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– A prefeitura tem projetos para a cidade, mas isso só sairá do papel se conseguirmos verba ou
recuperarmos a dívida ativa que hoje chega a R$ 100 milhões – afirma Rebelo.
Uma das saídas para aumentar a receita em Blumenau foi a reedição do Programa de
Recuperação Fiscal (Refisblu), que vai até dia 30 de junho. Desde 1º de abril, quando iniciou, o
Refisblu conseguiu renegociar cerca de R$ 11 milhões em dívidas. Apesar do valor, Rebelo
considera a adesão baixa, já que o município espera arrecadar R$ 30 milhões com o programa.
O secretário da Fazenda de Itajaí, Júlio Alves de Sá, diz estudar a implantação de um programa
de recuperação fiscal nos moldes do Refisblu.
– Estamos trabalhando de tudo quanto é jeito, mas há muito trabalho a fazer – avalia Sá.
Para o economista Ralf Marcos Ehmke, a chave para aumentar a receita é batalhar pelos
repasses do governo federal, que tem maior capacidade de endividamento do que os estados
e municípios. Além de intensificar a fiscalização tributária através da implantação da nota fiscal
eletrônica
As formas de arrecadação das receitas próprias dos municípios e as propostas para o aumento
dessa arrecadação foram discutidas em audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira
(03/07), na Assembléia Legislativa.
“A arrecadação dos municípios, muitas vezes, não é priorizada pelos gestores”, ressaltou o
propositor do debate, deputado Artur Bruno (PT).
Segundo o petista, 90% dos municípios cearenses “sobrevivem” com recursos oriundos do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS. “Apenas 12 ou 15 municípios têm
outras arrecadações além destas”, disse.
O consultor fez uma exposição dos problemas enfrentados pelos municípios e suas
alternativas, com base em um estudo realizado pelo Instituto. Além da desatualização da
legislação sobre as taxas municipais, Bezerra constatou problemas na dívida ativa.
Essa também foi a opinião do promotor de Justiça, Luiz Alcântara Andrade, representante do
Ministério Público Estadual, que cobrou ainda consciência e contribuição por parte dos
parlamentares municipais. Outra sugestão do promotor foi quanto à necessidade de criação de
contadorias e promotorias nos municípios, “para a defesa do patrimônio público, e não do
patrimônio dos gestores”.
Desde 2003, a Lidersoft oferece ferramentas de gestão para a área tributária aos municípios.
William Alves, diretor comercial da empresa, enumera os benefícios do e-ISS. “A Prefeitura
ganha em aumento da confiabilidade na nota fiscal e melhoria no processo de controle,
possibilitando o intercâmbio de informações entre o município e o contribuinte. Ganha-se
ainda em redução do custo do controle das notas a serem fiscalizadas e na diminuição da
sonegação e, consequentemente, no aumento da arrecadação”, diz.
De acordo com Peter Igor Volf, diretor presidente da Allbras, o foco do sistema é aumentar a
arrecadação. No entanto, o e-ISS também ajuda a aumentar a ação fiscal. Ele defende que sem
o ISS eletrônico não é possível fiscalizar as empresas prestadoras de serviço de forma
abrangente. “Isso demandaria um número muito grande de pessoas envolvidas em ações
fiscais trabalhosas, complexas e ineficientes. Praticamente todos os municípios que não
possuem o e-ISS apenas fiscalizam empresas notoriamente conhecidas como grandes
geradoras de receita por prestação de serviços, e as demais são negligenciadas. Com o
sistema, a ação fiscal pode ser estendida a todas as empresas”, analisa.
Alves explica que os produtos oferecidos pela Lidersoft contam com um módulo de inteligência
de negócios, destinado aos cargos de supervisão, diretoria e secretariado. Ele conta que a
proposta é levar para o âmbito municipal essa solução já utilizada nas empresas. “Dessa
maneira, os gestores podem acompanhar toda a operação dos sistemas, com relatórios e
gráficos gerados via internet, podendo ser acessados de qualquer parte. Esse módulo permite
ainda obter métricas de desempenho, geração de estatísticas e simulações diversas”,
completa.
Ainda de acordo com o diretor presidente da Allbras, entre as cidades de São Paulo, 450 têm
uma arrecadação de ISS 20% menor que o repasse de Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo estudos, esse recebimento deveria estar entre 30% e
40%. “Isso quer dizer que 3/4 dos municípios do estado são ineficientes na gestão de
arrecadação própria. Destes, cerca de 200 tem menos de 5%, ou seja, simplesmente não
possuem arrecadação. Nesses municípios, o gestor está correndo o risco de ação por
crime de responsabilidade fiscal por renúncia de receita. Isso falando do estado de São Paulo;
em muitos outros a situação é ainda mais grave”, discorre.
Alves lembra que no momento inicial da implantação do sistema é preciso fazer investimentos
em infraestrutura física, de comunicações, de equipamentos, entre outros. “Quando esses
recursos devem ser providenciados, o retorno é um pouco mais demorado. Mas,
habitualmente, o aumento da arrecadação gira em torno de 40%. Já nos primeiros seis meses,
o município perceberá uma melhoria sensível nos valores arrecadados”, afirma.
Uma vez aumentada a arrecadação, os recursos decorrentes podem ser investidos em outros
setores, como saúde, educação e transporte. Volf sublinha que é a população quem mais se
prejudica com a sonegação ou inadimplência das empresas prestadoras de serviço. “O cidadão
paga de duas formas. Primeiro porque a ineficiência no recolhimento dos tributos reduz a
receita direta do município, o que implica falta de recursos para investimento em serviços
essenciais. Outro fator é a concorrência desleal entre empresas sérias e estáveis que
cumprem com suas obrigações legais e fiscais e aquelas aventureiras e informais. As primeiras
têm um custo de carga tributária que as demais não têm e normalmente são elas que geram
empregos”, avalia.
Como implementar o e-ISS
Para implementar o e-ISS, o primeiro passo é contatar uma empresa que ofereça esse serviço.
A fornecedora analisa e revisa o código tributário do município e treina o corpo técnico e fiscal
da prefeitura, bem como os responsáveis contábeis das empresas locais, para utilização dos
sistemas.
Esta lei tributária deve ser elaborada e atualizada considerando as atividades econômicas
relevantes do município. Deve ser elaborada e atualizada tendo em vista a estrutura
administrativa disponível em cada município.
A maioria dos CTM foi resultado de aprovação de modelos pré concebidos que não
contemplam as características dos municípios, especialmente os menores.
O Código Tributário Municipal (CTM) trata do Sistema Tributário Municipal e institui normas
gerais sobre direito tributário aplicáveis aos Municípios. Na maioria dos Municípios o CTM é
previsto pela Lei Orgânica e veiculado através de lei complementar.
A maioria dos Municípios brasileiros, contudo, não dispunha nos anos seguintes a 1988 nem
dispõe atualmente de recursos próprios para elaborar CTM que contemple as particularidades
locais.
O CTM tem importância fundamental para a organização das atividades tributárias municipais.
Ele deve prever, além de outros assuntos, as obrigações tributárias acessórias dos
contribuintes, a fiscalização tributária, a forma pela qual serão feitos lançamentos de créditos
tributários e sua cobrança, o processo administrativo tributário, a inscrição de créditos
tributários em dívida ativa e as providências administrativas necessárias para a promoção de
execução fiscal. Tais previsões devem ser estipuladas tendo em conta as características de
cada Município ou as suas eficácias ficarão comprometidas. Atualmente, um CTM, além disso,
deve prever regras para um Cadastro de Contribuintes (CC) informatizado, para expedição de
Notas Fiscais Eletrônicas (e-NF) e, especialmente, considerando as atividades desenvolvidas
pelos contribuintes municipais, regras para substituição tributária.
Além disso, o CTM deve ser elaborado e atualizado tendo em vista as atividades econômicas
relevantes de cada município. Ele deve ser elaborado e atualizado considerando a estrutura
administrativa de cada município. As obrigações acessórias as quais estão sujeitos os
contribuintes de um município devem ser adequadas às atividades econômicas desenvolvidas
em seu território. A atribuição de competência funcional para exercer fiscalização, fazer
lançamento de crédito tributário, proceder o processo administrativo tributário e a inscrição
em dívida ativa não pode ser igual em municípios com estruturas administrativas distintas.
Com relação a CC e emissão de e-NF a melhor opção para os pequenos Municípios é firmar
convênios com a Receita Federal do Brasil (RFB) e com as Secretarias de Fazendas Estaduais
(SFE) para compartilhar cadastro de contribuintes e para possibilitar aos seus contribuintes do
ISS emitirem e-NF. A prestação de serviços é um atributo importante para a arrecadação de
Imposto Sobre a Renda, administrado pela RFB, da qual os Estados e o Distrito Federal
participam. A RFB e as SFE têm, pois, interesse em contribuir para o aperfeiçoamento do
aparato tributário municipal, além de disponibilidade de infra-estrutura tendo em vista seus
sistemas de cadastros informatizados e sistemas para emissão de e-NF que podem ser
compartilhados com custos mínimos. Mas ambas as sistemáticas necessitam previsão pelo
CTM.
Existem muitos pequenos municípios em cujos territórios está instalada uma grande indústria,
por exemplo, usinas de álcool e açúcar. Tal situação exige providências municipais para
arrecadar todo o ISS devido em sua decorrência: O ISS referente aos serviços de manutenção
da planta industrial e o ISS referente ao transporte municipal dos insumos consumidos pela
indústria. A estipulação de obrigações acessórias adequadas e a instituição de substituição
tributária podem permitir ao município avaliar as operações de prestação de serviços
respectivas, fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias de muitos contribuintes que se
relacionam com a grande indústria, lançar e cobrar todo o ISS devido. Tudo isso com um custo
administrativo muito pequeno.
Mas avaliar e fiscalizar cumprimento de obrigações tributárias não é, per si, suficiente. O CTM
deve estabelecer um rito ágil e eficaz para o processo administrativo tributário e para a
administração da dívida ativa para tornar efetivo o ingresso do tributo nos cofres públicos.
Deve estabelecer uma sistemática para executar judicialmente os seus créditos tributários. E
tais virtudes podem ser alcançadas através de atribuição de competência funcional para os
funcionários públicos incumbidos das respectivas providências sob pena de responsabilidade
pessoal.
A maioria dos CTM foi resultado de aprovação de modelos pré concebidos que não
contemplam as características individuais dos municípios, especialmente dos menores.
Uma postura ativa da prefeitura para aumentar a arrecadação dos impostos estaduais pode
ampliar a receita municipal.
Autores: José Carlos Vaz e Anna Luiza S. Souto Ferreira
O QUE FAZER?
As principais ações para aumentar a arrecadação podem ser organizadas em três grupos:
aumento da fiscalização, incentivo à ocorrência do fato gerador do tributo e redução da
inadimplência. Para os impostos estaduais, as prefeituras podem realizar ações do primeiro e
do segundo grupo. Apesar de não terem poder para reduzir a inadimplência, podem auxiliar o
governo do Estado na fiscalização do ICMS, podem estimular a realização de atividades
comerciais ou o licenciamento de veículos no município, aumentando, respectivamente, a
arrecadação do ICMS e do IPVA.
MAIS ICMS
No caso do ICMS, que tem um peso muito maior que o IPVA, as duas formas de ação podem
ser empreendidas.
a) Auxílio à fiscalização
É bastante usual que os Estados realizem concursos para incentivar a prática dos consumidores
exigirem nota fiscal, sorteando prêmios aos que recolhem as notas fiscais. As prefeituras
podem realizar concursos semelhantes, oferecendo prêmios em função da apresentação de
notas fiscais de empresas instaladas no município (ou seja, cujo recolhimento de ICMS
contribui para o cálculo da participação do município no repasse do governo estadual). Uma
das exigências para se participar do concurso, pode ser a quitação de débitos com a prefeitura,
tanto da parte do contribuinte quanto do comerciante, que regularizará seus débitos para não
perder compradores caso suas notas fiscais não tenham validade para o concurso.
Uma das formas de provocar mudanças nos hábitos de compra da população é tornar mais
competitivo o comércio local. Pode-se também estimular a instalação de novas empresas no
município. Para identificar produtos ou mercados que possam competir com outros
municípios, será preciso fazer um diagnóstico da economia local.
Como grande parte das ações de ampliação da arrecadação de ICMS passa por iniciativas
conjuntas entre prefeitura e comerciantes (ou outros atores sociais), o programa de aumento
de arrecadação e valorização do comércio local deve contar com a participação e integração da
comunidade. Sempre que possível, a prefeitura deve fazer com que os comerciantes
beneficiados pelos eventos ou promoções arquem com, pelo menos, parte dos custos.
MAIS IPVA
Para aumentar a arrecadação do IPVA não há muitas atividades de fiscalização que o município
possa realizar. É necessário estimular o licenciamento de veículos no município. Atrair para o
município a instalação de empresas que dependem de uma frota grande de veículos é a
alternativa mais vantajosa, como no caso as empresas de ônibus, transportadoras e locadoras
de veículos. Pode-se oferecer benefícios através de uma redução de taxas e ISS que resulte em
um valor inferior àquele gerado pelo aumento da parcela do município da arrecadação
adicional de IPVA (50% da arrecadação).
EXPERIÊNCIAS
Ronda Alta-RS (12 mil hab.) implantou um programa de aumento da arrecadação do ICMS, a
partir de 1990, que uniu o auxílio à fiscalização e o incentivo ao comércio.
Essa iniciativa da administração contou com o apoio dos comerciantes locais, por acenar com a
perspectiva de um aumento de suas vendas. Além de se prontificarem a oferecer alguns dos
artigos a serem sorteados, eles também eram os responsáveis por organizar um jantar mensal,
no decorrer do qual era realizado o sorteio. Esse jantar reunia muitas pessoas, tornando-se um
momento de confraternização e debate de idéias. A cada mês o prefeito discursava sobre um
determinado tema e convidava as lideranças políticas de oposição para apresentarem seus
projetos para o município. A renda desse jantar revertia para uma das associações locais, num
sistema de rodízio (Brigada Militar, Associação dos Pequenos e Micro Empresários, Sindicatos,
etc.).
O Bolão da Notinha notabilizou-se por ser uma prática simples e eficiente. Grupos de
comerciantes das regiões vizinhas passaram a procurar a prefeitura de Ronda Alta para obter
informações sobre o programa, visando implementá-lo em suas cidades.
RESULTADOS
Os benefícios trazidos pelas ações de que levam à melhoria da arrecadação do ICMS e do IPVA
tendem a ser mais amplos do que o simples aumento da receita municipal. Como grande parte
das ações possíveis está relacionada com intervenções na atividade econômica, pode-se
combinar resultados positivos para as receitas da prefeitura com a ampliação da oferta de
empregos ou da renda dos cidadãos. Um programa que use medidas de incentivo ao comércio
pode ser espaço para criação de um Fórum de Desenvolvimento Local articulando lideranças
da cidade para discutir alternativas para seu desenvolvimento.