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5.

Medições com Pontes

5.1 INTRODUÇÃO

As pontes são usadas para medições precisas de valores de componentes de circuitos


elétńcos. A forma mais simples de ponte é a de Wheatstone usada na medição precisa da
resistência elétrica. Existem pontes modificadas para as medições de indutância, capacitância,
admitância, condutância e outros parâmetros relacionados com impedância.
Medições de impedância em altas freqüências são feitas com pontes de corrente alternada.
O circuito em ponte é a base de vários métodos de mediçáo e de interface para muitos
transdutores. Medições precisas de componentes podem ser feitas através de pontes totalmente
automatizadas. Neste capítulo, serão abordadas as medições com pontes CC e CA. Será
dada atenção às medições utilizando o terminal de guarda e as medições de resistência com três
terminais.

5.2 PONTE WHEATSTONE

5.2.1 Operação Básica

A Fig. 5. I mostra o diagrama esquemático do circuito de uma ponte de Wheatstone. A


ponte tem quatro-braços resistivos, uma fonte de tensão CC e um detector de zero que,
usualmente , é um galvanômetro de zero central, podendo ainda ser um outro dispositivo
detector de corrente. A intensidade da corrente elétrica do detector de zero depende da diferença
de potencial entre os pontos C e D. A ponte é dita equilibrada quando a diferença de potencial
(ddp) através dos pontos C e D é nula; assim, não há corrente através do detector de zero. Esta
condição ocorre quando a tensão entre os pontos D e A se iguala à tensâo entre os pontos C e A.
ou, em referência ao outro terminal de bateria quando a tensão entre os pontos C e B é igual a
tensão entre os pontos D e B. Deste modo, a ponte fica em equilíbrio quando

𝐼1 𝑅1 = 𝐼2 𝑅2 (5.1)
Fig. 5.1 Ponte de Wheatstone usada para
medição precisa de resistências variando de
frações de ohm até megaohms. A chave
seletora de faixas modifica a escala em
termos de múltiplos de dez.

Se a intensidade de corrente através do galvanômetro é zero, as condições abaixo


também existem:
𝐸
𝐼1 = 𝐼3 = 𝑅 +𝑅 (5.2)
1 3
e
𝐸
𝐼2 = 𝐼4 = 𝑅 (5.3)
2 +𝑅4

A combinação das duas equações acima dá


𝑅1 𝑅2
𝑅1 +𝑅3
=𝑅 (5.4)
2 +𝑅4
da qual se obtém
𝑅1 𝑅4 = 𝑅2 𝑅3 (5.5)

A equação (5.5) é a conhecida expressão de equilíbrio da ponte de Wheatstone. Se três das


resistências têm valores conhecidos, o quarto valor pode ser determinado através da equação
(5.5). Portanto, se o resistor 𝑅4 é desconhecido, sua resistência 𝑅𝑥 pode ser calculada por

𝑅
𝑅𝑥 = 𝑅3 𝑅2 (5.6)
1
Os resistores 𝑅1 e 𝑅2 determinam a extensão da escala da ponte, enquanto o resistor 𝑅3 é
o braço de referência da ponte.
A medição da resistência desconhecida 𝑅𝑥 é independente da calibração do galvanômetro
detector de zero, desde que o detector possua sensibilidade suficiente para indicar a posição de
equilíbrio dentro do grau de precisão exigido.

5.2.2 Erros nas Medições

A ponte de Wheatstone é adequada para a medição de resistências entre 1 𝛺 e 1 𝑚 𝛺. A


maior fonte de erros são os três resistores da ponte. Além deste, outros erros podem ocorrer, tais
como:
(a) Baixa sensibilidade do detector de zero. Na Seção 5.2.3, este problema será
amplamente abordado.
(b) Variações dos resistores. O efeito térmico (I²R) pode modificar os valores das
resistências da ponte. Um aquecimento excessivo pode mascarar a medição da
resistência e também modificar permanentemente o valor das resistências. A
dissipação de potência nos resistores da ponte deve ser prevista antes da execução da
medida, sobretudo se for necessário medir valores baixos de resistências. A
intensidade de corrente deve, então, ser limitada a valores seguros.
deve ser prevista antes da execução da medida, sobretudo se for necessário medir valores baixos
de resistências. A intensidade da corrente deve, então, ser limitada a valores seguros.
(c) Efeitos termoelétricos no circuito da ponte podem causar problemas de medição
quando baixos
valores de resistência são medidos. Para evitar tais problemas, os galvanômetros mais sensíveis
têm bobinas e sistemas de suspensão de cobre. Não havendo metais diferentes em contato no
circuito, os efeitos termoelétricos indesejáveis não ocorrem.
(d) Erros devidos às resistências dos cabos e às resistências dos contatos dos terminais de
ligação da ponte aos resistores sob medição. Estes erros podem ser minimizados pela utilização
da ponte de Kelvin (ver Seção 5.3)

5.2.3 Circuito Equivalente de Thévenin

Para determinar se um galvanômetro é suficientemente sensível para detectar uma


condição de desequilíbrio, é necessário calcular a intensidade da corrente através do
galvanômetro detector de zero. Sem um cálculo prévio, é impossível dizer se determinado
galvanômetro é adequado para detectar um certo desequilíbrio da ponte. Para resolver o
problema da sensibilidade, o circuito da ponte visto na Fig. 5.1 é convertido no seu circuito
equivalente de Thévenin, e o problema é abordado, considerando-se um pequeno desequilíbrio.
Como o nosso interesse é calcular a corrente no galvanômetro, o circuito equivalente de
Thévenin é determinado a partir dos pontos c e d na Fig. 5.1. O primeiro passo é determinar a
tensão equivalente entre os pontos c e d, quando o detector de zero é removido do circuito, ou
seja, com os terminais c e d em circuito aberto. O segundo passo é determinar a resistência
equivalente vista dos pontos c e d com a fonte de alimentação substituída por sua resistência
interna. Os diagramas da Fig. 5.2

(a) Configuração da ponte de Wheatstone.

(b) Resistência de Thévenin vista dos pontos c e d.

(c) Circuito equivalente de Thévenin, com


o galvanômetro conectado nos pontos c e d.

Fig. 5.2 Aplicação do teorema de Thévenin ao circuito da ponte de Wheatstone. (a), (b) e (c).
ilustram o processo de obtenção do circuito equivalente de Thévenin, a partir do circuito da
ponte observado na Fig. 5.1.
A tensão equivalente de Thévenin (ou tensão de circuito aberto) pode ser calculada com
referência à Fig. 5.2 (a)
𝐸𝑐𝑑 = 𝐸𝑎𝑐 − 𝐸𝑎𝑑 = 𝐼1 𝑅1 − 𝐼2 𝑅2
onde
𝐸 𝐸
𝐼1 = e 𝐼2 =
𝑅1 + 𝑅3 𝑅2 + 𝑅34

Portanto
𝑅1 𝑅2
𝐸𝑐𝑑 = 𝐸 ( − )
𝑅1 + 𝑅3 𝑅2 + 𝑅4
(5.7)
Essa é a tensão equivalente de Thévenin.
A resistência do circuito equivalente de Thévenin é a resistência “vista” dos terminais c e d
com a fonte de alimentação substituída pela sua resistência interna. A Fig. 5.2 (b) representa a
resistência equivalente de Thévenin. O circuito pode ser convertido em uma outra forma mais
conveniente através do teorema da transformação delta-ípsilon.Os leitores interessados nesta
abordagem deverão procurar textos de análise de circuitos. * Entretanto, na maioria dos casos, a
resistência interna da fonte de tensão cc pode ser desprezada por seu valor muito baixo, o que
simplifica o problema consideravelmente.
Na Fig. 5.2 (b), a bateria de alimentação é substituída por um curto-circuito (porque a sua
resistência interna foi considerada nula) entre os pontos a e b. A resistência equivalente de
Thévenin torna-se
𝑅1 𝑅3 𝑅2 𝑅4
𝑅𝑇𝐻 = −
𝑅1 + 𝑅3 𝑅2 + 𝑅4
(5.8)
O circuito equivalente de Thévenin para a ponte de Wheatstone reduz-se então a um gerador de
Thévenin com uma força eletromotriz dada pela equação (5.7) e uma resistência interna dada
pela equação (5.8). Isto é mostrado na Fig. 5.2 (c).
Quando o detector de zero é ligado aos terminasi c e d do equivalente de Thévenin, a
intensidade da corrente no galvanômetro é dada por
𝐸𝑇𝐻
𝐼𝑔 =
𝑅𝑇𝐻 + 𝑅𝑔
(5.9)
Onde 𝐼𝑔 e 𝑅𝑔 são a corrente e a resistência interna do galvanômetro detecdor de zero,
respectivamente.

EXEMPLO 5.1
A Fig. 5.3 (a) mostra o diagrama de uma ponte de Wheatstone. A tensão de alimentação é 5V e a
resistência interna é desprezível. A sensibilidade do galvanômetro vale 10/mmµA e a sua
resistência interna é de 100Ω. Calcule a deflexão do galvanômetro causada pelo desequilíbrio de
uma resistência de 5Ω no braço BC da ponte.

SOLUÇÃO
A ponte está equilibrada quando a resistência do braço BC vale 2.000Ω. A resistência de 2.005Ω
do braço BC apresenta um pequeno desequilíbrio, porque 5Ω < 2.000Ω. O primeiro passo para
resolver o problema é converter o circuito no seu equivalente Thévenin. Removendo o
galvanômetro do circuito, a diferença de potencial entre os pontos B e D é dada por ≅

100 1000
𝐸𝑇𝐻 = 𝐸𝐴𝐷 − 𝐸𝐴𝐵 = 5𝑉 ∗ ( − ) ≅ 2,77 mV
100+ 200 1.000+ 2.005
O segundo passo é a obtenção da resistència de Thévenin vista dos pontos Be D, com a
bateria substituida por um curto-circuito. O circuito é representado pela configuração da Fig. 5.3
100 x 200 1.000 x 2.005
(b). 𝑅𝑡ℎ = 300 + = 734 Ω
3.005

O circuito equivalente de Thévenin é visto na Fig. 5.2 (c). Quando o galvanometro é


ligado com terminais do circuito equivalente, a intensidade da corrente no detector é
Eth 2,77mV
𝐼𝑔 = = = 3,32 µ𝐴
Rth + Rg 734Ω + 100Ω

Portanto a deflexão do galvanômetro é dada por


10 𝑚𝑚
𝑑 = 3,34µ𝐴 𝑥 = 33,2 𝑚𝑚
µA
Neste ponto o mérito do Teorema de Thévenin torna-se evidente. O cálculo da deflexão de
qualquer outro galvanometro que seja usado fica muito simplificado, como se vê claramente na
Fig. 5.3 (c). Por outro lado, se a sensibilidade do galvanômetro é conhecida, pode-se calcular a
tensão necessária para produzir uma unidade de deflexão no galvanometro (p. ex.. 1 mm) ou, em
outras palavras, pode-se calcular a resolução da ponte de Wheatstone. Esse valor é importante
quando queremos determinar a sensibilidade da ponte e um desequilíbrio, ou uma resposta à
questão: "O galvanômetro relacionado é capaz de detectar um certo desequilibrio?" O Método
de Thévenin é útil para o cálculo da resposta do galvanometro, o que em muitos casos é de
interesse fundamental.

(a) Ponte de Whesatone

(b)Calculo de Resistência Equivalente Thévenin

(c) Circuito Equivalente de Thévenin

Sensibilidade do galvanômetro = 10 mm/µA

Fig. 5.3 Cálculo de deflexão do galvanometro de uma ponte de Wheatstone, causada por
pequeno desequilibrio no braço BCA abordagem utiliza o teorema de Thevenin.
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EXEMPLO 5.2

O galvanômetro do Exemplo 5.1 é substituído por outro com resistência interna de 5000 e sensibilidade de 1
mm/gA. Assumindo que uma deflexão de 1 mm na escala do galvanômetro pode ser observada, verifique se pode
ser detectado um desequilíbrio de 5-0) no braço BC da ponte da Fig. 5.3 (a).

SOLUÇÃO

O circuito equivalente de Thévenin é o mesmo do Exemplo 5.1. Assim,

𝐸𝑇𝐻 2,77 𝑚𝑉
𝐼𝑔 = = = 2,24 µ𝐀
𝑅𝑇𝐻 + 𝑅𝑔 734 𝛺 + 500 𝛺

A deflexão do galvanômetro é dada por d = 2,24 µ𝐀 x 1 mm/µ𝐀 = 2,24 mm, o que é facilmente
observável.

A ponte de Wheatstone é limitada à faixa que vai desde alguns ohms até alguns megaohms. O limite superior
é determinado pela redução da sensibilidade ao desequilíbrio causado por valores elevados de resistência, porque a
resistência equivalente de Thévenin da Fig. 5.3 (c) também é alta, o que reduz a corrente do galvanômetro. O limite
inferior é determinado pelas resistências dos cabos de ligação e pelas resistências de contato. As resistências dos
cabos podem ser calculadas ou medidas, e os resultados da medição podem ser compensados. Entretanto,
resistências de contato são difíceis de serem calculadas ou medidas. Para a medição de baixos valores de
resistência, é preferível utilizar-se a ponte de Kelvin.

5.3 PONTE DE KELVIN

5.3.1 EFEITOS DOS CABOS DE CONEXÃO

A ponte de Kelvin é uma ponte modificada de Wheatstone, a qual fornece um meio mais acurado para a
medição de baixos valores de resistências, normalmente menores do que 1 𝛺. Considere o circuito da Fig. 5.4, onde
𝑅𝑦 , representa a resistência do cabo de ligação de 𝑅3 + 𝑅𝑥 . O detector de zero pode ser ligado no ponto m ou no
ponto n. Se a ligação é no ponto m, a resistência 𝑅𝑌 , é adicionada à resistência desconhecida 𝑅𝑥 , resultando num
valor superior ao de 𝑅𝑥 . Se a ligação é feita no ponto n, 𝑅𝑌 , é adicionada ao braço de 𝑅3 , resultando num valor
inferior ao de 𝑅𝑥 , porque 𝑅3 , fica maior do que seu valor nominal. Se o galvanômetro detector de zero for ligado ao
ponto p, entre m e n, de forma que as resistências de n para p e de m para p sejam tais que

𝑅𝑛𝑝 𝑅1
= (5.1)
𝑅𝑚𝑝 𝑅2

A equação do equilíbrio da ponte assegura que

𝑅1
𝑅𝑥 + 𝑅𝑛𝑝 = (𝑅 + 𝑅𝑚𝑝 )
𝑅2 3

Fig. 5.4 Ponte de Wheatstone mostrando a resistência R, entre os pontos m e n.


Medições com Ponte Cap. 5

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Substituindo a equação (5.10) na equação (5.11), obtemos

𝑅1 𝑅1 𝑅2
𝑅𝑋 + ( ) 𝑅𝑦 = [𝑅3 + ( )𝑅 ] (5.12)
𝑅1 + 𝑅2 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2 𝑦
que se reduz a
𝑅1
𝑅𝑥 = 𝑅 (5.13)
𝑅2 3
A equação (5.13) é a equação de equilíbrio desenvolvida para a ponte de Wheatstone. Ela
indica que o efeito da resistência do fio de ligação do ponto m ao ponto n foi eliminado pela
ligação do detector de zero do ponto intermediário p.
Este desenvolvimento estabelece a base para a construção da ponte dupla de Kelvin,
normalmente conhecida como ponte de Kelvin.

5.3.2 Ponte Dupla de Kelvin


O termo ponte dupla é usado porque o circuito contém um segundo conjunto de braços,
como é mostrado no diagrama da Fig. 5.5. Este segundo conjunto de braços, denominados a e b
no diagrama, liga o detector de zero ao ponto p que está em um potencial apropriado entre m e n
e elimina o efeito indesejável da resistência Ry. Uma condição inicialmente estabelecida é que a
razão entre as resistências dos braços a e b seja a mesma que a razão entre R1 e R2.
A indicação do galvanômetro será zero quando o potencial em k igualar o potencial em p,
ou quando Ekl = Eimp, onde

𝑅2 𝑅2 (𝑎 + 𝑏)𝑅𝑦
𝐸𝑘𝑙 = 𝐸= 𝐼 [𝑅3 + 𝑅𝑋 + ] (5.14)
𝑅1 + 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦

𝑏 (𝑎 + 𝑏)𝑅𝑦
𝐸𝑙𝑚𝑝 = 𝐼 {𝑅3 + [ ]} (5.15)
𝑎 + 𝑏 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦

Como Ekl = Elmp,

𝑅2 (𝑎 + 𝑏)𝑅𝑦 𝑏 (𝑎 + 𝑏)𝑅𝑦
𝐼 [𝑅3 + 𝑅𝑋 + ] = 𝐼 [𝑅3 + ∙ ]
𝑅1 + 𝑅2 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦 𝑎 + 𝑏 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦

Fig. 5.5 Circuito básico da ponte dupla de Kelvin.

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PÁGINA 8(84) – ALUNO:

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Simplificando, obtemos
(𝑎 + 𝑏) 𝑅𝑦 𝑅 1 + 𝑅2 𝑏 𝑅𝑦
𝑅3 + 𝑅𝑥 + = [𝑅3 + ]
𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦 𝑅2 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦
e expandindo o membro à direita
(𝑎 + 𝑏) 𝑅𝑦 𝑅1 𝑅3 𝑅1 + 𝑅2 𝑏 𝑅𝑦
𝑅3 + 𝑅𝑥 + = + 𝑅3 + .
𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦 𝑅2 𝑅2 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦
Resolvendo para 𝑅𝑥
𝑅1 𝑅3 𝑅1 𝑏 𝑅𝑦 𝑏 𝑅𝑦 (𝑎 + 𝑏 ) 𝑅𝑦
𝑅𝑥 = + + + −
𝑅2 𝑅2 𝑎 + 𝑏 + 𝑅 𝑦 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦 𝑎 + 𝑏 + 𝑅𝑦
de forma que
𝑅 𝑅 𝑏𝑅 𝑅 𝑎
𝑅𝑥 = 1𝑅 3 + 𝑎+ 𝑏+𝑦 𝑅 (𝑅1 − 𝑏 ) (5.16)
2 𝑦 2
Usando a condição inicialmente estabelecida, ou seja, a/b = 𝑅1 / 𝑅2 , verifica-se que a equação
(5.16) reduz-se à relação conhecida.
𝑅
𝑅𝑥 = 𝑅3 𝑅1 (5.17)
2
A equação (5.17) indica que a resistência indesejável das ligações não tem nenhum efeito sobre
a condição, o que é garantido por causa da relação a/b = 𝑅1 / 𝑅2
A ponte de Kelvin é utilizada para a medição de baixos valores de resistências compreendidos
entre 0,00001Ω e 1Ω. A Fig. 5.6 mostra um circuito simplificado de uma ponte de Kelvin
comercial,

Fig. 5.6 Circuito simplificado de uma ponte de Kelvin para a medição de baixos valores de
resistências.

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capaz de medir resistências de 0,00001Ω até 10Ω. Nesta ponte, a resistência R3, da equação
(5.17) é representada pelo resistor-padrão variável. Os braços de R1, e R2, podem ser chaveados
em passos de décadas.
A queda de tensão nas resistências de contato pode causar graves erros. Para reduzir este
efeito, são utilizados um resistor-padrão com nove passos de 0,001Ω cada, mais uma barra
calibrada de manganina de 0,0011Ω com um contato deslizante. A resistência total do braço de
R3, totaliza 0,0101 e é variável em passos discretos de 0,001Ω, mais frações de 0,0011Ω do
contato deslizante. Quando ambos os contatos são chaveados para selecionarem um valor
adequado do resistor-padrão, a queda de potencial no ponto de ligação entre os braços é
modificada, mas a resistência total no circuito da bateria permanece constante. Este arranjo
coloca qualquer resistência de contato em série com resistências de valores relativamente mais
elevados, e, assim, os seus efeitos podem ser negligenciados.
A razão R1/R2, deve ser selecionada de forma que grande parte do resistor-padrão seja
usada no circuito de medição. Assim, o valor da resistência desconhecida R1, é determinado
com o maior número possível de algarismos significativos, o que melhora a exatidão da medida.

5.4 PONTE DE WHEATSTONE PROTEGIDA DE CORRENTES ESPURIAS

5.4.1 Circuitos de Guarda


As medições de valores elevados de resistências, como, p. ex., a resistência de
isolamento de um cabo ou a resistência de fuga de um capacitor (normalmente da ordem de
centenas de megaohms), estão além da capacidade de uma ponte de Wheatstone comum. Um
dos maiores problemas que ocorre neste tipo de medida é a corrente de fuga através do
componente ou correntes espúrias na superfície dos componentes sob teste, ou sobre os
terminais da ponte que ligam o componente ao instrumento. ou ainda no interior do instrumento.
Estas correntes de fuga são indesejáveis porque podem entrar no circuito de medição e afetar
consideravelmente a exatidão das medidas. Correntes de fuga ou correntes superficiais são
indesejáveis em circuitos de medição de altas resistências, onde tensões elevadas são necessárias
para que haja deflexões razoáveis em condições de desequilíbrio. Além disso, esses efeitos
variam de um dia para o outro, dependendo da temperatura ambiente e da umidade relativa do
ar.
Os efeitos destes caminhos de fuga são minimizados através de um terminal especial que
desvia o fluxo indesejável de cargas para um outro circuito diferente do circuito de medição.
Tais circuitos de desvio são chamados circuitos de guarda. A Fig. 5.7 ilustra o princípio de
funcionamento de tais circuitos. Sem o circuito de guarda, a corrente de fuga I1, da superfície
isolada do terminal de conexão é adicionada à corrente I1, através do componente sob teste,
produzindo uma intensidade de corrente maior do que a corrente I1, O condutor de guarda evita
que as cargas superficiais fluam através do circuito de medição: as cargas são reconduzidas a
bateria. O posicionamento do circuito de guarda deve ser tal que a corrente de fuga seja
interceptada por ele e impedida de entrar no circuito da ponte.

Fig. 5.7 Ponte de Wheatstone com proteção simples de um condutor guarda no terminal Rx. Correntes de fuga
superficiais são eliminadas.

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Fig. 5.8 O terminal de guarda retorna as cargas espúrias à bateria.

No diagrama da Fig. 5.8, o guarda ao redor do elemento de ligação de 𝑅𝑥 à ponte,


indicado por pequeno círculo em torno do terminal, não tem contato com parte alguma do
circuito da ponte, e está diretamente ligado ao terminal positivo da bateria. Este princípio de
proteção pode ser aplicado em qualquer ponto onde uma corrente espúria possa afetar a
medição; por isso, dizemos que a ponte é uma ponte de Wheatstone protegida de correntes
espúrias.

5.4.2 Resistência com Três Terminais

Para evitar os efeitos de correntes de fuga externas ao circuito da ponte, a junção dos
braços 𝑅𝐴 e 𝑅𝐵 emergem com um terminal de guarda no painel frontal do instrumento. Este
terminal de guarda pode ser utilizado para a ligação do resistor com três terminais, como é
mostrado na Fig. 5.9.
A resistência de valor elevado é ligada em dois terminais isolantes atarraxados à placa de metal.
Os

(a) Resistência de Três Terminais

(b) Circuito Ponte com Guarda

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Fig. 5.9 Resistor de três terminais ligados ao terminal guarda de uma ponte de alta tensão para a medição de
megaohms.
dois terminais principais do resistor são ligados à 𝑅𝑥 , de forma usual na ponte de Wheatstone. O
terceiro terminal do resistor é o ponto comum das resistências 𝑅1 e 𝑅2 , que representam os
caminhos de fuga (ou resistência de fuga) dos terminais principais aos isolantes, ou guarda. O
guarda é ligado ao terminal guarda no painel frontal do instrumento, como indicado na Fig. 5.9.
Tal ligação coloca 𝑅1 em paralelo
com o braço 𝑅𝐴 , mas o efeito de derivação é irrelevante porque 𝑅1 >> 𝑅𝐴 . Analogamente, a
resistência 𝑅2 fica em paralelo com o galvanômetro, mas 𝑅2 é muito maior do que a resistência
do galvanômetro, de forma que o efeito é apenas uma pequena redução na sensibilidade do
detector de zero. Assim, os efeitos de caminhos de fuga externos são removidos.
Se o circuito de guarda não fosse usado, as resistências de fuga 𝑅1 e 𝑅2 estariam ligadas
diretamente com 𝑅𝑥 , o que introduziria erro considerável na medida desta última. Admitindo, p.
ex., que a resistência desconhecida seja 100 𝑀𝛺, e que a resistência de fuga de cada terminal ao
ponto de guarda seja também 100 𝑀𝛺, a resistência 𝑅𝑥 teria valor medido de 100 𝑀𝛺, ou seja,
um erro de aproximadamente 33%.

5.5 PONTES DE CORRENTE ALTERNADA E APLICAÇÕES

5.5.1 Condições de Equilíbrio das Pontes CA


A ponte ca é uma evolução natural das pontes cc. Consiste basicamente em quatro braços,
uma fonte de excitação e um detector de zero. A fonte de excitação produz tensão ca para a
ponte, na frequência desejada. Para medições em baixas frequências, é possível a alimentação
direta da rede. Em frequências mais elevadas, um oscilador fornece o sinal de excitação da
ponte. O detector de zero deve ser capaz de detectar desequilíbrios ca, e uma escolha econômica
(mas eficiente) é o fone de ouvido. Em outras aplicações, o detector de zero pode ser um
amplificador de tensão ca com algum medidor na saída, ou um tubo de raios catódicos.
A forma geral de uma ponte ca é mostrada na Fig» 5.10. Os quatro braços da ponte, 𝑍1 ,
𝑍2 , 𝑍3 , e 𝑍4 , são impedâncias quaisquer, e o detector é representado por um fone de ouvido. A
condição de equilíbrio é obtida de forma similar à que ocorre na ponte de Wheatstone, ou seja,
quando a resposta do detector é nula. O ajuste para a obtenção da condição de equilíbrio é feito
pela variação da impedância de um ou mais braços, da ponte.
A equação geral do equilíbrio da ponte é obtida utilizando-se notação complexa para as
impedâncias do circuito. (Utiliza-se negrito para indicar grandezas em notação complexa). Estas
grandezas podem ser impedâncias, admitâncias, voltagens ou correntes. A condição de
equilíbrio da ponte requer que a diferença de potencial entre A e C na Fig. 5.10 seja zero. Isto
acontece quando a queda de potencial de B para A é igual à queda de potencial de B para C,
tanto em módulo quanto em fase. Utilizando: notação complexa, escreve-se
⃗ 𝐵𝐴 = 𝐄
𝐄 ⃗ 𝐵𝐶 ou ⃗ 1 = 𝐈2 𝐙
𝐈1 𝐙 ⃗2 (5.18)

Na condição de equilíbrio, as correntes são



𝐄
⃗1 =
𝐈1 𝐙 (5.19)
⃗ 1+ 𝐙
𝐙 ⃗3

Fig.5.10 Forma geral da ponte de corrente alternada.

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e
𝑬
𝑰𝟐 =
𝒁𝟏 + 𝒁𝟐
(5.20)
Substituindo as equações (5.19) e (5.20) em (5.18), obtém-se
𝒁𝟏 𝒁𝟒 = 𝒁𝟐 𝒁𝟒
(5.21)
ou, se forem usadas admitâncias
𝒀𝟏 𝒀𝟒 = 𝒀𝟐 𝒀𝟒
(5.22)
A equação (5.21) é a mais utilizada e conhecida como a equação geral de equilíbrio de uma
ponte ca.
A equação (5.21) nos diz que o produto das impedâncias de um par de braços opostos
deve
ser igual ao produto das impedâncias de outro par, com as impedâncias expressas em notação
complexa.
Se a impedância é escrita na forma Z= Z∠φ, onde Z representa o módulo, e φ o ângulo de fase
da impedância complexa, a equação (5.21) torna-se
(| 𝑧1 |∠𝜑1 )(| 𝑧4 |∠𝜑4 ) = (| 𝑧2 |∠𝜑2 ) (| 𝑧3 |∠𝜑3 )
(5.23)
Como na multiplicação de números complexos os módulos são multiplicados e os ângulos de
fase somados,reescrevemos
| 𝑧1 || 𝑧4 |∠𝜑1 + 𝜑4 = | 𝑧2 || 𝑧3 |∠𝜑2 + 𝜑3
(5.24)
A equação (5.24 mostra que duas condições devem ser satisfeitas simultaneamente para que a
condição de equilíbrio seja atingida. A primeira delas é que

| 𝑧1 || 𝑧4 | = | 𝑧2 || 𝑧3 |
(5.25)
ou seja,
Os produtos dos módulos das impedâncias em braços opostos devem ser idênticos.A
segunda condição é que.
𝜑1 + 𝜑4 = 𝜑2 + 𝜑3
(5.26)
ou seja,
As somas dos ângulos da fase das impedâncias em braços opostos devem ser idênticas.
5.5.2 Aplicações.das Equações de Equilíbrio de Uma Ponte CA
As duas condições de equilíbrio expressas em (5.25) e (5.26) podem ser aplicadas
quando as impedâncias dos braços da ponte são dadas em notação polar, com módulo e ângulo
de fase. Mas, muitas vezes, os valores dos componentes dos braços são dados, e o problema é
resolvido escrevendo-se a equação de equilíbrio em forma complexa. O exemplo seguinte ilustra
o procedimento.
EXEMPLO 5.3
Às impedâncias da ponte ca da Fig. 5.10 são dadas por:

𝑧1 = 100 Ω∠80º (impedância indutiva)


𝑧2 = 250 Ω∠ (resistência pura)
𝑧3 = 400 Ω∠30° (impedância indutiva)
𝑧4 = desconhecida

Determine os parâmetros do braço desconhecido.

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SOLUÇÃO

A primeira condição de equilíbrio requer que


|Z1|*|Z4|=|Z2|*|Z3|
Substituindo os módulos, e resolvendo pra Z4, obtemos

|𝑍2|∗|𝑍3| 250𝑥400
Z4 = |𝑍1|
= 100
= 1.000Ω
A segunda condição de equilíbrio da ponte requer que as somas dos ângulos da fase dos braços opostos
sejam iguais ou
𝜃1 + 𝜃4 = 𝜃2 + 𝜃3
(5.26)

Substituindo os valores conhecidos dos ângulos da fase, e resolvendo para TETA, obtemos

𝜃4 = 𝜃2 + 𝜃3 − 𝜃1 = 0 + 30° − 80° = −50°

De forma que a impedância desconhecida Z4, pode ser escrita em forma polar como

Z4= 1000Ω/-50°

Indicando que se trata de um elemento capacitiva, possivelmente consistindo em uma combinação em


série de um resistor e um capacitor.

O problema é um pouco mais complexo quando os valores dos componentes dos braços são
especificados, e as impedâncias devem ser expressas em notação complexa. Neste caso, as reatâncias
capacitivas ou indutivas só podem ser calculadas quando a frequência da voltagem de excitação é
conhecida, como no Exemplo 5.4.

EXEMPLO 5.4

A ponte CA da figura 5.10 está em equilíbrio. Os componentes dos braços são dados por braços AB, R=
450Ω: braço BC, R= 300Ω em série com C = 0,265 𝜇F; Braço CD, desconhecido, braço DA, R=200Ω em
serie com L = 15mH. Determine os componentes do braço CD, sabendo que a frequência da excitação é
1 kHz.
SOLUÇÃO
A equação geral do equilíbrio da ponte CA estabelece que

Z1*Z4=Z2*Z3
𝑍1= 𝑅 = 450Ω
𝑍2= 𝑅 − 1/𝜔𝐶 = (300 − 𝑗600)𝛺
(5.21)
𝑍3= 𝑅 + 𝑗𝜔𝐿 = (200 − 𝑗100)Ω
𝑍4= é 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎

Substituindo os valores dados na equação (5.21), e resolvendo para o braço desconhecido, obtém-se

450∗(200+𝑗100)
𝑍4= = −𝑗150Ω
300−𝑗600

Este resultado indica que Z4 é uma indutância pura com reatância indutiva de 150Ohm na frequência de
1kHz. Como a reatância indutiva é dada por XL = 1𝜋𝑓L, conclui-se que L=23,9mH

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5.6 PONTE DE MAXWELL

A ponte de Maxwell, esquematizada na Fig. 5.11, é utilizada para a medição de uma


indutância desconhecida em função de uma capacitância conhecida. Um dos braços tem um
resistor ou um capacitor em paralelo e a utilização da admitância do braço 1 simplifica o
trabalho de cálculo.
Da equação (5.21), obtemos
⃗⃗⃗⃗
𝑍𝑥 = ⃗⃗⃗⃗
𝑍2 . ⃗⃗⃗⃗
𝑍3 . ⃗⃗⃗
𝑌1 (5.27)

onde ⃗⃗⃗
𝑌1 , é a admitância do braço 1 da ponte. Da Fig. 5.11, obtém-se
1
⃗⃗⃗⃗
𝑍2 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅2 ; ⃗⃗⃗⃗
𝑍3 . ⃗⃗⃗⃗
𝑅3 ; e ⃗⃗⃗
𝑌1 = 𝑅 + j𝜔𝐶1
1

Substituindo esses valores na equação (5.27), temos


1
⃗⃗⃗⃗
𝑍𝑥 = 𝑅𝑥 + j𝜔𝐿𝑥 = 𝑅2 . 𝑅3 . (𝑅 . j𝜔𝐶1 ) (5.28)
1

Separando os termos reais dos termos imaginários, obtemos


𝑅 .𝑅
𝑅𝑥 = 2𝑅1 3 (5.29)
e
𝐿𝑥 = 𝑅2 . 𝑅3 . 𝐶1 (5.30)
onde as resistências são expressas em ohms, indutâncias em henrys e as capacitâncias em farads.
A ponte de Maxwell é limitada à medida de indutâncias de bobinas com fatores de
qualidade Q médios (1<Q<10). Isto pode ser mostrado, considerando-se a segunda condição de
equilíbrio, a qual diz que a soma dos ângulos de fase de um par de braços opostos deve ser igual
à soma dos ângulos de fase do outro par. Como a soma dos ângulos de fase dos braços resistivos
2 e 3 é zero, então a soma dos ângulos de fase dos braços 1 e 4 também deve ser zero. Uma
bobina de alto fator de qualidade (alto valor de 0) apresentará um ângulo de fase próximo de
+90° (positivo), o que requer um ângulo de fase no braço capacitivo próximo de -90° (negativo).
Isto, por sua vez, requereria altíssimos e impraticáveis valores de R₁. Assim, bobinas com altos
fatores de qualidade são medidas com um outro tipo de ponte ca chamada ponte de Hay, que
será vista na Seção 5.7.
A ponte de Maxwell também é inadequada para a medição de indutâncias em bobinas com
fatores Q muito baixos, por causa de problemas de convergência ao equilíbrio (Q < 1). Valores
muito baixos de Q ocorrem em resistores indutivos, p. ex., ou em bobinas de RF medidas em
baixas freqüências. Das equações para 𝑅𝑥 e 𝐿𝑥 vemos que o ajuste de 𝑅3 , para a obtenção do
equilíbrio perturba o balanceamento resistivo através de 𝑅1 , o que gera um fenômeno conhecido
como equilíbrio deslizante. O equilíbrio deslizante descreve a interação entre dois ajustes para a
obtenção do equilíbrio: ajusta-se 𝑅1 ; então ajusta-se 𝑅3 , e, ao retornar-se a 𝑅1 , um novo ponto
de equilíbrio é obtido. O ponto de equilíbrio

Fig. 5.11 Ponte de Maxwell para medição de indutâncias.

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parece deslocar-se para uma posição final, i. e., o ponto de equilíbrio desliza ou desloca-se para
um certo ponto, após muitos ajustes; daí o nome equilíbrio deslizante. Não ocorre interação
quando 𝐶1 e 𝑅1 são usados para a obtenção do equilíbrio, mas nem sempre um capacitor variável
é adequado.
Normalmente, para se equilibrar a ponte de Maxwell, ajusta-se primeiro 𝑅3 para
balanceamento indutivo e depois 𝑅1 para balanceamento resistivo. Voltando ao ajuste de 𝑅3 ,
nota-se que o balanceamento resistivo está sendo perturbado e desloca-se para um novo valor.
Este procedimento é repetido e dá uma lenta convergência ao equilíbrio ou balanceamento final.
Para fatores de qualidade médio, i.e., 1 < Q < 10, o efeito resistivo não é significativo, e assim o
equilibro é atingido após alguns poucos
ajustes.

5.7 PONTE DE HAY


A ponte de Hay vista na Fig. 5.12 difere da de Maxwell porque o resistor 𝑅1 está em
série com o capacitor-padrão 𝐶1 , em vez de estar em paralelo. Fica evidente que, para grandes
ângulos de fase, 𝑅1 deve ter baixo valor. A ponte de Hay é, portanto, mais conveniente para a
medição de indutâncias em bobinas de alto fator Q.
As operações de equilíbrio são novamente obtidas pela substituição dos valores das
impedâncias dos braços na equação geral de equilíbrio da ponte. Do circuito da Fig. 5.12,
obtemos
𝑗
𝑍1 = 𝑅1 − 𝜔𝐶 ; 𝑍2 = 𝑅2 ; 𝑍3 = 𝑅3 ; 𝑍𝑥 = 𝑅𝑥 + 𝑗𝜔𝐿𝑥
1
Substituindo estes valores na equação (5.21), obtemos

𝑗
(𝑅1 − ) (𝑅𝑥 + 𝑗𝜔𝐿𝑥 ) = 𝑅2 + 𝑅3
𝜔𝐶1
(5.31)
e portanto
𝐿𝑥 𝑗𝑅𝑥
𝑅1 𝑅𝑥 + − + 𝑗𝜔𝐿𝑥 𝑅1 = 𝑅2 𝑅3
𝐶1 𝜔𝐶1
Separando os termos reais e imaginários, obtemos
𝐿𝑥
𝑅1 𝑅𝑥 + = 𝑅2 𝑅3
𝐶1
(5.32)
E
𝑅𝑥
= 𝜔𝐿𝑥 𝑅1
𝜔𝐶1
(5.33)
Resolvendo as equações (5.32) e (5.33), simultaneamente temos
𝜔2 𝐶1 2 𝑅1 𝑅2 𝑅3
𝑅𝑥 =
1 + 𝜔 2 𝐶1 2 𝑅1 2
(5.34)

Fig. 5.12 Ponte de Hay para medição de indutâncias

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𝑅2 𝑅3 𝐶1
𝐿𝑥 =
1 + ω ² 𝐶1 ² 𝑅1 ²
(5.35)
Esta expressão para a indutância e resistência desconhecidas contém a freqüência angular
ω, e, portanto pareceria que a freqüência da fonte de excitação deve ser conhecida com exatidão.
Aas considerações a seguir mostram que isto não é verdade quando se mede a indutância de uma
bobina de alto 𝑄; uma vez que as somas de conjuntos opostos de ângulos de fase devem ser
iguais, o ângulo de fase do braço indutivo deve ser igual ao do braço capacitivo, já que os
ângulos resistivos são zero. A Fig. 5.13 mostra que a tangente da fase indutiva é
𝑋𝐿 ω𝐿𝑥
tan 𝜃𝐿 = = = 𝑄
𝑅 𝑅𝑥
(5.36)
e que a tangente da fase capacitiva é
𝑋𝐶 1
tan 𝜃𝐶 = =
𝑅 ω𝐶1 𝑅1
(5.37)
Quando os dois ângulos de fase são iguais , suas tangentes também o são, de forma que
1
tan 𝜃𝐿 = tan 𝜃𝐶 𝑜𝑢 𝑄 =
ω𝐶1 𝑅1
(5.38)
2 2 2
Voltando ao termo (1- ω . 𝐶1 . 𝑅1 ), que aparece nas equações (5.34) e (5.35), e usando a
equação (5.38) para obter 𝐿𝑥 ′ vemos que a equação (5.35) reduz-se a
𝑅2 𝑅3 𝐶1
𝐿𝑥 =
1 + (1/ 𝑄) ²
(5.39)
Para um valor de 𝑄 > 10, o termo (1/ 𝑄) ² será menor do que 1/100, e pode ser desprezado. A
equação (5.35), portanto, reduz-se à expressão derivada para a ponte de Maxwell,
𝐿𝑥 = 𝑅2 𝑅3 𝐶1
A ponte de Hay é adequada à medição de indutâncias em bobinas de alto fator 𝑄,
especialmente aquelas com 𝑄 > 10. Em casos onde 𝑄 < 10, o termo (1/ 𝑄)² não pode ser
desprezado , e assim a ponte de Maxwell é mais adequada.

5.7 PONTE DE SCHERING

A ponte de Schering, uma das mais importantes pontes Ca, é muito utilizada para medições de
capacitores. Embora seja utilizada para a determinação de capacitâncias , ela é particularmente
útil na medição de propriedades isolantes , i.e., em condições com ângulos da fase muito
próximos de 90°.

Fig. 5.13 Triângulos de impedância ilustram


ângulos da fase em impedâncias indutivas e capacitivas.

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Fig. 5.14 Ponte de Schering para amedição de capacitâncias.


O circuito básico é mostrado na Fig. 5.14. Note que o braço 1 agora contém uma
combinação paralela de um resistor e um capacitor. O capacitor-padrão no braço 3 é
normalmente um capacitor de alça de alta qualidade para medições gerais ou um capacitor com
dielétrico de ar para medições de isolamento. Um bom capacitor de mica tem perdas muito
baixas (resistência de fuga extremamente alta) e portanto um ângulo de fase próximo a 90°. Um
capacitor de ar, quando bem projetado, é bastante estável, e trabalha com um campo elétrico de
baixa intensidade; o material isolante a ser testado é, então, mantido longe de campos elétricos
de alta intensidade.
As condições de equilíbrio requerem que a soma dos ângulos de fase dos braços 1 e 4
iguale a soma dos ângulos de fase dos braços 2 e 3. Como o capacitor-padrão 𝐶3 apresenta
ângulo de fase de 90°, a soma dos ángulos dos braços 2 e 3 será 0° + 90° = 90°. Para obter a
condição de equilíbrio, é necessário colocar um capacitor C, em paralelo com o resistor 𝑅1
porque no braço desconhecido sob teste teremos um ângulo de fase menor do que 90°. Assim, é
possível fazer com que a soma dos ângulos de fase do braço 1 e do braço desconhecido (quarto
braço) equilibre a soma dos outros dois braços. Um pequeno ângulo de fase capacitivo é fácil de
ser obtido, requerendo apenas uma baixa capacitância em paralelo com 𝑅1
A condição de equilíbrio é dada por

⃗⃗𝒁𝒙 = ⃗⃗𝒁𝟐 ⃗⃗𝒁𝟑 ⃗⃗𝒀𝟏


ou
𝑗 −𝑗 1
𝑅𝑥 − 𝜔𝐶𝑋
= 𝑅2 (𝜔𝐶 ) ( 𝑅 + 𝑗𝜔 𝐶1 )
3 1
expandindo, obtemos
𝑗 𝑅2 𝐶1 𝑗𝑅2
𝑅𝑥 − 𝜔𝐶𝑋
= 𝐶3
− 𝜔𝐶3𝑅1
(5.40)
Separando as partes reais e imaginárias, obtemos
𝐶
𝑅𝑥 = 𝑅2 𝐶1 (5.41)
2
𝑅
𝐶𝑥 = 𝐶3 𝑅1 (5.42)
2
Como se pode ver na Fig. 5.14, os dois parâmetros escolhidos para fazerem o ajuste do
ponto de equilíbro são o capacitor 𝐶1 e o resistor 𝑅2 .
A escolha é feita desta forma porque o fator de potência (FP) de uma combinação RC
série é definida como o coseno do ângulo da fase do circuito. Portanto, o FP do braço
desconhecido é dado por PF = 𝑅𝑥 / ⃗𝑍𝑥 , Para ângulos de fase próximos a 90° a reatância quase
iguala o módulo da impedância, e podemos fazer aproximação em que
𝑅
PF ≅ 𝑋𝑋 = 𝜔𝐶𝑋 𝑅𝑥 (5.43)
𝑥

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Fig. 5.15 Ponte de Schering automática. (Cortesia de Electro Scientific Industries, Inc.)

O fator de dissipação (D) de um circuito série RC é definido como a cotangente do ângulo de


fase, ou seja
𝑅
𝐷 = 𝑋𝑥 = 𝜔𝐶𝑥 𝑅𝑥 (5.44)
𝑥

Observe que, como 𝑄  =  𝑋𝐿 /𝑅𝐿 , o fator de dissipação D é o recíproco do fator de qualidade, i.
e., D= 1/Q. O fator D nos diz quão perto o ângulo de fase do capacitor está do valor ideal de 90º.
Substituindo o valor de 𝐶𝑥 na equação (5.42) e o de 𝑅𝑥 na equação (5.41), e levando-os em
(5.44). obtemos
𝐷  =  𝜔𝑅1 𝐶1 (5.45)

Se o resistor 𝑅1 na ponte de Schering tem um valor fixo, o dial do capacitor 𝐶1 pode ser
diretamente calibrado em termos do fator D. Isto é a prática comum nas pontes de Schering.
Observe que a calibração do dial de 𝐶1 depende da frequência, que comparece na equação
(5.45). Se outra frequência de excitação for usada, a escala deverá ser corrigida, multiplicando-
se a leitura de 𝐶1 pela razão entre as duas frequências. A Fig. 5.15 mostra uma moderna ponte
automática.

5.9 DESEQUILÍBRIO NAS PONTES CA

Em algumas circunstâncias, uma ponte ca não pode ser equilibrada por causa da
impossibilidade de se atenderem às condições de equilíbrio. Considere, p. ex., o circuito da Fig.
5.16, onde 𝑍1 e 𝑍4 são elementos indutivos (ângulos de fase positivos), 𝑍2 = é puramente
capacitivo (ângulo de fase de-90) e 𝑍3 é um resistor variável (ângulo de fase nulo). A resistência
𝑅3 necessária para que se alcance a condição de equilíbrio pode ser calculada aplicando-se a
primeira condição de equilíbrio, relacionada com os módulos das impedâncias. Encontra-se

|𝑍1 ||𝑍4 | 200 × 600


𝑅3 = |𝑍2 |
= 400
= 300 Ω

Assim, com 𝑅3   =  300Ω a primeira condição é satisfeita.

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Fig. 5.16 Ponte ca, cujo equilíbrio não pode ser obtido.
A segunda condição de equilíbrio nos diz que

𝜃1 + 𝜃4 = 60° + 30° = 90°


𝜃2 + 𝜃3 = −90° + 0° = −90°

Obviamente, 𝜃1 + 𝜃4 ≠ 𝜃2 + 𝜃3 , e a segunda condição não pode ser satisfeita.


Uma ilustração interessante de um problema de equilíbrio de ponte é dada no Exemplo
5.5, no qual pequenos ajustes de um ou mais braços levam a uma situação na qual se atinge o
equilíbrio.

EXEMPLO 5.5
Considere o circuito da Fig. 5.17(a) e determine se a ponte está em perfeito equilíbrio. Caso não
esteja, mostre duas maneiras de se obter tal condição, especificando valores numéricos para os
componentes adicionais. Admita que o braço desconhecido não pode ser modificado.

SOLUÇÃO
Por inspeção verifica-se que um pequeno aumento em 𝑅3 faz com que a primeira condição de
equilíbrio (módulos) seja satisfeita. A segunda condição requer que 𝜃1 + 𝜃4 = 𝜃2 + 𝜃3 onde

𝜃1 = −90° (capacitância pura)


𝜃2 = 𝜃3 = 0° (resistência pura)
𝜃4 < +90° (impedância indutiva)

Obviamente, o equilíbrio não é possível com a configuração da Fig. 5.17 (a), porque 𝜃1 + 𝜃4
será negativa, enquanto 𝜃2 + 𝜃3 será exatamente 0º. O equilíbrio pode ser obtido, modificando-
se o circuito de modo a satisfazer a condição para os ângulos de fase. Dois métodos podem ser
utilizados: A primeira opção é modificar 𝒁𝟏 , reduzindo o valor do seu ângulo de fase, de forma
a que fique menor do que 90º (igual a 𝜃4 ). Para tal, basta colocar um resistor em paralelo com o
capacitor. Tal configuração é similar à ponte de Maxwell que está mostrada na Fig. 5.17 (b). A
resistência 𝑅1 pode ser determinada por

⃗⃗⃗⃗
𝒁𝟒
⃗⃗⃗⃗
𝒀𝟏 =
⃗⃗⃗⃗
𝒁𝟐 ∙ 𝒁 ⃗⃗⃗⃗𝟑
onde

1 𝑗
⃗⃗⃗⃗
𝒀𝟏 = +
𝑅1 1000

Substituindo os valores conhecidos, obtemos

1 𝑗 100 + 𝑗500
+ =
𝑅1 1000 500 × 1000
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e, portanto R1 = 5.0000Ω. Deve-se notar que a inserção de R1 perturba a primeira condição de
equilíbrio, porque ⃗⃗⃗⃗
𝑍1 foi modificada. O resistor R3 deverá ser modificado para compensar o
distúrbio causado por R1.
A segunda opção é modificar o ângulo de fase do braço 2 ou do braço 3, adicionando um
capacitor em série, como mostrado na Fig. 5.17 (c). Podemos, então, escrever

⃗⃗⃗⃗
𝑍1 ⃗⃗⃗⃗ 𝑍4
⃗⃗⃗⃗
𝑍3 =
⃗⃗⃗⃗
𝑍2

Substituindo os valores dos componentes e resolvendo para 𝑋𝐶 , temos

−𝑗1.000(100 − 𝑗500)
1.000 − 𝑗𝑋𝐶 =
500
ou
𝑋𝐶 = 200 Ω
Também neste caso, a grandeza de ⃗⃗⃗⃗
𝑍3 foi aumentada, o que perturba a primeira condição
de equilíbrio. Assim, um pequeno reajuste em R3 é necessário para restabelecer o equilíbrio.

(a) Condição de desequilíbrio.

(b) Condição de equilíbrio restabelecida por adição de


um resistor no braço 1. (Configuração de Maxwell).

(c) Condição de equilíbrio restabelecida por adição


de um capacitor no braço 3.

Fig. 5.17 Problema do equilíbrio de uma ponte ca.

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5.10 PONTE DE WIEN
A ponte de Wien é apresentada aqui não somente pelo seu uso como ponte ca para medir
frequências como também pela sua aplicação em vários outros circuitos importantes. Suas
aplicações incluem o analisador de distorções harmônicas, osciladores de áudio e HF, tanto
como eliminador de uma frequência (primeiro caso) como também o elemento determinador da
frequência (os dois últimos). Neste capítulo, discutimos sua forma básica, projetada para medir
freqências; em outros capítulos, ela é mostrada como elemento de diferentes instrumentos.
A ponte de Wien tem uma combinação RC série em um braço, e uma combinação RC
paralelo em um braço consecutivo (ver Fig. 5.18). A impedância do braço 1 é 𝑍1 = 𝑅1 - 𝑗/𝜔𝐶1 .
A admitância do braço 3 é 𝑌3 = 1/𝑅3 − 𝑗𝜔𝐶3 . Usando as equações básicas das pontes ca e
substituindo os valores conhecidos, obtemos
𝑗 1
𝑅2 = (𝑅1 − 𝜔𝐶 )𝑅4 (𝑅 + 𝑗𝜔𝐶3 ) (5.46)
1 3

Expandindo esta expressão, temos

𝑅1 𝑅4 𝑗𝑅 𝑅4 𝐶3
𝑅2 = + 𝑗𝜔𝐶3 𝑅1 𝑅4 − 𝜔𝐶 4𝑅 + (5.47)
𝑅3 1 3 𝐶1

Igualando os termos reais


𝑅1 𝑅4 𝑅4 𝐶3
𝑅2 = + (5.48)
𝑅3 𝐶1
que se reduz a
𝑅2 𝑅1 𝐶3
= + (5.49)
𝑅4 𝑅3 𝐶1

Igualando os termos imaginários, obtemos


𝑅4
𝜔𝐶3 𝑅1 𝑅4 = (5.50)
𝜔𝐶1 𝑅3

Onde 𝜔 = 2π𝑓, e resolvendo para 𝑓, obtemos

1
𝑓= (5.51)
2π√𝐶1 𝐶3 𝑅1 𝑅3
Observe que as duas condições para o equilíbrio da ponte resultam agora em uma expressão
determinando a razão das resistências necessárias 𝑅2 /𝑅4 , e uma outra expressao determinando a
frequência da tensão de excitação da ponte. Em outras palavras, atendendo à equação (5.49), e
excitando a ponte com a frequência dada por (5.51), a ponte ficará equilibrada.

Fig. 5.18 Ponte de Wien para a medição de frequência.

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Na maioria dos circuitos de Wien, os componentes são escolhidos de modo que R1 = R3 e
C1 = C3. Assim, obtemos da expressão (5.49) que R2/R4 = 2 e da expressão (5.51) que
1
𝑓= (5.52)
2𝜋RC
que é a expressão geral para a frequência da ponte. Em geral, C1 e C3 são capacitores fixos e os
resistores R1 e R3 são resistores variáveis acoplados em um eixo comum. Observe que o controle
dos resistores R1 e R3 pode ser calibrado em termos de frequência, desde que a relação R2 = 2R4
seja garantida.
Por causa da sensibilidade à frequência, a ponte de Wien pode ser difícil de ser
balanceada, a não ser que a tensão de excitação seja puramente senoidal. Como a ponte não é
balanceada em termos dos harmônicos presentes na voltagem aplicada, estes harmônicos
poderão, por vezes, produzir um sinal de saída que mascara o verdadeiro ponto de equilíbrio.

(a)

(b)

Fig. 5.19 (a) Conexão de aterramento de Wagner para eliminação do efeito de


capacitâncias indesejáveis. (b) Ponte de capacitância automatizada com interface para
computador. (Cortesia de Boonton Electronics Corporation.)

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5.11 LIGAÇÃO À TERRA (CONEXÃO DE WAGNER)
Até agora, em nossas discussões, foi admitido que os quatro braços das pontes são
formados por elementos concentrados que não interagem entre si. Na prática, entretanto, surgem
capacitáncias indesejáveis entre os vários elementos da ponte e a terra, e também entre os braços
da própria ponte. Estas capacitâncias causam erros nas medições, especialmente em altas
frequências ou quando baixas capacitâncias ou altas indutâncias estão sendo medidas. Uma
forma de controlar tais capacitâncias é através de blindagens aterradas dos braços. Isto não
elimina as capacitâncias indesejáveis, mas, pelo menos, as tornam constantes de modo que
possam ser compensadas.
Um dos métodos mais empregados para eliminar tais efeitos indesejáveis é o aterramento
do tipo Wagner. Este circuito elimina os efeitos indesejáveis das capacitâncias que existem entre
os terminais do detector e a terra. A Fig. 5.19 (a) mostra a ponte de capacitância onde C1 e C2
representam as capacitâncias indesejáveis. O oscilador é removido de sua conexão usual, ligado
em ponte à combinação de Rω e Cω em série. A junção Rω e Cω é aterrada, e conhecida como
aterramento de Wagner. O procedimento para o ajuste inicial da ponte é feito como descrito a
seguir: o detector é ligado ao ponto 1, e R1 é ajustado de forma a gerar o mínimo ou nenhum
som no fone de ouvido. A chave é então colocada na posição 2, o que liga o detector ao ponto de
aterramento de Wagner. O resistor Rω é agora ajustado até o mínimo som. Quando a chave é
retornada à posição 1, algum desequilíbrio possivelmente ocorre. Os resistores R1 e R3 são
então ajustados de forma que o detector dê a mínima resposta; a chave é reposicionada em 2.
Este processo de ajustar R1, R3 e Rω deve ser repetido até que se obtenha uma resposta zero do
detector com a chave em qualquer uma das duas posições. Quando isto ocorre, os pontos 1 e 2
estão no mesmo potencial, que é o potencial de terra. Assim, as capacitâncias indesejáveis ficam
curto-circuitadas, não afetando o equilíbrio normal da ponte. Existem ainda capacitâncias dos
pontos C e D para a terra, mas a inserção do ponto de terra de Wagner elimina-as do circuito
detector, visto que cargas nestas capacitâncias caem no terra de Wagner.
As capacitâncias entre os braços das pontes não são eliminadas pelo aterramento de
Wagner ainda afetam a exatidão da medida. A ideia do aterramento de Wagner também pode ser
aplicada a outras partes, desde que se leve em conta que os braços para aterramento duplicam a
impedância do par de braços da ponte ao qual estão conectados. Como o terra de Wagner não
afeta as condições de equilíbrio, o procedimento de condição permanece inalterado.

REFERENCIAS
5-1. ITT Staff, Reference Data for Radio Engineers, 7th ed., chap. 12. Indianapolis, Ind.:Howard W. Sams
& Company, Inc.. 1985.
5-2. Maloney, Timothy, Electrical Circuits: Principles and Applications, chap. 6. Englewood Cliffs, N.J.,
Prentice-Hall, Inc., 1984.
5-3. Prensky, Sol D., and Castellucis, Richard L.. Electronic Instrumentation, 3rd ed., chaps. 4 and 5.
Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, Inc., 1982.

PROBLEMAS
5.1 O braço do resistor-padrão da ponte do circuito esquematizado na Fig. P5-1 pode variar de 0 a 100 ohms.
com uma resolução de 0,001 ohm. O galvanómetro detector de zero tem uma resistência interna de 100 ohms. e
pode indicar até 0,5 microampère. Se a resistência desconhecida for 50 ohms, qual é a resolução da ponte em
termos de ohms e em termos de percentagem do valor desconhecido?
5.2 Na Fig. 5.5, R1 = R2 = 100 ohms. A resistência interna do galvanómetro vale 500 ohms, e a
sensibilidade é dada por 200 mm/microampère. A resistência desconhecida vale Rx =0,1002 ohm, e a resistência-
padrão valendo 0,1000 ohm. Uma corrente cc de 10 A flui através do resistor-padrão e do resistor desconhecido,
estando a tensão de alimentação de 2,2-V em série com o reostato. A resistência Ry é desprezível. Calcule (a) a
deflexão do galvanómetro, e (b) o valor de resistência necessário para produzir uma deflexão de 1 mm
5.3 Na Fig. 5.5, R1= R2 = 1.000 ohms. A resistência interna do galvanómetro vale 100 ohms, e a
sensibilidade é dada por 500 mm/microampère. A resistência-padrão vale 0.1000 ohm. Uma corrente cc de 10 A
flui através do resistor-padrão e do resistor desconhecido, estando a tensão de alimentação de 2.2 V em série com
um reostato. Desprezando Ry, e sabendo que a deflexão é de 30 mm, calcule o valor da resistência desconhecida.
5.4 Uma ponte ca equilibrada tem as seguintes caracteristicas: braço AB, R = 2.000 ohms em paralelo com C
= 0,047 microfarads; braço BC, R= 1.000 ohms em série com C e braço DA, C-0,5 microfarad. A frequência do
oscilador é de 1.000 Hz. Determine os parámetros do braço CD.

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Fig. P5-1

5.5 Uma ponte é equilibrada por uma frequência de 1.000 Hz e possui as seguintes constates: 𝐴𝐵, 0,2
microfarad, 𝐵𝐶, 500 ohms; 𝐶𝐷 é desconhecido, e 𝐷𝐴 um resistor de 300 ohms paralelo com um capacitor de 0,1
microfarad. Encontre 𝑅1, 𝐿 ou 𝐶 do braço 𝐶𝐷, considerando-os sem série.
5.6 Uma ponte ca, 1.000 Hz tem as seguintes constantes: 𝐴𝐵, 𝑅 = 1.000 ohms em paralelo com 𝐶 = 0,5
microfarad; 𝐵𝐶, 𝑅 = 1.000 ohms em série com 𝐶 = 0,5 microfarad, 𝐶𝐷, 𝐿 = 30 mH em série com 𝑅 = 200 ohms.
Encontre os parâmetros do braço desconhecido sob condições de equilíbrio. Expresse o resultado como 𝑅 em série
com 𝐶 ou 𝐿 e também com 𝑅 em paralelo com 𝐶 ou 𝐿.
5.7 Numa ponte ca, o braço 𝐴𝐵 tem uma capacitância de 0,2 mmicrofarad; no braço 𝐵𝐶 uma resistência de
500 ohms; no braço 𝐶𝐷 uma combinação série 𝑅 = 50 ohms, 𝐿 = 0,1 H. O braço 𝐷𝐴 consiste em um capacitor 𝐶 =
0,4 microfarad em série com um resistor variável 𝑅𝑠𝜔 = 5.000 rad/s. (a) Encontre o valor de 𝑅1 para obter o
equilíbrio da ponte. (b) É possível um balanceamento completo através de 𝑅1? Se não, especifique a posição e o
valor da resistência de ajuste para atingir o equilíbrio completo.
5.8 Uma ponte ca tem um braço 𝐴𝐵, 𝑅 = 1.000 ohms em paralelo com 𝐶 = 0,159 microfarad; 𝐵𝐶, 𝑅 =
1.000 ohms; 𝐶𝐷, 𝑅 = 500 ohms; 𝐷𝐴, 𝐶 = 0,636 microfarad em série com uma resistência desconhecida. Encontre a
frequência de equilíbrio da ponte, e determine o valor da resistência do braço DA que produz esse equilíbrio.

INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE

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