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1v,
de Construção Civil e Princípios de Ciências e Engenhana
. de M t · ·
Geraldo Cechella !saia (Organizador/Editor) a enrus
© 010 mRACON. Todos direitos reservados.
2
Capítulo 10
10.1 Introdução
Dentre os materiais encontrados no nosso dia-a-dia muitos são reconhecidos
comJ. sendo metais.' embora, em quase sua totalidade: eles sejam, de fato, ligas
metálicas. O conceito de metal está relacionado a certo número de propriedades
facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, brilho metálico, opacidade, boa
condutibilidade elétrica e térmica, ductilidade, etc.
Uma liga consiste da união íntima de dois ou mais elementos químicos, em que
pelo menos um é metal e todas as fases existentes têm propriedades metálicas.
Como exemplos, temos o latão (liga de cobre e zinco), o aço carbono (liga de
ferro e carbono), o bronze (liga de cobre e estanho), dentre muitos outros.
O grande uso do aço pode ser atribuído às notáveis propriedades dessa liga, à
abundância de matérias-primas necessárias à sua produção e ao seu preço
altamente competitivo. O aço pode ser produzido em uma enorme variedade de
propriedades, que podem ser muito bem controladas, de mod? a ~t~n~er_uma
enorme gama de usos. o produto final pode ser algo co~o um b1stun c1rurg1co, a
carroceria de um automóvel, um arranha-céu, um petroleiro, um reator nuclear ou
um fogão.
_Este capítulo trata, de modo resumido, de certos c~nceitos envolvidos com a
nucroestrutura de materiais metálicos, em especial os ferrosos, com? a
solidificação, 0 diagrama de fases, transformações de f~se~, ~ratamentos térrrncos
e alguns exemplos de ligas mais comuns em engenhana civil.
1O3 .1 Introdução
representa o ponto de fusão das diferentes soluções sólidas, ao passo que a linha
·quidus
l1 representa a curva dos pontos de solidificaça- t B B
d t d f - d 0 . 0 s pon os e 4
On·espon em aos pon os e usao e ._ componentes puros . A regiao ·- .... linh
e . . ; . enue as as
/iquidus e /?lzdus repr~senta u~a regiao b~fas1ca, na qual cristais sólidos de uma
solução sohd~ homo~enea .est~o em .equ!hbrio com O líquido, de composição
adequada. Aclll1:a ?~
linha lzquzdus existrra uma fase líquida, enquanto abaixo da
linha solidus ex1~trr~ somente .u1:1a fase sólida.
A Figura 2 (a) md1ca que ad1çoes de cobre ao níquel promovem um decréscimo
do ponto de fusão. Esse é um fenôm~no bastante comum. Por exemplo, podemos
abaixar o ponto de congelamento da agua pela adição de sal de cozinha. Por outro
lado, adições de níquel ao cobre promovem o aumento do ponto de fusão do
cobre.
O diagrama de fases apresentado na Figura 2 (b) toma possível predizer o
estado de qualquer liga no sistema a qualquer temperatura incluída no diagrama.
Isso é perfeitamente válido para a situação em que se dê tempo suficiente ao
sistema para permitir que ele atinja o equilibrio. No dia-a-dia, entretanto, é muito
rara a observação de um sistema que atinja (ou mesmo se aproxime) do equilíbrio
verdadeiro, especialmente a baixas temperaturas. Entretanto, o diagrama de fases
é uma valiosa ferramenta que serve como um guia na previsão do comportamento
de um sistema sob condições que se distanciem do equilibrio.
A Figura 2 (b) indica que o líquido L é uma solução homogênea composta por
cobre e níquel. A fase A corresponde a uma solução sólida que contém cobre e
níquel (e que possui estrutura cristalina CFC). ~b~o de apro~~damen te
1080oC, o cobre e o níquel são mutuament~ soluve1s no esta~? solido, p~a
qualquer composição. Esse sistema, em que existe comple~a solubilidade dos dois
componentes nos estados sólido e líquido, é chamado de isomorfo.
o 1400 ü 1400
o o
....~ 1300
~- 1300
.....
~ ~
! 1200 ~ 1200
E E
~ 1100B
Q)
i,.:. 1100
10001-,;~.;.__ _ _ _ __
o 20 40 60 80 1Q1
Tempo> Ni, % (peso)
(b)
(a)
fri nto de soluções sólidas cobre - níquel. (a) Curvas de
Figura 2 - Diagrama de equiltbrio para curvas de res ~e d ,,
resfriamento; (b) diagrama e iases.
1
1
u 1300 - +- -
o 1
1
L - ~~_.,.---ll~. ,,,J!'
, a
- t
cl
f •
c 1
0 eª
•
~R~s--.J
1100
20
.._----~
30
·--Z.--·
40
-
~1.J
50
Ni, % (peso)
Figura 3 - Porção do diagrama de fase cobre - níquel.
MicroeSlrutura dos Materiais Metálicos 287
Assim,· o resfriamento
1
feito
)1 em
,, , condições de equiliíbno ,
· e·isto e, .
um resfriamento
feito muito entamente
fr' evara
d . as estruturas
,, . representad .
as esquematicamente na
1'
igura 4. 0 res 1amento a hga hqu1da leva ao ati'ngrr· li 'd
F - dO · · "lid . ' a curva qm us, a
formaçao pnmerro. so 0 , CUJa composição está definida pela isoterma
correspondent~ C~ 6 %Ni - 54%Cu): A composição do líquido é de 35%Ni -
65%Cu, que e diferente da , do sohdo (46%Ni _ 54%Cu). A continuidade do
resfriamen~o acaba le~ando as composições distintas de cada fase, assim como
suas quantidades relativas.
1300 ü 1300
0 0
o
~
...
(IJ
....:::, ::,
~ ~
~ 1200 ~ 1200
E E
~
(1)
1-
1033 O sistema/erro-carbono
Temperatura, ºC
1600
t-----.1538°t
1500
1400
Ferro-ó
(CCC)
r r
1300
800 1 1
700
600
Ferro-a
(CCC - magnéti~
Tempo
Il
Figura 5 - Representação esquemática das tra ~ -
nomenclatura usualmente emp e d ns ormaçoes alotrópicas do ferro, mostrando se, à direita. a
r ga a para os vários pontos em que ocorrem as transformaçocs. -
Temperatura, °C
15oot.A------,------------,,.,.-_:l
1 0
t /
Liga líquida /
/ +-
f /
/
1300 + /
austenita solidus
1200
Liga líquida
1100 + Fe3C
Austenita F
Ledeburita +
Ledeburita + Fe3C
austenita + Fe3C
~
Fe-a
,P 1 K
1 1
1 1
600 1 1
1 1 1
1 1
: Perlita : 1 1
Perlita + Fe3C, perlita e
500 1 + 1 '1 1
Ledeburita + Fe3 C
1 Fe-a 1
Fe3C 1 ledeburita 1
1 Ql 1 1
400 'O 1 1
1
1
:e; 1 1
1 ]? 1 1
::, 1 1
300 l
1
UJ 1 -,.
- 1
1 1' 1 1
200 1
1
1
--- 1
~---
100 1
1
1
···········AÇOS······· ····
-, 1
1 1
····•·· Ferros fundidos······-~
o 1
o
0,022
i
0,76
1 2 3 4 5 6 6,67
2,14 Carbono, %(p
Figura 6 - O diagrama de fases para o sistema ferro-carbono. O diagrama de fases acima representado é o resultado do
trabalho combinado de muitos pesquisadores ao longo dos anos.
ITT"afita.
0
Por fi?1,
não ~e trata, a rigor, de um diagrama de equilibrio estável. Se assim
fosse, nao devena ocorrer qu~quer mudança de fase com o tempo. Verificou-se.
en~etanto, que, mesmo em liga~ fef1:o-carbono relativamente puras (isto é, com
baixos teores de elementos residuais), mantidas durante anos a temperaturas
elevadas (entre 65~ºC e 7.00ºC), o F~C pode se decompor em ferro e carbono
(como grafite)· Assrm, o diagrama representado na Firura 6 deve ser considerado
como sendo de um equilfürio metaestável4. º
O carbono é uma impureza intersticial no ferro e forma uma solução sólida
tanto na ferrita como na ferrita-õ e na austenita. A solubilidade máxima do
carbono na ferrita é de 0,022% C a 727ºC (a solubilidade do carbono na ferrita-8
é praticamente a mesma que a da ferrita, exceto pela faixa de temperaturas em que
cada uma existe). A pequena solubilidade pode ser explicada pela forma e pelo
tamanho das posições intersticiais nas estruturas CCC, que tomam difícil
acomodarem-se os átomos de carbono. Embora a concentração seja be!Il baixa. o
carbono tem grande influência nas propriedades mecânicas da ferrita. E uma fase
macia, que pode ser tomada magnética a temperaturas abaixo de 768ºC (a
temperatura Curie) e possui uma densidade de 7,88 g/cm2 •
A austenita, quando ligada somente com o carbono, não é estável em
temperaturas inferiores a 727ºC. A solubilidade máxima do carbono na austenita.
aproximadamente de 2,14% C, ocorre a 1147ºC. Essa solubilidade é cerca de 100
vezes maior do que o valor máximo para a ferrita com estrutura CCC. uma vez
que as posições intersticiais na estrutura cristalina CFC são maiores. e. portanto.
as deformações impostas sobre os átomo~ de ferro que se encontram em Yolta do
átomo de carbono são muito menores. A medida que a temperatura decresce a
partir de 1147ºC, a quantidade de carbono solúvel na austenita toma-se cad~ \'eZ
menor, até que, a 727ºC, ela é de somente 0,77% C. Pode ser observado. na Figura
6, o domínio em que coexistem a austeni~ e. a cementi~ ..
A cementita (Fe3C) se forma quando o lirmte de solubilidade p~-o car~ono na
ferrita é excedido a temperaturas abaixo de 727ºC, para compos1çoes e'üstentes
dentro da região de fases "a + F~C". A cementita coexist~ ~bé~ com a
austenita entre as temperaturas de 727ºC e 1l 47ºC. A cemen~ta e mmto dura e
frágil; a resistência de alguns aços é aumentada substancialmente pela sua
presença. . , .
A cementi·ta e, um · taesta'vel Se mantida a temperatura ambiente.
matena1 me · ·d
ela permanecerá indefinidamente como um composto: ,entretanto. se aqueci ,ª
entre 6SOº , · anos ela mudara ou se transformara.
C e 700ºC por vanos • · 1 f · d ,
gradua1 mente em fernta . b (como grafite). Esse matena . res na o ate
e car ono A · · ,
a tem ' . _ ará à cementita novamente. ssim. como Jª
v· peratura ambiente, nao retoro d. ama de fases representado na
1st0 anteriormente fica evidente que O iagr
'
4Meta és d pequenas perturbações.
estável: capaz de perder a estabilidade atrav e
292 F. Domingos Pannoni
1600------------------,
1538
1493
1400
1394
ô
o
1200
1147
,._,,
~
~ 1000
L.
Q)
e. 912
E
~ 800
727
0,76 1 .
2214 3 4 4,30 5 6 6,67
Composição (o/op C)
Figura 7 - Representação esquemática das microestruturas para uma liga ferro-carbono com composição
hipoeutetóide (contendo menos do que 0.76% de carbono) durante o resfriamento desde a região da austenita até a
temperatura ambiente.
. .
Ferrita-n (ampliação de 90x);. ·
·F, " .' .)..;-,, ..J'- r ' . _,.
y = 1-exp(-ktn)
(Equação 3)
r= 1/1
/ o,s (Equação 4)
A temperatura é · , 1· d
. uma vanave unportante no processo de tratamento térmico os
metais e de modo al · f1 · ~
p .
d f
d: : ~~fo g~r ' m uencia profundamente a cinética de transforrnaçao
ara ª :nruona das r~ações, em faixas específicas de temperatura, a taxa
rmaçao se correlaciona com a temperatura por:
Microestrutura dos Materiais Metálicos
297
(Equação 5)
100
o
100
1 10 100 1000
Tempo, s
900
Austenita 800
_____
-?? _ _f>:__ A~st~nita
F1 A+F A --
700 100 P.
1
600
oo
ai A+F+C
B soo 500
~ 1
Q) 1
e. • 1
E .:oo B • '
{!!. ,___;\L... : Bainita
Mr
100 100 100
Martensita Mr
------------------------
o o o
12 -1 8 15 12 -1 8 15 12 4 8 15 1 2 4 8 15 1 2 4 8 15 1 2 4 8 IS 1 2 4 8 15 1 2 4 8 IS 1 2 4 8 15
-Sc<Juodm--t.tn,,.c s-Hot:n+ -Scg.6'das--Monulas_..Hcr:is-+
Figura 10 - Diagrama TTT para: (a) um aço eutetóide, (b) um aço hipoeutetóide e (e) um aço
hipereutetóide.
o
900
1 2 4 8 15 1 2 4 8 15 1 2 4 8 15
+-Segundos ,. • Minutos~Horas -+
700
600
ü
o
~
:, 500
~ \ A
Q)
a. '' ''
E 400
Q) '' ' ',l'
1-
'' '\ .... ........ _
''
300
'' M,
-....
'
200
100
º""
Dmr
''
' M, \
F E D e B
Com um resfriamento ainda mais rápido (curva F), em água, verifica-se que a
curva de resfriamento não toca a curva de transformação, de modo que não há
transformação da austenita em produto lamelar, ma~ su:nplesmente passagem a
martensita, quando, no resfriamento, ~ão atl~g1da~ as te11:,peraturas
correspondentes a Mi e Mf. Logo, os aços esfnados mms rapidamente sao os mais
duros.
Pode-se notar que há uma velocidade de resfriam~~t~ à qual correspon9e uma
curva de resfriamento que tangencia a curva C de ~cio de tra~sformaçao para
resfriamento contínuo. A essa velocidade de resfriamento da-se o nome de
velocidade de têmpera. Ela indica que é desnecessário ,,r~sfriar-se o aço ~ais
rapidamente para que se produza uma estrutura martens1t1ca. Define-se, assim,
velocidade crítica de resfriamento (ou de têmpera) como a "menor velocidade de
resfriamento que produzirá estrutura inteiramente martensítica".
A velocidade de resfriamento e, em última análise, o tipo de tratamento térmico
serão, portanto, escolhidos de acordo com a estrutura e as propriedades que se
desejam.
Assim, quando se visa obter a máxima dureza, deve-se procurar produzir a
estrutura martensítica, isto é, escolher um tratamento térmico com resfriamento
rápido. Quando se visa ao mínimo de dureza, é necessária estrutura perlítica, ou
seja, resfriamento lento.
Uma grande parcela dos aços utilizados na construção civil possui uma
estrutura composta de ferrita e perlita. Os aços longos e planos costumeiramente
utilizados sofrem adições de elementos de liga, cuja principal finalidade é a de
permitir sua produção na aciaria. Esses elementos adicionados também
promovem o aumento de resistência da liga. Por exemplo, o manganês é
adicionado para se combinar com o enxofre, e, ao mesmo tempo, é um agente de
aumento de resistência mecânica. O manganês e o silício são desoxidantes; o
alumínio é um desoxidante e um refinador de grão - também um agente de
aumento de resistência.
_As ligas ferrosas, como vistas anteriormente, são constituídas por
rrucroestruturas diversas, como a ferrita, cementita, martensita, etc. A cementita é
muito_ mais dura, porém muito mais frágil do que a ferrita. Assim, o aumento da
quantidade de cementita em um dado aço (mantidos os outros microconstituintes
constantes) resultará em um material de maior resistência mecânica. Como a
cem~~tita é frágil, o aumento deste constituinte promoverá uma diminuição da
ductilidade (e da tenacidade). A Figura 13 mostra a influência do teor de carbono
em algumas propriedades mecânicas importantes.
Os aços ferríticos-perlíticos comuns são, essencialmente, aços que dependem,
para~ obtenção de suas propriedades, da presença de carbono e manganês. O
conteudo ~e carbono pode ser variado de 0,05% a 1,0% (em peso), enquanto que
o manganes pode variar de 0,25% a 1,7%.
MicroeSfrutura dos Materiais Metálicos 305
% Fe 3C
o 3 6 9
1200
1 - r- 12
i.----Perlita + Ferrita_r_-.+l...'...P~er~lit~a_J
15
m
a.. 1100 + Fe C 120
3
~
m
'õ 1000
-"'
e
<Q) 100
'ci> 900
....
Q)
Q)
"O
800 +-- Limite de resistência 80 ?fl.
2 ai
.E "O
ro
Q)
700 :'Q
-o
eQ)
E
600
60 U
o
::::,
m
o 40
o 500
"'
Q)
Q)
"O
400
2 20
.E Alongamento___ .
:::i 300
1~
o 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
%C
Figura 13 - Influência do teor de carbono existente em aços estruturais comuns sobre o limite de escoamento,
limite de resistência e ductilidade.
(Adaptado de Metais Handbook: Heat Treating, Vol. 4, 9th edition, American Society for Metais, 1981 , p.9)
600 600
ro
ll.
(l) :E 500 500
"O -
(l) -~
- u
·- e: Perlita
E •(l)
::i 'ti
ºiii
~ 400
Tamanho de grão
C,%P Mn, %P
Figura 14 - Fatores que contribu em à resistência dos aços C-Mn (adapta do de IRVINE et ai., 1962, p. 821).
~
-
:::::,
rL.o
Q)
e.
E
Q)
1-
M. --- - -
' superfície
Mr - ------------- ----
\
Produto: perlita (ou perlita e ferrita ou perlita e cementita)
· de transfonnaçao
Figura 15 - Diagrama esquemát1co .
- para recozimento pleno.
Microestruti d
ira os Materiais Metálicos
309
1600 , - - - - - -
1400
ô
-
o
~
:J
1200
ro
L..
1000
Q)
a.
E
~
1
1
600
F+ p:
1
C+P
1
1
400
O 0,3 0,8 11,3 2
(Fe) Composição (%p C)
Figura 16 - Diagrama de fases ferro-carbono, indicando a faixa de temperaturas para recozimento pleno.
~
:::,
~
Q)
e.
E
Q)
1-
M, -------- -------- --
1600,-------
1400
...--..
üo 1200
...._.. A
ro
-'-
=,
~
Q)
e.
1000
E
Q) Recozimento
1-- subcrítico
F i---r-.....:::Y ~..-----A1
1
1
600 F + p: 1
C +P
1
1
400
0 0,3 0,8 11,3 2
(Fe ) Composição (%p C)
1600---------,
1400
o 1200
-
o
~
A
- 1000
:::J
~
Q)
e..
E
Q)
1- Normalização
F l---~~-- ----A1
1
1
600 1
F+ P 1 C+P
1
1
4QQu.__ ____:1_,Ji.- --~-__,
0 0,3 0 ,8 11,3 2
(Fe) Composição (%p C)
Figura 19 - Diagrama de fases ferro-carbono, indicando a faixa de temperaturas para normalização.
~
:::::,
......
~
Q)
e..
E
Q)
1-
M. ------
'
M,~---------- ----------
Curva de
resfriamento
~
::,
+-'
~
Q)
e.
E
Q)
1- Revenido até
dureza
desejada
Não
ferrosas
Ferros
Aços fundidos
Comum
Tralâvel Aço
terrnlcamente ferramenta
10.4.6.l Aços
sir:1~! ~~o ligas de ?atureza relativamente complexa. Sua definição não é
apefar de ~!to 9°~· ª. ngor, os aços comerciais não são ligas binárias. De fato,
pnncipru.s elementos de liga serem o ferro e o carbono eles contêm
sempre outros elementos secundários, presentes devido aos ~rocessos de
Microestrwura dos Materiais Metálicos
315
10.4.6.3 Aços com baixo teor de carbono, de alta resistência e baixa liga
Os aços de alta resistência e baixa liga (ARBL) constituem um importante
subgrupo dos aços com baixo teor de carbono. Esses aços também são
conhecidos como aços microligados. Eles contêm outros elementos de liga, como
cobre, níquel, cromo, nióbio, vanádio, etc., em concentrações que podem atingir
10% (de modo geral, essas adições não passam de 3%): Esses aços possuem
maior resistência mecânica do que os aços comuns com baixo te?r de carbono. A
rr_iai~ria destes aços pode ter sua resi~tê~ci~ a~en:ada me?iante tratamento
terrruco, podendo atingir limites de res1stencia a traçao supenores .ª. 480 MP_a.
Esses aços apresentam boa ductilidade, podem ser soldados com ta~ili?ade e s,ao
muito conformáveis. A família de aços conhecidos_co,:11~ aços patmave1s t~be°:
pertence ao grupo dos aços de baixa liga e alt~ n~s1s~e~cia. Qu~do sub~e~dos a
ambientes adequados, apresentam elevada res1s~enc1a a corr?s~o atmos!e:1ca.
O Quadro 1 apresenta as composições e propnedades mecarucas de ~ar1os aços
comumente utilizados. 0 aço ASTM A36 é um aço ~omum, com baixo teor de
car?ono, 0 aço ASTM A 572 Grau 50 é um aço de baixo teor d~ carbono, de ~ta
" . e baixa
res1stênci·a mecaruca . e O aço ASTM A588 Grau B e um aço de baixo
. 11ga,
Mn, Smax Si Cu Ni Cr V
ASTM
e max Pmu
(%) (%) (%) (%)
{%) (%) (%) (%) {%)
A36 0,26 -- 0,04 0,05 0,40max 0,20m,n (*}
0,01-
A572
0,23 1,35max 0,04 0,05 0,40max - - - 0,15
Gr.50
0,15- 0,40- 0,01-
A588 0,75-1,35 0,04 0,05 0,20-0,40 0,50""'"
0,20 0,50 0,70 0,10
Gr.B
Limite de Limite de Alongamento mínimo, (%)
ASTM Resistência íMPa) Lo = 200mm
escoamento (MPa)
A36 250m.n 400-550 20
A572 450m.n 18
345mn
Gr.50
A588 485mn 18
345m.n
Gr.B
27%, e muito pouco níquel. A maior parte das comp.,osi_ções incl~i 1:1olibdênio,
alumínio ou titânio. Eles são compostos , como o propno nome md1ca, da fase
ferrita-o. (CCC). . " . "
Aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos sã~ endurecidos e te11: sua_res1st~nc~a
aumentada mediante deformação plástica a fr10,_ ~a vez qu~ nao sao tr~a~e1s
termicamente. O Quadro 3 apresenta as compos1ço~s e prop~1ed~d:s mecfil;l:cas
de alguns aços inoxidáveis comuns. O aço AISI 409,,e um aço mo~~davel femtico,
os AISI 304 e 316L são austeníticos, e o AISI 410 e um martens1tico.
Quadro 3 - Composições químicas e propriedades mecânicas de alguns aços inoxidáveis.
AISI e max (%) Mnmu Cr Ni Ti Mo Simax Pmax Smax
(%) (%) (%) (%) (%) (%} (%)
(%)
409 o.ao 1,0 10,5-11,8 0,50max 0,75 - 1,0 0,045 0,030
304 0,08 2,0 18,0-20,0 8-10,5 - - 0,75 0,045 0,030
410 0,15 1,0 11,5-13,5 0,75mu: - - 1,0 0,040 0,030
AlSI Limite de escoamento (MPa) Limite de Alongam. mrnimo, (%)
Resistência (MPa} Lo=SOmm
409 205 380 20
---- -- -- 40
-
304 - 205 515
410 275 485 20
Os ferro~ fun_5lidos branc~s, cuja fratura mostra uma coloração clara (daí vem
sua denomma9~~), caractenzam-se por apresentar como elementos de liga 0
carbono e O silício. Mas sua estrutura, devido às condições de fabricação e ao
meno~ teor. de silício, apresenta o carbono quase inteiramente na forma
combmada (isto é, como cementita).
/ · adequadamente ajustada - teores de carbono e silício -
· - qu~ca
Acomposiçao
e ª velocidade de resfriamento rápida são os meios mais utilizados na produção
Microestrutura dos Materiais Metálicos 321
Referências Bibliográficas
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