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10 de dezembro de 2018
Guanambi-BA
JÉSSICA FLÁVIA DA SILVA COTRIM
08 de dezembro de 2018
Guanambi-BA
O filme “O Ponto de Mutação” remete a assuntos trabalhados e discutidos em sala
aula, tais que englobam a ciência em si, em que através das discussões principalmente
acerca da visão mecanicista, propicia uma ponte de conhecimentos, além de reflexões ao
propor novas formas de lidar com os problemas sociais, como os questionamentos a crise
de percepção.
Este, é uma espécie de documentário em que retrata um diálogo entre três pessoas,
sendo um político, um poeta e uma cientista (física) com características, estilos de vidas
e pensamentos bem distintos, entretanto abrem-se a novas ideias, discutindo filosofia,
Descartes, química, políticas em questão com a natureza e o ser humano.
O político se encontra frustrado com a política dos Estados Unidos, já que não se
tem um discurso próprio e ter que falar o que as pessoas querem ouvir, em achar o que as
convém. Em meio a sua situação, o seu amigo poeta, escritor e redator de seus discursos
convida para passear na França.
Ao estarem na França, fazem uma visita a um castelo medieval, onde conhecem a
física em uma sala que apreciavam um imenso relógio no qual funcionava desde os
tempos modernos. O político questiona que a máquina foi a primeira ruptura do homem
a natureza, o que o mesmo perguntou se a física concordava, sendo o ponto de partida de
toda a discussão.
A Física inicia o diálogo questionando o pensamento cartesiano dos políticos,
devido suas ideias, argumenta-se que a maioria de direita ou esquerda parecem antiquadas
e máquinas como o relógio. Ao introduzir Descartes a conversa, o primeiro arquiteto da
visão do mundo como relógio, a cientista aborda sua visão mecanicista que domina os
políticos, como se a natureza funcionasse feito um relógio, em que a desmonta, reduz a
um monte de peças simples, passa a analisá-las e entender o todo. Quando Descartes
introduziu isso provocou uma ruptura revolucionária com a igreja, sendo o mundo
considerado uma máquina, ele ficou fascinado com o relógio e fez dele a sua principal
metáfora, onde via o corpo como nada que uma máquina. O poeta e o político citam duas
de suas frases conhecidas: “ser ou não ser”, “Eu penso, logo existo”.
Segundo ANDERY et al, esta última, é em que Descartes chega a conclusão, já
que é ser pensante, existe. Acreditava que podiam chegar em verdades, através da
recuperação da razão, com seus recursos metodológicos, em que a dúvida chega a tudo
que o cerca, ou seja, ao duvidar de tudo, se mostra um ser pensante. “Assim, a primeira
verdade indubitável [...] da qual deriva outras, é a da existência do pensamento humano.
Daí decorre um segundo princípio, o da existência de Deus, obtido a partir da análise de
que o homem, ser imperfeito, consegue ter ideia da perfeição”. (ANDERY et al. 2012, p.
202)
A física aborda um pensamento de Descartes em que compara um homem
saudável como uma máquina bem-feita e o homem doente com uma máquina mal-feita.
Deixando claro não o criticar, sendo uma dadiva divina do século XVII, porem remete
que os tempos mudaram, e é preciso uma nova visão principalmente aos políticos.
Para descartes, havia quatro preceitos metodológicos:
O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa
como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente
como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e
a prevenção, e de nada incluir em meus juízes que não se
apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito,
que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-la em dúvida. O
segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu
examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas
necessárias fossem para melhor resolvê-las. O terceiro, o
de conduzir por ordem meus pensamentos, começando
pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, subir,
pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos
mais compostos, supondo mesmo uma ordem entre os que
não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último,
o de fazer em toda parte enumerações tão completas e
revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.
(ANDERY et al. 2012, p. 202)
Ao decorrer do filme, a física tenta converter o político de possuir uma nova visão
de mundo ao deixar de ver as coisas na velha ótica patriarcal, cartesiana e newtoniana. Já
o poeta condiz com a maior parte de suas ideias. A mesma tenta convence-los de uma
visão holística, já que atualmente essa percepção se torna insuficiente, assim conclui que
não pode ver estes desafios separados, pois estão interligados.
Ao entrarem na questão ambiental, é questionado a falta de discursões acerca de
responsabilidade, ética, valores morais, que ao tomar decisões o homem não pena em
gerações futuras. E a busca obsessiva do crescimento tem implicado negativamente
Portanto, o filme cujo o autor Fritjof Capra, propõe uma transversalidade dos
temas, desde questões políticas, saúde, e meio ambiente. Sendo relevante o debate das
mesmas, já que estamos vivendo em uma crise de percepção. Este, o “Ponto de mutação”,
significa mudança, onde a transição do modelo mecanicista para holístico. Visto isso, faz
necessário uma nova visão de mundo, em que antes de fracionar algo, tentar entender sua
conexão.
REFERÊNCIAS:
ANDERY, Maria Amália. et al. Para Compreender a Ciência: uma perspectiva
histórica. 16 ed. Rio de Janeiro: Garamond; São Paulo: EDUC, 2012.
SANTOS, Boavetura de Souza. Um discurso sobre ciências. 6. Ed. São Paulo: Cortez,
2009.