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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

TECNOLOGIA EM AUTOMATIZAÇÃO INDUSTRIAL

DISCIPLINA DE INSTRUMENTAÇÃO

SENSORES DE TEMPERATURA

PROFESSOR: Valner Brusamarello

COMPONENTES: Igor Krakheche


Maurício Zwirtes
Anderson Fistarol
Valmor Tibolla

CAXIAS DO SUL, 02 de Dezembro de 2003


INTRODUÇÃO

O controle de temperatura é uma das práticas mais usadas na automação


atualmente, pois qualquer material sofre influência das variação da mesma.
Podemos citar como exemplo: processos químicos, tratamentos térmicos,
caldeiras, etc.
Através deste trabalho abordaremos os princípios de 3 sensores de
temperatura, relatando as principais semelhanças e diferenças, vantagens e
desvantagens de cada um tendo como objetivo definir qual sensor é mais
indicado para determinadas situações de controle de temperatura.
SENSORES DE TEMPERATURA

PT100
O PT-100 é um termômetro de resistência elétrica feito de platina. É chamado
de termoresistor, possuindo uma resistência de aproximadamente 100Ω a 0o C. A
norma DIN IEC 751 padronizou a faixa das termoresistências de -200 a 850 °C.
A platina é um metal especialmente indicado para a construção de sensores
de temperatura, pois, pode ser refinada até atingir grande pureza. Deste modo, o
valor da resistividade consta em tabelas universais (que não dependem, portanto,
do fabricante do sensor). O PT-100 é considerado sensor de alta precisão e ótima
repetibilidade de leitura.
O princípio físico de funcionamento deste dispositivo é baseado numa
relação linear da resistência em função da variação da temperatura, segundo a
expressão:
Rt = R0(1 + a∆t +b∆t2)
Onde:
“R” é a resistência em função da temperatura
“R0” a resistência inicial
“∆T” é a variação da temperatura
“a” é o coeficiente de temperatura do metal, usaremos o valor indicado pela
norma DIN 43760, α=0,00385.
“b” pode ser considerado nulo para a platina, logo a curva resistência versus
temperatura é, teoricamente, linear; A figura abaixo mostra essa curva.

PT 100

140
120
Resistência Ω

100
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Temperatura °C
Desenvolvimento
Utilizamos um PT-100 de três fios, com o objetivo de reduzir a influência da
resistência do fio na medição. É a opção mais utilizada industrialmente.
Com o intuito de analisar os dados eletronicamente, houve a necessidade de
utilização de uma Ponte de Wheatstone e de um amplificador operacional.
Para a alimentação da Ponte de Wheatstone utilizamos dois reguladores de
tensão alimentados por uma fonte de tensão simétrica: LM 317 (para uma tensão
positiva) e LM 337 (para uma tensão negativa). A tensão desejada é determinada
por duas resistências seguindo a seguinte equação:
 R2 
Vsaída = 1,25.1 + 
 R1 
Escolhemos o valor de 100Ω ±1% para R1 e R2 em ambos reguladores,
resultando em tensões de +2,5V e –2,5V. A escolha pela alimentação simétrica
justifica-se porque a menor distorção de sinal no amplificador ocorre em valores
próximos a 0V. O circuito correspondente é mostrado abaixo.
Foram escolhidos também valores de 100Ω ±1% para a Ponte de
Wheatstone, conforme mostra o circuito abaixo.
Depois de montado o circuito de leitura da temperatura em mV através da
Ponte de Wheatstone, calculamos o ganho do amplificador operacional regido pela
seguinte equação:
R2
Vsaída = (VA − VB)
R1
O amplificador possui um resistor variável para ajustar o sinal para 0V
quando a temperatura medida é de 0o C. A figura abaixo ilustra o circuito.

A tensão de saída do amplificador foi conectada na entrada analógica do


CLP, o qual estava conectado ao computador. Utilizamos um software
supervisório para análise dos dados, no qual foi criado um gráfico da temperatura
em função do tempo.
Montamos um sistema fechado e vedado com uma lâmpada de 220V/60W
internamente. Aumentamos a potência da lâmpada gradualmente em função do
tempo através do CLP utilizando a técnica PWM. A figura abaixo demonstra o
layout.
Alguns problemas de ordem prática com este tipo de sensor podem ser
citados:
a) Erros devidos a cabos e conexões; apesar de ser feita a ligação a três fios
para o PT-100 objetivando minimizar o efeito da resistência dos cabos,
houve uma alteração da resistência final aplicada à Ponte.
b) Resposta limitada em função da "inércia térmica" provocada pela massa
do invólucro, geralmente de Aço Inox. É preciso aquecer primeiramente o
invólucro para depois aquecer o sensor. Em comparação com o
Termopar, o PT-100 levou um tempo alto para a estabilização.
c) Uma vez que uma corrente deve passar pelo sensor, existe a
possibilidade do mesmo aquecer por dissipação de potência. A tensão de
queda sobre o PT-100 a 0o C era de 2,5V; aplicando a equação P=V2/R,
obtivemos uma potência dissipada de 62,5 mW.

NTC

Os termistores consistem de materiais semicondutores tratados com óxidos


que exibem uma grande redução na resistência em função do aumento da
temperatura.

Os termistores NTC, como o próprio nome já diz (Coeficiente de


Temperatura Negativo) apresentam uma variação negativa de resistência com o
aumento da temperatura, ou seja, ele responde com uma diminuição do valor
ôhmico à medida que a temperatura se eleva.

Enquanto que a variação da resistência do sensor de platina é quase linear,


as curvas de variação do NTC com a temperatura são altamente não lineares.

Os NTC’s apresentam uma série de vantagens para a medição e controle


de temperatura. Ele é um sensor com alta sensibilidade podendo medir variações
de até centésimo de ºC. Apresenta um baixo custo e tem uma resposta em tempo
rápido.
O NTC pode ser classificado de uma forma mais precisa como um
semicondutor cerâmico. São geralmente utilizados na faixa de temperaturas de -
50°C a 150°C, podendo ir até 300°C no caso de modelos encapsulados em vidro.
Os termistores do tipo NTC podem ser classificados sob quatro tipos
principais. O primeiro, de pequenas dimensões físicas, servem para operação em
baixa potência, usados para controle de circuitos através de algum sistema
amplificador de sinal. O segundo, de grandes dimensões físicas, operando em
altas potências, controlam diretamente um determinado circuito, sem sistema
amplificador. O terceiro tipo são os termistores em bloco, onde as correntes que
eles transportam praticamente não afetam os seus valores de resistência elétrica -
são usados no braço de uma ponte para proporcionar uma compensação da
temperatura ambiente para um outro termistor que está sendo usado para leitura.
O último tipo é o termistor aquecido indiretamente, onde o material semicondutor é
aquecido por meio de um filamento que tem valor desprezível de coeficiente de
resistência à temperatura.

Apresenta a desvantagem de não ser linear, o que força a utilização de um


sistema para fazer o ajuste de temperatura em função da resposta. E também
devido a sua característica de variar negativamente a resistência com o aumento
da temperatura pode assumir um caráter destrutivo, pois com a diminuição da
resistência vai aumentando a circulação de corrente que por sua vez produz maior
aquecimento e assim por diante. Para este problema não ocorrer utilizou-se uma
fonte de corrente conforme figura abaixo:
APLICAÇÕES

− Compensação de temperatura para transistores;


− Compensação de temperatura para yoke de deflexão; (yoke de deflexão é o
cabeçote de deflexão = bobinas magnéticas ao redor de um tubo de TV usadas
para controlar a posição do feixe de imagem).
− Medidores de temperatura

Sua resistência segue uma variação exponencial negativa conforme fórmula


abaixo:

1 1 
β  − 
 T T0
R = R0e 

Onde: R = resistência medida


R0 = resistência a temperatura T0
β = coeficiente da exponencial
T = temperatura de medição (Kelvin)
T0 = temperatura de referência (Kelvin)
A figura abaixo mostra a curva apresentada pelo NTC

NTC

800
700
Resistência KΩ

600
500
400
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Temperatura °C
TERMOPAR

Os termopares são elementos sensores de temperatura largamente


empregados na indústria, principalmente por oferecerem robustez, baixo custo e
operação em uma grande faixa de temperaturas. Estes sensores baseiam-se no
efeito termoelétrico, descoberto por Thomas Seebeck em 1821, que é a criação de
uma diferença de potencial quando quaisquer dois metais são unidos em um
ponto de contato e submetidos a um gradiente de temperatura. Mesmo sendo a
tensão gerada uma função extremamente não linear com a temperatura, pode-se
linearizar esta variação para pequenas variações de temperatura.

O par de condutores de ligas distintas é soldado numa das extremidades,


chamada junta quente ou junta de medição, a qual fica colocada no ponto onde
desejamos medir ou controlar a temperatura e a outra extremidade, chamada junta
fria ou junta de referência, ligada ao instrumento (pirômetro, indicador de
temperatura, registrador, etc.). A diferença de temperatura entre estas
extremidades gera uma tensão chamada FEM (Força Eletromotriz), a qual existe
uma tabela de milivoltagem / graus centígrados para cada tipo de termopar.
Embora o efeito termoelétrico apareça quando une-se quaisquer metais
diferentes, existem certas combinações de metais e ligas que fornecem resultados
mais atrativos, sendo, inclusive, padronizadas em nível internacional.

Desenvolvimento
Para a leitura de temperatura escolhemos o termopar de tipo K, o qual
possui as seguintes características:

Termopar tipo K (Cromel - Alumel)

− Termoelemento positivo (KP): Ni90%Cr10%


− Termoelemento negativo (KN): Ni95%Mn2%Si1%A12%
− Faixa de utilização: -270°C a 1200°C
− f.e.m. produzida: -6,458 mV a 48,838 mV
− Características: Pode ser utilizado em atmosferas inertes e oxidantes. Pela sua
alta resistência à oxidação é utilizado em temperaturas superiores a 600°C, e
ocasionalmente em temperaturas abaixo de 0°C. Não deve ser utilizado em
atmosferas redutoras e sulfurosas. Em altas temperaturas e em atmosferas
pobres de oxigênio ocorre uma difusão do cromo, provocando grandes desvios
da curva de resposta do termopar. Este último efeito é chamado "green - root ".

No nosso trabalho ligamos o termopar diretamente na entrada analógica do


CLP. Este, possui uma configuração interna onde podemos configurar o tipo de
termopar utilizado. Dessa forma, podemos obter a temperatura medida ao utilizar
o circuito interno da entrada analógica para compensação de temperatura na
junta fria feita através de diodos semicondutores. A leitura do CLP apresenta uma
resolução de um décimo de ºC.

Identificamos que o termopar tem um tempo de resposta baixo, tornando-se


dessa forma um pouco instável. A curva apresentada para a faixa de temperatura
que fornecemos ao termopar é praticamente linear.

A figura abaixo apresenta a curva apresentada pelo TERMOPAR


TERMOPAR

2,5

1,5
Tensão mV

0,5

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
-0,5

-1

-1,5

Temperatura °C

CONCLUSÃO

O método de leitura de temperatura, a princípio, parece ser um trabalho


simples, mas ao fazermos uma abordagem mais detalhada, percebemos que para
obter um valor preciso de temperatura, precisamos dominar vários conceitos
físicos. Caso contrário, obteremos valores de temperatura imprecisos devido a má
configuração do projeto.
Ao desenvolvermos nosso projeto verificamos, ao longo de vários testes, a
variação do sinal lido quando da mudança de fios e de métodos de ligações. Além
disso, fomos obrigados a trocar as resistências na Ponte de Wheatstone para
diminuir a dissipação de potência em cima do PT-100. Fato que estava alterando o
valor medido.
Trabalhando com três sensores de temperatura diferentes podemos
identificar as semelhanças e diferenças e vantagens e desvantagens de um em
relação ao outro. Foi útil para auxiliar no processo de ensino da instrumentação e
deixou-nos claro que quando trabalhamos com variáveis a serem medidas,
devemos atuar da forma mais criteriosa e técnica possível para obtermos
resultados precisos.
BIBLIOGRAFIA

− http://www.tecwaybr.com/prod11.htm
− http://www.thermistor.com
− http://www.dee.uc.pt/~marioj/im/im10.doc
− http://www.ufrgs.br/lmm/mec017/termoresist.htm
− M.A.Zaro e I.G.Borchardt, “Instrumentação-Guia de Aulas Práticas”-Editora da
UFRGS, Porto Alegre, 1982
− http://www.arquimedes.net/sens/sensor_Pt100.htm
− http://www.ii.ua.pt/uimc/divulga/dicionario/termopar.html
− http://www.fe.up.pt/~jgabriel/Sensors/Temperatura/temperatura_termopar.htm
− http://www.instrumentacaobr.com.br/termomet.htm
− http://www.eletrica.ufpr.br/edu/ie99/trab2/augusto

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