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Os Estados-membros da federação são pessoas jurídicas de direito público

interno, dotadas de autonomia, já que possuem capacidade de auto-organização,


autogoverno, autoadministração e autolegislação. O processo de formação dos
Estados está disciplinado na Constituição Federal, que traz os requisitos para a
criação de um novo ente federativo estatal.
Processo geral de formação dos Estados-membros
O art. 18, § 3º, da Constituição, estabelece que os Estados-membros
podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se
anexarem a outros ou mesmo formarem novos Estados ou Territórios Federais.
Para que isso aconteça, são 2 as condições: primeiramente, deve haver a
aprovação pela população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e em
seguida aprovação pelo Congresso Nacional, por meio de lei complementar.
A convocação de plebiscito, conforme art. 49, XV, da Constituição, é de
competência exclusiva do Congresso Nacional. No caso do plebiscito para a
formação de um novo Estado, conforme determina art. 3º da Lei nº 9.708/1998, ele
dever ser convocado mediante decreto legislativo, por proposta de no mínimo 1/3
(um terço) dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso
Nacional.
A aprovação da população diretamente interessa por plebiscito é
condição prévia, essencial e prejudicial para a formação de um novo Estado.
Isso quer dizer que se não aprovada em plebiscito, o processo é interrompido. Em
outras palavras, a vontade negativa da população vincula, prevalecendo a
democracia direta sobre a indireta, exercida por meio do parlamento.
Se favorável a consulta plebiscitária ao povo, é proposto o projeto de lei
complementar (PLC), o que pode se dar em qualquer das casas legislativas.
Conforme art. 4º, § 2º, da Lei 9.709/1998, deverá ser também realizada, pela casa
onde foi apresentado o PLC, audiência das assembleias legislativas do Estado ou
Estados envolvidos. No entanto, o parecer dessas assembleias não é vinculativo,
ou seja, mesmo desfavorável, o processo de formação pode ser continuado.
Não há obrigatoriedade de que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei nem
que o Presidente da República o sancione. Ambos tem discricionariedade para
decidir, mesmo que o plebiscito tenha sido favorável à formação. Dessa forma,
tanto o parlamento quanto o Presidente têm autonomia para avaliar a conveniência
e oportunidade política da formação do novo Estado para o país.
O art. 235 da Constituição traz regras que devem ser seguidas pelo novo Estado-
membro em seus primeiros 10 anos de existência. Dentre elas, temos:
a) Assembleia Legislativa composta de 17 Deputados se a população do Estado
for inferior a 600.000 habitantes, e de 24, se entre este número e 1,5 milhão;
b) Governo com no máximo 10 Secretarias, Tribunal de Contas com 3 membros
nomeados pelo Governador eleito e Tribunal de Justiça com 7 Desembargadores,
também nomeados pelo Governador;
c) Os primeiros Juiz de Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público em cada
Comarca serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de
provas e títulos;
d) Até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria-
Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de
notório saber, com no mínimo 35 anos de idade, nomeados pelo Governador eleito
e demissíveis “ad nutum”;
e) As despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar 50% da
receita do novo Estado.

São 3 as formas que um novo Estado pode surgir. A primeira delas é a fusão, em
que 2 ou mais Estados-membros se unem geograficamente para formarem um
terceiro e novo Estado ou Território Federal, distinto dos anteriores, que deixam
de existir, portanto perdendo a personalidade primitiva.
No caso da fusão, considera-se população diretamente interessada no processo
aquela que pertence aos Estados que pretendem se fundir. Exemplo desse
processo ocorreu por ocasião da fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado
da Guanabara. Embora o nome Rio de Janeiro tenha sido mantido, o Estado
anterior deixou de existir, surgindo um novo, com personalidade jurídica distinta.
A segunda forma de surgimento de um novo Estado é a cisão. Por meio dela, um
Estado subdivide-se formando 2 ou mais novos Estados-membros, com
personalidades distintas. Neste processo, o Estado originário necessariamente
também deixa de existir. A população diretamente interessa é somente aquela que
habita o Estado originário.
Por fim, a terceira e última forma é o desmembramento, em que um ou mais
Estados-membros cedem parte do seu território geográfico para formação de um
Estado ou Território que não existia, ou ainda para anexação a outro Estado
existente.
São portanto duas modalidades de formação de um Estado por desmembramento.
A primeiro é chamada de desmembramento-formação, em que há o surgimento
de um novo Estado ou Território. A segunda é denominada de desmembramento-
anexação, onde não há a criação de um novo Estado.
Em ambos os casos, o Estado originário se mantém, ou seja, não desaparece.
Exemplo de desmembramento ocorreu no Estado de Goiás, para formação do
Estado de Tocantins. Da mesma forma, o desmembramento do Estado de Mato
Grosso para formação de Mato Grosso do Sul.
Por fim, no desmembramento, é população diretamente interessada, a ser
consultada por plebiscito, a população do território de todo o Estado que pretende
se desmembrar, não somente a do território que será desmembrado. No caso de
desmembramento-anexação, é também população diretamente interessada a do
território do Estado que irá receber o acréscimo territorial.
Essa definição foi dada por decisão do Supremo Tribunal Federal, ocasião em que
foi vencida a tese que toda a população do país seria diretamente interessada, sob
o argumento do impacto nacional da criação de novos Estados-membros para
a participação nas receitas federais e estaduais.

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