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Instituto de Engenharia

Campus Brasília -DF

Dragagem e Derrocagem

Disciplina: Portos e Vias Navegáveis


Profª: Giseli A. Ortolani

Novembro/2016
DRAGAGEM

Brasília -
DF
Dragagem

É o serviço de limpeza, remoção, escavação de materiais ou


sedimentos no fundo de rios, mares, lagos, canais e baías.
Consiste em fazer a retirada, transporte e deposição de solos
e rochas decompostas, que estão submersas.
Trabalha com diferentes tipos: mecânicos ou hidráulicos.
Dragagem
• Dragagem fluvial: Normalmente é feita com o volume menor
do que as marítimas, pois tem profundidade reduzida (abaixo
de 5 m).
• Dragagem de manutenção: É executada para restabelecer
parcialmente ou totalmente, as condições originais.
• Dragagens de implantação: É efetuada para implantar um
determinado gabarito geométrico (profundidade, largura e
taludes).
• Dragagem de recuperação ambiental: Tem como principal
objetivo a retirada de sedimentos contaminados.
Dragas mecânicas
As dragas mecânicas são utilizadas:
• Remover sedimentos de fundo (cascalho, areia e sedimentos
muito coesivos - argila, turfa, e silte) por força mecânica,
• Escavar o material, para uma área receptora.
Estas dragas removem sedimentos de fundo através da
aplicação direta de uma força mecânica para escavar o
material, independente de sua densidade.
São geralmente transportados em barcas ou barcaças,
dependendo do volume a ser transportado.
Dragas mecânicas

• Pá de arrasto (dragline).

• Draga mecânica de colher (escavadeira shovel).

• Draga de caçamba de mandíbulas (clamshell ou orange peel).

• Draga de pá escavadeira (dipper).

• Draga de alcatruzes.
Dragas mecânicas
Pá de arrasto (dragline)

Consiste em uma caçamba de aço que é presa a um guindaste


movente. A pá é direcionada ao solo, por meio de movimentos
circulares do guindaste, fazendo a coleta do solo.

Pá de arrasto removendo o solo marinho.


Dragas mecânicas
Draga mecânica de colher (escavadeira shovel)

Equipamento robusto, que permite a penetração e corte de


materiais mais duros, já que a caçamba é estruturalmente
conectada aos extremos de um braço rígido. A lança é
movimentada por cabo e outro cabo opera o braço de
escavação.

Draga mecânica de colher em


operação.
Dragas mecânicas
Draga de caçamba de mandíbulas ( Clamshell ou Orange Peel)

Um guindaste rotativo engastado sobre um pontão flutuante


dotado de uma caçamba. Este é responsável pelo lançamento,
fechamento de mandíbulas, içamento do material dragado, giro
de retorno e abertura da caçamba para descarga. O
procedimento é executado por três cabos, que possuem como
função movimentar verticalmente a lança, movimentar
verticalmente a caçamba e abrir ou fechar as mandíbulas.
Dragas mecânicas
Draga de pá escavadeira (Dipper)
São dragas mecânicas de colher montada em barcaça.
O funcionamento do equipamento consiste em empurrar o
material do solo marinho em sentido contrário da posição da
draga. A caçamba da draga normalmente está localizada no
extremo do braço, conectada no meio do braço a um pivô e por
um cabo à roldana no extremo.
Dragas mecânicas
Draga de Alcatruzes
Utiliza uma cadeia móvel de caçambas, chamadas de rosário,
montada em uma lança, que escava o fundo próximo ao tombo
inferior, e eleva o material para o tombo superior, seguindo o
movimento do rosário, no qual cada caçamba descarrega sua
carga e retorna para outra.
Abaixo do tombo superior há uma caixa de lama que recebe o
material das caçambas, esta caixa possui um dispositivo
distribuidor que descarrega o material dragado conforme o
posicionamento dos batelões para que estes transportem os
resíduos para o despejo.
Dragas mecânicas

Draga de Alcatruzes

Draga de Alcatruzes Perfil esquemático Esquema


da Draga de operacional da
Alcatruzes Draga de Alcatruzes
Dragas hidráulicas
• As dragas hidráulicas recolhem material do fundo
(sedimentos, microorganismos, peixes etc) dos cursos d`água
por tubulações e bombeamento.
• Menor impacto ao meio ambiente.
• Podem possuir desagregadores de material de fundo (“cutter
suction dredge”).
• São bombas acionadas por motores a diesel ou elétricos,
montadas sobre barcas e que descarregam o material dragado
através de tubulações que variam de 0,15 m a 1,2 m de
diâmetro, mantidas sobre a água através de flutuadores.
Dragas hidráulicas
Draga estacionária de sucção e recalque
A draga estacionária de sucção e recalque é a forma mais simples
de draga hidráulica.
Quando a draga não dispõe de desagregador, o seu uso fica
limitado a escavar materiais móveis e fluidos em áreas
localizadas, podendo dispor de sistemas de jatos d’água de alta
velocidade para facilitar a retirada de material.
Quando a draga é equipada com desagregador rotatório, ele
envolve a boca da linha de sucção, escava e translada os dragados
para a área de influência do escoamento de alta velocidade na
boca de sucção, onde os sedimentos são misturados, passando
pela bomba para a linha flutuante de recalque e para a área de
despejo.
Dragas hidráulicas
Draga estacionária de sucção e recalque

(A) Perfil de draga de sucção e recalque estacionária. Efeito do desagregador. (Fonte: Alfredini, 2009)
(B) Planta de draga de sucção e recalque estacionária.
(Fonte: Alfredini, 2009)
Dragas hidráulicas
Draga estacionária de sucção e recalque

3. Trajetória de
arco, com auxílio
dos charutos,
2. Sistema de lanças e âncoras
bombeamento
4. Funcionam
alternadamente.
Um estacada, outro
suspenso.
1. Cabeça de corte

Esquema operacional de uma draga de sucção e recalque com desagregador


mecânico acoplado na ponta da lança de dragagem. (Fonte: Oliveira, 2010)
Dragas hidráulicas
Draga autotransportadora de sucção e arrasto (Hopper)

Esquema operacional de uma draga autotransportadora (Fonte: Oliveira, 2010)


Dragas hidráulicas
Draga autotransportadora de sucção e arrasto (Hopper)
Cada bomba descarrega no sistema de distribuição de dragados,
que equaliza o carregamento na cisterna.

(A) Vistas esquematizadas de draga de sucção e


arrasto autotransportadora. (B) Vista frontal em
navegação e condição de despejo. (Fonte: Alfredini,
2009))
Dragas hidráulicas
Draga autotransportadora de sucção e arrasto (Hopper)
Cada bomba descarrega no sistema de distribuição de dragados,
que equaliza o carregamento na cisterna.

Sistema de distribuição de dragados


Processo alternativo de dragagem
Draga de injeção de água
1. Injeção de um jato de água no leito aquático
2. Surgimento de uma tensão com capacidade de vencer a
coesão das partículas de fundo e gerando uma pluma de
sedimentos que se mantém próxima ao leito.
3. Formação de três áreas distintas.

Dragagem por injeção de água. (Fonte: Soares, 2006)


Medições dos volumes dragados
Para o controle do rendimento dos serviços e levantamento do
custo:
 Medição no corte: Sujeita a imprecisões provenientes de
assoreamentos, retorno de dragados, dentre outros. As
sondagens batimétricas pré e pós-dragagens, nesta medição,
são necessárias para avaliação da eficácia do serviço.
 Medição no despejo: Conduz a valores menores que a
primeira, devido a perdas de material em suspensão nas
correntes, compactação do material diferente do natural e
recalque do leito.
 Medição na cisterna: Forma de medição mais direta.
 Medição por hora trabalhada: Indicada em dragagens de
baixo rendimento, devido a descontinuidade dos trechos a
dragar com a mesma passada.
Derrocamentos
Entende-se por derrocamento ou derrocagem, os trabalhos
destinados a remover materiais rochosos submersos.
Tendo como materiais rochosos, aqueles cuja dureza não
permita a retirada pelos processos normais de dragagem.

Deve-se, desde logo, distinguir as duas situações:


• O derrocamento de pedras isolados nos cursos d’água
navegáveis, destinado a melhorar as condições de
navegabilidade,
• E os derrocamentos de abertura de canais em longos
afloramentos rochosos.
Derrocamentos
O derrocamento tem como finalidade a remoção de rochas
visando aumentar a profundidade e a largura do canal
navegável nos locais onde essas se apresentem insuficientes ou
restritivas para permitir a passagem dos comboios.

Situação Atual
Definição dos locais a serem derrocados

Situação após as obras de derrocamento

Canal liberado para a navegação


Derrocamentos

Existem três fases no derrocamento:


• Desmonte;
• Retirada; e
• Transporte e deposição.
Derrocamentos
Dependendo do material encontrados será feito por desmonte
mecânico ou desmonte com explosivos.

Desmonte mecânico:
• Derrocador de queda livre (martelo hidráulico)
• Perfuratriz
Desmonte mecânico

Derrocador de queda livre


Derrocador de 22 toneladas
(Salles, 1993)
Desmonte mecânico

Derrocador de queda livre


Derrocador de 15 toneladas
(Alfredini, 2009)
Desmonte com explosivos
Por explosivos é mais comumente utilizado; há maior número
de empresas em condições de participação (know-how e
equipamentos); menor custo com mobilização de
equipamentos; maior eficácia e produtividade.

Procedimento normatizado pela ABNT-NBR 9653 e em São


Paulo pela Cetesb D7.013.
Previamente executada na instalação de cargas.
Utilizam embarcações estacionárias com várias torres.
Desmonte com explosivos

Desmonte com explosivos com barco perfurador no Rio Tietê em Osasco/SP


– Décadas de 1980 a 1990
Derrocagem ocorrida no Porto de Santos, na Pedra de
Itapema, em 2011.
Alargamento do canal de navegação, de 150 para 220
metros.
31.000 m3 de rochas foram retirados com a derrocagem
das pedras de Teffé (em 1999) e pedra Itapema, no Porto
de Santos.
A profundidade do canal também
aumentou: de 12 para 15 metros.
O empreendimento ficou orçado
em R$ 25,5 milhões, com
recursos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
O desmonte foi realizado pelo
navio perfuratriz chinês, Yuan
Dong 007.
Cuidados com a derrocagem com explosivos.

Fatores a serem observados na utilização de explosivos:


• Interferências com tráfego e vias próximas;
• Dificuldade na locação dos furos e colocação das cargas
• Condição do tempo e visibilidade embaixo d’água (quando
subaquática);
• Vibração do terreno, impacto do ar e ultra lançamento
(arremesso de fragmentos de rocha além da área de
operação);
• Existência de sedimentos sobre o material a desmontar;
• Comunicação com a terra;
• Proteção do pessoal envolvido e no entorno; e
• Menor dano possível à rocha e estruturas existentes.
Processo de derrocamento empregado nas obras de ampliação
da calha do Rio Tietê
Impactos da Derrocagem

Obras de derrocagem podem gerar alguns riscos ou


impactos. A criação de medidas mitigadoras é essencial
para a redução dos riscos e impactos. Dentre estes
impactos, se destacam:
• Risco de danos durante a operação de derrocagem
(patrimônio histórico e arqueológico, navegação e
atividades portuárias, além de afetar a pesca);
• Risco de acidentes com os explosivos;
• Abalo nas estruturas de obras civis; e
• Alteração de habitats (afetando a fauna).
Mitigação dos impactos da derrocagem
Dentre as medidas mitigadoras para redução dos impactos da
derrocagem, se destacam:
• Realização prévia de inventário de integridade das edificações
a cada operação;
• Execução de valas de isolamento;
• Segurança no manuseio dos explosivos de acordo com as
normas vigentes;
• Sinalização adequada na área de influência das obras;
• Realização de relatório com informações técnicas para
possíveis medidas corretivas;
• Inspeção realizada por mergulhadores após a derrocagem; e
• Batimetrias de averiguação.
Material Retirado
Material retirado ou deslocado do leito dos corpos d’água
decorrente da atividade de dragagem e/ou derrocagem e
transferido para local de despejo autorizado pelo órgão
competente.
Programa de investigação laboratorial terá 3 etapas:
• Caracterização física: quantidade a ser retirado,
granulometria, peso específicos dos sólidos.
• Caracterização química: Concentrações de poluentes nos
sedimentos.
• Caracterização ecotoxicológica: Avalia os impactos
potenciais a vida aquática.
Material Retirado
O transporte de material retirado poderá ser feito de acordo
com alguns fatores:
• Tipo de sedimento;
• Localização da obra;
• Distancia do bota-fora
• Infraestrutura viária existente;
• Custos;
• Rendimentos dos equipamentos ; e
• Legislação vigente.
Questões
1. Quais são os tipos de dragas mecânicas? Descreva
sucintamente cada um deles.
2. Fale sobre as dragas hidráulicas, suas características e
diferenças.
3. Como é realizado o pagamento e controle do rendimento
dos serviços de dragagem?
4. O que é o derrocamento?
5. Quais são as fases do derrocamento?
6. Como pode ser realizado o desmonte? Explique os tipos de
desmonte.
Referência Bibliográfica

Alfredini, P., & Arasaki, E. (2009). Obras e gestão de portos e


costas: a técnica aliada ao enfoque logístico e ambiental.
Edgard Blücher. 2ª Edição.
Brasil (2006). Relatório de avaliação de programa: Programa
Manutenção de Hidrovias - Tribunal de Contas da União.
Brasília, 2006. Disponível em:
http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?inlin
e=1&fileId=8A8182A14D92792C014D92877AFB4812, acessado
em 08/04/2016
DAAE - http://www.daee.sp.gov.br
Lima, L. R. D. S. (2008). Dragagem, transporte e disposição final de
sedimento de leito de rio-estudo de caso: Calha do Rio Tietê-
Fase II(Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
Referência Bibliográfica
Manutenção Hidroviária em Departamento Nacional de Infraestrutura
em Transportes, disponível em:
http://www.dnit.gov.br/hidrovias/hidrovias-
interiores/manutencao-hidroviaria, acessado em 08/04/2016.
Porto Gente - https://portogente.com.br/portopedia/74169-
derrocagem
Plano básico ambiental da dragagem de aprofundamento do porto de
santos - Programa de Mitigação dos Impactos da Derrocagem. RTC
- 131011- Relatório de Atividades. Disponível em:
http://licenciamento.ibama.gov.br/Dragagem/ Dragagem%20-
%20Porto%20de%20Santos/Relatorios%20
de%20Monitoramentos/Derrocagem/RTC-
131011_Programa%20de%20 Mitigacao%20de%
20Impactos%20da%20Derrocagem.pdf, acessado em 10/04/2016

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