O Código de Ética Médica foi criado em 1988, mesmo ano da criação da
ainda vigente constituição federal. A versão que está em vigor nos dias de hoje foi revisada, atualizada e publicada no ano de 2010. O documento possui um conjunto de normas, sugestões e práticas que devem seguidas à risca pelos médicos para a prática médica. Entretanto algumas recomendações ou diretos são um tanto quanto vagos, por exemplo, no capítulo V no artigo 41 “Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal”, é algo extremamente questionável na prática médica, hoje se fala muito em distanásia. De modo geral as normas convergem para uma medicina mais humanitária e cidadã para os pacientes e também para o exercício da profissão.
Obviamente o código de ética médica tem um caráter muito mais
importante em termos legais, uma vez que, está implícito que, uma vez médico, você está formado e “pronto” para atuar. Os estudantes por sua vez, embora também tenham seus deveres, acabam sendo menos “prejudicados” especialmente e simplesmente pelo fato de serem estudantes. Na prática os estudantes estão sempre supervisionados e a responsabilidade de algo mais grave recai sobre a figura da pessoa responsável pelo estudante no momento do “ato falho” do aluno.
A intenção do código é trazer/proporcionar para estudantes e professores
uma conduta ou caminho a ser seguido, logicamente que o código também cria uma carga de responsabilidade para o estudante, mas por outro lado, também proporciona direitos que antes não eram tão claros.
O Código de Ética do Estudante de Medicina tem ao todo 45 artigos
organizados em seis diferentes grandes temas, os quais ressaltam atitudes comportamentais, práticas e princípios morais e éticos. A elaboração desse texto teve início há aproximadamente dois anos e foi concluído durante um fórum específico que foi organizado pelo CFM e que contou com a participação de representantes de várias instituições que mantém relação com os estudantes de medicina. A criação do código de ética do estudante de medicina contou não somente com essas instituições, mas também com médicos, estudantes e pessoas da sociedade como um todo.
Um dos ideais desse projeto é proporcionar logo cedo ao estudante a
concepção de um ideal ético/moral incentivando e proporcionando desde cedo características inatas da profissão, como por exemplo, lidar com problemas nos campos da moral e da ética. Outra proposta é desenvolver o senso de uma consciência individual e coletiva, tirando a responsabilidade exclusiva dos professores que a todo momento devem estar em cima dos alunos como responsáveis.
Alguns temas são exclusivos para estudantes da medicina. A
preocupação com os casos de trotes violentos foi um dos pontos que mais sofreu a influência pelo CFM, com o apoio dos Conselhos Regionais de Medicina. As autoridades médicas compreendem como um direito o estudante participar da recepção dos ingressantes, mas tudo deve ser promovido em um ambiente saudável e não violento. Nesse sentido, o CEEM estabelece ainda ser um dever do estudante “posicionar-se contra qualquer tipo de trote que pratique violência física, psíquica, sexual ou dano moral e patrimonial”.
A proteção do direito à privacidade e confidencialidade também foi
abordada com destaque no documento. Segundo o novo Código, o estudante de medicina deve manusear e manter sigilo sobre informações contidas em prontuários, papeletas, exames e demais folhas de observações médicas. Da mesma forma, cabe aos alunos ajudar na limitação ao acesso dessas informações, contidas nos prontuários, a outras pessoas e profissionais que não tenham a obrigação do sigilo médico.
Sobre a remuneração o código diz: “O estudante de medicina não pode
receber honorários ou salário pelo exercício de sua atividade acadêmica institucional, com exceção de bolsas regulamentadas”.
Mesmo que as universidades já tenham uma certa tradição de realizar a
oração ao cadáver, o texto reforça esse respeito com o cadáver, incluindo qualquer peça anatômica utilizados com a finalidade de aprendizado.