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Primeiro registro cartográfico da cidade de Curitiba, em 1857. (Foto - Divulgação)
Instalação da Província do Paraná, 1853 (detalhe), de Theodoro de Bona. A obra, pintura a
óleo, com oito metros de largura por 3,34m de altura, está exposta no Salão Nobre do Palácio
Iguaçu. (Foto – Arnaldo Alves/ANPr)
A lei imperial 704, de 29 de agosto de 1853, que criava a província. Imagem é da Revista
Ilustração Brasileira – Edição Comemorativa do Centenário do Paraná. (Foto – Andressa
Katriny/CMC)
Em 1853, a 160 anos atrás, o baiano Zacarias de Góis e Vasconcelos se tornou o primeiro
presidente da Província do Paraná e suas ações administrativas delinearam as características
da nova província por anos. Para estudiosos como Wilson Martins, a gênese da identidade
paranaense se revela com a presença de Zacarias. (Foto – Joaquim Insley Pacheco, 1866)
A chamada Casa de Câmara e Cadeia pública localizava-se no largo da Matriz e, por muitos
anos, foi o único prédio oficial de Curitiba. Constantemente em reforma, passou por um
incêndio em 1897 que abalou sua estrutura, obrigando a demolição. (Foto – Arquivo Câmara)
Primeiro registro cartográfico da cidade de Curitiba, em 1857. (Foto - Divulgação)
Instalação da Província do Paraná, 1853 (detalhe), de Theodoro de Bona. A obra, pintura a
óleo, com oito metros de largura por 3,34m de altura, está exposta no Salão Nobre do Palácio
Iguaçu. (Foto – Arnaldo Alves/ANPr)
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Os 160 anos que separam a fundação de Curitiba (1693) da Emancipação Política do Paraná
(1853) não presenciaram mudanças significativas na aparência da cidade. Durante todo esse
tempo, as residências e comércios se limitaram ao entorno do Largo da Matriz (Praça
Tiradentes), e qualquer pessoa poderia percorrer as poucas ruas em menos de uma hora. Na
descrição de Romário Martins, Curitiba naquele momento era “uma insignificância, que de
cidade só tinha o predicamento oficial”.
Alguns caminhos já configuravam as ruas que hoje constituem o chamado Centro Histórico de
Curitiba, mas tudo era precário para os curitibanos da década de 1850. Os vereadores daquele
período eram obrigados a enviar funcionários para São Paulo com a finalidade de comprar óleo
para abastecer os poucos lampiões que iluminavam pontos estratégicos da cidade, como o
prédio da Cadeia Pública (que também sediava eventualmente a Câmara). Como o orçamento
era limitado, a iluminação só acontecia em festividades religiosas.
Mesmo investido da autoridade que lhe conferia o cargo de presidente da nova Província do
Paraná, Zacarias de Góis e Vasconcelos sabia que o sucesso de qualquer tentativa de
conquistar algum avanço para a região estaria na dependência direta do seu bom
relacionamento com as autoridades locais, no caso, os vereadores. Ele não podia se indispor,
por exemplo, com o coronel Manuel Antônio Ferreira, presidente da Câmara e dono de uma
fazenda com área de vinte mil metros quadrados. O local posteriormente viria a ser conhecido
como Boqueirão. Zacarias também deveria cultivar uma boa relação com Benedicto Enéas de
Paula, coronel da Guarda Nacional em Curitiba e vereador.
Outro que era vereador por Curitiba quando da posse de Zacarias como Presidente da
Província em 1853, foi Joaquim José Pinto Bandeira. Ele esteve preso em São Paulo devido à
sua participação na Conjura Separatista de 1821, que pretendia, já àquela época, a
Emancipação. Antes de se tornar vereador por Curitiba, Bandeira foi um dos primeiros
sertanistas do Paraná.
Poucos meses após a posse como presidente da Província, Zacarias de Góis e Vasconcelos
constatou dispor de um orçamento de somente 27 contos de réis, mas em poucos meses ele
conseguiu elevar essa quantia para 79 contos. Foi muito hábil também em conseguir apoio
para o início de algumas políticas públicas como a que estimulou a imigração para o Paraná, a
criação da imprensa oficial (jornal 19 de Dezembro) a revitalização da Estrada da Graciosa, o
apoio ao ensino e o estímulo ao surgimento de novas vilas pelo território da Província. Para
autores como o estudioso Wilson Martins, a administração de Zacarias se confunde com a
gênese da identidade paranaense. O político também previu que a mudança nas linhas
divisórias da nova Província do Paraná poderia acarretar problemas com o estado vizinho de
Santa Catarina, o que se confirmaria anos mais tarde.
Uma leitura superficial das Atas da Câmara Municipal de Curitiba pode sugerir que a atuação
dos vereadores não se alterou de maneira significativa com a Emancipação Política, mas
Francisco Negrão ressalta que “as ordens transmitidas a todas as localidades do interior que
eram as de Serra Acima, eram feitas por intermédio da Câmara Municipal de Curitiba”. A partir
de 1853, além do presidente da Província, passou a existir a Assembleia Legislativa para
cumprir essa função de mediação entre litoral e interior. Isso fez com que a Câmara se voltasse
de forma integral para as demandas locais, o que deu início a um processo de organização do
espaço urbano que se pautou pelo rigor estético e pelo higienismo, tendências proto-
urbanísticas em voga no século XIX. Era o início da busca pelo controle das epidemias, como
varíola, que começavam a se tornar mais frequentes na cidade e atingiriam seu auge em 1917.