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Aula

Curso: Filosofia - Licenciatura Aula: 22


Disciplina: História da Filosofia Moderna II Turma: FIM4
Corpo Docente: Suderlan Tozo Binda (3624)
Coordenadores: Paulo Cesar Delboni (1402)
Tema: KARL MARX: Introdução geral
Data: 25/10/2017

Objetivos

Oferecer uma visão geral do pensamento de Marx

Conteúdos

KARLMARX–MARXISMO
1 – A reviravolta da dialética hegeliana:
- As críticas feitas por Feuerbach a Hegel abriram a estrada a toda crítica elaborada pela
esquerda hegeliana;
- Marx, como Feuerbach, volta sua atenção ao finito antes que ao infinito, ao homem
concreto antes que ao espírito absoluto e à idéia;
- Feuerbach, porém não compreendeu segundo Marx, que tal reviravolta de prospectiva
não diminui o valor da dialética, que é a grande descoberta de Hegel;
- Reivindicando o homem sensível e corpóreo, Feuerbach caí por sua vez em uma
concepção abstrata e a – histórica: não existe uma “natureza humana” que seja eterna e
imóvel;
- O homem e o seu mundo são produtos sociais, determinados por suas condições
históricas;
- É verdadeiro que para compreender a realidade do homem e do mundo é necessário
evocar as necessidades materiais e dos instrumentos sociais que favoreceram a
sobrevivência, e não ao simples desenvolvimento das idéias e dos conteúdos espirituais
da cultura, como fizera Hegel;
- Todavia, o materialismo de Feuerbach continua metafísico e abstrato, porque não
chega a fazer das próprias leis dialéticas o desenvolvimento;
- A alienação religiosa, magistralmente descrita por Feuerbach, fica contudo,
incompreensível, não denunciando as suas raízes;
- Tais raízes dizem respeito à vida histórica-material das sociedades humanas;
- Somente um homem economicamente alienado e feito escravo pode ser induzido a
encontrar na religião um conforto;
- A religião é o “ópio do povo” que mascara uma alienação mais profunda e
determinada;
2 – A teoria e a práxis :
- Hegel descobre que o homem é o produto, sempre em mudança, do desenvolvimento
histórico;
- O homem realiza a si mesmo em um movimento dialético de objetivações (pelo
trabalho), alienação no mundo e superamento dessa mesma alienação;
- Porém, segundo Marx, Hegel errou ao interpretar essa dialética como movimento da
idéia e do espírito autoconsciente;
- Na realidade, não é a autoconsciência que determina o homem histórico, mas é a
práxis concreta, são os seus modos de existência, as suas operações no trabalho, a
organização material da sociedade, a repartição dos meios de produção e dos bens
produzidos;
- É o próprio modo da práxis material (social) que explica a formação das idéias, e não
vice-versa.
- A “mola da história” não é uma luta entre a dialética das idéias, mas nos contratos
reais entre as forças produtivas e os detentores do poder econômico-político;
- A filosofia não basta ser pura teoria, não basta interpretar o mundo, é necessário
transformá-lo.
3 – Ideologia e supra-estrutura:
- Materialismo histórico : a história humana é caracterizada do trabalho social,
entendido como ‘instrumento ato’ a satisfazer as necessidades naturais humanas;
- Seu momento determinante é a divisão do trabalho que, por sua vez, produz a divisão
da sociedade em classes;
- A história se caracteriza pela luta de classes: cada classe tende a pôr a si em posição
hegemônica ao respeito das outras classes;
- A classe dominante impõe às outras classes os seus próprios valores e a própria
concepção de mundo, isto é, a própria cultural;
- Tal cultura há caráter ideológico, enquanto essa justifica sobre um ‘plano ideal’ o
domínio da classe dominante;
- Observação: ‘ideologia’ – ‘ideenkleid’ – ao pé-da-letra significa: vestido de idéias – isto
é, é o véu da noiva;
- A estrutura real de cada sociedade é constituída das relações materiais entre as
classes, dos modos de produção e de distribuição dos bens, isto é, da concreta base
econômica, mas essa estrutura permanece escondida ou obscurecida pela supra-
estrutura cultural (religião, moral, direito, arte, filosofia) que justificam, por assim dizer,
do alto, uma dominação nascida do baixo, da real luta política-econômica;
- O erro dos jovens hegelianos, segundo Marx, consiste no fato de crerem de poder
modificar a sociedade com uma batalha crítica à religião cristã, à filosofia de Hegel etc.,
assim permaneciam ao nível da ideologia e das supra-estruturas, sem ver a real
dependência da estrutura econômica concreta;
- Marx busca atacar a estrutura econômica concreta e não a “supra-estrutura”
4 – A ciência econômica do capitalismo :
- A partir da concepção de história, Marx faz um estudo profundo da economia,
descobrindo assim com seus estudos que a ciência arquitetônica da sociedade não é a
política, mas a economia;
- Adam Smith (1723-1790) em sua obra “A pesquisa sobre a natureza e as causas da
riqueza das nações”, lança as bases da economia liberal ;
- A fonte da riqueza é o trabalho unido ao amor pelo ganho que é próprio de cada
homem;
- A riqueza produz qualidade de vida e, a qualidade de vida, produz a felicidade;
- A formação da riqueza, isto é, do capital, é, portanto, indispensável para a felicidade
das nações;
- O estado não deve intervir na atividade econômica privada;
- Os contratos econômicos dos singulares indivíduos são harmonizados
espontaneamente nas leis do mercado, ou lei da oferta e procura;
- Essa produz uma natural divisão do trabalho e se encarrega de eliminar
automaticamente as iniciativas anti-econômicas;
- Um “saudável egoísmo” econômico dos indivíduos gera o incremento do bem-estar
humano;
- Individualismo, otimismo e total liberdade de iniciativa privada constituem os
fundamentos da concepção liberal da economia.
5 – A alienação capitalista:
- Segundo Marx, o capitalismo é uma passagem obrigatória da história;
- Vencendo a aristocracia feudal e conquistando o poder, a classe burguesa há, de fato,
produzido os meios da “universal liberação humana da necessidade” (crítica de Marx ao
socialismo utópico de Proudhon);
- Em virtude da ciência e da técnica aplicada às indústrias, de fato, a burguesia produziu
a riqueza, fazendo todavia, pagar o preço dessa produção as classes subalternas do
trabalhadores assalariados;
- De tal modo a idade moderna favoreceu um processo de alienação generalizada que
reduziu o trabalhador a mera força-de-trabalho, a mero instrumento;
- A força-trabalho consente ao empregador de apropriar-se da mais-valia , isto é, aquele
valor que é produzido pela força-trabalho, mas que não é retribuído;
- Se coloca em movimento um duplo processo: a) uma crescente concentração de
capital para o empregador; b) um progressivo empobrecimento material, moral e
espiritual dos trabalhadores;
- O proletariado – aquele que tem filhos – a sociedade burguesa criou no seu seio a sua
própria negação: negados na sua humanidade, os proletários acabam por tomar
consciência da sua alienação e por transformar o mesmo processo que os produziu;
- Para vencer a alienação é necessário se apropriar do produto de seu próprio trabalho,
isso se torna possível tirando os meios de produção das mãos dos capitalistas e abolindo
a propriedade privada em função de um estado comunista que organize socialmente a
produção segundo as necessidades das massas (sociedade sem classes).
6 – A dialética da natureza de Friedrich Engels
- Sobre a escolta das leis do evolucionismo Darwiniano , Engels busca demonstrar que a
dialética da luta de classes na sociedade há o seu antecedente nas formações naturais
do reino inorgânico e orgânico;
- As leis de dialética social se ligam de tal modo às leis universais: a) conversão da
quantidade em qualidade e vice-versa; b) ação recíproca dos elementos de uma
totalidade ou compenetração dos opostos; c) negação da negação.

Metodologia de ensino

Aula expositiva dialogada auxiliada por esquema interpretativo. Uso de


multimídia fixa, sala 223.

Atividades

Pesquisar os conceitos de: Ideologia, Mais Valia, Superestrutura, Alienação.

Leitura obrigatória

REALE, Giovanni. História da Filosofia. Vol. IV, Cap.III. "KARL MARX". Ed.
Paulus, São Paulo, 1991.

Leitura recomendada
MARX, "Col. Os Pensadores": Ed. Nova Cultural, São Paulo, 1991.
ABRÃO, Bernadette Siqueira. História da Filosofia: Coleção Os Pensadores. Ed. Nova
Cultural, São Paulo, 1999.
TARNAS, Richard. "A Epopéia do Pensamento Ocidental": Ed. Bertrand Brasil, Rio
de Janeiro, 2005.
GAARDER, Jostein. "O mundo de Sofia": "Marx". Cia. das Letras, São Paulo, 1998.
Tradução de João Azenha Jr. Páginas 417-429.

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