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ESTUDO DA BÍBLIA (BIBLIOLOGIA)

Adriano Ribeiro dos Santos

Ponta Grossa - Pr

2006
SUMÁRIO
Páginas

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................2

2. AFINAL, O QUE É TEOLOGIA SISTEMÁTICA? ...............................................................................3

3. A BÍBLIA E A REVELAÇÃO................................................................................................................4

3.1. A Bíblia e sua terminologia ............................................................................................................4

3.2. Revelação ........................................................................................................................................4

3.2.1. Revelação geral ......................................................................................................................4

3.2.2. Revelação específica ..............................................................................................................4

4. A BÍBLIA E A INSPIRAÇÃO ................................................................................................................6

4.1. Opiniões acerca da inspiração bíblica .............................................................................................6

4.2. Nossa visão acerca da Inspiração ....................................................................................................6

4.3. Conceitos não bíblicos acerca da inspiração ...................................................................................6

4.4. Implicações da inspiração ...............................................................................................................7

4.4.1. Autoridade ..............................................................................................................................8

4.4.2. Inerrância e infalibilidade.......................................................................................................8

4.4.3. Curiosidades históricas da Bíblia ...........................................................................................9

4.4.4. Clareza..................................................................................................................................11

4.4.5. Necessidade ..........................................................................................................................12

4.4.6. Suficiência ............................................................................................................................13

4.4.7. O cânon ................................................................................................................................14

5. COMO SE DEVE INTERPRETAR OS TEXTOS BÍBLICOS?...........................................................17

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................21

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1. INTRODUÇÃO
Quando viajamos pelo Brasil ou pelo mundo,
percebemos que em grande parte dos lares existe uma Bíblia. Além de
observamos exemplares das Sagradas Escrituras na casa de cristãos,
também as vemos na residência de espíritas, mórmons, testemunhas de
Jeová, entre outros. Também encontramos exemplares das Escrituras
em hotéis, escritórios, consultórios e em variados estabelecimentos
comerciais.
Muitas destas pessoas não consideram a Bíblia
como Palavra de Deus, inspirada, inerrante, suficiente, capaz de
transformar a vida de qualquer indivíduo (2Timóteo 3.16, 17; Hebreus 4.12) e fazê-lo viver em atitude de
gratidão a Deus enfrentando qualquer circunstância (Salmo 1.1,2; Filipenses 4.11-13). Pelo contrário,
estas enxergam a Escritura como um amuleto, um instrumento de consolo em tempos difíceis ou apenas
como uma boa literatura.
Olhando para esse entendimento que as pessoas têm acerca da Bíblia, como posso
avaliar minha comunhão com Deus, ouvindo Sua voz através da Sagradas Letras? Qual o valor que tenho
dado as Escrituras? Minha atitude perante a Palavra de Deus irá revelar quão profunda ou superficial está
minha intimidade com o Criador.
Não nos enganemos, o crescimento sadio da igreja só acontecerá quando crescermos
espiritualmente, baseados na Palavra do Senhor (Romanos 15.4-7). Enquanto não estudarmos a Palavra de
Deus com a atitude de reverência a Escritura Divina e tendo como objetivo praticar suas verdades,
ouviremos sermões e aulas que serão vazias e sem sentido para nós (Salmo 119.129-131).
Esta apostila tem como objetivo ser um instrumento que auxiliará na sua compreensão
da Palavra de Deus, demonstrando a importância que a Bíblia possui na vida de todo cristão. Para isso,
faremos um estudo sistemático sobre a Escritura e suas características.

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2. AFINAL, O QUE É TEOLOGIA SISTEMÁTICA?
Definições:
Teologia é o “estudo sobre a Pessoa, as obras e o
relacionamento de Deus. Palavra que vem do grego: τεοϑ (“Teou”) que
significa Deus e λξγια (“Logia”) que significa estudo, conhecimento.
A disciplina que busca apresentar uma declaração coerente da doutrina
da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, colocada no contexto
da cultura geral, expressa no idioma contemporâneo e relacionada com a
maneira de viver do homem”. Esta disciplina é dividida em duas partes,
sendo elas:
Teologia Bíblica – “focaliza-se em porções
específicas da Bíblia, estudando-as separadamente quanto às suas
peculiaridades, e vinculando-as harmonicamente à revelação bíblica total. Inclui o estudo de línguas
originais, hermenêutica, arqueologia bíblica e exegese”1. Por exemplo, quando quero saber
detalhadamente o que o texto de 1Coríntios 13 fala sobre amor, examinarei o texto minuciosamente, com
o auxilio de comentários bíblicos, examinando o contexto em que foi escrito e o local. Também pode ser
feito um estudo na língua original para saber se existem palavras diferentes no texto em grego para a
palavra “amor” e qual o significado de cada uma delas.
Teologia Sistemática – “processo de coleta, disposição metódica, comparação,
demonstração e defesa de todas as informações e fatos sobre Deus e Suas obras obtidos nos diversos
ramos de conhecimento humano; é também o registro deste processo”. Para ficar mais claro podemos
dizer que fazemos Teologia Sistemática quando pegamos a palavra “amor” exemplificada acima e
estudamos sua ocorrência na Bíblia como um todo. Além disso, na Teologia Sistemática utiliza-se
documentos extra-bíblicos (documentos seculares, dicionários, enciclopédias, etc) com a finalidade de
comparação e defesa da fé cristã.

1 A definição de exegese e hermenêutica encontra-se no anexo 2 desta apostila.

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3. A BÍBLIA E A REVELAÇÃO
3.1. A Bíblia e sua terminologia
Do grego βιβλιξμ (“Biblion”), 32 vezes, “rolo de papel ou pergaminho”, “livro”
(Lucas 4.17). Escritura - do grego γοαη (“Grafe”), 51 vezes, “escrita”, “letra”, “obra”. A frase “está
escrito” γεγοαπται (“gegraptai”) encontra-se 70 vezes e significa uma demonstração da autoridade
da citação (Mt 4.4-10). Palavra de Deus – “heor” ou “kocor” (“teos” ou “logos”) usada freqüentemente
com respeito a palavra escrita, seja do Antigo ou do Novo Testamento (Hebreus 4.12).
3.2. Revelação
Definição: “Revelação é o processo pelo qual Deus desvenda ao homem Seu caráter e
eterno desígnio, bem como o resultado desse processo, qual seja, a verdade divina manifesta ao homem”.
Esta revelação pode ser geral ou especial (específica).
3.2.1. Revelação geral
Pode-se definir revelação geral como “o processo pelo qual alguns atributos de Deus
são manifestos ao homem através de meios naturais ou não”.
A. Os meios da revelação geral incluem:
 Natureza (Salmo 19.1-6; Romanos 1.19-20);
 Providência (Mateus 5.45; 6.26, 30; Atos 17.24-28; Romanos 8.28);
 Preservação do universo (Colossenses 1.17);
 Consciência (moralidade) humana (Gênesis 1.26; Romanos 1.32; 2.14, 15);
 Raciocínio (Romanos 1.20-22, 25).
B. Questão: Uma pessoa pode conhecer a Deus através da revelação geral?
Sim, entretanto existirão algumas limitações. São elas:
 Não expõe claramente a natureza moral de Deus e do homem;
 Não possui conteúdo redentor; e
 Não influi no problema básico do homem e acaba tendo um efeito condenatório
sobre este.
C. Posições quanto a revelação geral:
 Catolicismo Romano – a natureza produz “fome” de maior conhecimento, o que
só pode ser obtido nos ensinos da igreja (católica);
 Liberalismo – a natureza nada diz sobre Deus; os autores bíblicos precisam ser
corrigidos;
 Neo- ortodoxia2 – a natureza não revela Deus até que o indivíduo tenha um
encontro existencial pessoal com Ele;
 Alguns reformados – o pecado tornou o homem insensível à revelação geral; e
 Evangélicos – a revelação é tanto positiva como negativa: Revela algo sobre Deus
mas também resulta em condenação em caso de rejeição.
3.2.2. Revelação específica
Por revelação específica entendemos ser “o conhecimento proporcionado da pessoa,
obra, mensagem e propósitos de Deus, através de vários meios e por diversos homens na história, que foi

2 Ver definição de neo-ortodoxia no Anexo 2 na palavra barthianismo.

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registrada (senão exaustivamente, suficientemente) como conteúdo das Escrituras”. A revelação
específica ocorreu de vários meios:
 Deus falou a pessoas (Noé, Abraão, Moisés, Elias, etc.);
 Profecias;
 Cristo (Hebreus 1.1-3);
 Apóstolos.
A. Características da revelação específica:
 Limitada àqueles que têm acesso ao registro bíblico em forma escrita ou oral;
 Eficaz em promover a redenção (Hebreus 4.12).
B. Bases Bíblicas:
 Hebreus 1.1-3 – “havendo falado”, “muitas vezes”, “de muitas maneiras”, “pelo
Filho”.
 Jesus como revelação (Isaías 7.14; 9.6; Mateus 11.27; João 1.18; 14.9;
Colossenses 1.15-17; Hebreus 1.3).
 A Bíblia como revelação (1Coríntios 15.3, 4).
D. Posições quanto a Bíblia como revelação
 Catolicismo Romano – as Escrituras são revelação quando interpretadas de acordo
com os ensinos da única igreja verdadeira;
 Liberalismo – a Bíblia será revelação quando for desmitologizada; seus relatos e
interpretações pressupõem dimensão sobrenatural, que, de fato, é inexistente; (Rudolf Karl Bultmann)
 Neo-ortodoxia – a Bíblia contém revelação feita a homens do passado, servindo
apenas como testemunho dessa revelação passada; (Karl Barth) e
 Evangélicos – a Bíblia é revelação inerrante e infalível de Deus ao homem.

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4. A BÍBLIA E A INSPIRAÇÃO
Como você definiria inspiração bíblica? Certamente esta é uma expressão que
precisamos tomar muito cuidado ao usá-la, pois corremos o risco de expressá-la incorretamente devido a
nossa falta de conhecimento sobre seu verdadeiro sentido. A seguir faremos algumas considerações sobre
o assunto.
 A palavra “inspiração” é derivada da palavra grega ΘΕΟΠΝΕΥΣΤΟΣ
(“theopneustos) que significa “soprada por Deus”.
Definição: “Inspiração é o processo pelo qual Deus assegurou um registro original inerrante e
infalível de Sua revelação através da ação controladora do Espírito santo sobre os escritores humanos,
no pleno uso de suas personalidades”.
4.1. Opiniões acerca da inspiração bíblica
 Racionalismo e liberalismo3 – é um livro humano.
 Seitas, misticismo e espiritismo – normalmente têm outra autoridade acima da
Bíblia (livro ou pessoa), a experiência (pessoal ou coletiva) tem igual ou maior autoridade, sendo usadas
como forma de interpretação. Exemplos: O espiritismo possui “O Evangelho segundo Allan Kardec”, as
Testemunhas de Jeová possuem a literatura “Torre de Vigia”, os mórmons possuem “O livro dos
mórmons”, entre outros.
 Catolicismo Romano – a Bíblia é inspirada, mas sua autoridade provém da
interpretação, também inspirada, dada pela igreja (padres e papa).
 Correntes evangélicas contemporâneas – algumas linhas doutrinárias crêem em
inspiração parcial, ou seja, apenas algumas partes da Bíblia são inspiradas. Outras crêem em inspiração
gradual, sendo algumas partes mais inspiradas que outras.
 Correntes ultra-fundamentalistas4 – Deus ditou a Bíblia aos profetas palavra por
palavra.
 Conservadores – a inspiração aconteceu de formal verbal e completa, ou seja, toda
a Escritura foi inspirada por Deus, não havendo diferenças de valor em qualquer trecho.
4.2. Nossa visão acerca da Inspiração
 Fonte – “inspirada por Deus” (2Timóteo 3.16). Theopneustos – soprado para fora. Essa
inspiração diz respeito às Escrituras e não aos escritores.
 Extensão – (1 Timóteo 5.18; 2 Timóteo 3.16; 2 Pedro 3.16).
Note que no primeiro texto Paulo cita passagens do Antigo Testamento chamando-as de
“Escritura” e na última passagem Pedro refere-se aos escritos de Paulo como parte das Escrituras, sendo
inspiradas por Deus e em igualdade de importância com “as demais Escrituras”.
 Processo – (2 Pedro 1.19-21) “homens santos... movidos pelo Espírito Santo”. “Movidos
no grego ϕεοξμεμξι (“feromenoi”) significa “levantados”, “impelidos”, “carregados” .
Outros textos: Marcos 12.36; Atos 1.16; 4.24, 25; Hebreus 3.7; 10.15, 16.
4.3. Conceitos não bíblicos acerca da inspiração
 Inspiração extática – teoria que afirma que a inspiração da Escritura se deu num
processo de transes emocionais, êxtase, onde o escritor não tinha a normalidade de suas atividades
mentais. Entretanto, esta visão não consegue ser coerente com a visão bíblica de inspiração. Exemplos:
Lucas 1.1-4; Judas 3.

3 As definições racionalismo e liberalismo encontram-se no anexo.

4 Veja a definição de fundamentalismo no anexo.

6
 Inspiração mecânica – ditado. Problema: 1Coríntios 7.12, 25; Judas 3. O ditado exclui a
personalidade dos escritores humanos. Se esta visão fosse correta, como explicar os estilos de literatura
bíblica?
 Inspiração natural – esta teoria afirma que os escritores da Bíblia foram homens geniais
e que não precisaram de ajuda sobrenatural para escrever a Bíblia. Encontramos vários problemas nesta
visão, os quais são:
Se a Palavra foi escrita sem nenhuma ajuda sobrenatural, os próprios autores criaram o conteúdo,
sendo portanto passível de erros. Não encaixa com passagens claras da Escritura como, por exemplo
Mateus 5.18;
Este tipo de inspiração dá margem para outros livros além da Bíblia serem considerados
inspirados, conforme a genialidade de seu autor. A passagens de Provérbios 30.5-6 e Gálatas 1.8 são
contrárias a esta idéia;
Podem surgir livros inspirados a qualquer momento, podendo trazer ensinamentos conflitantes
com a Bíblia, pois o critério da inspiração é a genialidade do autor. Refutação bíblica: Salmo 119.89-92,
160; Gálatas 1.8; 2Pedro 1.19-21.
 Inspiração mística ou dinâmica – é uma “evolução” da teoria da inspiração natural. Esta
teoria afirma que os escritores da Bíblia eram homens geniais cheios do Espírito Santo e orientados por
Ele, como qualquer outro cristão. Isso quer dizer que eles apenas tinham uma consciência religiosa mais
profunda que outros povos, da mesma maneira que os gregos se sobressaíam na filosofia e os romanos na
política. Esta teoria possui os mesmos problemas da anterior acrescida de que a Bíblia não é a Palavra de
Deus mas contém a Palavra de Deus , podendo ser usado como um livro de literatura apenas. Problema:
Como interpretar Provérbios 30.5-6; 2Timóteo 3.16; Hebreus 4.12 ?
 Inspiração parcial – esta corrente de pensamento entende que a Escritura possui certos
graus de inspiração, ou seja, certos trechos da Bíblia são mais inspirados que outros. Em alguns casos,
igrejas e movimentos que crêem ser correto este conceito não consideram algumas porções da Palavra
como inspiradas por Deus. Esta visão não é coerente com o Salmo 119.160 e 2Timóteo 3.16, entre outros.
Uma das ramificações deste pensamento crêem que as partes inspiradas são aquelas que não
haveria possibilidade de conhecermos pela nossa capacidade (criação, profecias) e que se constituem em
partes não inspiradas as porções históricas, pois podem ser conhecidas por documentos contemporâneos.
Com relação a inspiração parcial existem aqueles que não crêem nos relatos sobrenaturais da
Bíblia (Jonas no ventre do peixe, Moisés abrindo o mar, etc) mas crêem que as porções da Escritura que
relatam fatos possíveis de compreender com a mente humana podem ser inspirados.
Atenção: Atualmente alguns movimentos evangélicos tradicionais pregam esta visão.
 Inspiração conceitual – afirma que os conceitos são inspirados mas não as palavras e que
estas podem estar erradas em alguns casos. O grande problema desta visão é que, se as palavras podem
estar erradas, de que outra maneira pode-se formular conceitos sem o uso de palavras. Incoerência da
visão: Isaías 40.6-11; Mateus 5.18.
 Inspiração Neo-Barthiana – Karl Barth (1886-1968), considerado um grande teólogo,
ensinava que a revelação está centrada em Cristo. Isso até parece interessante, entretanto o que os
barthianos5 (ou neo-ortodoxos) pregam é que o testemunho da Bíblia é desigual, ou seja, certas partes são
mais importantes em seu testemunho que outras. As partes mais importantes são as que testemunham de
Cristo, embora estas não são necessariamente precisas. Barth afirmava que a Bíblia continha erros, mas
que pode tornar-se a Palavra de Deus ao ser lida por nós. Problema desta visão: Deuteronômio 6.6-9; Pv
4.20-22.
4.4. Implicações da inspiração
A doutrina cristã está baseada na inspiração das Escrituras. Então, se isto é verdade,

5 Veja a definição de barthianos no anexo 2.

7
existem sérias implicações para o homem. São elas:
4.4.1. Autoridade
Todas as palavras nas Escrituras são Palavra de Deus.
a) Isso é o que a Bíblia afirma a seu próprio respeito
No Antigo Testamento a frase introdutória “assim diz o Senhor” é encontrada
centena de vezes. No mundo do Antigo Testamento, essa frase seria reconhecida como idêntica em forma
à expressão “assim diz o rei”. Quando um profeta falava dessa forma em nome de Deus, cada palavra dita
vinha de Deus, senão ele seria um falso profeta (Números 22.38; Deuteronômio 18.18-20; Jeremias 1.9;
14.14; 23.16-22). Deus também fala por intermédio do profeta (1Reis 14.18; 16.12, 34; Zacarias 7.7, 12).
Assim, o que o profeta diz em nome de Deus, é Deus quem fala (Ageu 1.12, 13)
b) Acreditamos que a Escritura é a Palavra de Deus à medida que a lemos.
Nossa convicção que a Bíblia é a Palavra de Deus vem apenas quando o Espírito
Santo fala ao nosso coração nas palavras da Escritura e por intermédio delas, dando-nos a segurança de
que essas são as palavras do nosso Criador falando conosco (1Coríntios 2.13, 14).
c) As palavras das Escrituras são autocorroborantes.
Elas não podem ser “comprovadas” como Palavra de Deus através de outras
fontes (exatidão histórica ou coerência lógica, por exemplo). Se isso fosse necessário, a Bíblia deixaria de
ser nossa autoridade máxima e absoluta, tornando-se dependente de outros conhecimentos, colocando-os
como autoridade superior a Escritura divina.
d) Deus não pode mentir nem falar com falsidade (Tito 1.2; Hebreus 6.18).
e) Todas as palavras nas Escrituras são inteiramente verdadeiras e nela não
há erro (Salmo 12.6; 119.89; Provérbios 30.5; Mateus 24.35).
f) As palavras de Deus são o padrão definitivo da verdade.
A Palavra de Deus não é simplesmente verdadeira, mas é a própria verdade (João
17.17). As declarações que se conformam com as Escrituras são verdadeiras enquanto que as que não se
conformam não são verdadeiras. Portanto, verdade é o que Deus diz, e na Bíblia temos o que Deus diz, de
maneira exata mas não exaustiva.
4.4.2. Inerrância e infalibilidade
Os conceitos de revelação e inspiração produzem e condicionam o conceito de
autoridade da Bíblia como Palavra de Deus. Tais conceitos fundamentam e sustentam toda a produção
teológica. A falta de conceitos corretos haverá não só de fazer ruir toda a teologia conservadora, como
dará a luz toda a sorte de deturpação doutrinária ou especulação filosófica e/ou religiosa.
Duas definições são importantes:
Inerrância: os escritos originais não continham qualquer erro.
Infalibilidade: a Bíblia não ensina nem induz ao erro.
Importância da inerrância e da infalibilidade na atualidade
 Os ataques de fora e de dentro: Estabilidade doutrinária;
 Inerrância e o método da teologia: Se a Bíblia não é a Palavra de Deus, a teologia
também é falha.
 Infalibilidade: Se nos faz errar, não atinge seus propósitos.
Evidências da inerrância
 A natureza de Deus: João 17.3; Romanos 3.4;Tiago 1.17; Tito 1.2;
 O testemunho da própria Bíblia: Deuteronômio 18.20-22; Provérbios 30.5, 6;
Mateus 5.17, 18; João 10.35.

8
 O uso do texto por Jesus e pelos autores bíblicos: Mateus 22.29-32 (cf. Êxodo
3.6); Mateus 22.41-46 (cf. Salmo 110.1); Gálatas 3.8, 16 (cf. Gênesis 22.17, 18); 1Timóteo 5.18 (cf.
Deuteronômio 25.4; Lucas 10.7)

Questões práticas
Quando uma pessoa nega que a Escritura é inerrante, algumas questões doutrinárias
podem ser afetadas. São elas:
A negação da queda de Adão, da veracidade das experiências do profeta Jonas, a
tentativa em explicar racionalmente os milagres relatados na Bíblia, a tentativa de redefinir o que seja
pecado, salvação, entre outros problemas.
Esta atitude também pode gerar erros no estilo de vida do cristão. São eles:
Uma visão liberal da seriedade do adultério, da homossexualidade, do divórcio e do
novo casamento. A pessoa também pode fazer uma reinterpretação do papel da mulher na família
(submissão) e encarar a Bíblia como um bom livro de literatura apenas.
Argumentos contra a inerrância e refutações bíblicas
 Participação humana (Falibilidade)
Refutação: Jesus Cristo era (e é) Deus e homem, sem mancha. Então, o ser
humano não necessita de erro. Assim como o Verbo de Deus foi feito carne como nós em todas as coisas,
exceto no pecado, assim também as palavras de Deus, exprimidas em linguagem humana, sem erro. O
resultado é uma Palavra inspirada que é rica em significado, mais rica do que o autor humano pudesse
imaginar. Isto é certo com respeito à Escritura e a inerrância.
 Há erros na Bíblia.
Refutações:
 Há erros nas cópias, mas esses erros não arranham nenhuma doutrina
essencial. Alguns erros podem ser apenas aparentes.
 O conceito de inerrância só diz respeito aos manuscritos originais. Nós
não os temos; por isso o debate não tem sentido.
 O que importa é o códice6: uma cópia perfeita tem o mesmo valor do
original.
 A Bíblia mesma fala de suas cópias anteriores (Deuteronômio 10.2, 4;
17.18; Jeremias 36.8). Os autores do Novo Testamento não tinham o original do Antigo, mas o próprio
Jesus destacou a inerrância do códice deste (João 10.35).
 Atualmente, há mais do que 5.000 manuscritos do Novo Testamento, com
350 códices (Sinaiticus, Vaticanus, Alexandrinus); mais de 86.000 citações bíblicas nos escritos dos pais
da igreja e em antigas traduções (latina siríaca, egípcia). O códice original não está perdido, mas está
dentro dos manuscritos que temos.
 Com respeito a inerrância das Bíblias que temos, elas têm algumas
palavras discutidas com respeito ao autógrafo original. Mas ainda estas Bíblias de hoje são a verdadeira
Palavra de Deus, inspirada e inerrante à medida que ela reflete a obra original de Deus. E, à luz da ciência
do criticismo textual, podemos ter grande confiança de que a Bíblia que possuímos é extraordinariamente
exata.
4.4.3. Curiosidades históricas da Bíblia
Cópias dos escritos começaram a ser feitas desde o princípio, para enviar a outras
igrejas e para preservar a Escritura, a medida que as outras cópias iam sofrendo a ação do tempo.

6 Ver definição de códice no anexo 2.

9
Códice – No 2º século d. C. os livros do Novo Testamento começaram a ser feitos à
maneira de “Códice”, isto é, à maneira dos livros de hoje, no qual, de um número qualquer de folhas,
podia-se fazer um volume com páginas numeradas. Isto tornou possível fazer volumes de coleções
maiores de livros do Novo Testamento, o que não se podia fazer no formato de rôlo.
Os três mais antigos, completos, conhecidos e mais valiosos manuscritos (Códices) são
o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino, que originalmente foram Bíblias completas.
O manuscrito Sinaítico foi descoberto por um alemão chamado Tischendorf, em
1844, no mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai. Encontrou-os num cesto de papéis velhos que
haviam sido separados para queimar. Tischendorf havia encontrado partes de manuscritos datados da
metade do século IV d.C. Quinze anos depois conseguiu o restante dos manuscritos com o mordomo do
local.
Foi adquirido pela Biblioteca Imperial de São Petesburgo, onde permaneceu até 1933,
época em que foi vendido ao Museu Britânico por meio milhão de dólares. Este manuscrito contém 199
folhas do Antigo Testamento e o Novo Testamento inteiro.
O manuscrito Vaticano foi feito no 4º século. Encontra-se na Biblioteca do Vaticano
desde 1841. Faltam alguns fragmentos do Novo Testamento. Este e o Sinaítico são os dois mais antigos e
de maior valor. Tischendorf pensava que talvez foram feitos por uma mesma pessoa e pertencessem ao
número dos 50 encomendados por Constantino7.
O manuscrito Alexandrino foi feito no 5º século em Alexandria. Encontra-se no
Museu Britânico desde 1627. É a Bíblia inteira, faltando alguns fragmentos, contendo também as
“Epístolas de Clemente” e os “Salmos de Salomão”.
Pauta para dificuldades bíblicas8
1. As citações não precisam ser citações exatas. Ex: Compare Mateus 27.37;
Marcos 15.26; Lucas 23.38; João 19.19.;
2. Nem tudo que está na Bíblia é eticamente aprovado por ela. Ex: Observe
Gênesis 20.2;
3. Um relatório parcial não é necessariamente um relatório falso. Ex:
Compare Mateus 20.30, Marcos 10.46 e Lucas 18.35;
4. Relatórios diferentes não são necessariamente contraditórios. Ex:
Compare Mateus 26.57 com João 18.13;
5. Palavras diferentes podem ter o significado igual (e vice-versa). Ex:
Compare Mateus 20.29, Marcos 10.46 e Lucas 18.35;
6. A linguagem bíblica sobre o mundo é, as vezes, fenomenológica
(aparente). Observe Josué 10.12-13;
7. Descrições inexatas não são necessariamente falsas. Ex: Compare Mateus
28.5, Marcos 16.5 e Lucas 24.4;
8. As dificuldades que ainda não têm explicações não necessariamente
ficarão sem explicações no futuro.
Esse tópico vai ser dedica a explanação da autoridade bíblica como infalível e
inerrante. Já de início pode-se concluir que, desobedecer a Escritura ou negar sua autoridade, constitui em
desobediência a Deus e falta de fé no Deus onipotente.

7 Para saber mais sobre os manuscritos de Constantino ver anexo 2.

8 Veja exemplos no anexo1.

10
4.4.4. Clareza
Vimos anteriormente trechos das Escrituras difíceis de serem interpretados. Entretanto,
sabemos que a Bíblia como um todo pode ser considerada de fácil compreensão. Pedro, quando se refere
as epístolas paulinas declara que “”há certas coisas difíceis de entender” (2Pedro 3.16). Note que Pedro
fala “certas coisas” e não “todas as epístolas paulinas”. Pode-se notar nos versículos 14-18 Pedro
estimula seus leitores a buscarem o conhecimento da Escritura. Este tópico destina-se a expor a clareza
da Palavra de Deus.
a) A Bíblia afirma sua própria clareza
A clareza da Bíblia e a responsabilidade dos crentes em geral de lê-la e compreendê-
la são freqüentemente enfatizadas. Moisés já enfatizava a importância desta atitude (Deuteronômio 6.6-7).
Aplicando a Bíblia em nossas vidas, entendemos que todo crente deve ser capaz de compreender as
palavras das Escrituras, e compreendê-las bem o bastante para ensinar filhos e irmãos em Cristo. Da
mesma forma, o Salmo 1 chama de “bem-aventurado” e digno de ser imitado o aquele que medita na Lei
do Senhor “de dia e de noite” (Salmo 1.2).
As Escrituras afirmam que até os “inexperientes” podem ler e entender a Bíblia,
tornando-se sábios (Salmo 19.7; 119.30). Inexperientes ou símplices são pessoas que carecem de
capacidade intelectual bem como de juízo correto para não ser desencaminhada.
Numa época em que é comum as pessoas nos dizerem que é muito difícil interpretar
corretamente as Escrituras, é bom lembrar que no evangelhos nunca encontramos Jesus declarando: “
Percebo que vocês estão em dúvida. Não os culpo, pois a Escritura é muito obscura sobre isso”. Pelo
contrário, em vários momentos Cristo exclamou: “Não lestes...” (Mateus 12.3, 5; 19.14; 22.31), “Nunca
lestes nas Escrituras...” (Mateus 21.42) ou mesmo “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de
Deus...” (Mateus 22.29; cf. Mateus 9.13; 12.7; 15.3; 21.13; João 3.10). Percebe-se nestes versículos que
Jesus falava tanto a eruditos como a pessoas incultas, tendo a certeza que essas pessoas não podiam culpar
a Escritura por uma má compreensão de um ensinamento. Pelo contrário, a culpa é daquele que
compreende erroneamente ou não aceita o que está revelado na Palavra.
Semelhantemente, a maioria das epístolas do Novo Testamento não foram escritas
para líderes de igrejas, mas a congregações inteiras (1Coríntios 1.2; Gálatas 1.2; Filipenses 1.1). Paulo
entende que seus leitores irão compreender o que ele escreve, e incentiva o envio de suas cartas a outras
igrejas (Colossenses 4.16; 2Coríntios 1.13; Efésios 3.4; Tiago 1.1, 22-25)
b) As qualidades morais e espirituais são necessárias para a correta
compreensão
O Novo Testamento afirma não poucas vezes que a capacidade de compreender
corretamente as Escrituras é mais moral e espiritual que intelectual (João 7.17; 8.43; 1Coríntios 2.14;
2Coríntios 3.14-16; 4.3-4, 6; Hebreus 5.14; Tiago 1.5-6). Portanto, apesar da Escritura ser uma revelação
clara, ao mesmo tempo esta não será compreendida corretamente por aqueles que não se dispuserem a
receber seus ensinamentos.
c) Por que as pessoas compreendem erradamente as Escrituras?
Vemos no Novo Testamento que os próprios discípulos de Jesus demonstravam não
entender o Antigo Testamento e até os ensinos de Cristo (Mateus 15.16; Marcos 4.10-13; 6.52; João 8.27).
Embora às vezes isso se devesse ao fato de que eles simplesmente precisavam aguardar eventos futuros da
história da redenção, especialmente da vida do próprio Cristo (João 12.16; 13.7), também houve
oportunidades em que isso se deveu à sua falta de fé ou dureza de coração (Lucas 24.25).
A doutrina da clareza das Escrituras não implica que todos os crentes vão concordar
sobre todos os ensinamentos, mas nos mostra que o problema não está no texto em si, mas em nós
mesmos.
d) O incentivo prático derivado desta doutrina
A doutrina da clareza das Escrituras nos diz que nos pontos em que há desacordo

11
doutrinário ou ético (batismo, livre-arbítrio, predestinação9, governo da igreja) só pode haver duas causas
para essas discordâncias:
 Pode ser que estamos afirmando pontos em que as Escrituras se calam (ex:
métodos de evangelização, estilos de ensino bíblico, tamanho da igreja, etc);
 Existe a possibilidade de termos cometido erro na interpretação das Escrituras.
e) O papel dos estudiosos
Ensinar claramente as Escrituras, transmitindo o seu conteúdo aos outros (1Coríntios
12.28; Efésios 4.11), examinar novos campos de compreensão das Escrituras, defender os ensinamentos
da Bíblia contra os ataques de outros estudiosos (2Timóteo 2.25; Tito 1.9; 2.7-8) e complementar o estudo
da Bíblia em prol da igreja (ex: ensinar, mostrando o contexto cultural, histórico e econômico onde os
fatos aconteceram, fazer uso das línguas originais, etc).
4.4.5. Necessidade
Para que necessitamos da Palavra de Deus? Qual é a sua função em nossa vida moral
e espiritual? A Bíblia tem alguma parcela de influência em nosso relacionamento com Deus? Quais são as
circunstâncias em que a Bíblia não é necessária? Este tópico é destinado a responder estas questões.
a) A Bíblia é necessária para conhecer o Evangelho
Romanos 10.13-17. Este texto explica que:
 O homem precisa invocar o nome do Senhor (Jesus) para ser salvo (v.13, cf. v. 9);
 As pessoas só podem invocar o nome de Cristo se crêem Nele como Salvador;
 As pessoas não podem crer em Cristo a menos que tenham ouvido falar Dele;
 Não ouvirão falar de Cristo, a menos que alguém fale Dele; e
 A fé vem pelo ouvir, e esse ouvir a mensagem do evangelho vem pela pregação
de Cristo.
Outros textos: João 3.18; 14.6; 1Timóteo 2.5, 6.
A conclusão é que somos salvos pela fé em Cristo. Podemos nos perguntar: “Como os
crentes da antiga aliança (crentes antes da vinda de Cristo) foram salvos?”
A resposta é que os crentes da antiga aliança também foram salvos pela fé em Cristo,
ainda que fosse uma fé de expectativa baseada na promessa divina que viria o Messias ou Redentor (João
8.56; Hebreus 11.13, 26) A Palavra de Deus, nos tempos mais remotos, vinha em forma bastante breve,
mas desde o princípio temos provas de palavras de Deus que prometiam uma salvação futura (Gênesis
3.15; 4.3-4, 7; Hebreus 11.4, 39).
b) A Bíblia é necessária para sustentar a fé espiritual
Negligenciar a leitura regular da Palavra de Deus é tão prejudicial à saúde quanto
negligenciar o alimento físico é prejudicial a saúde (Mateus 4.4 cf. Deuteronômio 8.3). Moisés também
enfatiza a importância da Palavra de Deus (Deuteronômio 32.47). Como verdadeiros cristãos, devemos
desejar o verdadeiro alimento espiritual (1Pedro 2.2).
c) A Bíblia é necessária para o conhecimento seguro da vontade de Deus
Todas as pessoas têm algum conhecimento da vontade de Deus por intermédio de sua
consciência. Mas esse conhecimento é muitas vezes indistinto e não pode proporcionar certeza. Não
podemos confiar apenas em experiências, conselhos ou na consciência, pois é impossível obter a certeza
acerca da vontade de Deus num mundo caído, onde o pecado distorce nossa percepção de certo e errado,
introduz raciocínios falhos e nos faz render-nos ao testemunho da nossa consciência (Jeremias 17.9;
1Coríntios 8.10; Hebreus 5.12-14; 1Timóteo 4.2).

9 Veja as definições de predestinação e livre arbítrio no Anexo 2.

12
Na Bíblia, porém, temos afirmações claras e precisas sobre a vontade de Deus. Ele
não nos revelou todas as coisas, mas nos revelou o suficiente para conhecermos a Sua vontade. Deus não
nos revelou o que queremos saber - Ele revelou o que precisamos saber (Deuteronômio 29.29; Salmo 1.1-
2; 119.1; 1João 5.3).
d) A Bíblia não é necessária para saber que Deus existe
Mesmo sem a Escritura, é possível ter algum conhecimento de Deus, ainda que este
conhecimento não seja absolutamente seguro.As pessoas podem obter o conhecimento de que Deus existe
e de alguns de Seus atributos, simplesmente pela observação de si mesmas e do mundo que as cerca
(Salmo 19.1; Atos 14.16-17). Mesmo aqueles que, pela impiedade, suprimem a verdade, não podem evitar
as provas da existência e da natureza de Deus na ordem criada (Romanos 1.19-21). Portanto, todas as
pessoas que vivem ou já viveram têm provas da existência de Deus através da criação.
e) A Bíblia não é necessária para conhecer algo sobre o caráter e sobre as leis
morais de Deus
Até os incrédulos que não têm nenhum registro escrito das leis de Deus têm na sua
consciência alguma compreensão das exigências morais de Deus, portanto, pode-se afirmar que os ímpios
sabem que a prática do pecado é errada (Romanos 1.32; 2.14-15). O conhecimento das leis de Deus pelos
incrédulos jamais será perfeito, mas é suficiente para gerar a consciência das exigências morais de Deus
para toda a humanidade.
É uma grande benção os incrédulos terem um certo conhecimento sobre as leis morais
de Deus, pois se não as conhecessem, não haveria restrição social ao mal que os homens fariam. Por
existir determinado conhecimento comum do certo e do errado, os cristãos encontram certo consenso com
não cristãos em questões de lei civil, parâmetros comunitários, ética essencial para negócios e atividades
profissionais, bem como padrões aceitáveis de conduta na vida comum. Entretanto, o que deve ser
ressaltado é que, o caminho só pode ser encontrado em Jesus, cujo conhecimento depende das Escrituras,
juntamente com a atuação do Espírito Santo (João 14.6; 16.7-8; Romanos 10.13-14).

4.4.6. Suficiência
Em nossa mente pode surgir a pergunta: “_ Será que a Bíblia pode responder de
maneira convincente às minhas dúvidas ou preciso buscar outras fontes de sabedoria?”. Este tópico tem
como objetivo tratar dessa questão.
a) Podemos encontrar tudo o que Deus disse sobre temas específicos e também
respostas às nossas perguntas
A suficiência das Escrituras é de grande importância para nossa vida cristã, pois nos
permite concentrar a busca das palavras de Deus somente na Bíblia. Isso significa que podemos chegar a
conclusões claras sobre muitos ensinamentos da Palavra. Embora exija um pouco de esforço, é possível
localizar todas as passagens bíblicas relevantes para as questões de casamento e divórcio, ou das
responsabilidades dos pais para com os filhos, ou do relacionamento entre o cristão e o governo civil
(2Timóteo 3.15-17; 1Pedro 1.23).
b) O volume de Escrituras dado foi suficiente em cada estágio da história da
redenção
O homem não pode acrescentar por conta própria nenhuma palavra àquela que Deus
revelou. Diante disso, entendemos que Deus não falou a humanidade outras palavras que Ele exige que
creiamos ou observemos além daquelas que temos hoje na Bíblia.
Deus sempre tomou a iniciativa de nos revelar a Sua palavra. Ele é quem decidiu o
que revelar e o que não revelar. Em cada estágio da história da redenção, as palavras que Deus revelara
antes eram para o Seu povo daquela época e eles deveriam estudar, crer e obedecer a Palavra.
No tempo de Moisés, os primeiros cinco livros do nosso A.T. eram suficientes para o
povo de Deus da época. Mas Deus ordenou que autores posteriores acrescentassem novos ensinos, para
que as Escrituras fossem também suficientes para os crentes de épocas posteriores. Para os cristãos de

13
hoje o A.T. e o N.T. são suficientes.
Isso significa que podemos citar textos bíblicos de qualquer ponto da Bíblia para
demonstrar que o princípio da revelação de Deus para o seu povo em cada época específica permaneceu o
mesmo (Deuteronômio 4.2; 12.32; Provérbios 30.5-6; Gálatas 1.8).
c) Aplicações práticas
Portanto, conclui-se que a suficiência da Escrituras:
 Deve nos incentivar a tentar descobrir aquilo que Deus quer que pensemos e
façamos. Devemos nos convencer de que tudo o que Deus quer nos dizer sobre esta questão se encontra
nas Escrituras (Deuteronômio 29.29; 2Timóteo 3.17);
 Nos lembra de que não devemos acrescentar nada a Bíblia nem equiparar algum
outro escrito a ela (Gálatas 1.8);
 Nos diz que Deus não exige que creiamos em nada sobre si mesmo ou sobre Sua
obra redentora que não esteja na Bíblia (Provérbios 30.5-6);
 Nos mostra que nenhuma “revelação moderna” de Deus deve ser equiparada a
Bíblia no que diz respeito a autoridade;
 Com respeito à vida cristã, ela nos lembra que não existe pecado que não seja
proibido pelas Escrituras, quer explícita quer implicitamente. A menos que se possa provar algum ensino
específico ou algum ensino geral que proíba algo, não devemos tentar acrescentar proibições além
daquelas expostas na Escritura. Lembremos de que existem inúmeras variantes do pecado, e o que vai ser
julgado é a atitude. Ex: Alguém pode perguntar: “_ Se a Bíblia contêm respostas suficientes para o ser
humano, como não encontro nada sobre nenhuma proibição quanto ao uso do computador, ou a assistir
filmes eróticos?”. A resposta é que a Escritura não é um almanaque ou enciclopédia. Ela possui valores
que vão direcionar a vida do cristão. O uso do computador em si não é pecado, entretanto, quando usamos
em excesso a ponto de impedir o momento devocional e a comunhão com Deus, torna-se pecado, pois
colocamos o objeto como prioridade em nossa vida (Tiago 4.1-5). Quanto a filmes pornográficos, existem
proibições contra a sensualidade e o pensar naquilo que não edifica (Gálatas 5.19-21; Filipenses 4.8).
4.4.7. O cânon
Terminologia – do grego καμξμ (“kanon”), que significa regra, medida e do
hebraico qaneh, que significa junco, vara de medir. Esta palavra também é usada com o significando a
lista de livros inspirados que compõem a Bíblia (66 livros). Estes foram escritos entre 1400 e 400 a.C.
(A.T.) e entre 50 e 90 d.C. (N.T.).
Uso bíblico: Gálatas 6.16 (cf. 2Coríntios 10.13, 15, 16).
Critérios de Canonicidade
Para se verificar a inspiração dos escritos antigos se adotavam certos critérios. Esses
critérios podem ser resumidos pelas seguintes perguntas:
 O livro é autorizado? Afirma vir da parte de Deus? (Deuteronômio 6.6-9; João
21.24; 1Timóteo 1.15; 2Pedro 1.19-21).
 É profético? Foi escrito por um servo de Deus reconhecido?
 É digno de confiança? Trás informações corretas?
 É dinâmico? Provoca transformação na vida dos leitores? (Hebreus 4.12;
2Timóteo 3.16-17).
 É aceito pelo povo de Deus? È reconhecido como vindo de Deus?
(1Tessalonicenses 2.13).
Então, é mais correto falar que a inspiração dos livros não foi determinada pela igreja
primitiva, mas que foi Deus quem inspirou os livros no ato do seu registro. É melhor dizer que a Bíblia é
auto-autenticada e que a igreja reconheceu a inspiração dos livros. Fases: Inspiração  Reconhecimento

14
 Coleção/preservação.
Cânon do Antigo Testamento
39 livros escritos entre 1400 e 400 a.C.
 Jesus e os apóstolos presumem a unidade do Antigo Testamento (Mateus 23.35;
Lucas 11.51). Gênesis é o primeiro e Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica.
 Ben-Siraque definiu em 132 d.C.: “Lei, Profetas, Escritos”.
 Josefo afirmou que a profecia cessou em Artaxerxes (465-430). Esdras, Neemias,
Malaquias.
 O Sínodo de Jâmnia (90 d.C.)10: A decisão de Jâmnia finalizou o processo de
canonização do Antigo Testamento, mas demorou na aceitação por outros judeus. Melito de Sardes (170
d.C.) e Jerônimo (400 d.C.), os dois na Palestina, confirmaram este cânon de 39 livros.
O cânon do Novo Testamento
27 livros entre 50 e 90 d.C.
a) O fim do cânon neo-testamentário.
A autoria apostólica (por escrever, ditar ou sancionar) limita o cânon à vida dos
apóstolos (João 14.26; 16.13), pois a posição do apóstolo foi limitada aos que tinham visto a Cristo e
foram comissionados por Ele. A igreja primitiva discerniu que a autoria canônica era restrita. Existem
diversas indicações bíblicas com respeito ao término do Cânon (Efésios 2.20; 2Timóteo 1.13; 3.1; Tito
1.9-11; Hebreus 2.3, 4; 2Pedro 2.1-3; 1João 2.18-24; Judas 3, 4; Apocalipse 22.18-19).
b) História do Cânon: um processo
 Policarpo (110-150): exceto 2Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, 2Pedro,
3Jpão, Judas e Apocalipse;
 Irineu (130-202): todos os livros, com exceção de Filemom, Tiago, 2Pedro e
3João;
 O Cânon de Muratório (170): exceto Hebreus, Tiago, 1 e 2Pedro;
 Tertuliano (150-220): exceto Filemom, Tiago, 2Pedro, 2 e 3João;
 Cânon de Borocóccio (206): exceto Apocalipse;
 Cânon de Atanásio (367): Todos;
 Concílio de Hipona (393): Todos;
 Concílios de Cartago (397-419): Todos.
Categoria de livros
Categorias históricas: Eusébio, bispo de Cesaréia (280-340 d.C.).
a. Homologoumena – os livros aceitos por todos (A.T. – 34 dos 39; N.T.- 22 dos
27).
b. Antilegomena - os livros discutidos por alguns:
 Antigo Testamento – Cantares, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios.
 Novo Testamento – Tiago, 2Pedro, 2 e 3João e Judas.
c. Pseudepigrafes 11 - Livros rejeitados por todos.

10 O Sínodo de Jamnia era uma escola de rabinos que decidia a canonicidade.

11 Pseudepígrafes – Ver anexo 2.

15
 Antigo Testamento – Enoque, Assunção de Moisés, etc (18 livros).
 Novo Testamento – Atos de Paulo, O Pastor de Hermas, A Epístola de Barnabé,
O Didaquê.
d. Apócrifos – “Difícil de entender, escondido”. Chamado pelos católicos de
Deuterocanônicos (segundo cânon), em contraste com o nosso A.T. que é por eles aceito e chamado de
Protocanônico (primeiro cânon).
 No Oxford Annotated Apocrypha, há 15 livros, mas somente 12 destes foram
aceitos no Concílio de Trento (1546)12. São eles:
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Epístola de Jeremias, 1 e 2
Macabeus, e os acréscimos à Ester (em grego)13, Cântico de Azarias, Cântico dos três jovens, e as
histórias de “Suzana” e “Bel e o Dragão”.
Por que rejeitamos estes livros?
 Alguns têm idéias contra o ensino bíblico. Ex: Tobias fala sobre salvação pelas
obras: “Dá esmola dos teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois assim fazendo, Deus tampouco
se desviará de ti” (Tobias 4.7); “...porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a
misericórdia e a vida eterna;” (Tobias 12.9).
 Alguns têm histórias fantasiosas e irreais. Ex: Bel e o Dragão.
 Outros têm ensinos com erros ou até imorais. Ex: Judite 9.10-13.
 Os apócrifos foram rejeitados pelos judeus e por muitos líderes da igreja
primitiva: Filo, Josefo, Jâmnia, Jesus Cristo, os apóstolos, os pais da igreja incluindo Atanásio e Jerônimo
(tradutor da Vulgata14).

12 Concílio de Trento – Ver anexo 2.

13 O Antigo Testamento é escrito em hebraico, com pequenas porções de aramaico.

14 Vulgata – Ver anexo 2.

16
5. COMO SE DEVE INTERPRETAR OS TEXTOS BÍBLICOS?
1. Histórico gramaticalmente (no sentido normal);
2. de acordo com todo o contexto imediato;
3. em harmonia com toda a Bíblia:
 A Escritura interpreta-se a si mesma;
 Uma só declaração não pode derrubar
uma doutrina clara em muitas passagens;
 Textos obscuros devem ser interpretados
à luz dos textos mais claros;
 Trechos doutrinários têm mais peso do que
textos acessórios e históricos;
 Devemos aceitar até mesmo duas doutrinas (ensinos) claras que pareçam
contraditórias, crendo que a solução reside em Deus;

17
ANEXO 1 QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE DIFICULDADES BÍBLICAS
1. Por que a inscrição na cruz é apresentada de forma diferente nos evangelhos (Mateus 27.37;
Marcos 15.26; Lucas 23.38; João 19.19)?
A inscrição foi feita em três línguas diferentes, a saber, o hebraico, latim e grego. As diferenças
podem ter se originado por causa das diferentes traduções
3. Quantos cegos Jesus curou naquela ocasião? Mateus 20.30 (2); Marcos 10.46 (1); Lucas 18.35 (1).
É provável que, pelo fato de um deles tomar a palavra e se destacar, Marcos e Lucas não
mencionam o outro, ou pelo fato de Marcos e Lucas conhecerem Batimeu.
4. Jesus foi levado perante Anás (João 18.13) ou Caifás (Mateus 26.57)?
Anás fora deposto do sumo sacerdócio pelos romanos em 15 d.C., mas provavelmente era ainda
considerado por muitos o verdadeiro sumo sacerdote. Segundo a lei judaica, ninguém podia ser
condenado no mesmo dia em que fosse julgado diante do tribunal. Foram feitos dois interrogatórios- o
mencionado por João feito por Anás e o mencionado por Mateus, feito por Caifás. Podem ter sido
realizados a fim de dar alguma forma de legitimidade aos procedimentos, além de ganhar tempo, pois o
primeiro interrogatório aconteceu de madrugada, algo ilegal segundo a lei judaica da época. Nota-se, que
logo depois Jesus foi enviado a Caifás (João 18.24).

5. Jesus, Seus discípulos e a multidão estavam saindo de Jericó (Mateus 20.29) , chegando em Jericó
(Marcos 10.46) ou ao aproximarem-se de Jericó (Lucas 18.35)?
Jericó é uma cidade localizada a uns 8 Km a oeste do Jordão e uns 24 Km a nordeste de
Jerusalém. Nos tempos de Jesus, a Jericó do AT estava quase inteiramente abandonada, mas uma cidade
nova, ao sul da antiga, fora edificada por Herodes, o Grande. Portanto, Lucas referia-se à nova Jericó, ao
passo que Mateus e Marcos referiam-se à antiga.
7. As mulheres que foram ao sepulcro onde Jesus fora colocado, encontram um anjo (Mateus 28.5),
um jovem (Marcos 16.5) ou dois anjos (Lucas 24.4)?
Encontraram dois anjos, visto que outra passagem confirma este acontecimento (João 20.12).
Embora Mateus e Marcos relatem a existência de apenas uma personagem, isso não é estranho, porque
muitas vezes há referência apenas a quem falou, sem menção da outra personagem.

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ANEXO 2 – TIRE SUAS DÚVIDAS
Barthianismo – sistema teológico ensinado por Karl Barth (1886-1968). Enfatiza que Deus se revela
soberanamente através da Palavra, cujo ponto máximo é Cristo. Para Barth, a Bíblia é um instrumento
falível que aponta para Cristo. Para os barthianos, as partes da Bíblia que se referem a Cristo são mais
valorosas que outras passagens que não fazem referência explícita a Jesus.
Concílio de Trento (1546) – foi a resposta da Igreja Católica Romana aos ensinos de Martinho Lutero e
da Reforma Protestante que se espalhavam rapidamente. Os livros apócrifos contêm apoio para o ensino
católico de oração pelos mortos e de justificação pela fé com obras, não pela fé somente. Ao declarar que
os apócrifos são parte do cânon, os católicos romanos estariam alegando que a igreja tem autoridade para
designar uma obra literária como “Escritura”, enquanto os crentes têm sustentado que a igreja não pode
fazer isso, mas apenas reconhecer o que Deus já determinou que fosse escrito como palavra Dele próprio.
Exegese – (do grego ενεξμαι (“exegeomai”), explicar, interpretar, contar, narrar, descrever.
ΕΞΕΓΕΣΙΣ (“Exegesis”) – narrativa, descrição, explicação, interpretação). A exegese é a aplicação
interpretativa. Um exegeta é a pessoa que assim explica. A tarefa da exegese é explicar o significado de
um texto conforme o autor queria que fosse compreendido, por isso, envolve a análise das línguas
originais.
Fundamentalismo – Um movimento que surgiu nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial a
fim de reafirmar o cristianismo protestante ortodoxo e defendê-lo contra os desafios da teologia liberal, do
darwinismo e de outros pensamentos considerados danosos para cristianismo o norte-americano. Até o
tempo presente, o fundamentalismo já passou por várias fases, e o termo em alguns aspectos tem
conotação negativa pela postura radical e as vezes tradicionalista de alguns adeptos.
Hermenêutica – (do grego ερμενευο (“hermeneuo”), ερμενεια (“hermeneia”) – é o estudo de
princípios de interpretação bíblica e a aplicação destes princípios no estudo bíblico. Os termos acima
citados estão relacionados a Hermes – o deus mensageiro de pés alados da mitologia grega. Cabia a ele
transformar o que estava além do entendimento humano em algo que a inteligência humana pudesse
assimilar. Afirma-se que foi ele quem descobriu a linguagem verbal e a escrita, tendo sido o deus da
literatura e da eloqüência, dentre outras coisas. Ele era o mensageiro ou intérprete dos deuses e
principalmente do pai, Zeus. Assim, o verbo “hermeneuo” passou a significar o ato de levar alguém a
compreender algo em seu próprio idioma (logo, “explicar”) ou em outra língua (logo, “traduzir”).
Liberalismo – também conhecido como modernismo, ele é a grande mudança no pensamento teológico,
ocorrida no fim do século XIX. A característica principal é o desejo de adaptar as idéias religiosas a
cultura e formas de pensar modernas. Os liberais insistem em que o mundo se alterou desde os tempos em
que o cristianismo foi fundado, de modo que as terminologias da Bíblia e das crenças são
incompreensíveis às pessoas hoje. Um segundo elemento do liberalismo é sua rejeição da crença religiosa
baseada exclusivamente na autoridade. Todas as crenças devem passar pela prova da razão e da
experiência, e nossa mente deve permanecer aberta diante de novos fatos e verdades, independentemente
de sua origem. Visto que a Bíblia é obra de escritores limitados por seus tempos, ela não é sobrenatural
nem um registro infalível da revelação divina e, portanto, não possui autoridade absoluta.
Livre-arbítrio – Doutrina que afirma que o ser humano tem liberdade para agir conforme a sua própria
vontade; autodeterminação. O homem decide crer em Cristo e ser salvo.
Manuscritos de Constantino – Constantino aceitou o cristianismo e fez deste a religião da sua corte e do
seu império. Tinha por seu principal conselheiro religioso Eusébio (264-340 d.C.). Um dos primeiros atos
de Constantino, ao ascender ao trono, foi mandar preparar, sob a direção de Eusébio e a cargo de hábeis
copistas, cinqüenta Bíblias para as igrejas de Constantinopla, no mais delicado velo, para serem trazidas
em carruagens reais de Cesaréia àquela cidade. Escreveu ele em sua ordem a Eusébio:
“Tenho pensado na conveniência de instruir vossa prudência no sentido de serem
encomendadas cinqüenta cópias das Sagradas Escrituras, a provisão e o uso das quais, como sabe, são
muitíssimo necessários à instrução da igreja. Deverão ser feitas em pergaminho especial, de modo legível
e de uma forma cômoda e portátil, por copistas bem práticos em sua arte...”.
Predestinação – doutrina que afirma haver um planejamento pré-temporal de Deus do destino de Seus

19
filhos, os eleitos, ou seja, Deus escolheu antes da fundação do mundo os que são salvos.
Pseudepígrafes – do grego ψευδξς (“pseudo”) que significa falso e γοαφη (“grafe”) que significa
escrito, Escritura. Eram autores anônimos que colocavam nomes de pessoas famosas na época, buscando
credibilidade para suas obras literárias.
Racionalismo – afirma que a razão humana por si só é suficiente para resolver todos os problemas que
dizem respeito à natureza e ao destino do homem. Foi impulsionado na área religiosa por homens como
Immanuel Kant. Kant afirmava que é impossível à mente humana absorver verdades espirituais. Sua
conclusão é que a Bíblia não era revelação divina, mas um livro de ética idealizado pelo próprio homem.
Vulgata – do latim “vulgare”, que significa “fazer conhecido”, “publicar”. O nome da versão latina da
Bíblia preparada por Jerônimo a pedido do Papa Damasco (382 d.C.). No Concílio de Trento recebeu
autoridade canônica na Igreja Católica Romana.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ERICKSON, Millard J.. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
FERREIRA, João Marcos Cruz. Apostila de Bibliologia. Primeira Igreja Batista de Amparo, 2005.
GRUDEM, Wayne A.. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HALLEY, Henry H.. Manual Bíblico – Um Comentário Abreviado da Bíblia, 2ª ed.. São Paulo: Vida
Nova, 1971.
HORREL, J. Scott. Apostila de Teologia Sistemática, 3ª ed.. São Paulo: 1989. (material não-publicado)
JUSTINO, Rodrigo dos Santos. Apostila de Hermenêutica. Atibaia-SP. Seminário Bíblico Palavra da
Vida, 2003.
RYRIE, Charles Caldwel. Teologia Básica – Ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
SILVA, Marcelo. Apostila de Teologia Sistemática 1. Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida,
2003.

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