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Transmissão de impulsos em

banda-base

Códigos de linha

Sequências pseudo-aleatórias

Baralhadores
Códigos de linha

A transformação de uma sequência binária na sua representação


eléctrica é feita através da codificação de linha.

Como representar a sequência de bits 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 0 0 0 1, em


que cada bit tem a duração de T segundos?

Uma possibilidade é atribuir aos bits “1” um impulso rectangular de


polaridade positiva e duração T e atribuir aos bits “0” um impulso nulo (isto
é, a ausência de impulso):

V
1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 0 0 0 1

0
1 2 4 6 8 10 12 Tempo (t/T)

Diz-se que estes impulsos são impulsos unipolares NRZ.

Também poderíamos ter representado a sequência de bits da forma


seguinte através de impulsos polares NRZ:

V
1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 0 0 0 1

1
0
-1
1 2 4 6 8 10 12 Tempo (t/T)

Existem muitos outros códigos de linha. A sua escolha depende das


características que pretendermos.

Códigos de linha 2
Códigos de linha
Requisitos

Consoante a aplicação, algumas das seguintes características são


desejáveis na codificação de linha:

• Componente contínua nula

Esta característica é conveniente se houver transformadores no sistema,


pois estes bloqueiam a componente contínua dos sinais à entrada.

• Suficiente informação de temporização para a recuperação de relógio no


receptor.

• Espectro de frequência com pequena largura de banda situada a baixas


frequências.

Para minimizar a influência de “crosstalk”, ruído térmico, ruído impulsivo,


interferências rádio e atenuação em cabos.

• “Transparência” (isto é, adequação) para todos os tipos de mensagens

• Descodificação unívoca (sem ambiguidades)

• Elevada imunidade a perturbações aditivas

Esta característica favorece um sinal de linha binário porque combina


boa qualidade de detecção no receptor com facilidade de geração no
emissor.

• Capacidade de correcção de erros

• Facilidade de igualização das características do canal, se necessário

• Relação linear entre os sinais codificados e descodificados, se se usar


filtragem transversal adaptativa

Códigos de linha 3
Códigos de linha
Exemplos

1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1
1
Unipolar NRZ
0
T
1
Polar NRZ 0
-1

1
Bipolar NRZ
0
(AMI)
-1

1
CMI 0
-1

1
HDB3 v
0
v
-1

1
Manchester 0
-1

3
1
2B1Q
-1 2T
-3

+
4B3T 0
4T
-

Códigos de linha 4
Códigos de linha
Variantes do código AMI: HDB3 e CMI

Na codificação AMI uma sequência de entrada com muitos bits “0”


consecutivos origina uma longa saída sem impulsos. Não havendo impulsos
não há transições, ou cruzamentos por zero, facto que não é desejável do
ponto de vista da recuperação de relógio. Duas variantes que garantem que
não existem intervalos longos sem transições são os códigos HDB3 e CMI.

• CMI (Coded Mark Inversion)

• O bit “1” é representado exactamente como em AMI: um impulso de


duração T segundos de polaridade alternada.

• O bit “0” é representado pelo impulso

0 T t

-1

1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1

1
CMI 0
-1

• HDB3 (High Density Bipolar with 3 “0” maximum)

• Na ausência de sequências de mais de três zeros consecutivos este


código é idêntico ao código AMI.

• Caso surjam quatro ou mais zeros consecutivos introduzem-se impulsos


extra – os impulsos V e os impulsos B.

Códigos de linha 5
Códigos de linha
O código HDB3

• Na ausência de sequências de mais de três zeros consecutivos este código


é idêntico ao código AMI.

• Numa sequência de quatro ou mais zeros o quarto zero é representado


por um impulso com polaridade tal que viole a regra de codificação AMI,
isto é, tem a mesma polaridade que o “1” anterior. A este impulso
chama-se impulso “V” (Violação).

• Estes impulsos extra não garantem um número semelhante de impulsos


positivos e negativos.

• Temos de introduzir os chamados impulsos “B” (Balanceamento) em


concordância com as regras AMI:

• Se um impulso V tiver a mesma polaridade do impulso V precedente


introduz-se um impulso B no primeiro dos quatro bits “0”.

• Se os impulsos V tiverem polaridades contrárias não é preciso


anteceder o segundo de um impulso B.

• O codificador tem de armazenar cada bit de entrada até que três bits
subsequentes tenham chegado.

Códigos de linha 6
Códigos de linha

O código HDB3

Codificação apenas com impulsos de violação:

1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1
1

V V V
-1

Neste exemplo há um desequilíbrio no número de impulsos positivos e


negativos, daí a necessidade de se introduzirem os impulsos de
balanceamento:

1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1
1
B V
V B V
-1

No descodificador dois impulsos de igual polaridade são interpretados


assim:

• O segundo impulso corresponde sempre a um bit “0”;

• O primeiro impulso corresponde a um bit “1” ou a um bit “0” consoante


haja três ou dois zeros de permeio, respectivamente.

3T
2T

1 0 0 0 0 0 0 0 0

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Densidade espectral de potência de
uma onda binária polar aleatória

Qual é a densidade espectral de potência de uma sequência polar NRZ


aleatória de amplitude ±A?
x(t)
1 0 1 1 0 1 1 0
A
0
T 2T 3T 4T t
-A

Comecemos pela função de autocorrelação:

Rx(τ)
A2
 A (1 − | τ | T ) | τ |< T
2
Rx (τ ) = 
 0 | τ |≥ T
-T T τ

Pelo teorema de Wiener-Khintchine a sua transformada de Fourier é a


F
densidade espectral de potência: Rx (τ ) ↔ S x ( f ) .

Sx(f)
2
AT
Sinalização
Polar NRZ

S x ( f ) = A2T sinc 2 ( fT )

-2/T -1/T 0 1/T 2/T f

Códigos de linha 8
Densidade espectral de potência de
uma onda binária aleatória (cont.)

2
Mas S x ( f ) = A T sinc 2
( fT ) ==
[ AT sinc( fT ) ]
2
.
T

Ora dentro de […] está a transformada de Fourier do impulso


rectangular (de duração T e amplitude A) que deu origem à sequência polar:

g(t)
Nos tempos
A

- T/2 0 T /2 t

G(f)
Nas frequências G ( f ) = AT sinc( fT )
AT

-1/T 1/T
0 f

Além disso…

a densidade espectral de energia de um impulso é igual à amplitude


da sua transformada de Fourier ao quadrado.

Ou seja, Sx(f) é igual à densidade espectral de energia do impulso


rectangular a dividir pela sua duração.

Generalizando:

A densidade espectral de potência de uma onda binária aleatória na qual os


símbolos binários são representados por ±g(t) é igual à densidade espectral
de energia do impulso g(t) a dividir pela duração do símbolo, T.

Códigos de linha 9
Códigos de linha
Espectros de potência

• A duração de cada bit é T segundos.

• A amplitude dos impulsos, A, normaliza a potência média (valor unitário).

• A sequência binária é aleatória e os símbolos 0 e 1 são equiprováveis.

Espectro de potência de um impulso rectangular de duração T segundos:

-T/2 T/2 t

S ( f ) = T 2 sinc 2 fT

A 2T  1 
• Sinais unipolares NRZ: S ( f ) = sinc 2 ( fT ) 1 + δ ( f ) ( A2 = 2 )
4  T 

• Sinais polares NRZ: S ( f ) = A 2T sinc 2 ( fT ) ( A 2 = 1)


A 2T fT  1 n 
• Sinais unipolares RZ: S ( f ) =
16
sinc 2 ( ) 1 +
2  T
∑ δ ( f − ) ( A 2 = 4 )
T 
n = −∞

• Sinais bipolares (AMI) NRZ: S ( f ) = A 2T sinc 2 ( fT ) sen 2 (πfT) ( A 2 = 1)

A 2T  fT 
• Sinais bipolares (AMI) RZ: S ( f ) = sinc 2   sen 2 (πfT) ( A2 = 4 )
4  2 

 fT   πfT 
• Sinais bifásicos (Manchester): S ( f ) = A 2Tsinc 2   sen 2   ( A 2 = 1)
 2   2 

Códigos de linha 10
Códigos de linha
Espectros de potência
S(f)
T

1: Unipolar NRZ
T/2 3
2: Polar NRZ
3: AMI NRZ
4: Manchester
4

0 f
0 1/T 2/T 3/T

• Largura de banda da codificação AMI NRZ: 1 T Hz.

• A sinalização bifásica ocupa uma maior largura de banda (quase 2/T Hz).

S(f)
T
3

1: Unipolar NRZ
2: Unipolar RZ
T/2 1 3: Polar NRZ
4 5
4: AMI NRZ
5: AMI RZ

0 f
0 1/T 2/T 3/T

• Notar os impulsos de Dirac na sinalização unipolar.

Códigos de linha 11
Códigos de linha 4B3T e 2B1Q

Estes dois códigos são exemplos de códigos de linha de blocos.

4B3T
• Neste código converte-se um bloco de 4 dígitos binários num bloco de 3
dígitos ternários.

Dos 3 3 = 27 blocos ternários de saída possíveis só são usados 16,


correspondentes aos 2 4 = 16 blocos binários de entrada possíveis.

• A diferença entre o número de níveis positivos (“+”) e negativos (“-“) vai


sendo armazenada à medida que decorre a codificação. A esta diferença
chama-se disparidade acumulada.

• A escolha dos blocos ternários faz-se de acordo com a história passada do


sinal e obedece a um diagrama de transição de estados ou a uma tabela.

• A taxa de transmissão (número de símbolos/s) é 75% do débito binário


original.

• Não existe uma tabela única de codificação. Aqui vão ser apresentadas
duas (Tabela A e Tabela B).

2B1Q

• Um bloco de dois bits é convertido num único dígito quaternário.

• Ao contrário do código 4B3T, neste código todos os símbolos


quaternários de saída podem ser usados.

• A taxa de transmissão é reduzida para metade do débito binário original.

Códigos de linha 12
Código de linha 4B3T
Tabela de codificação de Jessop-Waters (Tabela A)

Palavra binária Palavra ternária Disparidade

Modo positivo Modo negativo


0000 0-+ 0-+ 0
0001 -+0 -+0 0
0010 -0+ -0+ 0
1000 0+- 0+- 0
1001 +-0 +-0 0
1010 +0- +0- 0
0011 +-+ -+- 1
1011 +00 -00 1
0101 0+0 0–0 1
0110 00+ 00- 1
0111 -++ +-- 1
1110 ++- --+ 1
1100 +0+ -0- 2
1101 ++0 --0 2
0100 0++ 0-- 2
1111 +++ --- 3

Diagrama de transição de estados

+1 -1 +2 Disparidade
acumulada
-3 -1
-3 -2
3 -1
-2 +3
-3 -2 2 2 +3
1 -3
2 3 3
1 3
Disparidade da
-2 -1
1 palavra ternária

Códigos de linha 13
Código de linha 4B3T
Tabela de codificação alternativa (Tabela B)

Sinal de Sinal de saída ternário

entrada Disparidade acumulada

binário -2, -1 ou 0 1, 2 ou 3

0000 +0- +0-

0001 -+0 -+0

0010 0-+ 0-+

0011 +-0 +-0

0100 0+- 0+-

0101 -0+ -0+

0110 00+ 00-

0111 0+0 0-0

1000 +00 -00

1001 ++- --+

1010 +-+ -+-

1011 -++ +--

1100 0++ 0--

1101 +0+ -0-

1110 ++0 --0

1111 +++ ---

Códigos de linha 14
Código de linha 2B1Q
Definição ANSI T1.601 para a RDIS

De acordo com a norma ANSI T1.601 a codificação 2B1Q é definida


pela seguinte tabela:

Primeiro bit Segundo bit Símbolo Tensão


(polaridade) (grandeza) quaternário (volts)

1 0 +3 2,5

1 1 +1 0,833

0 1 -1 -0,833

0 0 -3 -2,5

• Se o primeiro bit for 1 o impulso é positivo, se for 0 é negativo.

• Se o segundo bit for 1 o impulso vale ±0,833 V, se for 0 vale ±2,5 V.

Exemplo:

Bits 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1
Símbolos +3 +1 -3 -3 +3 -3 -1 +1

2,5

0,833

2T t
-0,833

-2,5

Códigos de linha 15
Código de linha 3B4B

Uma tabela de codificação 3B4B:

Saída
Entrada Negativa 0 Positiva Disparidade
001 --++ 0

balanceadas
010 -+-+ 0

Palavras
100 +--+ 0
011 -++- 0
101 +-+- 0
110 ++-- 0
000 --+- ++-+ ±2
111 -+-- +-++ ±2

Uma tabela de descodificação 3B4B:

Palavra de código Descodificada


recebida em
---- * 001
---+ * 000
--+- 000
--++ 001
-+-- 111
-+-+ 010
-++- 011
-+++ * 011
+--- * 100
+--+ 100
+-+- 101
+-++ 111
++-- 110
++-+ 000
+++- 111
++++ 110

* palavra proibida

Códigos de linha 16
Código de linha 3B4B

Codificador (exemplo):

Palavra 0 0 0
binária de Disparidade acumulada:
entrada era +2 e vai passar a 0

+2

Codificador Somador

-2

Disparidade
Palavra de
código de – – + –
saída

Exemplo de codificação:

Pretende-se codificar a sequência binária 111011000000010100


supondo que a disparidade inicial é nula.

R.: Secciona-se a sequência de entrada em blocos de três bits e usa-se a


tabela seguinte:

Entrada Disparidade Palavra de código Disparidade


anterior acumulada
111 0 -+-- -2
011 -2 -++- -2
000 -2 ++-+ 0
000 0 --+- -2
010 -2 -+-+ -2
100 -2 +--+ -2

Sequência codificada: - + - - - + + - + + - + - - + - - + - + + - - +

Códigos de linha 17
Codificação diferencial

Por vezes o sinal digital fica invertido ao atravessar os diversos circuitos


do sistema de comunicações (ou seja, em vez de se receber s(t) recebe-se
-s(t)). Um codificador diferencial resolve o problema.

ak = bk ck dk ek âk
{0,1} Codificador Descodificador
⊕ de linha Canal de linha ⊕
bk-1 T T ek-1
Codificador Descodificador
bk = ak ⊕ bk-1 âk = ek ⊕ ek-1
diferencial diferencial

Suponhamos que o receptor recebe a sequência dk = -ck (em vez de


ck).

ak 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0

bk 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0

ck -1 -1 +1 -1 -1 -1 -1 +1 +1 -1 -1 -1

dk +1 +1 -1 +1 +1 +1 +1 -1 -1 +1 +1 +1

ek 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1

âk 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0

Um bit “1” à entrada do codificador diferencial gera à saída um bit


diferente do anterior e um bit “0” não o altera.

Como se comprova, a sequência original ak foi correctamente estimada


apesar da inversão de sinal ocorrida!

Códigos de linha 18
Códigos de linha: onde se usam?

• AMI

Primeiro a ser usado nos sistemas de pares simétricos de cobre.


Substituído por códigos AMI modificados.

• HDB3

Norma G.703 da ITU-T para sistemas PCM multiplexados a 2, 8 e 34


Mbits/s.

• CMI

Norma G.703 da ITU-T para PCM multiplexado a 140 Mbits/s.

• Código bifásico (Manchester)

Distribuição de sinais de relógio em circuitos VLSI.

Gravação magnética.

Redes locais Ethernet.

Sistema RDS (“Radio Data System”) em radiodifusão FM.

• 4B3T

Sistemas de alta capacidade (sistemas de longa distância em cabo


coaxial a 34 e 140 Mbits/s).

• 2B1Q

Acesso básico da RDIS (160 kbits/s)

• nBmB (5B6B, etc.)

Sistemas de alta capacidade com grande largura de banda (fibras


ópticas).

Códigos de linha 19

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