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 Artigo 49º CPA

 A relação gerada pela delegação


o Criam uma relação jurídica de natureza especial. Dela resultam os poderes
especiais do (sub) delegante. Tem ainda uma relação de natureza pessoal pelo
que mudando um dos respetivos titulares, (sub) delegante ou (sub) delegado,
ela extingue-se.
o É esclarecer que o delegante pode delimitar o poder delegado. O poder de
delegar é discricionário, pelo que não há que admirar que o delegante o possa
circunscrever dentro de certos limites, emitindo, para o efeito, diretivas ou
instruções vinculativas para o delegado ou subdelegado sobre o modo como os
poderes delegados devem ser exercidos. Pode ser pretexto para o exercício de
poderes legais de direção sobre o delegado mesmo que, sem delegação, esses
poderes não existissem. A delegação gera uma relação especifica e até nova
entre delegante e delegado pois que, sem a delegação, ela não existiria e que
obedece a um regime jurídico próprio diferente de qualquer outra que
preexistisse entre delegante e delegado.
o A relação assemelha-se a uma relação de controlo mais intensa do que a que
intercede eventualmente entre delegante e delegado. Pode existir fora da
hierarquia administrativa.
o Se preexistir uma relação de hierarquia a delegação de poderes não a derruba,
ou seja, os poderes coenvolvidos na hierarquia, desde logo os disciplinares,
não fornecem na relação entre o delegante e o delegado. A delegação de
poderes daquela não prejudica o exercício de poderes próprios da hierarquia
administrativa. O superior hierárquico continua a ter poderes para dar ordens
concretas ao delegado. Estes ficam-se pela emanação de diretivas ou
instruções que, embora vinculativas para o delegado, têm natureza genérica,
assim se distinguindo das ordens, pelo que não impedem certa margem de
manobras desde na respetiva execução. A lei apoia este entendimento porque
as referidas diretivas ou instruções se reportam ao modo como devem ser
exercidos os poderes delegados ou subdelegados e não ao circunstancialismo
concreto do respetivo exercício.
 Os poderes do delegante
o Art. 49º nº2 – versa sobre os poderes do (sub) delegante.
o A competência dispositiva continua a pertencer ao (sub) delegante apesar da
delegação. Este mantém a competência originária para dispor. É a partir daqui
que se compreendem os respetivos poderes que o artigo em análise enuncia.
o O (sub) delegante pode avocar, revogar, anular ou substituir o ato praticado
pelo (sub) delegado e pode dirigir ao delegado diretivas e instruções sobre o
modo como devem de ser exercidos os poderes delegados. Nem todos estes
poderes tem os mesmos efeitos, apenas a revogação extinguem a relação
jurídica em causa, nos outros casos ela mantem-se.
o Mediante a evocação o órgão (sub) delegante chama a si a competência
dispositiva para o tratamento de um caso concreto retirando-a ao (sub)
delegado. Retira ao órgão (sub) delegado o exercício dos poderes que para ele
transmitiu e chama a si a resolução da questão em causa. A evocação é um ato
administrativo corporizado num despacho com efeitos circunscritos ao caso
concreto pelo que a resolução de delegação continua fora dele. A competência
da (sub) delegação que tem efeitos genéricos. A evocação faz do órgão (sub)
delegante o autor da ato a praticar.
o A evocação subtende que os poderes que foram (sub) delegados ainda não
foram exercidos. Se já foram corporizam-se em atos administrativos já
praticados e estes apenas poderão ser revogados.
o Sem evocação não pode o órgão (sub) delegante voltar a exercer os poderes
(sub) delegados pois a delegação destes poderes é do respetivo exercício.
o Não prevê a lei no Art. 47º CPA que a evocação tenha de ser publicada mas os
deveres gerais de informação que vinculam a administração levam-na a levar a
evocação ao conhecimento do interessado através de uma invocação.
o A anulação administrativa pelo (sub) delegante do ato praticado pelo (sub)
delegado consiste agora na destruição dos efeitos do ato administrativo pela
administração com fundamento em ilegalidade, assim se distinguindo da
revogação, cujos fundamentos se reportam ao mérito da decisão revogada
(Art. 165º CPA).
o A revogação do ato praticado pelo (sub) delegado consiste na prática de um
ato secundário, dito revogatório, que tem por objeto a destruição do ato
revogado no caso, o ato praticado pelo (sub) delegado. Só neste caso existe
revogação, pois que mediante os referidos poderes de dirigir diretivas ao
delegado o delegante não revoga o ato que este pratica, apenas o condiciona.
A revogação do ato praticado pelo (sub) delegado fica sujeita a um regime
especial que é diferente do regime geral. Está sujeita a obrigações de
publicação (Art. 47º nº2 CPA), não tem de ser fundamentada porque a (sub)
delegação de poderes não retirou ao (sub) delegante a sua competência
dispositiva normal pelo que a revogação pode ocorrer a qualquer instante
corporalizando a (sub) delegação de um ato administrativo precário.
o Substituir, neste caso, o primeiro substitui o ato administrativo praticado pelo
delegado por outro ato compreendendo uma nova disciplina do caso. Cobre a
hipótese anteriormente colocada em que a revogação poder ser implícita (ou
por substituição) do ato praticado pelo (sub) delegado. A distinção entre a
revogação e a substituição fica assim mais clara. A substituição do ato
praticado deve de ser notificada ao interessado.
o Art. 47 nº 2 do CPA – possibilidade do recurso para o (sub) delegante dos atos
por omissão do (sub) delegado, prevista no Art. 199º nº2 do CPA, integra a
figura dos recursos administrativos especiais.
o Mediante o recurso tutelar o sub (delegante) pode anular, revogar, modificar e
substituir o ato do (sub) delegante.
o Emitir diretivas e instruções sobre o modo como os poderes delegados devem
de ser exercidos vinculam obviamente o (sub) delegado.
o No entanto, se entre (sub) delegante e (sub) delegado existir uma relação
hierárquica aquele pode dirigir ordens concretas ao (sub) delegado. Este poder
acresce ao poder mais geral próprio da relação de delegação.
o São diferentes os meios de tutela graciosa de que dispõe o lesado nos dois
casos. Se existir uma relação hierárquica entre (sub) delegante e sub) delegad,
haverá recurso hierárquico para o delegante, se não existir só poderá haver
recurso hierárquico “impróprio”, se a lei o premitir, nos termos do Art. 199 nº2
do CPA uma vez que o (sub) delegante pode sempre revogar os atos do (sub)
delegado.
 Os poderes delegados
o O (sub) delegado tem o poder de revogar os atos praticados pelo (sub)
delegante anteriormente á (sub) delegação de poderes. Uma vez habilitado, o
(sub) delegado passa a ter a competência dispositiva para o tratamento dos
assuntos em causa e pode, portanto, revogar os atos que sobre eles foram
praticados pelo (sub) delegante.
 Artigo 50º do CPA
 A extinção da delegação e subdelegação
o Para além da revogação e da anulação administrativa oficiosa do ato praticado
pelo (sub) delegado, a relação entre o (sub) delegante e o (sub) delegado pode
ser extinta por revogação da norma que habilita a (sub) delegar.
 A caducidade da delegação ou subdelegação
o A relação jurídica em causa pode caducar quando se esgotam os respetivos
efeitos ou com a prática do(s) atos(s) para que foi concebida. Isto ocorre por
efeito da lei.
o Como a relação em causa tem natureza pessoal ou intuitu personae, a
mudança de um dos respetivos titulares, seja o (sub) delegante seja o (sub)
delegado, gera a respetiva caducidade a esta perlonga-se por toda a cadeia de
(sub) delegações.
o Pode ocorrer por ser revogada a norma de habilitação ou porque nova lei
altera a posição relativa do (sub) delegante e (sub) delegado. No caso especial
dos órgãos colegiais, a caducidade decorre da dissolução do órgão colegial ou
do termo dos mandato dos membros do colégio.
o A caducidade pode resultar da verificação de um termo resolutivo aposto ao
ato de (sub) delegação.

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