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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS

GERAISGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

LABORATÓRIO DE INSTRUMENTAÇÃO

TRABALHO 02 – INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

PROFESSORA: CARLOS RUFINO


ALUNO: ANA FLÁVIA MÁXIMO CHAVES

NEPOMUCENO, NOVEMBRO DE 2023


1. INTRODUÇÃO
A medição de temperatura é um aspecto crítico em uma ampla gama de aplicações
industriais e sistemas de controle e automação. Esta importância vem da necessidade de
manter as condições de operação dentro de parâmetros seguros e otimizados, garantindo
a eficiência, segurança e qualidade do processo. Em ambientes industriais, a
temperatura pode influenciar diretamente a velocidade das reações químicas, a
integridade estrutural dos materiais, a eficiência energética dos processos e a segurança
dos equipamentos e dos operadores. Por isso, a precisão e a confiabilidade na medição
da temperatura são essenciais.
Dentre os diversos sensores utilizados para a medição de temperatura, as
termoresistências se destacam devido à sua precisão e confiabilidade. O PT100, um tipo
comum de termoresistência, é amplamente empregado em aplicações industriais. Ele
opera com base em brilho direto e previsível entre a temperatura e a resistência elétrica
de um filamento de platina. Esta característica torna o PT100 específico adequado para
ambientes onde a precisão da medição de temperatura é crucial. Seu uso em sistemas de
controle e automação garante um monitoramento eficaz das condições operacionais,
contribuindo significativamente para a manutenção da qualidade e da segurança em
processos industriais.
2. OBJETIVO
O principal objetivo deste trabalho é projetar e simular um circuito eletrônico
preciso e eficiente para a medição de temperatura, utilizando um sensor de
termoresistência PT100. A simulação, realizada no software LTSPICE XVII, visa
demonstrar a aplicabilidade e eficácia de um circuito baseado em uma ponte de
Wheatstone, complementado por um sistema de amplificação e conversão de sinal, para
conversor com precisão as variações de resistência do sensor PT100 em uma saída de
corrente proporcional à temperatura medida.

3. INTRODUÇÃO TEÓRICA
 Termorresistências e o PT100
As termoresistências são sensores de temperatura que funcionam com base na variação
da resistência elétrica de um material com a temperatura. Este efeito é conhecido como
efeito termorresistivo. Um dos tipos mais comuns de termoresistências é o PT100, que
se baseia em um elemento de platina. A escolha da platina deve-se à sua estabilidade
química e elétrica, bem como a uma relação linear quase perfeita entre resistência e
temperatura. O "100" no nome PT100 indica que o sensor tem uma resistência de 100
ohms a 0°C. Com o aumento da temperatura, a resistência do PT100 aumenta de forma
previsível, permitindo precisão precisa em um amplo intervalo de temperatura.
 Ponte de Wheatstone e Configuração de Dois Fios do PT100
A ponte de Wheatstone é um circuito elétrico utilizado para medir resistências
desconhecidas com alta precisão. Consiste em quatro resistores desejados em formato
de diamante, com uma fonte de tensão alimentando dois dos cantos opostos e um
galvanômetro conectado aos outros dois. Quando a ponte está "equilibrada", isto é,
quando as duas diagonais têm a mesma resistência, a tensão no galvanômetro é zero.

Figura 1: Circuito Ponte de Wheatstone

Ao substituir um dos resistores por uma termoresistência como o PT100, a ponte pode
ser usada para medir variações de temperatura. A variação na resistência do PT100
desequilibra a ponte, causando uma diferença de tensão que é proporcional à
temperatura. Em uma configuração típica do PT100, o sensor é colocado em série com
dois resistores de valor idêntico, formando um dos lados da ponte de Wheatstone. O
ponto de conexão entre o PT100 e os resistores é então ligado aos terminais de
alimentação da ponte. O diferencial de tensão medido entre os pontos médios dos
resistores opostos na ponte é diretamente influenciado pela alteração de resistência do
PT100, que varia com a temperatura. Esse diferencial de tensão é a chave para calcular
a variação de temperatura que o PT100 detecta.
A precisão na medição está diretamente ligada à qualidade do balanceamento da ponte.
Idealmente, quando não há variação de temperatura, a ponte deve estar em equilíbrio,
isto é, a relação R4 / R2 =R3 / R1 deve ser mantido, resultando em nenhuma corrente
fluindo pelo detector de nulo. Assim, qualquer desequilíbrio indica uma mudança na
resistência do PT100, refletindo uma mudança na temperatura ambiental.
 Circuitos Amplificadores
Circuitos amplificadores são fundamentais na eletrônica para aumentar a magnitude de
sinais elétricos. Eles são essenciais em aplicações onde o sinal gerado por um sensor,
como a tensão diferencial em uma ponte de Wheatstone, é muito pequeno para ser
processado ou medido de forma eficaz. Amplificadores operacionais, ou amplificadores
operacionais, são comumente usados devido às suas especificidades e eficiência. Estes
dispositivos amplificam uma ampla gama de sinais com alta fidelidade e podem ser
configurados para diferentes ganhos e respostas, dependendo das necessidades
específicas do circuito. No contexto de medição de temperatura com um PT100, um
amplificador operacional pode ser usado para amplificar a tensão de saída da ponte de
Wheatstone, tornando-a adequada para leitura e processamento posterior.

4. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
O circuito projetado para a medição de temperatura com um sensor PT100 baseia-se
na integração do sensor em uma ponte de Wheatstone, seguido por um estágio de
amplificação e um circuito conversor resistência/corrente. A seguir, descrevemos cada
etapa do circuito:
1) A imagem apresentada ilustra uma ponte de Wheatstone que alcançou um estado
de equilíbrio. Nessa condição específica, a temperatura do sensor de
termoresistência, um PT100, é precisamente 0ºC. Correspondendo a esta
temperatura ambiente, a resistência resistente do sensor PT100 é de exatamente
100 ohms.

Figura 2: Ponte em equilíbrio na temperatura de 0ºC

Quando uma ponte está balanceada desta maneira, significa que os dois braços da
ponte são iguais, o que implica que não há corrente fluindo através do medidor de
nulo, que normalmente está conectado entre esses dois pontos. Esta ausência de
corrente é uma indicação de que a temperatura do sensor permaneça na marca base
de 0º Celsius, e qualquer aumento ou aumento na temperatura resultará em uma
mudança proporcional na resistência do PT100, desequilibrando a ponte e
permitindo a detecção e quantificação da variação de variação temperatura.Este
ponto de equilíbrio é fundamental no contexto da medição de temperatura, pois
serve como referência a partir de qualquer variação pode ser medida com precisão.
2) Na situação descrita, observa-se que houve uma alteração na condição térmica, o
que, por sua vez, provocou uma alteração na resistência do sensor PT100.

Figura 3: -Ponte em desequilíbrio na temperatura de 100ºC

Essa alteração é uma consequência direta da propriedade termorresistiva do material de


platina utilizado no sensor. Quando o PT100 é submetido a uma temperatura de 100ºC,
sua resistência elétrica se ajusta para 138,51 ohms. Essa mudança específica de
resistência é uma característica inerente ao sensor e é utilizada para inferir a temperatura
que está exposta. Com a variação da resistência do PT100 devido ao aumento da
temperatura, ocorre um desequilíbrio na ponte de Wheatstone, que foi inicialmente
calibrada para um estado de equilíbrio a 0ºC e 100 ohms. Esse desequilíbrio é
manifestado na forma de uma tensão diferencial mensurável entre os pontos de detecção
da ponte.
A estrutura com dois fios foi planejada para assegurar o balanceamento, então temos :

= = =
Estabeleceu-se como padrão que as resistências possuam um valor de 100Ω. No que diz
respeito ao circuito amplificador de tensão, este é do tipo subtrator e apresenta um
ganho unitário.

Figura 4: Circuito amplificador subtrator

A tensão de saída do amplificador subtrator pode ser calculada da seguinte forma:

=( )x( ) - =

Considerando V1 como a tensão de alimentação da ponte e V2 como a tensão de


entrada do amplificador, temos:

= 20mA
A simulação conduziu à conclusão de que, para a configuração do circuito apresentado
na figura 4, e adotando um valor de resistência de 138.51 Ω, é necessário um resistor R7
com valor de aproximadamente 40 Ω na saída do amplificador operacional para
alcançar a tensão de saída desejada de 799.9 mV.

40 Ω

Complementando a análise da simulação referente ao valor de R7, a figura 5 ilustra o


circuito amplificador de sinal onde este componente é aplicado.
Figura 5: Circuito Amplificador de sinal

As figuras a seguir oferecem uma visão abrangente do projeto em estudo. A figura 6


exibe o esquema obtido através do software LTSpice, mostrando o circuito completo
com todos os componentes interconectados e suas respectivas designações. Por fim, a
Figura 7 ilustra o resultado da simulação a 0V, proporcionando uma representação
visual dos parâmetros de operação e das características de saída do circuito.

Figura 6: Esquema circuito pelo LTSpice


Figura 7: Simulação a 0ºC

Figura 8: Simulação a 100ºC

A estimativa da corrente de saída prevista para cada nível de temperatura pode ser
expressa da seguinte maneira:
5. RESULTADOS E DICUSSÕES
Os dados medidos refletem as correntes correspondentes aos valores de resistência
observados, utilizando como referencial a faixa de temperatura de 0 a 100°C indicada
pela tabela do sensor PT-100. Com uma tensão de alimentação V de 10V e uma
resistência fixa R1 de 100Ω, o valor para 100 varia de acordo com a temperatura,
seguindo os dados fornecidos pela tabela do sensor.
As tabelas subsequentes fornecem dados quantitativos para a análise do comportamento
do sensor de temperatura PT-100 em resposta a variações térmicas.

Temperatura Resistencia Corrente do


(OC) P100 (Ω) P100 (A)
0 100 0
10 103,9 2,025
20 107,79 4,046
30 111,67 6,060
40 115,54 8,070
50 119,40 10,075
60 123,24 12,070
70 127,08 14,064
80 130,90 16,047
90 134,71 18,026
100 138,51 20
Tabela 1 - Dados calculados

A Tabela 1 destaca a relação entre a temperatura e a resistência do PT-100, bem


como a corrente resultante.
Temperatura (°C) Resistência (Ω) V (V) Corrente de Saída
(mA)
0 100,00 5,00 -0,12
10 103,90 5,09 2,26
20 107,79 5,17 4,55
30 111,67 5,26 6,75
40 115,54 5,35 8,86
50 119,40 5,43 10,90
60 123,24 5,51 12,85
70 127,08 5,58 14,74
80 130,90 5,66 16,56
90 134,71 5,73 18,31
100 138,51 5,8 20,00
Tabela 2 - Valores de resistência, Tensão de saída e corrente coletados
A Tabela 2 amplia o escopo de dados ao correlacionar a temperatura e a resistência com
a tensão de saída e a corrente de saída correspondente.
Analisando as tabelas apresentadas, podemos discutir a relação entre a temperatura e as
propriedades elétricas do sensor PT-100. A primeira tabela mostra um aumento linear
da resistência com a temperatura, que é característico dos sensores de temperatura do
tipo RTD (Detector de Temperatura Resistivo). A corrente do PT-100 também aumenta
com a temperatura, o que é esperado, considerando que a tensão aplicada permanece
constante.
A segunda tabela, correlaciona a temperatura com a resistência do sensor, a tensão de
saída e a corrente de saída em um circuito específico. Nota-se que a tensão de saída
parece aumentar ligeiramente com o aumento da temperatura, o que pode ser atribuído
ao aumento da resistência do PT-100. Este comportamento é típico de um circuito onde
o sensor RTD é usado em conjunto com um circuito condicionador de sinal para
converter a variação da resistência em um sinal de tensão.
Comparando os dados calculados com os dados de simulação, a consistência observada
reforça a precisão do modelo utilizado e a validade das simulações
Para ilustrar e melhor compreender as relações entre as variáveis do circuito com
a variação da temperatura, os seguintes gráficos são apresentados.

Figura 9 - Gráfico Variação da Resistência x Tensão de Saída


O Gráfico Figura (9) Tensão x Resistência demonstra a correlação direta entre a tensão
aplicada e a resistência do sensor PT-100, o que é esperado, visto que o PT-100 é um
sensor de temperatura resistivo que altera sua resistência de forma previsível com a
temperatura.
Figura 10 - Gráfico Variação de Tensão x Corrente

O Gráfico Figura (10) Tensão x Corrente exibe a relação entre a tensão aplicada e a
corrente de saída, oferecendo uma visualização do comportamento do sensor e do
circuito eletrônico associado em função da variação térmica. Através destes gráficos,
pode-se verificar a linearidade das respostas do sensor, bem como a precisão do circuito
em converter as variações de resistência em sinais elétricos utilizáveis.

6. CONCLUSÃO
Com base nas análises realizadas e nas informações extraídas tanto dos cálculos
quanto das simulações, pode-se concluir que o sensor PT-100 demonstrou uma resposta
linear e previsível ao longo de uma ampla faixa de temperatura, como evidenciado pelos
dados tabelados e corroborado pelos gráficos apresentados. A correspondência próxima
entre os valores calculados teoricamente e os obtidos através da simulação reforça a
validade do modelo matemático adotado e a eficácia das simulações em prever o
comportamento real do circuito.
Os gráficos Tensão x Resistência e Tensão x Corrente confirmam uma relação linear
entre as variáveis, o que é característico dos sensores RTD e desejável para aplicações
que exigem alta precisão e confiabilidade. A consistência dos resultados sugere que o
circuito projetado é robusto e capaz de operar de forma eficiente dentro das
especificações para as quais foi concebido.
Essa consistência também indica que as suposições feitas durante a fase de projeto são
válidas e que o circuito, quando implementado, deverá apresentar um desempenho
similar ao modelado pelas simulações. Isso é essencial para aplicações práticas onde a
precisão da medição de temperatura é crítica.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] LUDWIG, R.; BOGART, T. "Fundamentals of Analog Circuits." Pearson, 2nd
edition, 2000.
[2] ALLEN, P. E.; HOLBERG, D. R. "CMOS Analog Circuit Design." Oxford
University Press, 3rd edition, 2011.
[3] GRAY, P. R.; HURST, P. J.; LEWIS, S. H.; MEYER, R. G. "Analysis and Design
of Analog Integrated Circuits." Wiley, 5th edition, 2009.
[4] KENNEDY, G. "Electronic Communication Systems." McGraw-Hill Education, 4th
edition, 2000.
[5] LIAO, S. Y. "Microwave Circuit Analysis and Amplifier Design." Prentice-Hall,
1987.
[6]BOWICK, C. "RF Circuit Design." Newnes, 2nd edition, 2007.

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