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DURKHEIM

A teoria sociológica de Durkheim, baseia-se sobretudo no conceito de ​Fato Social​​ como objeto da
sociologia, garantindo-lhe seu caráter de objetividade científica. Neste caso, os fatos sociais seriam
‘coisas’, cuja características principais é de que eles exercem uma coerção, generalidade e
exterioridades sobre os indivíduos, conforme afirma o autor: ​fato social é toda maneira de fazer, fixa
ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então que é geral em toda a
extensão de uma sociedade.
O conceito de ​Consciência coletiva ​Durkheim definiu em sua obra ‘Da divisão do trabalho social’, o
qual consiste no conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma
sociedade, que forma um sistema determinado, que tem vida própria. Esta consciência existe a partir
da presença das crenças e dos sentimentos nas consciências individuais. Ela evolui segundo leis
próprias e não é apenas uma expressão das consciências individuais.
Para o sociólogo francês, nas sociedades estão presente dois tipos de ​solidariedade: a mecânica e a
orgânica​​. A primeira é uma solidariedade por semelhança. Ou seja, quando os indivíduos de uma
sociedade diferem pouco uns dos outros é porque ela é dominada por esta solidariedade. Essa
semelhança se dá quando estes indivíduos possuem os mesmos sentimentos, os mesmos valores ou
reconhecem os mesmos objetos como sagrados. Por outro lado, a solidariedade orgânica é
característica daquela sociedade em que existe uma unidade coerente de coletividade, o consenso,
resultante de uma diferenciação, ou exprimindo-se por seu intermédio. Assim, com este tipo de
solidariedade, os indivíduos não se assemelham, analogicamente aos órgãos de um ser vivo, pois cada
um exerce sua função própria, embora sejam diferentes uns dos outros.
No que tange ao conceito de ​suicídio​​, muito explorado pelo sociólogo, tratado na obra Suicídio,
Durkheim esclarece que este é todo caso de morte provocado direta ou indiretamente por um ato
positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que devia provocar esse resultado. E
este conceito é distinguido em três tipos. O primeiro tipo é o suicídio egoísta: a partir de estudos
estatísticos, Durkheim afirma que homens e mulheres são mais inclinados ao suicídio quando pensam
essencialmente em si mesmos, quando não estão integrados em um grupo social, ou seja, por um
estado de apatia e pela ausência de vinculação com a vida. O segundo é o suicídio altruísta, no qual o
indivíduo se mata devido imperativos sociais, sem pensar valer seu direito à vida, ou obedecendo ao
que o grupo lhe ordena, a ponto de sufocar o próprio instinto de conservação. Por fim, o suicídio
anômico, que interessa mais ao sociólogo francês, pois retrata mais a sociedade moderna. Este atinge
os indivíduos devido às condições de vida nas sociedades modernas, em que a existência social não é
regulamentada pelos costumes. Nele, o indivíduo se mata pela irritação associada às inúmeras
situações de decepção, por um desgosto resultante da tomada de consciência da desproporção entre as
aspirações e as satisfações.
Um último conceito básico do seu pensamento é o que Durkheim denomina ​Anomia social​​ como
sendo o definhamento ou insuficiência da atuação de normas em uma sociedade, enfraquecendo a
integração dos indivíduos que não sabem quais normas devem seguir. Portanto, na sociedade que se
encontra em anomia, segundo o sociólogo: faltará uma regulamentação durante certo tempo. Não se
sabe o que é possível e o que não é, o que é justo e o que é injusto, quais as reivindicações e
esperanças legítimas, quais as que ultrapassam a medida.
WEBER
AÇÃO SOCIAL
A sociedade em Weber é vista como um conjunto de esferas autônomas que dão sentido às ações
individuais. Mas só o indivíduo é capaz de realizar ações sociais. A ação social é uma ação cujo
sentido é orientado para o outro. Um conjunto de ações não é necessariamente ação social. Para que
haja uma ação social, o sentido da ação deve ser orientada para o outro. Seja esta ação para o ‘bem’ ou
o ‘mal’ do outro. A ação social não implica uma reciprocidade de sentidos: o outro pode até não saber
da intenção do agente.
Para Weber há quatro tipos de ação social: ação social tradicional, ação social afetiva, ação social
racional quanto aos valores, ação social racional quanto aos fins.
Ação social tradicional é aquela que o indivíduo toma de maneira automática, sem pensar para
realizá-la.
Ação social afetiva implica uma maior participação do agente, mas são respostas mais emocionais que
racionais. Ex.: relações familiares. Segundo Weber, estas duas primeiras ações sociais não interessam
à sociologia.
Ação racional com relação a valores é aquela em que o sociólogo consegue construir uma
racionalidade a partir dos valores presentes na sociedade. Esta ação social requer uma ética da
convicção, um senso de missão que o indivíduo precisa cumprir em função dos valores que ele preza.
Ação racional com relação aos fins é aquela em que o indivíduo escolhe levando em consideração os
fins que ele pretende atingir e os meios disponíveis para isso. A pessoa avalia se a ação que ela quer
realizar vale a pena, tendo em vista as dificuldades que ele precisará enfrentar em decorrência de sua
ação. Requer uma ética de responsabilidade do indivíduo por seus atos.
RELAÇÃO SOCIAL
Até agora falamos de ação social em Weber, que em diferente de relação social. Enquanto o
conhecimento do outro das intenções do agente não importa para a caracterização da ação social, a
relação social é o sentido compartilhado da ação. Relação social não é o encontro de pessoas, mas a
consciência de ambas do sentido da ação. A relação social é sempre probabilística, porque ela se
fundamenta na probabilidade de ocorrer determinado evento, o que inclui oportunidade e risco. A vida
social é totalmente instável: a única coisa estável da vida social é a possibilidade (e necessidade) de
escolha. Não há determinismos sobre o que será a sociedade. Por isso, as análises sociológicas são
baseadas em probabilidades e não em verdades.
TIPOS DE DOMINAÇÃO
Como já dissemos a vida social para Weber é uma luta constante. Por conta disso, ele não vê
possibilidade de relação social sem dominação. Todas as esferas da ação humana estão marcadas por
algum tipo de dominação. Não existe e nem vai existir sociedade sem dominação, porque a dominação
é condição de ser da sociedade. A dominação faz com que o indivíduo obedeça a uma ordem
acreditando que está realizando sua própria vontade. O indivíduo conforma-se a um padrão por sua
própria escolha e acha que está tomando uma decisão própria.
Existem pelo menos três tipos de dominação legítima: legitimação tradicional, legitimação carismática
e legitimação racional. Para Weber a burocracia é a mais bem acabada forma de dominação legítima e
racional. A burocracia baseia-se na crença na legalidade ou racionalidade de uma ordem. A burocracia
mais eficaz de exercer a dominação. E é uma conseqüência do processo de racionalização da vida
social moderna, sendo responsável pelo gerenciamento concentrado dos meios de administração da
sociedade. A burocracia é uma forma de organizar o trabalho, é um padrão de regras para organizar o
trabalho em sociedades complexas. A modernização para ele é o processo de passagem de uma
perspectiva mais tradicional do mundo (em que as coisas são dadas) para uma perspectiva mais
organizada (onde as coisas são elaboradas, construídas). Mas para Weber, só o herói individual (o
líder carismático) pode alterar o rumo da história. Mesmo que imediatamente, uma vez que para
Weber toda legitimação carismática tende a tornar-se legitimação tradicional.
ESFERAS SOCIAIS
A dominação pode ser exercida em diferentes esferas da vida social. As “esferas” são mais
analítico-teóricas que reais, e são criadas pela divisão social do trabalho. Uma esfera não determina
uma outra esfera, mas elas trocam influências entre si. As esferas são autônomas, mas não
independentes. A esfera é o lugar de luta por um tipo de sentido para as relações sociais. Classes,
estamentos e partidos são fenômenos da disputa de poder nas esferas econômica, social e política,
respectivamente.
CLASSE E ESTAMENTO
Vamos falar um pouco mais de classe e estamento em Weber, até para diferenciá-lo de Marx. Classe
para Weber é o conjunto de pessoas que têm a mesma posição diante do mercado. Há dois tipos
básicos de classe, as que têm algum tipo de bem e as que não tem algum tipo de bem. Mas as classes
também se diferenciam pela qualidade dos bens possuídos. As classes, como já dissemos estão ligadas
à esfera econômica da vida social. Para Weber, a esfera econômica não tem capacidade de produzir
um sentimento de pertencimento que seja capaz de gerar uma comunidade.
Estamento está ligado à esfera social, que é capaz de gerar comunidade. Estamento é um grupo social
cuja característica principal é a consciência do sentido de pertencimento ao grupo. A luta por uma
identidade social é o que caracteriza um estamento. A luta na esfera social é para saber qual estamento
vai dominar. As profissões podem ser analisadas como estamentos.
PRINCIPAIS CRÍTICAS SOCIOLÓGICAS A WEBER
Weber supervaloriza o indivíduo, tornando demasiada a cobrança sobre suas escolhas e
conformidades. Talvez nem tudo seja escolhido individualmente.
Ele ao mesmo tempo em que vê na burocracia forma mais acabada de dominação legítima, acha que a
burocracia fortalece a democracia por causa de sua impessoalidade. Talvez ele não tenha tido tempo
para perceber que a burocracia tem a possibilidade de ser um instrumento de democratização, mas que
freqüentemente funciona de maneira contrária, servindo apenas como instrumento de dominação.

MARX
1. MATERIALISMO HISTÓRICO
O materialismo histórico constitui parte inalienável da filosofia marxista. Ele transformou de maneira
radical as concepções de sociedade e as leis mais gerais em que se pautavam as forças motrizes de seu
desenvolvimento, além de ser uma metodologia de análise nos estudos sociais.
Sua particularidade básica consiste na importância das posições filosóficas na análise da vida das
sociedades; considera que todas as coisas naturais ou históricas não são fatos estáticos, acabados, mas
em movimento, construídos a cada momento, sempre em transformação, logo historicamente
determinados.
O materialismo histórico é uma maneira de pensar as idéias que determinam a consciência humana, ou
seja, para Marx, são as condições materiais instituída pela sociedade que propiciam ao ser humano sua
consciência – pensar desta ou daquela maneira. Essas condições materiais são determinadas a partir
das relações sociais de produção e da divisão social do trabalho. Mas porque materialismo histórico?
Para CHAUÍ (1997):
Materialismo porque somos o que as condições materiais (as relações de produção) nos determinam a
ser e a pensar. Histórico porque a sociedade e a política não surgem de decretos divinos nem nascem
da ordem natural, mas dependem da ação concreta dos seres humanos no tempo.
Outro ponto importante levantado por Marx é a constatação de que o motor da história é luta de
classe, expressão das contribuições da sociedade e base desta forma de pensar a realidade, o que nos
leva afirmar que o materialismo histórico é também dialético.
Além disso, como método de pesquisa nas ciências humanas, o materialismo histórico-dialético
pretende romper com as diversas formas de análises metafísicas, de variados enfoques e níveis de
compreensão da realidade, porém sempre lineares, a - históricas e harmônicas. “Há, pois, a exigência
necessária de uma concepção de realidade, um método capaz de desvendar as ‘leis’ fundamentais que
estruturam um problema que se investiga” (FRIGOTTO, 1991)
Marx Pontua em uma analogia que a sociedade é um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura,
seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura,
representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc).
Em “A miséria da Filosofia” (1847) Marx afirma:
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças
produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam
todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a
sociedade com o capitalismo industrial.
Um exemplo de Materialismo histórico é o seguinte:
O modo de produção feudal é o fato positivo, a afirmação mas já traz dentro de si o germe de sua
própria negação: o desenvolvimento de suas forças produtivas propicia o surgimento da burguesia. À
medida que estas forças produtivas se desenvolvem, elas vão negando as relações feudais de produção
e introduzindo as relações capitalistas de produção. A luta entre a nobreza e a burguesia vai se
acirrando; em um determinado ponto deste desenvolvimento ocorre a ruptura e aparece o terceiro
elemento mais desenvolvido, que é modo de produção capitalista. É, portanto, 5 luta entre as classes
que faz mover a História. (SPINDEL, A. op. cit. p. 39.)
1. MODO DE PRODUÇÃO
Modo de produção em economia, é a forma de organização socioeconômica associada a uma
determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Reúne as
características do trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial. São
constituídos pelo objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meios de trabalho necessários à
produção (instrumentos ou ferramentas, máquinas, oficinas, fábricas, etc.) Existem 6 modos de
produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista.
Um sistema econômico é definido pelo modo de produção no qual se baseia. O modo de produção
atual é aquele que se baseia na economia do país.
Os modos de produção são formados pelo conjunto das forças produtivas e pelo conjunto das relações
de produção, na sua interação, num certo estádio de desenvolvimento. Simultaneamente designam as
condições técnicas e sociais que constituem a estrutura dum processo historicamente determinado. Os
homens ao produzirem bens materiais criam, com isso mesmo, um regime para a sua vida. O modo de
produção é uma forma determinada da atividade vital dos indivíduos, um determinado modo de vida.
Podem-se distinguir alguns tipos historicamente mais significativos de modos de produção: um,
destinado à satisfação direta das necessidades dos produtores; um segundo, destinado a manter uma
classe dominante através da entrega regular de tributos e de trabalho compulsivo; outro, baseado na
produção de mercadorias; e, finalmente, um outro assente na lógica da obtenção do máximo lucro.
Uma das particularidades dos modos de produção consiste na sua transformação permanente, sendo de
salientar que o seu desenvolvimento e alteração determinam a modificação do regime social no seu
conjunto.
A evolução dos modos de produção explica-se pelo facto do desenvolvimento das forças produtivas
levar, a certa altura, a uma contradição com as relações sociais de produção, de tal forma que estas se
revelam como um obstáculo ao pleno desenvolvimento daquelas. Estes fenómenos não existem
desunidos, são partes integrantes do processo produtivo e podem ser considerados como uma
mudança estrutural da economia.
A fase de formação dum novo modo de produção constitui um período muito agitado e de excepcional
importância na vida concreta das sociedades. Os modos de produção existentes enfrentam cada vez
maiores dificuldades em manter a estrutura económica em que se baseiam, tentam reorganizar-se e
resistir à influência dos novos modos de produção, por vezes através de formas perturbadoras ou até
violentas. Surgem realidades diferentes com novas formas de apropriação dos meios de produção,
alteração dos modelos redistributivos ou de relações de trabalho, mudanças na composição das classes
ou grupos sociais.
Quando o novo modo de produção assume um papel preponderante numa determinada sociedade, é
acompanhado pelo declínio dos existentes, embora estes continuem a subsistir em espaços
económicos onde ainda não surgiram as condições económicas e sociais que originaram a mudança.
Os traços e as propriedades dos modos de produção manifestam-se de maneira diferente nas várias
regiões. O modo de produção dominante assume a determinação dos processos, das relações e das
instituições fundamentais.
O reconhecimento da forma específica de cada modo de produção implica a recolha e análise dos
dados que os distinguem. Entre outros fatores, é indispensável observar: o nível de desenvolvimento
das forças produtivas, com relevância para a formação dos trabalhadores, os instrumentos e as
técnicas adoptadas; o tipo de relações existentes entre os membros da sociedade e o papel de cada
classe social no processo produtivo; a propriedade dos meios de produção e os direitos de cada grupo
social ou classe sobre esses meios; o objetivo da atividade econômica, conforme se destina a satisfazer
as necessidades e interesses dos produtores, dos mercadores ou dos não produtores, mas que se
apropriam dos excedentes; a ordem de grandeza, a forma, a utilização e a apropriação do produto do
processo de trabalho entre os membros da sociedade; a forma como está assegurada a reprodução
social.
O modo de produção asiático predominou no Egito, na China, na Índia e também na África do século
passado.
Tomando como exemplo o Egito, no tempo dos faraós, vamos notar que a parte produtiva da
sociedade era composta pelos escravos, que era forçados, e pelos camponeses, que também eram
forçados a entregar ao Estado o que produziam. A parcela maior prejudicando cada vez mais o meio
de produção asiático.
Fatores que determinaram o fim do modo de produção asiático:
● A propriedade de terra pelos nobres;
● O alto custo de manutenção dos setores improdutivos;
● A rebelião dos escravos.
Força de trabalho
A capacidade dos trabalhadores de produzirem riqueza material ou, mais precisamente, as aptidões e
habilidades humanas submetidas à condição de compra e venda, isto é, sob a forma de mercadoria
1. MEIOS DE PRODUÇÃO
Segundo a teoria marxista, meios de produção são o conjunto formado por meios de trabalho e objetos
de trabalho - ou tudo aquilo que medeia a relação entre o trabalho humano e natureza, no processo de
transformação da própria natureza.
● Os meios de trabalho incluem os instrumentos de produção: instalações prediais (fábricas,
armazéns, silos etc), infraestrutura (abastecimento de água, fornecimento de
energia,transportes, telecomunicações, etc), máquinas, ferramentas, etc.
● Os objetos de trabalho são os elementos sobre os quais é aplicado o trabalho humano -
recursos naturais (terra, matérias-primas).
1. FORÇA DE TRABALHO
Max Pontua que não é o trabalho que é comprado pelo capitalista, mas a "força de trabalho" ou a
capacidade de trabalho do operário. Esta força de trabalho é paga "pelo seu valor", segundo as normas
da economia capitalista. Efetivamente, o salário é o que permite manter e reproduzir a força de
trabalho; logo, é a expressão monetária do seu custo em trabalho ou da quantidade de trabalho que a
sociedade deve consagrar à manutenção e à reprodução da força de trabalho.
Fonte: Amboni, Vanderlei. O NASCIMENTO DO CAPITAL COMO RELAÇÃO E PROCESSO
SOCIAL: A SUBSUNÇÃO DO TRABALHO AO CAPITAL. Universidade Estadual do Paraná –
Campus de Paranavaí, 2012.
1. RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO
Ao modo de produção capitalista corresponde essencialmente uma relação social entre duas classes.
Destas, uma a burguesia, por ter o monopólio dos meios de produção e do dinheiro, explora a outra a
classe trabalhadora, que não é proprietária de nada exceto a sua força de trabalho que se vê forçada a
vender. O objetivo da produção é aqui o objetivo da burguesia: a criação de mais-valia para a
acumulação privada de capital, não a satisfação das necessidades da maioria dos membros da
sociedade.
Segundo Karl Marx, “(...) na produção social da sua vida, os homens entram em determinadas
relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma
determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais” (Marx, Engels, Obras
Escolhidas, tomo I, pg. 530, Edições “Avante”, 1982). Quaisquer que elas sejam, as relações de
produção assumem as três funções seguintes:
● Determinar a forma social do acesso às fontes e ao controlo dos meios de produção;
● Redistribuir a força de trabalho social entre os diversos processos de trabalho que produzem a
vida material, organizam e descrevem esse processo;
● Determinar a forma social de divisão, redistribuição dos produtos do trabalho individual e
coletivo e, por essa via, as formas de circulação ou não circulação desses produtos.
1. CLASSES SOCIAIS
Segundo a óptica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada
por um capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o
Estado, e as classes dominadas por aquela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social
implantada pela classe dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a
sucessão das lutas de classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel
de classe dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura
social mais adequada para a perpetuação da exploração.
A divisão da sociedade em classes é consequência dos diferentes papeis que os grupos sociais têm no
processo de produção, seguindo a teoria de Karl Marx. É do papel ocupado por cada classe que
depende o nível de fortuna e de rendimento, o gênero de vida e numerosas características culturais das
diferentes classes. Classe social define-se como conjunto de agentes sociais nas mesmas condições no
processo de produção e que têm afinidades políticas e ideológicas.
1. LUTA DE CLASSES
A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se dá pelo
antagonismo irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. Foi assim na escravista
(senhores de escravos - escravos), na feudalista (senhores feudais - servos) e assim é na capitalista
(burguesia - proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta constante por interesses
opostos, eclodindo em guerras civis declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels
analisaram mais intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção por
um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo expropriado possuindo apenas seu corpo e capacidade
de trabalho (proletários). Estes são, portanto, obrigados a trabalhar para o burguês. Os trabalhadores
são economicamente explorados e os patrões obtém o lucro através da mais-valia.
Leão, Stephane Pedroso. Karl Max e suas Ideologias. Disponível em: <amigonerd.net>. Acessado em
jun de 2012.
1. EXPLORAÇÃO
Para Karl Marx a exploração é um elemento inerente e chave do capitalismo e os mercados livres. Ela
é a consequência dos mercados competidores e os puramente competitivos. Afirma ainda que quanto
maior a “liberdade” dos mercado, maior é a força do capital e por sua vez maior será a exploração.Na
visão de Marx a exploração “normal ” está baseada em três características:
● A propriedade dos meios de produção por uma pequena minoria da sociedade, os capitalistas.
● A inabilidade dos que não tem propriedade (os trabalhadores) para sobreviver sem vender a
força de trabalho para os capitalistas, ou seja, sem ser empregado como outros trabalhadores.
● O Estado que usa sua força para proteger de forma parcial a distribuição do poder e
propriedade na sociedade.
Fonte: Gomes, Fábio Guedes. Mobilidade do trabalho e controle social: trabalho e organizações na era
neoliberal. Rev. Sociol. Polit. vol.17 no.32 Curitiba Feb. 2009
1. MAIS VALIA
A teoria marxista da mais-valia pode ser compreendida da seguinte forma: suponhamos que um
funcionário leve 2 horas para fabricar um par de calçados. Nesse período ele produz o suficiente para
pagar todo o seu trabalho. Mas, ele permanece mais tempo na fábrica, produzindo mais de um par de
calçados e recebendo o equivalente à confecção de apenas um. Em uma jornada de 8 horas, por
exemplo, são produzidos 4 pares de calçados. O custo de cada par continua o mesmo, assim também
como o salário do proletário. Com isso, conclui-se que ele trabalha 6 horas de graça, reduzindo o
custo do produto e aumentando os lucros do patrão.
1. MAIS VALIA ABSOLUTA
Produção de mais-valia absoluta é um modo de incrementar a produção do excedente a ser apropriado
pelo capitalista. Consiste na intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de controles
impostos aos operários, que incluem dá mais severa vigilância a todos os seus atos na unidade
produtiva até a cronometragem e determinação dos movimentos necessários à realização das suas
tarefas. O capitalista obriga o trabalhador a trabalhar a um ritmo tal que, sem alterar a duração da
jornada, produzem mais mercadorias e mais valor.
1. MAIS VALIA RELATIVA
Quando esse método encontra os limites da extração da mais-valia absoluta: resistência da classe
operária e deterioração de suas condições físicas o segundo caminho, a extração da mais-valia
relativa, é que fez do capitalismo o modo de produção mais dinâmico de todos os tempos,
transformando continuamente seus métodos de produção e introduzindo incessantemente inovações
tecnológicas. Pois é apenas através da mudança técnica que o tempo de trabalho socialmente
necessário de determinados bens pode ser reduzido. Aumentos na produtividade resultantes e novos
métodos de produção, nos quais o trabalho morto sob a forma de máquinas assume o lugar do trabalho
vivo, reduzem o valor dos bens individuais produzidos.
1. ALIENAÇÃO
Alienação, para Marx, tem um sentido negativo (em Hegel, é algo positivo) em que o trabalho, ao
invés de realizar o homem, o escraviza; ao invés de humanizá-lo, o desumaniza. O homem troca o
verbo SER pelo TER: sua vida passa a medir-se pelo que ele possui, não pelo que ele é. Isso parece
familiar? Pois é, vamos ver os detalhes.
O filósofo alemão concebeu diferentes formas de alienação, como a religião ou o Estado, em que o
homem, longe de tornar-se livre, cada vez mais se aprisionaria. Mas uma alienação é básica, segundo
Marx: a alienação econômica. A alienação econômica pode ser descrita de duas formas: o trabalho
como (a) atividade fragmentada e como (b) produto apropriado por outros.
1. CONSCIÊNCIA DE CLASSE
Caracteriza a pertença, reiterada e conscientemente afirmada, de um indivíduo a uma classe social
específica, que age de forma solidária e normalmente organizada, com os restantes membros, na
defesa dos seus interesses coletivos e que se reflete na organização e ação político-sociais. De
salientar que não existe uma relação linear objetiva entre posição de classe e consciência de classe.
Para a sua estruturação concorrem aspetos como o lugar nas relações de produção - a posição objetiva
-, os hábitos, os estilos de vida e outros comportamentos culturais - a posição subjetiva.
A consciência de classe é determinante para a luta de classes. Pela tomada de consciência da sua
posição de classe, cada indivíduo age de forma organizada nos diversos contextos sociais,
nomeadamente a nível político e laboral. Sem esquecer a importância do fator objetivo (a situação
material), é necessário não desvalorizar o papel da consciência, enquanto fator subjetivo, para o
sucesso de qualquer processo revolucionário, em especial quando articulado com o fator organizativo.
Por exemplo, os assalariados não se comportam de modo condizente com sua condição proletária, ou
mesmo alguns deles, quando interrogados, não sabem definir-se ou afirmam pertencer ao “estrato
médio”. Ou, ainda mais, classe é aquilo que a classe diz supor representar em resposta a um
questionário. Mais uma vez, classe como categoria histórica, em seu comportamento através do
tempo, resulta excluída.
1. INFRAESTRUTURA
Seria a base da economia. As atividades realizadas para produzir os bens de consumo no intuito de
saciar as necessidades humanas, como por exemplo, os meios de produção, a força de trabalho e entre
outros conceitos já citados anteriormente. Toda atividade que gere lucro para a economia é
considerada uma infraestrutura, neste caso.
Kotovicz, Schirlei Maria Cequinel. Economia. Curso de Sistemas de Informações, 2010.
1. SUPRAESTRUTURA
É contrária a infraestrutura. A preocupação dela é social. Considera a parte da consciência humana, de
que forma os indivíduos se organizam para garantir uma base econômica boa. O pensamento, as
estratégias econômicas, tudo isso é superestrutura.
Kotovicz, Schirlei Maria Cequinel. Economia. Curso de Sistemas de Informações, 2010.
1. IDEOLOGIA MARX/GRAMSCI HEGEMONIA E CONTRA HEGEMONIA,
IDEOLOGIA E CONTRAIDEOLOGIA
A hegemonia não se reduz à legitimação, falsa consciência, ou instrumentalização da massa da
população, cujo “senso comum” ou visão do mundo, segundo Gramsci, é composto de vários
elementos, alguns dos quais contradizem a ideologia dominante, como aliás grande parte da
experiência cotidiana. O que uma ideologia hegemônica, dominante, pode propiciar é uma visão do
mundo mais coerente e sistemática que não só influencia a massa da população, como serve como um
princípio de organização das instituições sociais.
1. PROLETARIADO
Karl Marx entendia que a única riqueza que um trabalhador poderia possuir e multiplicar era sua prole
(filhos), e no processo das primeiras Revoluções Industriais, os trabalhadores buscavam ter muitos
filhos, pois seriam novos “braços trabalhadores” para o mercado de trabalho, daí o termo proletariado
para designar massa de trabalhadores prontos para vender suas forças de trabalho.
O proletariado é antagônico à burguesia dentro do marxismo, é o que apenas possui a força de
trabalho como propriedade. Mas, segundo Karl Marx, o proletariado produz algo a partir da natureza,
enquanto que o trabalhador pode apenas oferecer algo já produzido, o que diferencia o significado
entre ambos.
Kotovicz, Schirlei Maria Cequinel. Economia. Curso de Sistemas de Informações, 2010.
1. REVOLUÇÃO PROLETÁRIA
Quando a classe dominada resolve reivindicar seus direitos perante a sociedade capitalista ou perante
a classe dominante. Para isso cominam uma revolução que tem a participação das pessoas que defende
esses direitos reivindicados e a dos próprios reivindicadores, o proletariado.
Kotovicz, Schirlei Maria Cequinel. Economia. Curso de Sistemas de Informações, 2010.
1. DITADURA DO PROLETARIADO
A classe dominada toma o poder da sociedade capitalista e tenta reverter à situação de exploração
praticada pelo capitalismo e pela burguesia. Para isso implantam medidas proletárias controladas com
pulso firme pelo proletariado que impediam as diferenças sociais e com isso a divisão da sociedade
em classes dominada e dominante.
Uma das primeiras tentativas de implantação da Ditadura do Proletariado ocorreu na França em 1871.
A chamada Comuna resultou na tomada do poder pelo operariado e na tentativa de instalação de uma
república de caráter socialista. Entretanto, o movimento foi aniquilado pelo governo, o que
representou uma forte derrota para os defensores da ideologia comunista de cunho marxista.
1. SOCIALISMO
Karl Marx e Friedrich Engels desenvolveram a teoria do Socialismo Científico. É denominado assim
por não se apresentar mais como um ideal (como o Socialismo Utópico), mas como uma necessidade
histórica que deriva da crise do capitalismo. Em 1848, Marx e Engels lançam O Manifesto Comunista,
que analisa a história como o resultado da luta entre as classes - burguesia e proletariado - e instiga o
proletariado de todo o mundo a se unir para tomar o poder. Traduzido para várias línguas, tem forte
influência nos movimentos operários e revolucionários de todo o mundo.
Para Marx, um burguês pode trabalhar muito, mas sua riqueza não vem apenas de seu trabalho. O
burguês se apropria da força de trabalho de seus empregados, que recebem um salário equivalente a
apenas poucas horas do seu trabalho. Por exemplo, um burguês emprega 100 pessoas, cada pessoa
recebe um salário de $200,00 por mês e produz 100 pares de sapatos mensais. Cada par de sapato
custa $10,00. No fim do mês o empregado produziu sozinho $1000,00. Descontando-se o valor do
salário e do material gasto na produção ainda sobrariam $500,00 que é apropriado pelo burguês.
Esta quantia é o que Marx chamava de mais valia e é base de todo o sistema capitalista. Ou seja a
lógica do sistema capitalista é a exploração da classe trabalhadora para acumulação de riquezas.
O materialismo histórico, que é a ferramenta chave usada por Marx para a criação da teoria do
socialismo científico, analisa que toda a história é uma série de lutas entre a classe dominante e a
classe explorada. O Capitalismo, como dizia Marx, carrega os germes de sua própria destruição, e
seria suplantado pelo socialismo onde os trabalhadores formariam uma sociedade baseada na
propriedade colectiva dos meios de produção. Para se chegar ao Socialismo, segundo Marx, é
necessário através de uma revolução social, implantar a ditadura do proletariado, que seria o elo de
transição do capitalismo ao Socialismo. No socialismo desaparece a mais valia, e o produto do
trabalho social é dividido pelos trabalhadores de acordo com seu trabalho. Daí o nome socialismo, e
não "Deixar os homens todos iguais" como querem a maioria dos críticos contrários ao socialismo.
O socialismo é a etapa de transição ao comunismo, este se caracteriza pelo desaparecimento total do
estado e pelo alto desenvolvimento das forças produtivas que permite atender o princípio: "De cada
um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades"
Em 1917 a Rússia realizou uma revolução social e implantou o socialismo; o movimento estendeu-se
a países vizinhos que passaram a compor a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (soviete era
uma espécie de comitê de governo com representantes do povo); o movimento expandiu-se mais ainda
e os demais países que se alinharam com a URSS formaram o chamado "Leste Europeu" ou "Cortina
de Ferro", que dissolveu-se a partir do ano de 1989, quando então estas tentativas de se desenvolver
países socialistas faliu por motivos diversos.
Há também outros casos clássicos, como a China, Cuba, Coréia do Norte etc., mas com certeza, a
teoria socialista nunca aconteceu na prática em plenitude, próximo talvez, mas plenamente não, tanto
que estes países ou abandonaram de vez o socialismo - como é o caso da ex-URSS, ou então
adaptaram seus sistemas acatando princípios capitalistas (China, por exemplo).
1. COMUNISMO
É a doutrina evoluída do socialismo. Ela consiste na criação de uma sociedade sem classes sociais
onde os meios de produção deixariam de ser privados a um único indivíduo e passariam a pertencer a
todos que nela vivem. Neste contexto não existiria Estado controlando nada. Quem governaria seria a
classe dominada, o proletariado.
● Valor​​ – conceito que se relaciona ao tempo, qualidade e quantidade de força de trabalho
empregada na elaboração de uma tarefa;
● Trabalho​​ – O homem, por excelência, se trata de um ente que é produtivo, e, por isso,
essencialmente ativo. Desse modo, o trabalho é uma peça-chave para sua dignidade, uma vez
que se trata de uma potência humana. O sistema capitalista, de forma nociva, produz riqueza a
partir da força de trabalho dos indivíduos;
● Mais-valia​​ – trata-se da diferenciação entre o valor gerado pelo trabalho empregado pelo
indivíduo e qual a remuneração que recebe do empregador capitalista;
● Luta de classes​​ – tensão imposta pela desigualdade de forças dos grupos sociais, que se
dividem entre os proprietários – dos meios de produção – e o proletariado – os trabalhadores
em si;
● Anarquia de produção​​ – a falta de uma organização centralizada, que promova a sinalização
do direcionamento para uma produção dentro da sociedade, pode acabar gerando muitas
crises, de tempos em tempos;
● Crises capitalistas​​ – Segundo Marx, esse sistema seria abalado por crises, de tempos em
tempos, que se caracterizariam tanto por serem estruturais, quanto por sua periodicidade.
Após essas instabilidades viria a crise final, acumulando as demais crises, detonando o fim do
modo de produção capitalista;
● Final do sistema capitalista​​ – o grupo de proletários seria maior e, por isso, seus direitos
podem prevalecer. Fariam protestos nas ruas, dando início a uma sociedade justa, equilibrada,
acabando com a propriedade privada de todos os meios produtivos. Tudo isso culminaria em
um desenvolvimento pleno do ser humano.

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