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Prefeituras estudam formas para aumentar receita

O baixo desempenho da arrecadação municipal faz os secretários da Fazenda de Blumenau e


Itajaí pensarem em alternativas para alavancar a receita. Segundo o secretário da Fazenda de
Blumenau, Horácio Rebelo, o município busca liberação de empréstimos junto à União para
que as despesas originadas na tragédia possam ser quitadas e que novos investimentos
possam ocorrer.

– A prefeitura tem projetos para a cidade, mas isso só sairá do papel se conseguirmos verba ou
recuperarmos a dívida ativa que hoje chega a R$ 100 milhões – afirma Rebelo.

Uma das saídas para aumentar a receita em Blumenau foi a reedição do Programa de
Recuperação Fiscal (Refisblu), que vai até dia 30 de junho. Desde 1º de abril, quando iniciou, o
Refisblu conseguiu renegociar cerca de R$ 11 milhões em dívidas. Apesar do valor, Rebelo
considera a adesão baixa, já que o município espera arrecadar R$ 30 milhões com o programa.

O secretário da Fazenda de Itajaí, Júlio Alves de Sá, diz estudar a implantação de um programa
de recuperação fiscal nos moldes do Refisblu.

– Estamos trabalhando de tudo quanto é jeito, mas há muito trabalho a fazer – avalia Sá.

Para o economista Ralf Marcos Ehmke, a chave para aumentar a receita é batalhar pelos
repasses do governo federal, que tem maior capacidade de endividamento do que os estados
e municípios. Além de intensificar a fiscalização tributária através da implantação da nota fiscal
eletrônica

Assembléia debate propostas para aumentar arrecadação nos municípios

As formas de arrecadação das receitas próprias dos municípios e as propostas para o aumento
dessa arrecadação foram discutidas em audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira
(03/07), na Assembléia Legislativa.
“A arrecadação dos municípios, muitas vezes, não é priorizada pelos gestores”, ressaltou o
propositor do debate, deputado Artur Bruno (PT).

Segundo o petista, 90% dos municípios cearenses “sobrevivem” com recursos oriundos do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS. “Apenas 12 ou 15 municípios têm
outras arrecadações além destas”, disse.

Durante a audiência, os debatedores divergiram sobre o aumento do número de taxas


cobradas pelos municípios como forma de contribuir para o aumento da arrecadação. O
consultor do Instituto Cidade, Eduardo Bezerra, apontou a cobrança de outras taxas, como,
por exemplo, pelo uso do solo urbano e espaço aéreo por concessionárias, como uma das
soluções.

O consultor fez uma exposição dos problemas enfrentados pelos municípios e suas
alternativas, com base em um estudo realizado pelo Instituto. Além da desatualização da
legislação sobre as taxas municipais, Bezerra constatou problemas na dívida ativa.

Para a diretora do Departamento de Assistência Técnica do Tribunal de Contas dos Municípios,


Danielle Jucá, os municípios não utilizam o poder que têm para legislar sobre taxas, tendo se
sustentado apenas com o FPM, como já havia colocado Artur Bruno. “O município de
Fortaleza, com a arrecadação do IPTU, não cobre as despesas do IJF. Em outros municípios, a
arrecadação do IPTU não cobre nem as despesas com o Poder Legislativo”, afirmou.

No entanto, para Witalo Paiva, analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e


Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), não se deve aumentar as taxas, e sim “atuar num
modo de melhorar a arrecadação e os gastos com os tributos que já existem”.

Essa também foi a opinião do promotor de Justiça, Luiz Alcântara Andrade, representante do
Ministério Público Estadual, que cobrou ainda consciência e contribuição por parte dos
parlamentares municipais. Outra sugestão do promotor foi quanto à necessidade de criação de
contadorias e promotorias nos municípios, “para a defesa do patrimônio público, e não do
patrimônio dos gestores”.

Já o representante da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), o


prefeito de Várzea Alegre José Helder Máximo, relatou as dificuldades encontradas pelos
municípios na cobrança de impostos de empresas de grande porte. Além disso, o prefeito
afirmou que tem percebido “a boa vontade dos gestores em acertar”. Também participou da
audiência o líder do Governo na Casa, deputado Nelson Martins (PT).
RW/LU

e-ISS promete aumentar eficiência na arrecadação

Aumentar a eficiência na arrecadação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) é


a proposta de empresas que oferecem soluções tecnológicas voltadas para o setor municipal
de tributos. Através do ISS eletrônico, ou e-ISS, a prefeitura consegue melhorar o controle e o
recebimento. Os prestadores de serviços do município, por sua vez, podem fazer o
recolhimento mensal via internet, sem precisar se deslocarem até um setor físico. Não são
apenas os gestores públicos e empresários que se beneficiam com essa tecnologia. Os
cidadãos também tendem a ganhar com o aumento da receita municipal.

Desde 2003, a Lidersoft oferece ferramentas de gestão para a área tributária aos municípios.
William Alves, diretor comercial da empresa, enumera os benefícios do e-ISS. “A Prefeitura
ganha em aumento da confiabilidade na nota fiscal e melhoria no processo de controle,
possibilitando o intercâmbio de informações entre o município e o contribuinte. Ganha-se
ainda em redução do custo do controle das notas a serem fiscalizadas e na diminuição da
sonegação e, consequentemente, no aumento da arrecadação”, diz.

De acordo com Peter Igor Volf, diretor presidente da Allbras, o foco do sistema é aumentar a
arrecadação. No entanto, o e-ISS também ajuda a aumentar a ação fiscal. Ele defende que sem
o ISS eletrônico não é possível fiscalizar as empresas prestadoras de serviço de forma
abrangente. “Isso demandaria um número muito grande de pessoas envolvidas em ações
fiscais trabalhosas, complexas e ineficientes. Praticamente todos os municípios que não
possuem o e-ISS apenas fiscalizam empresas notoriamente conhecidas como grandes
geradoras de receita por prestação de serviços, e as demais são negligenciadas. Com o
sistema, a ação fiscal pode ser estendida a todas as empresas”, analisa.

Alves explica que os produtos oferecidos pela Lidersoft contam com um módulo de inteligência
de negócios, destinado aos cargos de supervisão, diretoria e secretariado. Ele conta que a
proposta é levar para o âmbito municipal essa solução já utilizada nas empresas. “Dessa
maneira, os gestores podem acompanhar toda a operação dos sistemas, com relatórios e
gráficos gerados via internet, podendo ser acessados de qualquer parte. Esse módulo permite
ainda obter métricas de desempenho, geração de estatísticas e simulações diversas”,
completa.

Mais arrecadação e melhores serviços

Volf defende que as vantagens da contratação do ISS eletrônico estão diretamente


relacionadas ao aumento da arrecadação e ao conhecimento da distribuição de receita gerada
pelos prestadores de serviço. Assim, segundo ele, é possível estabelecer políticas de incentivo
para atrair as empresas e com isso impulsionar o aumento da receita. “O ISS é o tributo mais
sonegado no País. Essa sonegação é decorrente da impunidade gerada pela ausência de
fiscalização, ou melhor, pela falta de recursos adequados para viabilizar esta arrecadação”,
pondera.

Ainda de acordo com o diretor presidente da Allbras, entre as cidades de São Paulo, 450 têm
uma arrecadação de ISS 20% menor que o repasse de Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo estudos, esse recebimento deveria estar entre 30% e
40%. “Isso quer dizer que 3/4 dos municípios do estado são ineficientes na gestão de
arrecadação própria. Destes, cerca de 200 tem menos de 5%, ou seja, simplesmente não
possuem arrecadação. Nesses municípios, o gestor está correndo o risco de ação por
crime de responsabilidade fiscal por renúncia de receita. Isso falando do estado de São Paulo;
em muitos outros a situação é ainda mais grave”, discorre.

Alves lembra que no momento inicial da implantação do sistema é preciso fazer investimentos
em infraestrutura física, de comunicações, de equipamentos, entre outros. “Quando esses
recursos devem ser providenciados, o retorno é um pouco mais demorado. Mas,
habitualmente, o aumento da arrecadação gira em torno de 40%. Já nos primeiros seis meses,
o município perceberá uma melhoria sensível nos valores arrecadados”, afirma.

Uma vez aumentada a arrecadação, os recursos decorrentes podem ser investidos em outros
setores, como saúde, educação e transporte. Volf sublinha que é a população quem mais se
prejudica com a sonegação ou inadimplência das empresas prestadoras de serviço. “O cidadão
paga de duas formas. Primeiro porque a ineficiência no recolhimento dos tributos reduz a
receita direta do município, o que implica falta de recursos para investimento em serviços
essenciais. Outro fator é a concorrência desleal entre empresas sérias e estáveis que
cumprem com suas obrigações legais e fiscais e aquelas aventureiras e informais. As primeiras
têm um custo de carga tributária que as demais não têm e normalmente são elas que geram
empregos”, avalia.
Como implementar o e-ISS

Para implementar o e-ISS, o primeiro passo é contatar uma empresa que ofereça esse serviço.
A fornecedora analisa e revisa o código tributário do município e treina o corpo técnico e fiscal
da prefeitura, bem como os responsáveis contábeis das empresas locais, para utilização dos
sistemas.

“A empresa presta ainda consultoria e auditoria continuadas, que orientarão as ações da


prefeitura no sentido de promover e manter o incremento de arrecadação”, explica Peter Igor
Volf, diretor presidente da Allbras, acrescentando que a fornecedora também pode orientar
ou preparar a campanha publicitária de lançamento do programa no município. “Isso é muito
importante, pois a adesão das empresas é a base do sucesso no incremento de receita”,
completa.
William Alves, diretor comercial da Lidersoft, esclarece que o custo de implantação do ISS
eletrônico é determinado pelo porte do município. “Leva-se em consideração a quantidade de
contribuintes a serem capacitados e a necessidade de infra-estrutura para a implantação do
sistema. Outro fator que norteia o custo da implantação é a modalidade de suporte: se será
utilizado técnico da empresa online em tempo integral, se o contato será telefônico, remoto
via internet, etc. Consideramos ainda o prazo de duração do contrato”, conclui.

O Código Tributário Municipal é importantíssimo para a organização das atividades tributárias


municipais.

Esta lei tributária deve ser elaborada e atualizada considerando as atividades econômicas
relevantes do município. Deve ser elaborada e atualizada tendo em vista a estrutura
administrativa disponível em cada município.

A maioria dos CTM foi resultado de aprovação de modelos pré concebidos que não
contemplam as características dos municípios, especialmente os menores.

A avaliação personalizada dos CTM pode aumentar significativamente as receitas municipais


próprias e consolidar a autonomia dos Municípios com custo mínimo.

O Código Tributário Municipal (CTM) trata do Sistema Tributário Municipal e institui normas
gerais sobre direito tributário aplicáveis aos Municípios. Na maioria dos Municípios o CTM é
previsto pela Lei Orgânica e veiculado através de lei complementar.

Somente a partir de 1965, com a promulgação da Emenda Constitucional 18 de 1965 e, em


seguida, da Lei 5.172 de 1966, Código Tributário Nacional (CTN) foi instituído um Sistema
Tributário Nacional do qual, entretanto, os Municípios faziam parte de forma marginal. Após a
promulgação da Constituição de 1988 os Municípios, cuja autonomia política, econômica e
financeira foi reduzida durante a vigência da Constituição de 1967 e da Emenda Constitucional
1 de 1969, passaram a ser considerados entidades políticas e tiveram assegurada sua
autonomia. Apenas depois de 1988 foram aprovados por Câmaras Municipais os primeiros
CTM sistemáticos.

A maioria dos Municípios brasileiros, contudo, não dispunha nos anos seguintes a 1988 nem
dispõe atualmente de recursos próprios para elaborar CTM que contemple as particularidades
locais.

O CTM tem importância fundamental para a organização das atividades tributárias municipais.
Ele deve prever, além de outros assuntos, as obrigações tributárias acessórias dos
contribuintes, a fiscalização tributária, a forma pela qual serão feitos lançamentos de créditos
tributários e sua cobrança, o processo administrativo tributário, a inscrição de créditos
tributários em dívida ativa e as providências administrativas necessárias para a promoção de
execução fiscal. Tais previsões devem ser estipuladas tendo em conta as características de
cada Município ou as suas eficácias ficarão comprometidas. Atualmente, um CTM, além disso,
deve prever regras para um Cadastro de Contribuintes (CC) informatizado, para expedição de
Notas Fiscais Eletrônicas (e-NF) e, especialmente, considerando as atividades desenvolvidas
pelos contribuintes municipais, regras para substituição tributária.

Um CTM bem elaborado e adequado às peculiaridades municipais provocará inevitavelmente


um aumento da receita própria municipal. Não é por outra razão que a União e os Estados
mais importantes da federação promovem tantas alterações nas suas legislações tributárias.

O CTM deve ser elaborado, sob pena de inconstitucionalidade ou de ilegalidade, de acordo


com os princípios, as regras gerais e as outorgas de competências tributárias estabelecidas
pela Constituição Federal, pelo CTN, pela legislação federal complementar, pela Constituição
Estadual e, finalmente, pela Lei Orgânica municipal.

Além disso, o CTM deve ser elaborado e atualizado tendo em vista as atividades econômicas
relevantes de cada município. Ele deve ser elaborado e atualizado considerando a estrutura
administrativa de cada município. As obrigações acessórias as quais estão sujeitos os
contribuintes de um município devem ser adequadas às atividades econômicas desenvolvidas
em seu território. A atribuição de competência funcional para exercer fiscalização, fazer
lançamento de crédito tributário, proceder o processo administrativo tributário e a inscrição
em dívida ativa não pode ser igual em municípios com estruturas administrativas distintas.

Obrigações acessórias estabelecidas com sabedoria e atribuição de competência funcional


específica para a prática de atos indispensáveis para a administração tributária constituem
providências que podem garantir menor custo para a atividade de fiscalização e possibilitar o
funcionamento do aparato tributário municipal. Todavia, estabelecer obrigações acessórias
com sabedoria e atribuir competência tributária funcional específica exigem cogitar os
contribuintes e a estrutura administrativa de cada Município.

Com relação a CC e emissão de e-NF a melhor opção para os pequenos Municípios é firmar
convênios com a Receita Federal do Brasil (RFB) e com as Secretarias de Fazendas Estaduais
(SFE) para compartilhar cadastro de contribuintes e para possibilitar aos seus contribuintes do
ISS emitirem e-NF. A prestação de serviços é um atributo importante para a arrecadação de
Imposto Sobre a Renda, administrado pela RFB, da qual os Estados e o Distrito Federal
participam. A RFB e as SFE têm, pois, interesse em contribuir para o aperfeiçoamento do
aparato tributário municipal, além de disponibilidade de infra-estrutura tendo em vista seus
sistemas de cadastros informatizados e sistemas para emissão de e-NF que podem ser
compartilhados com custos mínimos. Mas ambas as sistemáticas necessitam previsão pelo
CTM.
Existem muitos pequenos municípios em cujos territórios está instalada uma grande indústria,
por exemplo, usinas de álcool e açúcar. Tal situação exige providências municipais para
arrecadar todo o ISS devido em sua decorrência: O ISS referente aos serviços de manutenção
da planta industrial e o ISS referente ao transporte municipal dos insumos consumidos pela
indústria. A estipulação de obrigações acessórias adequadas e a instituição de substituição
tributária podem permitir ao município avaliar as operações de prestação de serviços
respectivas, fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias de muitos contribuintes que se
relacionam com a grande indústria, lançar e cobrar todo o ISS devido. Tudo isso com um custo
administrativo muito pequeno.

Mas avaliar e fiscalizar cumprimento de obrigações tributárias não é, per si, suficiente. O CTM
deve estabelecer um rito ágil e eficaz para o processo administrativo tributário e para a
administração da dívida ativa para tornar efetivo o ingresso do tributo nos cofres públicos.
Deve estabelecer uma sistemática para executar judicialmente os seus créditos tributários. E
tais virtudes podem ser alcançadas através de atribuição de competência funcional para os
funcionários públicos incumbidos das respectivas providências sob pena de responsabilidade
pessoal.

A maioria dos CTM foi resultado de aprovação de modelos pré concebidos que não
contemplam as características individuais dos municípios, especialmente dos menores.

Uma avaliação personalizada dos CTM pode aumentar significativamente as receitas


municipais próprias e consolidar a autonomia dos Municípios.

* Moacyr Pinto Jr, Advogado. Especialista em Direito Tributário. Especializado em Políticas


Públicas e Gestão Governamental pela Es-cola Nacional de Administração Pública

Aumentando as tranferências do ICMS e IPVA*


publicado em 17/05/2006

Uma postura ativa da prefeitura para aumentar a arrecadação dos impostos estaduais pode
ampliar a receita municipal.
Autores: José Carlos Vaz e Anna Luiza S. Souto Ferreira

A política tributária do município não pode se restringir ao estabelecimento e administração


dos tributos municipais. A maior parte da receita dos municípios brasileiros provém de
repasses de impostos federais e estaduais, que são responsabilidade dos Estados e da União. A
maioria dos municípios aguarda esses repasses, de maneira passiva. Entretanto, os impostos
estaduais (IPVA e ICMS) são repassados também em função de sua arrecadação no município.
Assim, quanto maior for a arrecadação destes impostos no município, maior será sua
participação nas transferências estaduais. Portanto, ao aumentar sua arrecadação, o município
ampliará suas receitas totais. O fato de não serem impostos municipais não impede que a
prefeitura procure melhorar sua arrecadação.

O QUE FAZER?

As principais ações para aumentar a arrecadação podem ser organizadas em três grupos:
aumento da fiscalização, incentivo à ocorrência do fato gerador do tributo e redução da
inadimplência. Para os impostos estaduais, as prefeituras podem realizar ações do primeiro e
do segundo grupo. Apesar de não terem poder para reduzir a inadimplência, podem auxiliar o
governo do Estado na fiscalização do ICMS, podem estimular a realização de atividades
comerciais ou o licenciamento de veículos no município, aumentando, respectivamente, a
arrecadação do ICMS e do IPVA.

MAIS ICMS

No caso do ICMS, que tem um peso muito maior que o IPVA, as duas formas de ação podem
ser empreendidas.

a) Auxílio à fiscalização

A prefeitura pode oferecer suporte ao governo do Estado para a fiscalização do ICMS. É


importante firmar convênios para definir e organizar essas ações conjuntas. Normalmente, a
forma mais simples de auxiliar a atividade de fiscalização é fornecer infra-estrutura: colocando
pessoal de apoio, instalações, combustível ou veículos à disposição da Secretaria da Fazenda
do Estado. É possível também, estabelecer convênios que permitam à própria prefeitura,
através de seus funcionários, realizar diretamente a fiscalização do ICMS.

As campanhas de incentivo à exigência de nota fiscal pelos consumidores também funcionam


como forma de reduzir a sonegação, constituindo uma fiscalização indireta. Entretanto, muitos
especialistas avaliam que este tipo de fiscalização só traz bons resultados quando envolve
interesses diretos dos consumidores, através da penalização pela compra de mercadorias sem
nota fiscal, ou pelo oferecimento de benefícios pela exigência da nota fiscal.

É bastante usual que os Estados realizem concursos para incentivar a prática dos consumidores
exigirem nota fiscal, sorteando prêmios aos que recolhem as notas fiscais. As prefeituras
podem realizar concursos semelhantes, oferecendo prêmios em função da apresentação de
notas fiscais de empresas instaladas no município (ou seja, cujo recolhimento de ICMS
contribui para o cálculo da participação do município no repasse do governo estadual). Uma
das exigências para se participar do concurso, pode ser a quitação de débitos com a prefeitura,
tanto da parte do contribuinte quanto do comerciante, que regularizará seus débitos para não
perder compradores caso suas notas fiscais não tenham validade para o concurso.

Em municípios pequenos, os dias de sorteio podem ser transformados em eventos sociais e


políticos, convertendo-se, inclusive, em alternativa de lazer.

Pode-se, também, cogitar a participação do governo municipal em um concurso promovido


pelo governo estadual, oferecendo prêmios próprios para as notas fiscais referentes ao
município.

b) Incentivo às atividades comerciais


Além de ações voltadas diretamente ao aumento da arrecadação, a prefeitura pode, ao
incentivar as atividades comerciais no município, conseguir aumento de arrecadação do ICMS
em sua base territorial. Esta alternativa é especialmente válida para municípios cujos
habitantes façam suas compras em cidades vizinhas.

Uma das formas de provocar mudanças nos hábitos de compra da população é tornar mais
competitivo o comércio local. Pode-se também estimular a instalação de novas empresas no
município. Para identificar produtos ou mercados que possam competir com outros
municípios, será preciso fazer um diagnóstico da economia local.

Como grande parte das ações de ampliação da arrecadação de ICMS passa por iniciativas
conjuntas entre prefeitura e comerciantes (ou outros atores sociais), o programa de aumento
de arrecadação e valorização do comércio local deve contar com a participação e integração da
comunidade. Sempre que possível, a prefeitura deve fazer com que os comerciantes
beneficiados pelos eventos ou promoções arquem com, pelo menos, parte dos custos.

MAIS IPVA

Para aumentar a arrecadação do IPVA não há muitas atividades de fiscalização que o município
possa realizar. É necessário estimular o licenciamento de veículos no município. Atrair para o
município a instalação de empresas que dependem de uma frota grande de veículos é a
alternativa mais vantajosa, como no caso as empresas de ônibus, transportadoras e locadoras
de veículos. Pode-se oferecer benefícios através de uma redução de taxas e ISS que resulte em
um valor inferior àquele gerado pelo aumento da parcela do município da arrecadação
adicional de IPVA (50% da arrecadação).

EXPERIÊNCIAS

Ronda Alta-RS (12 mil hab.) implantou um programa de aumento da arrecadação do ICMS, a
partir de 1990, que uniu o auxílio à fiscalização e o incentivo ao comércio.

Várias intervenções de estímulo às vendas do comércio local foram realizadas. Um dos


melhores exemplos é a Feira da Pechincha. Nesta feira, o comércio expunha seus produtos e
toda noite havia uma programação cultural com espetáculos de artistas de outras cidades e do
próprio município (violeiros, gaiteiros etc.). A feira conseguiu reunir cerca de 3 mil pessoas por
noite. Para que os moradores do interior também pudessem participar, a prefeitura colocou
transporte à sua disposição. Foi montado, também, um parque infantil com ingresso gratuito
para os estudantes.

Seguindo a proposta de integrar a comunidade em torno do desenvolvimento do município, a


prefeitura criou a campanha Bolão da Notinha, um programa destinado a aumentar a
arrecadação de ICMS, incentivando os consumidores a exigirem nota fiscal no ato da compra.
Ao atingir determinado valor em notas fiscais, o comprador podia trocá-las por cupons com os
quais concorria a uma série de prêmios todos os meses e no final do ano participava do sorteio
de um carro novo.

Essa iniciativa da administração contou com o apoio dos comerciantes locais, por acenar com a
perspectiva de um aumento de suas vendas. Além de se prontificarem a oferecer alguns dos
artigos a serem sorteados, eles também eram os responsáveis por organizar um jantar mensal,
no decorrer do qual era realizado o sorteio. Esse jantar reunia muitas pessoas, tornando-se um
momento de confraternização e debate de idéias. A cada mês o prefeito discursava sobre um
determinado tema e convidava as lideranças políticas de oposição para apresentarem seus
projetos para o município. A renda desse jantar revertia para uma das associações locais, num
sistema de rodízio (Brigada Militar, Associação dos Pequenos e Micro Empresários, Sindicatos,
etc.).

O Bolão da Notinha notabilizou-se por ser uma prática simples e eficiente. Grupos de
comerciantes das regiões vizinhas passaram a procurar a prefeitura de Ronda Alta para obter
informações sobre o programa, visando implementá-lo em suas cidades.

RESULTADOS

Os benefícios trazidos pelas ações de que levam à melhoria da arrecadação do ICMS e do IPVA
tendem a ser mais amplos do que o simples aumento da receita municipal. Como grande parte
das ações possíveis está relacionada com intervenções na atividade econômica, pode-se
combinar resultados positivos para as receitas da prefeitura com a ampliação da oferta de
empregos ou da renda dos cidadãos. Um programa que use medidas de incentivo ao comércio
pode ser espaço para criação de um Fórum de Desenvolvimento Local articulando lideranças
da cidade para discutir alternativas para seu desenvolvimento.

No caso de Ronda Alta, a campanha do Bolão da Notinha mobilizou a população e atingiu um


enorme sucesso. Atraídos pelo concurso, muitos moradores das regiões vizinhas passaram a
fazer compras em Ronda Alta. Com isso, as vendas do comércio local aumentaram
sensivelmente, engordando os cofres da administração. Em 1991, a campanha do Bolão da
Notinha fez com que a arrecadação municipal crescesse, aproximadamente, 3,75% (receita
total). A participação do município de Ronda Alta no montante de ICMS gerado no Estado
cresceu cerca de 10%.

Além de incentivar o comércio local e aumentar a arrecadação de ICMS, o concurso também


estimulou os contribuintes a quitarem os impostos devidos à prefeitura (IPTU, por exemplo), já
que isso era um requisito para se poder trocar as notas fiscais por cupons.

As ações de aumento da arrecadação de impostos podem ser revertidas em investimentos em


políticas sociais do município, inclusive através de compromisso expresso da prefeitura. A
prefeitura pode, por exemplo, comprometer-se a aumentar os investimentos na área de saúde
na medida em que a arrecadação aumentar, conseguindo, com isso, maior apoio popular.

No caso de Ronda Alta, a prefeitura associou seu programa de ampliação da arrecadação de


ICMS a atividades culturais e de lazer, custeadas em sua maior parte pelos comerciantes
beneficiados. Essas práticas produziram uma mobilização da população, auxiliando a
ampliação das bases de sustentação do governo.

Programa de Modernização da Secretaria de Fazenda do Estado da Bahia

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