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Introdução: A contextualização sobre Paulo Freire é rasa e contém poucas informações que contribuam
para interligar ao tema proposto, sendo preciso um maior aprofundamento de ideias. Além disso, ainda
que haja a presença da tese, o termo “dia-a-dia”, de acordo com a Nova Ortografia, passou a ser sem o
hífen e é muito clichê para ser utilizado na redação.
Desenvolvimento I: Não há tópico frasal no parágrafo de desenvolvimento e o termo “sala de aula” foi re-
petido três vezes, o que mostra falta de repertório vocabular do candidato. No segundo período, o caráter
argumentativo foi prejudicado porque não houve uma explicação sobre como algumas temáticas, ao serem
discutidas em classe, podem contribuir para o combate de estereótipos. A conjunção “nesta perspectiva”
possui valor explicativo e se opõe ao valor semântico que o candidato desejava transmitir: o de adversida-
de. Ademais, é importante interligar os períodos com o uso de elementos coesivos.
Conclusão: O parágrafo de conclusão apresenta elementos interessantes, mas não ocorre o detalhamento da proposta interven-
tora, sendo necessário apresentar uma justificativa para implantação das propostas e como elas alterariam a problemática vigente.
REDAÇÃO EXEMPLAR
Sugestão de reescrita:
1 Nos anos 60, o educador Paulo Freire criou um sistema de alfabetização dire-
2 cionado ao público adulto para combater as altíssimas taxas de analfabetismo no Nor-
3 deste brasileiro. Tal ação contribuiu para que os cidadãos aprendessem a relação entre
4 a palavra e o seu significado em um determinado contexto e, assim, refletissem sobre
5 o seu uso linguístico. Neste sentido, nota-se que a educação é uma forte ferramenta de
6 transformação social, mas seu valor não tem sido reconhecido na contemporaneidade.
7 É sabido, em primeiro lugar, que a escola é um importante espaço de interação.
8 Isso significa que os conhecimentos transmitidos em sala de aula ultrapassam os conteú-
9 dos disciplinares; os debates em classe, intermediados pelo professor, podem estimular o
10 estudante a refletir sobre a sua atuação em sociedade. Por conseguinte, se temas como
11 “o culto ao corpo” forem discutidos em classe a fim de desnaturalizar padrões de bele-
12 za, por exemplo, a escola também cumprirá com a função de combater estereótipos e
13 incitar o senso crítico dos alunos. Porém, a profissão docente é desvalorizada, desmoti-
14 vando-os a elaborarem novos métodos de ensino.
15 Além disso, os cortes públicos na educação prejudicam o poder transformador
16 dessas instituições. Em 2016, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 propôs o
17 congelamento de gastos na área educacional por vinte anos, sendo que escolas e univer-
18 sidades públicas sofrem, há décadas, com a falta de verbas e o sucateamento estrutural.
19 Essas restrições afetam não só a qualidade e o alcance ao ensino, como também, atin-
20 gem diretamente as camadas mais pobres, pois os investimentos são uma das principais
21 engrenagens para diminuir a desigualdade social brasileira. Nesta perspectiva, vê-se a
22 urgência de alteração do cenário vigente.
23 Faz-se preciso, portanto, a valorização do ensino a fim de promover mudanças
24 sociais. Para isso, o governo deve investir no reconhecimento dos professores, aumen-
25 tando o seu salário e, junto ao Ministério de Educação, oferecer novos cursos a fim de
26 ampliar sua qualificação profissional. Ademais, é imprescindível a participação popular
27 para cobrar uma atuação mais democrática das reformas sociopolíticas, visto que os
28 investimentos na educação são necessários para oferecer um ensino de qualidade, que é
29 um direito assegurado pela Constituição de 1988. Só assim, a educação potencializará
30 os indivíduos a exercerem a sua cidadania e prezarem pelo bem-estar social.