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MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA COMUNHÃO EUCARÍSTICA – 1

MINISTRO EXTRAORDINÁRIO

Em nossos estudos e reflexões para a formação dos Ministros Extraordinários da


Comunhão Eucarística, para economizar tempo usaremos sempre a sigla MECE ou MECEs.

Em 1973, os bispos foram autorizados a instituir ministérios extraordinários para que os


católicos leigos pudessem cooperar com os sacerdotes como MECEs, na distribuição da Santa
Comunhão durante as missas ou levando-a aos doentes. Na ausência dos sacerdotes, os Ministros
começaram também a presidir às celebrações litúrgicas, a estarem presente nos momentos de dor e
morte, ou coordenar comunidades e outras atividades litúrgico-pastorais que são ministérios
próprios do Sacerdote ou Diácono.

Em nosso estudo, sempre que falarmos de Ministro, estaremos nos referindo a MECE -
Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística. É para isso que vocês foram convidados e
aceitaram o convite.

Em cada Diocese, o Bispo Diocesano deve programar a formação dos MECEs e dar as
orientações pastorais da atuação dos mesmos em suas comunidades. Em nossa Diocese, cada
Paróquia vai formar os seus MECEs Cada Ministro, como tal, servirá à comunidade por um
tempo determinado, três anos, podendo ser reconduzido ao mesmo serviço por mais três anos, se
houver necessidade. Seria muito bom que todo o leigo pudesse exercer por algum tempo o esse
encargo para servir à comunidade.

O que diz o Código de Direito Canônico (cân. 230,3) ...”Onde a necessidade da Igreja o
aconselhar, na falta de ministros, podem os leigos exercer o ministério da Palavra, presidir as
orações litúrgicas, administrar o Batismo e distribuir a Sagrada Comunhão.”

O MECE, conforme o próprio nome e os Documentos da Igreja dizem é alguém


EXTRAORDINÁRIO, isto é: ´´E ALGUÉM FORA DO COMUM. Para o exercício ordinário o
ministro comum é o sacerdote ou o diácono. Como leigo, o ato de distribuir a Comunhão torna você
um MINISTRO EXTRAORDINÁRIO = FORA DO COMUM.

Será importante notar também que a palavra EXTRAORDINÁRIO tem também outro
significado: “notável, altamente excepcional”. Será muito coreto e oportuno aplicar esse sentido
ao Ministro. Como voluntário para o serviço de distribuir a Santa Eucaristia nas missas e leva-la aos
doentes em suas casas ou nos hospitais... você é notável, altamente excepcional e extraordinário.
Você serve a comunidade gratuita e generosamente, não apenas por amizade com o pároco,
mas com verdadeiro amor a Jesus Cristo e com sincero desejo de confortar e animar a vida
cristã dos doentes e servir à comunidade. Você é extraordinário porque você se faz servo com o
propósito de alimentar os que se voltam para o Senhor ressuscitado e que buscam alimentar sua
vida espiritual com o alimento que só Ele dá.

A pessoa que aceita o convite para ser um MECE deve, certamente, cultivar uma
espiritualidade profunda. Falar de espiritualidade não é só cultivar a vida de oração pessoal e
comunitária. A Espiritualidade do Ministro envolve
. O gosto e a capacidade de reflexão e meditação da Palavra;
. O amor e o valor que dá ao culto Eucarístico;
. O gosto e a capacidade de visitar os doentes e moribundos;
. A capacidade de se relacionar com o pároco, com os outros ministros e com a
comunidade
. A vivência cristã na família, no ambiente de trabalho e na sociedade...
Não se assuste: Para ser um MECE, você não precisa ser santo, mas deveria desejar ser
santo. Deus sabe que você é um ser humano, que tem limitações, que tem pecados e imperfeições.
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Mas foi ele que escolheu você para essa missão e para esse serviço à Igreja. Importa que você
tome consciência da nobreza de sua missão, se dê conta de suas falhas e queira crescer na santidade.
Será bom lembrar que você é Ministro durante as 24 horas do dia e não apenas quando veste suas
roupas próprias para servir o altar ou levar a Eucaristia aos doentes.... Assim como o padre e o
Diácono, ou outros Ministros Extraordinários, mesmo que tenha uma presença piedosa, que
faça as coisas muito certinhas e bonitas na hora da celebração, pode estragar tudo com sua
vulgaridade, com sua tagarelice, com seu modo de ser na família, no trabalho e na sociedade,
em outras ocasiões.

Quando se olha uma pessoa, uma das coisas que mais encanta ou desencanta, é o seu modo
de falar... Em cada ocasião, deve-se ter uma fala adequada, serena, sincera, sem querer aparecer ou
abafar os outros... uma fala que seja expressão do interior e da vida da pessoa.

No dia em que vocês recebem o mandato como MECE, o Bispo ou o sacerdote, dirá essas
palavras que resumem toda a espiritualidade do ministro:

.... “Nesse ministério, vocês precisam ser exemplos de vida cristã na fé e na conduta;
precisam se esforçar para crescer na santidade, no amor e na união com a Igreja.
Lembrem-se que, apesar de muitos, somos um só corpo, pois compartilhamos o pão único
e o cálice único.
Portanto, como Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, em especial,
pratiquem o mandamento do Senhor de amor ao próximo. Pois quando deu seu Corpo
como alimento aos discípulos, deu-lhes também o mandamento: “Eu vos dou um novo
mandamento: amai-vos como eu vos amei. Assim deveis amar-vos uns aos outros...”

Em todo o período de formação, não se visa somente dar conhecimento teórico sobre a
Eucaristia, nem conhecimentos práticos de como fazer junto ao altar para distribuí-la aos fiéis ou
nas missas ou aos doentes. Essa formação quer ajudar vocês a criar uma espiritualidade sempre
mais rica e mais aberta para enriquecer a muitos com sua presença e seu serviço.

Além desta apostila cada um, individualmente ou em grupo, deverá ler outros livros,
apostilas ou folhetos..... para tornar-se mais rico da graça de Deus para enriquecer a outros.

A EUCARISTIA É UM MISTÉRIO DE FÉ
Nem todos os católicos entendem o que é a Eucaristia. Alguns não acreditam que o pão
e o vinho consagrados são o Corpo e o Sangue de Cristo. Alguns veneram a Eucaristia, como
algo sagrado, como lembrança de Jesus.... mas não como presença real.

O Catecismo da Igreja Católica (nº 1333) afirma: “Encontram-se no cerne da celebração da


Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se
tornam o corpo e o Sangue de Cristo.”

Os seguidores de Cristo, os cristãos, desde os tempos mais antigos, manifestaram sua fé na


presença real de Cristo na Eucaristia. Num dos primeiros livros do Novo Testamento, escrito,
provavelmente no ano 54 d.C., a 1ª Carta aos Coríntios, adverte, por existirem abusos e distorções
com relação à celebração da Eucaristia, diz: “O cálice da bênção que nós abençoamos não é,
porventura, a comunhão com o Corpo de Cristo?” (1ª Cor, 10,16)

Quem sabe se de tanto ouvir falar de “Corpo e Sangue”, nós não tenhamos perdido o
contato com a realidade mais profunda que contem esse mistério? Quem sabe se pelo modo
como algumas pessoas vão Igreja, ou pela pouca importância que dão à celebração eucarística
e à sagrada comunhão, nós também não tenhamos perdido o verdadeiro sentido e o sabor que esta
realidade contém?
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Quando falamos, usamos palavras para tornar presentes coisas e realidades existentes e
verdadeiras. As palavras são só a expressão verbal que, nem sempre, conseguem criar uma
identidade no intelecto humano entre o que se diz e o que a coisa é. Assim, falar de “Corpo e
Sangue de Cristo” é uma tentativa de pôr em palavras humanas um mistério que o intelecto
humano não consegue entender.

A primeira idéia a ser considerada e bem compreendida é que a expressão: “corpo e


sangue” é uma expressão semítica e que significa “a pessoa toda”. Quando dizemos que após a
consagração o pão e o vinho se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo, dizemos que se tornam a
“pessoa toda de Cristo. O Cristo vivo está totalmente presente no pão e totalmente presente no
vinho consagrados. Seria uma estupidez sacramental imaginar o pão como o corpo de Cristo e o
vinho como o seu sangue. No pão está o Cristo inteiro. No vinho está o Cristo inteiro.

Durante muito, a Eucaristia era uma verdadeira refeição que se concluía com a celebração
Eucarística. As celebrações cristãs, não raro, eram chamadas de “fracção do pão”. Compreende-
se assim a narrativa de Lc 24,13-35, na qual os discípulos de Emaús reconhecem Jesus no partir o
pão.
Precisamos esclarecer que, recebendo a santa comunhão, não recebemos o Jesus histórico
de carne e osso. Nós não recebemos o Cristo que andava pelas estradas poeirentas da
Palestina ou o que fazia milagres ou o que afagavas crianças, nem o que morreu
dependurado na cruz. O Cristo que nós recebemos é o Cristo que viveu, ensinou e morreu na
Palestina, mas é também algo mais que isso: é o Cristo ressuscitado, que está conosco agora,
vivo e atuante na vida da Igreja. Recebemos o “corpo, sangue, alma, divindade, ‘a pessoa
toda’ do ressuscitado.”

E o que é receber Cristo ressuscitado? Ressurreição não é apenas vida após a morte. A
ressurreição de Jesus é bem diferente da ressurreição do filho da viúva de Nain, da filha de Jairo ou
de Lázaro. É vida em Deus, vida com Deus, vinda no amor e na paz. A ressurreição de Jesus
não foi só um retorno à vida, mas foi também o ato de elevar a humanidade de Jesus a uma vida de
intimidade e união definitiva com Deus. Quando se recebe a Santa comunhão, se recebe a “pessoa
toda de Jesus ressuscitado”, elevando a nossa humanidade à intimidade com Deus.

Estamos diante do mistério mais profundo que desafia nossa capacidade de compreensão
mas que também nos lança para dentro de uma experiência transcendente de comunhão e de
santidade. Esse mistério é o que nós experimentamos quando comungamos e é o que nós como
MECE, somos chamados a dar aos outros. Isso exige de nós que compreendamos bem esse
mistério e ajudemos o povo de Deus a compreendê-lo em profundidade.

Aprofundando mais, recordemos que na ressurreição de Lázaro, Jesus diz: “Eu sou a
ressurreição e vida... (J 11,25) Antecipa-se já, agora o que teremos e seremos
definitivamente... Na Sagrada Comunhão, a ressurreição de Jesus gera um impacto para nossa
vida presente. A Eucaristia nos torna “vivos” já agora, com a vida que teremos em Deus.

Em 1963, o Concílio Vaticano II declarou que Cristo está presente “tanto na pessoa do
ministro” que exerce o múnus sacerdotal de Cristo “quanto nas espécies do pão e do vinho
eucarísticos”. Cristo está presente também “na Igreja que ora e salmodia”, pois “onde dois ou três
estiverem presente s em meu nome eu aí estarei no meio deles” Mt 18,20 ( cf. LG 7) São Paulo nos
ensina: “Vós sois o corpo de Cristo e Ele é a cabeça” 1ª Cor 12,27) Pelo batismo passamos ser o
Corpo de Cristo, uma comunidade que existe para tornar Cristo presente neste mundo, e para
congregar todos em Cristo. Assim a Assembléia Litúrgica torna-se o lugar privilegiado da
presença do Senhor ressuscitado, sobretudo com a Sagrada Comunhão.

Por isso, a Eucaristia não é uma celebração para expectadores. Toda a assembléia
participa do ritual eucarístico. O sacerdote é quem preside. Ele é quem proclama a Palavra e o que
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consagra o pão e o vinho, mas o sacerdote não celebra a Eucaristia sozinho, mesmo quando não
há ninguém celebrando com ele. Ele o faz em nome de toda a Igreja. Os MECES, ao levarem a
comunhão aos doentes, não fazem individualistamente. Eles o fazem em nome da comunidade
paroquial. Por isso seria interessante até mesmo se pensar no horário em que se leva a Comunhão
aos doentes. Normalmente se deveria fazê-lo logo após a missa, como participação e
prolongamento da própria assembléia litúrgica. Levar aos doentes a comunhão, é levar-lhes a
“pessoa toda do Cristo ressuscitado” presente na Hóstia consagrada e presente na comunidade
reunida. Também levamos Cristo presente na Palavra que lemos a eles. Na medida do possível,
levando a Eucaristia após a missa dominical, seria oportuno ler para o doente e seus familiares ou
assistentes ao menos um dos textos bíblicos lidos na missa do dia, estabelecendo assim uma
ligação mais viva com a Assembléia Litúrgica.

Os MECEs ao levar a Sagrada Comunhão aos doentes não se considerem como meros
entregadores de hóstias a domicílio. Antes, estejam bem cientes de que levam em nome da
comunidade paroquial o Cristo ressuscitado. O próprio MECE torna-se um “sacramento” da
presença de Cristo e da presença de toda a comunidade paroquial.

O MINISTRO EXTRAORDINÁRIO – PESSOA DE FÉ EXTRAORDINÁRIA

Alguns acham que fé é crer em algo ‘distante’- Deus; Outros acham que ter fé é ter um
‘pensamento positivo’... “Eu tinha tanta fé ... que consegui vencer”; Outros julgam que têm fé
quando ‘sentem gosto por um momento de oração’.... A carta aos Hebreus nos ensina: “”A fé é o
fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Pela “fé reconhecemos
que o mundo foi formado pela Palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do
invisível...” Hb 11, 1-3)

Se a Bíblia nos dá essa idéia de fé que parece distância entre nós e Deus, dá-nos também
idéia de intimidade e proximidade. Jesus é a revelação completa de Deus na história humana. E é
Ele que nos ensina que Deus é nosso “Abbá” ‘papai amoroso’. Não é muito fácil falar
corretamente de Deus, mas podemos e devemos fazer nossos esforços para tentar expressar quem é
Deus para nós. Chamar a Deus de ‘Pai amoroso’ nos ajuda a formar uma idéia de Deus-amor,
amor incondicional, confiável, fidedigno, imparcial, próximo de cada um dos seus filhos. Santo
Agostinho dizia que Deus está “mais próximo de nós do que de nós mesmos”. – Esse é o Deus do
catolicismo ‘próximo de nós’ que vive em mim, em você e em cada pessoa.

Para o catolicismo, fé não é crer em alguma coisa, mas conhecer e amar Alguém: Deus
Papai amoroso, Jesus Cristo ressuscitado (a perfeita revelação do Papai amoroso) e o Espírito
Santo, a presença contínua e santificadora de Deus na comunidade dos seus discípulos. Para os
discípulos de Cristo, fé não é uma experiência racional ou emotiva, mas é um relacionamento
pessoal com o ‘Papai amoroso’.

Como MECEs, trazemos em nós esse mistério e, pelo nosso ministério, damos o Cristo
ressuscitado, sua pessoa toda, seu corpo, sangue, alma e divindade às pessoas na Igreja ou aos
doentes em suas casas e hospitais para consumirem e alimentarem seus corpos e suas almas.
Cremos realmente nessa verdade?

Olhando a Assembléia Litúrgica em nossas igrejas, muitas vezes, dá para pensar que
ninguém acredita numa só palavra do que aí se passa. Parece tudo fingimento. Parece que todos
estão distraídos: o padre preocupado em presidir a missa para atender outros compromissos; os
ministros caminhando de um lado para o outro; os cantores querendo agradar a comunidade; os
leitores preocupados em despachar a sua leitura; o povo esperando que a missa termine para dizer
‘graças a Deus’ e que cumpriu a sua obrigação dominical... Na própria comunhão, de tanto ouvir
falar de ‘Corpo e Sangue de Cristo ressuscitado’, de ‘Senhor do universo’, de ‘Deus vivo’ (que
se põe na boca e engole...) formamos um grande espetáculo de ‘faz de conta”, pois de outro modo
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não se entende que pessoas que comungam em todas as missas não cresçam na comunhão e no
amor ao próximo.

Como MECEs deveríamos controlar nossos pensamentos e atitudes e pensar no que estamos
envolvidos. Devemos ser íntimos a Cristo na Eucaristia e, ao mesmo tempo, não perder nunca de
vista sua transcendência, sua sacralidade e sua excepcionalidade. Quando celebramos a Eucaristia,
alguém deveria nos avisar (e nós deveríamos entender) que algo de extraordinário está realmente
acontecendo conosco. Enfadonha é a última coisa que uma Eucaristia deve ser. O fato de celebrar a
Eucaristia todos os domingos pode virar rotina, se não o fazemos com uma fé profunda... Podemos
todos nós: sacerdote, ministros, coroinhas, cantores, leitores e fiéis..., tornar-nos meros artistas que
executam algo programado (e, às vezes, improvisado) ou uma assembléia de assistentes,
emocionados, ou cansados, ou distraídos.

Na Eucaristia, encontramos, de modo profundo e real, a união do sagrado e do profano, do


extraordinário e do ordinário, da humanidade e da divindade. Conscientize-se, pois, que você é
convidado a fazer algo especial. Isto começa quando o MECE se dá conta de que o Cristo
ressuscitado está presente em seu coração e está presente no íntimo das outras pessoas.

A familiaridade e o contato constante com hóstias e com o vinho consagrado pode diminuir
nossa capacidade de percepção da presença real de Cristo vivo. Aquilo que para o homem não
cristão é apenas uma fatia de pão ou um cálice de vinho comum, é inteiramente ‘Outra Coisa’. A
repetição do acontecimento não diminui a sua grandeza, nem anula o maravilhoso.

Quando Jesus insistiu que daria seu corpo para comer e seu sangue a beber, os discípulos se
perguntavam: como esse homem pode dar o seu corpo para comer e o seu sangue e beber? (Jo
6,52)Só a fé (intimidade pessoal com Jesus), tem a resposta. Resposta que só o coração escuta.

“Há aí um rapaz que possui cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que isso para tanta
gente?” Jesus disse: “Fazei-os sentar”. Havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se. Eram cerca
de cinco mil homens. Então Jesus tomou os pães, deu graças e os deu aos discípulos e estes à
multidão. Fez o mesmo com os peixes. Deu-lhes quanto desejavam (Jo 6,9-11) – como Jesus
repartiu cinco pães de cevada e dois peixinhos e cinco mil pessoas saciaram sua fome? Apesar das
especulações intermináveis que tentam explicar o maravilhoso milagre pela partilha dos pães,
sabemos que o povo comeu e saciou-se... assim também: Como Jesus partilha conosco o mistério de
sua pessoa ressuscitada tendo a aparência de pão e de vinho? Não sabemos. Mas sabemos que Ele
está aí e que Ele vem nutrir nossa vida. Será muito bom, em alguns momentos, fazer um retiro,
ler algum livro especial sobre a Eucaristia, meditar o capítulo 6 de São João, ou colocar-se
calmamente diante do sacrário e dar-se conta da sua real e misteriosa presença.

A nossa fé depende da Eucaristia. Devemos ser eucarísticos em tudo o que fazemos. Ser
eucarísticos significa ser gratos. Muito gratos. Em Cl 3,17 lemos: “e tudo o que fizerdes, fazei-o
me nome de Jesus Cristo, dando, por meio dele graças a Deus Pai” . É de se notar que a Sagrada
Escritura afirma que devemos fazer tudo em nome do Senhor Jesus e dar graças a Deus. Em outras
palavras isso quer dizer: Quando adoecer, fique adoentado em nome de Jesus e dê graças enquanto
procura se restabelecer; Quando estiver trabalhando, trabalhe em nome de Jesus; Se estiver
desempregado, fique desempregado em nome de Jesus; Quando seus planos fracassam, fique
desapontado em nome do Senhor enquanto faz outros planos....

É muito fácil reclamar, achamos fácil nos lamentar e choramingar... até na oração! As
pessoas têm, por mania, se lamentar... justificar fracassos... culpar os outros.... (os outros não
querem,... ninguém ajuda...) A Fé Eucarística é a fé que busca a bênção em qualquer coisa, em
qualquer lugar e, em tudo, dá graças a Deus. A comunhão profunda com Deus e a comunhão com
a Igreja são o grande e forte alimento do MECE e é através dessa comunhão que o ministro se torna
um sinal extraordinário.
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A ESPERANÇA DO MINISTRO E O MINISTRO DA ESPERANÇA

O que seria da vida humana sem a esperança? O que seria de nosso cristianismo sem a
esperança da ressurreição? A fé, a esperança e a caridade são as chamadas ‘virtudes teologais’,
virtudes que tem a ver com o nosso relacionamento direto com Deus. Cada uma das três virtudes
implica também no nosso modo de viver e nos relacionar com as pessoas.

O MECE deve ser por excelência o ministro da esperança, pois a Eucaristia nutre a
esperança de modo muito especial. Ao celebrarmos a Eucaristia, fazemos memória da Última
Ceia de Jesus com seus discípulos, dando à ceia judaica um sentido novo – a presença perene de
Cristo em sua Igreja. Ao mesmo tempo, a Eucaristia é uma experiência de futuro: Desde agora,
experimentamos em nós a graça da ressurreição por que, pela Eucaristia, recebemos o Cristo
ressuscitado, a quem nos unimos pelo santo Batismo.

Quando uma comunidade de fé se reúne para celebrar a santa missa, essa comunidade
celebra a fé, a esperança e a caridade, como um modo de vida. Não se celebra apenas momentos ou
acontecimentos da vida. Celebram-se esses momentos no que eles têm a ver com o nosso destino
último. Já falamos que quando recebemos a sagrada Comunhão, recebemos a pessoa toda de Jesus
ressuscitado. Assim recebemos e incorporamos em nós nosso destino último. A comunhão nos
alimenta aqui e agora, mas nos alimenta para termos aquela vida eterna à qual estamos
destinados a ter participação plena e definitiva, como membros de seu corpo. Assim, na
Eucaristia celebramos e alimentamos a esperança, não apenas para essa vida, mas para a vida
eterna.

Como partilhamos com os outros, o corpo e o sangue de Cristo ressuscitado, alimento da


vida eterna, assim também, vivemos, partilhamos e alimentamos a esperança, para essa vida e
para a vida eterna. Vamos recordar as palavras de São Paulo: “... fomos salvos, mas fomos salvos
na esperança. Ora, ver o que se espera não é mais esperar: o que se vê, como ainda esperá-lo? Mas
esperar o que não vemos é aguardá-lo com perseverança” (Rm 8,24-25)

A esperança é algo extraordinário, mas não deve ser confundida com o simples otimismo.
Nem é uma questão psicológica ou emocional. A esperança deve existir em todo e qualquer
momento e circunstância. Quando a vida se mostra mais sombria, quando a noite escura parece não
ter fim, quando certas situações parecem não ter solução... aí a esperança se manifesta mais viva.
Quando não se tem mais nada a dizer ou a fazer diante da doença, aí é que a Eucaristia
manifesta a sua força e fortalece a esperança. O rito sacramental da comunhão aos doentes
consegue maravilhas que as melhores palavras dos psicólogos não conseguem jamais dar ao
enfermo. As palavras, o pão e o vinho que o MECE leva ao doente, representam uma realidade que
não se vê, e que só a fé cristã a percebe: a presença amorosa, íntima, real de Deus em Cristo. Nisto
está a dimensão mais profunda desse ministério extraordinário.

Muitíssimas vezes, partilhamos a sagrada Comunhão com os que não estão doentes. São
pessoas comuns que por alguma razão saíram de casa e foram para a Igreja participar da Eucaristia.
São pessoas que, às vezes, tem uma atitude apática e um tanto distraída na igreja e na fila da
comunhão. Tenha muita calma: são pessoas respeitáveis. Acostume-se a ver além das
aparências. Procure ultrapassar a perspectiva superficial ao observar os outros. Pode parecer
que ficaram indiferentes durante toda a missa; que vieram arrastando os pés na fila de comunhão;
que estendem a mão com displicência; ou que não sabem se estendem a mão ou fazem o sinal da
cruz.... tudo parece tão vulgar. Mas vamos pensar um pouco: quem é essa pessoa comum que se
aproxima para receber a comunhão e se afasta? Certamente é alguém que gasta boa parte de seu
tempo de vida lutando contra a desesperança.... que tem uma grande angustia a carregar... que tem
filhos pequenos que, às vezes, o/a deixam meio louco/ª.. é o pai com filhos adolescentes que fazem
escolhas que o deixam sem dormir à noite... é um desempregado que não sabe donde tirar o
dinheiro para pagar o aluguel do próximo mês...é o marido de uma alcoólatra ou de uma pessoa
deprimida... é alguém que vive na solidão a sua fé por que o marido ou os filhos não partilham o
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mesmo credo... é a esposa que está com câncer... é o filho que foi suspenso na escola.... é a filha
que está grávida... que outras cruzes podemos adivinhar....?

Como MECE, imagine todos os que estão na fila da comunhão que lhe pesam aos ombros
pesadas cruzes. Você não vê, mas as cruzes são reais. Cada um que se aproxima, com sua cruz,
vem buscar um pouco de esperança para ver se consegue superar as dificuldades do dia e da
semana. Vem para receber de você a Santa Comunhão e, com ela, uma transfusão de esperança. É
bom lembrar-se disso ao colocar o grande mistério, a pessoa toda do ressuscitado, na mão ou na
boca de cada pessoa. Por isso, a cada pessoa fale com o coração e não só com os lábios: “Corpo de
Cristo” e, ao falar, olhe nos olhos, deixe que as palavras que você diz, se tornem uma oração...
Você é ministro da esperança. Dê esperança a cada um pelo modo como você apresenta a
cada um a pessoa do Senhor Ressuscitado. Seria bom, se perceber algo de especial em alguma
pessoa, procurá-la ao sair da igreja, ou possivelmente em sua própria casa para conversar, animar e
fortalecer sua esperança.

Alguém já disse: “Se não fosse a esperança, o coração se partiria...” Todo mundo, em algum
momento tem o coração ‘partido’. Um MECE deve levar uma fundada esperança. Uma esperança
que não decepciona: “ A esperança não decepciona... porque o amor de Deus foi derramado em
nossos corações.” (Rm5,1-5) A esperança que os ministros são levados a compartilhar não é um
‘aspirina espiritual’, destina a curar as dores de cabeça da vida. Quando damos a sagrada comunhão
estamos oferecendo a esperança e o alimento que os outros precisam para ‘prosseguir’, possam
‘manter a vida’ e mantê-la com um pouco de paz e tranqüilidade. A Eucaristia ajuda a deixar o
temor e a angústia para trás.

Além de viver a esperança, o MECE deve ajudar os outros, sobretudo os doentes, a ser
um pouco menos apreensivos e mais esperançosos. Antes de abrir o sacrário para levar a sagrada
comunhão, ministro deve fazer um momento de oração e em clima de oração deve visitar os doentes
e seus familiares. Se não formos ministros da esperança, seremos o quê? Seremos entregadores de
hóstias a domicílio.... e o que mais?

“Que vosso coração não se perturbe e nem se atemorize” ( Jo 14, 27) Ser um MECE é
ajudar a banir do coração a apreensão e a incentivar a esperança. Não subestimemos a
importância do ministério da esperança. O que está sendo dito não seja visto como uma trivialidade
piedosa. Falando de esperança, falamos da própria vida. Onde não esperança, não há ‘vida’ . Essa
esperança se origina no poder da Ressurreição que compartilhamos com o outro quando lhe damos
a “pessoa toda do Senhor Ressuscitado”... Assim a esperança não é só ‘aguardar algo que há de
vir’, mas pela fé e pelo amor, traz presente, para junto do doente e do desesperançado, a
suprema Realidade, na qual “temos a vida, o movimento e o ser” (At. 17,28)

O AMOR E A PIEDADE DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO

A palavra ‘Amor’ anda um tanto desgastada. O uso em sentidos diversos tornou a palavra
muito ambígua. No sentido cristão, o amor não uma ‘emoção’, mas é um ‘ato de vontade’. Quando
Jesus nos pede para amar o próximo, não está dizendo que se deve reagir às suas atitudes com um
abraço caloroso e emocionado. Podemos amar alguém sem necessariamente gostar dele.

Como cristãos, poderíamos usar a palavra ‘caridade’ para exprimir o sentido do amor
cristão. Entretanto, essa palavra também, muitas vezes, é entendida como ‘ajuda aos pobres’.
Originalmente a palavra caridade refere-se ao amor benevolente por nós e ao amor que temos
uns pelos outros. Entendendo assim a palavra amor ou caridade é a mais bela das virtudes
teologais. Esse é o amor que Paulo tinha em mente em 1Cor 13,13:”Agora permanece as três
coisas: a fé, a esperança e a caridade. A maior delas porém é a caridade”.
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É o espírito de amor cristão que deve estar presente no coração e na mente do
ministro ao distribuir a sagrada Eucaristia ao povo nas igrejas, ou ao levá-la em suas casas
ou nos hospitais. Em algumas ocasiões o MECE pode querer tornar-se agradável ao levar a
comunhão aos doentes e aos seus familiares, sendo íntimo, animado, cheio de alegria e tagarelice.
Isso não ajuda em nada à família e ao doente. Sob pretexto de familiaridade ( ou pratica) com o
serviço ministerial, deixar de lado o ritual da comunhão aos enfermos e improvisar, não ajuda a
melhorar o encontro com o Senhor Ressuscitado. Ninguém deve se julgar tão inspirado por Deus a
ponto de pretender melhorar os rituais que a igreja nos oferece.

Nas casas, nos hospitais, deve haver uma clara demarcação entre a parte social e aparte do
Ritual da Comunhão. Como MECEs, somos chamados a ser instrumentos do amor de Deus para os
que recebem Comunhão de nossas mãos. Precisamos não só “entregar hóstias consagradas”, mas
partilhar nossa própria pessoa com aqueles a quem servimos. Devemos evitar dois excessos:
1º - entrar fazer as orações do Rito de Comunhão apressadamente e sair;
2º - entrar conversando, contando histórias, ‘especular’ a vida do doente, demorar-se em
conversas ou dar a comunhão e continuar falando...

Toda visita aos doentes deveria ter quatro momentos:


1º - Entrar em contato com a pessoa que visitamos e seus familiares (ser breve)
2º - Realizar o rito da comunhão (sem precipitações, mas também sem inventar)
3 – Alguns instantes de cordial contato com o doente e familiares
4 – Tempo para dar a bênção e despedida.

Ninguém dá o que não tem, diz a sabedoria popular. Sem uma rica vida interior e uma
espiritualidade vivificante, não seremos capazes de expressar, com a Comunhão que levamos, o
amor de Deus que devemos dar ao próximo. Por isso a primeira conquista que devemos fazer
para nós mesmos, será a de tomar tempo diário para a oração e a meditação.

Jesus insiste muito: “O maior mandamento é esse: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração.... e amarás o próximo como a ti mesmo” Não basta sair por aí ‘fazendo o bem’ aos outros e
com isso nos dizermos discípulos de Cristo. Os ateus humanistas fazem o mesmo. Para agirmos
como MECEs precisamos cultivar o espírito e o amor cristão, amando como Jesus amou, rezando
como Ele rezou.... A oração é fundamental para o nosso ministério. Devemos saber distinguir o
diferente valor e praticar os três tipos de oração: 1º - A Oração Litúrgica; 2º a oração em
grupos; 3º a oração individual. Os três tipos são importantes, mas devem se originar da
participação alegre, consciente e freqüente da oração Litúrgica. Seria tão bom se os ministros
participassem da missa cotidiana. Não sendo possível por causa do trabalho ou horário..., ao menos
devem participar da missa todos os domingos e não só quando e escalados para ‘ajudar o
padre’. Quem tem o hábito de fazer outras coisas aos domingos em lugar da missa dominical, não
deve aceitar o convite para exercer esse ministério. A sagrada Eucaristia alimenta toda a nossa
espiritualidade: O Senhor nos instrui com sua Palavra, se dá a nós como sustento para nossa vida e
nos estimula a fazermos aquilo que ele mesmo fez – doar a vida.

A piedade cristã criou muitas modalidades de cultivarmos a espiritualidade: terço, via-


sacra, momentos de adoração, para-liturgias, leituras espirituais, devocionários e outras...
mas nenhuma delas substitui a celebração Eucarística.. O tempo ´passado na presença do
Santíssimo Sacramento em adoração alimenta a espiritualidade eucarística e ajuda cultivar o amor a
Deus e ao próximo.

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida por seu irmão...” (Jo 13,34-
35) É óbvio que o amor é mais que um sentimento caloroso. Jesus demonstra seu amor para
conosco não apenas com palavras mas com a dádiva de si mesmo. Amamos verdadeiramente a
Jesus e aos irmãos dando-nos a eles no serviço ministerial, mas também dando-nos a eles em toda a
dimensão da vida cotidiana. Isso significa que o doente (ou seus familiares) a quem damos a
Eucaristia, às vezes esperam que lhe doemos alguma coisa também na dimensão social e humana.
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Entrar na casa de um doente, ou num presídio, ou num hospital, como ministro.... é, antes de
tudo humanizar o ambiente. Isto significa: fazer com que o lugar seja um lugar digno de vida e de
relações verdadeiramente humanas. Se não for oportuno fazer alguma coisa no momento da própria
visita em que se leva a Sagrada Comunhão, voltar com alguma outra pessoa, para uma ‘visita
informal’, mas com o pretexto de ajudar a família naquilo que for mais necessário: conversa,
diálogo, arrumação da casa, higiene, alimentação, encaminhamentos diversos.... Não se pode deixar
o Cristo sofrer no irmão, ou deixar “membros da família” entregue à própria sorte..., dizendo “isso
não é de minha competência”...

Precisamos amar o nosso próximo de uma maneira autêntica. Devemos amar a nós mesmos
para sermos capazes de doar nosso amor ao próximo e fazer com que esse amor seja vivificante.
Assim, nosso ministério será capaz de gerar esperança, de humanizar e levar salvação e alegria.
Assim seremos a presença viva de Deus na vida da pessoa (em seu hospital, em sua casa ou até
mesmo no presídio).

Essa idéia da presença de Deus entende-se assim: Quando agimos, como representantes de
Cristo, amamos com amor cristão; quando agimos em benefício dos outros, nós o fazemos em união
com a presença pessoal de Deus. “Não podemos simplesmente ‘traficar’ com Palavra de Deus, ou
‘manipular” o corpo do Senhor. Em 2Cor 2,17 lemos: “é com sinceridade, é da parte de Deus, na
presença de Deus, é em Cristo que falamos...”

Como ministros, precisamos levar consolação mesmo em situações onde há doença ou


expectativa de morte. Não se leva um mero otimismo, nem uma coleção de palavra preparadas pa
“dar conforto” ao doente e à sua família. Leva-se a certeza da presença de Cristo e a promessa
de vida eterna. É pelo nosso amor que somos chamados a ser essa presença. Sua simples presença
é fonte de apoio para a fé da pessoa a quem você dá a comunhão. Sua missão, como MECE, na
verdade, é ser as mãos de Cristo; Seu olhar deve ser o olhar de Cristo; seu coração deve ser o
coração de Cristo. Você é também uma testemunha de Cristo. A testemunha é aquele que
apresenta ‘provas’ ou é um ‘sinal’. Você é um sinal da presença de Deus e um sinal de todo o
povo de Deus, a Igreja. Você é a presença da Igreja local, da igreja paroquial e de toda a
Igreja de Jesus Cristo.

A LITURGIA E OS SACRAMENTOS

Jesus Cristo, tendo-se feito homem, por sua vida e principalmente pelo seu mistério pascal
– sua morte, ressurreição e gloriosa ascensão – destruiu a nossa morte e deu-nos novamente a
vida. A isso chamamos de obra redenção humana e glorificação de Deus. Esse acontecimento não é
um fato de um passado distante, mas é um fato sempre ‘atualizado’ na vida da Igreja. Do
coração de Cristo adormecido na cruz e aberto pela lança, nasceu o admirável sacramento da Igreja.
Pela liturgia, a Igreja celebra e atualiza principalmente o Mistério Pascal pelo qual Cristo
realizou a obra de nossa salvação.

O que é Liturgia?
A Palavra Liturgia é uma palavra grega que significa ação do povo em favor de todo o
povo. Originalmente ela significava qualquer ação pública feita para todo o povo. Na tradição
cristã, porém, Liturgia significa que o povo de Deus participa de determinadas ações mediante
as quais torna presente a ação salvífica de Deus. Dizendo em outras palavras: Pela Liturgia,
Cristo, nosso Redentor, continua presente na sua Igreja e vai realizando a obra de nossa
salvação.

No NT, a palavra Liturgia designa não somente o culto Divino, mas também o anúncio do
Evangelho e a caridade. Em todas essas situações, trata-se do serviço de Deus e dos homens em
favor dos homens. Pela Liturgia, os Ministros, cada qual segundo o seu grau, participam do
sacerdócio profético e régio de Cristo. A liturgia sempre é uma ação de Cristo, mas também é
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uma ação da sua Igreja. A Igreja, pela Liturgia, realiza e torna visível a comunhão entre
Deus e os homens; insere e conserva os fiéis na ‘vida nova’; prepara e mantêm viva a
esperança da vida eterna.

“A Liturgia não esgota toda a ação da Igreja”(SC 9) ela deve ser precedida pela
evangelização, pela fé e pela conversão.... Assim a Liturgia gera a vida nova do o Espírito e gera o
compromisso de transformação social. Pode-se perceber então como a ação e a espiritualidade
do MECE, dos Ministros Extraordinários da Palavra, do catequista ou dos membros da
Pastoral Litúrgica e outros ..... deve ser muito rica consciente e eclesial. Não há lugar para o
individualismo e para a mediocridade. Todos são chamados a participar, cada um segundo o
seu ministério, a cooperar com o Espírito Santo para a unidade e o crescimento da Igreja e
para a glória de Deus e a salvação de toda a humanidade.

“A liturgia é o ápice para o qual tende toda a ação da Igreja, e ao mesmo tempo, é a
fonte donde emana toda a sua força”. Na liturgia, toda a oração cristã encontra seu ponto
culminante. Por ela, o homem é fundado e enraizado no grande amor com o qual o Pai nos
amou em seu Filho bem amado (cf Ef 2,4), que opera maravilha em todo o tempo pela ação do
Espírito Santo ( cf. Ef. 6,18). Compreende-se que a Liturgia é também o lugar privilegiado da
catequese do povo de Deus. Será aqui necessário afirmar que toda a catequese deve levar,
necessariamente, à vida Litúrgica. A catequese deve auxiliar a introduzir no mistério de Cristo,
vivo e atuante em cada um dos sacramentos da Igreja, e de modo muito especial no sacramento da
Eucaristia.

Toda a vida Litúrgica da Igreja gravita em torno do sacrifício eucarístico e dos sacramentos.
As palavras e as ações de Jesus, durante a sua vida oculta e também durante o seu ministério
público (três anos) já eram salvíficas. Antecipavam aquilo que ele iria realizar com o seu Mistério
Pascal = com sua paixão, morte, ressurreição e gloriosa ascensão. Anunciavam e preparavam o que
iria dar à Igreja quando tudo fosse realizado. Em outras palavras, tudo o que Jesus fez, ensinou e
realizou, durante sua vida oculta ou durante seu ministério público, agora, através dos seus
ministros, Cristo realiza na sua Igreja. Toda vez que um ministro, realizando o que lhe compete,
celebra um sacramento está tornando presente a mesma ação de Jesus Cristo. Os sacramentos são as
‘obras-primas de Deus’ na Nova e Eterna Aliança que não cessa de oferecer a todos a plena e
definitiva salvação.

A palavra sacramento significa sinal. Não são sinais quaisquer, mas sinais que indicam e
também realizam a ação de Jesus Cristo. Através do que é visível, torna-se presente e atuante o que
é invisível. Por isso os Sacramentos são chamados de SINAIS EFICAZES porque neles age o
próprio Cristo. Em cada um dos sete sacramentos da Igreja, encontramos a ação de Cristo,
comunicando a graça significada. Pode-se dizer que é Cristo quem batiza e quem agem nos
demais sacramentos. O Pai sempre atende a oração da Igreja do seu Filho. O sacramento não
depende da justiça dos homens que os conferem ou os recebem. Em outros termos: A partir do
momento em que um sacramento é celebrado em conformidade com a intenção da Igreja, o poder
de Cristo e do seu Espírito age nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do
ministro. Mas veja bem isso: os frutos dos sacramentos dependem também das disposições
interiores de quem os recebe. Assim: Quando uma criança é batizada e os pais e padrinhos se
esforçam para iniciar a criança na vida cristã, o batismo produz um efeito mais fecundo na vida da
criança batizada, no entanto a filiação divina é dada plenamente também a outra criança mesmo que
os pais não tenham uma vida cristã exemplar.

A Igreja afirma que, para os crentes (pessoas que acreditam em Jesus Cristo), os
sacramento são necessários para a salvação. A graça sacramental é a graça do Espírito Santo,
dada por Cristo, peculiar a cada sacramento. O Espírito cura e transforma os que o recebem,
conformando-os a Jesus Cristo, Filho de Deus.
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A liturgia sacramental torna presente a liturgia celeste. Os que agora celebram, para
além dos sinais, já estão participando da liturgia celeste, onde a celebração é festa e plena
comunhão. “Recapitulados” em Cristo, participam do louvor a Deus e de seu desígnio: as potências
celestes, a criação inteira, os servidores da antiga e nova aliança, o novo povo de Deus, os mártires
que foram imolados par causa da palavra de Deus, a Santa Mãe de Deus e, finalmente “uma
multidão imensa de toda nação, raça e língua”” (Ap 7,9) é desta Liturgia eterna que o Espírito e a
Igreja nos fazem participar quando celebramos o mistério da salvação nos sacramentos.

É toda a comunidade, o Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra. Os sacramentos
não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, povo santo, unido e guiado pelos seus Bispos,
Por isso cada celebração influi sobre todo o corpo da Igreja, mas atingindo a cada um de seus
membros de modo diferente conforme a participação atual e efetiva de cada um.

Os membros não têm todos a mesma função (Rm 12,4). Certos membros são chamados
por Deus, na Igreja e pela Igreja, a um serviço especial na comunidade. Tais servidores são
escolhidos e consagrados pelo sacramento da ordem, através do qual o Espírito Santo os torna
aptos a agir na pessoa de Cristo-Cabeça em favor de todos os membros da Igreja. Assim os
Bispos, os Sacerdotes e os Diáconos. No intuito de servir a todo o povo de Deus, existem outros
ministérios não consagrados pelo sacramento da ordem, mas que têm uma função importante na
Igreja, com funções determinadas pelos bispos, de acordo com as tradições litúrgicas e pastorais da
Igreja: Os MECEs, Ministros Extraordinários da Palavra, cantores, comentaristas, leitores etc...

A LITURGIA E OS VÁRIOS SINAIS

A celebração de cada um dos sacramentos é feita de sinais e de símbolos. Na vida humana


os sinais e os símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser corporal e espiritual,
ao mesmo tempo, exprime e percebe as realidades espirituais através de símbolos e sinais materiais.
Deus fala ao homem através da criação visível. Enquanto criaturas, as realidades sensíveis
podem tornar-se o lugar da expressão da ação de Deus que santifica os homens e da ação dos
homens que prestam culto a Deus. Alguns exemplos: lavar, ungir, partir o pão, partilhar o
cálice, o sal, a luz.... usados litúrgica e sacramentalmente podem exprimir a ação santificante
de Deus e a gratidão do homem diante do seu criador.

Sinais da Aliança: O povo de Deus recebeu de Deus sinais e símbolos distintivos que
marcam a sua liturgia. Esses sinais não são mais apenas celebrações de ciclos cósmicos e
gestos sociais, mas sinais da aliança, sinais e símbolos das obras de Deus em favor de seu povo.
Alguns desses sinais: a circuncisão, a unção e consagração de reis e sacerdotes, a imposição das
mãos, os ritos da páscoa etc... a Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos sacramentos da
Nova Aliança.

Sinais sacramentais: Jesus serviu-se dos sinais da criação para dar a conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Na sua pregação (o uso de parábolas); nas suas curas e milagres
(gestos, palavras e sinais). Dá um sentido novo aos fatos e sinais da antiga aliança, porque Jesus
mesmo é o sentido de todos esses sinais. Aquilo que os sinais prefiguravam na antiga aliança,
realiza-se agora na pessoa de Cristo. Desde o Pentecostes, a Igreja e o Espírito Santo, por meio
dos sinais sacramentais, realizam e significam a salvação realizada em Jesus Cristo, prefiguram e
antecipam a glória do céu.

Em toda a ação sacramental sempre há uma intima conexão entres a Palavra e os Sinais. As
ações e os gestos simbólicos já são uma linguagem, mas é preciso que a Palavra de
Deus e a resposta de fé acompanhem e vivifiquem essas ações para que a graça de Deus realize
aquilo que é celebrado. Todas as ações litúrgicas sempre são iniciativa e oferta de Deus e, ao
mesmo tempo, são resposta de fé do seu povo.
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O MECE, enquanto pessoa diretamente envolvida em muitas ações sacramentais da
Igreja, deve estar muito bem familiarizado com os sinais, símbolos e palavras litúrgicas. Naquilo
que lhe diz respeito deve saber realizar esses gestos e ritos com serenidade, alegria, calma e
solenidade. Deve também ajudar os outros a compreender o significado de tais gestos e ritos,
dando alguma correta e oportuna explicação. Isso não significa que tenha que explicar
exaustivamente cada gesto, palavra ou sinal. Lembrem: o símbolo deve falar por si mesmo, ou não é
símbolo.

Onde celebrar? O culto “em espírito e verdade” (Jo 4,24) não está ligado a um lugar
exclusivo. A terra inteira é santa e foi entregue aos filhos dos homens. Entretanto a Igreja, em
sua condição terrestre, feita de homens e mulheres, necessita de locais adequados para reunir
a comunidade. Os cristãos constroem igrejas para a reunião da comunidade, mas também para
significar e manifestar a igreja viva nesse local, morada de Deus com os homens reconciliados e
unidos em Cristo.

Sempre que a necessidade e o bem pastoral de um determinado grupo de fiéis o exigir,


podem os Ministros fazer celebrações litúrgicas em outros locais não construídos para essa
finalidade. Os ministros podem celebrar a missa, batizados ou casamentos em fazendas, num
barracão ou varanda porque do contrário os trabalhadores não poderiam ir até igreja participar da
eucaristia.... Celebrar a Eucaristia numa casa onde se reúnem habitualmente famílias para rezarem
juntos ou meditarem a Palavra de Deus.... é um bom motivo para celebrar ai, nesses locais; Porém,
uma festa de 15 anos, ou de um aniversário, celebrado em casa, com Eucaristia, não é um motivo
suficiente. A celebração de um casamento num clube porque assim não precisa “deslocar os
convidados”, ou não precisa fazer “duas decorações de ambiente”, não é motivo suficiente. A
celebração de um batizado feito em casa porque depois a família quer oferecer um “coquetel aos
amigos” ... não é motivo suficiente.... Precisamos catequizar o povo de Deus.

Atenção especial merecem: o altar, o tabernáculo, o ambão, o confessionário e a pia


batismal.

O Altar e a Cruz: O altar da nova aliança é a cruz, da qual brotam os sacramentos do mistério
pascal. O altar é sempre o lugar central da Igreja. É o local onde se realiza o sacrifício da cruz sob
os sinais sacramentais de pão e de vinho. É também a mesa do Senhor, para a qual o povo de Deus é
convidado. Deveria ser sempre sólido, fixo e digno. Não deve se prestar para depósito de coisas
sobre ele.

O Tabernáculo: deve estar localizado nas igrejas em local nobre e guardado com o máximo
decoro. A nobreza, a disposição e a segurança do tabernáculo devem favorecer a adoração do
Senhor realmente presente no Santíssimo Sacramento do altar. Evitem os ministros, sob pretexto
de preparar o altar, passar continuamente diante do sacrário, ou abri-lo para ver se há hóstias
consagradas em quantidade suficiente.

O Ambão: é o local donde se proclama a Palavra de Deus. “A dignidade da Palavra de Deus exige
que exista na igreja um local que favoreça o anúncio da Palavra e para a qual a atenção do povo se
volte durante a Liturgia da Palavra.”

O Confessionário: É necessário se recuperar o sentido da confissão em seu sentido próprio. Nem


sempre os locais de atendimento dos penitentes são locais adequados, discretos, que favoreçam o
sigilo sacramental e que levem o pecador à conversão.

A Pia Batismal: A Igreja deve ter o seu batistério, isto é, o local onde se celebra e se recorda o
nosso batismo, início da vida cristã e se possibilita aos cristãos recordarem-se das promessas
batismais.
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O ambiente, o local, a decoração, os objetos, a Palavra, a música, a luz, a postura do
ministro... favorecem o povo de Deus a vivenciar a graça que Deus oferece em cada celebração
Litúrgica.

Os sacramentos da nova lei foram instituídos por Cristo e são sete: Batismo, Confirmação,
eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Os sete sacramentos atingem
todas as etapas e todos os momentos importantes da vida do cristão.Dão à vida de fé do cristão,
origem, crescimento, cura e missão. Nisto existe até uma certa semelhança entre as etapas da vida
natural e as da vida espiritual.

OS SACRAMENTOS DA IGREJA

Não nos cabe neste curso descrever exaustivamente cada um dos sacramentos, nem
aprofundar tudo o que realizam em nós, nem todos os detalhes de como se celebram. Neste capítulo
vamos apenas descrever alguns aspectos fundamentais para que o próprio MECE vivencie
para si mesmo e ajude a outros a vivenciar profundamente aquilo que Jesus Cristo, no
Espírito Santo e, pela Igreja, nos oferecem como graça para nos conduzir ao Pai.

A) Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Eucaristia e Crisma – Os fiéis renascidos no


batismo, são fortalecidos pela confirmação e nutridos com o alimento da vida eterna na
Eucaristia.
O Batismo é o fundamento de toda a vida cristã é a porta da vida no Espírito e a porta de acesso
a todos os demais sacramentos. Pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos
de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e tornados participantes de
sua missão. A palavra Batismo (de origem grega) significa ‘mergulhar’. Mergulhar na água
batismal é símbolo de mergulhar na morte de Cristo, ressuscitando como ‘nova criatura’ (2Cor
5,17; Gl 6,15). Foi a partir do Pentecostes que a Igreja celebrou e administrou o Batismo:
“Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome do Senhor Jesus para a remissão dos
pecados e recebereis o Espírito Santo...” (At2,28)
Desde o tempo dos apóstolos teve uma iniciação cristã (catecumenato) que antecede ao
Batismo. Isso implica em alguns elementos: Anúncio do Evangelho, a conversão, a profissão de fé,
o dom do Espírito Santo e o acesso à Comunhão Eucarística. Compete à organização pastoral da
Igreja estabelecer os modos como isso é feito.
Os sinais e símbolos do batismo: O sinal da cruz, anúncio da Palavra, a água batismal, o óleo
dos catecúmenos, a unção com o Santo Crisma, a veste branca, a entrega da vela e a bênção solene
.... são os sinais significantes do que o batismo realiza e o que nos propõe. Sobre isso temos maiores
explicações no Catecismo da Igreja Nº 1234 a 1245.
Sobre o batismo de crianças e adultos, veja o Catecismo: Nº 1247 a 1252.
Não esqueça que o batismo imprime em nós um “selo” ou uma ‘marca’, com o qual o Senhor
“nos marcou para o dia da redenção” (Ef. 4,30)

A Confirmação nos vincula mais perfeitamente à Igreja, nos enriquece com a força
especial do Espírito Santo, o que nos torna verdadeiras testemunhas de Cristo para difundir e
defender por palavras e com a própria vida o que Ele fez, ensinou e mandou a Igreja fazer e
viver. No AT os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor seria derramado sobre o Messias em
vista de sua missão, mas anunciaram também que seria derramado sobre todo o ‘povo messiânico’.
O Batismo de Jesus foi, para o povo, o sinal de que era Ele o que havia de vir, o Messias Filho de
Deus. Tendo realizado sua missão, no dia da Páscoa (Jo 20,22) e de maneira mais pública e solene
no Pentecostes foi dado aos apóstolos para continuarem a missão de Jesus. Os que creram e se
fizeram batizar também receberam o do Espírito Santo.
Para bem significar o dom do Espírito Santo juntou-se o rito da imposição das mãos e a unção
com o óleo perfumado. Esta unção ilustra o nome de cristão: ungido.
Efeitos da confirmação:
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- enraíza-nos mais profundamente na filiação divina que nos faz falar: “Abbá, Pai”(Rm
8,15)
- Une-nos mais solidamente a Cristo;
- Aumenta em nós os dons do Espírito Santo;
- Torna mais perfeita a vinculação com a Igreja;
- Dá-nos uma força especial para defender e propagar a fé como testemunha de Cristo.
(Sobre o sacramento da Confirmação veja o Catecismo da Igreja - Nº1285 a 1314.)

A Eucaristia conclui a iniciação cristã. Os que foram elevados à dignidade do


sacerdócio régio pelo batismo e configurados mais profundamente a Cristo pela Confirmação,
esses participam com toda a comunidade do próprio sacrifício do Senhor. Pela Eucaristia , a
Igreja perpetua, pelos séculos afora, ‘até que Ele venha,’o sacrifício da cruz, o memorial da morte e
ressurreição do Senhor. A Eucaristia é ainda o sacramento do amor, é o sinal da unidade, o vínculo
da caridade, o banquete pascal a celebração da nova e eterna Aliança.
Além do que já estudamos nas lições anteriores sobre a Eucaristia, encontramos uma riqueza
a ser aprofundada no Catecismo da Igreja no 1322 até o 1405.

B) Os Sacramentos da cura: Penitência e Unção dos enfermos


A vida nova, recebida no batismo, nós a trazemos “em vasos de argila” (2ªCor, 4,7) e, essa
pode se tornar debilitada ou até se perder pelo pecado. Jesus Cristo é o médico de nossas almas e de
nossos corpos, ele que curou a saúde do corpo e da alma dos enfermos, quis que a Igreja
continuasse, na força do Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação junto aos seus
próprios membros, através dos dois sacramentos: Penitência e Unção dos Enfermos.

Penitência: Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência ou da Reconciliação


obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados
com a Igreja que feriram pecando.
Esse sacramento se chama de Conversão porque realiza o caminho de volta para o Pai;
chama-se de Penitência por exige um esforço pessoal e comunitário de conversão, arrependimento
e de satisfação do pecador; É chamado de Confissão, porque a declaração dos pecados diante do
sacerdote é um dos elementos fundamentais desse sacramento; Também é chamado de sacramento
do perdão porque pela absolvição sacramental o sacerdote, em nome de Deus, concede o perdão e a
paz; também é chamado de Reconciliação porque nos devolve o amor de Deus e restaura a amizade
com os irmãos, realizando o duplo mandamento: “Reconciliai-vos com Deus” e “Vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão” (2ª Cor 5,20 e Mt 5,24).
Como todos os demais sacramentos, só é dado a quem já foi batizado. Aquele que após o
batismo, caiu em tentação, aquele que abandonou a fé, que fez o que é mau aos olhos do Senhor, o
amor misericordioso concede-lhe a graça conversão pelo sacramento da Penitência.
O pecado é uma ofensa a Deus e uma ruptura de comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é
um atentado à comunhão com a Igreja. É Deus quem perdoa os pecados, mas ele deu esse poder aos
homens para que eles o exerçam em seu nome. Toda a Igreja, na oração, na sua vida e ação, é sinal
e instrumento de reconciliação que ele nos conquistou ao preço de seu sangue. A Pedro e ao
colégio apostólico, Jesus deu a autoridade de reconciliar os pecadores com Deus e com a sua Igreja.
: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra será ligado no céu, e o que
desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19).
Alguns elementos essenciais da Reconciliação: 1º - o arrependimento; 2º - a confissão dos
pecados ao sacerdote e a absolvição que ele dá; 3ª a penitência ou reparação.
Os efeitos espirituais desse sacramento:
- A Reconciliação com Deus e a recuperação da graça divina;
- A reconciliação com a Igreja;
- A remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;
- A recuperação da paz e serenidade de consciência e a consolação espiritual;
- Dá forças espirituais par ser forte na fé.
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A Unção dos Enfermos: Por esse sacramento e pela oração dos presbíteros, a igreja toda
entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que Ele os alivie e os salve.
A enfermidade sempre foi e será um dos grandes desafios à pessoa humana, que experimenta sua
impotência, seus limites e sua finitudes. Cristo teve compaixão dos doentes. Não tinha só o poder de
curar mas também de perdoar os pecados. Ele veio curar o homem inteiro, alma e corpo. Muitas
vezes serve-se de sinais: saliva, lama, abluções, imposição das mãos...Os doentes procuravam toca-
lo porque “saía dele uma força que a todos curava.” ( Lc 6,19) Através do sacramento da Unção
dos Enfermos, Cristo continua a nos ‘tocar’ para nos curar.
Esse sacramento é conferido às pessoas acometidas de doenças perigosas, ungindo-as na
fronte e nas mãos com óleo abençoado para essa finalidade. Durante a unção, o sacerdote diz essas
palavras: “Por essa santa unção e pela sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu
auxílio com a graça do Espírito Santo, para que liberto dos teus pecados, ele te salve e, na sua
bondade, alivie os teus sofrimentos.”
Quem recebe e quem administra esse sacramento? Todo o fiel que correr perigo de vida,
por doença, debilitação física ou velhice, pode receber esse sacramento. A pessoa pode receber mais
de uma vez a Unção dos enfermos. Também os que vão fazer uma cirurgia de alto risco podem ser
ungidos antes. Só os que receberam O Sacramento da Ordem no grau do presbiterato, ou seja
(sacerdotes e bispos) podem conferir o sacramento da Unção dos Enfermos.
O viático: Aos que estão para deixar essa vida, a Igreja oferece, além da unção dos
Enfermos, Eucaristia como viático, ou seja, como “alimento para a caminhada”. O Carpo e o
Sangue do Senhor, recebidos nesse momento, tem significado e importância particulares. É semente
de vida eterna e poder de ressurreição.
Os efeitos da Unção dos Enfermos:
- a união do doente com a paixão de Cristo, para o seu bem e de toda a Igreja;
- o conforto, a paz e a coragem para suportar o sofrimento da doença ou da velhice;
- perdão dos pecados, se o doente não puder obtê-lo pelo sacramento da Penitência;
- restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação espiritual;
- a preparação para a passagem à vida eterna.

C) Os sacramentos do serviço e da Comunhão: Ordem e Matrimônio


Estes dois sacramentos estão ordenados à salvação dos outros. Contribuem também para a
salvação pessoal, mas através do serviço aos outros. Dentro da Igreja servem para a edificação do
Povo de Deus. Por esses sacramentos, os que já foram consagrados pelo batismo e confirmação para
o sacerdócio comum dos fiéis, podem receber consagrações especiais. Pela Ordem são
consagrados para ser em nome de Cristo, “pela Palavra e pela graça de Deus, os pastores da
Igreja”, Pelo Matrimônio, os esposos cristãos são fortalecidos por um sacramento especial
para cumprir dignamente os deveres de seu estado.

A Ordem é o sacramento pelo qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos
continua sendo exercida eficazmente na Igreja até o fim dos tempos. A palavra Ordem
(ordenação) é o ato sacramental que integra alguém na ordem do episcopado, do presbiterato ou do
diaconato. Essa ordem transcende ao ato de eleição, designação ou delegação da comunidade, pois
confere um dom do Espírito Santo que permite exercer um ‘poder divino’ que só pode vir do
próprio Cristo, através de sua Igreja. A imposição das mãos do Bispo, com a oração
consecratória, constitui o sinal visível desta consagração.
Já na antiga aliança, o povo eleito foi constituído por Deus com um “reino de sacerdotes e uma
nação santa” (Ex 19,6); Dentro desse povo, Deus escolheu uma das doze tribo, a de Levi,
colocando-a à parte para o serviço litúrgico.Todas as prefigurações da antiga aliança encontram seu
cumprimento em Cristo: “único mediador entre Deus e os homens”. Ele mesmo fez de sua Igreja
”um Reino de sacerdotes para Deus seu Pai” (Ap1,6). Toda a comunidade dos fiéis é sacerdotal. Os
fiéis exercem sua participação no sacerdócio de Cristo, cada um segundo a sua vocação,
participando da missão de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei. O sacerdócio ministerial está a serviço
do sacerdócio comum, ajudando a desenvolver a graça batismal de todos os cristãos.
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No serviço eclesial, o ministro ordenado é o próprio Cristo que está presente na sua Igreja
enquanto Cabeça de seu Corpo, Pastor de seu Rebanho, Sumo Sacerdote do sacrifício redentor e
Mestre da Verdade. O Sacerdote age na pessoa de Cristo-Cabeça.
Pelo ministério ordenado, especialmente dos Bispos e dos presbíteros, a presença de Cristo
como chefe da Igreja se torna visível no meio da comunidade dos fiéis. Esse sacerdócio depende
inteiramente de Cristo e de seu sacerdócio e foi instituído em favor dos homens e da comunidade. O
sacramento da Ordem “comunica um poder sagrado” que é o próprio poder de Cristo.
Existem três graus do sacramento da Ordem: Episcopal, Sacerdotal e Diaconal.
O Rito essencial do Sacramento da Ordem é a Imposição das Mãos, juntamente com a Oração
Consecratória. Só os bispos, validamente ordenados, podem conferir o sacramento da Ordem. Só
um ‘varão’ batizado pode receber a ordenação sagrada. Jesus escolheu doze homens (varões) para
formar o colégio Apostólico e os Apóstolos fizeram o mesmo quando escolheram seus
colaboradores e sucessores. Na Igreja latina o episcopado e o sacerdócio são exercidos por homens
que vivem e pretendem manter o celibato. Já os Diáconos Permanentes podem também ser
escolhidos entre os homens casados.

O Matrimônio é sacramento que diz respeito ao homem e mulher “imagens e semelhança de


Deus, comunhão de pessoas”. A Sagrada Escritura abre-se com a criação e destinação do homem e
da mulher.... e termina com as Núpcias do Cordeiro. De um extremo a outro, toda a Escritura fala
do matrimônio, do seu ‘mistério’, de sua instituição e sentido que lhe foi dado por Deus e do
seu misterioso poder de significar a Nova aliança de Cristo com a sua Igreja.
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...”
“Não é bom que o homem esteja só...”
“Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e serão uma só carne...”
“Não separe o homem o que Deus uniu...”
.... São algumas das citações em que se percebe o desígnio de Deus a respeito do casal humano.
Deus mesmo se apresenta como o esposo de seu povo eleito, preparando assim a Aliança que seu
Filho haveria de celebrar, entregando a sua vida e preparando para a festa perene das
“núpcias do Cordeiro” (Ap 19,7.9) ... O Apóstolo São Paulo, tendo diante de si toda a história do
povo hebreu, a vida de Jesus desde Cana da Galiléia até a ressurreição, podia dizer e nos ensinar:
“maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela a fim de
purificá-la” (Ef 5,25-26). Toda a vida cristã traz a marca do amor esponsal de Cristo e da Igreja. Já
o banho do Batismo é, por assim dizer, “o banho nupcial”; A Eucaristia se torna o “banquete
nupcial”...
O ministro próprio do Matrimônio são os próprios noivos, habilitados para isso, ou seja:
pessoas livres, conscientes das obrigações essenciais do matrimônio, que têm fé... que se acolhem e
se entregam mutuamente. O Sacerdote, ou o Diácono ou as testemunhas qualificadas para o
matrimônio, assiste à celebração do Matrimônio e acolhe o consentimento em nome da Igreja
e, em nome dessa mesma Igreja abençoa o novo casal. A presença do ministro da Igreja e
também das testemunhas exprime visivelmente que o matrimônio é uma realidade eclesial e não
apenas um mútuo consentimento (pessoal e privado).
O matrimônio celebrado com sua forma canônica, mediante a qual os noivos se entregam e se
acolhem mutuamente, é selado pelo próprio Deus e gera um vínculo que não pode ser dissolvido.
Mediante a graça matrimonial os esposos cristãos recebem um dom especial dentro e em favor do
povo de Deus: o aperfeiçoamento do amor conjugal, a própria santificação na vida conjugal e a
santificação da comunidade.
A indissolubilidade, a fidelidade e a fecundidade são bens e exigências do amor conjugal.
Pais e filhos são chamados a crescer juntos no seio de uma família. As famílias cristãs, num mundo
secularizado ou até hostil à fé, são de importância primordial para o surgimento, o desenvolvimento
e a irradiação da fé viva dentro da sociedade. É na família que se exerce, de modo privilegiado, o
‘sacerdócio batismal’ do pai, da mãe e dos filhos e se expressa de maneira viva na recepção
dos sacramentos, na oração, na ação de graças e no testemunho de uma vida santa vivida na
caridade cristã.
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OS SACRAMENTAIS E OS FUNERAIS CRISTÃOS.

Diretamente ligados aos sacramentos e à atuação dos MECEs existem os


SACRAMENTAIS.
A Igreja instituiu os sacramentais, que também, como os sacramentos, são sinais sagrados,
pelos quais os homens se dispõem a receber graças especiais que acompanham centos momentos,
circunstâncias e coisas úteis ao homem. Segundo as decisões pastorais dos bispos, os sacramentais
podem responder a necessidades pastorais, à cultura e à própria história do povo cristão numa
região ou época. Os sacramentais sempre são acompanhados de sinais visíveis.
Os sacramentais dependem do sacerdócio batismal pelo qual, todo o batizado é chamado a
ser uma “bênção” e a abençoar. Por isso os leigos podem presidir algumas bênçãos. Quando as
bênçãos se referem à vida sacramental, sua presidência e reservada ao Ministério Ordenado: bispos,
sacerdotes e diáconos, cada qual conforme sua competência.
Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas
pela oração da Igreja preparam para receber a graça e dispões para a cooperação com ela.
Alguns sacramentais:
As bênçãos: Benzem-se pessoas, objetos, água, casas, lugares etc. Toda bênção é louvor ao
Senhor e é um pedido para obter os seus dons e sua proteção. Algumas bênçãos têm um alcance
duradouro. Consagram pessoas, ou locais, ou objetos (sobretudo para o uso litúrgico) essas bênçãos
são reservadas aos Ministros ordenados. O mesmo se diga em relação à invocação do poder de
Deus, publicamente e com autoridade, para afastar o espírito do mal (exorcismo), só pode ser feito
pelo sacerdote e com autorização do bispo.
Via-sacra, procissões, peregrinações, rosários, uso de medalhas,água benta .... são
sacramentais que prolongam a vida litúrgica e que podem ser organizados pelos fiéis. Convém
porém que uma catequese adequada instrua e oriente os fiéis sobre sua eficácia, sua relação com os
demais sacramentos, sobre os costumes e a tradição cristã para que não se introduzam distorções,
abuso, valorização excessiva aos sacramentais em prejuízo a vida litúrgica da comunidade. Os
sacramentais não substituem a vida litúrgica. Vamos citar um exemplo: A prática penitencial, o
jejum, durante nove sextas feiras ou durante a quaresma para o perdão dos pecados, não substitui a
confissão sacramental, mas pode ajudar a uma sincera conversão.
Os sacramentais não devem nunca concorrer com a celebração litúrgica. Exemplo: na matriz se
está celebrando a Eucaristia e, logo ao lado, no Centro Catequético, um grupo está fazendo uma
hora de adoração ou a reza de um terço....
O uso dos sacramentais, dentro de uma diocese, está sujeita ao cuidado e julgamento do bispo e
das normas gerais da Igreja.

O funeral cristão – exéquias- também é um sacramental que, pastoralmente, reveste-se de


grande importância. O sentido da morte cristã só pode ser entendido e aceito à luz do Mistério
Pascal de Cristo – sua Vida, Morte e Ressurreição. O cristão que morre em Cristo, “deixa este corpo
para ir morar junto do Senhor” (2ªCor 5,8)
O dia da morte inaugura, para o cristão, ao final de sua vida sacramental, a consumação
de seu novo nascimento, iniciado pelo batismo. O que, pelo batismo, iniciou é completado no dia
da morte; Aquilo que era só o começo da participação na vida divina, agora atinge seu ponto
culminante e definitivo; aquilo que a Eucaristia antecipava, agora é a participação definitiva no
Banquete do Reino, mesmo necessitando ainda das últimas e definitivas purificações para vestir a
veste nupcial.
A Igreja, como mãe, trouxe o cristão sacramentalmente em seu seio durante a vida
terrena desde o batismo, acompanha-o ao final de sua caminhada para entregá-lo nas “mãos
do Pai” A Igreja oferece ao Pai, em Cristo, um filho seu e o deposita na terra, na esperança de que a
vida divina que aí foi colocada, ressuscite na glória. As bênçãos que precedem e que seguem esse
momento são sacramentais.
Os funerais cristãos são uma celebração litúrgica e, além de exprimir a comunhão e a
solidariedade com o ‘defunto’, visam fazer com que à comunidade reunida seja anunciada, pela
palavra e pelos ritos, a esperança da vida eterna. Os diferentes momentos dos ritos litúrgicos devem
sempre exprimir o caráter pascal da morte cristã.
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Normalmente a celebração litúrgica tem três momentos: a celebração em casa (despedida da
casa e do convívio com os seus); a igreja (despedida do local dos sacramentos e da comunidade); e
no cemitério (o derradeiro adeus). Normalmente, conforme as circunstâncias, se privilegia uma
dessas celebrações.
Cada uma dessas celebrações tem quatro partes:
a) Acolhida da comunidade: familiares, amigos, parentes.... abre-se a celebração com uma
saudação de fé. A comunidade se reuniu não para um julgamento de quem morreu, mas
para celebrar a esperança. A celebração deve levar os fiéis, ainda que chorosos, à
expectativa da participação na vida eterna.
b) Liturgia da Palavra: à assembléia reunida vamos proclamar a Palavra. Isso exige um
cuidado especial em cada funeral, já que quase sempre o grupo reunido engloba fiéis
pouco assíduos à liturgia e também amigos do falecido que não sejam católicos ou nem
mesmo cristãos. A homilia deve evitar o “elogio fúnebre”, ou seja a exaltação de
qualidades do falecido ou de sua família. Pior ainda quando se recrimina algumas atitudes
ou postura do mesmo em vida. O que se deve tornar presente é a luz do mistério pascal
sobre a vida de cada um dos presentes.
c) O Sacrifício Eucarístico: Quando a celebração se realiza na Igreja, a Eucaristia é o
centro de toda a celebração. A Igreja oferece ao Pai o sacrifício da morte e ressurreição de
Cristo e pede que o filho que parte seja purificado de todos os seus pecados e de suas
conseqüências e participe em plenitude da mesa do Reino.
d) O Adeus: as preces, o Pai Nosso, a aspersão com água benta... constituem os ritos de
‘encomendação a Deus’ pela Igreja. Este é último adeus pelo qual a comunidade se
despede de um de seus membros.

Em cada região respeitem-se sempre as tradições e os costumes, mas procure-se tornar presente
a mensagem cristã, procurando purificar as crendices que cercam a passagem desta vida para a
eternidade.

Os ministros que são incumbidos dos funerais cristãos devem ter prudência e zelo pastoral
para atender pastoralmente as mais diversas situações. Merecem cuidados especiais as
celebrações quando houve ruma morte violenta e que deixou a família e a comunidade
chocada. Não é hora para procurar explicar os porquês disso ou daquilo. Evite-se também
todo o julgamento, positivo ou negativo, da vida de quem está partindo para a eternidade.
Por isso o ritual das Exéquias deve ser seguido com algumas pequenas adaptações sem,
entretanto, ‘inventar’ alguma coisa para ser agradável à família.

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