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Ariela Maria Cavalcante de Sá

Eneida Mary de carvalho costa


Jessica Silva Souza
Jeronimo Cícero do Carmo
Luana Bernardo Amaral
Stefany Nataly Souza Martins

RESENHA CRÍTICA:

LEI MARIA DA PENHA: UMA ANÁLISE CRIMINÓLOGICA

Paulo Afonso
2018
Ariela Maria Cavalcante de Sá
Eneida Mary de carvalho costa
Jessica Silva Souza
Jeronimo Cícero do Carmo
Luana Bernardo Amaral
Stefany Nataly Souza Martins

RESENHA CRÍTICA:

LEI MARIA DA PENHA: UMA ANÁLISE CRIMINÓLOGICA

Resenha crítica e informativa tendo como objetivo a


obtenção da nota parcial na disciplina Direito Penal,
da Faculdade Sete De setembro.

Professor (a): Maurilio Sobral.

Paulo Afonso
2018
MONTENEGRO, Marília. Lei Maria da Penha: uma análise criminológica-critica. Rio de
Janeiro: Editora Revan, 2015, 258 pág.

Marilia Montenegro, professora de Direito Penal da Faculdade de Direito de Recife (UFPE), a sua obra
Lei Maria da Penha: uma análise criminológico- crítica é o produto de sua tese de doutorado, no qual
apresenta ao leitor de maneira esclarecedora diante de um agregado de dados baseados num amplo
trabalho de campo adjunto as mulheres vítimas de agressões e abusos praticados pelos seus maridos e
companheiros, desde que a Lei 11.340 foi sancionada, em 2006, diversos debates são levantados em
volta dela, discutindo a sua efetividade e aplicabilidade. Entretanto, além de endossar esse juízo, a
autora inova ao retratar essa realidade sob a perspectiva da esfera jurídica, mas sem deslocá-la do
âmbito sentimental que acompanha a mulher em situação de maus-tratos. A partir disso, a autora faz
um diagnóstico das consequências advindas dessa correlação entre o Sistema de Justiça Criminal com
os vínculos familiares e de afeto em esfera privada.
Esta obra está dividida em introdução e mais cinco capítulos, no transcorrer deste volume ela explica
contraste dessa lei, que ao invés executar o seu dever primário que é de salvaguardar a vítima, na
realidade, tem contribuído para a perpetuação do ciclo de violência doméstica contra a mulher. De
acordo com ela, a mulher também retrata na sociedade patriarcal, um papel passivo. Quando solteira,
encontrava-se sujeita a agir de acordo com a vontade de seu pai, no momento em que em que estava
casada, atendia aos anseios do marido. Através do casamento, p homem e mulher passaram a constituir,
conforme a metáfora bíblica ‘’ uma só carne’’. Hespanha declara que ‘’, eles constituíam uma só carne;
todavia nesta integração de se tornar um só corpo, a mulher parece que tendia a retomar a posição da
costela no corpo de Adão. Nesse modo, observa-se a clara distinção dos papeis na sociedade para que
não houvesse conflitos, já que o homem incessantemente fora dotado de um ser provedor, racional,
incumbido de defender a casa, ser o dono da situação, para ele a mulher era uma figura que assumia
um papel de frágil, doce, doméstica, sentimental e tratada como objeto de satisfação sexual .
Nessa visão, o fato de as mulheres não serem socialmente propensas a crimes e condutas delitivas,
despertou a afeição e a simpatia de inúmeros criminólogos
Alude Montenegro:

‘’ O tratamento dado pelo Direito à desigualdade feminina é, sem sombra de


dúvidas, o de assegurá-la. No direito brasileiro não foi diferente. Tantas
restrições eram aplicadas à mulher pelo Direito Civil, tornando-a ausente de
qualquer poder de decisão, que não poderiam, sob o ponto de vista jurídico,
oferecer a mesma capacidade aos dois sexos no âmbito penal e visualizá-
los de forma totalmente desiguais no âmbito civil’’..
Identificar o contexto histórico se tornou uma difícil missão no que concerne a solidificação do estigma
que envolve a imagem da mulher, sobretudo o de mensurar os desdobramentos práticos dos seus efeitos,
apontando no contexto histórico da sociedade brasileira, a formação do conceito considerado inerente ao
gênero feminino instaurado.

Sobre isso, Montenegro nos diz que:

A divisão dos papéis, entre masculino e feminino, é tão arraigada na sociedade,


que aparenta normalidade. A força dos textos e das categorias se apresenta de
forma tão evidente. Nenhum exercício de poder se torna visível sem que se
compreenda sua gestação e seu complexo processo de desenvolvimento. E, no
caso especifico da mulher, a relação com o poder punitivo se manifesta desde
sua origem, de modo a conferir-lhe, ao longo de séculos, um caráter aberto de
poder de gênero, que se percebe, com naturalidade, as tarefas apresentadas
aos homens e às mulheres. Dessa forma: O mundo social e suas arbitrárias
divisões, a começar pela divisão socialmente construída entre os sexos, como
naturais, evidentes, e adquire, assim, todo um reconhecimento de legitimação.
(MONTENEGRO, 2015, p. 57)

Neste sentido, advindo de um olhar direcionado às mulheres e nos primeiros dispositivos legais
usados na sociedade brasileira colonial, observa-se que as mulheres eram tratadas como mero utensílio
doméstico, não possuindo nenhuma autonomia, era considerado apenas um objeto um objeto
pertencente num primeiro momento a família, para posteriormente ser entregue em total obediência ao
cônjuge.

No período do Brasil Colônia a título de exemplo (1500 a 1822) reinava o sistema patriarcal no
qual as mulheres eram aos afazeres domésticos e sobretudo ao casamento com total sujeição e submissão
aos homens. Dessa maneira, essas mulheres eram tratadas como seres inferiores, incapazes de realizar
os atos da vida civil.

Por trás de vários dispositivos legais reforça a ótica da fragilidade e ineptidão relativo às
mulheres. As primeiras legislações apareceram no ordenamento jurídico brasileiro apresentando uma
evidente discrepância entre homens e mulheres, tendo como exemplo a viabilidade das mulheres
figurarem no polo ativo ou passivo quanto ao cometimento de certos crimes, independente da
circunstância. As mudanças e os avanços oriundos da evolução social que o nosso país sofreu por meio
da elevação à posição de Império, implementou poucos avanços em referência ao direito das mulheres,
proporcionando-as o direito ao estudo, apesar de se tratar de matérias voltadas às atividades domésticas
sobretudo com o lar e a família.

De acordo com Montenegro (2016), a maior inquietude com a mulher no código criminal do
império estava relacionado à perda do pátrio poder pela família, pois, a mulher era vista pelo genitor,
ou por outra figura masculina na função de “ chefe ” familiar, como um negócio financeiro e social,
acarretando na possibilidade de casar-se com alguém de eminente poder aquisitivo e social ou ainda,
um partido que pudesse trazer vantagens de cunho financeiro para a a família de alguma maneira.
Montenegro (2016) mostra evidencias acerca da discriminação e anulação no trato das mulheres
na principal lei penal da época, como, como por exemplo, os artigos do código que carregavam em sua
redação critérios que majoravam ou minoravam a sanção daquele que praticasse crime, utilizando-se da
análise moral da mulher ofendida, como era o caso do art. 224, versava que: seduzir uma mulher honesta
menor de dezessete anos, e ter com ela copula carnal.. É percebível, diante disso, que os elementos que
tipificavam a conduta delitiva indicavam critérios morais para sua caracterização.

Sobre código criminal do império, Montenegro (2015) faz uma precisa observação, destacando
nos capítulos que versavam a respeito dos “raptos”, uma prática que era comum naquela época, fosse o
rapto pela iniciativa da mulher na intenção unir-se com um pretendente de sua escolha, fosse ele para
justificar os atos criminosos de algum homem em relação àquela mulher, uma vez que, o casamento do
agressor com a suposta vítima reduzia severamente a pena deste, até nos mais diferentes crimes, até
mesmo o de estupro, foram diversas críticas a respeito das normas previstas no código criminal do
império, em especial às normas discriminatórias entre homens e mulheres, que estabeleceu a criação
de leis no intuito de sanar essas críticas, no entanto, o tratamento das mulheres não foi alterado, sendo
conservados termos tal como “honesta”, “ virgem ”, “ mulher pública” e “ prostituta ” na do texto legal.

No código penal contemporâneo de 1940, observa-se mudanças em várias questões principalmente nos
crimes em oposição aos costumes, a primeira deu-se em razão da promulgação da Lei dos crimes
hediondos, nº 8.072/90, no qual aumentou as penas dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
Com o advento da Lei nº 12.015/2009, foi afastado a lógica dos crimes contra os costumes defender a
dignidade sexual, alterou-se também a lei em que a vítima poderia ser somente a mulher nos casos que
envolvesse estupro, podendo ser qualquer pessoa o sujeito passivo.

Com o surgimento do feminismo no Brasil vislumbra-se a importância da luta e do movimento para a


busca de igualdade de gênero, bem como para uma transformação efetiva no Direito e a cultura. A
preponderante mudança no ordenamento jurídico brasileiro ocorrera com a promulgação da
Constituição Federal de 1988, visto que concedeu direitos e garantias iguais aos homens e as mulheres.
Entretanto, foi Direito Civil, que essa equiparação só ocorreu no código de 2002.

Em 1983, Maria da Penha, mulher na qual a lei recebeu o este nome em sua homenagem, sofreu duas
tentativas de homicídio. A primeira foi um tiro que a deixou paraplégica, e na segunda recebeu foi
descarga elétrica durante um banho. No ano de 2002, depois de 19 anos da prática do crime, o marido
de Maria da Penha permaneceu 2 anos preso. E posteriormente, foi realizada uma denúncia a Corte
Interamericana de Direitos Humanos, no qual foi admitido pela primeira vez a denúncia de um crime
de violência doméstica.
Por volta 2002, após 19 anos da prática do crime, o marido de Maria da Penha permaneceu dois anos
preso. Posteriormente, foi feita uma denúncia a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no qual foi
reconhecido pela primeira vez a denúncia de um crime de violência doméstica. Em vista disso, a relação
do direito penal com a mulher historicamente permeou o controle de sua sexualidade. À medida que foi
constatado diante da análise dos códigos bem como as questões históricas referentes as mulheres e sua
respectiva função social, compreendo que nestes crimes a mulher só poderia ser vítima se fosse
considerada honesta. A esta configuração da mulher honesta ultrapassou as barreiras dos crimes contra
os costumes sendo discutida até mesmo nos crimes contra a vida bem como a integridade física. A
Constituição Federal de 1988 foi um marco na equiparação dos direitos e garantias para as mulheres,
bem como seguidamente com a promulgação da Lei Maria da Penha na luta contra o cerceamento de
gênero. Entretanto, as mudanças legislativas ainda contêm um forte valor simbólico, pois há muito a ser
feito para a acertada aplicação no ordenamento jurídico brasileiro na sua totalidade. A visibilidade da
violência doméstica só ocorreu com a Lei nº 9.099/95 e com criação dos Juizados Especiais Criminais
para lidar com os crimes de menor potencial ofensivo.
MONTEGRO afirma que: do advento dessa lei, visto que foi asseverado por diversos pesquisadores
brasileiros, essas denúncias não saíam das delegacias, não geravam nenhum procedimento formal, uma
vez que eram resolvidos ‘’amigavelmente’’ entre o comissário de polícia e as e as partes envolvidas.
Com o surgimento desta lei nº 11.340/2006 trouxe notáveis avanços no que tange a proteção da violência
de gênero e agressões contra as mulheres, entretanto, ainda apresenta problemas no que concerne a sua
aplicação penal uma vez que tornou-se conhecida em consequência da grande divulgação midiática, e,
possuindo forte um forte valor simbólico na aplicação da pena sendo a melhor aplicação destas medidas
no que se refere a estas medidas de caráter preventivo nos casos concretos, demonstrando-se a sua
relevância no debate para efetivação dessas garantias no contexto contemporâneo.

Referências:

MONTENEGRO, Marilia. Lei Maria da Penha. Uma análise criminológica crítica. Revan.
2015.

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