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Avaliação das prioridades de treinamento em


sexualidade para profissionais de enfermagem:
Construçã....

Chapter · September 2016

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Vanessa Monteiro Cesnik van der Geest Thaís Zerbini


Falando Naquilo Treinamentos University of São Paulo
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Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

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Sexología positiva: Placer, salud y bienestar

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© Universidad Nacional de Educación a Distancia


Madrid 2016
© Andrés López de la Llave

Depósito legal: M-32278- 2016


ISBN: 978-84-617-4585-2

Impreso en España Printed in S'pain


Imprime y encuaderna: Agencia Estatal Boletín Oficial
del Estado. Avda. de Manoteras, 54 - 28050 Madrid
Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

AVALIAÇÃO DAS PRIORIDADES DE TREINAMENTO EM SEXUALIDADE


PARA PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO
Nota: HS (Sexismo Hostil),
DE BSUM
(Sexismo Benevolente)
INSTRUMENTO DE MEDIDA
Cesnik-Geest, V.M.; Zerbini, T.
vmcesnik@gmail.com

INTRODUÇÃO duradoura de aspectos como conhecimento,


A prática profissional e a literatura atitude e conforto em lidar com questões
científica (Olsson, Berglund, Larsson, & sexuais do paciente após o programa
Athlin, 2012; Quinn, Happell, & Welch, educacional recebido (Fronek, Kendall,
2013) indicam que existe insegurança e Booth, Eugarde, & Geraghty, 2011; Higgins
desconforto dos profissionais da saúde em et al., 2012). Isso indica a importância de
lidar com questões de sexualidade no preparar capacitações sobre sexualidade
ambiente hospitalar. Esse fenômeno pode que contenham informações suficientes
ser consequência da capacitação para cobrir as lacunas de competência nesta
profissional insuficiente para lidar com temática.
questões de sexualidade do paciente e A área de Treinamento,
indica que é importante o aperfeiçoamento Desenvolvimento e Educação (TD&E) da
profissional nesta área. As instituições Psicologia Organizacional e do Trabalho
formadoras precisam se comprometer a envolve o estudo de ações que visam criar
capacitar o aluno nessa temática, assim oportunidades de aprendizagem, cujo
como as instituições hospitalares devem objetivo é obter melhorias no desempenho
comprometer-se na qualificação dos seus dos trabalhadores (Borges-Andrade, 2002).
profissionais de saúde já formados (Brêtas, Programas de TD&E se constituem como
‘Š›Šǰȱ ǭȱ žŽ›’—˜ǰȱ ŘŖŖŞDzȱ ͕Í£ȱ ǭȱ Ž›Ž•’ǰȱ ferramentas importantes para as
2012). organizações, de maneira que, quando bem
Estudos mostram que a oferta de planejados e executados, possibilitam a
conhecimentos em sexualidade humana nos difusão de novas competências (Meneses,
currículos da área de enfermagem é Zerbini, & Abbad, 2010).
insuficiente para atender as atuais O processo de Avaliação de
demandas variadas dos pacientes (Astbury- Necessidades de Treinamento (ANT) é um
Ward, 2011; Brás, Azeredo, Nobre, & Silva, método sistematizado de identificar
2009; Sehnem, Ressel, Junges, Silva, & problemas de desempenho causados por
Barreto, 2013). Estudos que avaliaram lacunas de competências (conhecimentos,
profissionais de enfermagem antes e depois habilidades e atitudes), cujas soluções são
de uma capacitação na área da sexualidade ações educacionais. Problemas relacionados
relataram melhora significativa e a condições de trabalho e motivação não se

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Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

constituem em necessidades de pelo Comitê de Ética em Pesquisa e foi


treinamento, de forma que precisam ser requerida a assinatura do Termo de
analisados visando outras soluções Consentimento Livre e Esclarecido,
(Meneses & Zerbini, 2009). Atualmente conforme as diretrizes do Ministério da
muitas organizações realizam seus Saúde (2012). O estudo foi realizado em um
processos de capacitação por meio de Hospital de Ensino de elevada
catálogos prontos, não identificando as complexidade no Brasil, caracterizado como
competências específicas que os hospital de assistência terciária no modelo
funcionários precisam aprimorar. Por isso a do Sistema Único de Saúde (SUS).
área de ANT torna-se tão importante, pois
esta oferece parâmetros para o
Instrumento
planejamento e execução de uma ação
educacional adequada a partir da indicação Foi construído o instrumento
de prioridades a serem treinadas. Assim, os intitulado “avaliação de necessidades de
treinamentos ofertados são focados nas treinamento de profissionais de
necessidades reais dos trabalhadores, enfermagem na área da sexualidade”
poupando investimentos desnecessários (NTES) com o objetivo de medir as lacunas
para a organização (Iqbal & Khan, 2011; de conhecimentos, habilidades e atitudes
Meneses & Zerbini, 2009). que os profissionais de enfermagem têm na
área da sexualidade no contexto hospitalar.
Diante do proposto, as orientações
Os itens do instrumento são competências
teóricas e metodológicas do subsistema de
mencionadas pelos profissionais
ANT mostram-se adequadas para
participantes do estudo como parte de sua
identificar competências relacionadas à
prática profissional hospitalar na área da
sexualidade que fazem parte do trabalho
sexualidade. Competências que apresentam
dos profissionais de enfermagem no
pontuação alta de importância e pontuação
contexto hospitalar e em qual delas esses
baixa de domínio são consideradas
profissionais necessitam de aprimoramento.
necessidades de treinamento prioritárias
O objetivo deste capítulo é a elaboração de
segundo metodologia do Método do Papel
um instrumento de avaliação de
Ocupacional de Borges-Andrade e Lima
necessidades de treinamento de
(1983).
profissionais de enfermagem na área da
sexualidade (NTES). A construção dos itens foi realizada
seguindo orientações psicométricas de
Pasquali (1998) em três fases: 1) Construção
METODOLOGIA do conteúdo a partir de critérios
Este é um estudo qualitativo, psicométricos: Critério comportamental; de
exploratório e descritivo, cujo objetivo foi objetividade ou de desejabilidade; da
elaborar um instrumento de avaliação de simplicidade; da clareza; da relevância; da
necessidades de treinamento de precisão; da variedade; da modalidade; da
profissionais de enfermagem na área da tipicidade; da credibilidade; da amplitude;
sexualidade (NTES). O projeto foi aprovado

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Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

do equilíbrio; 2) Validação semântica; 3) participantes, considerando as orientações


Validação por juízes. psicométricas de Pasquali (1998). Após a
Construção do conteúdo dos itens. Para construção da lista de competências, o
construção do instrumento de avaliação de instrumento foi alvo de um processo de
necessidades de treinamento de Validação Semântica.
profissionais de enfermagem na área da Validação semântica do instrumento. De
sexualidade (NTES), a escolha dos acordo com Pasquali (1998), a validação
participantes se deu de forma a ter uma semântica tem como principal finalidade
variedade dos seguintes critérios: 1) sexo; 2) aferir se os conteúdos de um instrumento
contextos (faixa etária de pacientes, de pesquisa são inteligíveis para os
especialidade dos departamentos); 3) cargo membros da população à qual ele se
ou função (auxiliar de enfermagem, destina. O objetivo é apresentar o
enfermeiro e enfermeiro-chefe). O número instrumento a indivíduos de uma amostra,
de 20 participantes se deu pelo critério de buscando saber se itens, categorias e
saturação da amostra: a coleta foi instruções são compreensíveis. Seguindo
interrompida quando as competências essas orientações, atentou-se para que
listadas pelos profissionais tornaram-se profissionais dos mais variados níveis de
repetitivas em relação àquelas relativas às escolaridade participassem. Além disso,
entrevistas anteriores. Os participantes procurou-se tanto profissionais que
desta fase da pesquisa são em sua maioria trabalham em ambulatórios como aqueles
do sexo feminino, com idade média de 35 que trabalham em enfermaria,
anos, tempo de profissão média de 16 anos independente do departamento em que
e tempo de trabalho na função atual oito trabalha. A amostra final de profissionais
anos. A maior parte trabalha na enfermaria foi feita por conveniência e o número de
do hospital, no cargo de enfermeiro e seis participantes se deu pelo critério de
possui ensino superior em enfermagem. saturação da amostra: a coleta foi
Para coleta de dados foram realizadas interrompida quando as alterações no
entrevistas individuais semiestruturadas e instrumento sugeridas pelos profissionais
registro simultâneo de informações, com tornaram-se repetitivas em relação àquelas
duração média de 30 minutos. Nestas relativas às entrevistas anteriores. A
entrevistas foi apresentada a tarefa para o maioria dos participantes desta fase é do
participante descrever as atividades sexo feminino, idade média 39 anos, tempo
(competências) necessárias ao atendimento de profissão de 15 anos e tempo de trabalho
eficaz dos pacientes em relação às questões na função de 10 anos. Metade da amostra é
ligadas à sexualidade. Para análise dos auxiliar de enfermagem e metade tem o
dados foram incluídas todas as cargo de enfermeiro. Foram realizadas
competências listadas nas entrevistas e que entrevistas individuais estruturadas e
são relacionadas à sexualidade. Quando registro simultâneo de informações, com
houve mais de uma maneira de se duração média de 20 minutos. Nestas
descrever a atividade mencionada, optou-se entrevistas foi apresentada a tarefa para o
pelo formato mais frequente entre os participante avaliar se o item apresenta

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Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

clareza, se está redigido corretamente, e se enfermagem, sexualidade, psicologia da


gostaria de fazer alguma sugestão para saúde e psicologia organizacional e do
alteração. As sugestões dos participantes trabalho. Cinco especialistas retornaram
foram acatadas integralmente e quando parecer sobre o instrumento. As sugestões
houve mais de uma sugestão para o mesmo dos juízes foram acatadas integralmente.
item optou-se pelo formato mais frequente Vale ressaltar que esses passos não
Validação por juízes do instrumento. são suficientes para garantir evidências de
Segundo Pasquali (1998) esta análise pode validade do instrumento. Após essas fases o
ser chamada de análise de conteúdo ou questionário deve ser aplicado em amostra
análise de construto, que tem por objetivo abrangente e testado em busca de evidência
verificar a adequação da representação de validade estatística.
comportamental do(s) atributo(s) latente(s).
Esta fase da pesquisa foi realizada por
Resultados
profissionais especialistas diferentes das
amostras anteriores. A tarefa foi avaliar a A Tabela 1 mostra a lista das
clareza da redação dos itens e das competências construídas a partir das
instruções da escala, bem como analisar se entrevistas presenciais bem como as
os itens são suficientes (necessidade de modificações realizadas neste instrumento
incluir ou excluir itens). Para isso, o em cada uma das fases descritas (validação
questionário foi enviado por e-mail para semântica e validação por juízes).
oito especialistas dentre as áreas de

Tabela 1
Mudanças nos itens do NTES
Mudanças na Validação Mudanças na Validação
Item
Semântica por Juízes
Explicar consequências Explicar ao paciente as
da doença e do consequências da doença e
1 1 1 -
tratamento na vida do tratamento na sua vida
sexual do paciente. sexual.
Explicar para o parceiro Explicar para o parceiro
sexual as dificuldades sexual do paciente as
relacionadas à dificuldades relacionadas à
2 2 2 -
sexualidade do paciente, sexualidade do paciente,
consequentes da doença consequentes da doença e
e tratamento. tratamento.
Explicar que não existe
3 relação entre vasectomia 3 - 3 -
e impotência sexual.
Explicar que não existe Explicar que não existe risco
4 risco de frigidez ao fazer 4 de perda do desejo sexual ao 4 -
a laqueadura. fazer a laqueadura.
Explicar sobre sintomas, Explicar ao paciente
formas de contagio, sobre sintomas, formas
5 5 - 5
formas de prevenção e de contágio, formas de
tratamentos de DST. prevenção e tratamentos

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Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

Mudanças na Validação Mudanças na Validação


Item
Semântica por Juízes
de DST.

Orientar uso de Orientar uso de Orientar o paciente sobre


preservativos para preservativos para o uso de preservativos
6 prevenção de DST e 6 prevenção de DST e 6 para prevenção de DST e
infecções em casos de prevenção de infecções em de infecções em casos de
baixa imunidade. casos de baixa imunidade. baixa imunidade.
Orientar sobre os riscos Orientar pacientes Orientar pacientes
de múltiplos parceiros portadores de DST sobre os portadores de DST sobre
7 7 7
sexuais para pacientes riscos de ter muitos os riscos de ter relações
portadores de DST. parceiros sexuais. sexuais sem proteção.
Explicar ao paciente sobre
Explicar sobre métodos
métodos anticoncepcionais
8 anticoncepcionais 8 8 -
existentes e procedimentos
existentes.
de utilização.
Orientar utilização do
9a método anticoncepcional 9a -
Indicar a melhor opção escolhido.
9 de anticoncepcional para Auxiliar o médico a
Avaliar a melhor opção de
cada caso. avaliar a melhor opção
9b anticoncepcional para cada 9b
de anticoncepcional para
caso.
cada caso.
Demonstrar como
Demonstrar como utilizar
utilizar preservativos
10 preservativos femininos e 10 - 10
femininos e masculinos
masculinos.
aos pacientes.
Preservar privacidade
dos pacientes durante os
Continuação
11 procedimentos que 11 - 11 -
envolvem exposição do
corpo e/ou toque.
12 Explicar detalhadamente Explicar detalhadamente
os procedimentos a os procedimentos a
serem realizados quando serem realizados quando
12 - 12
envolver toque ou envolver toque ou
exposição de partes exposição de partes
íntimas. íntimas do paciente.
Evitar comentários
desnecessários durante
13 13 - 13 -
exposição do corpo do
paciente.
Inspecionar a presença
Inspecionar presença de
14 14 de lesões e assaduras nas
lesões e assaduras nas áreas
Inspecionar presença de a a áreas genitais do
genitais.
14 lesões e assaduras nas paciente.
áreas genitais. Avaliar o tipo de lesão
14 Avaliar o tipo de lesão 14
existente nas áreas
b existente nas áreas genitais. b
genitais do paciente.
Orientar pacientes sobre
15 15 - 15 -
higiene corporal e íntima.

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Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

Mudanças na Validação Mudanças na Validação


Item
Semântica por Juízes
Estar atento ao
Estar atento ao
posicionamento do órgão
posicionamento do órgão
16 16 genital na realização da 16 item excluído
genital na sondagem
sondagem vesical de
vesical de demora.
demora e na fixação.
Interromper tentativas de
assedio sexual do
paciente ao profissional
17 17 - 17 -
de enfermagem durante
o banho ou outro
procedimento.
Lidar com a ereção do
18 paciente durante o banho 18 - 18 -
ou outro procedimento.
Orientar pacientes sobre
19 repouso sexual pós- 19 - 19 -
cirúrgico.
Orientar uso de Orientar uso de lubrificante
lubrificante íntimo para íntimo para mulheres com
20 20 20 -
mulheres com secura secura vaginal conforme
vaginal. orientação médica.
Explicar sobre a injeção
de lubrificante íntimo na
21 21 - 21 item excluído
vagina na preparação de
exames pélvicos.
Discutir em equipe
melhores condutas em
relação às situações
22 ocorridas no hospital 22 - 22 -
envolvendo a
sexualidade dos
pacientes.
Encaminhar o paciente
para o médico quando as
23 dúvidas sobre 23 - 23 -
sexualidade forem mais
complexas.
Encaminhar o paciente
Encaminhar paciente Encaminhar paciente e
e/ou o parceiro sexual
para psicólogos em casos parceiro sexual para
para psicólogos em casos
de problemas de psicólogos em casos de
de problemas de
24 relacionamento 24 problemas de 24
relacionamento
amoroso/sexual relacionamento
amoroso/sexual
decorrentes da doença ou amoroso/sexual decorrentes
decorrentes da doença ou
tratamento. da doença ou tratamento.
tratamento.
Orientar paciente a
Orientar paciente a
preservar a privacidade e
25 25 - 25 preservar a privacidade
respeitar os colegas de
ao se masturbar.
quarto ao se masturbar.

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Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

Mudanças na Validação Mudanças na Validação


Item
Semântica por Juízes
Orientar pacientes,
acompanhantes e
familiares sobre
26 proibição em ter relações 26 - 26 -
sexuais dentro do
hospital (enfermaria ou
outro local).
Evitar críticas aos hábitos
27 e opções sexuais do 27 - 27 -
paciente.
Explicar aos pacientes Explicar ao paciente
crianças e adolescentes criança ou adolescente
28 28 - 28
sobre o significado de sobre o significado de
sexualidade. sexualidade.
Ouvir queixas e/ou
relatos dos pacientes
29 29 - 29 -
quanto a sua opção
sexual.
Trabalhar junto à equipe
Discutir junto à equipe
interdisciplinar sobre
interdisciplinar, formas
30 formas de abordar o 30 - 30
de abordar o adolescente
adolescente em relação à
em relação à sexualidade.
sexualidade.
Construir uma relação Construir uma relação Construir uma relação
empática com o paciente confiável com o paciente confiável com o paciente
31 para deixá-lo mais a 31 para deixá-lo mais a 31 para deixá-lo à vontade
vontade em falar de vontade em falar de para falar de questões de
questões de sexualidade. questões de sexualidade. sexualidade.
item incluído - Verificar
se o paciente faz uso de
alguma medicação que
- - - - 32
possa ter efeitos
colaterais que interferem
na sexualidade.
item incluído - Verificar
se o paciente tem
comprometimento
- - - - 33
psiquiátrico que possa
explicar a
hipersexualização.
item incluído - Orientar a
família quanto à
sexualidade de paciente
- - - - 34 que não responde pela
sua sexualidade (crianças
ou pacientes com
necessidades especiais).

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Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

CONCLUSÃO de proteção contra elas (preservativo para


Na validação semântica pode penetração e outros meios de proteção para
observar tipos específicos de mudança nos sexo oral).
itens. Os itens 1, 2, 7 e 16 permaneceram O item 16 “Estar atento ao
com o mesmo conteúdo e a mudança foi na posicionamento do órgão genital na
inversão da frase. Os itens 4 e 31 realização da sondagem vesical de demora
apresentaram mudanças relacionadas a e na fixação” foi excluído por sugestão de
termos que não estavam claros para os juiz, pois segundo o especialista, o
participantes (frigidez e relação empática). posicionamento do órgão genital só seria
Os itens 9 e 14 foram divididos em duas importante caso houvesse ereção peniana e,
competências distintas. Do item 6 foi consequentemente estaria contemplado no
retirada palavra desnecessária na visão dos item 18 “Lidar com a ereção do paciente
participantes. Por fim, nos itens 8, 20 e 24 durante o banho ou outro procedimento”.
foram adicionados termos a fim de serem O item 21 “Explicar sobre a injeção de
mais fiéis à prática profissional dos lubrificante íntimo na vagina na preparação
participantes. de exames pélvicos” foi excluído por estar
As sugestões dos juízes também contemplado no item 12 “Explicar
mostram tipos específicos de mudança nos detalhadamente os procedimentos a serem
itens. Nos itens 5, 6, 10, 12, 14a e 14b foi realizados quando envolver toque ou
adicionado o sujeito que recebe a exposição de partes íntimas do paciente”.
intervenção (paciente). Nos itens 9b e 30 No item 25 “Orientar paciente a
foram mudados os verbos de ação da preservar a privacidade e respeitar os
competência para adequar melhor à colegas de quarto ao se masturbar” existiam
realidade da categoria. Nos itens 24 e 31 foi dois verbos de ação (preservar a
adicionado e retirado respectivamente privacidade e respeitar os colegas). Apenas
conjunções. No item 28 foi mantido o o primeiro foi mantido, pois foi
conteúdo e passado para o singular. As considerado um verbo de ação observável e
demais modificações desta fase serão sem ambiguidades. O termo “respeitar os
explicadas mais detalhadamente por colegas” pode ser diferente para cada
envolverem maiores mudanças no pessoa enquanto que “preservar a
conteúdo dos itens. privacidade” é mais claro e preciso quanto
O item 7 “Orientar pacientes ao que se espera da pessoa.
portadores de DST sobre os riscos de ter Os itens 32 “Verificar se o paciente faz
muitos parceiros sexuais” foi modificado uso de alguma medicação que possa ter
para “Orientar pacientes portadores de DST efeitos colaterais que interferem na
sobre os riscos de ter relações sexuais sem sexualidade”, 33 “Verificar se o paciente
proteção” por indicação de um juiz que tem comprometimento psiquiátrico que
mencionou que os riscos relacionados à possa explicar a hipersexualização” e 34
DST não estão diretamente ligados ao “Orientar a família quanto à sexualidade de
número de parceiros e sim a não utilização paciente que não responde pela sua

98
Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

sexualidade (crianças ou pacientes com estudos (Astbury-Ward, 2011; Santos &


necessidades especiais)” foram sugeridos Campos, 2008), mas também em outros
para inclusão por um dos peritos a fim de níveis relacionados à saúde e qualidade de
complementar as competências dos vida. Esses achados abrem espaço para
profissionais de enfermagem ligadas à maiores discussões sobre o papel dos
sexualidade. Vale ressaltar que foi sugerida profissionais de saúde no atendimento aos
também uma modificação da ordem dos pacientes no contexto hospitalar em relação
itens, buscando apresentar inicialmente às questões de sexualidade.
competências com foco no paciente para É importante discutir a comparação
depois seguirem competências ligadas a com os registros oficiais, pois as
outros sujeitos do contexto hospitalar. transformações nas práticas, inclusão de
Após estes procedimentos o programas de educação continuada, entre
instrumento ficou pronto para aplicação em outros são baseadas nesses documentos
amostras de profissionais de enfermagem e vigentes. Logo, cabe ressaltar a importância
a fim de passar por testes para identificar de que mais pesquisas na área de
evidencias de validade estatística e de identificação das competências vinculadas
conteúdo. O instrumento NTES para aos profissionais de saúde sejam realizadas
aplicação pode ser encontrado no e, principalmente, que esses resultados
Apêndice. sejam utilizados para atualização dos
documentos oficiais. O objetivo da
construção do NTES é instrumentar os
Discussão e considerações finais
hospitais para identificação das
A consulta das competências listadas
necessidades de treinamento dos
na Classificação Brasileira de Ocupações
profissionais de enfermagem baseado na
(CBO, Ministério do Trabalho e Emprego,
experiência e rotina de seus profissionais.
2014) para os profissionais de enfermagem
Após sua aplicação, responsáveis pelo
a fim de realizar a comparação dos
desenvolvimento dos profissionais devem
resultados deste estudo com os registros
buscar ações educacionais para auxiliar essa
oficiais foi realizada e nenhuma
categoria a desempenhar um trabalho ainda
competência relacionada à sexualidade foi
mais completo, integrando a sexualidade no
encontrada ligada aos profissionais de
contexto de cuidado ao paciente.
enfermagem (enfermeiros, técnicos e
Apesar de o mapeamento realizado
auxiliares de enfermagem). Buscando
ser apenas de uma organização hospitalar
competências no sistema da CBO nota-se
(o que pode dificultar a generalização dos
que há uma ausência de atividades ligadas
dados), este é um hospital com muitas áreas
à sexualidade vinculadas a profissões de
de atuação (ambulatório, enfermaria,
enfermagem bem como a outras categorias
cirurgia, atendimento de bebês até idosos) e
da saúde. Pode-se perceber que a
deste modo, as discussões realizadas a
sexualidade está sendo negligenciada
partir deste trabalho podem contribuir para
oficialmente não apenas em relação à
gerar melhorias na área da saúde em
profissão de enfermagem, como indicam

99
Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

diversos contextos. Como agenda de 2569.


pesquisa, a aplicação do NTES em diversas Iqbal, M. Z., & Khan, R. A. (2011). The growing
concept and uses of training needs assessment: A
populações faz-se necessária para que
review with proposed model. Journal of European
sejam evidenciadas a validade,
Industrial Training, 35, 439-466.
confiabilidade e fidedignidade dos itens. Meneses, P. P. M., & Zerbini, T. (2009).
Além disso, sugere-se a criação de Levantamento de necessidades de treinamento:
instrumentos semelhantes para as outras Reflexões atuais. Análise, 20(2), 50-64.
categorias profissionais. Meneses, P. P. M., Zerbini, T., & Abbad, G. (2010).
Manual de treinamento organizacional. Porto Alegre,
RS: Artmed.
REFERÊNCIAS Ministério da Saúde. (2012). Resolução Nº 466, de 12
de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas
Astbury-Ward, E. (2011). A questionnaire survey of regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres
the provision of training in human sexuality in humanos. Brasília, DF: Conselho Nacional de
schools of nursing in the UK. Sexual & Relationship Saúde.
Therapy, 26, 254-270. Ministério do Trabalho e Emprego. (2014). CBO -
Borges-Andrade, J. E. (2002). Desenvolvimento de Classificação Brasileira de Ocupações. Recuperado de
medidas em avaliação de treinamento [Número http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf
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Borges-Andrade, J. E., & Lima, S. V. L. (1983). E. (2012). Patient’s sexuality–A neglected area of
Avaliação de necessidades de treinamento: Um cancer nursing? European Journal of Oncology
método de análise de papel ocupacional. Nursing, 16, 426-431.
Tecnologia Educacional, 12, 6-22. Pasquali, L. (1998). Princípios de elaboração de
Brás, M. A., Azeredo, Z. A., Nobre, J. C., & Silva, T. escalas psicológicas. Revista de Psiquiatria Clínica,
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enfermeiros dos cuidados de saúde primários: Pasquali, L. (2009). Psychometrics. Revista da Escola
Estudos de factores a ela associados. Servir, 57, 28- de Enfermagem da USP, 43(SPE), 992-999.
36. Quinn, C., Happell, B., & Welch, A. (2013). Talking
Brêtas, J. R. S., Ohara, C. V. S., & Querino, I. D. about sex as part of our role: Making and
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with people who have an acquired physical
disability. Journal of Advanced Nursing, 68, 2559-

100
Sexología Positiva: placer, salud y bienestar

Apêndice: Versão final do NTES


Instruções:
Caro profissional de enfermagem,
Este questionário tem como objetivo identificar sistematicamente as necessidades de
treinamento em relação a questões de sexualidade do paciente no contexto hospitalar. Você
não precisa se identificar, pois a intenção não é avaliar o seu desempenho, mas planejar ações
educacionais adequadas para a melhoria dos processos de trabalho na sua área. Em função
disso, pedimos que sua resposta ao questionário seja fiel à realidade do seu trabalho.
As afirmações que constam no questionário referem-se a atividades relacionadas ao
trabalho de profissionais de enfermagem no contexto hospitalar. Ao ler as afirmativas, avalie
cada uma delas a partir dos dois critérios a seguir especificados: Importância e Domínio.
1) Escala de Importância (Coluna I): avalia a importância de cada atividade descrita para o
bom desempenho no trabalho. Utilize a escala abaixo que varia de 1 (Nada importante) a 5
(Totalmente importante).
1 2 3 4 5
Nada importante Totalmente importante

ATENÇÃO: A análise de importância é referente ao seu cargo ATUAL e não à sua


profissão de forma generalizada. Para um cargo de vigilante epidemiológico, a importância
de certas competências é diferente da de um cargo de secretário da saúde.
2) Escala de Domínio (Coluna D): avalia a sua opinião em relação ao quanto você
domina as atividades descritas em cada item. Utilize a escala abaixo que varia de 1 (Não
domino) a 5 (Domino completamente).
1 2 3 4 5
Não domino Domino Completamente

Agora, leia atentamente os itens listados abaixo e escolha os pontos das escalas de
Importância e Domínio (0, 1, 2, 3, 4, 5) que melhor representa a sua opinião sobre as
atividades desenvolvidas no seu trabalho.
Registre sua resposta à direita de cada item, na coluna correspondente, com o número
escolhido. Por favor, não deixe questões em branco.
Obrigado pela colaboração!
ITEM Imp. Dom.
1 Explicar ao paciente as consequências da doença e do tratamento na sua vida sexual.

101
Contribuciones presentadas al 18º Congreso Latinoamericano de Sexología y Educación sexual

ITEM Imp. Dom.


2 Explicar ao paciente que não existe relação entre vasectomia e impotência sexual.
3 Explicar ao paciente que não existe risco de perda do desejo sexual ao fazer a laqueadura.
Explicar ao paciente sobre sintomas, formas de contágio, formas de prevenção e tratamentos
4
de DST.
Orientar o paciente sobre o uso de preservativos para prevenção de DST e de infecções em
5
casos de baixa imunidade.
6 Orientar pacientes portadores de DST sobre os riscos de ter relações sexuais sem proteção.
Explicar ao paciente sobre métodos anticoncepcionais existentes e procedimentos de
7
utilização.
8 Demonstrar como utilizar preservativos femininos e masculinos aos pacientes.
Explicar detalhadamente os procedimentos a serem realizados quando envolver toque ou
9
exposição de partes íntimas do paciente.
10 Inspecionar a presença de lesões e assaduras nas áreas genitais do paciente.
11 Avaliar o tipo de lesão existente nas áreas genitais do paciente.
12 Orientar pacientes sobre higiene corporal e íntima.
13 Orientar pacientes sobre repouso sexual pós-cirúrgico.
Orientar o uso de lubrificante íntimo para pacientes mulheres com secura vaginal conforme
14
prescrição médica.
15 Orientar paciente a preservar a privacidade ao se masturbar.
Preservar a privacidade dos pacientes durante os procedimentos que envolvem exposição do
16
corpo e/ou toque.
17 Evitar comentários desnecessários durante exposição do corpo do paciente.
18 Lidar com a ereção do paciente durante o banho ou outro procedimento.
19 Evitar críticas aos hábitos e opções sexuais do paciente.
20 Explicar ao paciente criança ou adolescente sobre o significado de sexualidade.
21 Ouvir queixas e/ou relatos dos pacientes quanto a sua opção sexual.
Construir uma relação confiável com o paciente para deixá-lo à vontade para falar de
22
questões de sexualidade.
Verificar se o paciente faz uso de alguma medicação que possa ter efeitos colaterais que
23
interferem na sexualidade.
Verificar se o paciente tem comprometimento psiquiátrico que possa explicar a
24
hipersexualização.
25 Orientar o paciente sobre a utilização do método anticoncepcional escolhido.
Orientar pacientes, acompanhantes e familiares sobre proibição em ter relações sexuais
26
dentro do hospital (enfermaria ou outro local).
Explicar para o parceiro sexual do paciente as dificuldades relacionadas à sexualidade do
27
paciente, consequentes da doença e tratamento.
28 Auxiliar o médico a avaliar a melhor opção de anticoncepcional para cada caso.
Interromper tentativas de assédio sexual do paciente ao profissional de enfermagem durante
29
o banho ou outro procedimento.
Discutir em equipe condutas adequadas em relação às situações ocorridas no hospital
30
envolvendo a sexualidade dos pacientes.
Encaminhar o paciente para o médico quando suas dúvidas sobre sexualidade forem mais
31
complexas.
Encaminhar o paciente e/ou o parceiro sexual para psicólogos em casos de problemas de
32
relacionamento amoroso/sexual decorrentes da doença ou tratamento.
Discutir junto à equipe interdisciplinar, formas de abordar o adolescente em relação à
33
sexualidade.
34 Orientar a família quanto à sexualidade de paciente que não responde pela sua sexualidade
(crianças ou pacientes com necessidades especiais).

102

V i e w p u b l i c a t i o n s t a t s

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