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SÍNTESE DE PROJETO DE PESQUISA

GEOGRAFIA DO CRIME: UMA ANÁLISE ESTATÍSTICO-ESPACIAL DA


INCIDÊNCIA DE CRIMES E DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM
VIÇOSA/ MINAS GERAIS

Aléxia Penna Barbosa Diniz

Indicação de Orientador: Wagner Barbosa Batella

Viçosa (MG)

2019
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1. APRESENTAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA

A discussão acerca da violência doméstica nunca esteve tão presente em nossa


sociedade. Com o advento do novo século, e com mudanças significativas na estruturação das
famílias brasileiras, a mulher passou a ter mais espaço na tomada de decisões na família,
conquistou o direito de trabalhar fora de casa e perceber salário, depois de décadas de muita
luta com um progresso dilatado. No âmbito do direito de família, estabeleceu-se nos últimos
anos, a equiparação para os cônjuges de ambos os sexos, de forma que não mais estaria a esposa
submetida ao marido como era anteriormente, em que ela não detinha o poder de decisão no
que diz respeito a vida conjugal e doméstica.

Em se tratando de normas penais, foram impostas limitações a atuação do marido, de


forma que este não poderia mais atuar de forma indiscriminada dentro de casa. A violência
dentro de casa contra a mulher passou a ser discutida e foi tipificada em lei, ponto este que se
tornou um marco em se tratando da conquista dos direitos femininos. Há que recordar a
tendência, que prevaleceu por muito tempo, de desqualificar o estupro conjugal, que repousava
na obrigação do coito para os parceiros e era cometido essencialmente por homens, em face do
reconhecimento do direito ao exercício da sexualidade (DIAS, 2016, p. 276), o que impedia
uma mulher de buscar uma delegacia para denunciar o esposo por estupro, uma vez que não
poderia haver estupro se fosse o homem casado com a mulher. Uma mulher não poderia dizer
‘não’. Esta e demais violências eram presentes nos casamentos.

Com o advento da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) inaugurou-se um novo momento
de proteção à integridade da mulher dentro de seu ambiente doméstico, sendo previsto em suas
normas um aparato legal para dar assistência às vítimas destes tipos de crime e coibir a prática
dos crimes trazidos na lei.

Para dar cumprimento ao comando constitucional que impõe a criação de mecanismos


para coibir a violência no âmbito das relações familiares (CF 226 § 8.º), a Lei Maria da Penha
cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar, visando a assegurar a
integridade física, psíquica, sexual, moral e patrimonial da mulher (DIAS, 2016, p. 162),
trazendo formas efetivas para a atuação do ente público.

Dessa forma, houve durante muitos anos no ordenamento jurídico brasileiro uma lacuna
legal que permitisse a atuação do Poder Público em face deste tipo de problema, o que resultou
em milhares de casos de violência, como o caso de Maria da Penha Maia Fernandes que,
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irreversivelmente paraplégica, foi vítima não de um desconhecido, mas de seu próprio marido,
que lhe deixou as marcas físicas e psicológicas derivadas da violência, marcas que foram
agravadas por um segundo fator: a impunidade. Passaram-se dezenove anos da instauração do
processo penal, sem que houvesse qualquer decisão definitiva dos tribunais brasileiros.
‘Sobrevivi, posso contar’. É este o título da obra autobiográfica de Maria da Penha, vítima de
duas tentativas de homicídio cometidas por seu então companheiro, em seu próprio domicílio,
em Fortaleza, em 1983. (PIOVESAN, 2012, p. 80).

A partir deste e de tantos casos semelhantes, passou o Poder Público a atuar com
políticas especiais para o combate deste tipo de crime, por ser um crime praticado por aquele
que se encontra no mesmo ambiente íntimo da vítima e precisa de uma estrutura de denúncia e
apoio diversa, pois a vítima muitas vezes se sente temerosa em ter que denunciar alguém de seu
próprio ciclo de convivência.

Tendo em vista a relevância do assunto, há que se expandir a discussão sobre o mesmo


além do mundo jurídico. Apesar das normas jurídicas ditarem quais são os comportamentos a
serem esperados pelos indivíduos, é importante que se volte para a eficiência da norma e que
seus resultados possam ser aferidos no mundo fático, analisando assim a efetividade da medida
e pontos a serem aperfeiçoados. Como já destacou Milton Santos: “O mundo é um só. Ele é
visto através de um dado prisma, por uma dada disciplina, mas, para o conjunto de disciplinas,
os materiais construtivos são os mesmos. [...] Uma disciplina é uma parcela autônoma, mas não
independente, do saber geral (SANTOS, 2006, p. 11)”. Assim, uma área do conhecimento é
capaz de complementar a outra, aprofundando ainda mais o campo de estudo.

Pode-se assim perceber que a geografia humanística contribui para os estudos da


criminalidade, do crime e do medo permitindo melhor reflexão sobre o ser humano e suas
relações sociais, provendo contribuições imprescindíveis para as discussões e reflexões sobre a
atuação do ente Público (RIBEIRO, 2014, p. 22). Há ainda que se destacar a sub-disciplina
denominada ‘Geografia do Crime’, que explora a dimensão espacial da criminalidade
(BATELLA e DINIZ, 2010, p. 1), de forma a possibilitar o mapeamento de focos de
acontecimentos de crimes, perfis de vítimas e agressores. Havendo um maior conhecimento
sobre o objeto do crime, medidas mais concretas podem ser tomadas.

Estudos sobre criminalidade sob o foco das categorias da geografia é um exercício


relativamente recente. Por vezes, o direito se isolou para tentar entender o fenômeno da
criminalidade, considerando apenas sua própria ciência para realização de estudos. Analisar a
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partir das categorias da geografia é inovar os estudos em busca do conhecimento do crime, e as


causas e consequências de sua espacialização (RIBEIRO, 2014, p. 25).
Ou seja, observa-se que há grande potencial na análise de criminalidade sob o aspecto
da Geografia do Crime, sendo possível perceber aspectos que por vezes não são claros aos olhos
dos juristas. Ainda sob esta sub-disciplina:

A geografia permite entender de forma abrangente a criminalidade, vindo suprir lacunas


antes deixadas pela não percepção ou análise do espaço do crime. A partir desse tipo de
análise é possível apontar o espaço da criminalidade, determinando a espacialização do
crime e da forma este se apresenta no espaço geográfico socialmente construído. Sob
este novo prisma de identificar o espaço onde ocorre o crime, não se restringindo apenas
as características do crime em estudo, mas praticando um paralelismo entre a geografia
e o crime, visando analisar as especificidades do crime e o espaço onde ocorre o fato
criminoso. O crime passa a figurar no meio ambiente, permitindo que o olhar geográfico
do fenômeno criminoso produza conhecimento novo acerca desse fenômeno.
(RIBEIRO, 2014, p. 25)

Diante deste novo momento legislativo e o surgimento cada vez mais de trabalhos que
relacionam a Geografia do Crime com espaços geográficos determinados, este trabalho se
propõe a fazer uma análise estatística e espacial das denúncias de casos de violência doméstica
em Viçosa, para que se possa acompanhar dentro do espaço delimitado a incidência dos
mesmos. Infelizmente, apesar da Lei Maria da Penha ter trazido grandes avanços em relação
aos casos de abusos, ainda há muito trabalho de conscientização a ser feito e muitas famílias
que ainda não denunciam por medo ou por desconhecimento. Conhecendo estes pontos de
vulnerabilidade, uma maior proteção a mulher será alcançada.

2. JUSTIFICATIVA

Como já ficou evidenciado, os crimes de violência doméstica são relativamente recentes


no ordenamento jurídico e ainda hoje as autoridades competentes enfrentam problemas para
que denúncias sejam feitas e apuradas.

Ainda hoje a violência doméstica é a forma mais frequente de violência sofrida pelas
mulheres. São atos e comportamentos dirigidos contra a mulher que correspondem a agressões
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físicas ou sua ameaça, a maus tratos psicológicos e emocionais, a intimidação e a coação, a


abusos ou assédios sexuais, ao desrespeito dos seus direitos na esfera da vida reprodutiva ou da
cidadania social (DE MINISTROS, 2016, p. 24).

Pela relevância da questão, a Lei Maria da Penha preconiza que os estados devem
promover estudos e pesquisas estatísticas sobre o assunto, e, tendo em vista o fato de que o
tema é atual e como a Lei é recente, existem poucos estudos sobre a matéria, fato que reveste
esta empreitada de caráter estratégico (DOS SANTOS, 2011, p. 22).

Apesar das dificuldades, é importante ressaltar que Viçosa, um munícipio que possui o
número de habitantes estimado em 77.863 (setenta e sete mil oitocentos e sessenta e três)1 ocupa
a segunda posição no ranking de municípios com maior número de denúncias de violência
doméstica, à frente de munícipios que compõe o Estado de Minas Gerais que possuem mais que
o dobro de sua população, como por exemplo, Betim (terceiro colocado), com 422.354
habitantes, Uberlândia, (quarto colocado) com 669.672 habitantes e Juiz de Fora, (quinto
colocado) com 559.636 habitantes (SILVA, 2016, p. 67). Ou seja, percebe-se que em Viçosa é
realizado um trabalho modelo em relação a realização de denúncias, de modo que mais vítimas
deste tipo de violência procuram ajuda em comparação com municípios maiores de Minas
Gerais.

Grande parte deste êxito2 deve ser atribuído à Casa das Mulheres, projeto criado em
2009, pelo Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Viçosa, em parceria com a Defensoria
Pública do Estado de Minas Gerais, a Universidade Federal de Viçosa e a Prefeitura Municipal
de Viçosa. Ele foi pensado com o intuito de superar lacunas existentes para o enfrentamento à
violência contra a mulher na microrregião de Viçosa que, devido à sua dimensão populacional,
ainda carece de serviços especializados para o atendimento às mulheres em situação de
violência.

Além disso, com o mapeamento e averiguando dados estatísticos das informações e


descoberta dos maiores focos de denúncias (e da falta das mesmas) será possível observar se o
Poder Público tem atuado de forma contundente, possibilitando ainda um planejamento para
atuações futuras. Há ainda que se destacar que ainda não existem trabalhos neste espaço
geográfico que dão este recorte e faça uma análise interdisciplinar da questão.

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Dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan (2014)
2 É importante pontuar que uma das maiores dificuldades no combate a violência doméstica é o incentivo a
denúncia, uma vez que, por ser um crime que ocorre na intimidade familiar, há que se fazer um trabalho de apoio
à vítima, para que esta denuncie o abuso e siga adiante com o processo criminal, para que haja investigação e
punição. Somente com a denúncia o crime poderá ser reportado e o Estado poderá atuar.
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Frisa-se também que, a partir deste e demais trabalhos que vão sendo elaborados ao
longo do tempo sobre a temática da violência doméstica, nos aproximamos da plena
concretização dos direitos fundamentais que envolvem a questão. Podemos citar o direito à
vida, à igualdade, à efetividade, à uma saudável qualidade de vida e à integridade física, direitos
estes que são colocados em risco em casos de violência doméstica.

Assim,

no que toca aos direitos fundamentais, há de se recordar que toda mulher,


independentemente de classe social, orientação sexual, renda, cultura, escolaridade,
idade, religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Então, para
combater a desigualdade, patrocinar a isonomia e garantir a dignidade da pessoa
humana, legislações como a que se está a tratar aqui são necessárias e não poderiam ser
tidas como inconstitucionais. Ao contrário, devem ser tidas como medidas positivas
para a proteção daquelas que, há longa data, são vítimas da opressão de uma cultura
eminentemente machista (MADERS, 2014, p. 53).

Direitos fundamentais são direitos inerentes aos seres humanos pelo simples fato de
seres humanos serem. Dessa forma, é fundamental que busquemos resguardar esse direito e
concretizá-los.

3. PROBLEMA

A problemática desta pesquisa se encontra em identificar espaços em que se encontram


presentes a violência doméstica na área urbana no município de Viçosa entre os anos de 2017
e 2018, uma vez que a identificação espacial do crime demonstra claramente o espaço onde este
existe maior número de casos e de denúncia, visto que a geografia permite tal forma de estudo
e entendimento dos fenômenos sociais ocorridos na sociedade.

A violência doméstica, por ser um crime praticado dentro do ambiente íntimo da vítima
e do agressor, levanta pontos importantes a serem conhecidos, como a situação financeira de
vítima e agressor, cor, local de habitação, escolaridade, entre outros fatores, que determinarão
pontos de maior vulnerabilidade.

Cabe destacar que, nos termos da Lei, o autor do tipo penal deve ter um dos tipos de
relação com a vítima, entre eles: cônjuge, ex-cônjuge, pais/responsável legal, filho, irmão,
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parentesco, passional (namoro, caso, companheiro), relacionamento extraconjugal e coabitação,


hospitalidade e relação doméstica.

Destarte, tem-se como problema a percepção de grupos mais vulneráveis a essa prática
criminal e os locais em que os mesmos estão localizados, tais quais suas caracterizantes.

É interessante destacar que

para a conceitualização de espaço/espacialidade, é crucial o reconhecimento de sua


relação essencial com e de sua constituição através da coexistência da(s) diferença(s) -
a multiplicidade, sua habilidade em incorporar a coexistência de trajetórias
relativamente independentes. Trata-se de uma proposta para reconhecer o espaço como
a esfera do encontro, ou não, dessas trajetórias - onde elas coexistem, afetam uma a
outra, lutam. O espaço, então, é o produto das dificuldades e complexidades, dos
entrelaçamentos e dos não-entrelaçamentos de relações, desde o inimaginavelmente
cósmico até o intimamente pequeno. O espaço, para repetir mais uma vez, é o produto
de interrelações. (MASSEY, 2004, p. 17)

Ou seja, como estabelecido anteriormente, o espaço é um produto de interrelações, de


modo que, para se conhecer o espaço, é necessário conhecer seus diferentes elementos. Dessa
forma, conhecendo os espaços em que se fazem presentes as denúncias, poderá ser construído
um espaço novo, com a atuação direcionada.

4. OBJETIVOS

Tem-se como objetivo geral analisar estatística-espacialmente os casos de denúncias de


violência contra mulher no espaço de Viçosa nos anos de 2017 e 2018 utilizando as
potencialidades das ferramentas geotecnologias, nomeadamente o Sistema de Informação
Geográfica (SIG) para especializar o crime.

Como objetivos específicos, determina-se:

• recolher os dados de denúncias de crime de violência doméstica;


• levantar dados sobre os que envolvem estes crimes em Viçosa (renda, escolaridade,
cor e local de habitação, dentre outros);
• traçar quais são os crimes previstos na Lei Maria da Penha que têm maior incidência
no município;
• avaliar a contribuição da Geografia do Crime nos estudos acerca do fenômeno da
violência doméstica na perspectiva espacial;
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• confeccionar o mapeamento das referidas modalidades na cidade de Viçosa;


• observar a influência da entidade Casa das Mulheres na atuação contra este crime.

5. METODOLOGIA

Para uma abordagem teórica da questão, far-se-á uma análise de obras e trabalhos
científicos de autores a respeito da Geografia do Crime trazendo inicialmente uma discussão
sobre violência, criminalidade e algumas teorias criminais, sob a ótica de pesquisadores que
abordaram esses temas em suas pesquisas. Há também, que buscar respaldo na legislação
referente aos crimes de violência doméstica e nas obras doutrinárias daqueles que escrevem
sobre o assunto.

Serão usadas também outros artigos, dissertações e teses e autores que trabalharam com
outros tipos penais ou localidades diversas, relacionando a criminalidade com a análise
geográfica.

Para a elaboração dos dados estatísticos e mapeamento serão utilizados dados


provenientes da atuação dos seguintes órgãos: Casa das Mulheres da cidade de Viçosa, Polícias
Civil e Militar via Registro de Eventos de Defesa Social e Defensoria Pública da cidade de
Viçosa dos anos de 2017 e 2018, para que se possa traçar resultados observando os maiores
pontos de denúncias e perfis dos envolvidos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATELLA, Wagner Barbosa; DINIZ, Alexandre Magno Alves. Análise espacial dos
condicionantes da criminalidade violenta no estado de Minas Gerais. Sociedade & Natureza,
p. 151-163, 2010.

DE MINISTROS, Presidência do Conselho. Violência Doméstica, implicações sociológicas,


psicológicas e jurídicas do fenómeno. 2016.

DOS SANTOS, Fernando Henrique. Uma análise estatístico-espacial da violência doméstica


e familiar contra a mulher em Belo Horizonte/Minas Gerais 2006 a 2010, Dissertação
(doutorado em geografia) - Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais, Belo Horizonte,
2011.
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DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016.

MADERS, Angelita Maria; ANGELIN, Rosângela. Direitos humanos e violência doméstica


contra as mulheres: oito anos de encontros e desencontros no Brasil. Faces de Eva. Estudos
sobre a Mulher, n. 32, p. 41-58, 2014.

MASSEY, Doreen; KEYNES, Milton. Filosofia e política da espacialidade: algumas


considerações. GEOgraphia, v. 6, n. 12, 2004.

PIOVESAN, Flávia. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos das Mulheres. Revista da
EMERJ. Rio de Janeiro. V. 15, n. 57, 2012. Pág. 70 a 89.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção – 4 ed. 2


reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

SILVA, Mayara Costa: A proteção às mulheres em situação de violência doméstica e


familiar: a aplicação da Lei Maria da Penha e o trabalho de rede do programa Casa das
Mulheres na comarca de Viçosa. Monografia (graduação em direito) – Universidade Federal
de Viçosa, Viçosa, 2016.

RIBEIRO, Maria Ivanilse Calderon; SILVA, Maria das Graças Silva Nascimento.
Geotecnologias, Geografia e Crime: Espacialização da violência doméstica contra a
mulher na área urbana de Porto Velho-Rondônia. Dissertação (dissertação em geografia) –
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2014.

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