa, para ambas
as agremiações, era o campo então florescente do espiritismo e da medi unidade.
A primeira pesquisa científica produtiva sobre os fenômenos psíquicos teve
início nos anos de 1920, sob a direção do professor Joseph B. Rhine (1895-1980),
no departamento de Psicologia da Universidade Duke, Carolina do Norte. Rhine
obteve seu doutorado em fisiologia das plantas em 1925, na Universidade de Chi-
cago, mas em 1926, juntamente com a esposa, Louisa E. Rhine,4 associou-se a
William McDougall em Harvard. Quando McDougall se transferiu para a Uni-
versidade Duke, em 1927, eles o acompanharam e, por sugestão dele, iniciaram
em 1930 uma série de experimentos com os fenômenos psíquicos. Brotava aí um
novo ramo da psicologia.
Rhine afastou-se da orientação dos primeiros pesquisadores psíquicos ao estu-
dar gente "comum" em vez de paranormais reconhecidos. Sua hipótese era que, se
as faculdades psíquicas existem, devem existir em toda a população. De conformi-
dade com isso, recrutou seus primeiros sujeitos entre o corpo discente da Duke.
INTUIÇÃO, PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIALE FENOMENOS PSI 115

De começo, Rhine resolveu investigar as habilidades telepáticas utilizando


cartas de baralho. Mas logo viu que cinqüenta e dois símbolos separados talvez
fossem demasiado para a tarefa e que alguns sujeitos poderiam, subconscientemente,
selecionar cartas favoritas ou rejeitar números por razões supersticiosas. Um cole-
ga, Karl Zenner, encontrou a solução: confeccionou um baralho de vinte e cinco
cartas, com cinco símbolos diferentes para cada cinco. Os símbolos eram o qua-
drado, o círculo, a estrela, as linhas onduladas e o sinal de adição.
Nos experimentos clássicos de Rhine, o sujeito tenta adivinhar a ordem dos
cinco símbolos aleatoriamente dispostos. Dado que a chance de prever um símbo-
lo é uma em cinco, nada mais fácil que calcular a possibilidade de determinados
escores. Às vezes, pesquisador e sujeito sentavam-se a uma mesa face a face; outras,
cada um ficava num aposento diferente ou mesmo em outro prédio.
Rhine constatou que alguns sujeitos eram muito proficientes com as cartas de
Zenner, produzindo quase sempre resultados estatisticamente significativos. Em
1934, ele publicou a monografia Extra-Sensory Perception [Percepção Extra-senso-
rial]. Escolheu cuidadosamente o título, pois alegava que a percepção ia além dos
cinco sentidos usuais.
Fenômeno interessante, comentado por Rhine: a "carência de PES". Trata-se
de uma espécie de "PES ao inverso", pela qual alguns sujeitos produzem, consis-
tentemente, resultados abaixo da média. Aventou-se que eles de algum modo blo-
queavam a percepção, em virtude talvez de negatividade inconsciente.
Ainda em 1934, Rhine excogitou uma série de testes com dados a fim de
estudar o fenômeno da psicocinese (PC), que é a influência da mente sobre a maté-
ria ou a capacidade de "querer" que objetos se movam. Aqui, de novo, os primei-
ros resultados de Rhine com um jogador que propalava ser capaz de influenciar
lances de dados ficaram acima da média casual. Rhine, porém, mostrou-se caute-
loso quanto à publicação dos resultados e só em 1943 seus controvertidos achados
chegaram ao conhecimento da comunidade científica.
Rhine acreditava que a PES e a PC eram fenômenos distintos e desvinculados
de qualquer componente físico do cérebro. Ele concluiu que nenhum deles podia
ser explicado pelas leis conhecidas da física, mas ainda assim constituíam fenôme-
nos reais, observáveis e demonstráveis.

Psi e parapsicologia
Em 1946, o Dr. Robert Thouless e seu colega, Dr. W P.Weisner, propuseram que
a letra Psi (vigésima terceira do alfabeto grego - \li) fosse usada para designar a
PES e a PC, já que ambos os fenômenos pareciam estreitamente vinculados.
Deve-se a J. B. Rhine a designação da nova disciplina encarregada do estudo
dos fenômenos psi, a parapsicologia (do grego para, "além").5
116 MEDICINA PSIONICA

Os Rhines foram os parapsicólogos mais famosos até os anos de 1960 e, como


adestraram inúmeros pesquisadores, sua influência revelou-se duradoura. Além de
colaborar no trabalho do marido, Louisa Rhine realizou importantes investiga-
ções com PES e PC espontâneas.
Em 1965, Rhine deixou a Universidade Duke e levou seu laboratório de pes-
quisas para longe do campus. Agora como o Rhine Research Center's Institute for
Parapsychology, continua a dar contribuições decisivas na área.
Durante a década de 1960, a psicologia ortodoxa enfatizou a natureza da cons-
ciência. Compreensivelmente, os parapsicólogos passaram a analisar a estrutura
dos processos psicológicos que envolviam a percepção extra-sensorial. Desenvol-
veu-se então a pesquisa psi "de processo", que estudava como os fenômenos psi
podiam ser afetados pelo tempo, a distância, o estado de consciência (portanto, o
estado alterado de consciência) e fatores pessoais como humor, personalidade e
atitude em relação a tais fenômenos. Os testes agora insistiam na ESP de "resposta
livre", pondo de lado os de "escolha forçadà', como nas predições clássicas do
baralho de Zenner.
Um ambicioso programa de pesquisa da PES onÍrica foi organizado por
Montague Ullman e Stanley Krippner no Hospital Maimônides do Brooklin, Nova
York. Esse programa, que atravessou os anos de 1960 e 1970, terminou em 1979,
quando Charles Honorton,6 membro da equipe do Maimônides, inaugurou um
novo laboratório em Princeton, Nova ]ersey. Ali, deu continuidade ao trabalho
pelo método de respostas livres, recorrendo a condições de privação sensorial que
chamou de "estimulação Ganzfeld'.7
Outro programa intenso de pesquisa começou em 1972 no Stanford Research
Institute da Califórnia, sob a direção dos físicos Harold Puthoff, Russell Targ e
Edwin May. Eles se concentraram na "visão remotà' e ficaram célebres por seus
estudos de alta tecnologia das funções cerebrais em estado psi, utilizando apare-
lhos como o magnetoencefalógrafo.
Existem hoje cerca de cem universidades e institutos, no mundo inteiro, en-
volvidos em pesquisa parapsicológica. A primeira cátedra de Parapsicologia foi
criada depois da Segunda Guerra Mundial na Universidade de Utrecht, Holanda,
sendo seu primeiro professor W. H. C. Tenhaeff. Em 1985, a Cátedra Koestler de
Parapsicologia iniciava atividades na Universidade de Edimburgo, sob a direção
do professor Robert L. Morris.
Hoje, o leque de pesquisas é vastíssimo, mas, de um modo geral, elas incidem
sob três rubricas:

• PES - Percepção Extra-sensorial, incluindo telepatia, visão a distância, clarivi-


dência, clariaudiência, clarissensiência (respectivamente, fenômenos para-
normais da visão, da audição e do tato), radiestesia e rabdomancia.
INTUIÇÃO, PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIALE FENOMENOS PSI 117

• PC - Psicocinese, literalmente a influência da mente sobre a matéria. Consi-


deram-se em geral duaS classes: micro-PC, que resulta em efeitos fracos ou
quase imperceptíveis, invisíveis a olho nu e para os quais é necessária a avalia-
ção estatística (influência no lance de dados, por exemplo); e macro-Pc, que
gera fenômenos observáveis (como curvar talheres e levitar).

• Questões de sobrevivência -ligadas à sobrevivência do espírito depois da mor-


te ou fora do corpo, reencarnação, experiências de quase-morte (EQM),8 ex-
periências extracorpóreas (EEC), canalização e karma.

Circulam inúmeras teorias sobre o mecanismo da psi, justificáveis uma vez


que as pessoas estudam a parapsicologia com base em diferentes disciplinas. Exis-
tem, assim, teorias psicológicas, teorias físicas, teorias sociológicas e teorias
psicofísicas. A polêmica, nessa área, é inevitável.

o inconsciente coletivo
O psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961) foi profundamente influenciado por
Sigmund Freud entre os anos de 1907 a 1913. Jung, porém, não aceitava a tese de
Freud segundo a qual o inconsciente era puramente pessoal, formado a partir de
traumas de infância reprimidos. Ao contrário, acreditava que por sob a consciên-
cia existia, sim, um inconsciente pessoal- mas, por sob este, também um incons-
ciente coletivo.
O inconsciente coletivo, na visão de Jung, era inato, nem formado pela expe-
riência pessoal nem herdado dos ascendentes, mas literalmente universal.
Percebe-se desde logo uma analogia entre o inconsciente coletivo de Jung e os
Registros Akáshicos dos teósofos. São, segundo o ensinamento teosófico, os regis-
tros definitivos de tudo quanto ocorreu desde o começo do universo. O termo
vem do sânscrito Akasha, que significa "éter" ou espaço difuso. Os teósofos postu-
lam a existência de um registro, no plano astral, das vibrações de cada som, luz,
pensamento, ação e emoção.
Edgar Cayce (1877-1945), o famoso médium e curador americano, tornou-
se famoso por suas "leituras em transe". Durante o transe, que ele começou a
induzir em 1901, depois de aprender as técnicas da auto-hipnose com o mesmerista
Ai Layne, Cayce consultava os Registros Akáshicos, que às vexes intitulava Memó-
ria UniversaL da Natureza ou Livro da Vida. Aparentemente, empregava técnicas
visuais que lhe possibilitavam descrever uma biblioteca com um número incalcu-
lável de livros, cada qual contendo a biografia de uma pessoa. Quando queria
ajudar alguém, tudo o que tinha a fazer era encontrar o livro aprópriado, abri-lo e
ler a indicação do remédio necessário.
118 MEDICINA PSIONICA

Mais ou menos pela mesma época, Rudolph Steiner (1861-1925) também


recorria aos Registros Akáshicos, a que deu o nome de Crônica Akdshica.
Esses dois homens sustentavam que os registros eram acessíveis a todos quantos
quisessem consultá-Ios, que eram universais e que só se precisava encontrar o meio
de chegar até eles.

o campo psi
O campo psi, campo universal de informação, atende a todos os conceitos que
vimos discutindo. É fácil notar que se identifica com os Registros Akáshicos, o
inconsciente coletivo, o campo mórfico ou morfogenético e outras facetas exami-
nadas em nosso modelo do Capítulo 4. E é fácil também notar que ele explica os
fenômenos dos vínculos culturais espontâneos (Capítulo 1), da PES, das conexóes
transpessoais e, possivelmente, da sobrevivência após a morte.
Quer a reencarnaçã09 exista ou não, a hipótese do campo psi procura explicar
a recordação de vidas passadas. O campo psi pessoal do indivíduo que se forma no
ventre materno pode, à falta de termo melhor, "vibrar" de um modo idêntico ou
quase idêntico em consonância com o campo psi pessoal registrado de alguém que
já morreu. O campo psi do indivíduo vivo e em desenvolvimento consegue então
ter acesso ao registro das experiências, às lembranças dessa outra pessoa. Tal acervo
incorpora-se à sua mente como se fosse "dele próprio", mesmo que advenham de
uma existência ou encarnação anterior.

Rabdomancia
A rabdomancia é um meio de entrar em contato com o campo psi. Em termos
chãos, trata-se de um estado alterado de consciência no qual parte da mente mer-
gulha no sono para que a mente inconsciente possa ser contatada. O inconsciente
gera então uma resposta ideomotora à pergunta formulada pela porção desperta
da mente. Examinaremos isso com mais vagar no próximo capítulo.
Eis o que tem a dizer J. H. Reyner, principal autor da primeira edição deste
livro:

Resta considerar de que modo os sentidos paranormais conseguem relacionar-se no


mundo reaL.Aqui, socorremo-nos de Swedenborg!° e seu conceito de 'corpo-tempo ': J J

Esse ponto eu já discuti pormenorizadamente em um de meus livros anteriores, O


Diário de um Alquimista Moderno, mas convém retomar de passagem a idéia, para
reforçar o que de fato foi postulado. Vimos então que as aparências do mundo fisico
ntUla mais são que uma transferência das sucessivas manifestações, no tempo, de um
tecido superior e relativamente eterno para o mundo reaL. Quer isso dizer que a suces-
são de eventos no mundo jenomênico deixa um traço permanente (mas não inalterá-
INTUIÇÃO, PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIALE FENOMENOS PSI 119

vel) no mundo real chamado "corpo-tempo': TOdosos acontecimentos e condições ftsi-


cas da vida têm, pois, seu equivalente no âmbito etérico, qual esquema que continua a
existir quando a garra do tempo se deslocou. Portanto, as situações tramitórias da vida
são meras transferências, mediatizadas pelos sentidos ftsicos, de uma entidade bem
maior e permanente para o mundo real
Eis aí um conceito que abre incontáveis possibilidades. Ele não apenas confirma a
idéia já mencionada de que o mundo ftsico é uma simples parcela da estrutura real
como, mais significativo ainda, aplica-se à totalidade do mundo jenomênico, de sorte
que cada objeto conhecido possui seu próprio "corpo-tempo" na esfera da eternidade,
muito além de sua aparência perfUnctória. Como se tal não bastasse, essecorpo-tempo
inclui tudo o que lhe aconteceu em seu tempo-vida - vida muitíssimo mais longa que
a dos homem.
As vezes, interpreta-se esseponto dizendo que todo objeto na natureza contém suas
vibrações intrímecas (intangíveis). É mais simples, porém, concebê-lo em termos do
corpo-tempo, que encerra a história completa do objeto e suas associações. Temos aí
um importante corolário, pois o mundo etéricoJ2 no qual reside o corpo-tempo é, em
essência, uma estrutura de relações dentro da qual não faltam vínculos que escapam à
observação corriqueira. Os sentidos paranormais, que são de ordem superior, logram
responder a impressões emanadas de qualquer ponto do corpo-tempo e, assim, comtatar
as causas e situações reais subjacentes às manifestações ftsicas.
Entende-se desse modo como a informação sobre o verdadeiro estado de um pacien-
te pode ser obtida de uma gota de sangue ou outra amostra semelhante. A constituição
ftsica da amostra não importa; o que importa é que ela estabelece um laço entre a
mente do clínico e o corpo-tempo do paciente. Destarte, sua influência não se limita ao
lapso de tempo em que esteve disponível podendo fornecer dados a respeito de condições
posteriores.
O liame entre a mente do rabdomante e a situação em apreço é quesito precípuo da
técnica (que não pode ser mecanizada). Cumpre comiderar a situação ou a pessoa
examinada e depois formular uma pergunta específica, pondo de parte quaisquer no-
çõespreconcebidas: uma resposta clara e inequívoca será ouvida se a questão for corre-
tamente formulada.

Um dos aspectos inicialmente diftceis de compreender é o dom de comunicar-se


com uma pessoa ou situação a distância ou a certa altura do tempo. A fim de esclarecer
esseponto, lembremo-nos de que o corpo-tempo contém um registro permanente do
padrão não-manifesto, inclusive todas as suas interconexões sutis com outros corpos-
tempo. A mente serena do rabdomante experiente pode comunicar-se com qualquer
parte desse tecido real desde que disponha de uma amostra sobre a qual concentrar seus
pemamentos.
120 MEDICINA PSIONICA

Mapeamento rabdomântico
À guisa de exemplo prdtico das extraordindrias possibilidades que aventamos, citemos
a prdtica do mapeamento rabdomântico, absolutamente inexplicdvel em termos con-
vencionais. Um rabdomante arguto consegue descobrir dgua ou outros depósitos medi-
ante o uso de um pêndulo ou mapa do lugar, confirmando subseqüentemente as infor-
mações pela inspeção concreta do sítio. Isso é bastante útil nas escavações arqueológicas,
onde é possível examinar o mapa da drea que se supõe conter os restos sepultados de
uma civilização antiga - a romana, por exemplo. Em caso positivo, procede-se a
pesquisas locais, com resultados muitas vezes surpreendentemente exatos.
Ora, se se pode aceitar que o corpo-tempo da villa romana original, ou de outra
estrutura qualquer, continue a existir na esfera etérica, inclusive a história subse-
qüente das ruínas ao longo dos séculos, sua conexão com um mapa moderno parece
obscura. O mapa, obviamente, é uma reprodução em escala reduzidíssima de uma
pesquisa concreta Ín sÍtu, epor isso mantém um contato tênue com o esquema etérico.
Seu principal significado, porém, é que ele serve de foco para a mente do rabdomante,
podendo os sentidos paranormais deste estabelecer comunicação com o corpo-tempo
da localidade real.
Eis um exemplo das interconexões sutis que existem no mundo etérico. O corpo-
tempo de um objeto ou localidade não se confina à entidade fisica, mas engloba tudo
aquilo com que manteve contato no correr de sua existência. Freqüentemente dizemos
que uma casa tem "atmosfera" agradável (ou hostil). Essa sensação intuitiva nada mais
é que um exercício inconsciente do sentido paranormal que capta as influências emo-
cionais de seus antigos moradores. As pedras de uma catedral estão impregnadas das
influências tanto dos pedreiros que a construíram quanto dos milhares defiéis que nela
penetraram. De igual modo, a qualidade de uma obra de arte é determinada não
apenas pelo artista, mas também por toda sua história e experiências subseqüentes.
A Medicina Psiônica ocupa-se de influências mais imediatas, que se estendem
normalmente a umas poucas gerações. Sua importância reside no fato de, graças ao
emprego dos sentidos paranormais quase sempre adormecidos, ser possível em termos
prdticos e científicos, jazer contato com o corpo-tempo de um paciente e ministrar-lhe
tratamento adequado para remover as eventuais aberrações.

Notas
1. "Heurística" vem do grego heurisko, que significa "encontrar", "descobrir".
2. Sir James Frazer, O Ramo de Ouro, citado no Capítulo 1.
3. Sir Oliver Lodge, professor de Física na Universidade de Liverpool, influenciou mui-
to o início da carreira do Dr. George Laurence.
4. Louisa E. Rhine (1891-1983), esposa de J. B. Rhine, foi uma parapsicóloga notável
por direito próprio. Foi considerada a maior especialista em psi espontâneo em sua
época.
INTUIÇÃO, PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL E FENOMENOS PSI 121

5. J. B. Rhine, na verdade, adotou o termo "parapsicologiá' a partir da palavra alemã


Parapsychologi(, introduzida no final do século XIX pelo filósofo e psicólogo Max
Dessoir.
6. Infelizmente, Charles Honorton morreu de maneira trágica em 1992, com a idade de
46 anos, quando fazia um doutorado na Universidade de Edimburgo.
7. Ganzfild (em alemão, "campo total") é um procedimento designado a bloquear todos
os estímulos sensoriais externos para que a atenção do sujeito se concentre em pensa-
mentos e impressões. O sujeito permanece imóvel, de olhos vendados, enquanto um
"ruído branco" lhe chega por fones de ouvido.
8. David Lorimer, pesquisador de EQM, menciona dois tipos de reminiscências de qua-
se-morre. O primeiro é a mnnória panorâmica, em que a pessoa assiste a um desfile de
imagens e lembranças, mas sem nenhuma experiência emocional. O segundo é a rroi-
são tÚ vida, que também remonta ao passado, mas com emoções e juÍzos morais.
9. A reencarnação tem sido aceita por inúmeras religiões ao longo dos tempos. Cerca de
60% das pessoas em todo o mundo acreditam em algum tipo de reencarnação, como
os budistas, os hinduÍstas e muitas sociedades tribais. Associa-se freqüentemente ao
conceito de karma.
10. O sueco Emmanuel Swedenborg (1689-1772) foi cientista, engenheiro, político e
filósofo. Alegava ter contatos com outras esferas ontológicas, quase sempre em estado
consciente. A partir disso elaborou uma cosmogonia completa dos outros mundos
em relação à do físico.
11. O "corpo-tempo" de Swedenborg parece ser a mesma coisa que o campo psi pessoal.
12. Para "mundo etérico", considerar a noção de campo psi.
PARTE 2

HISTÓRIA E PRÁTICA
DA MEDICINA PSI6NICA

123
A História da Rabdomancia
e da Radiestesia

A história é a filosofia baseada em exemplos.


- Dionísio de Halicarnasso (floruit 30-7 a.C.)

prática de achar coisas perdidas ou ocultas graças ao movimento de um


Comecemos pelo significado
objeto inanimado qualquer,desses
segurotermos.
na mãoRabdomancia
do operador. éComo
o nometal,dado
pres-à
ta-se a nomear diversas práticas, da simples adivinhação (na verdade, detecção) de
água à leitura de mapas, localização de pessoas desaparecidas, diagnóstico e trata-
mento de doenças. Muita gente pode pretender-se rabdomante, mas terá concei-
tos completamente diversos do que seja rabdomancia e seu funcionamento.
Radiestesia é o estudo do fenômeno rabdomântico. Enquanto a rabdomancia,
basicamente, aceita sem questionar a natureza do fenômeno, a radiestesia procura
explicar e aperfeiçoar o tema como disciplina científica. A palavra "radiestesià' foi
cunhada pelo padre francês Alexis Bouley a partir do latim radiare, que significa
"emitir raios", e do grego aisthanesthai, que significa "perceber".
Assim, a implicação original era que, de alguma maneira, o indivíduo percebe
coisas que emanam sob a forma de radiação do objeto em estudo.
A rabdorilancia é uma arte que remonta pelo menos aos tempos dos antigos
egípcios. Pinturas sepulcrais mostram sacerdotes praticando-a com forquilhas.
Artefatos da velha China provam que a "varinha mágicà' era conhecida e utilizada
na corte imperial. Mergulhando ainda mais no passado, pinturas parietais neolíticas
descobertas no noroeste da África sugerem o uso da rabdomancia desde cerca de
7-8.000 anos.
Praticamente, todas as civilizações usam rabdomantes experientes para desco-
brir água, metais preciosos e minerais. Alguns adeptos ampliam seu ramo de ativi-
dade a fim de ajudar a lei a encontrar ladrões, valores roubados e cadáveres. De
especial relevância para esta dissertação é, decerto, a existência atualmente de um
vasto corpo de informações sobre a radiestesia médica. 1
125
126 MEDICINA PSIONICA

A varinha mística
Como se viu, a rabdomancia era conhecida de muitos povos. Os ancestrais da
civilização - índios das três Américas, zulus, maoris e tribos do extremo Norte e
Sul- sempre se beneficiaram ao longo dos séculos dos préstimos dos rabdomantes.
Na Antiguidade, eles costumavam usar uma varinha ou bastão, conforme ve-
mos em pinturas que chegaram até nós. Dos frisos das tumbas egípcias aos qua-
dros dos grandes mestres, a varinha sempre esteve intimamente associada ao
rabdomante: em grego, rhabdos significa "vara".
O fato de essa arte ter sido provavelmente considerada privilégio do xamã ou
do pajé sobrevive no principal atributo da imagem popular que se tem da bruxa,
do feiticeiro ou do mago: a varinha de condão.
Essa varinha vem sendo a ferramenta básica para encontrar água, minerais e
pedras preciosas há séculos. Com efeito, seu uso é mencionado em diversos textos
escritos por monges durante a Idade Média. Em 1556, George Agricola, médico e
pai da mineralogia, publicou um livro intitulado De Re Metallica ("Dos Objetos
Metálicos"), onde discutia o uso da varinha mágica na detecção de veios minerais.
Uma ilustração do livro chega a mostrar um rabdomante empunhando seu bastão
de aveleira.
Talvez em conseqüência desse trabalho, a moda da rabdomancia espalhou-se
pela Europa. O florescimento da mineração do estanho na Cornualha, Inglaterra,
parece ter devido muito a essa arte. No Período Isabelino, foram contratados
mineradores alemães para descobrir veios do metal.
No século seguinte, porém, a rabdomancia começou a cair em descrédito. A
Igreja considerava-a obra do demônio, de modo que sua prática poderia pôr o
incauto na mira da Inquisição.

o pêndulo
Os modernos rabdomantes têm um grande débito para com os romanos. Foram eles
que aprimoraram a arte da datilomancia ou rabdomancia pelo pêndulo. No Colégio
dos Áugures, em Roma,2 ensinava-se a técnica de deslizar anéis em cordões para
adivinhar respostas. Daí o termo datilomancia, de dactylos, que significa "dedo".
Embora, como se viu, a varinha seja a ferramenta universal da rabdomancia
de campo, o pêndulo apresenta certas vantagens no trabalho em interiores. Talvez
se possa mesmo dizer que ele permite muitas atividades rabdomânticas que a vari-
nha não consegue executar com idêntica proficiência.
Foi um professor da faculdade de Medicina de Estrasburgo, Gerboíno, quem
"inventou" o pêndulo rabdomântico em 1798. Fez experiências com os movi-
mentos pendulares em diferentes metais durante cerca de dez anos, publicando os
resultados em 1808.
A HISTORIA DA RABDOMANCIA E DA RADIESTESIA 127

Na senda do trabalho de Gerboíno, dois cientistas famosos, André-Marie


Ampere3 e Michel-Eugene Chevreul,4 tentaram determinar se os movimentos do
pêndulo eram controlados pela visão e a força muscular. Nenhum era praticante e
suas conclusões foram negativas. Chevreul aventou que os movimentos eram to-
dos subconscientes e não o resultado de radiação captada pelo pêndulo.
Mas houve pesquisadores que não concordaram com Chevreul. Um deles, F.
de Briche, ex-secretário-geral do Loiret, construiu um aparelho engenhoso em
1838. Consistia de uma moldura de madeira que enquadrava um pêndulo. O
operador só fazia contato real com o pêndulo tocando o cordão com um dedo.
Acreditava de Briche que esse simples toque bastava para energizar o pêndulo e
fazê-Io responder.
Em 1851, Rutter de Brighton inventou outro aparelho experimental que cha-
mou de "magnetoscópio". Seu objetivo era isolar o pêndulo de todo contato dire-
to. Partiu da premissa de que os movimentos pendulares ocorriam em virtude do
magnetismo animal e natural, duas áreas muito em voga na época.
Nessa altura, entrou em cena o barão Von Reichenbach.5 Diletante em ciên-
cia, leu sobre os trabalhos de Rutter e viajou para Brighton a fim de discutir com
ele o fenômeno do pêndulo. De volta a casa, passou a construir aparelhos cada v~
mais complicados para estabelecer a natur~ da atividade pendular.
E concluiu: "Os corpos são cercados por uma espécie de atmosfera cujos efei-
tos podem ser determinados e medidos - atmosfera que os mortais comuns não
conseguem vislumbrar, mas que atua direta e concretamente sobre eles."
Muitos dos primeiros trabalhos do século foram realizados na França. Como
já dissemos, deve-se ao padre Alexis Bouley o termo "radiestesia". Ele e outro
clérigo, o padre Alexis Mermet, adestraram inúmeros radiestesistas nessa arte, pouco
antes da Primeira Guerra Mundial.
Mermet, em particular, tornou-se famoso e atraiu clientes de todas as partes
do mundo. Seu livro Princípios e Prdtica da Radiestesia figura como a obra-padrão
sobre o assunto. A maior contribuição de Mermet foi a descoberta de meios para
quantificar as respostas do pêndulo, quando antes só se confiava em resultados
qualitativos do tipo sim/não.
Concebe-se facilmente que a radiestesia tenha encontrado inúmeras aplica-
ções no campo da saúde. Aqui, destaca-se o nome do Dr. Albert Abrams. Talvez se
possa considerá-Io o verdadeiro pai da radiestesia e da disciplina afim da radiônica
ou "eletrônica". 6 O Dr. Abrams utilizava ao mesmo tempo o pêndulo e um apare-
lho elétrico para diagnosticar problemas de saúde a distância.
128 MEDICINA PSIONlCA

Radiônica
Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, o Dr. Abrams percebeu que, ao exami-
nar uma pessoa com câncer no lábio, podia detectar uma área dura à percussão no
abdome do paciente. Coisa incrível: isso só acontecia quando o paciente se voltava
para o oeste! O Dr. Abrams concluiu que o fenômeno se devia a algum efeito
radiativo e à interação com o campo magnético da Terra.
Nos anos que se seguiram, ele pesquisou a fundo o tema da radiestesia e de-
senvolveu um método instrumental para medir a radiação de diferentes estados
patológicos. Inventou e patenteou uma Caixa Preta que era capaz de fazer "diag-
nósticos radiativos". Chamou a esse instrumento reflexofone.
Como seria de esperar, o meio médico ortodoxo zombou de suas descobertas
e pretensões. Abrams tornou-se um homem amargurado e morreu no maior desa-
pontamento.
Na Grã-Bretanha, um médico homeopata, Dr. William Boyd, examinou a
Caixa Preta de Abrams e concebeu sua própria máquina, a que deu o nome de
emanômetro. Embora não acreditasse em muitas das alegações de Abrams, tam-
bém ele obteve interessantes resultados que o convenceram da existência de algu-
ma coisa real no âmbito da nova disciplina da radiônica (como veio a ser chamado
o estudo da instrumentação elétrica em radiestesia). No que lhe diz respeito, seus
achados foram perquiridos por uma comissão dirigida por lorde Horder.
O veredicto da comissão foi favorável, mas ela considerou incompreensível o
mecanismo operacional. Esses resultados apareceram no British Medical Journal
de 1924.
Entrementes, prosseguia na França a pesquisa do tema. Turenne, engenheiro e
radiestesista competente, foi o primeiro a obter amostras preparadas de vários
órgãos do corpo. As chamadas amostras de Turennl iriam tornar-se ferramentas-
padrão do trabalho radiestésico.
Antoine Bovis foi outra personalidade curiosa que pesquisou muito com o
pêndulo. Ele acreditava a tal ponto em sua habilidade de radiestesista que conside-
rou desnecessária a verificação científica daquilo que descobrira. Sua contribuição
é mais relevante para a radiônica do que para a Medicina Psiônica, mas ainda
assim estimulou em muito o trabalho de outros profissionais.
A obra de Abrams foi retomada nos Estados Unidos por Ruth Drown,
quiroprática e sua ex-assistente. Ela retirou os circuitos elétricos das máquinas e só
utilizava a energia natural do corpo para obter informações diagnósticas e indica-
ções terapêuticas. Mas sua declaração de que os aparelhos podiam mesmo "difun-
dir" tratamento lhe causou problemas.
Em 1951, depois de duas décadas de prática bem-sucedida e profícua, ela foi
presa por fraude e charlatanismo. Ordenou-se a destruição de seu equipamento.
A HISTORIA DA RABDOMANCIA E DA RADIESTESIA 129

Nos anos de 1960, o uso de máquinas radiônicas foi banido e declarado ilegal nos
Estados Unidos. Após curto período de detenção, Ruth Drown sofreu dois derra-
mes e faleceu em 1966.
Contudo, a pesquisa nos países socialistas e no Reino Unido prosseguia. George
de Ia Warr, o mais destacado entre os primeiros profissionais e pesquisadores da
matéria na Grã-Bretanha, fabricou uma câmera radiônica aparentemente capaz de
fotografar o corpo energético a partir de uma gota de sangue.
Em 1960, George de Ia Warr também foi vítima de uma ação judicial. Mas
conseguiu livrar-se de todas as acusações de fraude e má-fé. Infelizmente, o juiz
pontificou que a validade científica do método radiônico não podia ser compro-
vada. Continuando a investigar novos processos radiônicos, o pesquisador morreu
subitamente de um ataque cardíaco, em 1965.
Malcolm Rae foi o próximo grande estudioso do assunto na Grã-Bretanha.
Entre suas invenções, contam-se máquinas radiônicas e potencializadores homeo-
páticos mais sofisticados.
O trabalho do falecido Dr. David Tansley,8quiroprático, elevou a radiônica a
um plano -literalmente- superior, pois analisou não apenas o corpo físico, mas
também o corpo sutil do homem.

o advento do método psiônico9


Na década de 1930, o Dr. Guyon Richards, homeopata, trabalhava em Londres
aplicando as técnicas de Abrams. Com a guerra, porém, seu consultório foi bom-
bardeado e ele perdeu todo o equipamento radiônico que ali instalara. Viu-se,
pois, obrigado a recorrer ao pêndulo e à régua.1o
Aliciando outros médicos que exploravam o mesmo território, o Dr. Richards
teve papel decisivo na fundação da Sociedade Médica para o Estudo da Radies-
tesia,lI em 1939. Foi seu primeiro secretário e, mais tarde, presidente. A maior
parte das experiências de Guyon Richards está registrada em seu livro The Chain
o/ Life [A Cadeia da Vida]. Faleceu em 1946.
Um dos membros-fundadores da Sociedade foi o Dr. George Laurence. Após
uma produtiva e variada carreira, ele abandonou a clínica geral e devotou-se ao
estudo da radiestesia. Desejava, principalmente, descobrir as causasbásicasda doença.
Laurence fora bastante influenciado pelos primeiros trabalhos de McDonagh
e sua Teoria Unitária da Doença (ver Capítulo 7). Notou que, recorrendo à facul-
dade radiestésica, corroborava o conceito de que as moléstias são acima de tudo
conseqüência de desequilíbrio ou aberração protéica e que só se pode alcançar a
cura se esse problema for sanado.
Sentiu-se atraído também pela Teoria Miasmática das Doenças Crônicas de
Hahnemann. Viu que a detecção, identificação e eliminação dos miasmas eram
130 MEDICINA PSIONICA

necessárias no tratamento dos males crônicos e na prevenção de danos futuros.


Indo além, constatou a existência de miasmas adquiridos ou toxinas represadas de
infecções adquiridas, como os chamou. (Esse conceito ampliou-se, é claro, para
incluir várias outras infecções, metais, radiações, etc. - ver Capítulo 6 sobre
miasmas e toxinas, pelo Dr. Farley Spink.)
A homeopatia foi a modalidade terapêutica que Laurence achou mais conve-
niente para a correção do desequilíbrio protéico. Acreditava ele que funcionava
em virtude da "essência vital" específica - Vis Medicatrix - de cada remédio, a
qual lhe dava eficácia no nível supra-sensível onde se localizava o problema do
paciente.
As obras de Rudolph Steiner12 representaram o toque final para Laurence. Ele
se abeberou, sobretudo, na concepção steineriana da constituição quádrupla do
homem: os corpos físico, etérico e astral, além do ego. A tese da Força Vital,
advogada por Hahnemann, foi reafirmada e tornou-se o fulcro de seu pensamento.
O Dr. Aubrey T. Westlake também aderiu à Sociedade Médica para o Estudo
da Radiestesia em 1942, após ter realizado inúmeras pesquisas por conta própria.
Ele e Laurence iriam trabalhar juntos por muitos anos. Com efeito, em 1964,
Westlake visitou Laurence para anotar os métodos de diagnose e tratamento que
ele desenvolvera. O material foi posteriormente publicado na Practical Dowsingde
1965 com o título "A Técnica de Laurence para o Diagnóstico e o Tratamento
Psiônicos" .
Um aspecto fundamental do método era o emprego do Diagrama Triangular
- o Diagrama de Laurence -, que no dizer de Westlake "oferece meios de deter-
minar radiestesicamente o equilíbrio de forças entre três fatores: a amostra de
sangue do paciente, a amostra da doença (em geral, uma Turenne) e o remédio
homeopático ou outro qualquer. Temos aqui, pois, uma base firme para a aplica-
ção prática da Medicina Psiôruca, que também se mostrou eficiente no adestra-
. "
mento e no enSlllO .
Em 1968, já havia pesquisas e interesse suficientes para se pensar numa So-
ciedade Médica Psiônica. A agremiação era constituída por renomados médicos e
dentistas, além de associados e patrocinadores leigos. Havia, na época, cento e
vinte membros. O Dr. George Laurence foi eleito presidente, o Dr. Aubrey Westlake,
vice-presidente, e o Sr. Carl Upton, primeiro-secretário.
Em 1975, nascia o Instituto de Medicina Psiônica com o objetivo de prover
instrução e assegurar apoio duradouro a médicos e dentistas conceituados. O Sr.
Carl Upton foi seu primeiro secretário e o Dr. Gordon Plint, seu primeiro decano.
A HISTÓRIA DA RABDOMANCIA E DA RADIESTESIA 131

A Sociedade Médica Psiônica e o Instituto de Medicina Psiônica


A Sociedade Médica Psiônica, como já vimos, foi fundada em 1968. É uma
instituição com responsabilidade social que visa disseminar a aplicação do siste-
ma. Podem integrá-Ia pacientes, profissionais de saúde e pessoas genuinamente
devotadas ao assunto. A Sociedade reúne-se todos os anos para que os membros
possam conhecer outros pesquisadores e pessoas interessadas, aprendendo mais
sobre o tema com conferencistas convidados. Ela edita artigos ocasionais e o
anuário Journal o/ the Psionic Medical Society 6- the Institute o/ Psionic Medicine
(JPMS6-IPM).
O Instituto de Medicina Psiônica representa o corpo profissional, responsável
pela pesquisa e adestramento nos métodos da Medicina Psiônica. De momento,
apenas médicos, dentistas e veterinários qualificados podem ser membros ou bol-
sistas, devendo todos fazer um curso oficial de treinamento.
A época da redação deste livro, três pré-requisitos eram necessários antes do
treinamento:

1. Formatura em Medicina, Odontologia ou Veterinária, com registro no Reino


Unido (ou seu equivalente no estrangeiro).
2. Bom acervo de conhecimentos de homeopatia.
3. Talento para a rabdomancia. A competência no uso do pêndulo é imprescin-
dível, de sorte que a British Society of Dowsers (Sociedade Britânica de
Rabdomantes) dispõe-se a treinar os profissionais interessados antes de eles se
dedicarem a seus afazeres médicos.

O treinamento exige que o candidato freqüente o curso do Instituto de Medi-


cina Psiônica, onde um instrutor pessoal o familiariza no manuseio dos diagramas
e amostras. Em seguida, o estudante passa ao diagnóstico de casos e, após demons-
trar proficiência na análise psiônica, começa a assistir pacientes (sempre sob super-
visão pessoal).
Há um prazo mínimo de aprendizado, mas não máximo, pois a própria natu-
reza da análise psiônica é tal que as pessoas raramente levam o mesmo tempo para
aprimorar a habilidade necessária. Depois de tratar não menos que cem casos
(ainda sob supervisão do instrutor), pode o candidato submeter à banca examina-
dora uma tese baseada em pesquisa original no campo; a seguir, faz uma prova que
cobre todos os temas do currículo da Medicina Psiônica. Após completar satisfa-
toriamente o curso de treinamento e sair-se bem tanto na tese quanto no exame, o
candidato recebe seu diploma de Membro do Instituto de Medicina Psiônica
(Member of the Institute of Psionic Medicine, MIPsiMed).
132 MEDICINA PSIONICA

Notas
1. Continuarei usando a expressão "radiestesia médica", pois só com a obra de George
Laurence é que o termo Medicina Psiônica passou a ser usado. Parece que ele o cu-
nhou em 1962.
2. O imperador Cláudio (Tibério Cláudio Druso Nero Germânico, 10 a.C.-54 d.C.),
sobrinho de Tibério, tio de Calígula e conquistador das Ilhas Britânicas em 43 d.C.,
era áugure oficial. Os áugures eram funcionários romanos muitíssimo respeitados (o
Colégio dos Áugures consistia originalmente apenas de patrícios, mas a lei Ogulniana
de 300 d.C. permitiu o acesso de cinco plebeus e quatro aristocratas, depois quinze,
em caráter vitalício). Sua função era decifrar presságios e prodígios, para em seguida
colher os augúrios. Eles "liam" o tempo, o vôo dos pássaros, o modo como se alimen-
tavam as galinhas sagradas, o comportamento dos quadrúpedes e o movimento do
dedo anular (dactilomancia).
3. André-Marie Ampere (1775-1836), físico francês que propôs a teoria do magnetis-
mo como resultado de correntes elétricas moleculares. A unidade da corrente elétrica
traz o seu nome: ampere (amp).
4. Chevreul usou um anel de ferro suspenso de um fio como pêndulo-padrão.
5. O barão Karl von Reichenbach, físico alemão, nasceu em Stuttgart. Enriqueceu gra-
ças às fundições que instalou na Morávia. Descobriu a parafina e o creosoto. Susten-
tou a existência do agente imponderável, que chamou de Od e acreditava estar disse-
minado pela natureza (ver adiante). Entre suas obras principais, contam-se: Pesquisas
Geológicas na Morávia (1834), Pesquisas sobre Magnetismo (1842) e Odische-Magnetische
Briefe (1852).
6. Radiônica é o nome dado ao uso de aparelhos eletrônicos combinados com a faculda-
de radiestésica a fim de se obter um diagnóstico e difundir o tratamento ao paciente.
7. As amostras de Turenne eram fornecidas em caixas de quarenta unidades e consistiam
de um pó misturado com amido em pequenos frascos. Amostras representando as
várias doenças que acometem o homem estavam também disponíveis. Ver Vernon D.
Wethered, The Practice o/Medical Radiesthesia (C. W Daniels). Hoje, as amostras são
fornecidas em doses homeopáticas, usando-se um único comprimido ou certa quan-
tidade de grânulos num frasco. A potência é normalmente 12c, embora às vezes seja
necessário utilizar outras para diferentes níveis energéticos.
8. O falecido David Tansley, quiroprático e especialista em radiônica, escreveu uma série
de livros nos anos de 1970 e 1980 que revolucionaram o pensamento radiônico. For-
temente influenciados pela filosofia oriental e pelas obras esotéricas de Alice A. Bailey,
constituem leitura fascinante, embora um tanto difícil.
9. Essa seção foi extraída do livro Psionic Medicine, de Reyner, Laurence e Upton
(Roucledge & Kegan, 1974, 2ª ed., 1982), e do artigo 'The Origins and History of
Psionic Medicine", por Aubrey T. Wesclake, que é a reprodução de uma palestra de
fim de semana proferida no Instituto de Medicina Psiônica, junho de 1977.
10. A régua era o instrumento radiestésico mais comum na prática antiga. Guyon usava
uma de 1,20 m - exatamente o comprimento do tampo de sua escrivaninha!
A HISTORIA DA RABDOMANCIA E DA RADIESTESIA 133

11. A Sociedade Médica para o Estudo da Radiestesia funcionou de 1939 a 1975. Em


1942, com a chegada do Dr. Aubrey Westlake, a agremiação contava com 34 médicos
e 15 associados (só profissionais formados eram admitidos).
12. Rudolph Steiner (1861-1925) foi um educador e místico alemão. Inicialmente adep-
to do Movimento Teosófico de madame Helena Blavatsky, afastou-se em 1913 para
fundar sua própria "Sociedade Antroposófica". A obra de Steiner teve grande influên-
cia em diversas áreas do pensamento: educação, arquitetura, arte e, obviamente, me-
dicina.
Rabdomancia Prática

A prdtica, excelente mestra que é, ensinou-me muitas coisas.


- Plínio, o Moço (62 d.C. -113 d.C.)

A sistemática - radiestesia - como subsídio à pesquisa científica ou à


rabdomancia
diagnose pelo
médica
vimos no último capítulo.
pêndulo
pode é prática antiqüíssima,
ser considerada mas anova,
comparativamente sua aplicação
segundo

No pêndulo em si, não há nenhuma força especial. Trata-se apenas de um


instrumento cômodo cujo valor depende inteiramente da sensibilidade do opera-
dor. Se não fosse assim, o pêndulo reagiria sem o contato físico do rabdomante.
O pêndulo é, com efeito, um meio simples de amplificar e tornar perceptíveis
certos impulsos de caráter biomédico, ativados no praticante por seus sentidos
paranormais. Esse movimento funciona como resposta ideomotora ou reação mus-
cular inconsciente. 1
Como o próprio nome sugere, o pêndulo consiste de um peso ou prumo
suspenso por um fio ou corrente fina. O formato não importa, desde que se con-
siga manipulá-Io com facilidade e ele oscile livremente sobre o "campo" em exame.
O comprimento de cerca de 10 cm é ideal, e o prumo pode ser de qualquer
material: vidro, plástico, cristal ou madeira. Usa-se também o metal, mas julga-se
mais conveniente optar por uma substância inerte. O peso é questão da preferên-
cia de cada um. Quando leve, o pêndulo dará resposta mais rápida, mas com risco
de sofrer a influência das correntes de ar ou do tremor da mão; uma peça pesada
será lenta em responder. Julga-se adequado um peso de 10 g.
A forma do pêndulo é também questão de preferência, embora uma extremi-
dade afilada ou aguda atue como um ponteiro natural. A forma esférica pode
confundir quando se trabalha com diagramas (sobre os quais discorreremos adi-
ante neste capítulo); entretanto, uma corrente curta presa à base do prumo dará
indicações mais claras.
134
RABDOMANCIA PRÁTICA 135

Movimentos pendulares
Existem três movimentos básicos, a saber:

1. A oscilação simples para a frente e para trás, usualmente, mas não necessaria-
mente, aproximando-se e distanciando-se do operador.
2. A rotação no sentido dos ponteiros do relógio.
3. A rotação inversa.

São esses movimentos e suas combinações que fornecem as respostas às per-


guntas apresentadas, mas não há normas rígidas nem fáceis. Cada qual precisa
aprender, por seu próprio esforço, a interpretar os movimentos. A reação que
apontará a um rabdomante determinada situação poderá sugerir a outro exata-
mente o contrário, daí a necessidade de estabelecer, por tentativas, o padrão indi-
vidual que com a prática se revelará consistente.

Questionamento mental
Antes de colocar o pêndulo em operação, deve o rabdomante ter em mente a
pergunta que deseja elucidar. Essa pergunta tem de ser direta e expressa nos ter-
mos mais simples possíveis. Qualquer ambigüidade provocará o mais das vezes
respostas equívocas e inconclusivas.
Ao formular a pergunta, não deverá haver preconcepções na mente do
rabdomante. A sugestão e a predisposição confundem a faculdade rabdomântica e
geram dados sem nenhum valor. Por isso os testes "arranjados" para satisfazer à
curiosidade, convencer os céticos ou apenas dar espetáculo têm de ser evitados a
qualquer custo. O rabdomante sério jamais tolera semelhantes imposições, de vez
que qualquer coisa para além da pergunta pura e simples com que ele está às voltas
anulará os resultados e invalidará a operação. Ora, essa superimposição é inevitá-
vel nas circunstâncias enumeradas.

Como obter respostas por meio da rabdomancia


O primeiro passo é aprimorar a própria capacidade, devendo-se começar com
alguns experimentos simples. Sente-se confortavelmente à mesa, com uma folha
de papel em branco à frente. Pouse na folha um lápis ou caneta; segure o pêndulo
delicadamente entre o polegar e o indicador (ou o médio) sobre o centro do obje-
to, com a mão e o braço inteiramente descontraídos. É conveniente, a princípio,
firmar o cotovelo na mesa para evitar o tremor. Faz-se necessário, com efeito, que
o corpo e a mente estejam relaxados, embora no começo a descontração mental
seja mais difícil. O operador não deve esperar nenhuma reação especial, mas estar
pronto para uma resposta - pois, se achar que nada vai acontecer, essa mesma
atitude bloqueará o processo.
136 MEDICINA PSIONICA

Breve, o pêndulo começará a oscilar ao comprido do lápis. Deixe que a oscila-


ção se acelere um pouco e, a seguir, deslize a mão para uma das extremidades do
lápis, onde o pêndulo passará a girar lentamente. Se a mão avançar então para a
outra extremidade do lápis, o movimento rotativo reverterá à oscilação até o pên-
dulo alcançar a outra ponta, onde de novo girará, mas dessa vez em sentido inverso.
No princípio, o aparelho levará algum tempo para responder. Comece com
um comprimento de 10 cm; mas, se o resultado for negativo, tente alterar um
pouco esse comprimento em qualquer direção. Experimentando, você logo desco-
brirá o comprimento mais adequado às suas exigências e, com a prática, o pêndulo
se porá a oscilar quase imediatamente. Todavia, se ainda não houver resposta, pare
e tente mais tarde: talvez você não esteja descontraído o bastante. De qualquer
modo, faça tudo sozinho, pois antes de desenvolver a habilidade a presença de
outros o distrairá.
Não é necessário preocupar-se com os motivos desse comportamento, pois a
finalidade do exercício consiste simplesmente na aquisição da proficiência básica.
Em termos muito simples, todo objeto físico é uma condensação local do campo
etérico, que flui através dele. Com isso, o pêndulo tende a alinhar-se por si mes-
mo; nas extremidades, porém, o campo ultrapassa os limites e espalha-se em todas
as direções, provocando assim o movimento giratório. Alguns expoentes da arte
esmiúçam pacientemente essa distribuição de campo, mas para a finalidade que
temos em mira isso nem é necessário nem desejável. O pêndulo, com efeito, está
apenas respondendo à pergunta: "Há aqui algum objeto?"
Mesmo quando obtiver uma resposta, não insista no experimento por um
período muito longo, já que isso estimula a tendência a desejar o comportamento
do pêndulo, coisa muito fácil e responsável por indicações espúrias. Genuínas são
as reações inconscientes iniciais, devendo portanto o experimento ser de curta
duração, mas repetido a intervalos freqüentes até que as reações se manifestem,
com a prática, a intervalos cada vez menores.
Outro motivo para não prolongar o teste é que o ritmo tende por si só a
alterar-se. Exemplo: se o pêndulo estiver girando sobre uma amostra, depois de
certo tempo passará a oscilar e, findo um período igual, reverterá à oscilação na
direção oposta. O número de balanços em cada modo depende da substância em
exame, o que alguns rabdomantes utilizam para obter informações específicas.
Aqui, pode-se ignorar esse ponto, mas fique claro que ele é capaz de confundir o
principiante se o teste durar muito tempo.
Outra armadilha que espreita o principiante é a repetição. Quando duvida de
uma leitura, ele se sente propenso a reproduzir o processo inúmeras vezes. Isso tem
de ser evitado, porquanto induz uma condição mental que perturba a faculdade
rabdomântica. As primeiras leituras são as mais confiáveis se a mente estiver lúcida
RABDOMANClA PRÁTICA 137

e a pergunta for precisa. Havendo inconsistência ou confusão, todas as respostas


serão suspeitas e o melhor é adiar o trabalho para quando as condições mentais e
outras forem mais favoráveis.

Como perguntar
Agora você poderá começar a usar o pêndulo para obter respostas a perguntas
simples. Suspenda-o sobre uma moeda de cobre de qualquer procedência (ou va-
lor) e imprima-lhe uma rotação. Com a mão livre, toque uma segunda moeda
(idêntica) como testemunhd e observe o que acontece. A seguir, repita o experi-
mento com uma testemunha diferente - por exemplo, um objeto de aço (canive-
te, etc.) ou uma peça (autêntica) de prata - e de novo observe a reação.
Com um pouco de prática, verá que no primeiro caso o pêndulo deixará de
girar e começará a balançar para a frente e para trás na direção da testemunha, mas
no segundo não alterará seu comportamento. Essa é, na verdade, uma resposta à
pergunta inconsciente: "São do mesmo material os dois objetos que aqui estão?"
Sabe-se, é claro, que tal é o caso das duas moedas idênticas; porém, com uma
testemunha de material diverso, inexiste afinidade e o pêndulo não modifica seu
movimento, indicando assim a resposta "não".
Entretanto, se o experimento for repetido com uma moeda inglesa moderna
de "pratà' como testemunha - por exemplo, de cinco pence ou um dime -, o
pêndulo balançará de novo na direção da testemunha, indicando que as duas moedas
são do mesmo material - coisa que, obviamente, não são. Eis aí um exemplo
significativo da indagação livre, porquanto nas duas moedas predomina realmente
o cobre, e nessa medida elas têm de fato constituição similar; contudo, se se per-
guntar mentalmente: "Estas moedas são de composição idêntica?", o pêndulo não
se desviará, dando de modo claro a resposta "não".
Aprenda, assim, a ser específico e claro nas perguntas que fizer. Formule-as
verbalmente na esfera mental.

Como encontrar água


Encontrar água é um aspecto destacado e bastante conhecido da rabdomancia; e,
para o candidato a médico rabdomante, uma fonte utilíssima de experiência. Tal-
vez o teste mais simples seja suspender o pêndulo sobre um jarro de água e, após o
início da oscilação, observar seu comportamento subseqüente. Como variante do
exercício, o pêndulo pode primeiro ser deslocado um pouco para um dos lados do
jarro e em seguida passar para o outro. Repare em qualquer alteração no balanço
dutante o processo.
Depois de se provocar uma reação visível à presença da água, novos testes
devem ser feitos sobre um cano ou calha, para maior familiarização com o com-
138 MEDICINA PSIONICA

portamento do pêndulo. Daí em diante resta só um passo para a aplicação ele-


mentar da técnica, que é encontrar água: ou seja, a localização de poços e lençóis
subterrâneos ou ocultos em outros lugares quaisquer.
Notar-se-á algumas vezes que o pêndulo não dá resposta no início da opera-
ção. Isso se deve a uma série de razões, sendo uma das mais comuns a distância
entre o pêndulo e o objeto em estudo. Ao iniciar a prática, mova-o lentamente
para cima ou para baixo, aumentando ou diminuindo a distância do objeto até
obter a resposta.
Temos aqui um exercício valioso porque, sob diferentes condições de veloci-
dade de fluxo, profundidade e conteúdo químico ou bacteriológico, o pêndulo
refletirá discrepâncias de intensidade ou velocidade de balanço, as quais poderão,
ao fim, revelar-se indicadores valiosos no trabalho médico.

Rabdomancia em tecidos vivos


Deparamo-nos agora com uma série de possibilidades para o principiante que já
se familiarizou um pouco com o pêndulo e seu comportamento. Agora, podemos
examinar de que modo o aparelho reage aos tecidos vivos.
Mantenha o pêndulo sobre um dos punhos levemente cerrado e observe o
balanço. Faça o mesmo com alguém do sexo oposto.
Absorvida a lição desse exercício simples, esfregue discretamente as costas da
mão e atente de novo para a reação do pêndulo. Repita durante meia hora mais ou
menos, sempre de olho nas possíveis alterações do comportamento do pêndulo.
Em seguida, poder-se-á ampliar a investigação observando as reações a várias
partes do corpo. Provavelmente, o operador notará que o balanço varia não só
para cada parte como para cada tecido e órgão doente ou saudável. É claro, porém,
que a interpretação desses dados exige considerável experiência.
Será muito proveitoso avaliar também a vitalidade dos objetos da natureza.
Com o pêndulo suspenso sobre o item em apreço, consegue-se determinar o tipo
e o caráter do balanço, daí extraindo informação de grande valor. Mas, de novo,
cumpre formular as perguntas com a máxima exatidão.
É possível fazer avaliações qualitativas com qualquer tipo de material. No teste
simples com um punhado de sementes de flores antes de plantá-Ias, uma fruta ou
um legume antes de comê-Ios, obtém-se um parâmetro fascinante e proveitoso da
vitalidade. Em nossos tempos de alimentos fracos, o teste poderá revelar-se um
ótimo subsídio para a saúde.
Pode-se descobrir se determinado alimento é bom ou não para uma pessoa.
Um dos métodos (com a pergunta já em mente) consiste em balançar o pêndulo
por alguns instantes sobre as costas da mão, a fim de provocar uma reação caracte-
rística, e depois mover a mão lentamente no rumo do alimento. Qualquer mu-
RABDOMANCIA PRÁTICA 139

dança no balanço dirá se o item alimentar em questão é inócuo ou decididamente


prejudicial, dependendo tudo, é óbvio, da convenção interpretativa estabelecida
pelo operador. Outro método é simplesmente apontar com o indicador da mão
livre o artigo a ser testado e observar o balanço, depois de fazer a pergunta.
Substâncias venenosas também podem ser aquilatadas da mesma maneira,
mas não convém confiar muito nesses testes quando ainda não se tem sólida expe-
riência como médico rabdomante.

Introdução de medidas
Até aqui, ocupamo-nos de exercícios destinados a familiarizar o principiante com
as respostas pendulares típicas, e bem assim com as perguntas diretas que só reque-
rem um "sim" ou um "não". Na rabdomancia médica, contudo, e principalmente
nas técnicas da Medicina Psiônica, exigem-se também indicações quantitativas. A
experiência do rabdomante terá de incluir o diagnóstico comparativo, além do
grau e localização dos processos patológicos.
Recorrer-se-á ao pêndulo para trabalhar com duas ou mais testemunhas. Con-
vém ainda introduzir dispositivos que registrem o grau do desvio pendular a partir
de um ponto de equilíbrio ou norma. Os mais usados são réguas para mensuração
linear e diagramas indicadores de desvios angulares.
Examinaremos dois desses dispositivos. O primeiro será a régua, fácil de con-
feccionar. Pegue uma tira de madeira de 100 cm de comprimento e faça marcas
com intervalos de 1 cm, numerando-as de 50-0-50. Assinale a metade esquerda
com +50 e a direita, com -50 (Figura 10). Procede-se aos exercícios colocando
testemunhas na extremidade direita ou esquerda (sobre o número 50), depois do
que balança-se o pêndulo para um e outro lado ao longo da régua. O movimento
será normalmente horizontal, mas o pêndulo encontrará por fim um ponto em
que o balanço se tornará vertical à régua. Chama-se a isso ponto de equilíbrio e é
dele que se obterá a informação desejada.
Você poderá começar depositando uma amostra do seu próprio cabelo sobre o
número -50. Em seguida, faça o pêndulo oscilar sobre o fio e mova a mão ao longo
da régua. Determine então o ponto de equilíbrio e não se esqueça de fazer de cada
vez uma pergunta específica, como por exemplo "Onde se localiza o meu ponto
de equilíbrio?"

Figura 10
140 MEDICINA PSIONICA

Depois, coloque uma pequena amostra de alimento no zero e repita o proces-


so, começando de novo pelo fio de cabelo. Pergunte: "Que efeito terá sobre mim
este alimento?" Se o alimento for benéfico para você, o ponto de equilíbrio se
situará no segmento positivo. Se for neutro, o ponto de equilíbrio será o mesmo
obtido por seu fio de cabelo. Se for ruim (sensibilidade ou mesmo alergia), a
leitura será negativa. Agora, alterne a experiência colocando a amostra de alimen-
to em +50 e o fio de cabelo novamente em -50, fazendo o pêndulo oscilar por
sobre cada um deles; isso o ajudará a enfocar as duas testemunhas. Em seguida,
percorra a régua para determinar o ponto de equilíbrio do cabelo (você) e do
alimento. A posição do ponto de equilíbrio no segmento negativo ou positivo vai
lhe dizer que conseqüências o alimento terá para seu organismo.
Esse experimento básico poderá ser repetido para remédios, para alguns me-
tais e drogas homeopáticas. Uma excelente lição para o principiante será o teste
com os Florais de Bach.3 Nada mais fácil que descobrir quais desses fármacos são
recomendados para você mesmo ou outras pessoas; e é muito instrutivo notar
como a seleção dos remédios certos varia com o estado mental dos envolvidos
(inveja, cólera, impaciência, etc.).
O outro recurso é o diagrama circular-triangular preceituado pela técnica de
Laurence-Upton da Medicina Psiônica. Ele consiste de um círculo inscrito num
triângulo, conforme ilustrado na Figura 11. O raio do círculo tem 5 cm; o lado

40 30 20 10 00 10 20 30 40

60 60

70 70

80 80

90 90

100 100

110 110

120 120

140 150 160 170 180 170 160 150 140

Figura 11
RABDOMANCIA PRÁTICA 141

maior do triângulo, 30 cm; e, a partir do centro do círculo, traçam-se diversas


linhas radiais com intervalos de 10°.
Depois de desenhar essa figura em papel branco ou cartolina, você poderá
dedicar-se a vários exercícios. Primeiro, coloque uma moeda de dois pence no
ângulo direito do triângulo e, no esquerdo, um pedacinho de fio de cobre. Balance
o pêndulo de um lado para o outro sobre o centro do círculo, ao longo da linha
vertical que divide o vértice do triângulo, e deixe em seguida que ele tome seu
próprio curso. Constate o grau de qualquer desvio para a direita ou a esquerda.
Em seguida, inverta as posições da moeda e do pedaço de cobre, colocando a
primeira no lado esquerdo e o segundo no lado direito. Observe de novo o desvio.
Agora, repita o exercício com um fio de seu cabelo colocado no ângulo direito
do triângulo e uma amostra de alimento, no esquerdo.
Procure testar também remédios homeopáticos ou Florais de Bach, dispondo-
os no ângulo esquerdo e anotando os resultados. Lembre-se, porém, de fazer men-
talmente uma pergunta clara enquanto trabalha. Tente ainda colocar um terceiro
objeto ou substância perto do vértice do triângulo.
Insistimos em que os exercícios acima não passam de um meio conveniente de
aprender a usar o pêndulo em conjunção com o diagrama. Entretanto, o princípio
é fundamental para as técnicas diagnósticas utilizadas na Medicina Psiônica.
Os exercícios porão o principiante em contato com a arte da rabdomancia e
ajudá-Io-ão a alcançar certa facilidade no manejo do pêndulo. O interessado deve
registrar suas reações a fim de estabelecer um padrão coerente de resposta. Depois,
excogitará por si mesmo diversas extensões e modificações para ampliar sua expe-
riência e coordenar suas conclusões.
Nessa altura, será possível aprimorar ainda mais a faculdade - mas, para
tanto, sobretudo na esfera da rabdomancia médica, é necessário procurar instru-
ção especializada.

Notas
1. No teste radiônico, a percepção inconsciente parece ser transmitida por intermédio
do sistema nervoso autônomo. Na radiestesia, o sistema nervoso central seria estimu-
lado, provocando a resposta ideomotora inconsciente.
2. "Testemunhà' é o nome dado à amostra de um material conhecido ou a um espécime
(geralmente, na escala homeopática) de órgão, tecido ou remédio. São mantidos qua-
se sempre em frascos separados para pronto uso com diagramas psiônicos.
3. O conjunto de 38 remédios cobre a maioria dos estados emocionais negativos. Pes-
soas há que passam por cerca de cinco ou seis desses estados, de sorte que descobrir os
remédios apropriados para elas pode tornar sua vida bem mais tolerável.
A Abordagem Psiônica

TOlte Causam ("Procura a Causa')


- Lema da Sociedade Médica Psiônica

O tentar aliviar sintomas de doenças, o profissional psiônico luta para des-


lema
cobriracima
a causaresume
ocultaa missão da Medicina
do problema. Psiônica.
Essa busca Em vez
vai mais de apenas
fundo
usualmente realizada pela medicina ortodoxa, onde o objetivo da anamnese é ati-
que a

nar com um rótulo diagnóstico. Não satisfeita com detectar no paciente uma
artrite reumatóide, por exemplo, a abordagem psiônica procura retroagir à causa
do distúrbio ocorrido no campo psi pessoal, que provocou aberrações bioquími-
cas, funcionais e estruturais nos sistemas imunológico e osteomuscular - aberra-
ções que geraram o conjunto de sintomas diagnosticado como artrite reumatóide.
Determinadas a causa e a natureza dos desequilíbrios, o próximo passo cifra-se em
definir o melhor tratamento. Na maioria dos casos, o item básico da terapia será
uma medicação homeopática, usualmente reforçada por recomendações dietéticas
e outras igualmente apropriadas.
O método-padrão usado (e ensinado) pelo Instituto de Medicina Psiônica é a
técnica analítica de Laurence-Upton. Conforme veremos, ela se vale do pêndulo,
do diagrama de Laurence-Upton, de uma amostra do paciente e de um conjunto
de testemunhas.

Perturbações do campo psi pessoal


O campo psi pessoal é ao mesmo tempo informacional e organizacionaL Contém
tudo o que aconteceu à pessoa e podemos chamá-Io, em essência, de alma. Como
vimos no Capítulo 4, ao falar dos Corpos Sutis, encerra o pensamento, os campos
emocionais e o corpo etérico. Nos níveis mais profundos, conecta-se com o in-
consciente coletivo e o campo morfogenético da espécie, sendo possivelmente
influenciado pelos campos kármico e aquisitivo. Também se enlaça ao corpo físico
por meio de diversos mecanismos tênues (os sistemas de chakras e de meridianos,
142
A ABORDAGEM PSIONlCA 143

o contato direto etérico-físico) e interage com as proteínas do corpo. Representa-


mos isso como uma projeção ou raio pessoal (ver Figura 7, Capítulo 4).

o aspecto informacional do campo contém:


• O acesso ao inconsciente coletivo com seus simbolismos e arquétipos
• A informação comum à espécie
• A informação kármica (possivelmente)
• Os caracteres adquiridos, tanto herdados quanto pessoais
• As emoções
• A mente - consciência e inconsciente pessoal

o aspecto organizacional do campo consiste de:


• Sistema chákrico
• Sistema de meridianos
• Contato direto etérico-físico
• Mente - consciência e inconsciente pessoal

Tudo isso controla e organiza o corpo físico, graças ao que:


• A mente e os campos emocionais conseguem atuar sobre o corpo físico ao
longo de rotas psiconeuroimunológicas
• A bioquímica celular é afetada
• As funções dos tecidos, órgãos e sistemas são afetadas
• A estrutura física sofre mutações patológicas

De fato, pode produzir um efeito de escoamento segundo o nosso modelo da


pirâmide da medicina (Figura 12).

FISIOLOGIA

BIOQuíMICA

ANATOMIA

Figura 12
144 MEDICINA PSIONICA

Nesse ponto, vale conceber o campo psi pessoal antes como uma esfera do que
como um raio. Dentro do campo - como as camadas de uma cebola ou, talvez
mais apropriadamente, como os envoltórios de uma pérola -, toda experiência,
trauma, miasma ou toxina são registrados. (unha o leitor em mente que, no interior
do campo, a disposição não é em camadas; nós fornecemos aqui apenas um modelo
exp/icativo tridimensional)
Quando os mecanismos auto-reguladores da pessoa (sua "mente", seus siste-
mas imunológico e homeostático) entram em choque com essas entidades,
desativam-nas ou "expelem-nas". Elas são relegadas ao passado. Na realidade, po-
rém, o evento (seja ele experiência, trauma, miasma ou toxina) continua a exercer
seu efeito no sentido de que contribui para a natureza dinâmica geral do indiví-
duo. Nos termos do nosso modelo, convém imaginar o campo todo como dotado
de vibração compósita, cada evento apresentando uma vibração ou perturbação
particular. Quanto menor o problema, menor a vibração - portanto, menor a
sua influência na "vibração" do campo psi como um todo.
Algumas camadas são de trato mais difícil que outras. Considerando-se sua
capacidade de "vibrar" em desarmonia com o campo, às vezes perturbam o bom
funcionamento do campo psi e, mesmo, afetam gravemente o modo como ele
opera e organiza o corpo físico. A energia das camadas próximas só consegue
paralisá-Ias, impedi-Ias de agir, operando assim como uma capa de proteção. Mas
quando retomam a atividade e começam a vibrar fora de ritmo, seus efeitos (que
podem tanto estimular quanto inibir, no sentido funcional) se manifestam por
todo o campo, prejudicando o corpo etérico, o campo emocional e o campo intelectuaL
Isso, é claro, reduz a vitalidade geral do campo. Em seguida, os efeitos se transmi-
tem ao corpo físico por intermédio de conexões sutis, quando então a pessoa tem
a percepção de não estar bem.
Examinemos alguns exemplos:

1. Alta vitalidade sem distúrbios (Figura 13). Nessa situação, a pessoa apresenta
alta vitalidade, sem que os miasmas e toxinas causem problemas. O campo psi
está "equilibrado", de modo que as conexões sutis funcionam bem e o indiví-
duo se sente saudável.
2. Vitalidade moderada com distúrbio ligeiro (Figura 14). Nessa situação, a vitali-
dade foi reduzida em virtude da ação de um miasma entranhado. É uma con-
dição crônica preocupante. Exemplo: miasma tuberculoso causador de pro-
blemas como insônia ou enxaqueca.
3. Vitalidade moderada com distúrbio ligeiro e baixa resistência (Figura 15). Nessa
situação, uma toxina como a do alumínio é adquirida, produzindo perturba-
ções mantidas sob controle e bloqueadas por outra camada de evento. Um
A ABORDAGEM PSIONlCA 145

CONEXÕES
SUTIS

SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR

Figura 13

PROBLEMA CRÕNICO PREOCUPANTE

Figura 14
A ABORDAGEM PSIÓNlCA 145

CONEXÕES
SUTIS

SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR

Figura 13

PROBLEMA CRÔNICO PREOCUPANTE

Figura 14
146 MEDiCINA PSIONICA

CAMADA DE ALUMíNIQ-.-PROBLEMA

PREOCUPANTE, MAS SOB CONTROLE

SOMENTE PROBLEMAS LEVES

UMA NOVA INFECÇÃO DEBILITA


A RESISTÊNCIA

CAMADA DE ALUMíNIO NÃO


ESTÁ BEM CONTIDA

OS PROBLEMAS SE AGRAVAM

A CAMADA DE ALUMíNIO VENCE

A CAMADA DE CONTENÇÃO

DISTÚRBIO GRAVE

OS SINTOMAS PIORAM: QUADRO GRAVE

Figura 15
A ABORDAGEM PS10N1CA 147

novo problema, como infecção intestinal ou constipação gástrica, provoca uma


queda de resistência que enfraquece a camada de bloqueio e permite à toxina
do alumínio causar um distúrbio mais grave. Isso poderá resultar em irritação
dos intestinos ou em padecimento inflamatório local ainda mais sério.
4. Resistência baixa devida a terapia supressora (Figura 16). Vê-se isso com fre-
qüência no quadro clássico de eczema e asma. Quando o eczema é tratado
com terapia de supressão (pomadas esteróides, por exemplo), observa-se um
efeito aparente de dispersão e melhoria da pele. No entanto, após essa "lua-de-
mel", manifesta-se de súbito a asma. E isso acontece porque as toxinas causa-
doras da asma já não estão sendo contidas, de vez que a supressão enfraqueceu
a camada de bloqueio. Os pacientes geralmente concluem que a doença "reco-
lheu" e agora se manifesta sob outro aspecto.

TOXINAS INATIVAS ASSOCIADAS COM:

SARAMPO
ASMA
ECZEMA

ECZEMA ATIVO

APARENTE DISPERSÃO DO ECZEMA


SEGUIDO DE SURTO DE ASMA

Figura 16
148 MEDICINA PSIONICA

o tratamento com antibióticos é, sem dúvida, uma poderosa terapia


supressora, pois eles destroem as bactérias que o paciente traz consigo. Um
artigo em número recente do British Medical Journal (BM./) informa que ape-
nas 10% das células de nosso corpo têm realmente origem humana. No con-
texto do campo psi, isso significa que milhões e milhões de micróbios, com
seus respectivos campos psi, estão incorporados ao campo psi de cada um de
nós. Exterminar determinada quantidade desses micróbios pode ter efeito sig-
nificativo no campo psi pessoal. Portanto, os antibióticos não são simples
drogas que possamos tomar ao acaso: seu uso deve ser claramente indicado,
pois seus efeitos são de longo alcance.

5. Vitalidade baixa com várias camadas agitando-se umas às outras para provocar
distúrbio moderado ou grave (Figura 17). Nessa situação, muita coisa pode
acontecer, dependendo das toxinas presentes e da área do indivíduo por elas

DIVERSAS CAMADAS QUE SE AGITAM, SÓ CONTIDAS COM DIFICULDADE


PROVÁVEL DISTÚRBIO GRAVE OU MODERADO

Figura 17
A ABORDAGEM PS10N1CA 149

visada. Às vezes resulta em condições degenerativas, distúrbios auto-imu-


nológicos ou problemas emocionais e psicológicos sérios. Isso geralmente acon-
tece no caso da toxina sifilítica, que costuma agitar outras.
6. Vitalidade baixa e reação em cadeia (Figura 18). Nessa situação, uma toxina
entranhada pode começar a agitar-se. Algumas parecem fazer isso espontane-
amente, em diferentes épocas da vida, presumivelmente com relação à vitali-
dade da pessoa no momento. O distúrbio pode ser grave a ponto de vencer as
camadas de contenção exteriores, forçando-as a agitar-se a fim de produzirem
seus próprios sintomas e moléstias. Então, uma camada afetará outra, e assim
por diante, numa espécie de reação em cadeia. Sobrevém em seguida a crise e
tudo parece ir de mal a pior em rápida sucessão. Isso costuma ocorrer quando
um miasma entranhado como a gonorréia entra em atividade.

TOXINA ENTRANHADA PROVOCA

AGITAÇÃO EXTERNA

CAMADAS DE CONTENÇÃO SE AGITAM,


PRODUZINDO NOVOS SINTOMAS

REAÇÃO EM CADEIA PROVOCA


DISTÚRBIOS GRAVES

Figura 18
150 MEDICINA PSIONICA

7. Baixa vitalidade e desencadeamento de doença que resultam em colapso (Figu-


ra 19). Essa situação pode ocorrer quando uma sucessão de toxinas e miasmas
produziu distúrbio moderado, a que o paciente reagiu. Mas então o de-
sencadeamento de uma doença enfraquece a camada de contenção, que man-
tinha tudo sob controle, e a conseqüência é a crise grave. O efeito é tão pode-
roso que o campo quase entra em colapso, recorrendo à energia vital ainda
disponível para enfrentar o problema. Multiplicam-se os bloqueios nas cone-
xões sutis e a pessoa fica num estado de total depauperamento. Esse é um dos
prováveis mecanismos da síndrome da fadiga crônica.
Os modelos acima são destinados apenas a ilustrar a forma pela qual os distúr-
bios ou falhas no campo psi pessoal podem manifestar-se como doenças. Cumpre
enfatizar, porém, que não existe um mecanismo-padrão graças ao qual a pessoa
adoece. Cada indivíduo é único, como únicas são a sua saúde e a sua doença.
Assim também, embora falemos de "camadas", apresentamo-Ias unicamente
como um esquema para facilitar a compreensão. As camadas, como tais, não exis-
tem no sentido tridimensional, mas podem existir, talvez, como "padrões de inter-
ferência" no interior da estrutura holográfica do campo.

A técnica de Laurence-Upton
Como o leitor já sabe, a Medicina Psiônica utiliza a faculdade radiestésica ou
rabdomântica a fim de contatar o campo psi pessoal do paciente. Faz isso atentan-
do para os movimentos do pêndulo suspenso sobre uma amostra de sangue ou
cabelo, isto é, amostra da proteína do cliente. Essa proteína, embora já separada
fisicamente do indivíduo, continua a fazer parte de seu campo psi pessoal. Pode,
pois, fornecer-nos informação energética naquele mesmo momento (veja seção
sobre Interconexão nos Capítulos 1 e 4).
A técnica em si foi primeiro desenvolvida por George Laurence, que depois a
atualizou com a assistência de Carl Upton - daí o nome técnica de Laurence-
Upton.
Ambos os pesquisadores sabiam muito bem como deveriam praticá-Ia e ensiná-
Ia, de modo que convém agora deixar Carl Upton explicar suas próprias idéias:

As técnicas da Medicina Psiônica envolvem, por um lado, bons conhecimentos e expe-


riências no campo da medicina ortodoxa e, por outro, a capacidade de operar com
amostras e testemunhas apropriadas, segundo regras e padrões geométricos preciosos, a
fim de introduzir a mensuração na avaliação dos resultados.
A técnica exige, em essência, a formulação mental de perguntas específicas extraí-
das dos dados clínicos conhecidos sobre a história médica do paciente e suas queixas
atuais. Para essasperguntas, as respostas que oprofissional qualificado obterá virão sob
A ABORDAGEM PSIONlCA 151

DIVERSAS CAMADAS SE AGITAM E SÓ


SÃO CONTIDAS COM DIFICULDADE, PODENDO
ENTÃO OCORRER DISTÚRBIOS GRAVES

O DESENCADEAMENTO DA DOENÇA
ENFRAQUECE A CAMADA DE CONTENÇÃO

CRISE GRAVE

COLAPSO TOTAL

BLOQUEIO NAS
CONEXÕES SUTIS
Figura 19
152 MEDICINA PSIÓNlCA

a forma de reações indicadas pelo pêndulo seguro em sua mão, usado para os desvios de
norma com referência a um diagrama apropriado. Um requisito bdsico é a proficiência
em anatomia, fisiologia, patologia, bacteriologia e farmacologia, além de experiência
prdtica no assunto. Acrescentem-se a isso os primeiros princípios da medicina e da
cirurgia, juntamente com elementos de psicologia: assim, o operador poderd equacionar
na mente a formulação necessdria ao exercício da faculdade rabdomântica. Uma série
de coordenadas, se sepode dizer desse modo, tem de ser inicialmente estabelecida, o que
depende em muito da experiência do profissional. Issoposto, afaculdade rabdomântica
estard capacitada a responder em termos significativos, que serão entendidos com rela-
ção aos dados clínicos observados e à história do paciente.
Se, em medicina ortodoxa, o diagnóstico é interferencial, segundo normas padro-
nizadas tanto na memória intelectual quanto na literatura de referência, de sorte que
as conclusões lógicas são indiretas, a medicina psiônica chega a conclusões imediatas e
diretas, que se originam de outra dimensão do conhecimento.
Quando se utilizam referências padronizadas, como nos procedimentos diagnósti-
cos tradicionais, não é dificil estabelecer normas definidas de procedimento; mas quan-
do a diagnose exige sensibilidade individual, nenhum texto serd capaz de reproduzir
isso adequadamente. Na verdade, qualquer tentativa de agir dessa maneira poderd
conduzir a noções equivocadas e, conseqüentemente, a distorções que sem dúvida pre-
judicarão o bem-estar do paciente e a reputação do clínico. Eis o motivo pelo qual as
técnicas da Medicina Psiônica só podem ser ensinadas, verbal e pessoalmente, por um
profissional qualificado.
Recomendam-se os exercícios simples do Capítulo 10 aos médicos, dentistas e vete-
rindrios interessados em iniciar-se na prdtica do pêndulo. Entretanto, a aplicação dos
conhecimentos adquiridos terd de pressupor as técnicas específicas de diagnose da Me-
dicina Psiônica e de seleção de remédios, obtidas pela instrução pessoal. Talvez devêsse-
mos enfatizar que as técnicas da Medicina Psiônica só devem ser ensinadas depois que
o candidato se mostrar hdbil no uso do pêndulo. De igual modo, o praticante que não
tiver experiência e conhecimento médico bdsico não inieiard ainda seu aprendizado.

As restrições ao aprendizado da técnica de Laurence-Upton estão de fato ins-


critas no regimento do Instituto de Medicina Psiônica. Essas normas são uma
salvaguarda para o público, não um instrumento de nepotismo.
O problema consiste em que o processo não é nada fácil. Podemos compará-
10 à pescaria num buraco no gelo (Figura 20). Assim como o pescador capta inú-
meras sensações por intermédio da linha, indicando sacudidelas ou mordidas vi-
gorosas de peixes de diversos tamanhos e a diferentes profundidades, o pêndulo
pode sugerir todo um leque de possibilidades. Ser proficiente, aqui, significa fazer
perguntas argutas e bem-formuladas - motivo pelo qual se considera imprescin-
dível um bom acervo de conhecimentos médicos, odontológicos ou veterinários.
A ABORDAGEM PS10N1CA 153

I ---"
1-
.~---- _.._--ç...
.•-:_'-~

---i----. _

Figura 20

Conseqüentemente, dado que o ensinamento deve ser pessoal, só poderemos


descrever a técnica em termos genéricos. E é o que faremos. Mas ainda assim será
possível cobrir com proveito muitos dos princípios envolvidos, para o leitor ter
uma idéia consistente do assunto.

o diagrama de Laurence-Upton, amostras e testemunhas


Já abordamos esse tema no Capítulo 10. Por convenção, as leituras do lado direito
do diagrama são consideradas negativas e as do lado esquerdo, positivas (Figura 21).
A amostra do paciente (usualmente uma gota de sangue ou um fio de cabelo)
fica em geral no ângulo direito do triângulo, enquanto testemunhas' de vários
tipos são colocadas no ângulo esquerdo. Um conjunto de diagnóstico psiônico
padrão consiste pelo menos de duzentas amostras separadas de DNA, RNA, célu-
las e material celular, tecidos, órgão, sistemas, espécimes patológicos, micro-
organismos, parasitos, venenos animais, vegetais e minerais, etc. Após balançar
sobre cada ângulo, a fim de "captar" seu efeito, o pêndulo deverá ser posto a oscilar
ao longo do eixo zero, registrando-se enquanto isso qualquer desvio angular.
Cartões múltiplos ensejam uma abordagem sistemática que facilita o processo
diagnóstico e aponta quais testemunhas devem ser utilizadas.
Por fim, uma leitura total do desequilíbrio de forças será obtida ao longo do
eixo horizontal (num traçado que lembra a cruz céltica), convidando à reconcilia-
ção (ou reequilíbrio) graças à introdução de força apropriada (os remédios) na
base do eixo vertical.
154 MEDICINA PSIONICA

40 30 20 10 00 10 20 30 40

70 70

80 80
90 90

100 100
110 110
120
130
140 140
150 150
160170 180 170160

POSITIVO NEGATIVO

40 30 20 10 00 10 20 30 40

60
70 70

80 80
90 90

100 100
110 110
120
130 130
140 140
150160170 170160150

Figura 21
A ABORDAGEM PSIONlCA 155

A tríade criadora
Mencionemos, em especial, três testemunhas: proteínas ou aminoácidos, DNA e
RNA. Novamente, convém deixar Carl Upton discorrer sobre a importância delas:

o DNA tem a fUnção de trammitir infórmação genética. A proteína é o material


fUndamental de que são feitos os tecidos do corpo. E o RNA age como um catalisador
que une os dois anteriores num todo vivo. Assim, nos termos da tríade criadora, parece
que o DNA fórnece expressão da fórma, a proteína a substância do padrão genético e o
RNA o veículo do atributo vital.
Se se usarem testemunhas obtidas do DNA, do RNA e dos aminodcidos, elaspron-
tamente darão infórmações relativas aos três aspectos bdsicos do organismo genético,
dinâmico e bioquímico. Desequilíbrios qualitativos em qualquer desses componentes
da vida total do organismo podem ser detectados e avaliados com a ajuda de outras
testemunhas e de escalas de memuração apropriadas.
A Medicina Psiônica enfatiza a necessidade de estabelecer, antes do início do tra-
tamento, a causa principal dos sintomas. Fique claro então que a infórmação no nível
genético comtitui a primeira exigência, pois ali se estabelece o padrão que afetará a
estrutura jlsica e produzird as anormalidades, ou seja, o estado mórbido. É nesse nível
que se deve levar em conta os miasmas herdados, fruto da experiência patológica dos
ascendentes (os mais comum são os da tuberculose, sífilis e grupo sicótico). Nesse ponto
é que costumam aparecer os sintomas crônicos das doenças, sem relação com o ambien-
te. Temos então a fase diagramdtica, que determinard a fórma da estrutura orgânica
composta basicamente por material protéico. A melhor testemunha é o DNA. Graças à
infórmação obtida pela andlise psiônica e às potências homeopdticas da ordem dinâ-
mica correta, os distúrbios miasmdticos dos padrões genéticos podem ser corrigidos.
Aqui, é sem dúvida necessário sublinhar que os sintomas resultantes de determina-
do miasma quase nunca têm relação com os associados à doença original do ascendente,
que lhes deram origem genética. Por exemplo, o miasma tuberculoso é respomdvel por
vasta gama de sintomas, inclusive os de asma, eczema, enxaqueca, diabete, cdrie dentdria,
doença de Hodgkin e muitas outras moléstias ditas incurdveis, que envolvem diversos
órgãos e sistemas.
A proteína e outras substâncias afim, extraídas do ambiente sob a fórma de ali-
mento, fórnecem a base material - o segundo aspecto. Deficiências ou md qualidade
refletem-se na substância celular e costumam precipitar os sintomas. Também podem
afetar a vitalidade. O estado dos órgãosjlsicos e as condições ambientais desempenham
importante papel nesse níveL A testemunha que se utiliza é coletada dos aminoácidos e
seus congêneres.
As alterações qualitativas, que influenciam os processos de fabricação e manuten-
ção comtantemente atuantes nas células, prendem-se àsfórças vitais. Aqui, a testemu-
156 MEDICINA PSIONICA

nha melhor é o RNA. Tais mudanças ocorrem o mais das vezes depois da incidência de f
infecções agudas ou da aplicação de suas vacinas correspondentes. São conhecidas em (
Medicina Psiônica como toxinas adquiridas, que também predispõem a sintomas apa-
rentemente sem nenhuma relação com a infecção. Pode-se removê-Ias homeopatica-
mente.
Não raro, as toxinas adquiridas afetam padrão genético e suscitam uma predispo-
sição crônica semelhante à provocada peÚJsherdados.
Talvez seja por meio de algum mecanismo desses que se estabelece a cadeia
miasmática. Na prática, descobriu-se que as toxinas adquiridas costumam aparecer
quando se usa o DNA como testemunha, especialmente se todos os miasmas já foram
removidos.

Permissão
A questão da permissão é um princípio ético fundamental. Só se pode contatar o
campo psi de uma pessoa se ela o consentir. Isso quer dizer, na verdade, permissão
em diferentes níveis.
Em primeiro lugar, a análise só é feita a pedido. Quase sempre a solicitação
parte do próprio paciente, mas podem fazê-Ia também parentes, tutores ou
terapeutas (no caso de animais, os donos). Porém, uma vez obtida a autorização
verbal ou tácita, a pergunta que ocorre durante a análise propriamente dita é (mais
ou menos):
Será licito analisar esta amostra do paciente?
Se a resposta for afirmativa, pergunta-se algo assim:
Poderei ajudar estepaciente?
A Medicina Psiônica ajudará este paciente?
Estou qualificado para tratar deste paciente?
Devo cuidar deste paciente agora?
Essas perguntas são extremamente importantes porque permitem ao incons-
ciente da pessoa, seu eu superior, expressar opiniões. Mas pode suceder que as
respostas a todas elas sejam negativas. Nesse caso, talvez convenha renunciar à
análise, de vez que não houve autorização. A experiência dos profissionais é quase
unânime em asseverar que, sem permissão, qualquer tentativa de assistência será
malsucedida ou, mesmo, leviana.
Tais situações costumam ocorrer em presença de doenças graves, quando o eu
superior da pessoa haja decidido, por alguma razão, não ser esse o tratamento que
deseja nem o de que necessita. Pode ser difícil para o paciente, os parentes ou
mesmo o médico, mas tal desejo tem de ser respeitado.
Muitas vezes, é claro, as respostas serão afirmativas, sem que por isso se indi-
que necessariamente a Medicina Psiônica: nesse caso, um questionamento mais
A ABORDAGEM PSIÚNICA 157

pormenorizado revelará que o paciente, na ocasião, se sairá melhor com a terapia


ortodoxa, a acupuntura ou outro método qualquer.

Pescaria no gelo ou sondagem de profundidade


Dissemos acima que o processo lembra a pescaria no gelo. E essa parece mesmo
uma boa metáfora, pois o profissional psiônico não trabalha com visão direta do
paciente e tem de usar a faculdade paranormal da rabdomancia (orientada por
uma série de perguntas apropriadas) para "sentir" que direção tomar. Ele precisa
distinguir as diferentes "mordidas" que capta e escolher as de maior significação
no momento.
Embora, como explicamos, várias técnicas sejam empregadas para revelar onde
se localiza um problema (nas esferas física, etérica ou emocional), nem tudo é tão
simples assim. Tal como o pescador precisa ser sensível à profundidade - sondá-
Ia, digamos -, o profissional tem de determinar o nível onde se acha o problema
ou aquele em que são provocados efeitos graves, moderados ou leves.
Consideremos um problema no corpo físico. Pode tratar-se de uma toxina
que esteja afetando o sistema corporal inteiro ou apenas um órgão, um tecido ou
mesmo uma entidade subcelular como a mitocôndria. A questão é que ela só pode
ser detectada em certos níveis energéticos, encontrando-se os demais em condição
normal ou incólumes. Trata-se então de saber para onde olhar, o que procurar e
estar pronto para o inesperado.

Quatro etapas
O esquema básico da abordagem, tal qual concebido por Laurence, consiste de
quatro etapas:

1. A identificação de miasmas herdados, resultantes de doença infecciosa aguda


nos pais ou outros ascendentes. Segue-se a isso a determinação do grau e da
distribuição dos efeitos do mias ma ou miasmas nos sistemas, órgãos e tecidos.
2. A identificação do colapso tóxico ocorrido em conseqüência de moléstia in-
fecciosa adquirida ou ourras causas dinâmicas no paciente. Faz-se a seguir a
mesma determinação do grau e da distribuição. Uma vez completos o diag-
nóstico e a análise, seleciona-se psionicamente o remédio correto indicado
para neutralizar as emanações tóxicas identificadas.
3. Os efeitos nas funções sistêmica e orgânica, ora afetadas devido às alterações
protoplasmáticas, têm de se determinados. Convém levar em conta ainda,
clínica e psionicamente, os demais aspectos da situação. De igual modo, con-
sideram-se a toxemia residual grave, os microconstituintes e as deficiências
minerais ou de sais de tecidos2 (bem como sua má utilização) ao prescrever
158 MEDICINA PSI0NlCA

novas drogas, quando necessárias. Tal procedimento é realizado geralmente


por etapas, atentando-se primeiro para os sistemas mais importantes. Não se
pode proclamar a cura antes da restauração completa do equilíbrio funcional
em todos os níveis.
4. Nessa altura, é necessário dar atenção à dieta e outros fatores ambientais, in-
clusive os desvios psicológicos que não responderam à eliminação das toxinas
biológicas. Pode ser que eles estejam prejudicando o paciente e ameaçando-o
sob a forma de futuro envolvimento com doenças infecciosas agudas.

Abertura
A Medicina Psiônica é, essencialmente, um processo de abertura pelo qual se en-
contram as chaves certas (remédios) que irão anular os miasmas ou toxinas
"trancafiados" no campo psi da pessoa. Se se escolhem as chaves erradas, a fecha-
dura não se abre e nada se consegue.
Em geral, com a eliminação da toxina ou miasma, o paciente se sente melhor
e os sintomas arrefecem. Mas às vezes há um agravamento dos sintomas da doença
ou de problemas passados. Não duram muito, porém.
Aqui, o recurso ao modelo da cebola para figurar as camadas do miasma ou
toxina é útil para a compreensão dos efeitos dos remédios.
Cada camada representa uma toxina ou miasma e constitui, na verdade, uma
memória compósita de doença ou trauma anterior, no indivíduo ou num ascen-
dente. Vale notar que uma camada pode encerrar diferentes memórias compósitas.
A palavra "memórià' é importante porque, neste contexto, apresenta três tipos
que se impõe considerar. São eles:

Memória psicológica- Essa se localiza no campo do pensamento. Ao ser liberada,


o indivíduo se lembra de algo que aconteceu no passado, possivelmente em asso-
ciação com a época de origem da toxina. Não raro, manifesta-se como evocação de
pessoas ou lugares e, mesmo, como um sonho vívido.

Memória emocional- Localiza-se no campo emocional. Quando liberada, o indi-


víduo é tomado por uma emoção pura, mas freqüentem ente sem nenhuma associ-
ação com a memória psicológica. Apenas sente irritação, cólera, depressão, medo,
ciúme ou qualquer outro tipo de emoção que esteja "trancafiadà'.

Memória corporal- Essa é uma memória do corpo etérico, transmitida ao corpo


físico graças ao contato etérico-físico. Tudo se passa como se o próprio corpo
recordasse a agressão física do trauma ou da doença, embora de forma diferente.
Por exemplo: o sítio anatômico de uma infecção passada, que é registrado no
A ABORDAGEM PSIONlCA 159

campo psi como toxina, conservará uma lembrança. Uma toxina estreptocócica
costuma, assim, suscitar uma lembrança física na garganta; ou pode haver memó-
ria corporal no intestino de uma toxina de constipação gástrica. As articulações,
não raro, preservam lembrança corporal de lesões passadas. Efetivamente, é como
se a parte física alimentasse a recordação do problema, sendo capaz de revocá-Ia a
fim de produzir sintomas ou sinais. Quando a chave certa é utilizada para libertar
uma toxina, a pessoa pode ter a experiência das memórias emocional, psicológica
ou corporal. Muitas vezes (mas nem sempre) a toxina sob tratamento é a mais
superficial, de sorte que o paciente costuma vivenciar uma recorrência da condi-
ção mais recente (de forma bastante reduzida) junto com outros sintomas - de-
pendendo do fato de as memórias emocional e psicológica estarem ou não
"trancafiadas" .
As Figuras 22 e 23 ajudarão a compreender melhor isso. Na Figura 22, o
remédio homeopático é comparado a uma bola de críquete que atirássemos a uma
poça de água. A superfície da água lembra o campo energético. O remédio produz
um efeito de encrespamento dispersivo. Detritos vêm à tona e também se disper-
sam. A certa altura, dado que o remédio vibra em consonância com as camadas de
toxina (e esse é apenas um modelo do que realmente acontece, lembre-se o leitor),
o encrespamento libertará a toxina. Essa é constituída em geral pela camada exter-
na (nem sempre, porém - cada caso exige análise individual, pois apresenta ne-
cessidades únicas e, portanto, tratamento personalizado).

REMÉDIO HOMEOPÁTICO

CAMADA EXTERNA

DE CONTENÇÃO

A ATIVAÇÃO HOMEOPÁTICA PROVOCA


EFEITO DISPERSIVO E L1BERADOR

Figura 22
160 MEDICINA PSIONICA

MEMÓRIA EMOCIONAL
p. ex., ciúme, cólera, depressão, ansiedade
- sem acionamento óbvio, mas relacio-
nada a uma emoção passada

MEMÓRIA PSICOLÓGICA

p. ex., vislumbres do passado, lembranças


súbitas ou sonhos vívidos com pessoas,
acontecimentos e experiências antigas ou
traumas

MEMÓRIA CORPORAL
p. ex., dor, respiração difícil, alteração
funcional, urticária
- sem nenhum acionamento óbvio, mas
relacionada a sintoma ou condição física
anterior

A ATIVAÇÃO HOMEOPÁTICA PROVOCA EFEITO


DISPERSIVO E L1BERADOR

Figura 23

Na Figura 23 a camada é destrancada e vemos de que modo os três tipos de


memória podem ser liberados.3
De fato, esse modelo explica em muitos pontos o mecanismo da Lei de Hering4,
a direção da cura, que é um dos fenômenos mais citados (embora inconsistente) da
homeopatia.5
Em outras ocasiões, a remoção de uma camada faz com que a próxima comece
a agitar-se, significando isso que as memórias emocional, psicológica e física da-
quela camada podem manifestar-se em caráter transitório.
Vê-se assim que as camadas lembram de perto um conjunto de bonecas russas
encaixadas. Quando uma se abre, permite que as memórias (dos três tipos -
todas, duas ou apenas uma) aflarem passageiramente. A próxima poderá trazer
sintomas muito diversos, de modo que, para o indivíduo, a progressão curativa
constitui verdadeira aventura. Mas é um processo terapêutico, de vez que a capa-
cidade natural de recuperação da pessoa é obstaculizada por essas camadas. Remo-
va-as e o processo de cura natural começa.
O número de tratamentos varia conforme as condições do paciente. Alguns
indivíduos podem necessitar de apenas um, enquanto outros parecem apresentar
uma sucessão de camadas que precisam ser delicadamente transpostas. No próxi-
A ABORDAGEM PSIONlCA 161

mo capítulo, a fim de dar ao leitor uma ligeira idéia da variedade de problemas


com que a medicina psiônica costuma lidar, examinaremos alguns casos que fo-
ram registrados ao longo dos anos na revista Journal o/ the Psionic Medical Society
and the Institute o/ Psionic Medicine.

Um resumo de Carl Upton


Para entender a Medicina Psiônica, é necessário ir além das idéias convencional-
mente aceitas - o que não significa que essa abordagem seja mera teoria. Ao
contrário, apresenta incontestável valor prático quando suas técnicas são domina-
das, como se vê pelo acervo de seus êxitos, alguns dos quais pormenorizaremos no
próximo capítulo.
Como já por várias vezes enfatizamos, a análise e a terapia são essencialmente
individuais, não se recorrendo a diagnósticos e tratamentos padronizados, e
tampouco se praticam experimentos com animais. Há hoje enorme interesse pelos
transplantes e pela cirurgia com "órgãos clonados". Mas essas práticas, que susci-
tam questões morais e considerável dispêndio de recursos, humanos e tecnológicos,
podem muito bem ser evitadas pela análise psiônica nos primeiros anos de vida,
antes que danos irreversíveis venham a ocorrer.
Similarmente, é possível reduzir em muito a doença mental. Pela experiência
de Laurence, uma vasta percentagem dos casos nessa categoria deve-se a miasmas
herdados e toxinas adquiridas - talvez agravados por condições externas, inclu-
sive os remédios modernos, mas não necessariamente provocados por elas.
Além disso, as técnicas podem ser empregadas para testar os efeitos de drogas
convencionais na vitalidade individual. Também fornecem meios de avaliar a in-
tolerância e a sensibilidade ao alumínio, fluoreto, mercúrio, radiação e outros
fatores tóxicos com os quais a pessoa freqüentemente mantém contato: caso este-
jam presentes, serão neurralizados.
Se alguns dos recursos ora providos para a eliminação de sintomas físicos pas-
sarem a ser utilizados no estudo das causas dinâmicas das doenças, novos horizon-
tes sem dúvida se abrirão para a pesquisa médica, levando assim a um serviço
assistencial mais abrangente.

Notas
1. As testemunhas psiônicas consistem usualmente em frascos de 1 g contendo tabletes
ou grânulos tratados segundo determinada potência homeopática da amostra desejada.
2. Os sais bioquímicos de tecidos são um grupo de compostos inorgânicos presentes no
corpo humano e responsáveis por certas funções metab6licas. Todo um sistema
terapêutico, chamado "bioquímica", foi elaborado pelo Dr. William H. Schuessler,
que começou a publicar sua obra em 1837. Existem doze sais básicos desse tipo e
162 MEDICINA PSIONlCA

dezoito combinações possíveis, utilizadas no mundo inteiro como auto-ajuda. Às ve-


zes se lhes dá o nome de "sais de Schuessler".
3. Não raro, os pacientes também sentem um aguçarnento da percepção, como se ficas-
sem mais intuitivos durante um curto espaço de tempo. Isso parece acontecer em
virtude da ruptura da camada de contenção, o que facilita o acesso ao campo psi.
4. Para a Lei de Hering, formulada por Constantine Hering, ver o Capítulo 5. Em essên-
cia, ela pontifica que a cura acontece: de cima para baixo, de dentro para fora, dos
órgão principais para os secundários e na ordem inversa do surgimento dos sintomas.
5. Um dos motivos da inconstância da Lei é, talvez, o fato de o remédio atuar de dentro
para fora, como a onda da Figura 22. O fármaco escolhido terá ainda, possivelmente,
um espectro de atividade mais amplo que o da toxina individual. Nesse caso, surtirá
efeito positivo em outras camadas, ao abrir caminho para aquela que mais exige remo-
ção. Assim, as memórias dos três tipos podem ser estimuladas por outras camadas
além da que esteja sendo liberada.
A Medicina Psiônica na Prática

A tarefa principal e única do médico consiste em devolver a


saúde ao doente - curd-lo, como se diz.
- Primeiro Aforismo, Organon de Medicina,
Samuel Hahnemann

Os médicos, quando descobrem a causa da doença, crêem ter


descoberto sua cura.
Cícero

O médico trata, a natureza cura.


Quintiliano

A
envidando
brir a causa da doença e removê-Ia. As funções auto-reguladoras do indiví-
Medicina
duo - emPsiônica não é uma
outras palavras, panacéia.
o poder 1 Seu objetivo cifra-se em desco-
curativo da natureza - estão sempre
seus melhores esforços, mas os miasmas, as toxinas e outros traumas
podem interferir no processo de várias maneiras, como vimos no último capítulo.
A Medicina Psiônica funciona como um método integrativo, que associa alopatia
e homeopatia. Às vezes, revela-se o único método necessário; e às vezes trabalha
em conjunção com outros. No mínimo, ela aliviará a carga tóxica que age como
um freio sobre a autocura natural e as funções auto-reguladoras da pessoa, tornan-
do-a mais receptiva a outros métodos.
À guisa de exemplo, não é raro ver alguém que não respondeu a determinado
método submeter-se ao psiônico e em seguida curar-se graças ao método original.
Observa-se isso, com bastante freqüência, nas queixas de dores de coluna crônicas
que resistem à fisioterapia, à acupuntura e às técnicas quiropráticas até a carga
tóxica ser removida.

163
164 MEDICINA PSIONICA

Perfil da prática psiônica


Pessoas dos mais variados tipos encontram o caminho para a Medicina Psiônica. A
natureza da disciplina e o método de análise são tais que inúmeros clínicos tratam
de pacientes vindos de todas as partes do mundo. Estes aparecem, ora esponta-
neamente, ora por recomendação de outros profissionais da saúde, a fim de se
libertarem da carga tóxica, como vimos acima.
Embora os praticantes psiônicos tendam sempre a generalizar, cada qual tem
sua área de especialização e interesse. De igual modo, embora todos possam ter
sido adestrados na técnica de Laurence-Upton, é provável que hajam desenvolvi-
do suas próprias idéias, e portanto, sua maneira individual de trabalhar. Por todos
esses motivos, o perfil dos pacientes tende a diversificar-se segundo o profissional.
Isso posto, lancemos um olhar ao perfil genérico dos casos tratados durante um
ano em uma clínica.
Em primeiro lugar, as queixas (Figura 24). Vemos aí que os cânceres, a fadiga
crônica, os males respiratórios, reumatológicos e gastrintestinais representam cer-
ca de 60% do total. A taxa relativamente modesta de 6% para problemas psicoló-
gicos é talvez menor do que se imaginaria, mas convém notar que esses dados se
referem às queixas apresentadas. A prática, na verdade, mostra que são muito co-
muns os componentes psicológicos e emocionais. Dir-se-ia até que a maioria das
pessoas com má saúde acaba se sentindo ansiosa.
A tabela comparativa dos sexos (Figura 25) mostra que as mulheres procuram
mais o médico psiônico que os homens, mas de novo há a ressalva: o mesmo
acontece na medicina ortodoxa. As queixas respiratórias prevalecem entre os
homens, ao passo que mais mulheres buscam assistência por fadiga crônica e
problemas de pele.
Quando em presença de miasmas e toxinas encontradas na primeira análise
(Figura 26), a significação dos miasmas tuberculoso e da toxina adquirida do sa-
rampo apresenta-se imediatamente. A toxicidade por metais é causada sobretudo
pelo alumínio, vindo o mercúrio em segundo lugar.
Uma análise do grupo "Outros", que ocorre em 60% dos casos, deve ser mais
meticulosa (Figura 27). Aqui, trata-se principalmente de toxinas bacterianas e
virais adquiridas, mas encontramos também anomalias minerais e eletrolíticas,
sensibilidade a estresse geopático (que inclui correntes subterrâneas, campos elé-
tricos e problemas com telefones celulares), alergias e outros achaques.
A questão da alergia é interessante porque ela nem sempre constitui a causa do
mal, mas antes uma manifestação da resistência do corpo à carga tóxica. Isso mui-
tas vezes surpreende pessoas a quem se informou que sua tendência alérgica (em
geral a alimentos) é a fonte do problema.
A MEDICINA PSIONlCA NA PRÁTICA 165

QUEIXAS APRESENTADAS

Ginecológicas e urinárias
5%

Dores de cabeça e neurológicas


Câncer
6%

Prevenção
6%

Sangue e circulação
6%
Fadiga crônica
Hormonais
13%
6%

Psicológicas
6%
Respiratórias
11%
Pele
8%
Intestinos Reumatológicas

9%
10%

Figura 24

DIFERENÇAS DE SEXO ENTRE GRUPOS PRINCIPAIS

o Homens
10 • Mulheres
9
8
7-
E 6 -
Q)
Cl
as
c 5-
Q)
~ 4
rf 3
2
1
O
Câncer Fadiga crônica Pele Reumatológicas Respiratórias

Figura 25
166 MEDICINA PSIONICA

MIASMAS E TOXINAS ENCONTRADOS NA PRIMEIRA ANÁLISE

90 -

79
80·

70

60

50
%
40

30

20

10 -

Figura 26

Nesta altura, vale a pena considerar de que modo alguns desses miasmas e
toxinas afetam a pessoa. E de novo, em parte para dar a este trecho um cunho
original, segue-se o artigo de Carl Upton publicado originalmente em apêndice à
segunda edição do presente livro. (NB: por bioplasma, entenda-se o campo psi
pessoal.)

Comentários de Carl Upton sobre o bioplasma e


indicações clínicas associadas
A ciência médica lida muito bem com os defeitos estruturais, presumindo-se
comumente que os distúrbios fisiológicos podem ser curados por métodos
mecanicistas similares. Com bastante freqüência; entretanto, tal tratamento só em
parte se revela bem-sucedido. Um estado de indisposição às vezes persiste, não
A MEDICINA PSIONICA NA PRÁTICA 167

TABELA COMPARATIVA DE "OUTRO" GRUPO

OUTROS

BACTÉRIA

5%

LESÕES
7%

ENERGIAS VíRUS

8% 18%

MINERAIS
11% VENENOS

15%

Figura 27

necessariamente na mesma forma; e quando a doença se torna crônica, deixa de


responder à terapia ortodoxa. Fica claro então que certas mudanças e processos
sutis estão em curso, mas escapam aos meios convencionais de detecção.
Pois é justamente dessas causas profundas que a Medicina Psiônica se ocupa.
Elas surgem de distúrbios nos padrões invisíveis de influências que determinam
todos os tipos de manifestações físicas. Tais distorções geram inúmeros efeitos
químicos e físicos, podendo por fim produzir sintomas no corpo. A existência
desse padrão subjacente já é aceita no mundo científico, onde ele passou a ser
conhecido como "bioplasmà'.
Por sua própria natureza, o bioplasma não é observável diretamente nem perce-
bido pela craveira da percepção e do conhecimento materiais; entretanto, sua pre-
sença e potencialidades podem ser discernidas pelos níveis mais profundos da men-
te, que utilizam faculdades fora do alcance dos sentidos físicoscomuns. Isso promove
uma nova dimensão gnosiológica, apta a ser aprimorada pela experiência prática.
Como primeiro passo, devemos considerar a relação existente entre o bioplasma
e a matéria física. Trata-se, é óbvio, de uma relação entre potencialidade dinâmica
e processo funcional. O bioplasma apresenta propriedades de atração, repulsão e
168 MEDICINA PSI0NlCA

memória capazes de engendrar "cristalizações", de forma e finalidade específicas, a


partir de matérias-primas que o cercam no mundo físico. Assim, o bioplasma
referente a determinada criatura humana elabora e preserva sua estrutura orgâni-
ca, ao mesmo tempo que influencia seu comportamento fisiológico. Somente al-
terações essenciais no bioplasma podem produzir modificações definitivas na ma-
nifestação orgânica externa.
Parece, ademais, que escalas diferentes de tempo e espaço estão aí envolvidas,
análogas talvez às diferentes órbitas com suas influências relativas. Um ciclo pa-
drão geral engloba às vezes uma multiplicidade de ciclos subsidiários. A reprodu-
ção de células similares, contínua ao longo da vida da pessoa, representa um pro-
cesso de recorrência no nível físico que reflete uma única marca do padrão
bioplasmático. Isso implica que toda aberração no bioplasma pode gerar um des-
vio recorrente e persistente no comportamento da célula, causando sem dúvida os
sintomas crônicos de má saúde.
Além do mais, o ser humano não vive em isolamento - global ou organica-
mente. Influências recíprocas estão constantemente em ação, com resultados tan-
to essenciais quanto superficiais. No nível superficial, não é muito difícil determi-
nar a relação de causa e efeito, no tempo ou no espaço. O alastramento de uma
infecção aguda ou a invalidez provocada por uma lesão são fáceis de observar, mas
quando se trata de processos sutis e normalmente imperceptíveis, as conexões não
podem ser discernidas com a mesma desenvoltura: elas residem no bioplasma.
Um estado bioplasmático afeta outro. Por exemplo, o bioplasma de uma cria-
tura humana pode estar sendo influenciado pelo de um microorganismo; mas, em
virtude das escalas de tempo e espaço diferentes, o resultado diverge bastante da
associação material observável numa infecção aguda. De fato, no nível bioplas-
mático, costumam ocorrer alterações de natureza essencial, com resultados não-
mensuráveis pelos parâmetros físicos conhecidos. Em certos casos, a influência
bioplasmática sutil às vezes se estende por várias gerações, constituindo aquilo que
o homeopata chama de "miasmà'.
Consideráveis variações ocorrem nos padrões sintomáticos devido ao efeito de
mudanças no bioplasma. Alguns estados bioplasmáticos têm longa duração. Ou-
tros são relativamente transitórios e "decaem" em questão de semanas ou meses.
Pode então ocorrer o retorno à normalidade, sem que a eliminação aparente dos
sintomas externos signifique, por força, uma volta da dynamis vital ao equilíbrio.
Com efeito, no decorrer do tempo, um conjunto inteiramente novo de sintomas
pode manifestar-se sem nenhuma razão óbvia. Só o exame do bioplasma revelará
a causa.
Além das influências oriundas de formas de vida inferiores, que determinam
mudanças no bioplasma e, portanto, efeitos clínicos, existem influências de esfe-
A MEDICINA PSIONlCA NA PRÁTICA 169

ras menos materiais. O bioplasma, por exemplo, pode ser afetado por processos
psíquicos que com a mesma rapidez produzirão alterações no nível físico. E bem
se sabe que estados psicológicos negativos tornam o corpo muito mais vulnerável
à infecção.
Em contrapartida, bons estados psicológicos conferem certo grau de imuni-
dade, não se devendo considerar por isso apenas as possibilidades negativas. Os
princípios, leis e processos envolvidos também podem curar. A pródiga natureza
disponibiliza todo um leque de influências capazes de promover um estado de
reconciliação e, conseqüentemente, de saúde - se tais influências forem correta-
mente entendidas. Na prática médica psiônica e homeopática, faz-se amplo uso
desses recursos naturais.
É evidente que a exploração da esfera bioplasmática exige uma abordagem
meticulosa e pessoal, nunca redutÍvel a bases rotineiras. Contudo, observações
realizadas durante longo período já permitem formular algumas correlações apro-
ximadas entre estados bioplasmáticos e sintomas clínicos associados. Elas funcio-
nam apenas como um guia para as áreas de desarranjo, que depois serão examina-
das pela técnica psiônica.
Outra dificuldade é que, à falta de termos específicos para definir os estados
da dynamis vital ou bioplasma, a única opção reduz-se a nomear as manifestações
clínicas. Assim, quando se menciona um estado tuberculoso, não se fala de infec-
ção aguda ou bacilo, mas da condição observada do bioplasma naquelas circuns-
tâncias. E convém notar que tal estado pode apresentar vínculos com uma série de
sintomas de outro modo considerados irrelevantes. Assim, também, a palavra to-
xina refere-se, no presente contexto, a um distúrbio bioplasmático e não a uma
manifestação clínica.
Uma vez compreendido esse ponto, a Tabela I, contendo algumas correlações
observadas ao longo de muitos anos, fornecerá sem dúvida um caminho viável
para possíveis áreas de pesquisa.
Os "miasmas" clássicos são em geral definidos da seguinte maneira:

Psora: Prurido epidérmico. Distúrbio funcional de órgão e sensações objetivas inu-


sitadas.

Sycosis: Neoplasias, verrugas, fibromas e papilomas, gota e osteoartrite, inflama-


ções e supurações pélvicas.

Syphilis: Todas as distorções de estrutura e função corporal. Destruição de tecidos.


Varizes, hérnias e má-oclusão dentária. Desequilíbrio psicogênico.
170 MEDICINA PSIONlCA

Fase negativa
O distúrbio originário do enfraquecimento do bioplasma é conhecido como "fase
negativà'. Difere do estado de condensação, que ocorre quando estão presentes
toxinas e miasmas. Relaciona-se à hiperatividade da propriedade de repulsão do
bioplasma. Os sintomas clínicos são: debilitação vital associada à superexpansão
da proteína; letargia; perda de coordenação física e psicológica; dores erráticas e
indeterminadas. A fase negativa costuma ocorrer em seqüência a cirurgias de por-
te, lesões e traumas psicológicos. Pode ser transitória, mas se o grau de desarranjo
for intenso ou prolongado, persistirá por longos períodos sem que se detecte a
causa. Estando presente, aumenta a possibilidade de infecção.

NOTA SOBRE A FASE NEGATIVA

Essa descrição da fase negativa representa, como dissemos, o conceito de Carl


Upton. Os profissionais psiônicos de hoje reconhecerão que ela dá conta do pro-
blema em parte, mas ressalvarão que tal fase é uma condição bem mais complica-
da do que o supunha Upton.
O Dr. George Laurence observou freqüentem ente deficiência de fósforo no
organismo, o que pode explicar a fraqueza geral tão característica da fase negativa
e foi confirmado pelos clínicos atuais.
O Dr. Gordon Flint, presidente do Instituto, também acha que, como a fase
negativa mascara qualquer outro fator tóxico e bloqueia a maioria das formas de
tratamento, é sempre importante fazer novos testes, quando uma terapia específi-
ca foi selecionada, para identificar a toxina oculta e combatê-Ia com armas próprias.
No cenário clínico, explicando a fase negativa ao paciente, o Dr. Flint compa-
ra-o a uma pessoa à beira do abismo. Em circunstâncias normais, quando ela não
sofre de vertigens, tudo bem; mas no estado negativo a névoa à sua volta é tão
densa que a impede de ver a própria mão estendida e não lhe permite saber onde
está a borda - exceto que está bem próxima. Em desespero, não consegue devassar
a neblina para pedir ajuda, e quem poderia ajudá-Ia também não a vê. As únicas
opções são: 1) ficar quieta até a névoa esfumar-se, o que certamente acontecerá,
quer leve dias ou semanas e 2) esperar que um tratamento específico possa ser
selecionado para afugentar as nuvens o mais depressa possível, tornando clara a
localização da borda e apontando o melhor caminho para afastar-se dela, desde
que evite possíveis barrancos, escarpas, etc., os quais representam out;os fatores
tóxicos antes esbatidos na névoa.
Quanto à hipoglicemia citada por Carl Upton, o Dr. Flint acredita que ela
não seja nem uma constante nem, em si mesma, um achado diagnóstico. Valendo-
se de seus conhecimentos de química, realizou inúmeras pesquisas sobre o equilí-
brio ácido-base, que pode influenciar as taxas relativas de açúcar no sangue.
A MEDICINA PSIÚNICA NA PRÁTICA 171

A Tabela 1 foi compilada por Carl Upton e não deve ser considerada uma lista
definitiva dos miasmas e toxinas, nem de seus efeitos. Muitos ainda estão por ser
descobertos, porém estes são os mais comuns e de certa forma representam o
registro completo. Queira o leitor examinar também as tabelas do Capítulo 6, do
Dr. Farley Spink, e do Capítulo 14, do Dr. Mark Elliott.

Miasma ou toxina da tuberculose


As manifestações clínicas são muitas e diferentes, incluindo: asma, eczema, enxaqueca,
diabete, doença de Hodgkin, instabilidade emocional (sobretudo na infância), cáries
dentárias, distúrbios glandulares e vários comprometimentos funcionais. Prevalece o tem-
peramento calmo e artístico.

Miasma ou toxina da sífilis


Relaciona-se a diversas condições neurológicas e psicóticas que afetam a função nervosa e
o comportamento psicológico. Aborto espontâneo, parto prematuro, infertilidade, vários
desvios físicos ou comportamentais (inclusive a sÍndrome de Down), esclerose múltipla,
ataxia e disfunção. Temperamento violento, agressivo, tendente à prepotência.

Toxina da gonorréia
Neoplasias, verrugas, fibromas, papilomas e formações tumorais são freqüentemente asso-
ciados a essa condição. Osteoartrite, gota e supurações catarrais geniturinárias; prostatites.
Tendência à retração e ao egocentrismo.

Toxina do sarampo
Problemas de pele e afecções dos tecidos cardiovasculares, membranosos e epiteliais. Quando
associada ao estado tuberculoso, o que é comum, essa toxina pode agravar os efeitos clíni-
cos e, não sendo expelida, tende a entranhar-se e tornar sua remoção mais difícil.

Staphylococcus aureus
As toxinas residuais podem provocar sintomas respiratórios e gastrintestinais crônicos.
Sinusite, tonsilite e bronquite refratária ao tratamento convencional (quase sempre por
antibióticos) indicam com freqüência a presença dessa toxina. Relaciona-se também à
inflamação crônica da vesícula biliar e a outros distúrbios do sistema porta.

Staphylococcus albus
Problemas de pele, furúnculos e carbúnculos sugerem a presença dessa toxina.

Streptococcus
Condições cardiovasculares, osteomusculares e neurológicas podem estar relacionadas.
Observa-se com freqüência o envolvimento das meninges e mucosas. Infecções de garganta.
172 MEDICINA PSIONICA

Influenza
Depressão (às vezes por longo período). Distúrbios respiratórios e gastrintestinais. Estados
emocionais negativos, lassidão e falta de energia.

Micrococcus catarrhalis
Sinusite crônica, rinite.

E. colí
Inflamação crônica e recorrente do trato geniturinário. Cistite, males dos rins, prostatite.

Colí bacilli atípicos


Costumam afetar todos os sistemas, com evidência de tentativa, por parte do organismo,
de expelir as substâncias tóxicas. Podem estar envolvidos os canais dos sistemas porta,
geniturinário, osteomuscular, linfático e cutâneo. Esgotamento físico e mental.

Febre glandular
Anormalidades linfáticas e debilitação recorrente.

Malária
Distúrbios do sangue, debilidade, depressão e perturbações psicológicas.

Desinteria amebiana
Males do fígado e problemas digestivos crônicos, às vezes por longos períodos. Fraqueza
geral.

Poliomielite
Constipação refratária. Função muscular desordenada, conducente a deformações. Insta-
bilidade local.

Alumínio
Problemas cutâneos, digestivos e neurológicos. Varizes. Ulceração péptica, hérnia de hiato
e esofagite. Inflamações intestinais.

Vacinação
Neoplasias fibrosas, tumores, verrugas. Os sítios mais comuns das anormalidades são a
pele, o seio e o trato geniturinário.

Paratifóide
Distúrbios osteomusculares e digestivos.

Coqueluche
Dores crônicas no peito.
A MEDICINA PSIONICA NA PRÁTICA 173

SalmoneUa
Problemas digestivos crônicos. Fraqueza.

Herpes Zoster
Dor e lesão cutânea persistentes. Fraqueza.

Brucelose
Má saúde crônica, afetando diversos sistemas e tornando lenta a recuperação do paciente.

Parasitos internos
Toxemia geral, que pode afetar qualquer órgão, produzindo irritação e fraqueza generalizadas.

Parasitos tropicais
Distúrbios digestivos persistentes e afecções de tecidos fibrosos em virtude de toxemia
crônica.

Numa escala de pH, ele descobriu que a mulher normal, de qualquer idade,
parece sair-se melhor com um pH de 7,1 (derivado de teste radiestésico), ao passo
que o homem situa-se de preferência no lado alcalino de pH 7,5. Os verdadeiros
pacientes de ME, ao que tudo indica, apresentam um substrato de pH ácido de
6,5 (quando podem aparecer sinais de hipoglicemia). Já as pessoas em fase negati-
va costumam operar, sem nenhuma eficiência, com um pH alcalino de 8,0.
(Ver também a seção sobre "Resposta positiva ou negativà' no Capítulo 6, que
trata dos miasmas e toxinas, do Dr. Farley Spink.)

Casos clínicos
Aqui chegados, vale a pena reservar algum tempo para examinar os tipos de condi-
ções observadas na prática psiônica e ter um vislumbre da espécie de tratamento
proposto.
Os casos seguintes foram colhidos em artigos publicados na revista Journal o/
the Psionic Medical Society. Não se acham dispostos em ordem cronológica, mas
livremente, conforme a queixa apresentada. Essa opção foi deliberada porque os
casos de responsabilidade do Dr. George Laurence e do Sr. Carl Upton aparecem
ao lado dos de profissionais contemporâneos.

ENXAQUECA

Esta condição é extremamente comum hoje em dia. O tratamento convencional


consiste no emprego de meditação quando as crises são graves e ocasionais ou de
medidas profiláticas quando se tornam freqüentes. Bem o sabem os que dela pa-
decem quão debilitante ela é.
174 MEDICINA PSI0N1CA

A análise psiônica concluiu que os efeitos resultam de distúrbios miasmáti-


cos, quer hereditários, quer adquiridos, e que graças a um tratamento adequado a
doença pode muitas vezes ser permanentemente curada.
Casos mais brandos seriam fruto de toxinas adquiridas ocultas. Há o exemplo
de uma senhora cujas cefaléias constantes eram insuportáveis quando ela chegou
aos 43 anos. A análise psiônica revelou uma toxina da malária, seqüela de uma
crise durante a infância. A remoção dessa toxina promoveu a cura completa.

Sr. C. ~, 57 anos
A primeira manifestação da enxaqueca, com dores de cabeça intensas, náuseas e
vômitos, ocorreu aproximadamente aos 18 anos de idade.
As crises, muitas vezes associadas a eventos emocionalmente penosos, em ge-
ral duravam algumas horas, respondendo à sedação leve e ao sono. Com o tempo,
porém, a duração foi aumentando até alcançar uma duração de três dias, inician-
do-se comumente ao despertar.
Por alguns anos, as crises pareciam obedecer a uma espécie de padrão rítmico
e se manifestavam quase sempre nos fins de semana. Ao que tudo indicava, certos
alimentos aguçavam a suscetibilidade. Os efeitos perturbadores da doença leva-
ram o paciente a buscar todas as formas de tratamento, na ânsia de curar-se. A
medicação ortodoxa com tartarato de ergotamina e outras drogas não deu resulta-
dos, tendo ele de recorrer a sedativos fortes à base de codeína e permanecer quieto
num quarto escuro.
Em 1966, um diagnóstico psiônico revelou a existência de miasmas tuberculosos
de dois tipos: bovino e de Koch. O tratamento durou várias semanas. Desde en-
tão, não houve mais crises características. Ocorreram algumas cefaléias ocasionais
como conseqüência de períodos de estresse, mas responderam prontamente a se-
dativos leves.

Sr. S. C. ~, 44 anos
O paciente relatou que sofria de crises freqüentes de enxaqueca há vinte e cinco
anos, ultimamente várias vezes por semana. Também se queixou de cansaço fre-
qüente. Os primeiros sinais da crise eram lampejos de um dos lados da cabeça,
seguidos de dores nesse lado, enjôo e vômitos na maior parte das ocasiões. No
decorrer da crise, a luz o incomodava. E a crise persistia por cerca de cinco
horas.
A análise psiônica revelou miasma tuberculoso duplo e desequilíbrio das meninges.
Havia ainda uma toxina do sarampo. O tratamento foi iniciado com vistas a elimi-
nar os fatores tóxicos herdados ou adquiridos, ocorrendo de pronto uma resolução
de freqüência e intensidade das crises. Cinco meses depois, o paciente escreveu
A MEDICINA PSIONICA NA PRÁTICA 175

dizendo: "Já acabei de tomar os comprimidos. Tenho o prazer de comunicar-lhe


que, desde minha última carta, não sofri mais crises de enxaqueca."

Sra. X., 45 anos


A paciente tinha fortes crises de enxaqueca desde que começara a menstruar, aos
13 anos, juntamente com uma série de episódios alérgicos. Recorrera a todas as
formas de tratamento imagináveis, sem obter alívio duradouro.
Mostrou ser um caso difícil de tratar, porquanto a causa básica detectada eram
três miasmas hereditários (inclusive o mÍl1Sma tuberculoso duplo), que resistem muito
à eliminação. E, com efeito, só depois de cinco fases de terapia básica é que os
miasmas puderam ser finalmente removidos.
Houve agravamentos homeopáticos, mas de um modo geral os sintomas fo-
ram aos poucos se abrandando até que quatro meses após o início do tratamento,
ela se achou capacitada a informar que obtivera uma vitória.
O tratamento prosseguiu, intermitentemente, por mais seis meses, quando
então se registrou uma melhora em todos os sentidos. Ainda teve de medicar-se
por motivo de achaques sem importância, contraídos durante uma viagem ao
exterior - mas a enxaqueca e os sintomas alérgicos originais são hoje coisa do
passado.

Sr. J. w., 20 anos


Este caso é típico de muitos pacientes de enxaqueca, tanto sintomática quanto
causativamente. O jovem queixava-se de crises constantes e intensas de cefaléia e
fotofobia, usualmente em intervalos semanais. A crise durava de um a dois dias,
acompanhada pela náusea característica. Não havia outros sintomas de monta,
afora uma alta incidência de cáries dentárias.
A análise psiônica revelou o miasma tuberculoso duplo e atividade do Sycoticus
coli, um organismo de fermentação não-Iáctica presente nos intestinos e usual-
mente associado ao estado catarral.
Prescreveu-se tratamento para a eliminação dos miasmas e da toxina. A res-
posta foi rápida e os sintomas arrefeceram em poucas semanas. Pouco depois, o
paciente contraiu gripe, adequadamente tratada por remédios homeopáticos, mas
que levou a um curto período em fase negativa com suas sensações típicas de can-
saço e depressão. Mais ou menos três meses após o primeiro tratamento para a
remoção dos miasmas, alguns sintomas de padecimento nos brônquios surgiram,
logo apontados como conseqüência de uma infecção por Staphylococcus aureus.
Debelada a infecção, o jovem não mais necessitou de tratamento, permanecendo
desde então saudável e livre de sintomas.
176 MEDICINA PSIONICA

SíNDROME DE RAYNAUD

Trata-se de uma condição circulatória que afeta principalmente as mãos, mas às


vezes também os pés. As crises são em geral precipitadas pelo frio e o movimento
(sobretudo vibratório), podendo contudo ser puramente casuais. Caracterizam-se
por episódios de espasmo arteriolar, que torna os dedos brancos, gelados e dolori-
dos. De minutos a horas, o local costuma apresentar sinais de cianose (na cor
azulada ou púrpura, em virtude da diminuição do fornecimento de oxigênio aos
tecidos). Por fim, manifesta-se a fase de vermelhidão.
Quando a condição não está associada a distúrbios subjacentes, chama-se
sÍndrome de Raynaud e não se observam alterações na pele. Isso é mais comum
em mulheres jovens.
Quando a condição se deve a algum distúrbio oculto, dá-se-Ihe o nome de
fenômeno de Raynaud. Ocorre em pessoas com distorções do colágeno, anorma-
lidades protéicas ou trauma vibracional ocupacional.
O tratamento psiônico produz às vezes resultados espetaculares.

Srta. R. ~, 32 anos
Esta mulher de ascendência afro-caribenha sofrera de mãos geladas a vida toda.
Não pudera praticar esportes na escola nem passava muito tempo fora de casa
durante o inverno. Só nos meses de verão conseguia dispensar as luvas. E mes-
mo então evitava nadar, pois a temperatura das piscinas comuns podia provocar
CrIses.
Com a idade de 30 anos submeteu-se à análise psiônica, que detectou uma
toxina da lepra herdada. Após tratamento com o nosodo e alguns remédios ho-
meopáticos de apoio, o problema praticamente desapareceu.
Naquele inverno ela folgou muito em brincar na neve com o sobrinho - sem
luvas.

Sr. A. S., 54 anos


Este senhor precisou deixar seu emprego numa indústria de porte por causa do
desenvolvimento de "dedo branco", um fenômeno Raynaud ocupacional. Grande
fumante, foi aconselhado a abandonar o vício - o que fez, mas sem obter alívio
para o problema.
A análise psiônica revelou a presença de uma toxina proteus adquirida. Elimi-
nada esta, juntamente com um miasma tuberculoso duplo herdado, os sintomas
arrefeceram. De novo graças ao apoio de medicamentos homeopáticos, a condi-
ção desapareceu completamente.
A MEDICINA PSIÚNICA NA PRÁTICA 177

ASMA E CONDiÇÕES RELACIONADAS

A asma e o eczema vêm se tornando problemas cada vez mais comuns. Com
freqüência, são condições entranhadas que exigem medicação homeopática por
longo período; mas o tratamento psiônico quase sempre é bem-sucedido.

M. H., 9 anos
Este garoto vivera atormentado pela asma e o eczema recorrente desde a idade de
seis meses. Só quando ele completou nove anos é que seus pais recorreram ao
conselho de um profissional psiônico, que descobriu dois miasmas subjacentes -
TK(miasma tuberculoso de Koch) e poliomielite. Após dois meses e meio, o miasma
da polimielite foi eliminado e o TK grandemente reduzido. Mas logo se descobriu
também um TB (miasma tuberculoso bovino) e um pertussis (coqueluche).
O tratamento prosseguiu por mais seis meses. Porém, embora o miasma da
coqueluche desaparecesse prontamente e se reduzissem as leituras do TK e do TB,
esses miasmas revelaram-se muito resistentes. Só depois de outros seis meses é que
puderam ser eliminados. Nessa altura, o garoto desenvolveu uma infecção por
staphylococcus aureus e, surpreendentemente, os miasmas se tornaram ativos por
mais dois meses, antes de desaparecer por completo.
Durante um ano de escola, metade do qual despendido em tratamento contí-
nuo, sua saúde melhorou consideravelmente e ele não teve problemas. Mas, de
volta à casa para as férias de verão, a asma reapareceu. Concluiu-se que isso se
devia à excitação emocional e, de fato, após novo tratamento homeopático, o qual
cedeu e no Natal não houve recorrência, apesar de uma epidemia de gripe que
grassava na época.
No ano seguinte, seu pai escreveu: "Concluo que a terapia dispensada a meu
filho mostrou-se progressivamente bem-sucedida. Sua saúde é agora excelente e
sua assiduidade na escola, perfeita. Ele está se saindo bem nos estudos e convive
normalmente com os colegas."
Este caso revela um fato importante, ou seja, que em condições crônicas reni-
tentes um padrão residual parece persistir temporariamente, mesmo depois de
removidas as causas, podendo ser acionado por fatores tóxicos ou emocionais,
como aqui, em que a emoção suscitou uma crise asmática.

N. T., 7 anos
Esta criança sofrera de asma praticamente a vida toda. Faltava com freqüência às
aulas e inquietava bastante a mãe, que pouco podia fazer por ela.
A análise psiônica revelou os usuais miasmas TB/TK juntamente com uma
toxina de sarampo. Após duas séries de tratamento, sua mãe relatou que o menino
178 MEDICINA PSIONICA

deixara de contrair resfriados e não mais tivera crises de asma, quando antes um
resfriado sempre produzia ataques severos. Não mais precisou de cuidados e, se-
gundo a mãe, a vida de ambos mudou.

Sra. F. M. H., 60 anos


Esta paciente sofria de asma desde os 44 anos, com intensidade cada vez maior.
Fora criança delicada, propensa a males do peito. Queixava-se de opressão respira-
tória e de bronquite recorrente. Relatou também constipação e aumento de cintu-
ra ao nível do diafragma. Havia catarata incipiente. Foram feitas cirurgias para a
remoção da vesÍcula e do apêndice.
Uma análise psiônica feita em 1968 indicou a presença do miasma tuberculoso
duplo com toxinas adquiridas de infecção por streptococcus e maldria. Nova análise
revelou que a paciente era sensível a alumínio utilizado na cozinha.
Várias séries de remédios homeopáticos foram necessários, sendo a última em
abril de 1969, quando um organismo intestinal de bacillus coli atípico se mostrou
presente. Após sua remoção, a paciente relatou bom estado geral de saúde e decla-
rou-se completamente livre tanto da asma quanto dos demais problemas do peito.
A melhora foi constante.
O caso ilustra a diversidade de sintomas que podem se manifestar em conse-
qüência da mescla de miasmas e toxinas adquiridas. Mostra também que, em
certas circunstâncias, a resposta final do organismo em processo de cura produz
alterações na flora intestinal. Corrigido esse problema, o caso avança para uma
conclusão satisfatória.

Sra. I. C., 49 anos


Este foi um caso de dermatite crônica nos braços e nas pernas, que não respondia
ao tratamento médico ortodoxo. Estavam presentes diversas formas de lesões
epidérmicas, que seu clínico-geral e o dermatologista local vinham enfrentando há
três anos sem nenhum êxito. Dado que essa senhora utilizava detergentes em duas
tarefas domésticas, pensou-se que isso poderia afetá-Ia e recomendou-se o uso de
luvas - de novo sem quaisquer efeitos. O mal parecia disseminar-se e a paciente
caiu em desespero.
A conselho de seu patrão, ela concordou em submeter-se à análise psiônica,
que revelou miasmas herdados de sífilis e tuberculose, bem como toxinas e
staphylococcus e alumínio. Prescreveu-se o tratamento homeopático adequado e a
melhora foi imediata. Após três séries de remédios, as lesões desapareceram de
todo e a pele voltou à normalidade. A paciente não suspendeu seu trabalho do-
méstico. E dois anos depois, a pele ainda se apresentava normal.
A MEDICINA PSIONICA NA PRÁTICA 179

M. S. R., 7 anos
Esta menina teve sarampo aos vinte meses e bronquite aos dois anos de idade,
seguida mais tarde de nova crise e, um mês depois, teve pneumonia.
Daí por diante esteve sujeita a episódios de asma. O mínimo resfriado pare-
cia acionar o achaque, só aliviado por vaporizador e xaropes broncodilatadores.
A crise durava em geral uma semana e a menina tinha muitas vezes de ser levada às
pressas para o hospital.
Quando beirava os sete anos, buscou-se outra forma de aconselhamento. A
análise psiônica mostrou que os fatores subjacentes da doença eram os miasmas
TE/TK, além da toxina adquirida de sarampo. Prescreveu-se o tratamento, que a
princípio agravou a asma (agravação homeopática); mas ela logo se recuperou.
Com a seqüência da terapia, os miasmas e a toxina desapareceram, de sorte que na
primavera seguinte, a despeito do frio que fizera no inverno, ela se sentiu livre da
asma e gozou de boa saúde a partir de então.

ALERGIAS E SENSIBILIDADE AO ALUMíNIO

São freqüentes as afecções de pele - e muitas vezes difíceis de diagnosticar.


Podem surgir em conseqüência de condições alérgicas, mas em muitos casos
resultam de toxinas adquiridas das energias adversas do alumínio.
O alumínio também parece ter efeito deletério sobre os sistemas cardio-
vasculares, gastrintestinal e nervoso, sendo muito empregado em utensílios de
cozinha, embalagens de alimentos, cosméticos, desodorantes e latarias.

Sra. D. M., 40 anos


A queixa, neste caso, eram manchas secas recorrentes, sobretudo na face, que às
vezes se tornavam avermelhadas e pruriginosas. O início era usualmente inespera-
do e rápido. Havia também, ao mesmo tempo, laceração da pele em um dos lados
das narinas, com ulceração persistente. O olho costumava igualmente ser afetado.
Não se detectaram miasmas ou toxinas associados a doença infecciosa, porquanto
já haviam sido removidos anteriormente. Uma nova análise, mais aprofundada,
revelou que a paciente era sensível a pêlo de gato. Assim, durante uma crise, pres-
creveu-se pêlo de gato potencializado e já na segunda dose a pele sarou por com-
pleto.
Semanas depois, no entanto, observou-se de novo a erupção, com característi-
cas epidérmicas semelhantes. A dose de pêlo de gato dessa vez não funcionou. E
outra análise ainda mais abrangente indicou sensibilidade à prímula, planta que
de fato existia na casa. Atentando-se para essa nova possibilidade, um exame cui-
dadoso demonstrou que, com efeito, quando a paciente tocava a prÍmula, apre-
180 MEDICINA PSIONlCA

sentava imediata reação dermatológica. Prescreveu-se então prímula homeopática


e a planta foi removida. As queixas cessaram.
Este caso mostra que, quando se eliminam as predisposições constitucionais
básicas, não se segue necessariamente a cessação dos efeitos residuais. Eles podem
persistir e exigir atenção por mais algum tempo.

Sra. ~ T., 40 anos


Esta paciente sofreu de uma área crônica de ulceração na perna direita durante três
anos. O problema não respondia a nenhuma forma de tratamento ortodoxo. Ela
tinha pele amarelada e relatou uma história de pielite que durara dez anos. Quei-
xava-se ainda de uma lesão ocular, possivelmente de origem tropical.
A análise psiônica revelou a presença do miasma tuberculoso duplo juntamente
com toxina E coli adquirida de envenenamento por alumínio. Iniciou-se a terapia
apropriada e recomendou-se à paciente livrar-se de todos os utensílios de alumí-
nio. Houve boa resposta à medicação original, que prosseguiu a intervalos e sem-
pre com melhora crescente. Após quatro meses, relatou-se recuperação completa,
sem mais indícios da antiga condição epidérmica.

Srta. J., 27 anos


Esta jovem sofria de colite ulcerativa há três anos quando foi examinada pela pri-
meira vez. Os medicamentos ortodoxos quase sempre a faziam sentir-se mal. Esta-
va farta das administrações retais diárias de esteróides, embora eles parecessem
controlar seus sintomas. Detestava sobretudo os exames hospitalares freqüentes e
os procedimentos clínicos invasivos.
Segundo a análise psiônica, ela apresentava a toxina do alumínio, as toxinas
tuberculosas duplas e a toxina da candida albicam. Após a remoção destas, precisou
de considerável reequilíbrio do sistema porta e da eliminação de uma toxina da
chlamydia. Só depois de uma segunda eliminação dos resíduos de alumínio a jo-
vem se viu livre dos sintomas. Continua com boa saúde, embora precise evitar o
alumínio ao máximo. O reconhecimento e o tratamento das causas subjacentes de
sua doença resultaram em melhora geral física e psicológica.

Sr. I. B. M. C., 56 anos


Neste caso, houve um desequilíbrio de cólon por dez anos, originalmente associ-
ado a dores nas virilhas e testículos. O paciente apresentava sintomas de enxaque-
ca. Tinha pouco apetite. Em criança apresentara um episódio de difteria.
A análise psiônica mostrou os miasmas tuberculosos duplos juntamente com a
toxina adquirida do sarampo e a toxina do alumínio. Prescreveram-se três séries de
A MEDICINA PSIONICA NA PRÁTICA 181

remédios em quatro meses, com bons resultados. O paciente, que tivera longo
contato com o alumínio, substituiu todos os utensílios da cozinha por peças de
ágata e aço inoxidável, evitando o alumínio o mais possível.
Naquele mesmo ano o paciente notou uma ligeira recorrência, que a análise
revelou dever-se à toxina do alumínio, outra vcr. eliminada.
Algum tempo depois, ele escreveu dizendo ter descoberto que a fonte da expo-
sição ao alumínio tinha sido produzida por alimentos congelados, antes prepara-
dos numa panela de pressão desse metal.

CONDiÇÕES PSICOLÓGICAS

Neste campo, há em geral grandes possibilidades para a análise psiônica. O trata-


mento psiônico vem obtendo considerável êxito no combate à ansiedade, depres-
são, fobias e mesmo condições psicóticas como esquizofrenia e doença maníaco-
depressiva.

Sra. E. P., 44 anos


Essa paciente apresentava um quadro de explosões de violência e agressão verbal.
Em 1966, com 41 anos de idade, montou uma empresa de transportes cujo cres-
cimento foi tão rápido que a sobrecarregou de problemas. Em 1968 sofreu um
"colapso", retraiu-se, passando a ocupar-se de ocultismo e espiritualismo, com
diversas manifestações e sintomas psicóticos finalmente diagnosticados como
esquizofrenia. A essa altura, perdera a tal ponto contato com a realidade que mer-
gulhou a si mesma e ao marido em pesadas dívidas. Sua condição se deteriorou e,
em 1970, meteu-se na cama assoberbada de fantasias e ilusões quanto à própria
identidade. Foi finalmente internada num hospital para doentes mentais, mas
recusou tratamento e saiu de lá dois dias depois.
O marido, em desespero, buscou aconselhamento homeopático em institui-
ções médicas psiônicas. A análise revelou os miasmas sifilítico e o tuberculoso, que
lhe afetavam principalmente o cérebro e o sistema nervoso central. Entretanto,
havia também a presença de um bacilo coli atípico nos intestinos (talvcr.resultado
de uso anterior de antibióticos) e desidratação celular.
Prescreveu-se tratamento em quatro etapas, porém a administração mostrou-,
se muito difícil e em certos momentos inviável, pois a paciente fumava sem parar,
bebia chá, café e vinho nas horas em que tinha de tomar os remédios, apesar das
recomendações em contrário, e por fim recusou todo tratamento durante dois
períodos entre a segunda e a terceira etapas.
Em abril suas condições pioraram a ponto de exigir internação hospitalar. De
volta para casa, entretanto, interrompeu o tratamento e novamente piorou, tendo
182 MEDICINA PSIONICA

de guardar o leito. Felizmente, nessa altura, concordou em tomar os remédios


homeopáticos e completou a terceira etapa. Mas continuava a beber, pois não
conseguia dormir.
A quarta etapa foi então iniciada. Depois da primeira dose, conseguiu dormir
profundamente. Nos dias seguintes, passou a beber menos e a dormir melhor. Na
sexta dose (décimo quarto dia), declarou sentir-se bem e que acreditava ter supera-
do uma crise.
Ela continuou a convalescer a olhos vistos e, pelo final de agosto, viajou com
o filhinho e a mãe para a costa sul. Quando seu marido encontrou-a no fim de
semana, achou-a "saudável, alegre e normal". Uma análise psiônica, realizada um
mês depois, mostrou que finalmente se livrara de todos os miasmas e fatores tóxicos.
Daí por diante, foi voltando aos poucos ao estado normal. O humor e a inte-
ligência rápida reapareceram. Tornou-se cada vez mais ativa fisicamente e o mari-
do confessou: ''A mudança é tão notável que os dois últimos anos parecem irreais."
Dois anos depois ela estava de volta ao trabalho e reassumia os antigos hobbies.
De fato, deixara a doença para trás e tinha um futuro pela frente.

Srta. R. F., 35 anos


Este foi um caso de medo ao vômito. Trata-se de uma fobia social que quase
sempre responde muito bem à hipnoterapia. Contudo a paciente, embora bom
sujeito hipnótico, ainda revelava o mesmo medo em determinadas situações. Con-
cordou com uma análise psiônica, que indicou a presença de Dys co.
Dois tratamentos foram prescritos para o problema.

Existem muitos outros casos consignados na literatura da Sociedade Médica


Psiônica, mas a seleção acima foi feita para mostrar o leque de condições sujeitas à
abordagem psiônica.

Notas
1. Panacéia, remédio universal ou "cura-tudo". Do grego panakeia (pan, "tudo", e akeisthai,
"curar", de akos, "remédio").
Na mitologia grega, Asclépio (Esculápio), o deus da cura, tinha várias filhas, sen-
do suas favoritas Higéia e Panacéia. O juramento original de Hipócrates começa as-
sim: "Juro por ApoIo, Higéia, Panacéia e todos os deuses e deusas do panreâo ..."
o Método Psiônico
na Odontologia

doença. Entretanto, uma parte não-negligenciável da prática médica


Nossas discussões,
ocupa-se da higieneatédentária,
agora, concentraram-se nos aspectos gerais
onde as técnicas psiônicas ensejam da
possi-
bilidades normalmente insuspeitadas. Existem duas atitudes em relação ao pro-
blema dos distúrbios dos dentes, a preventiva e a conservativa, ambas aplicáveis
em seus contextos apropriados.
As condições da sociedade contemporânea enfatizam inevitavelmente as téc-
nicas de conservação. O dentista se vê às voltas com exigências imediatas e pre-
mentes para que salve dentes já agredidos pela doença, às vezes de maneira irreme-
diável. Por isso novas técnicas de anestesia e restauração mecânica evoluíram
bastante, com um acervo mais e mais substancial de materiais e equipamentos.
É lícito dizer, entretanto, que o profissional consciencioso quase sempre con-
sidera a salvação de um dente o aspecto menos satisfatório de seu ofício e gostaria
de aplicar seus conhecimentos na prevenção. Nesse âmbito, há duas escolas de
pensamento. Uma acredita que os distúrbios dentários devem-se em grande parte
ao ambiente, de sorte que, embora a cirurgia restauradora tenha algum valor pre-
ventivo ao assegurar uma adequada função mastigadora (e satisfação estética), de-
veria ser apoiada por uma boa higiene bucal e uma correta estimulação dos tecidos
de sustentação dos dentes.
Vem aqui a pêlo o tema controvertido da fluoretação da água dos reservatórios
públicos. Pensava-se que a aplicação local de concentrações à base de flúor evitaria
as cáries. As evidências científicas não dão unanimidade a essa tese e muitos estu-
diosos garantem que ela carece de provas e é, mesmo, potencialmente perigosa. A
polêmica prossegue.
No mesmo nível, há a questão espinhosa dos amálgamas de mercúrio. Pesqui-
sas cada vez mais numerosas indicam que o emprego do mercúrio é coisa do pas-
sado e positivamente perigosa para certas pessoas. Segundo a experiência de inú-
meros profissionais psiônicos, a toxicidade por mercúrio pode provocar ou agravar
diversas condições capazes de afetar o sistema nervoso central e partes remotas do
183
184 MEDICINA PSIONICA

corpo. Infelizmente, a completa remoção de obturações antigas e sua substituição


por alternativas modernas são muitas vezes problemáticas, devido à imediata libe-
ração das toxinas. Existem, com efeito, indícios de que quando uma obturação de
amálgama precisa ser retirada, deve haver uma ordem correta de procedimento.
Mora esses entraves, porém, existe o aspecto da dieta e da nutrição. Os ecolo-
gistas acham que aqui está a chave - ou pelo menos seu corpo principal- para
abrir a porta à saúde e garantir a prevenção da doença, dentária ou outra qualquer.
Muito se diz e escreve sobre esse assunto, da simples recomendação para evitar
excessos, cortar carboidratos refinados e outros alimentos processados ou conta-
minados quimicamente até a sugestão para adotar uma dieta predominante ou
totalmente vegetariana.
Argumentou-se, com razão, que o modo de vida da sociedade contemporânea
nas comunidades industrializadas não propicia a criação de um ambiente onde a
saúde possa florescer. Mesmo o exercício físico, necessário a um metabolismo sau-
dável, está marginalizado num mundo em que os transportes e recursos mecânicos
em geral usurpam quase todas as funções humanas normais.
Face a essa realidade, sem dúvida é preciso buscar soluções em outra parte. Tal
a visão da escola holística, que persegue uma compreensão mais profunda das
principais causas do sofrimento. Os distúrbios dentários são considerados meros
desvios específicos e locais de saúde geral, de modo que o problema cifra-se na
localização das razões subjacentes desse desvio e na descoberta dos meios pelos
quais ele possa ser prevenido ou pelo menos amenizado.
É aqui que os métodos psiônicos se mostram inestimáveis e, de novo, podere-
mos citar Carl Upton, cuja formação e posterior experiência em odontologia res-
tauradora não satisfazem à sua crença intuitiva na necessidade de esmiuçar as cau-
sas dos distúrbios, cuja pista acabou descobrindo na obra de George Laurence.

Carl Upton, dentista e profissional psiônico (1910-1996)


Carl Upton fez mais que qualquer outro homem para promover a obra pioneira
do Dr. George Laurence. Por muitos anos, foi a força propulsora da Sociedade e
do Instituto de Medicina Psiônica.
Nascido numa família de fazendeiros ingleses, ingressou na Faculdade de
Medicina da Universidade de Birmingham, onde estudou odontologia. Durante
o curso, sempre enfatizou a necessidade de colaboração estreita com os colegas o
tempo todo, o que influenciou materialmente sua visão da disciplina. Depois de
formar-se, praticou durante dois anos antes de entrar para o Serviço Médico do
Exército, onde permaneceu oito anos, na pátria e no Oriente Médio. Foi em se-
guida lotado no Ministério da Guerra como diretor-assistente substituto do Servi-
ço Dentário do Exército, cargo que ocupou durante a segunda metade da guerra.
o MÉTODO PSIONICO NA ODONTOLOGIA 185

No fim das hostilidades, especializou-se em cirurgia dentária maxilofacial no


Hospital Vitória, East Grinstead, sob a orientação de Sir Archibald McIndoe, e
subseqüentemente foi nomeado cirurgião-dentista do Alto-Comando, na Ingla-
terra e mais tarde em Cingapura. Em 1948, deixou o Exército e praticou na África
do Sul, onde permaneceu durante alguns anos, trabalhando em estreita colabora-
ção com colegas da área médica nos hospitais locais.
Nesse período, desenvolveu crescente interesse pelos aspectos preventivos da
odontologia e aproveitou todas as oportunidades para pesquisar novas idéias, or-
todoxas ou não, que pudessem lançar luz sobre as causas básicas dos males dos
dentes. Nisso, foi grandemente ajudado por suas viagens e conhecimento de di-
versas culturas. Na volta à Inglaterra, em 1963, passou a atentar cada vez mais para
as possibilidades da homeopatia em relação a condições dentárias; e, após fazer
contato, primeiro com Westlake, depois com Laurence, concluiu que o termo de
sua busca era a filosofia integrada da Medicina Psiônica.
Carl conheceu Laurence, então com 86 anos, em 1966. Logo se mostrou seu
melhor discípulo. Valendo-se de muitas idéias próprias a respeito de saúde e doença,
trabalhou com Laurence para esboçar o conjunto de procedimentos diagnósticos e
terapêuticos ora conhecido como a técnica de Laurence-Upton de análise psiônica.
Em 1968, abandonou a carreira prática para devotar-se à tarefa de reconcilia-
ção da ciência médica com as artes tradicionais de cura, de que a Medicina Psiônica
constitui elemento dos mais importantes. Naquele ano, foi fundada a Sociedade
Médica Psiônica.
Mais tarde, Laurence pediu-lhe que elaborasse um programa de treinamento
para médicos e dentistas, surgindo daí o Instituto de Medicina Psiônica, habilita-
do a conceder títulos de membros e bolsistas a candidatos adequadamente qualifi-
cados e a examinar projetos de pesquisa.
Carl foi o primeiro secretário tanto da Sociedade quanto do Instituto. Perce-
beu então a urgência de documentar os procedimentos de ambas as agremiações e
convidou o Dr. Aubrey Westlake, cujo livro The Pattern o/Health inspirara inúme-
ros profissionais, para editar a revista da Sociedade. Foi também o homem de
ligação entre um paciente, que propôs divulgar o trabalho do Dr. Laurence para
um público mais amplo, e J. H. Reyner, escritor, cientista e filósofo: o livro deste,
intitulado Psionic Medicine (no qual colaborou com George Laurence e Carl Upton),
apareceu em 1974. A segunda edição, ampliada e atualizada, chegou às livrarias
em 1982, com adições, um apêndice sobre bioplasma e receituário clínico da au-
toria de Carl. Além disso, na qualidade de pesquisador (e futuro editor da revista
Journal o/ the Psionic Medical Society and the Imtitute o/ Psionic Medicine), ele
publicou inúmeros estudos, artigos e folhetos, que em muito enriqueceram a lite-
ratura sobre o assunto.
186 MEDICINA PSIONlCA

Muitos dos profissionais psiônicos de hoje tiveram a sorte de terem sido ins-
truídos por Carl, que lhes desdobrava um panorama equilibrado das possibilida-
des da filosofia oriental e da ciência ocidental. O ensaio seguinte, originalmente
publicado pela Sociedade Médica Psiônica, resume suas idéias sobre o modo de
utilizar a Medicina Psiônica em odontologia.
Carl permaneceu ativo na prática médica psiônica até pouco antes de falecer,
em 1996.

o método psiônico na medicina dentária preventiva


"Laurence, graças a profundos conhecimentos de anatomia clínica da morbidade,
fisiologia e patologia, combinados com a experiência derivada de pesquisas no
âmbito daquilo que chamava de 'forças formativas', conseguiu estabelecer relações
causais definidas entre distúrbios produzidos no corpo formativo por certas doen-
ças ou infecções e sintomas clínicos, geralmente de moléstia crônica, no corpo
físico.
Sob a influência de uma visão científica devotada exclusivamente ao exame da
estrututa da matéria e seu comportamento, a prática médica e dentária condicionou-
se a observar e tratar o organismo físico-químico dentro dos limites do conheci-
mento técnico em que foi formada. Ora, dado que o conhecimento das forças
dinâmicas vitais da natureza não se enquadra nesses limites, a medicina e a odon-
tologia viram-se privadas, exceto no caso de um senso clínico realmente intuitivo
desenvolvido mercê de uma longa experiência clínica, da oportunidade de desco-
brir e compreender as causas profundas da doença, que jazem no cerne da vida do
homem.
Se a observação da personalidade física pode ser realizada com a ajuda dos
cinco sentidos e a assistência de técnicas e instrumentos laboratoriais, a da força
vital que determina a natureza do indivíduo só se faz com recutso a um leque
diferente de sentidos, ou seja, o exercício da faculdade psiônica.
Todo médico ou dentista sabe que as influências hereditárias desempenham
papel fundamental na constituição do paciente. Mas não conhece, necessariamen-
te, o caráter dessas influências. Ignora, portanto, a natureza das causas insuspeitadas
da má saúde que surgem da cadeia da herança - a menos que se haja voltado para
a direção apontada por Hahnemann e Lautence.
A fim de entender a doença dentária, cumpre não apenas examina~ a relação
entre a pessoa e o ambiente (e o tipo desse ambiente), mas também ponderar o
vínculo entre o corpo físico e sua essência vital. Se isso for feito, a prática dentária
assumirá um significado muito diferente: uma nova dimensão será acrescentada.
Embora a necessidade de salvação imediata dos dentes permaneça válida, in-
cluindo modificações no ambiente sempre que for desejável e possível, pode-se
o MÉTODO PSIONICO NA ODONTOLOGIA 187

instituir paralelamente tratamento com vista à correção das causas inerentes, res-
ponsáveis pela debilitação da estrutura e pelo metabolismo falho dos tecidos
dentários.
Laurence demonstrou não somente que as influências de doenças graves num
antepassado logram perturbar o equilíbrio do campo psi pessoal das gerações se-
guintes, expressando-se como miasmas, mas também que certas moléstias infecci-
osas têm efeito imediato ao produzir o que ele chamou de 'resquícios' ou Toxinas
Dinâmicas Adquiridas no corpo formativo. Ambos constituem fatores causativos
que precisam ser eliminados antes da cura no sentido real da palavra. Do ponto de
vista da odontologia, por mais meticulosa que seja a operação de restauração ou a
escolha dos alimentos e do modo de vida, o paciente permanecerá constantemen-
te sob risco de lesões dentárias se os miasmas e toxinas dinâmicas não forem remo-
vidos.
Em um número crescente de casos de distúrbios dentários diagnosticados e
tratados pelo método psiônico, a incidência mais elevada e quase universal é a dos
miasmas humanos e bovinos; há a evidência ainda não inteiramente confirmada
de que os da tuberculose bovina são especialmente importantes como possível
predisposição às cáries dentárias.
Tanto os miasmas quànto as toxinas dinâmicas adquiridas, vinculadas ao sa-
rampo, também ocorrem com freqüência. Menos comuns são os miasmas da sífilis
e da gonorréia. Entre as toxinas dinâmicas adquiridas mais corriqueiras estão as
associadas a staphylococcus aureus, streptococcus, E. coli, proteus, gaertner, morgan,
bacillus catarrhalis e poliomielite, além das derivadas de vacinação e alumínio. Não
se confirmou que todas elas tenham efeitos diretos sobre os distúrbios dentários,
embora, sem dúvida, a E. coli e a da vacinação predisponham a condições
paradontais.
É considerado de grande importância, agora que contamos com as técnicas da
Medicina Psiônica, diagnosticar e eliminar miasmas ou toxinas adquiridas nas
crianças sempre que possível e em escala crescente, à medida que novos profissio-
nais se tornem disponíveis. Não apenas as crianças respondem com rapidez e efi-
ciência a esse tratamento como, o que é mais benéfico, a cadeia dos miasmas se
rompe. As crianças assim cuidadas deixam de ser 'veículos' de influências adversas
e asseguram a seus próprios filhos uma melhor expectativa de saúde desde o início.
Durante a adolescência e a gravidez, todas as toxinas dinâmicas oriundas de infec-
ções agudas ou outras causas precisam ser removidas. A deficiência de qualquer
elemento ativo, vitaminas ou minerais essenciais, que em geral acompanha as per-
turbações do campo psi, exige reposição.
É evidente, com base nessas observações, que as técnicas psiônicas podem ser
de valor inestimável no combate ao moderno surto de moléstias dentárias debi-
188 MEOlCINA PSI0NlCA

litantes. Deve-se isso à introdução de uma nova dimensão na terapia, como ilus-
trado clinicamente a partir da experiência prática no trato das cáries.
Em sentido estrito, o quadro clínico apresentado por essa doença é uma rup-
tura dos tecidos duros dos dentes. Técnicas mecânicas são utilizadas para extirpar
tecidos doentes e fornecer restaurações funcionais substitutivas. É principalmente
nesse campo que trabalha o cirurgião-dentista, o qual, entretanto, pode ampliar
seu leque de pesquisas pelo exame dos fatores ambientais. Má higiene local e
desequilíbrio dietético estimulam, como se sabe, a degeneração dos tecidos, de
sorte que, além da restauração mecânica, é preciso atentar sempre mais para as
medidas preventivas.
Essas medidas, porém, ainda se referem à causação física, ao passo que as
técnicas psiônicas introduzem uma dimensão diferente na esfera da diagnose e do
tratamento. Em bom número de casos que revelaram incidência de cáries dentárias,
a análise médica psiônica descobriu a presença de miasmas herdados - usual-
mente tuberculosos e principalmente do grupo bovino, conforme já menciona-
mos. Em suma, observa-se uma predisposição genética à doença da cárie. Os den-
tistas, é claro, devem ter suspeitado disso há muito tempo; porém, a natureza e a
causa da predisposição não apareciam no trabalho voltado para os aspectos pura-
mente físicos da diagnose e da terapia. Foi necessário o surgimento de uma pers-
pectiva nova, aberta pelas técnicas médicas psiônicas, para se chegar a compreen-
der os fatores básicos determinantes da origem da doença e os meios para sua
erradicação.
Embora as técnicas cirúrgicas em odontologia e as medidas de prevenção
ambiental conseguissem alçar o nível da eficiência funcional dentária - até certo
ponto -, não chegaram a reduzir a incidência da moléstia do ponto de vista
genético. Isso agora é possível graças à análise psiônica e à eliminação dos miasmas
causativos envolvidos.
Para o cirurgião-dentista que deseja acrescentar uma nova dimensão à sua
prática, os requisitos principais são o conhecimento da Matena Medica homeopá-
tica e a capacidade de utilizar a aptidão psiônica, coisas que exigem longo período
de adestramento. Mas, com semelhante aparato, a terapia será bem mais abrangente
e aprofundada, pois levará em conta o elemento fundamental da busca da saúde: o
homem como um todo."
A Medicina Veterinária Psiônica

Dr. Mark Elliot

Se o médico perceber claramente o que deve ser curado na doen-


ça ... se descobrir o que de fato cura nos remédios ... e se conhe-
cer como adaptar, segundo princípios bem-definidos, o que cura
nos remédios ao que concluiu ser inquestionavelmente doentio
no paciente, de modo a assegurar a recuperação ... se,finalmen-
te, conhecer os obstdculos à convalescença em cada caso e a for-
ma de removê-los, para que o restabelecimento seja duradouro:
então ele saberd tratar judiciosa e racionalmente, como autên-
tico praticante da arte da cura.
- Hahnemann, Organon da Medicina, 51 ed., 1893

Homeopatas e é seguida com zelo por muitos. Todavia, a pedra de tropeço


Essa
em declaração de Samuel
qualquer prática Hahnemann
é a percepção resume
do que deve os
serobjetivos
curado e dos verdadeiros
de como remo-
ver os obstáculos à recuperação. Em parte alguma isso é mais verdadeiro que no
âmbito da medicina veterinária, onde quase nunca os pacientes podem comuni-
car-se diretamente com o profissional. Hahnemann, já idoso, descobriu que inú-
meras doenças crônicas escapavam à eficácia das doutrina básicas da homeopatia e
que as moléstias se fortaleciam de ano para ano à custa do paciente. Concluiu que
havia padrões principais para essas doenças crônicas, a que chamou de Syphilis,
Sycosis e Psora. Se as três tendências miasmáticas, ou uma combinação delas, po-
dem ser identificadas até certo ponto em pacientes humanos, é extremamente
difícil fazer o mesmo com os animais - e, sem a remoção desses entraves à cura,
nunca se obtém o sucesso desejado no tratamento veterinário. A Medicina Psiônica
enseja uma abordagem concreta e positiva para identificar e resolver semelhantes
problemas em pacientes animais.
189
190 MEDICINA PSIONICA

Em época recente, identificaram-se novos "miasmas" que geram teorias se-


gundo as quais existem vários outros esquemas de bloqueio às forças curativas do
corpo. Porém, a meu ver, se os analisarmos bem voltaremos aos três padrões bási-
cos de doença postulados por Hahnemann e concluiremos que os "novos" miasmas
não passam de combinações das três tendências principais em grau variado de
importância, matizadas nos efeitos pela imposição de fatores externos ao corpo,
em virtude do estilo de vida moderno. Em ninguém as conseqüências do modo de
vida contemporâneo são mais óbvias do que nos nossos bichos de estimação. O
gato ou o cão comum sujeita-se a constantes e desnecessárias vacinações, enquan-
to se alimenta de produtos reciclados, "preservados" por substâncias carcinogênicas
e prejudiciais à saúde. A incidência de doenças nos animais domésticos cresce cada
vez mais, em conseqüência disso. Pela minha experiência, o simples fato de forne-
cer ao cão uma dieta natural de carne fresca e legumes, nas quantidades apropria-
das, aliviará ou curará 40% das enfermidades. Lamentavelmente, isso é ainda um
futuro distante para o Homem, induzido pela mídia a consumir cada vez mais
alimentos processados, quimicamente conservados e geneticamente modificados.
Considerando-se que, nos animais, esses "novos" miasmas são padrões e não
doenças específicas da época de Hahnemann, as testemunhas utilizadas na
rabdomancia psiônica humana apresentam imenso valor na identificação de ten-
dências e padrões mórbidos - portanto, dos meios de tratar um paciente. Isso
nos faz remontar às teorias de McDonagh: o padrão de expansão ou contração da
proteína é que provoca desequilíbrio energético e, conseqüentemente, doença. Só
depois de corrigido o desequilíbrio, a saúde se restabelecerá; ou então se indicará
um remédio homeopático constitucionalmente prescrito, para ajudar o corpo en-
fraquecido a recuperar-se.
A fim de melhor entender esse raciocínio, convém primeiro examinar os
miasmas separadamente e sobrepor, aos conceitos, os achados psiônicos oriundos
da prática com pacientes reais.

o miasma sifilítico
As doenças do quadro sifilítico caracterizam-se por um esforço crônico e desespe-
rado no qual o corpo a si mesmo se destrói ao procurar sobreviver. Observam-se,
classicamente, a ulceração e o colapso de estrutura, porquanto a doença não é con-
trolável. Psicose, agressão e comportamento anti-social são identificados em pre-
sença desse miasma.
Com freqüência, tal padrão se manifesta em idade tardia.

Tecidosafetados: glândulas, ossos e sistema nervoso central. A derivação embriológica


desses tecidos é ectodérmÍca, podendo a gênese congênita ser um indício.
A MEDICINA VETERINÁRIA PSIONICA 191

Estados mentais: ilusões, suspeitas, violência, medo de agressão.

Sintomas fisicos comuns: os que se agravam à noite, por causa de tempestades, calor
ou frio. Há melhora quando o paciente se movimenta ou recebe aplicações de
compressas frias. Também são comuns a má cicatrização de feridas, queixas de
odores irritantes para a pele e fraqueza nas articulações. A ottalmia neonatal em
cãezinhos é sintoma do problema (originário dos pais) e mostra-se mais comum
no Welsh Springer Spaniel, onde aparece ao lado da epilepsia, neuroses, malformação
(ou ausência) de ancas. Aqui, são bastante claros os traços hereditários.

Equivalentes veterinários modernos: encefalopatia espongiforme bovina, Scrapie


ovina, Aids felina, parvovírus canino e sua vacina, enterite felina (um parvovírus)
e sua vacina, vírus da cinomose e sua vacina, herpes eqüino e sua vacina, várias
doenças auto-imunes, degeneração nervosa, doença linfática, epifísite eqüina.

É interessante notar que a obra da veterinária Ora. Susan Wynn (inédita) sobre
cinomose e vacina antiparvovírus mencionou a tendência direta a destruir a glân-
dula tireóide em algumas linhagens - prova da natureza deletéria das vacinas e
desse miasma. Seu trabalho foi comparado ao do Or. Jean Oodds, veterinário, que
demonstra a tendência das vacinas caninas a provocar doenças auto-imunes (Oodds,
W J., 1983).

Os remédios comuns adotados pela homeopatia clássica incluem Mercury, Acid nit,
Aurum e Heavy Metals, Kali bich, Asafoetida e Phytolacca.

o miasma sicótico
As moléstias sicóticas manifestam-se como hiper-respostas oriundas de uma defi-
ciência do sistema imunológico normal. Por exemplo: tumores, outras doenças
proliferativas e algumas alergias. Quer dizer, há uma super-resposta da parte do
corpo inadequadamente controlada por mecanismos normais. Neuroses.
Esses padrões são observados com freqüência em pacientes de meia-idade.

Tecidos afetados: fígado, pâncreas, tireóide, paratireóide e parênquima tímico. Re-


vestimentos do trato gastrintestinal, trompa de Eustáquio e ouvido médio, siste-
ma respiratório, sistema urinário e glândulas a ele associadas (p. ex., próstata).
A derivação embriológica desses tecidos é geralmente mesodérmica e
endodérmica.

Estados mentais: desespero, indiferença, comportamento anti-social, obsessões e


hábitos arraigados, inveja, crueldade.
192 MEDICINA PSIONICA

Sintomas ftsicos comuns: verrugas, tumores, afecções das mucosas, má digestão,


agravamento de sintomas no frio, inflamações dos órgãos reprodutores, inflama-
ção nos olhos, esterilidade, inflamações nas articulações, dores erráticas agravadas
pela umidade, dermatites esfoliativas, psoríase, asma parcial com perda do faro,
descargas mucopurulentas.

Equivalentes veterindrios modernos: vírus e vacina da leucemia felina. Vacina anti-


rábica (atualmente responsável por um surto de tumores epidérmicos nos Estados
Unidos). Moléstias da pele em cães. Eczema miliar felino (embora a obra de Elliott,
1992, sugira que isso possa ser a recrudescência iatrogênica de um miasma laten-
te), tinhas, tumores testiculares e inúmeros problemas comportamentais obser-
vados na prática. (Nota cínica, a agressividade associada ao miasma sifilítico leva
com freqüência à eutanásia em vez da terapia.) Tumores venéreos caninos trans-
missíveis. Sarcóide eqüino, dermatite interdigital no gado bovino e ovino, hiper-
tireoidismo felino.

Os remédios comuns adotados pela homeopatia clássica incluem Thuya, Natrum


sulph, Cinnabaris, Sepia, Kali sulph, Acid nit, Staphysagria e Lycopodium, aos
quais eu acrescentaria Pulsatilla para animais com tendências ao mesmo tempo
anti-sicóticas e anti-sifilíticas, como também Arsenicum alb para seus sentimentos
de vulnerabilidade sabidamente agravados.
Minha expressão favorita para esse miasma é atividade fUncional pervertida.

o miasma psórico
As moléstias psóricas caracterizam-se por um esforço constante e inadequado em
prol da cura, isto é, uma deficiência de resposta da força vital. Classicamente, a
reação do corpo é óbvia nas partes expostas ao mundo exterior: pele, sistema ner-
voso e intestinos. Distúrbios fUncionais. Deficiências orgânicas.
Muitas vezes, essas doenças aparecem na primeira fase da vida, antes que a
força vital renuncie à luta inútil e tenda para um dos miasmas. Nessa fase, o pro-
cesso não ameaça a vida nem é desesperador (a menos que tratado pela abordagem
médica moderna com esteróides, drogas supressivas e aprofundamento interno
dos miasmas).

Tecidos afetados: pele, intestinos e outras mucosas. Sistema nervoso. A derivação


embriológica desses tecidos é sobretudo ectodérmica.

Estados mentais: ansiedade antecipatória, medo intenso.


A MEDICINA VETERINÁRIA PSIONICA 193

Sintomas fisicos comum: eczema seco e persistente, debilitação de funções e teci-


dos, calafrios, aversão aos banhos (mas não quando há descargas acumuladas de
sicose), intensificação de apetite compensat6rio, resistência à cura e tendência a
machucar-se. N6dulos linfáticos aumentados.

Equivalentes veterinários modernos: atopia e outras moléstias cutâneas e intestinais


alérgicas, sarna, meningite, doença ap6s uma perda e infecções recorrentes de ori-
gem desconhecida indicam a presença desse miasma. Resfôlego em cavalos.

Muitos dos remédios usados classicamente são compostos inorgânicos de elemen-


tos residuais como Calc carb, os Kali, Natrum, sais de magnésio, Phosphorous,
Silica, os carbonos, Arsenicum alb, Barium e Cuprum, embora algumas drogas de
origem vegetal sejam utilizadas, como Lycopodium e Mezereum, bem como o
pr6prio nosodo, Psorinum. É aqui que a obra de Jan Scholten sobre os remédios
elementares se revela importante na terapia da doença e eu afirmo que sua leitura
tornou-se imprescindível para quem planeje tratar um animal homeopaticamente.

Sankaran aventa uma interessante ligação entre os três miasmas crônicos e etapas
de nossa vida. Inclui aí o miasma agudo, que é jovem. AI; respostas são rápidas e a
doença pode ser facilmente erradicada: as ameaças são externas, com forte reação
instintiva. No início da idade adulta, há ainda energia abundante, vivacidade e
atividade (Psora), além da disposição a exprimir medo e ansiedade. AI; situações
são difíceis; luta-se para vencer. A esperança subsiste e o fracasso não é o fim do
mundo. Vem então a meia-idade (Sycosis). Percebemos nossas limitações e, com
vista a enfrentá-Ias, passamos a esconder-nos e a ocultar nossas incapacidades para
sermos aceitos. Reações e hábitos se fixam. E, o que é verdadeiro em nossa socie-
dade, os anos e a sabedoria já não são valorizados: somos vistos como instrumen-
tos e s6 garantimos nosso lugar quando acertamos o passo. Ao começar a sucum-
bir, já ninguém nos valoriza, por isso tentamos camuflar o epis6dio pelo maior
tempo possível. Chega enfim a velhice (Syphilis), a fase em que deixamos as coisas
correr e decaímos. Isso se reflete no miasma sifilítico. Ansiamos pela recuperação
- mas, ao contrário de Psora, sem esperanças. Embora seja difícil transferir seme-
lhante quadro para a medicina veterinária, os princípios em geral parecem aplicar-
se à tendência para adoecer com a idade.

Com base nessas descrições sumárias dos três miasmas, é possível abordar todas as
doenças crônicas (e chamo crônicas todas as que não desaparecem em cinco dias),
analisar seus respectivos padrões e enquadrá-Ias em um ou mais tipos. Acrescen-
tem-se a isso as moléstias que respondem à tarefa de aplicar os conceitos da Medi-
cina Psiônica à moderna prática veterinária.
194 MEDICINA PSIONICA

Associações bioplasmáticas
Na versão humana da Medicina Psiônica, muitas das associações bioplasmáticas
(melhor entendidas como tendências crônicas identificáveis, em seqüência a uma
doença infecciosa nesta vida ou em geração anterior) são hoje classificadas, por
direito próprio, como miasmas. Prefiro imaginá-Ias como fagulhas a acender um
ou mais miasmas (ou padrões de morbidez) a fim de manifestar-se em diferentes
graus, porquanto o corpo só pode responder das três maneiras descritas por
Hahnemann. Contudo, o princípio hahnemanniano do similia similibus curantur
continua aplicável, sendo assaz lógico que os nosodos ou remédios responsáveis
pela produção de padrões semelhantes de doença encaminhem a força vital para o
rumo certo e promovam a cura. O método psiônico de averiguar os fatores
causativos históricos lembra, pois, um guia de viagem ao deslindar as complexida-
des das aberrações da força vital tais quais se apresentam. Pode-se argumentar que
esse é um procedimento de mão única, porém lógico para a mente treinada em
medicina. Se se descobre um dos três miasmas principais, obviamente quer dizer
que a agressão à força vital deveu-se, ou à doença, ou a seus equivalentes na espé-
cie, o que empurrou violentamente o corpo na direção da tendência mórbida e
precisa ser levado em conta ao se fazer a prescrição.
Essas associações são usualmente encontradas nos achados de DNA e RNA,
quando se emprega a técnica analítica de Laurence-Upton.

Associações bioplasmáticas e sua aplicabilidade no caso dos animais


Miasma ou toxina tuberculosa: encontrados em todas as espécies, porém mais
comumente em cães e gatos. Os sintomas incluem asma, afecções cutâneas, dia-
bete e problemas em cãezinhos irritadiços. O bacilo de Koch tem sido causa de
males dorsais e disfunções respiratórias numa elevada percentagem de cavalos
mantidos em grandes estábulos. Essas afecções respondem bem ao nosodo no
prazo de uma semana.

Míasma ou toxina sifilítica: encontrados em todas as espécies (ver Capítulo 6 para


mais detalhes). Todavia, o único achado foi em poldros com epifísite. Em geral,
pensa-se que é uma doença nutricional, mas todos os casos tratados com Lueticum
responderam em poucos dias. Não se conhece nenhum organismo sifilítico direto.

TOxina da gonorréia: o menos comum dos três grandes miasmas em animais. Não
há doença equivalente. Nunca o encontrei em cavalos ou ruminantes (ver Capí-
tulo 6 para mais detalhes).

TOxina do sarampo: equivalente à cinomose. Miasma importante na espécie canina


- pois, contrariando toda a lógica, é dado como vacina, anualmente, por muitos
A MEDICINA VETERINÁRIA PSIONICA 195

veterinários. Os sintomas incluem distúrbios cardiovasculares (Cavalier King Charles


Spaniel), afecções cutâneas, hepatopatias, coréia, epilepsia, senilidade e
hipotireoidismo. Recentemente, o caso de um Harris Hawak mostrou que essa
toxina era um fator de monta, tendo sido portanto tratada como tal. Sabe-se que
vírus análogos atacam também pássaros.

Estafilococo: toxina comum em todas as espécies, onde provoca sintomas respirat6-


rios e gastrintestinais que respondem mal aos antibi6ticos. Freqüentemente asso-
ciada a afecções cutâneas, mas com efeitos em todo o corpo.

Estreptococo: dificilmente uma análise deixa de revelar essa toxina. Devo questio-
nar sua importância nos animais, pois raramente a tratei; nos poucos casos em que
a moléstia piorou, desapareceu depois que outras causas miasmáticas foram elimi-
nadas. S6 é significativa quando se apresentam sintomas cardiovasculares, neuro-
16gicos ou osteomusculares.

Nosodos intestinais: de grande importância em pacientes caninos e eqüinos, hoje


alimentados com tipos novos de ração, nem sempre para seu benefício. Bastante
significativos em quase todos os casos. Para os sintomas e remédios associados, ver
a obra de Paterson e os Bowel Nosodes. Eu acrescentaria aqui os remédios Thuya,
Anacardium e Sulphur aos utilizados no tratamento de organismos fecais em ani-
mais. Eis algumas recomendações para a prescrição: se o animal está muito doente
e a principal causa detectada psionicamente é um nosodo intestinal, opte por uma
potência elevada; se está bem, prefira um tratamento longo com potência baixa, a
fim de remover o miasma (às vezes, é necessário um mês); se o caso é de importân-
cia mediana, prescreva 200c.

Maldria: não é encontrada no Reino Unido, mas pode ter importância em outros
lugares.

Klebsiella: encontrada normalmente, como miasma, em afecções articulares da


espinha, nos cães (e uma vez por mim num cavalo).

Alumínio: encontrado ocasionalmente em cães e gatos, associado às típicas


disfunções cutâneas e gástricas, além das doenças depauperadas.

Vacinação: problema grave em todas as espécies (ver Capítulo 6 para mais detalhes
sobre os três principais miasmas). Nos Estados Unidos (e agora em algumas regiões
do Reino Unido), a vacina contra leucemia passou a ser injetada na perna dos
196 MEDICINA PSIONICA

gatos e não mais no pescoço, como antes - para, ao que parece, amputar a perna
quando o câncer aparecer!

TOsse de canil: doença que se deve a inúmeros fatores e provoca freqüentemente


bronquite crônica e males da pleura, quando tratada com os antibióticos e esteróides
usuais. Parece apresentar características hereditárias.

Herpes: encontrado psionicamente, como fator mórbido, apenas em cães e gatos.


Nos primeiros, provoca doenças nasais e respiratórias; nos segundos, distúrbios
osteomusculares e problemas de fertilidade ou pulmonares.

Viróides: BSE, Scrapie, BSE felina, etc., aparecem de tempos em tempos, sendo
geralmente tratadas, como miasmas sifilíticos, com nosodos.

Nos animais, os conservantes e colorantes químicos contidos nos alimentos são


causa significativa de doença, agindo em todos os níveis. Muitos desses aditivos
foram banidos da cadeia alimentar humana em virtude de seus efeitos colaterais e
propriedades carcinogênicas. Vale a pena atentar para eles na análise, bem como
para a depleção de minerais e tecidos oriunda da administração desses alimentos
dia sim, dia não. Além do mais, os bichos são extremamente sensíveis ao stress
geopdtico, devendo-se sempre levar esse fator em conta nos casos persistentes. Os
choques emotivos também são importantes: vale notar que a maioria dos cães
resgatados apresenta sarna, o que é uma manifestação de Psora, com apropriada
solução mineral.

A análise psiônica
A técnica analítica é passada de um profissional a outro, motivo pelo qual não a
pormenorizaremos aqui. Basta dizer que a técnica original convém tanto ao ani-
mal quanto ao homem, embora as tabelas de testemunhas variem um pouco para
refletir as associações bioplasmáticas aplicáveis.

Resumo
O uso das técnicas de análise psiônica é oportuno no nosso mundo atual cada vez
mais apressado e estressante. Bichos e homens acham-se sob crescente pressão
ambiental, química e mórbida - e só podemos esperar obter níveis elevados de
sucesso com pacientes que não falam se percebermos o que precisa ser tratado neles.
Sem isso eu não teria feito carreira nem compreendido o alcance da homeopatia.
Esta obra é apenas o começo da tarefa de perscrutar o vasto acervo de dados
que o uso da Medicina Psiônica irá, espero eu, revelar para os animais.
A MEDICINA VETERINÁRIA PSIÚNICA 197

Referências
Flim, G., Yorkshire Medicine, inverno de 1991.
Hahnemann, S., Organon o/Medicine, 1893, 5ª ed.
Dodds, WJ., "Vaccine safety and efficacy revisited", Veterinary Forum, 1983, maio 68-7l.
Elliott, M., Homoeopathic Treatment o/ Feline Miliary Eczema, 1992, BAHVS Conference.

Leituras recomendadas
1. J. H. Reyner, Psionic Medicine, 1ª ed. 1974, 2ª ed. 1982.
2. Aubrey Westlake, The Pattern o/ Health, 1961.
3. David Tansley D.e., Radionics, Interface with the Ether Fields, e. W Daniel, 1981.
4. George Laurence FRSC, "The unitary conception of disease in relation to radiesthetic
diagnosis", 1967.
5. Herbert A. Roberts, Principies and Art o/Cure by Homoeopathy, Health Science Press.
6. Samuel Hahnemann, The Chronic Diseam, vols. 1 e 2, 1978.
7. Sue Asquith e Elwyn Rees, Models, Methods, Mechanisms in Millenium Medicine, 1998.
8. R. Sankaran, The Spirit o/ Homoeopathy, 1981.
9. J. Scholten, Homoeopathy and the Elements, 1993.
10. J. Patterson, The Bowel Nosodes, 1950.
Conclusão

A ciência sem a religião é coxa, a religião sem a ciência é cega.


- Albert Einstein, Science, Philosophy and Religion: a
Symposium 1941

ostentavam os nomes de membros ilustres da profissão, alguns dos quais


Qando já se haviam
eu eraaposentado
estudante deou Medicina,
falecido. Mas a contribuição
muitos dos manuaisqueque
deram às
líamos
suas especialidades era tão importante que aqueles nomes ficaram, por assim dizer,
indelevelmente impressos nas lombadas dos livros. Não raro perguntei-me quantos
de seus escritos originais foram de fato preservados nas novas edições.
Psionic Medicine, de J. H. Reyner em colaboração com George Laurence e
Carl Upton, apareceu em 1974. Uma edição aumentada veio a público em 1982,
com atualizações de Carl Upton. Infelizmente, ficou fora do prelo por muitos
anos, fato que induziu o Instituto de Medicina Psiônica a considerar a produção
de um novo livro. Havia inúmeras opções disponíveis. A de reeditar o livro tal
qual era foi logo descartada, pois ocorreram ponderáveis mudanças de idéias des-
de a última edição. Produzir uma obra completamente nova e diferente seria uma
possibilidade, mas sentiu-se que ela teria de abeberar-se forçosamente na fonte
original. Isso nos decidiu: o novo livro deveria ser uma versão adaptada do último.
Hoje, tenho grande simpatia pelos editores de textos que manuseei como es-
tudante. Tentar preservar a estrutura original de um livro e, ao mesmo tempo,
inserir novas idéias em sua matriz não é tarefa fácil. Entretanto, senti-o bem, era o
certo a fazer. Manter o esquema primitivo e, aqui e ali, reproduzir passagens e
citações do original permitiu-nos conservar a documentação histórica dos come-
ços da Medicina Psiônica. Nada mais instrutivo que ouvir George Laurence e Carl
Upton discorrer sobre suas teses e comentar seus casos.
Sem dúvida, a grande contribuição para este livro foi o capítulo sobre a Hipó-
tese do Campo Psi, do professor Ervin Laszlo. Seu conceito e descrição de um
campo abrangente e interconectado é uma obra-prima de síntese de ciência, filo-
199
200 MEDICINA PSIONICA

sofia e sabedoria. Trata-se de uma concepção das mais lúcidas e brilhantes, que
propicia explicações viáveis para inúmeras questões antes imponderáveis no âmbi-
to da ciência, filosofia e espiritualidade. Ela é a Grande Teoria Unificada.
Houve, é claro, outros pensamentos profundos cujas idéias a respeito da Na-
tuteza foram inspiradas por seu tempo. A.kenaton, Swedenborg, Hahnemann,
Steiner, McDonagh e Jung contam-se entre eles - e nossa referência a esses no-
mes, no livro, ilustra até que ponto suas teses se harmonizam com a Hipótese do
Campo Psi de Laszlo.
O uso do simbolismo do antigo Egito, em particular a pirâmide e o conceito
akenatoniano de Aton, o disco solar, não deve sugerir que a Medicina Psiônica
seja, em qualquer sentido, um sistema espiritual ou filosófico. Não é. Em verdade,
ela não chega a ser mais filosófica ou espiritual que a medicina e a cirurgia ociden-
tais. Os modelos foram escolhidos unicamente porque se prestam a ilustrar uma
idéia.
Uma das belezas da Hipótese do Campo Psi é a amplitude territorial que
recobre. Não se trata, repetimos, de um conceito espiritual; não oferece subsídios
sobre deuses ou divindade, mas ao mesmo tempo é compatível com praticamente
todas as filosofias e religiões - e também com a física teórica avançada, a nova
biologia, as mais recentes pesquisas sobre a consciência e a parapsicologia.
Nós, os profissionais psiônicos, saudamos a hipótese de Laszlo porque ela
explica, em termos científicos, boa parte da abordagem pioneira desenvolvida por
George Laurence. A natuteza da não-localidade, a interconexão e a interação ener-
gia-matéria, tudo isso é fundamental para a Medicina Psiônica. O campo psi pes-
soal torna-se uma realidade óbvia, de modo que a sintonização com esse campo
parece a coisa lógica a fazer para ajudar uma pessoa a recuperar a saúde.
Não se sabe ao certo se a Medicina Psiônica é uma ciência ou uma arte. Al-
guns ressalvariam que a utilização do pêndulo não passa de um indicador, de um
amplificador da resposta ideomotora que ocorre quando o especialista se vale de
uma de suas faculdades superiores. A maneira como esse indicador é usado de
modo analítico, com tabelas quantificáveis, espécimes e testemunhas, deve ser
considerada absolutamente científica. A outra face da moeda é o fato de o profis-
sional ter de ser, até certo ponto, um adepto. É de fato uma habilidade. E nessa
base a Medicina Psiônica será talvez melhor caracterizada como uma arte científica.
O Instituto tem consciência da necessidade de realizar pesquisas, assim como
de verificar, validar e publicar seus achados. A revista Journal ofthe Psionic Medical
Society and the Institute of Psionic Medicine sempre publicou pesquisas individuais;
mas um outro periódico, com revisão coletiva, acha-se em preparo para documen-
tar essa parte de nosso trabalho. Paralelamente, o sr. John Fryer, secretário da
Sociedade Médica Psiônica, determinou a gravação de nossos arquivos em disquetes
CONCLUSÃO 201

a fim de que toda a literatura pertinente à Medicina Psiônica esteja disponível aos
pesquisadores.
Nossa posição com respeito ao adestramento foi tratada no Capítulo 9. Pre-
sentemente, ele está ao alcance apenas de médicos, dentistas e veterinários com
diplomas válidos no Reino Unido.
Cumpre reiterar que a Medicina Psiônica não é uma panacéia. Trata-se de um
meio altamente eficiente e científico de encontrar as causas profundas da doença.
Se a doença evoluiu a ponto de provocar mudança estrutural, com alteração ou
destruição de tecidos, não é mais possível reverter semelhante patologia. Entretan-
to, a descoberta e a remoção homeopática (ou por qualquer outro método) da
causa da moléstia pelo menos deterá o "processo" evolutivo que está provocando a
morbidez. Os mecanismos homeostático ou autocurativo do corpo farão então o
melhor que puderem.
Uma coisa é certa: este livro não será a palavra final. Nós, na qualidade de
profissionais psiônicos, continuaremos a buscar e pesquisar - pois nosso lema é
TO/te Causam, "Procura a Causa".
Bibliografia Selecionada

As obras seguintes foram utilizadas como referências em cada um dos capítulos ou


são livros que fornecerão ao leitor interessado mais informações sobre os tópicos
versados.

Capítulo 1
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Física, publicado pela Editora Cultrix, São Paulo, 1985.]
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204 MEDICINA PSIONICA

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