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Implantação do BIM

para Construtoras e
Incorporadoras

Parte 1
Fundamentos
BIM
building Information
Modeling
Implantação do BIM
para Construtoras e
Incorporadoras

Parte 1
Fundamentos
BIM
building Information
Modeling
FICHA CATALOGRÁFICA

Câmara Brasileira da Indústria da Construção

C172f Fundamentos BIM - Parte 1: Implantação


do BIM para construtoras e incorporadoras/
Câmara Brasileira da Indústria da Construção.- Brasília:
CBIC, 2016.

120p.:il
(Guia BIM- Building Information Modeling v.1)

1. Construção Civil 2. BIM – Building Information

Modeling 3. Tecnologia 4. Competitividade

5. Software I.Título II. Série

CDD:624.05

PARTE 1 FUNDAMENTOS BIM


Brasília, DF maio de 2016

Presidente da CBIC José Carlos Martins CBIC


Presidente da Comat/CBIC Dionyzio Antonio Martins Klavdianos Sinduscon-DF
Coordenação geral Paulo Rogério Luongo Sanchez Sinduscon-SP
Coordenação técnica Raquel Sad Seiberlich Ribeiro CBIC
Autor Wilton Silva Catelani
Revisão Beatriz Vasconcelos
Ficha catalográfica Lígia Vidal
Editoração e Projeto Gráfico Gadioli Cipolla Branding e Comunicação

Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC


SQN - Quadra 01 - Bloco E - Edifício Central Park - 13º Andar
CEP 70.711-903 - Brasília/DF
Telefone: (61) 3327-1013
www.cbic.org.br
www.facebook.com/cbicbrasil
Implantação do BIM
para Construtoras e
Incorporadoras

Parte 1
Fundamentos
BIM
building Information
Modeling
Parte 1 Fundamentos BIM

SUMÁRIO
PARTE 1 – FUNDAMENTOS BIM

Apresentação CBIC ________________________________________________________________________ 10


Apresentação SENAI _______________________________________________________________________ 11
Introdução _______________________________________________________________________________ 13
1.1. Conceituação – o que é BIM e o que não é BIM: ______________________________________________ 17
1.1.1. O que é BIM? _____________________________________________________________________ 18
1.1.2. O que não é BIM? __________________________________________________________________ 20
1.2. Principais benefícios e funcionalidades BIM _________________________________________________ 23
1.2.1. A visualização em 3D do que está sendo projetado ______________________________________ 24
1.2.2. O ensaio da obra no computador _____________________________________________________ 26
1.2.3. A extração automática das quantidades de um projeto ___________________________________ 27
1.2.4. A realização de simulações e ensaios virtuais ___________________________________________ 29
1.2.5. A identificação automática de interferências (geométricas e funcionais) _____________________ 29
1.2.6. A geração de documentos mais consistentes e mais íntegros ______________________________ 32
1.2.7. A capacitação das empresas para executar construções mais complexas _____________________ 34
1.2.8. A viabilização e a intensificação do uso da industrialização ________________________________ 35
1.2.9. O complemento do uso de outras tecnologias __________________________________________ 36
1.2.10. O preparo das empresas para um cenário futuro _______________________________________ 38
1.2.11. As análises de construtibilidade _____________________________________________________ 39
1.2.12. O desenvolvimento de maquetes eletrônicas __________________________________________ 40
1.2.13. O registro e controle visual de diferentes versões dos modelos ____________________________ 41
1.2.14. A verificação das condições de acesso para manutenção e HFE – Human Factor Engineering ___ 41
1.2.15. A coordenação e o controle de contratados ___________________________________________ 42
1.2.16. O rastreamento e o controle de componentes _________________________________________ 43
1.2.17. Modelos BIM podem embasar processos de gestão de ativos _____________________________ 44
1.2.18. A fabricação digital _______________________________________________________________ 45
1.2.19. 1.2.19 – As verificações de locações e níveis na obra, baseadas em modelos BIM, podem ser reali-
zadas por um único homem ___________________________________________________________
47
1.2.20. Principais benefícios BIM, considerando as macro-fases do ciclo de vida de um empreendimento ___ 48
1.2.21. Comparação entre processo tradicional de desenvolvimento de projeto (CAD) e o processo BIM __ 50
1.3. Modelos BIM _________________________________________________________________________ 53
1.3.1. Modelos BIM de projeto ou modelos autorais ___________________________________________ 55
1.3.2. Modelos BIM de planejamento ou de construção ________________________________________ 55
1.3.3. Modelos BIM de produção ou de construção para canteiro ________________________________ 56
1.3.4. Modelos BIM de operação e manutenção ______________________________________________ 57

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Building Information Modeling

1.4. Objetos e Bibliotecas BIM ________________________________________________________________ 59


1.4.1. Definição de objeto BIM _____________________________________________________________ 60
1.4.2. Tipos de objetos BIM _______________________________________________________________ 65
1.4.2.1. Diferenças de variabilidade (parametrização) _______________________________________ 65
1.4.2.2. Diferenças de especificidade ____________________________________________________ 65
1.4.2.3. Diferenças de uso ou propósito principal de uso ____________________________________ 67
1.4.2.4. Diferenças de complexidade ____________________________________________________ 68
1.5. Ciclo de vida dos empreendimentos _______________________________________________________ 79
1.5.1. Definição das fases do ciclo de vida dos empreendimentos ________________________________ 81
1.5.2. O ciclo de vida dos empreendimentos e os orçamentos ___________________________________ 86
1.5.3. O ciclo de vida dos empreendimentos e os diferentes tipos de modelos BIM gerados para
diferentes usos _____________________________________________________________________ 88
1.6. Casos de usos BIM ______________________________________________________________________ 93
1.6.1. Os 25 casos de usos BIM mapeados pela PennState University _______________________________ 94
1.6.2. Os 25 casos de usos BIM mapeados pela PennState University, organizados em ordem reversa das
fases ciclo de vida ____________________________________________________________________
100
1.7. Casos de usos BIM mais comuns ___________________________________________________________ 103
1.7.1. Casos de usos BIM mais comuns no Brasil _______________________________________________ 104
1.8. LOD – Nível de desenvolvimento __________________________________________________________ 107
1.8.1. Definição de LOD – Nível de desenvolvimento ___________________________________________ 109
1.8.2. Principais objetivos do LOD – Nível de desenvolvimento __________________________________ 109
1.8.3. Definição de 6 diferentes níveis de LOD – Nível de desenvolvimento _________________________ 110
1.8.4. Exemplos reais de classificação de diferentes níveis LOD ___________________________________ 111
1.8.5. A classificação LOD publicada pela AIA – American Institute of Architects _____________________ 113

Não, estamos super ocupados!


?! obrigado! Temos muito trabalho
para fazer!

BIM

BIM

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8
apresentação

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Parte 1 Fundamentos BIM

CBIC

Uma das mais importantes inovações gerenciais dos últimos anos, o Building Information Modeling (BIM) é uma
ferramenta que revolucionará o mercado brasileiro. Sua disseminação é um objetivo estratégico da Câmara Brasilei-
ra da Indústria da Construção (CBIC) e atende o nosso compromisso de oferecer às empresas do setor informações
necessárias ao seu bom desempenho, modernização e competitividade. O BIM não deve ser uma plataforma restri-
ta às grandes corporações, mas atender empresas de diversos portes em todos os segmentos da cadeia produtiva
da construção civil. Nosso esforço vai na direção de universalizar o seu uso, de forma que um número cada vez
maior de profissionais e empresas do setor dominem sua plataforma e aplicação.
É com esse objetivo que publicamos a coletânea de implantação do BIM para construtoras e incorporadoras,
para tornar a plataforma ainda mais acessível às empresas do setor, de forma que esse diferencial competitivo seja
democratizado. Inédita, essa coletânea foi produzida em parceria com o Senai Nacional como instrumento para
tornar mais clara a aplicação do BIM e orientar a sua aplicação por construtoras e incorporadoras. No momento em
que competitividade e produtividade são atributos ainda mais importantes para o bom desempenho, explorar as
potencialidades do BIM é uma decisão estratégica para alta performance. Bom proveito!

José Carlos Rodrigues Martins


Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Dionyzio klavdianos
COMAT - Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade
CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil

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Building Information Modeling

SENAI

O Building Information Modeling (BIM) – ou Modelagem da Informação na Construção – tem trazido impor-
tantes mudanças tecnológicas para área da construção. Esse instrumento tem potencial para mudar a cultura dos
agentes de toda a cadeia produtiva do setor, pois sua utilização requer novos métodos de trabalho e novas posturas
de relacionamento entre arquitetos, projetistas, consultores, contratantes e construtores. O desafio para a adoção
dessa plataforma tecnológica é promover condições de viabilidade para reunir um conjunto de informações multi-
disciplinares sobre o empreendimento, desde a concepção até a fase de uso e manutenção.
A integração das informações gera a possibilidade de diagnosticar rapidamente as necessidades de compa-
tibilidade na construção – além dos dados sobre materiais, prazos e custos – de modo a garantir assertividade e
melhores soluções para a obra, com aumento de produtividade. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) tem como grande desafio criar estrutura de educação profissional e de consultoria técnica e tecnológica
em todo o território nacional. Atender, com qualidade, as necessidades dos clientes que utilizarão essa ferramenta
será mais uma missão que cumprirá com orgulho e eficiência.

Robson Braga de Andrade


Presidente da CNI

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12
Introdução

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Parte 1 Fundamentos BIM

INTRODUÇÃO

Espera-se que a publicação desta primeira edi- é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendi-
ção do Guia BIM – Building Information Modeling, pela mento, e compreende não apenas as edificações, mas
Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC, também as obras de infraestrutura e indústrias, sendo
esclareça, influencie e facilite a adesão dos seus asso- algumas delas muito específicas e que envolvem inú-
ciados a uma plataforma tecnológica moderna e ino- meros fluxos de trabalho, como óleo & gás, mineração,
vadora. Trata-se de um novo paradigma na indústria da farmacêutica, industrialização de alimentos, dentre
construção civil, que contribui para a elevação dos seus outras. Estimular a adoção do BIM está em perfeito ali-
índices de produtividade e assertividade. nhamento com a razão de existir da CBIC, pois, de fato,
A inovação pelo BIM otimiza os processos desta promove a integração da cadeia produtiva da constru-
indústria, abrangendo seus diferentes segmentos. Ele ção e o desenvolvimento econômico e social do país.

EDIFICAÇÕES INFRAESTRUTURA INDÚSTRIA UTILIDADES

Figura 1: O BIM é uma plataforma tecnológica com uma abrangência gigantesca. Além de ser aplicável a
todo o ciclo de vida de um empreendimento, pode ser empregado em vários segmentos da indústria.

Para simplificar a comunicação com os leitores, o em seus principais conceitos e fundamentos desenca-
conteúdo deste Guia se restringe aos fluxos de trabalho deia a cobertura de um grande volume de informações.
correspondentes ao segmento das edificações, e com Contudo, a organização dos assuntos, que seguem em
relação aos casos de usos BIM inseridos nos cenários cinco partes, facilitará a compreensão e assimilação do
mais comuns do Brasil. Ainda assim, o aprofundamento que é proposto.

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Building Information Modeling

Parte-1: Fundamentos BIM


• Conceito e definições
• Principais benefícios e funcionalidades BIM
• Modelos BIM
• Objetos e bibliotecas BIM
• Ciclo de vida de um empreendimento
• Casos de usos BIM
• Usos BIM mais comuns
• LOD - Nível de desenvolvimento
Parte-2: Implantação BIM
• Preâmbulo – Porque estabelecer um projeto formal para implantar BIM?
• Obstáculos para a adoção BIM
- Inércia e resistência às mudanças
- Dificuldade de entendimento e compreensão
- Barreiras culturais e particularidades do Brasil
- Aspectos e particularidades intrínsecas do BIM
• Planejamento e controle de uma implantação BIM
- Localizar fases do ciclo de vida de empreendimento
- Objetivos corporativos
- Pessoas: equipe, papeis e responsabilidades
- Casos de usos e mapeamento de processos BIM
- Projetos pilotos de implantação BIM e seus objetivos
- Informações
- Infraestrutura e tecnologia (hardware e software)
- Interoperabilidade e procedimentos de comunicação
- Estratégia e requisitos de contração
- Processos de ajustes e controle da qualidade dos modelos
Parte-3: Colaboração e Integração BIM
• Colaboração BIM
- Regras
- Diretrizes de modelagem
- Codificação e padronização
- Interoperabilidade
- IFC – Industry Foundation Classes
- Comunicação via BCF – BIM Collaboration Format
- Formato de arquivos
- Templates
- Softwares BIM
• Integrações BIM
Parte-4: Fluxos de Trabalho BIM
• Logigrama geral - Ciclo de vida completo de uma edificação nova
• Logigrama específico - Macrofase concepção
Fluxos de Trabalho BIM
• Logigrama Específico - Macro fase Anteprojeto
Fluxos de Trabalho BIM
• Logigrama Específico - Macro fase Projeto Executivo
Parte-5: Formas de Contratação BIM
• Formas de contratação
• Entregáveis BIM
• Direitos e responsabilidades
• Garantia e controle de qualidade
• Critérios de avaliação de Modelos BIM
• Considerações finais

15
16
1.1
CONCEITUAÇÃO
O QUE É BIM, E O
QUE NÃO É BIM:

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Parte 1 Fundamentos BIM

1.1 CONCEITUAÇÃO - O QUE É


BIM, E O QUE NÃO É BIM:

Algumas referências apontam que o termo BIM tomation systems and integration – Product data repre-
teria sido utilizado primordialmente por Charles East- sentation and Exchange.2
man, professor da Georgia Tech School of Architecture1 e Essa norma ISO teria sido desenvolvida para ga-
diretor do Digital Building Laboratory. Charles Eastman rantir a apresentação, a integração e o intercâmbio de
teria conceituado BIM como sendo “um modelo digital dados de produtos industriais por computadores, sem
que representa um produto, que por sua vez, seria o re- ambiguidade, e independente do sistema nativo, nos
sultado do fluxo de informações do desenvolvimento quais esses dados teriam sido ‘produzidos’ ou originados.
do seu projeto”. Os dados ou informações geradas no A popularização do termo BIM também estaria
desenvolvimento do projeto deveriam representar o relacionada ao trabalho do renomado consultor ame-
produto, como ele de fato seria construído no mundo ricano Jerry Laiserin, especialista em tecnologia apli-
real, e este conceito teria surgido em decorrência do cada às construções.
desenvolvimento de um padrão para o intercâmbio de Existem diversas definições para o que é BIM. Aqui
dados de produtos, utilizado na Norma ISO 10303 – Au- serão listadas algumas mais conhecidas e difundidas.

1.1.1 - O QUE É BIM?


• Building Information Modeling - BIM é um conjun- recem novas funcionalidades e que, a partir da
to de políticas, processos e tecnologias que, com- modelagem dos dados do projeto e especificação
binados, geram uma metodologia para gerenciar de uma edificação ou instalação, possibilitam que
o processo de projetar uma edificação ou insta- os processos atuais, baseados apenas em docu-
lação, e ensaiar seu desempenho, e gerenciar as mentos, sejam realizados de outras maneiras (ba-
suas informações e dados, utilizando plataformas seados em modelos) muito mais eficazes.
digitais (baseadas em objetos virtuais), através de
O American Institute of Architects – AIA, define BIM
todo seu ciclo de vida.
como “uma tecnologia baseada em um modelo que
• BIM é um processo progressivo que possibilita a está associado a um banco de dados de informações
modelagem, o armazenamento, a troca, a conso- sobre um projeto”.
lidação e o fácil acesso aos vários grupos de infor-
A Administração de Serviços Gerais dos Estados
mações sobre uma edificação ou instalação que
Unidos – GSA – United States General Services Adminis-
se deseja construir, usar e manter. Uma única pla-
tration, descreve BIM como sendo “o desenvolvimen-
taforma de informações que pode atender todo o
to e uso de um modelo digital de dados, não apenas
ciclo de vida de um objeto construído.
para documentar o projeto de uma construção, mas
• BIM é uma nova plataforma da tecnologia da in- também para simular a construção e operação de uma
formação aplicada à construção civil e materiali- nova construção ou de uma instalação já existente
zada em novas ferramentas (softwares), que ofe- que se deseje modernizar. O modelo de informações

1 - Georgia Tech School of Architecture ou Georgia Institute of Technology Campus localizado em Atlanta – USA.
2 - A Norma ISO 10303 também é conhecida como “STEP” – Standard for the Exchange of Product model data.
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Building Information Modeling

de construção resulta de um conjunto de dados refe- é um dos motivos que dificulta uma adequada com-
rentes aos objetos, que são representações inteligen- preensão do que é BIM e, também, das novas formas
tes e paramétricas dos componentes da instalação. A de realizar processos, utilizando esta nova plataforma
partir desse conjunto de dados, vários usuários po- de trabalho, que é baseada em modelos e não apenas
dem extrair visões apropriadas para a realização das em documentos, desenvolvidos pela tecnologia pre-
suas análises específicas e o embasamento dos seus decessora CAD – Computer Aided Design.
correspondentes feebacks que possibilitam a melho- BIM é aplicável não apenas ao segmento das Edi-
ria da concepção do projeto”. ficações, mas também para os setores da Infraestru-
O NBIMS – National Building Information Mode- tura e indústrias, ou seja, BIM é mesmo abrangente
ling Standards define BIM como: “... uma representa- demais, embora os fluxos de trabalho sejam bastante
ção digital das características físicas e funcionais de distintos entre os segmentos. O conteúdo deste Guia
uma instalação. Um modelo BIM é um recurso para abordará apenas os fluxos de trabalho corresponden-
o compartilhamento de informações sobre uma tes ao segmento das Edificações e dentro dele, cobrirá
instalação ou edificação constituindo uma base de apenas os casos de usos BIM e cenários de utilização
informações organizada e confiável que pode supor- mais comuns no Brasil. Esta restrição na abordagem
tar tomada de decisão durante o seu ciclo de vida; é essencial para viabilizar o desenvolvimento do con-
definido como o período desde as fases mais iniciais teúdo no prazo mais curto, e também para simplificar
de sua concepção até a sua demolição. Uma das pre- e facilitar o processo de comunicação e aprendizado.
missas básicas do BIM é a colaboração entre os di- Para que você não se perca nessa imensidão, é
ferentes agentes envolvidos nas diferentes fases do importante que você se localize no ciclo de vida. Ana-
ciclo de vida de uma instalação ou edificação, para lise a representação do ciclo de vida ilustrado na seção
inserir, extrair, atualizar ou modificar informações de 1.5 mais adiante neste mesmo guia, e identifique qual
um modelo BIM para auxiliar e refletir os papéis de a fase em que sua empresa atua, tentando também
cada um destes agentes envolvidos”. identificar quais os principais processos realizados e
liderados por ela.
BIM não deve ser considerado uma tecnologia
tão nova, embora o termo seja relativamente novo.
Soluções similares ao BIM têm sido utilizadas em di-
versas indústrias, onde a complexidade logística (ex.
uma montagem em alto-mar - offshore), ou a repe-
tição de um mesmo projeto (ex. indústria automobi- BIM é aplicável não apenas ao
lística ou de aviação), exigiam e permitiam um maior segmento das Edificações, mas também
investimento no desenvolvimento dos projetos e es-
para os setores da Infraestrutura
pecificações. O que é novo é o acesso da indústria da
construção civil a esta ferramenta, que só se tornou
e indústrias, ou seja, BIM é mesmo
possível pelo aumento da facilidade de aquisição de abrangente demais, embora os fluxos
hardwares (computadores pessoais com grande capa- de trabalho sejam bastante distintos
cidade de processamento) e softwares. entre os segmentos.
Por definição, BIM é aplicável a todo o ciclo de
vida de um empreendimento, desde a concepção e a
conceituação de uma ideia, para a construção de uma
edificação ou instalação (ou da constatação da neces-
sidade de construir algo), passando pelo desenvolvi-
mento do projeto e incluindo a construção, e também
após a obra pronta, entregue e ocupada, no início da
sua fase de utilização. Neste último caso, os modelos
BIM poderão ser utilizados para a gestão da própria
ocupação e para o gerenciamento da manutenção.
Portanto, trata-se de algo abrangente demais, e este

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Parte 1 Fundamentos BIM

1.1.2 - O QUE NÃO É BIM?


À medida que o BIM começa a ganhar mais im- propostas de soluções sustentáveis, que possuíam ob-
portância e relevância no mercado, surgem também jetivos reais de preservação do meio-ambiente.
iniciativas que poderiam ser descritas como BIM wash. Alguns softwares já circulam no mercado travesti-
Ou seja, ocorre um processo semelhante ao que acon- dos como soluções BIM. Por isso, é importante atentar
teceu há alguns anos com a chamada tecnologia verde, para alguns pontos que podem ajudar no processo de
quando foi usado o termo ‘green wash’ para distinguir e discernimento entre o que é BIM e o que não é BIM.
definir iniciativas falsas e oportunistas das verdadeiras Considere as seguintes informações:

1.1.2.1 - NEM TUDO QUE É 3D É BIM. MAS, SE FOR BIM, SERÁ 3D:
Soluções que possibilitam apenas a modelagem e formações além da sua própria geometria, não podem
visualização gráfica em 3D de uma edificação ou insta- ser consideradas como soluções BIM.
lação, que utilizam objetos que não incluem outras in-

1.1.2.2 - SOLUÇÕES QUE, UTILIZANDO MÚLTIPLAS REFERÊNCIAS 2D (DESENHOS OU DOCUMENTOS),


EMULAM MODELOS TRIDIMENSIONAIS:
Estes tipos de softwares não permitem a extração automáticas, nem tampouco possibilitam a realização
automática de quantidades, não realizam atualizações de simulações e análises.

1.1.2.3 - SOLUÇÕES 3D QUE NÃO SÃO BASEADAS EM OBJETOS PARAMÉTRICOS E INTELIGENTES:


Existem algumas soluções que são capazes de de coordenação entre diferentes disciplinas (arqui-
desenvolver modelos tridimensionais de edificações tetura x estruturas x instalações, por exemplo) Eles
e instalações, mas que não utilizam objetos paramé- acabam tomando muitas horas de trabalho e, ainda,
tricos e inteligentes. Embora estes modelos tenham como o nível de qualidade depende exclusivamen-
uma aparência bastante similar aos gerados por so- te da atenção do usuário, se tornam muito mais pas-
luções BIM, as alterações e modificações, são muito sivos de erros e inconsistências. Em outras palavras,
trabalhosas. E alterações e revisões são comuns e quaisquer alterações ou posicionamento de objetos
previsíveis, considerando toda a evolução e matura- num trabalho em desenvolvimento, são difíceis, de-
ção natural de um projeto, ou durante os processos moradas e não automáticas.

1.1.2.4 - SOLUÇÕES QUE NÃO REALIZAM ATUALIZAÇÕES AUTOMÁTICAS:


Para revisões e alterações realizadas numa deter- em desenvolvimento. Neste caso, o usuário precisa exe-
minada ‘vista’, alguns softwares que não são BIM não cutar comandos específicos, e, se por um descuido isso
provocam automaticamente a atualização das demais não acontecer, parte do seu trabalho poderá apresen-
vistas e relatórios de um mesmo projeto ou trabalho tar inconsistências e erros.

20
Building Information Modeling

1.1.2.5 - SOFTWARES E SOLUÇÕES 3D QUE NÃO ATUAM COMO GESTORES DE BANCOS DE DADOS
INTEGRADOS NÃO SÃO BIM:

Nas soluções BIM, o modelo tridimensional de


um prédio ou instalação que se pode visualizar e ma-
nusear na tela de um computador, é uma das formas caso o usuário faça alguma
possíveis de se ‘enxergar’ o conjunto de dados e in- alteração de informação, por
formações que constituem este prédio ou instalação. exemplo, em uma tabela, ela
O BIM oferece outras formas de ‘visualização’ destes
mesmos dados, como listas, tabelas, planilhas, etc.
será refletida, imediatamente e
Além disso, caso o usuário faça alguma alteração de automaticamente, em todas as
informação, por exemplo, em uma tabela, ela será re- outras formas de visualização.
fletida, imediatamente e automaticamente, em todas
as outras formas de visualização.
A alteração em uma tabela, por exemplo, da
largura de um determinado tipo de porta, inserido
e repetido em diversos ambientes de um modelo, tegrados, não importa o formato de visualização
provocará automaticamente, a correspondente al- utilizado durante a realização de uma modificação
teração das imagens tridimensionais destes mes- ou revisão, o sistema deverá atualizar, automatica-
mos ambientes. mente, todas as demais possíveis organizações ou
Em outras palavras, como os softwares BIM visualização dos dados, sejam imagens tridimensio-
trabalham como gestores de bancos de dados in- nais, tabelas, relatórios ou documentos.

21
22
1.2
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS
E FUNCIONALIDADES BIM

23
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS


E FUNCIONALIDADES BIM

Existem 25 diferentes casos de usos BIM que já Este Guia, vai cobrir apenas os casos mais comu-
foram mapeados, conforme publicação específica da mente utilizados no Brasil e que, também, seriam os
PennStateUniversity3, que serão descritos mais detalha- mais imediatamente aplicáveis ao grupo de empresas
que são associados à CBIC, ou seja, incorporadores e
damente nas seções 1.6 e 1.7. Nessa publicação, estão
construtores, que atuam no mercado de edificações.
documentados os fluxos de trabalho correspondentes
Seguindo a mesma ordem já utilizada na Carti-
aos 25 casos de usos, com a identificação de todas as
lha 10 Motivos para Evoluir para o BIM, da CBIC, os
suas fases componentes, sequenciamento e interde- principais benefícios que poderão ser alcançados
pendência entre diferentes atividades, e também todas pelas empresas que decidirem adotar o BIM como
as informações necessárias, para a sua realização. plataforma de trabalho são os seguintes:

1.2.1 - A VISUALIZAÇÃO EM 3D DO QUE ESTÁ SENDO PROJETADO


Nos projetos desenvolvidos em CAD (Computer Ai- O ‘leitor’ das informações documentadas em de-
ded Design), tecnologia baseada apenas em documen- senhos precisava usar sua imaginação para construir,
tos, as representações em plantas, cortes, vistas ou, no apenas mentalmente, as imagens tridimensionais de
melhor dos casos, em desenhos de perspectivas e de- uma edificação ou instalação projetada, combinando
talhes, não permitiam a correta visualização e a perfeita as informações documentadas e fragmentadas em di-
compreensão do que estava sendo projetado. ferentes desenhos.

Figura 2: Desenho em planta, desenvolvido em CAD, representando as instalações de ar-condicionado de uma edifi-
cação. O Leitor precisa ler e interpretar as informações, e usar sua imaginação para construir, mentalmente, as imagens
tridimensionais das instalações documentadas nas plantas, cortes e vistas, que representam as projeções das instalações.

3 - The Pennsylvania State University Office of Physical Plant: BIM Project Execution Planning Guide. Julho/2010.

24
Building Information Modeling

A modelagem 3D possibilita a visualização exata cionalidades para a detecção automática de interfe-


do que está sendo projetado, por mais complexa que rências geoespaciais entre objetos.
seja a instalação ou edificação, além de oferecer fun-

Figura 3: Imagem 3D renderizada, gerada por software BIM, representando parte das instalações de ar-condicionado de uma edificação.

Como dito anteriormente, nem todas as soluções a eficácia no processo de comunicação e alinhamento
de modelagem 3D são BIM, mas se forem BIM, certa- entre todos os envolvidos na construção de um em-
mente serão 3D. As soluções BIM trabalham como ges- preendimento (incorporadores, projetistas, especifi-
tores de bancos de dados, de forma que qualquer al- cadores, orçamentistas, compradores, construtores,
teração ou revisão realizada em qualquer parte de um etc.), inclusive, nas suas fases mais iniciais.
modelo, será automaticamente considerada em todas
Mesmo aqueles que não são técnicos (proprietá-
as demais formas de visualização da correspondente
massa de dados e informações, sejam tabelas, relató- rios e investidores, por exemplo), conseguem entender
rios ou desenhos (documentos), gerados a partir do perfeitamente o projeto, sem a exigência de um exercí-
modelo (e em inexorável consequência do modelo). cio mental, para a interpretação de projeções 2D.
Somente a correta e inequívoca visualização do Tudo isso se traduz em menor desgaste e em menor
que está sendo projetado garante o entendimento e quantidade de problemas durante a fase de execução.
Imagem cedida por Autodesk

Figura 4: Imagem 3D renderizada, gerada por um software BIM, representando parte das instalações de ar-condicionado de uma edificação.

25
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.2 - O ENSAIO DA OBRA NO COMPUTADOR


Costuma-se dizer que a construção civil é uma a execução de uma obra. A construção de um prédio
indústria de protótipos. Quando, finalmente, sabe-se de múltiplos pavimentos exige, por exemplo, a insta-
tudo sobre uma determinada obra, ela acaba. Ainda lação de bandejas de proteção, para evitar a queda
que se repita aquele mesmo projeto, só considerando de materiais ou ferramentas. Com a plataforma BIM,
que o endereço será necessariamente diferente, tam- pode-se realizar a Construção Virtual (Virtual Design
bém serão diferentes as condições de execução, de & Construction – VDC), que permite ensaiar uma obra
acesso ao novo endereço, a formação geológica do no computador, antes do início da construção real, no
subsolo, as condições climáticas durante a execução, a endereço da obra.
mão-de-obra, que poderá empregar outros prestado- Então, bandejas, tanto quanto gruas e elevadores
res de serviços, e assim por diante. de carga, podem ser modeladas experimentando as vá-
Infelizmente é comum que ocorra várias mudan- rias fases de um canteiro de obras. Consegue-se, assim,
ças do decorrer da obra, em relação ao projeto e plane- a eliminação de eventuais interferências destes recur-
jamento originais. O BIM pode minimizar a incidência sos de construção, e usar esses modelos, também para
e o impacto de tais mudanças. A modelagem de infor- estudar, prévia e detalhadamente, todo o processo de
mações possibilita a geração automática de projetos e construir, definindo o sequenciamento das atividades,
de relatórios (documentos), análises de projetos, pla- com um nível de informação sem precedentes. Ou seja,
nejamentos, simulações, gestão de instalações, e mais: a plataforma BIM permite que se modele, não apenas
definitivamente permite que a equipe de projeto fique o edifício ou a instalação com todos seus sistemas e
mais bem informada, para tomar decisões adequadas e componentes, mas, também, permite que se modele o
construir edificações melhores. próprio processo de construir.
O caso de uso BIM chamado Planejamento ou Além disso, alguns softwares BIM criam animações
Sequenciamento 4D permite que se estude, detalha- para a demonstração explícita da sequência de ativida-
damente, todas as etapas e atividades previstas para des na obras. Esses recursos podem gerar economia e

Imagem cedida por Autodesk

Figura 5: A imagem 3D renderizada, gerada por um software BIM ensaia as diferentes fases de cons-
trução de uma edificação, e modela a instalação e funcionamento de uma grua, ou seja, um equipa-
mento (ou recurso) que, não será incorporado na edificação, mas será utilizada na sua construção.

26
Building Information Modeling

redução de descontinuidades e ´surpresas´ durante a usando o BIM, reflete maior aderência da execução da
execução da obra, quando a flexibilidade para tomada obra ao orçamento, e ao que foi planejado, e também
de decisão já é muito reduzida, elevando a qualidade no cumprimento de prazos definidos. Este grande en-
do planejamento e seu nível de assertividade. saio virtual, feito antes de se partir para a execução
Minimizar conflitos e problemas específicos da propriamente dita, no canteiro de obras, configura-se
fase de construção, suas incertezas e riscos que po- como algo realmente valioso para a indústria da cons-
derão ser analisados e contornados previamente trução civil.

1.2.3 - A EXTRAÇÃO AUTOMÁTICA


DAS QUANTIDADES DE UM PROJETO
A extração, automática, de todas as quantidades Essa funcionalidade garante consistência, precisão
de serviços e componentes dos modelos BIM é uma das e agilidade de acesso às informações das quantidades,
funcionalidades mais utilizadas por aqueles que come- que poderão ser dividas e organizadas (ou agrupadas),
çam a utilizar a plataforma. de acordo com as fases definidas no planejamento e na
programação de execução dos serviços.

PILAR DE CONCRETO

DUTOS AR CONDICIONADO COMPONENTES DE INSTALAÇÕES ELEMENTOS METÁLICOS

27
Parte 1 Fundamentos BIM

AREAS DE SUPERFÍCIES
ÁREAS PERÍMETROS PERÍMETROS DE GRUPO COMPOSTAS

Figura 6: Exemplos de extração de quantidades realizadas por soluções BIM. Podem ser extraídas e fornecidas tanto
detalhes dos componentes (exemplo dos pilares), quantidade de componentes ou de conjunto de componentes.

Algumas soluções, disponíveis no mercado de


softwares, possibilitam que o os objetos constituintes
de um modelo BIM sejam associados (linkados) com
as atividades de um cronograma desenvolvido em
MS-Project ou Primavera, permitindo que o contro-
le da execução da obra também seja realizado com
base nos modelos. Desta forma, as extrações auto-
máticas de quantidades dos modelos BIM, baseados
nas fases planejadas, podem agilizar e garantir a
precisão das comparações entre serviços previstos e
efetivamente realizados, por exemplo.

Figura 7: Imagem cedida pela Trimble (Tekla). Planilha de


quantidade de componentes extraída de um modelo BIM.

Figura 8: Partes componentes de um modelo BIM conectadas (linkadas) a um cronograma de atividades. No gráfico
de Gantt (parte inferior da figura), é possível prever os tempos e duração das atividades, e planejar, programar e
ajustar suas relações de precedência, bem como seu sequenciamento lógico. Este recurso facilita bastante a análise
de construtibilidade, que passa a ser visual, e também o dimensionamento das equipes (curvas de balanceamento).

28
Building Information Modeling

1.2.4 - A REALIZAÇÃO DE
SIMULAÇÕES E ENSAIOS VIRTUAIS
Simulações do comportamento e do desempe- • Análises estruturais
nho de edifícios e instalações, ou de suas partes e • Análises energéticas
sistemas componentes, são funcionalidades novas,
(simulações do consumo de energia)
que não podiam ser executadas antes, com a utiliza-
ção de processos baseados apenas em documentos • Estudos térmicos e termodinâmicos
(CAD). Os modelos BIM os tornaram possíveis. Essa é • Estudos de ventilação natural
uma das áreas que mais têm recebido investimentos • Estudos de níveis de emissão de CO2
dos desenvolvedores de softwares. Algumas das aná-
lises e simulações com a utilização de modelos BIM
• Estudos luminotécnicos
são as seguintes: • Estudos de insolação e sombreamento

Figura 9: Através de um código de cores, os esforços estruturais suportados pelas


lajes de uma edificação são representados em imagem gerada por um software BIM.

1.2.5 - A IDENTIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE


INTERFERÊNCIAS (GEOMÉTRICAS E FUNCIONAIS)
Os softwares BIM localizam automaticamente as in- automaticamente, e compartilhados com as equipes
terferências entre os objetos que compõem um modelo. responsáveis por cada uma das diferentes disciplinas.
Esta funcionalidade é conhecida como clash detection. Alguns softwares oferecem formatos padronizados de
Os relatórios das interferências localizadas em um listas de interferências que já incluem a imagem do
modelo BIM em desenvolvimento podem ser extraídos problema, e referências da sua localização no modelo.

29
Parte 1 Fundamentos BIM

Figura 10: Imagem 3D renderizada, gerada por um software BIM, identificando


uma interferência física (clash) entre as tubulações de dois subsistemas.

Isto é bastante útil nos casos de modelos muito exten- fere com outra também de pequeno diâmetro. Ou seja,
sos ou complexos, onde há muitas repetições de tre- seria uma interferência de fácil solução, porque não é
chos de instalações. muito difícil desviar uma tubulação de pequeno diâme-
Além da localização automática, algumas soluções tro, que, na maioria das vezes, pode ser feita utilizando
também classificam as interferências como leves, mo- conexões padronizadas.
deradas ou críticas. Já a interferência de uma tubulação de grande diâme-
Uma interferência leve seria o caso em que, por tro com um componente da estrutura, por exemplo, um
exemplo, uma tubulação de pequeno diâmetro inter- pilar ou uma viga estrutural, seria considerada como crítica.

CRÍTICO MODERADO BAIXO


Figura 11: Localização e classificação, automática, de interferências geométricas, realizadas por um software BIM.
A colisão de duas tubulações de grande diâmetro é considerada crítica; enquanto que a de uma tubulação de médio diâ-
metro com uma de pequeno diâmetro é vista como uma interferência média. A colisão de duas tubulações de pequeno
diâmetro é classificada de nível baixo, considerando o grau de dificuldade para a solução dos problemas encontrados.

30
Building Information Modeling

Figura 12: Embora haja espaço para a instalação do projeto desta sala de reuniões, o posicionamento da luminá-
ria externa entre o projetor e a tela de projeção seria um obstáculo para o seu adequado funcionamento.

Algumas soluções BIM são capazes ainda de Programação e inserção de ‘regras de verificação’
identificar as chamadas interferências funcionais (soft também podem ser admitidas em algumas soluções
clash). Por exemplo, se no projeto de uma sala de reu- BIM. É válido, por exemplo, para averiguar a consistên-
niões, com recursos multimídia, um projetor para apre- cia da rota de acesso de deficientes físicos às edifica-
sentações fixado no teto é posicionado atrás de uma ções (ou a parte delas); ou ainda, para verificar exigên-
luminária externa, localizada entre ele e a tela de pro- cias específicas, feitas por códigos sanitários ou de uso
jeção, seria detectado um problema. Ou seja, mesmo e ocupação do solo.
não ocupando o mesmo lugar no espaço, esta situação Análises semelhantes a esta ilustrada na figura acima
se configura em uma interferência que impediria o fun- podem ser feitas para a verificação de rotas de fuga, por
cionamento adequado do sistema. exemplo, e outras regras de projeto ou especificações.

Figura 13: A figura mostra uma não conformidade de acesso de cadeiras de rodas. A porta com o número 7 foi marcada e destacada
automaticamente pelo software, indicando que o seu sentido de abertura está errado e interferirá com a cadeira de rodas posicionada
dentro do sanitário (projeção da cadeira de rodas representada pelo retângulo vermelho). Já a porta número 10 está de acordo e não
agride nenhuma regra de acesso.

31
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.6 - A GERAÇÃO DE DOCUMENTOS


MAIS CONSISTENTES E MAIS ÍNTEGROS
BIM é uma tecnologia baseada em objetos 3D, consegue ‘perceber’, ‘interpretar’ e ‘reagir’ a essa mudan-
mas atenção: nem todas as soluções 3D são BIM. ça e, automaticamente, ajustar algumas das suas partes
No BIM os objetos são paramétricos e inteligen- componentes para se adequar à nova situação.
tes, e isso significa que estes objetos já têm informa- São reações automáticas que contribuem para
ções sobre si próprios, sobre o seu relacionamento a garantia da consistência e da integridade das solu-
com outros objetos, e também com o seu entorno ou ções projetadas, e também de toda a documentação
ambiente no qual está inserido. do projeto (desenhos, detalhes, tabelas), diferente-
Assim, por exemplo, um objeto BIM que correspon- mente do que acontece nos processos baseados em
da a uma janela ‘sabe’ que precisa ser ‘hospedado’ numa desenhos CAD. Neste último, a integridade da do-
parede e que esta deverá ter uma determinada espes- cumentação depende, exclusivamente, da atenção
sura, por exemplo: 15 cm. Caso um projetista resolva humana, que precisa replicar mudanças em diversos
mudar esta espessura para 20 cm, o objeto janela BIM documentos: plantas, cortes e detalhes.

PILAR DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO, COM INSERTOS METÁLICOS

ALTERAÇÃO DAS MEDIDAS DO MESMO PILAR PRÉ-MOLDADO

Figura 14: Ao alterar as medidas da coluna pré-moldada de concreto, toda a documentação


correspondente (desenhos, tabelas, etc.), foi atualizada automaticamente.

32
Building Information Modeling

Figuras 15 e 16: Documentação de projetos (plantas, cortes, vistas, detalhes, etc.) gerados a partir de modelos
3D BIM. Além de garantir a consistência entre todos os desenhos, a plataforma BIM possibilita que sejam ge-
radas imagens renderizadas das edificações, instalações ou parte delas, que podem ser também inseridas nas
pranchas da correspondente documentação, enriquecendo e facilitando o processo de comunicação.

33
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.7 - A CAPACITAÇÃO DAS EMPRESAS PARA


EXECUTAR CONSTRUÇÕES MAIS COMPLEXAS
Há uma inequívoca tendência de aumento da aumentando, exponencialmente, os problemas para a
complexidade nas construções atualmente, não ape- coordenação espacial, bem como a complexidade para
nas na adoção das formas, cada vez mais orgânicas e o planejamento das obras e a viabilização da sua mon-
curvas, ou em alguns casos, com componentes mó- tagem e construção.
veis, como também nas soluções tecnológicas utili- O BIM também pode ajudar muito nos casos em
zadas nos principais subsistemas construtivos, como que a complexidade não é apenas relacionada às for-
instalações, fachadas, segurança e controle. mas ou subsistemas construtivos, mas é também lo-
Arquitetos como Zaha Hadid, Sanaa, Renzo Piano e gística, quando se requer o cumprimento de prazos
Santiago Calatrava, dentre outros, têm abusado do uso muito desafiadores ou mesmo a coordenação simul-
de formas curvas, orgânicas e até móveis na criação de tânea de diversas frentes de obras.
seus projetos, desafiando as técnicas de construção, e

Figura 17: Formas orgânicas, fachadas dinâmicas e, estruturas móveis são soluções cada vez mais utilizadas. A docu-
mentação destes tipos especiais de edificações e instalações utilizando apenas desenhos é ineficiente, se não impossível.

Em outras palavras, quando as edificações forem tará como boa alternativa e uma ferramenta adequada
complexas demais, ou a logística complicada demais, para o enfrentamento de condições de execução espe-
ou o ritmo for rápido demais, o BIM sempre se apresen- cialmente desafiadoras.

34
Building Information Modeling

1.2.8 - A VIABILIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO


DO USO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
Uma das principais causas do baixo nível de indus- softwares, eliminando a maioria dos potencias erros e
trialização e pré-fabricação no setor da construção civil interferências. Além disso, todos os passos das mon-
no Brasil reside justamente na falta de precisão e as- tagens podem ser ensaiados previamente nos com-
sertividade dos projetos. São inúmeras as experiências putadores, com a utilização de processos de “Projeto
frustradas, em que os investimentos na pré-fabricação e Construção Virtual” (VDC – Virtual and Design Cons-
de componentes foram perdidos, porque, na execução truction), garantindo alto nível de confiabilidade e pre-
e montagens na obra imprevistos e imprecisões nas visibilidade aos projetos e especificações. A maior pre-
partes construídas inviabilizaram as montagens, e exi- cisão proporcionada pela tecnologia BIM pode ainda
giram retrabalhos e gastos adicionais. ser combinada com soluções de captura da realidade
No BIM, a coordenação geométrica de componen- e, então, garantir maior controle e previsibilidade nos
tes também pode ser verificada automaticamente por processos de pré-fabricação e montagem.

Imagem cedida pela Trimble (Tekla Structures)

Figura 18: Maior precisão e assertividade no desenvolvimento dos projetos e especificações, somada à possibilidade de ensaiar as fases de
uma construção ou montagem, que a plataforma BIM proporciona, viabiliza a pré-fabricação e a industrialização de componentes e partes.

35
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.9 - O COMPLEMENTO DO USO DE OUTRAS TECNOLOGIAS


O uso de laser scanning será cada vez mais co-
mum e frequente, e as técnicas de captura da reali-
dade estarão presentes em diversas etapas de uma
construção. A notória redução dos custos dos equipa-
mentos e dos serviços tem facilitado, sobremaneira, o
acesso a esta tecnologia.
Mas, afinal, o que se faz com uma nuvem de pontos
gerada por um escaneamento a laser? Vários usos são
possíveis. Normalmente, as nuvens de pontos geradas
pelos escaneamentos a laser são lidas e trabalhadas por
softwares BIM, para a identificação e separação dos seus
subsistemas constituintes, e, a partir daí, permitir que se-
jam projetadas modificações ou ampliações. A realidade
capturada também pode ser comparada e combinada
com modelos BIM, para estudo de desvios ou para a
realização de simulações. Ou seja, o BIM é fundamental
para que processos e vantagens do uso da tecnologia de
captura da realidade sejam concretizados. Figura 19: Prevê-se que a captura da realidade através do
escaneamento a laser se torne cada vez mais barata e aces-
sível. Sua aplicação passará a ser utilizada antes, durante e
após a fase de construção de uma edificação ou instalação.

Figura 20: Mapeamento dos desvios de prumo e alinhamento de uma estrutura de concreto armado em execução.
Com um código de cores, o vermelho identifica os maiores desvios, e na cor cinza estão os componentes do mode-
lo BIM. Os tons foram associados aos desvios da estrutura real construída, obtidos com o uso de um laser scanning.

36
Building Information Modeling

Figura 21: O nível de precisão alcançado por algumas soluções, que utilizam drones4 para sobrevoar
uma obra ou instalação tirando sequências de fotografias, já é suficiente para viabilizar diversos usos.
É possível, inclusive, que sejam gerados modelos 3D, editáveis e manipuláveis, a partir das fotos.

A tecnologia de captura da realidade através de interferências e problemas, alguns grupos de informa-


fotografias também tem evoluído muito rapidamente. ções podem ser retirados e levados para a obra, faci-
Uma vez que os modelos tenham sido desenvolvi- litando a execução e aumentando o nível de precisão
dos e todos os subsistemas, coordenados, eliminando dos trabalhos.

Figura 22: Estação total, usada na obra para retirar informações de um modelo BIM, e fazer, por exemplo,
a locação de pendurais para sustentação e fixação de tubulações para ar-condicionado. Além da locação
de componentes e subsistemas, ela pode verificar desvios de nível e prumo nas partes já construídas.

4 - Drones: Aeronaves não tripuladas, com vôos controlados remotamente.


37
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.10 - O PREPARO DAS EMPRESAS


PARA UM CENÁRIO FUTURO
A construção civil, mesmo sendo uma indústria Durante a crise do mercado imobiliário dos Estados
notoriamente tradicionalista, e conhecida por ser resis- Unidos em 2008, a adoção BIM cresceu acentuada-
tente às mudanças, tem aderido rapidamente ao BIM mente por lá. Foi uma alternativa de reação para as
em diversas partes do mundo. empresas afetadas, que aproveitaram o momento de
São inúmeras as iniciativas conhecidas. Algumas redução no nível de suas atividades para inovarem,
com abrangência de política estratégica Nacional, aprenderem e melhorarem seus processos, aumen-
como no caso do Reino Unido, Cingapura e do Chile, tando sua produtividade e eficiência.
onde todas as obras, financiadas com dinheiro público, No mapa abaixo estão identificados os princi-
precisarão ser necessariamente, desenvolvidas com o pais países onde as iniciativas BIM são mais eviden-
uso da plataforma BIM. tes e notáveis.
A tecnologia BIM tem rompido paradigmas de Em países onde a adoção BIM já é mais madura e
produtividade, elevando o patamar de assertividade e abrangente, uma pesquisa realizada em 2013 pela Mc-
confiabilidade dos projetos. Graw Hill Constructions apontou como um dos seus
Nota-se que, num futuro próximo, o BIM será con- principais benefícios, percebidos pelas empresas, a me-
dição mandatória para qualquer empresa que desejar lhoria das suas imagens no mercado, como evidência
manter-se atuante na indústria da construção civil. concreta de liderança, e inovação.

Finlândia

U.K.
alemanha

EUA belgica japão


Oriente médio China
Emirados árabes
Qatar

cingapura

Brasil

Chile
nova zelândia

Figura 23: Reino Unido5, Cingapura e Chile tiveram o BIM definido como uma política estratégica nacional

5 - Em 31.05.2011, o United Kingdom Cabinet Office publicou que o BIM seria adotado como política estratégica Nacional em todo o Reino
Unido, disparando uma série de ações para capacitação dos órgãos públicos, e estabelecendo a exigibilidade de que todo e qualquer
projeto, subsidiado por recursos públicos, obrigatoriamente deveriam ser desenvolvidos com o uso do BIM, a partir de 2016.
38
Building Information Modeling

No Brasil, a adoção BIM ainda pode ser conside- o Departamento Nacional de Infraestrutura de Trans-
rada incipiente, mas algumas das principais iniciativas porte (DNIT). Método Engenharia, CCDI, Odebrecht,
têm sido tomadas por bancos e agências públicas, Gafisa e Sinco estão entre as empresas pioneiras em
como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e relação ao BIM no país.

1.2.11 - AS ANÁLISES DE CONSTRUTIBILIDADE


Não apenas em construções muito complexas, e definir a sequência da montagem, porque, em alguns
mas também em partes específicas de edificações casos, tal sequenciamento é vital para viabilizar a cons-
como shopping centers ou hospitais, podem existir trução, tamanha a falta de flexibilidade.
regiões com grande concentração de diferentes tipos Esta é a definição de ‘construtibilidade’ – existe
de subsistemas. Por exemplo, em um hospital, além das uma sequência ótima de montagem para qualquer
instalações normais de conforto (ar-condicionado, ven- conjunto de instalações ou edificação. Combinando
tilação e exaustão), é comum a necessidade de gases, recursos BIM como a construção virtual (Virtual De-
água quente, sistemas de monitoramento e controle, sign & Construction), a identificação automática de
sistemas de segurança e alarme, etc. interferências (clash detection) e o planejamento
Para estas partes críticas, muito ‘poluídas’ de ins- 4D, pode-se realizar simulações e análises da cons-
talações, não basta que se resolvam os conflitos físicos trutibilidade com um nível sem precedentes de con-
(coordenação geométrica). É preciso também estudar fiança e assertividade.

Figura 24: Figura renderizada gerada por um software BIM mos-


trando uma área bastante congestionada de instalações. A análi-
se da construtibilidade responderia a perguntas como: Por onde Figura 25: Figura gerada por um software BIM mostrando uma
devo começar esta montagem? Qual seria a sequência ótima? montagem de uma estrutura metálica muito complexa. O estudo de
construtibilidade é vital para viabilizar uma montagem como esta.

39
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.12 - O DESENVOLVIMENTO DE MAQUETES ELETRÔNICAS


A partir dos próprios modelos BIM desenvolvi- criadas maquetes eletrônicas que podem ser utiliza-
dos para a criação de uma edificação ou para gerir das tanto no estande de vendas de um empreendi-
a sua construção, é possível gerar imagens renderi- mento, quanto em seu material publicitário e pro-
zadas com alta qualidade e definição. Por meio de mocional. Este é um tipo de ‘entregável’ que precisa
recursos de sombreamento, iluminação, inserção em ser contratado separadamente quando se utiliza a
contexto (endereço local e imagens do entorno), são tecnologia CAD.

Figura 26: Figura gerada por um software BIM mostrando duas edificações inseridas virtualmente no local de construção. Ele também
facilita o desenvolvimento de maquetes eletrônicas para serem utilizadas em estande de vendas e material publicitário.

Figura 27: Figura gerada e renderizada por um software BIM mostrando interior de uma edificação modelada.

40
Building Information Modeling

1.2.13 - O REGISTRO E CONTROLE VISUAL


DE DIFERENTES VERSÕES DOS MODELOS
Especialmente nos casos de projetos muito com- a maioria das soluções BIM oferecem recursos que pos-
plexos ou em que diferentes equipes desenvolvem sibilitam a identificação fácil e intuitiva das diferentes
simultaneamente um mesmo projeto, a identificação versões de um modelo, utilizando um código de cores
e o controle das diferentes versões dos documentos para identificar partes e componentes que tenham sido
podem ser bastante confusa e desafiadora. No entanto, modificadas, incluídas ou excluídas.

Figura 28: Através de um código de cores, são identificados elementos que foram modificados, incluídos
ou excluídos de um modelo. Este recurso torna rápido, intuitivo e eficaz o controle de versionamento dos
modelos e arquivos em desenvolvimento.

1.2.14 - A VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ACESSO PARA


MANUTENÇÃO E HUMAN FACTOR ENGINEERING - HFE
Os softwares BIM podem viabilizar a coordenação das as condições de acesso para profissionais de ma-
de projetos, sob a ótica da garantia de acesso para futu- nutenção, considerando ainda o uso de ferramentas e
ras atividades de manutenção. Por exemplo, no sobre- chaves para a desmontagem de alguns componentes.
forro de algumas áreas de hospitais ou shopping cen- Este tipo de premissa de projeto também é conhe-
ters, onde há grande congestionamento de instalações, cida como Human Factor Engineering – HFE. Leva-se em
não é suficiente apenas a eliminação das interferências conta a escala e as medidas do ser humano, que precisa-
e colisões. É importante, também, que sejam garanti- rá acessar áreas das instalações, e, numa condição ideal,

41
Parte 1 Fundamentos BIM

realizar tarefas com condições mínimas de segurança, tando posições de trabalho muito desconfortáveis e que
evitando a agressão a sua saúde e integridade física (evi- prejudiquem a coluna vertebral, por exemplo).

Figura 29: Área de sobre-forro muito congestionada de instalações. Numa situação ideal, o desenvolvi-
mento de soluções deve considerar não apenas a solução das interferências geométricas mas também as
condições de acesso e uso de ferramentas para o desmonte de um componente, por exemplo, evitandos
posições de trabalho muito desconfortáveis que possam prejudicar a saúde dos mantenedores.

1.2.15 - A COORDENAÇÃO E O CONTROLE DE CONTRATADOS


Algumas soluções BIM possibilitam o agrupamento A lista de atividades, considerando suas prece-
de componentes de um modelo, para o qual se podem dências e inter-relações de dependência e prioridade,
definir atributos comuns, por exemplo, o nome de uma quantidades e durações, podem então ser programa-
empresa contratada para realizar esta parte dos serviços. das e controladas, com a facilidade da visualização no

42
Building Information Modeling

modelo, dos componentes que correspondem a cada o trabalho de balanceamento e controle de diferentes
uma delas. Este recurso facilita muito e torna intuitivo equipes de produção.

Figura 30: Imagem cedida pela Trimble (Tekla Structures).Controle de serviços realizados por
diferentes contratados, identificados no modelo BIM através de um código de cores. As ati-
vidades são programadas em cronogramas também linkados aos componentes do modelo.

1.2.16 - O RASTREAMENTO E O CONTROLE DE COMPONENTES


Também se pode utilizar um modelo BIM para digo de cores, que correspondem às peças já pro-
rastrear e controlar componentes de uma edifica- duzidas na fábrica de pré-moldados, prontas para
ção ou instalação em construção. A ilustração a se- serem despachadas pra obra, já recebidas na obra,
guir comunica bem este uso. Nela, os componentes já montadas e danificadas.
pré-fabricados que compõem as arquibancadas de Uma vez que estes diferentes atributos tenham
um estádio estão identificados, através de um có- sido associados aos componentes, a solução BIM

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Parte 1 Fundamentos BIM

possibilita a visualização de apenas um dos grupos a gestão ativa de todo o processo de pré-fabricação,
e a extração derelatórios organizados, por exemplo, armazenamento, montagem, controle de qualidade
por datas. As informações podem ser utilizadas para e liberação de medições para pagamento.

Figura 31: Imagem cedida pela Trimble (Tekla Structures). Controle de componentes pré-fabricados, através de
um código de cores. Indica as peças já produzidas, prontas para despacho na indústria de pré-moldados, peças
já recebidas na obra, peças montadas e danificadas. As informações podem ser filtradas e agrupadas de acordo
com o interesse do usuário, que também pode gerar planilhas e relatórios para a gestão do processo completo.

1.2.17 - MODELOS BIM PODEM EMBASAR


PROCESSOS DE GESTÃO DE ATIVOS
Modelos BIM podem ser usados como base de Por exemplo, o motor do sistema de exaustão
dados, para a realização de processos de manuten- de uma edificação foi retirado da sua embalagem no
ção e gestão de ativos, após a conclusão e entrega canteiro de obras, e esteve nas mãos de um instalador
de uma obra. antes de ser instalado onde estava previsto. Este seria
Alguns softwares BIM possuem funcionalidades momento mais adequado para que fossem anotados
que possibilitam a exportação automática do subgru- os principais dados deste motor, como fabricante, mo-
po de informações que correspondem ao COBie6. Este delo, e, principalmente, o número de série. Após sua
é um formato padronizado, capaz de capturar dados, instalação, num provável sobreforro congestionado
em suas origens e ao longo de todo o desenvolvimento por outros equipamentos, poderá ser muito difícil ob-
de um projeto, que são importantes para suportar ope- ter algumas dessas informações.
ração, manutenção e gestão de uma edificação depois
Caso a equipe estivesse utilizando o COBie, ele exi-
de construída e entregue para uso.
giria que o instalador entregasse um documento com o

6 - COBie – Construction Operations Building Information Exchange – é um formato para publicação de um


subgrupo de informações de uma edificação, centrado na modelagem de dados não geométricos.
44
Building Information Modeling

registro das principais informações do motor instalado. In- equipamento. Outra vantagem é que o COBie pode ser in-
clusive, indicaria um ‘local’ adequado para o registro des- cluído em contratos como condições de ‘completeza’ para
ses dados mencionados no exemplo que se somariam a determinados serviços firmados com terceiros.
outros dados importantes e complementares do mesmo

Figura 32: A figura da esquerda mostra uma vista renderizada de parte do modelo estrutural BIM de uma edificação, enquan-
to a da direita documenta uma das fases de construção, num ângulo bem semelhante ao utilizado para a criação da imagem.
Em todo empreendimento construtivo, sempre existirá um subgrupo de informações que serão importantes para futuros
processos de manutenção e gestão da edificação já concluída. Muitos softwares BIM exportam o subgrupo de informações
no formato padronizado COBie, que é específico para o embasamento de processos de manutenção e gestão do ativo.

1.2.18 - A FABRICAÇÃO DIGITAL


Informações de componentes de um modelo BIM pamentos de fabricação automática – máquinas com
podem ser extraídas e utilizadas diretamente em equi- controle numérico computadorizado (CNC).

Figura 33: Algumas soluções BIM incluem funcionalidades que permitem a impressão direta de códigos de barras para a
identificação de componentes.

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Parte 1 Fundamentos BIM

Figura 34: Sequência de fotos mostrando uma máquina de corte digital de tubulações com paredes espessas e grandes
diâmetros. Cortes precisos, com chanfros cônicos para a perfeita união de tubulações de grande diâmetro já cortadas,
considerando o dimensionamento dos cordões de solda especificados.

Figura 35: Máquina automatizada, com controle numérico computadorizado, para corte de chapas de aço.

Figura 36: Plano de corte de chapa de aço, gerado por software BIM, para maximizar o aproveitamento de material.

46
Building Information Modeling

1.2.19 - AS VERIFICAÇÕES DE LOCAÇÕES E NÍVEIS


NA OBRA, BASEADAS EM MODELOS BIM, PODEM
SER REALIZADAS POR UM ÚNICO HOMEM
A partir de informações previamente referenciadas cações e níveis num canteiro de obras, avaliando even-
num modelo BIM, utilizando equipamentos do tipo ‘es- tuais distorções e erros de alinhamento e cotas.
tação total’, uma única pessoa pode fazer e conferir lo-

Figura 37: As coordenadas de alguns pontos específicos referenciadas num modelo 3D BIM podem ser gravadas
em um equipamento gerenciador de layout (Layout Manager), e, por comunicação via rádio com uma estação
total instalada na obra, permite a ‘materialização’ de posicionamentos e níveis no campo, ou numa construção.

Figura 38: O gerenciador de layouts é fixado num bastão que possui um prisma de rastreamento em uma das suas extremidades.
O prisma e uma conexão via rádio permite que a movimentação do bastão seja rastreada, em tempo real, pela estação total posi-
cionada na obra, ‘lendo’ as coordenadas do seu posicionamento, e comparando com as coordenadas extraídas de um modelo BIM.

47
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.20 - PRINCIPAIS BENEFÍCIOS BIM, CONSIDERANDO AS


MACROFASES DO CICLO DE VIDA DE UM EMPREENDIMENTO
A organização dos principais benefícios da adoção vida de um empreendimento, pode contribuir para o
BIM, considerando as principais macrofases do ciclo de processo de compreensão dos leitores.

• Certificar-se de que a
correta edificação ou
instalação está sendo criada
• Envolver o proprietário e os
usuários adequadamente • Processo de prospecção e
desde as fases mais iniciais aquisição just-in-time, com
do empreendimento menor risco • Start up virtual
•Adequada compreensão e • Melhores processos e • Melhor transição da
entendimento das premissas métodos de projeto e construção de áreas para
e requisitos construção testes e startups sistêmicos

PROJETO CONCEITUAL
PLANEJAMENTO
ANTEPROJETO

• Rápida avaliação e • Equipes mais • Conhecimento e


análise de uma proposta produtivas acompanhamento
de projeto sob diversos • Eliminação das proativo das condições das
pontos de vista interferências edificações e instalações
• Redução de Aditivos
Contratuais
• Registro da progressão
em tempo real
• Ciclos econômicos
mais rápidos
• Menor estrutura
administrativa

Figura 39: Principais macrofases do ciclo de vida típico de um empreendimento, e os principais benefícios da adoção BIM.

A utilização do chamado macro BIM, nas fases mais (por exemplo, edificações residenciais de alto padrão,
iniciais de um empreendimento, possibilita a redução de ou comerciais, para consultórios médicos e dentistas);
incertezas e riscos associados aos custos e prazos estima-
dos para a sua realização. Essas ferramentas usam mode- • Custos por metro quadrado (ou por metro cúbico)
los de edificações não detalhados, que são associados a de diferentes ambientes (banheiros públicos de
bancos de dados de custos específicos, organizados de médio padrão, ou dormitório com padrão alto de
uma determinada e particular maneira, e assim tornando acabamento);
possível o rápido cálculo dos custos de diferentes solu- • Custos unitários de diferentes sistemas construti-
ções construtivas, baseados em premissas. vos, como por exemplo: valor por metro quadra-
Essa organização especial dos dados de custos, inclui, do de fachada em pele-de-vidro estruturada com
entre outros, os seguintes cálculos: garras de alumínio; ou de fachada em alvenaria de
• Custos por metro quadrado (ou por metro cúbico), de blocos cerâmicos, revestida externamente por pas-
diferentes tipos de edificações, classificadas pelo uso tilhas, com janelas de alumínio nível 1, vidro de cor-

48
Building Information Modeling

rer, e peitoris de granito polido – ou ainda, custo de sistemas são propostos pelo próprio computador, tes-
fundações em tubulões, com capacidade de X To- tando milhares de alternativas baseadas em premissas
neladas/Tubulão – custo de fundações em Estacas de desempenho especificadas para um projeto.
Cravadas, com capacidade de X Toneladas/Estaca.
Na fase de cotação, aquisição e contração (Procu-
Utilizando estas bases de dados de custo organizadas rement), a adoção BIM pode proporcionar:
com os modelos BIM (não detalhados) das edificações,
pode-se calcular com rapidez, o orçamento de diferentes • Processos de prospecção e aquisição mais rápidos,
combinações de layouts ou de sistemas construtivos, e ter com maior nível de assertividade e menor risco;
prontas respostas a situações como:
• Uma correta comparação de alternativas, viabilizando
1) Em um determinado empreendimento, qual a a escolha e definição de processos e métodos cons-
diferença de custo entre construir dois blocos com trutivos mais eficazes.
dez andares e construir um único bloco com vinte? Na fase de construção, a adoção BIM pode pro-
porcionar:
2) Qual seria a diferença de custo caso se decida
substituir uma determinada fachada da edificação,
• A melhoria da eficiência no canteiro de obras, ao pos-
inicialmente especificada como pele-de-vidro, por sibilitar a visualização clara do planejamento da cons-
uma fachada convencional em alvenaria revestida trução, o inter-relacionamento entre as atividades e
por pastilhas e janelas de alumínio com vidro? suas precedências e dependências;
• Um maior índice de pré-fabricação em função dos
3) Qual seria a diferença de custo para a substitui- melhores recursos de controle da execução e da
ção das fundações em tubulões por fundações maior previsibilidade das condições de campo;
com estacas cravadas?
• Melhorescondições de dimensionamento das
As ferramentas Macro-BIM também podem ser utiliza- equipes de trabalho, utilizando dados confiáveis
das para análises energéticas. Com base em determinadas sobre quantidades de serviços e possibilidades
premissas, como localização física de uma edificação, posi- de faseamentos;
cionamento das fachadas em relação à carta solar do seu • Eliminação de interferências entre subsistemas
endereço específico, pode-se calcular diferentes alternati-
construtivos;
vas, tanto da própria locação quanto da especificação dos
principais subsistemas construtivos, que interferem com o • Redução da imprevisibilidade na fase de construção,
consumo de energia – como, por exemplo – climatização e reduzindo a quantidade de aditivos contratuais;
ar condicionado, fachadas envidraçadas, dentre outras. • Maior facilidade no registro da progressão da cons-
Em resumo, a utilização do BIM pode proporcio- trução e a comparação com a evolução planejada;
nar, de acordo com a fase de andamento do projeto, • Viabilização
de ciclos econômicos mais curtos e
as seguintes melhorias: aderentes ao planejamento;
Fase preliminar à elaboração do projeto: • Redução da estrutura administrativa, conduzindo a
• Facilitar a melhor compreensão ,por parte do proprietá- um menor custo total da gestão da fase de construção.
rio, usuários e demais participantes, das ideias que nor- Na fase de início de uso e ocupação (start up), a
tearão a futura edificação ou instalação; inclusive da- adoção BIM pode proporcionar:
queles que não tenham formações técnicas específicas;
• A viabilização do ensaio virtual do uso e ocupação,
• Garantir maior confiabilidade e melhor nível de asser- simulando futuros desempenhos de alguns dos siste-
tividade nas estimativas de custos; mas construtivos;
• Certificar que será desenvolvida a correta edificação • Uma transição mais fácil e mais harmônica, sem sola-
ou instalação . vancos, entre o final da construção e a fase de testes,
assim como com o início efetivo do uso e ocupação,
Na fase de projeto, a adoção BIM pode proporcionar: evitando desgastes.
• melhoria na qualidade do design, do projeto e das Na fase de uso e operação, a adoção BIM pode
especificações, através da viabilização de ciclos de proporcionar:
análises mais rápidos e mais efetivos;
• O fácil acesso às informações que são valiosas para o
• maior índice de pré-fabricação, em função da melhor agente responsável pela operação e manutenção da
previsão das condições de campo; edificação ou instalação construída;
• maior nível de inovação, graças a utilização de recursos • Melhoria do desempenho de uma Edificação ou Ins-
de “design digital”, onde algumas das soluções e sub- talação construída, aumentando sua vida útil total.

49
Parte 1 Fundamentos BIM

1.2.21 - COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSO TRADICIONAL DE


DESENVOLVIMENTO DE PROJETO (CAD) E O PROCESSO BIM

Segundo Loen (1974), “Coordenar um projeto é cuidar Nas situações mais comuns, a coordenação dos
para que as atividades sejam executadas com respeito à sua projetos é feita:
importância e com um mínimo de conflito”. • Pelo autor do projeto arquitetônico;
Dentre as principais responsabilidades da coorde-
nação de um projeto estão os seguintes itens:
• Por um arquiteto ou engenheiro específico
da construtora;
• Responsável por todas as soluções de projeto
adotadas; • Por um profissional externo, contratado para reali-
zar a coordenação.
• Responsável pela solução das interferências en-
tre projetos; Em regra geral, o autor do projeto arquitetônico,
não costuma acompanhar a execução da obra, em mui-
• Responsável pela verificação de cotas; tos casos também não conhece as soluções construti-
• Responsável pelos atrasos de desenvolvimento vas adotadas pela construtora.
de projetos; Caso a coordenação seja realizada pelo arquiteto
• Garantia das premissas de cada projeto especí- ou engenheiro da construtora, estes conhecem bem os
fico (briefing); processos construtivos e a cultura construtiva da em-
presa, mas acabam por promover uma grande sobre-
• Auditorias de soluções específicas nas partes mais posição com a atividade realizada pelo arquiteto autor
importantes do projeto;
do projeto, tendendo a privilegiar a construtibilidade
• Ações enérgicas e antecipadas para garantia de em detrimento da solução arquitetônica.
prazo nas etapas de entrega; E se a coordenação é responsabilidade de um pro-
• Informação da alta gerência sobre riscos importan- fissional externo, contratado para este fim específico,
tes (itens do briefing, prazos, etc.). provavelmente apresentará bom nível técnico, mas
também limitações para dominar os processos constru-
Os problemas mais comumente relatados na coor-
tivos definidos e praticados pela construtora, porque
denação de projeto seriam:
desconhece sua cultura construtiva. Como este profis-
• Processo de coordenação não sistematizado; sional não costuma participar da fase de concepção do
• Briefing de projeto inexistente ou incompleto; projeto, sua eficácia como coordenador também acaba
sendo limitada.
• Coordenador inexperiente, sem vivência em can-
teiros de obras; O gráfico mostrado a seguir representa a relação
entre custo incorrido com a alteração de projeto de
• Engenheiros de obra não participam na etapa de acordo com o estágio do empreendimento, num pro-
desenvolvimento dos projetos; cesso tradicional de desenvolvimento de projeto se uti-
• Empreendedores não possuem objetivos claros; lizando a plataforma BIM.

• Construtoras não utilizam processos construti- Costuma-se dizer que a utilização do BIM acelera
vos sistematizados; os processos de decisões que precisam ser tomadas,
não apenas relacionadas aos detalhes construtivos e
• Inexistência de manuais de projeto; especificações de um determinado projeto, mas tam-
• Falta de profissionalismo dos projetistas; bém sobre os métodos construtivos que serão utiliza-
dos. Embora isso seja valioso para o processo como um
• Falta de um processo de avaliação e classificação todo, nem sempre é algo fácil de viabilizar, consideran-
de projetistas;
do a maneira como são estruturadas a maioria das em-
• Práticas deficientes enraizadas nas organizações. presas incorporadoras e construtoras no Brasil.

50
Building Information Modeling

O conhecimento técnico mais detalhado e apro- • Quanto mais adiantado o estágio do ciclo de de-
fundado sobre os métodos construtivos utilizados pelas senvolvimento de um empreendimento, mais
construtoras, nas situações mais comuns, está registrado altos serão os custos das eventuais alterações de
apenas na experiência e na memória de alguns poucos projetos e especificações.
gerentes técnicos responsáveis pela produção propria-
mente dita. São, em geral, pessoas muito ocupadas e Antes do início das obras (parte esquerda do
solicitadas pelas organizações, e é muito difícil envolvê- gráfico, com o fundo azul), estão as grandes e mais
-los nas fases de discussão de projetos e especificações, significativas oportunidades para obter reduções de
em tarefas que podem exigir um tempo de dedicação custos e definir racionalizações. Nessas fases do de-
razoável. Não é raro que um gerente técnico de produ- senvolvimento do projeto, o foco dos esforços deve
ção acabe fugindo de uma reunião de coordenação BIM, estar nas atividades de concepção, pesquisas e de-
quando se depara com uma lista com algumas centenas senvolvimentos de sistemas, de soluções construti-
de interferências que precisam ser resolvidas, com toma- vas e de engenharia.
das de decisões nem sempre simples, tampouco rápidas. Após o início das obras (parte direita do gráfico,
Todavia, a análise e reflexão sobre esses gráficos com o fundo rosa), numa situação ideal, a maioria das
chamam a atenção para alguns pontos importantes: especificações e decisões sobre os métodos constru-
• A capacidade para impactar custos de obra e ca- tivos a serem utilizados já terá sido tomada e estará
racterísticas funcionais de um empreendimento congelada. Portanto, o foco dos esforços deverá migrar
diminui conforme o projeto evolui pelos estágios para a gestão de suprimentos de materiais e dos de-
do seu ciclo de desenvolvimento. mais recursos logísticos.

Foco em P&D em Engenharia Foco em Gestão de Suprimentos


ALTA e Sistemas Construtivos e Logística de Materiais

100%
1
2
Esforço / Efeito

Recursos já
despendidos

4 3

Habilidade para
influenciar nos custos
e na qualidade

BAIXA 0
PD SD DD CD PR CA OP

Fases de Desenvolvimento do projeto (tempo)

1 Capacidade de impactar custos de obra e características PD (Pre-Design) : Pré-projeto (Incepção)


funcionais do empreendimento SD (Schematic Design) : Estudo Preliminar - Anteprojeto
2 Custo de alterações de Projeto DD (Detailed Design) : Projeto Básico
CD (Construction Design) : Projeto Executivo
PR (Procurement) : Licitação e Contratação
3 Processo tradicional de Projeto (CAD)
CA (Construction) : Obra / Construção
OP (Operation) : Operação
4 Processo BIM

Figura 40: Gráfico comparativo entre o processo tradicional de desenvolvimento de projetos (CAD) e o processo BIM.

51
52
1.3
MODELOS BIM

53
Parte 1 Fundamentos BIM

1.3 MODELOS BIM

Um modelo de informações de construção (Mode- tivo, em que, idealmente, as tarefas realizadas por um
lo BIM) é uma representação digital multidimensional participante do processo possam ser totalmente apro-
das características físicas e funcionais de uma edifica- veitadas por outro, mais a jusante no ciclo de vida de
ção ou instalação. um empreendimento, e embora muitos dados sejam
Diferentes modelos BIM poderão ser desenvolvi- de fato compartilhados, nos casos mais comuns, são
dos, de acordo com os usos e propósitos principais, desenvolvidos modelos específicos para as principais
aos quais se destinarem; e esses diferentes modelos disciplinas que compõem uma edificação ou instala-
são desenvolvidos em fases específicas do ciclo de ção: arquitetura, estruturas, instalações elétricas, insta-
vida de um empreendimento, considerando a conso- lações hidráulicas, etc.
lidação das informações, resultantes da evolução do Ainda sobre variações, elas também se diversifi-
projeto e do processo de definição das soluções cons- cam na forma de compartilhar e trocar dados, depen-
trutivas e especificações. dendo da infraestrutura disponível e da configuração
Um engano comum é pensar que com um único das diferentes equipes que desenvolvem o trabalho.
modelo BIM seja possível realizar todos os processos de Uma das boas práticas é estabelecer o que se chama
trabalhos e análises para um empreendimento. Embora de ‘modelo federado’ ou ‘modelo compartilhado’, para
uma das premissas do BIM seja o do trabalho colabora- facilitar a troca de informações.

Arquitetura Arquitetura

Engenharia Engenharia Engenharia Engenharia


Civil Estrutura Civil Estrutura

Conforto Ar Conforto Ar
Proprietario Cond. Proprietario Modelo Cond.
Investidor Exaust. e Investidor Compartilhado Exaust. e
Vent. Vent.

Gerenciam. Gerenciam.
Manutenção Iluminação Manutenção Iluminação

Gerenciam. Gerenciam.
Construção Construção

Caos de Informações Informações Compartilhadas

Figura 41: A ilustração da esquerda demonstra o processo tradicional de trocas de informações sobre várias disciplinas, comumente
envolvidas no desenvolvimento de um projeto baseado em documentos (CAD). A ilustração da direita demonstra o estabelecimento
de um modelo compartilhado (ou federado), que é utilizado para a troca de informações entre as diferentes disciplinas.

54
Building Information Modeling

Existem muitas questões que precisam ser ende- ser resolvida facilmente, tampouco rapidamente, e, por
reçadas e tratadas para que este modelo de comunica- isso, será abordada em capítulos específicos deste con-
ção e compartilhamento de dados realmente funcione, teúdo, mais adiante.
como a questão da interoperabilidade entre diferentes Por ora, talvez os pontos mais importantes a ressaltar
softwares ou diferentes tecnologias. Existem no merca- correspondem ao fato de que, mesmo ainda não sendo
do soluções que trabalham com formatos proprietá- muito simples nem de fácil resolução as questões de inte-
rios de arquivos, e outras apresentadas como soluções roperabilidade e compatibilidade entre diferentes softwa-
‘openBIM’, porque teriam adotado formatos de arqui- res, é possível viabilizar a realização do processo de troca
vos ‘abertos’. Mas esta não é uma questão que possa de informações e interações ilustrado na figura anterior.

1.3.1 - MODELOS BIM DE PROJETO OU MODELOS AUTORAIS


Os modelos desenvolvidos para as diferentes disci- das disciplinas, até que se obtenha uma solução bem
plinas são comumente chamados de modelos autorais, equilibrada e consistente (sem interferências). Uma vez
ou seja, são feitos pelos autores dos projetos de cada que este estágio tenha sido alcançado, os modelos pas-
uma das disciplinas. Eles têm como propósito principal sam a ser utilizados também para a geração de toda a
definir o ‘objeto construído’ em si, e são usados princi- documentação do empreendimento, por exemplo, plo-
palmente para a realização de análises, a coordenação tagem de desenhos e tabelas.

Coordenação
Modelo de projeto e documentação
(e análises) do projeto

Figura 42: Modelos autorais, ou modelos de projetos, são desenvolvidos pelos autores dos projetos das diferentes
disciplinas que normalmente compõem uma edificação (arquitetura, estruturas, instalações, etc.). São utilizados para a
realização de análises, e para a coordenação das disciplinas, eliminando interferências. Depois de concluída a coorde-
nação, extrai-se toda a documentação do empreendimento (plantas, cortes, fachadas, tabelas, memoriais, etc.).

1.3.2 - MODELOS BIM DE PLANEJAMENTO OU DE CONSTRUÇÃO


Os modelos BIM desenvolvidos especifica- lizados para estudar a divisão das etapas constru-
mente para planejar a fase de construção são uti- tivas, auxiliar no dimensionamento das equipes, e

55
Parte 1 Fundamentos BIM

realizar o chamado planejamento 4D de uma obra. todo o encadeamento das atividades programa-
Muitos softwares possibilitam animações, em que das, verificando as regras de precedência e depen-
se pode visualizar, de forma natural e intuitiva, dência entre elas.

Planejamento
Modelo de da execução e
construção orçamento de obra

Figura 43: Modelos BIM específicos para construção são desenvolvidos com a finalidade de
fazer o ‘ensaio da construção’, servindo também como base para o planejamento 4D.

1.3.3 - MODELOS BIM DE PRODUÇÃO


OU DE CONSTRUÇÃO PARA CANTEIRO
Os modelos BIM desenvolvidos especificamente considerando os métodos construtivos definidos para
para a produção são utilizados para o estudo do can- o empreendimento.
teiro de obras, e para a simulação de todos os recursos As informações deste modelo BIM são úteis também
que, embora não sejam incorporados ao ‘objeto cons- para definir e orientar a fabricação e a montagem de com-
truído’, são essenciais para viabilizar a sua construção, ponentes e sistemas que compõem uma edificação.

Modelo de construção Saídas para fabricação


para canteiro controle / montagem

Figura 44: Modelos BIM desenvolvidos especificamente para implementação do canteiro de


obras são utilizados para estudar e definir as suas diversas fases,e todos os recursos necessários
para viabilizar a construção (gruas, elevadores de obra, etc.). Também podem ser utilizados como
referência na fabricação e montagem de componentes e controle dos processos construtivos.

56
Building Information Modeling

1.3.4 - MODELOS BIM DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO


Modelos BIM podem ser criados com a finalidade realmente correspondam aos componentes e sistemas
específica de servir como referência e repositório de in- que compõem a edificação.
formações para os processos de gestão do uso e opera- Modelos dedicados à apoiar a operação e manu-
ção de uma edificação e também para o gerenciamento tenção, podem até ser mais simples que aqueles desen-
da sua manutenção. volvidos para a construção, eliminando e ‘limpando’ in-
formações que não seriam mais necessárias e incluindo
Podem ser desenvolvidos após a construção, utili-
‘tags’ dos principais equipamentos, zoneamentos e di-
zando informações do as-built.
visões de sistemas específicos que reflitam critérios de
Para esses casos, o ideal é que sejam utilizados ocupação e responsabilidade utilizados (ex. centros de
objetos 3D BIM específicos (e não genéricos), para que custos para cobrança de ações de manutenção).

Modelo de operação Base de dados para


e manutenção gestão de manutenção

Figura 45: Modelos BIM desenvolvidos especificamente para operação e manutenção são
utilizados como base de dados e referências para a realização da gestão do uso e ocupação
de uma edificação ou instalação.

57
58
1.4
OBJETOS E
BIBLIOTECAS BIM

59
Parte 1 Fundamentos BIM

1.4 OBJETOS E
BIBLIOTECAS BIM

O BIM é uma tecnologia baseada em objetos partir de objetos virtuais, que correspondem aos com-
virtuais, paramétricos e inteligentes. Os modelos 3D ponentes previstos e necessários para a futura cons-
BIM de edificações e instalações são desenvolvidos a trução real.

1.4.1 - DEFINIÇÃO DE OBJETO BIM


Um objeto BIM é um repositório de dados não ape- • Entradas e saídas (no caso de componentes fun-
nas sobre a geometria de um componente ou produto, cionais, como uma válvula hidráulica)
tanto em 3D quanto em 2D, mas que também pode
incluir informações como código EAN, valores UV, mar- Informações paramétricas:
cas, modelos (inclusive famílias de produtos), normas • Dimensionamento e posicionamento paramétri-
atendidas, materiais componentes. Além disso, permite co, variacional;
links para bases de dados externas, como documenta-
ções complementares como manuais específicos para • Determinação de vínculos e restrições geométri-
manutenção, manuais de montagem, etc. cas dinâmicas;
Da mesma forma que, no mundo real, um bloco • Objetos ‘inteligentes’ possuem regras de adaptação
de concreto é muito diferente de um conjunto motor- ou reaçãoa mudanças de outros objetos vinculados.
-bomba centrífuga, os objetos BIM variam muito tanto
em complexidade quanto em comportamento e uso. Especificações:
Como referência geral, eles podem incorporar quatro • Especificações técnicas, funcionais e semânticas;
classes de informações:
Informações geométricas:
• Parâmetros essenciais para simulações e análises
de engenharia;
• Nível de detalhamento7;
• Parâmetros essenciais para orçamentação;
• Geometria de um objeto pode variar segundo fase
ou uso; • Normas técnicas e padrões atendidos.
• Nível de precisão (por exemplo, 3mm); Representações Bidimensionais (2D - plantas,
• Unidade de medida; vistas e cortes):

• Ponto de inserção; • Diversas resoluções bidimensionais (2D);


• Volume de acesso (para detecção de interferências); • Essencial para geração da documentação do projeto;
• Renderização (cor, textura, brilho, nível de reflexi- • Em alguns casos, devem seguir normas específicas
dade, etc.); e representações não realistas8.

7 - LOD – Level of Detail – Nível de detalhamento será objeto de um capítulo específico deste guia.
8 - Representações nãorealistas são muito comuns, por exemplo, em projetos elétricos (tomadas,interruptores, etc.)

60
Building Information Modeling

Figura 46: Diferentes tipos de informações podem ser incorporadas num objeto BIM. Como referência, apenas 20% delas seriam
geométricas ou diretamente relacionadas à aparência física do objeto real representado, enquanto 80% das informações seriam não
geométricas ou relacionadas (linkadas a bases de dados externas).

A aparência e a forma de um objeto BIM são nor-


malmente definidas pela sua geometria 2D e 3D.
Os softwares BIM específicos para o desenvolvi-
mento de modelos autorais (de Arquitetura, Estruturas,
Instalações, etc.), já vêm com bibliotecas de objetos
que, além de conterem todas as informações sobre sua
geometria (tamanhos, espessuras, etc.), também discri-
minam seus materiais constituintes, normas atendidas
e outras informações importantes para a especificação
e desempenho da futura construção.
Para visualizar essas informações, basta selecionar Figura 47: Imagem renderizada 3D de um componente cons-
trutivo, no caso, uma conexão flangeada para tubulações.
o elemento, e acessar um quadro com as informações já
integradas ao correspondente objeto virtual BIM.

Figura 48: Quadro com as informações integradas ao mesmo objeto virtual BIM mostrado na figura anterior. O usuário pode modifi-
car diversas características, inclusive medidas de suas partes constituintes ou o material especificado para a peça. Este é o exemplo de
um objeto BIM paramétrico (porque pode-se alterar seus parâmetros).

61
Parte 1 Fundamentos BIM

Objetos BIM chamados como ‘paramétricos’, ofe- uma janela ‘sabe’ que foi fabricada para ser instalada
recem ao usuário a possibilidade da alteração das me- numa sala blindada. Neste objeto virtual ‘janela’, esta-
didas e demais características das suas partes consti- riam integrados dados que permitiriam que os softwa-
tuintes – por exemplo, na figura acima, pode-se alterar res BIM reconhecessem que se trata de uma janela blin-
a espessura da flange de ligação, bem como a quanti- dada, preparada e adequada para ser instalada numa
dade e as medidas das chapas triangulares de reforço, sala blindada.
além da especificação dos próprios materiais consti- Ainda acerca desta janela virtual exemplificada, para
tuintes das suas partes. completar a sua ‘inteligência’, teriam nela incorporadas
Os softwares BIM trabalham, então, como grandes informações que permitiriam reconhecer os seus víncu-
gerenciadores de bancos de dados, e oferecem aos los com outros elementos da modelagem. Por exemplo,
usuários, diversas formas diferentes da visualização e a relação das medidas de alguns dos seus componentes
organização dos dados e informações que compõem com a sua parede ‘hospedeira’, porque afinal, não existe
um modelo BIM, sejam imagens tridimensionais que o janela que flutue no ar, então uma janela sempre estará
usuário pode manipular, girar, dar “zoom”, ligar e desli- associada à uma parede.
gar partes e tipos de componentes, ou sejam tabelas, Suponhamos então que, uma janela tenha sido
por exemplo, das quantidades de componentes inseri- inserida na modelagem de um ambiente e hospedada
dos num modelo. numa parede com 20cm de espessura. Caso o usuário re-
Também se costuma dizer que alguns objetos BIM solva alterar a espessura desta parede o objeto 3D BIM,
são ‘inteligentes’, porque, além de conterem todas as paramétrico e inteligente, que representa virtualmente
informações importantes sobre si mesmos, podem ter a janela do nosso exemplo, seria capaz de reconhecer
informações sobre a sua relação com outros objetos e a mudança e se ajustar à nova espessura mantendo as-
componentes de um modelo. sim a consistência técnica e a coerência construtiva do
Entende-se como um “objeto inteligente” aquele modelo BIM em desenvolvimento. No exemplo abaixo, a
que conhece a si mesmo, ou seja, é como se ele tivesse janela, somente quanto às suas medidas totais (largura e
“consciência” de algumas das suas próprias característi- altura), precisa estar ‘coordenada’ com o comprimento e
cas. Na prática isso se materializa, por exemplo, quando com a altura da parede hospedeira na qual está inserida,
para que seja exequível e instalável nela.

Figura 49: Imagem 3D gerada por um software BIM, mostrando um corte de uma janela ‘hospedada’ numa parede.

62
Building Information Modeling

A figura a seguir aponta partes fixas (pf ) e móveis precisariam se ajustar à espessura da parede, conside-
(pm) de uma janela metálica. Somente as partes fixas rando alguns tipos de janelas.

Figura 50: Imagem 3D gerada por um software BIM na qual foram marcadas as partes fixas e móveis de uma janela metálica.

No exemplo abaixo, a janela, somente quanto parede hospedeira na qual está inserida, para que seja
às suas medidas totais (largura e altura), precisa estar exequível e instalável nela.
‘coordenada’ com o comprimento e com a altura da

Figura 51: Objeto BIM paramétrico (porque pode-se alterar várias de suas medidas e outros parâme-
tros) inserido numa parede ‘hospedeira’. Foram destacadas algumas medidas para demonstrar que é
preciso haver uma coerência construtiva entre as medidas da janela e as medidas da parede.

A altura desta parede mostrada, no entanto, guarda Nos casos em que a solução construtiva prevê a ins-
vínculos comportamentais, ou regras de relacionamen- talação de um peitoril de pedra ou de concreto pré-mol-
to, com o pé-direito livre do ambiente, representado dado, também seria conveniente parametrizar as regras
pela distância entre piso acabado e forro, ou piso acaba- de relacionamento entre a janela, o vão na parede e o
do e laje, conforme as especificações construtivas. peitoril. Obviamente, as medidas e espessuras de cada

63
Parte 1 Fundamentos BIM

um desses elementos precisariam ser coordenadas para assentado somente na superfície externa horizontal do
que a instalação final seja coerente e adequada. vão, faceando o montante fixo da janela metálica.
As figuras abaixo ilustram exemplo da relação en- eJ = Espessura da janela
tre esses elementos, onde a janela metálica faz interfa- eP = Espessura do peitoril de pedra
ce direta com o vão da parede, e o peitoril de pedra está eParede = Espessura da parede hospedeira

Figura 52: Neste exemplo, parede, janela e peitoril, e suas possíveis regras de comportamento, são progra-
madas e ajustadas em softwares BIM, para garantir a coerência construtiva de uma solução projetada.

Figura 53: A figura mostra interdependência entre 3 diferentes objetos BIM: uma parede, uma janela
e um peitoril. Nos softwares BIM, a coerência construtiva entre as medidas pode ser prevista e pro-
gramada, traduzida em regras comportamentais e de inter-relacionamento entre os objetos.

64
Building Information Modeling

1.4.2 - TIPOS DE OBJETOS BIM

1.4.2.1 – DIFERENÇAS DE VARIABILIDADE (PARAMETRIZAÇÃO)

Os objetos BIM podem ser fixos, semiparamétricos de variabilidade. Mas naqueles totalmente paramé-
ou paramétricos.Quando são fixos, não é possível ajus- tricos, a maioria das dimensões podem ser mudadas
tar medidas totais ou de seus componentes constituin- e ajustadas, inclusive da configuração dos principais
tes. Nos objetos semiparamétricos, algumas dimensões componentes, bem como dos correspondentes mate-
podem ser ajustadas, mas existem grandes limitações riais constituintes.

OBEJTO FIXO SEMI-PARAMÉTRICO TOTALM. PARAMÉTRICO


NÃO PERMITE AJUSTE DE TAMANHOS AJUSTA APENAS AS MEDIDAS TOTAIS AJUSTA AS MEDIDAS TOTAIS E MUITOS DETALHES
OU DETALHES

Figura 54: Ilustração mostrando Objetos BIM fixos, semi-paramétricos e totalmente paramétricos.

1.4.2.2 - DIFERENÇAS DE ESPECIFICIDADE

Objetos BIM também podem ser genéricos9 ou A próxima figura representa, como exemplo, a fi-
específicos, ou seja, correspondentes a produtos de cha técnica de um dos produtos fabricados pela DECA,
um determinado fabricante.Mesmo no Brasil, onde com todas as informações que foram consideradas e
a adoção BIM ainda é incipiente, fabricantes de com- fornecidas para a empresa contratada, a fim de desen-
ponentes como DECA, DOCOL e Tigre, por exemplo, já volver a biblioteca de objetos BIM correspondente ao
desenvolveram bibliotecas de objetos BIM que corres- seu catálogo de produtos.
pondem aos seus produtos.

9 - Em geral, bibliotecas com objetos BIM genéricos são fornecidas com os softwares para desenvolvimento de projetos autorais.

65
Parte 1 Fundamentos BIM

Nome Bacia p/ cx acoplada e cx acoplada dual flux - Carrara


Característica Bacia de 6 lpf
Classificação Louça
Segmento Banheiro Luxo
Sub-seguimento Luxo
Linha Carrara
Material Cerâmica (Vitrous China)
Peso Líquido Bacia 33,8 Kg
Peso Líquido Caixa 15,6 Kg
Consumo Meia Descarga 3 lpf
Consusmo Desc. Completa 6 lpf
branco gelo
Cores creme
ébano
Códigos Bacia P.606.17 P.606.37 P.606.95
Códigos Caixa Descarga CD.11F.17 CD.11F.37 CD.11F.95
Fabricante Deca
Website / URL www.deca.com.br
Normas Técnicas Relac. ABNT NBR 15097-1 ABNT NBR 15097-2

Imagem Renderizada Imagem Wire-Frame

Representação 2D (seguir Normas específicas)

Medidas para Instalação

• Assento sanitário
• Anel de Vedação - Decanel
Produtos Relacionados
• Ligação Flexível
• Parafuso de fixação

Figura 55: Ficha de um produto real fabricado pela DECA, com a lista de informações consideradas para o desenvolvi-
mento do correspondente objeto virtual BIM.

66
Building Information Modeling

No exemplo real apresentado na figura anterior, • Componentes complementares (parafusos, assen-


é interessante notar a falta de alguns grupos de infor- to, tubo de ligação, etc.);
mações que ainda poderiam ser úteis. Entretanto, eles
• Composição de custo para instalação;
podem ser disponibilizadas de maneira ‘relacional’, ou
seja, através de links para conexão com bases de dados • Metadados dos preços (data e moeda do preço de
externas, como por exemplo: referência, condições comerciais, etc.).
Informações logísticas: Informações específicas para manutenção:
• Dimensões e peso da embalagem para transporte; • Informações sobre produtos e procedimentos
• Empilhamento máximo recomendado; para limpeza;

• Padrões de paletização.Informações para orça- • Vida útil referencial dos principais componentes;
mentação: • Peças de reposição, especificação e códigos.
• Preço de referência;

1.4.2.3 - DIFERENÇAS DE USO OU PROPÓSITO PRINCIPAL DE USO


Na comissão especial de estudos CEE-134 da ABNT, • Análise energética;
responsável pelo desenvolvimento da primeira Norma
• Planejamento 4D.
Técnica BIM Brasileira, foi criado um grupo de trabalho
para estudar especificamente o desenvolvimento de Em muitos casos será necessário desenvolver
objetos BIM. diversas versões de um mesmo objeto, para atender
Embora o grupo ainda não tenha feito nenhuma a diferentes usos. De maneira similar ao equívoco
publicação, os trabalhos já desenvolvidos conduziram que se costuma cometer ao pensar que um único
a algumas premissas e conclusões bastante interessan- modelo BIM pode servir como base para a realização
tes. Uma delas foi a constatação de que existem poucas de todos os tipos de fluxos de trabalho, não é viá-
referências bibliográficas sobre o assunto, o que conce- vel pensar em uma única versão de um objeto BIM,
de um certo ‘ar de ineditismo’ a estes estudos. no qual ‘todas’ as informações estejam integradas e
incorporadas. Isso conduziria a arquivos muito gran-
Dentre outros aspectos, esta equipe da ABNT deci-
des e modelos muito ‘pesados’.
diu que todo o conteúdo seria desenvolvido com base
nos casos de usos BIM10, ou seja, as orientações para Considerando que nos processos BIM se realiza a
as empresas que desejarem desenvolver objetos BIM, construção virtual11, isso significa que serão feitas diver-
serão divididas de acordo com os principais propósitos sas inserções de um mesmo objeto, tantas quanto fo-
de usos futuros destes objetos. rem previstas num projeto específico. Isto é importante
por inúmeras razões, mas apenas para citar uma, por
O grupo, então, estabeleceu como foco e referên-
exemplo, num processo de manutenção, onde se faz
cia para o desenvolvimento dos seus trabalhos, os usos
necessário realizar a alocação de dispêndios em centro
mais comumente utilizados nos processos de trabalho
de custos específicos e correspondentes, é importante
no Brasil, dentre eles:
diferenciar a bacia sanitária DECA Carrara instalada no
• Desenvolvimento de projetos autorais de arquite- WC da Diretoria, do mesmo tipo de componente insta-
tura, estruturas e instalações–inclusive coordena- lado no WC da Controladoria.
ção, detecção automática de interferências (clash
O grupo de trabalho da CEE-134 da ABNT deverá
detection) e geração automática de documentação;
publicar, então, conteúdos que orientarão as iniciati-
• Visualização; vas para o desenvolvimento de objetos BIM, listando
as premissas características mínimas que um objeto
• Estimativas de custos / orçamentação;
desenvolvido deve atender para ser considerado ‘con-
• Análise estrutural; forme’ e adequado a um determinado uso.

10 - A PennState University publicou uma lista de 25 diferentes casos de usos BIM, que serão objetos de um item específico neste
mesmo guia, mais adiante.
11 - VDC – Virtual Design & Construction
67
Parte 1 Fundamentos BIM

1.4.2.4 - DIFERENÇAS DE COMPLEXIDADE

Como existem produtos com maior e menor com- usuários, para a realização de cálculos de dimensiona-
plexidade, que podem se vincular e se relacionar, ou mento de sistemas ou instalações, ou mesmo verifica-
não, com outros componentes utilizados na construção ções de consistência.
de edificações e instalações, existem também, objetos Outro exemplo bem ilustrativo desta necessidade da
3D BIM com diferentes níveis de complexidade. definição de pontos secundários de inserção ou alinha-
Uma janela, por exemplo, é um objeto de alta com- mento é o caso das telhas de cobertura, que, além dos
plexidade porque possui inúmeros elementos compo- pontos principais de inserção, precisarão considerar ou-
nentes. Alguns fixos, outros móveis, utilizam materiais tros aspectos geométricos que correspondam aos cobri-
diferentes na sua composição (metal, vidro, borrachas, mentos e sobreposições, especificados pelos fabricantes.
plásticos, etc.) e se ‘relacionam’, ou ‘têm vínculos lógi- Modelagem de objetos
cos’ com diversos outros componentes utilizados para isolados e de conjuntos
a modelagem de uma edificação ou instalação.
Como o BIM pode ser utilizado durante todo o
Já um bloco cerâmico, comparado com a janela, ciclo de vida de um empreendimento e os objetos 3D
seria um objeto bem menos complexo, porque teria BIM podem ser utilizados por diferentes pessoas para
poucas regras de inter-relacionamento com outros ele- a realização de tarefas distintas, este fundamento não
mentos ou com o ambiente projetado ou construído. poderá nunca ser perdido de vista. Especialmente na-
A seguir serão listados e explanados alguns grupos queles momentos em que será necessário decidir, por
de informações relevantes, que sempre precisarão ser exemplo, se dois objetos que normalmente são utili-
considerados no caso do desenvolvimento de objetos zados em conjunto serão modelados como um único
BIM e avaliação das suas diferenças de complexidade. objeto ou como objetos distintos.
Geometria Um exemplo clássico desta situação é o caso das
O nível de detalhamento geométrico precisará bacis sanitárias com caixa de descarga acoplada. De-
ser grande em produtos de design ou acabamentos. É pendendo do usuário e do processo que este usuário
importante visualizar características como textura, cor estiver realizando, seu interesse pode ser distinto. En-
e brilho, especialmente nos casos em que serão utili- tão, se para um orçamentista seria mais simples e rápi-
zados para maquetes eletrônicas e outros elementos do considerar o conjunto destes dois objetos e seu cor-
visuais nos processos de definição dos acabamentos respondente preço, para um gerente de manutenção,
pelos empreendedores. Também será útil para material responsável pela edificação já construída, seria funda-
de apoio nas vendas. mental contar com esses mesmos objetos de modo
Já para os componentes técnicos e não aparentes, ou distinto e separados, para a definição de componentes
para aqueles nos quais a aparência não seja um item crí- de reposição.
tico, o nível de detalhamento geométrico poderá ser pe- Modelagem paramétrica
queno para garantir que os arquivos eletrônicos gerados Sempre que possível e aplicável, deverão ser con-
tenham um tamanho reduzido (em bytes), e assim, não siderados os dimensionamentos e posicionamentos
sobrecarregar o desempenho dos softwares utilizados. paramétricos variacionais dos objetos BIM a serem de-
Pontos de inserção senvolvidos; assim como o estabelecimento de víncu-
A correta definição dos pontos de inserção dos los e restrições geométricas dinâmicas dos objetos com
Objetos 3D BIM é um item crítico e deve considerar di- outros componentes com os quais eles se relacionem
versos aspectos relacionados ao seu uso, bem como a diretamente, seguindo as lógicas construtivas mais co-
sua interação com outros objetos e o ambiente no qual muns já estabelecidas e documentadas pela indústria.
está inserido. Especificações e propriedades
Além do ponto de inserção ‘real’ dos objetos, em As especificações técnicas e funcionais, bem como
muitos casos também será importante definir outros as propriedades que deverão ser incorporadas nos ob-
pontos de interesse, como por exemplo, pontos de en- jeto BIM, são essenciais para a documentação dos pro-
trada e saída para uma bacia sanitária), ou seja, infor- jetos e também para o desenvolvimento das estimati-
mações que poderão ser utilizadas, por ferramentas ou vas de custos e orçamentos.

68
Building Information Modeling

As propriedades dos objetos também são funda- que os dois primeiros caracteres seriam grafa-
mentais para a viabilização de simulações realizadas com dos em letras maiúsculas e identificariam o uso
ferramentas BIM. e a terceira letra, minúscula, indicaria a fase ou
Considerando que alguns tipos de objetos podem qualificação específica.
possuir muitas informações para sua correta especifica-
ção, e a integração de todas as informações não seria uma Portanto o formato genérico do código para in-
dicação do uso seria: “UUf” [Uso Uso fase].
alternativa razoável, e geraria arquivos muito grandes,
mais uma vez, sugere-se que os objetos sejam desenvol-
Exemplos:
vidos de acordo com um determinado uso ou propósito
principal. As propriedades que deverão ser incorporadas ENp – Análise energética / preliminar
em cada diferente versão dos objetos BIM desenvolvidos PLc – Planejamento / construção
deverão, portanto, seguir este mesmo critério de uso e
propósito principal, de maneira coerente. Indicador de usos de um objeto 3D BIM:
Mapeamento em classes IFC 12
A primeira proposta é a utilização de uma ca-
O formato Industry Foundation Classes – IFC é um mo-
deia de caracteres na qual seriam combinados
delo de dados que abrange o projeto com todas as demais
e justapostos os correspondentes códigos de
etapas do ciclo de vida de edificações. Ele foi desenvolvido
usos para os quais o objeto teria sido desenvol-
e é mantido pela Building Smart, uma organização Ameri-
vido e validado.
cana sem fins lucrativos, que criou seu esquema de dados
para definir um conjunto extensível de representações de Portanto, esta indicação, caso se opte por expli-
informações de construções, e viabilizar a troca consistente citá-la já no nome do arquivo do objeto, funcio-
de dados entre diferentes aplicações de softwares específi- naria como uma declaração do seu desenvolve-
cos utilizados pela indústria da construção civil. dor, de que, durante seu desenvolvimento, teria
Como os principais softwares atualmente utiliza- cumprido todas as diretrizes e os requisitos mí-
dos para a realização dos processos BIM são homolo- nimos correspondentes aos usos explicitados
gados no padrão IFC, uma boa recomendação para no nome do arquivo.
projetos que pretendam desenvolver objetos BIM seria
a de estabelecer como premissa que todos os parâme- Os códigos de uso seriam então combinados
tros organizados e integrados nos objetos BIM, sejam em ordem alfabética, para formar o indicador
mapeados nas suas correspondentes classes IFC, para de uso do objeto BIM, sem a utilização de es-
garantir compatibilidade e integridade nas suas expor- paço ou qualquer outro caractere como ‘sepa-
tações neste formato. rador’ entre dois diferentes usos subsequentes.
Embora já tenha sido lançada uma versão mais
Os indicadores de uso também poderiam ser
atualizada (Versão 4.0), a maioria dos softwares BIM
mostrados com a descrição do componente,
mais utilizados no Brasil só foram homologados na ver-
na biblioteca ou website onde o seu download
são IFC 2x4, lançada em 2010.
estiver disponível.
Nomenclatura de arquivos
Uma das boas práticas já identificadas com relação A decisão sobre incluir ou não o indicador de
à nomenclatura de arquivos correspondentes a Obje- uso nos nomes dos arquivos deverá ser amadu-
tos 3D BIM aponta a necessidade de que, nos nomes recida durante o desenvolvimento do projeto,
dos arquivos, já estejam indicados os usos aos quais se porque pode gerar nomes muito extensos.
prestam esses Objetos.
Exemplo de indicador de uso:
Código de uso:
ENpPLc – indicando que o objeto teria sido
A primeira ideia é utilizar um conjunto de três desenvolvido tanto para análise
letras para a indicação do uso para o qual foi de- energética / preliminar, quanto
senvolvido e validado um Objeto 3D BIM, sendo para planejamento / construção.

12 - IFC – Industry Foundation Classes: Formato de arquivo ‘aberto’ e ‘público’ desenvolvido para possibilitar a interoperabilidade entre
diferentes tecnologias. O assunto será aprofundado no capítulo específico deste guia, que abordará a interoperabilidade e integrações.

69
Parte 1 Fundamentos BIM

Nomenclatura de arquivos de componentes: desatualizados; embora, o controle de versão


O primeiro formato proposto pelo grupo de tra- de um objeto necessariamente também deve
balho da ABNT seria composto de quatro cam- ser incorporado ao Objeto como um parâmetro
pos, seguindo o modelo: específico e interno.

CodTab2C_Responsavel_DescricaoTipo_ Indicador de Uso: Poderia estar explícito, mas


Subtipo_Livre será preciso avaliar o impacto no tamanho total
do nome do arquivo e, necessariamente, deve-
Onde: rá ser incorporado ao Objeto, como um parâ-
metro específico e interno.
CodTab2C: corresponderia ao código da Ta-
bela 2C – Componentes, da Norma do Sistema Subtipo: Nos casos aplicáveis, indicarão as di-
de Classificação BIM NBR 15965, sem o uso de mensões principais do Objeto, sempre utilizan-
espaços ou quaisquer outros separadores, uti- do como padrão o sequenciamento: Compri-
lizando dois dígitos para representar cada nível mentoxAlturaxEspessura.
da classificação, preenchendo com 00 (zero,
zero) os níveis mais baixos, quando necessário. Exemplos:
17230000_BBB_JanelaSasazakiFolhaDu-
Responsavel: Campo grafado em CaixaAltaCai- pla_100x120x100
xaBaixa, sem acentos, sem caracteres espaçado- 43625300_AG_BaciaDecaBelleEpoque
res ou separadores, indicando o responsável pelo
43625300_Deca_BaciaBelleEpoque
componente 3D BIM, que pode ser, por exemplo,
um fabricante e não o desenvolvedor propria-
OBS: Nestes exemplos as indicações dos usos
mente dito do componente correspondente.
não estão incorporadas nos nomes dos arquivos.

Descrição Tipo: A descrição do tipo poderá Ainda considerando o contexto de que um objeto
ser baseada no correspondente termo da Ta- 3D BIM correspondente a uma janela metálica é muito
bela 2C – Componentes, da Norma BIM NBR mais complexo que um objeto correspondente a um ti-
15965, preferencialmente utilizando-se algu- jolo de barro, por exemplo, tanto pela sua composição
mas abreviações. quanto pela sua geometria, suas relações com outros
componentes, quantidade e complexidade dos dados
Separadores de campos: Utilização do carac- integrados e assim por diante, foi realizado um estu-
tere “sublinha” (“_”) [underline]. do13 em conjunto pelo MDIC, IBICT, Exército Brasileiro
e ABDI, em 2003, para possibilitar quantificar e compa-
Controle de Versões: A primeira proposta é rar relativamente dois objetos diferentes. Este trabalho
que o controle das versões deve ser realizado propôs um sistema de avaliação da complexidade ba-
pelos usuários somente a partir da adição da seado em 8 (oito) diferentes atributos classificados em
correspondente versão ao nome dos arquivos quatro níveis: baixa, média, alta e muito alta.

ATRIBUTO DE COMPLEXIDADE Baixa Média Alta Muito Alta

Geometria
Composição
Pontos de Inserção
Regras de Inserção
Complexidade Dados Integrados
Quantidade de Dados Integrados
Parâmetros Programáveis
Comportamento

13 - Projeto: 914 BRA2015 PRODOC MCTI/IBICT/UNESCO – realizado em 2013,


70 em parceria entre UNESCO, MDIC, IBICT, ABDI e Exército Brasileiro.
Building Information Modeling

assim, obter um valor total que representa a complexi-


Nível Peso dade totale relativa de cada atributo de complexidade
de um dado componente.
Baixa 1
Contabilizando os pesos, obtém-se a escala relati-
Média 2 va de complexidade que varia do valor mínimo igual a
quatro pontos até o máximo de 32 pontos, para cada
Alta 3
um dos 8 atributos de complexidade de objetos. A
Muito Alta 4 soma simples dos pesos relativos aos níveis de classi-
ficação de um dado objeto, oferecia uma referência de
complexidade relativa total deste objeto.
O sistema proposto pelo projeto especifica a atri- Como referência para a avaliação relativa de cada
buição de pesos (valores numéricos), para cada um dos um dos 8 atributos de complexidade, dos diferentes
quatro diferentes níveis de complexidade. Possibilita, objetos, foram feitas as seguintes considerações:

GEOMETRIA
Baixa Objetos retos gerados da combinação de até 3 entidades geométricas

Média Objetos curvos gerados da combinação de até 3 entidades geométricas

Alta Objetos retos e curvos gerados da combinação de até 5 entidades geométricas

Muito Alta Objetos retos e curvos gerados da combinação de mais que 5 entidades geométricas

COMPOSIÇÃO
Baixa Composto de um único elemento

Média Até 1 elemento inserido e parametrizado

Alta Até 2 elementos inderidos e parametrizados

Muito Alta Acima de 2 elementos inseridos e parametrizados

PONTO DE INSERÇÃO
Baixa Coincide com o centro de gravidade do modelo (intersecção dos eixos principais)

Média Localizado numa extremidade específica de uma entidade geométrica componete

Alta Localização espeçífica exigindo definição do sentido de inserção

Muito Alta Localização específica e funcional, exigindo o sentido e vinculação c/ outros objetos

REGRAS DE INSERÇÃO
Baixa Sem hospedeiro

Média Com hospedeiro simples (referência Parede), aplicado na extremidade

Alta Com hospodeiro complexo (referência Telhado), aplicado na extremidade

Muito Alta Com hospedeiro complexo (referIencia Telhado), aplicado em aresta inclinada (água)

71
Parte 1 Fundamentos BIM

COMPORTAMENTO
Baixa Não altera o formato

Média Altera o formato

Alta Altera o formato e quantidade

Muito Alta Alltera o formato, a quatidade e o posicionamento

COMPLEXIDADE DOS DADOS INTEGRADOS


Baixa Apenas textos e números

Média Dimensionamento

Alta Quantidade e visibilidade

Muito Alta Fórmulas e vínculos com outras famílias

QUANTIDADE DOS DADOS INTEGRADOS


Baixa até 3 parâmetros

Média de 4 a 6 parâmetros

Alta de 7 a 10 parâmetros

Muito Alta acima de 11 parâmetros

PARÂMETROS PROGRAMÁVEIS
Baixa Somente parâmetros de textos numéricos

Média Criação de parâmetros de dimensionamento

Alta Criação de parâmetros de visibilidade e quantidade

Muito Alta Criação de fórmulas e parâmetros compartilhados e notas chaves

Os pesos relativos de cada um dos atributos objeto seriam então plotados num gráfico com
de complexidade avaliados para um determinado oito eixos:

72
Building Information Modeling

Figura 56: Gráfico de oito eixos para avaliação da complexidade relativa de obje-
tos BIM, proposto pelo projeto 914 BRA2015 PRODOC MCTI/IBICT/UNESCO

A seguir são apresentados alguns exemplos da aplicação desta metodologia para mensuração da complexida-
de de objetos 3D:

73
Parte 1 Fundamentos BIM

ESTRUTURAS DE CLASSIFICAÇÃO RELATIVA DA


CONCRETO COMPLEXIDADE DE OBJETOS BIM

PILAR DE CONCRETO
PRÉ-MOLDADO

PILAR DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

ATRIBUTO DE COMPLEXIDADE Baixa Média Alta Muito Alta

Geometria 1
Composição 4
Pontos de Inserção 1
Regras de Inserção 1
Complexidade Dados Integrados 3
Quantidade de Dados Integrados 3
Parâmetros Programáveis 3
Comportamento 3
ÍNDICE DE COMPLEXIDADE EQUIVALENTE 19

Figura 57: Exemplo de uso do critério de avaliação da complexidade relativa de objetos BIM, proposto
pelo projeto 914 BRA2015 PRODOC MCTI/IBICT/UNESCO. Pilar de concreto pré-moldado.

74
Building Information Modeling

ESTRUTURAS DE CLASSIFICAÇÃO RELATIVA DA


CONCRETO COMPLEXIDADE DE OBJETOS BIM

BLOCO DE FUNDAÇÃO
DE CONCRETO
PRÉ-MOLDADO

BLOCO DE FUNDAÇÃO DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

ATRIBUTO DE COMPLEXIDADE Baixa Média Alta Muito Alta

Geometria 2
Composição 1
Pontos de Inserção 1
Regras de Inserção 1
Complexidade Dados Integrados 3
Quantidade de Dados Integrados 3
Parâmetros Programáveis 2
Comportamento 2
ÍNDICE DE COMPLEXIDADE EQUIVALENTE 15

Figura 58: Exemplo de uso do critério de avaliação da complexidade relativa de objetos BIM, proposto pelo
projeto 914 BRA2015 PRODOC MCTI/IBICT/UNESCO. Bloco de fundação de concreto pré-moldado.

75
Parte 1 Fundamentos BIM

ESTRUTURAS CLASSIFICAÇÃO RELATIVA DA


DE CONCRETO COMPLEXIDADE DE OBJETOS BIM

TELHA CERÂMICA
COLONIAL CAPA
E CANAL

PILAR DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

ATRIBUTO DE COMPLEXIDADE Baixa Média Alta Muito Alta

Geometria 4
Composição 3
Pontos de Inserção 2
Regras de Inserção 4
Complexidade Dados Integrados 3
Quantidade de Dados Integrados 2
Parâmetros Programáveis 2
Comportamento 3
ÍNDICE DE COMPLEXIDADE EQUIVALENTE 20

Figura 59: Exemplo de uso do critério de avaliação da complexidade relativa de objetos BIM, proposto
pelo projeto 914 BRA2015 PRODOC MCTI/IBICT/UNESCO. Telha cerâmica colonial capa e canal.

76
Building Information Modeling

77
78
1.5
CICLO DE VIDA DOS
EMPREENDIMENTOS

79
Parte 1 Fundamentos BIM

1.5 CICLO DE VIDA DOS


EMPREENDIMENTOS

BIM é abrangente demais porque, por definição é Embora existam diferentes ilustrações que repre-
aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimen- sentam o ciclo de vida de um empreendimento, as figu-
to. Essa imensidão é um dos principais motivos que ras a seguir organizam, esclarecem e ajudam a enten-
atrapalha o adequado entendimento desta nova plata- der quais são os principais conceitos relacionados a ele:
forma tecnológica. A seguir, dois exemplos de representação do ciclo
de vida de um empreendimento:

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


• Estratégia corporativa
• Legal
• Social
• Meio ambiente Análise
• Tecnologia (acesso à) de riscos
• Econômico/Financeiro
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 60: Representação do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil.

Figura 61: Representação em círculo, do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil.

80
Building Information Modeling

Esta segunda ilustração do ciclo de vida dos em- 15575/2013, Norma Técnica de Desempenho para edi-
preendimentos indica a possibilidade de início de um ficações habitacionais em especial às incumbências e
novo ciclo após o término da vida útil do objeto ou ins- responsabilidades dos agentes envolvidos na produção
talação construída. de edificações. Para estar de acordo com esta normati-
O novo ciclo poderia ser definindo, por exemplo, zação, os projetistas e contratantes devem estabelecer
pelo início de um novo período de vida útil, após uma e comunicar a Vida Útil de Projeto (VUP) para vários
reforma onde foi mantido o mesmo uso para a edifi- subsistemas construtivos, tais como estruturas, segu-
cação, até a situação limite da demolição completa, rança contra incêndio, estanqueidade (da edificação e
com o desenvolvimento de um novo objeto no mes- dos componentes), pisos internos, vedações, cobertu-
mo endereço. ra, e sistemas hidrossanitários. Na prática, a aplicação
Em qualquer dos casos, podemos chamar de eta- da ABNT NBR 15575/2013, dentre várias outras adapta-
pa pré-obra, incluidas todas aquelas atividades que ções, exige uma revisão nos documentos utilizados na
precedem os primeiros serviços realizados no endere- conclusão e entrega da obra e ‘Pós-obra’.
ço específico de cada canteiro, que ocorrem nas fases A representação dos ciclos de vida do empreen-
mais iniciais dos empreendimentos. Abrange a con- dimento das figuras 71 e 72 são genéricas, ou seja, re-
cepção e a conceituação, assim como os estudos de presentam duas das possibilidades de sequenciamento
viabilidade, de validação de investimentos, as análises de fases, mas, as variações podem ser diversas. O ‘Pro-
de riscos, os projetos, orçamentos e o processo de li- cesso de Compra e Contratação’, por exemplo, pode
citação para contratação da etapa de construção. De ser considerado como parte integrante da fase de En-
forma análoga, conceituou-se a fase de ‘encerramen- genharia Detalhada, pertencendo portando à fase de
to e pós-obra’, caracterizada pelas atividades relacio- Planejamento, mas também é bastante possível, e até
nadas ao comissionamento de um empreendimento comum, em alguns mercados, que o ‘Processo de Com-
recém-concluído. pra e Contratação’ seja classificado como integrante da
Um dos aspectos mais importantes nesta etapa própria fase de Obra / Construção, ou seja, como parte
se refere às exigências estabelecidas pela ABNT NBR integrante da Etapa de Execução (EPC).

1.5.1 - DEFINIÇÃO DAS FASES DO CICLO


DE VIDA DOS EMPREENDIMENTOS
Considerando que a questão mais importante seguir, a descrição um pouco mais detalhada de cada
aqui é o processo de comunicação, e não o esgotamen- uma das fases do ciclo de vida e também alguns exem-
to de todas as variações possíveis, será apresentada a plos ilustrativos.

CONCEPÇÃO OU INICIAÇÃO

• Primeiras ideias
Ações • Identificação de uma oportunidade de negócio
• Identificação oreliminar de necessidade e atributos valorizados pelos potenciais clientes

Recursos • Prospecção de Potenciais Parceiros e Prestadores de Serviços

Exemplo • Condomínio Horizonteal para idosos, com serviços particulares especiais para atender a este público

81
Parte 1 Fundamentos BIM

CONCEITUAÇÃO

• Esboço do Empreendimento
• Diagrama de Massas
Ações • Croquis e esquemas básicos representando o empreendimento e sua composição básica
• Estudos Preliminares
• Primeiras escolhas e primeiras definições de soluções construtivas

Recursos • Prospecção e validação de Parceiros e Prestadores de Serviços

• Esquema geral do condomínio e dos seus principais componetes: Definição das unidades individuais e
Exemplo
estrutura commum

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE - ADERÊNCIA À ESTRATÉGIA CORPORATIVA

• Este empreendimento pode ser feito e assinado pela nossa empresa?


• Há alinhamento estratégico?
Ações
• Como o empreendimento vai ser oercebido e como vai afetar a reputação da empresa?
• O alinhamento está coerente também com a nossa visão de futuro em longo prazo?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

Exemplo • A ideia ou caso de nogócio precisa passar por todas essas verificações para que seja considerada viável

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE LEGAL

• O negócio é legal?
Ações • Este empreendimento é aprovável em todas as esferas legislativas?
• Qual seria o esforço necessário para aprovar este empreendimento?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

Exemplo • A ideia ou caso de nogócio precisa passar por todas essas verificações para que seja considerada viável

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE SOCIAL

• Como este empreendimento será visto e percebido pela sociedade?


Ações
• O senso comum o associa como “bom” e “positivo”?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

Exemplo • A ideia ou caso de nogócio precisa passar por todas essas verificações para que seja considerada viável

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE TECNOLÓGICA

• Qual o nível de tecnologia exigido?


• A tecnologia necessária para o desenvolvimento deste empreendimento está disponível e acessível?
Ações • Demanda desenvolvimentos espeçíficos?
• Quais são as tenologias alternativas?
• Qual será o esforço para acessar a tecnologia necessária para o desenvolvimento do empreendimento?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

• Se a ideia do empreendimento fosse, por exemplo, a construção de um hotel subaquático, é bem provável
Exemplo
que esta tecnologia exista mas, quem a detém e qual seria o custo de acesso a ela?

82
Building Information Modeling

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA

• O empreendimento é viável econômica e financeiramente (rentabilidade, e outros fatores de sempenho)?


• O neg´pgio será capaz de remunerar a cadeia produtiva adequada e competitivamente?
Ações
• Há recursos disponíveis?
• Quais são as possíveis fontes de recursos (funding) para este empreendimento?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

Exemplo • A ideia ou caso de nogócio precisa passar por todas essas verificações para que seja considerada viável

VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA

• O empreendimento vai gerar um produto? (Terá atratividade e competitividade no mercado?)


• Qual é a proposta de valor do empreendimento?
• Identificação e quantificação do público-alvo
Ações
• É oportuno lançau agora?: (Timing)
• Qual seria o posível preço da venda? (Pesquisas)
• Qual seria a estratégia de comunicação e Marketing?

Recursos • Contratação de prestadores de serviçõs especializados (consultores), quando necessário

Exemplo • A ideia ou caso de nogócio precisa passar por todas essas verificações para que seja considerada viável

ANÁLISE DE RISCOS (*)

• Para cada um dos tópicos de verificação e viabilidade, avaliar os riscos construindo cenários futuros otimis-
Ações tas, pessimistas e mais prováveis
• Identificar e indicar condições de contorno e mitigação dos principais riscos identificados

• Condições de contorno e mitigação de riscos identificados podem demandar ações para Procurement
Recursos
(estrat´gia de defesa/bustituição) contratação de projetistas
• Pesquisar usos históricos anteriores do terreno, verificar pré-existência de contaminação ambiental; visto-
Exemplo
riar e documentar estado atual de construções vizinhas.
• Para que a análise de risco seja completa, pressupõe-se que o terreno (locação, endereço) do empreendimento
(*) Obs
já tenha sido definido resta fase do ciclo de vida

PROJETO

• Definição de todos os métodos e soluções construtivos


• Desenvolvimento de todos os projetos, especificações e detalhamentos para construção
Ações • Desenvolvimento dos documentos para construção e contratação
• Desenvolvimento das especificações para manutenção futura
• Lista de materiais, serviços e recursos necessários para a realização do empreendimento
• Prospecção e validação de construtoras
Recursos
• Prospecção de futuros mantenedores
• Desenvolvimento de toda a documentação técnica executiva do empreendimento.
Exemplo
• Planejamento completo da execução

83
Parte 1 Fundamentos BIM

LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO (**)

• Selecionar e qualificar construtoras e principais fornecedores e fabricantes


Ações • Licitar e contratar todos os recursos planejados do empreendimento (construtores, instaladores, fabrican-
tes, fornecedores, gestores, etc)

• Prospecção e validação de construtoras


Recursos
• Prospecção de futuros mantenedores
Exemplo • Enviar solicitações de propostas p/ empresas pré-selecionadas - esqualizar propostas, negociar e contratar
• Em algumas modalidades de licitação e contratação, o próprio desenvolvimento do projeto executivo pode ser
(**) Obs
incluídono escopo a ser licitado e contratado.

CONSTRUÇÃO

• Construção seguindo projetos, detalhamentos, especificações, planejamento e condições contratuais


Ações • Acompanhamento e destão da construção
• Desenvolvimento de toda documentação “as built”

• Prospecção de empresas para futura manutenção


Recursos
• Avaliação e feedback para arquitetos, projetistas e construtores
• Realização das atividades construtivas projetadas e planejadas atendendo aos custos, prazos, níveis de
Exemplo
qualidade e segurança estabelecidos

COMISSIONAMENTO

• Entrega formal dos objetos e instalações construídos para os proprietários ou investidores e também para
os responsáveis pela gestão do uso e manutenção
Ações • Entrega de toa a documentação técnica e legal do empreendimento, inclusive “Habite-se”, alvará do Corpo
de Bombeiros, documentação “as built”, manuais de uso e manutenção, termos de garantia de equipamen-
tos, etc.

Recursos • Validação e contratação de empresas para a realização da manutenção

• Registro de convenção de condomínio, abertura e registro do CNPJ, eleição do 1˚ Síndico, transferência de


Exemplo
propriedade imobiliária, averbação da construção, etc.

USO E OPERAÇÃO

• Gestão do uso ou gestão da operação dos objetos construídos ou instalações, seguindo convenções e
Ações
regras legalmente aprovadas e vigentes.

Recursos • Avaliação e feedback para empresas mantenedoras

Exemplo • Atividades normalmente realizadas pelo Síndico ou Administrador de um condomínio ou instalação.

84
Building Information Modeling

COMISSIONAMENTO

• Gestão das vidas úteis dos principais componentes, equipamentos e sistemas


• Exigência de garantias oferecidas por fabricantes, montadores e construtores
Ações • Gestão e realizaçãodos planos de manutenção preditiva, preventiva e corretiva
• Estabelecimento, registro e controle de métricas de desempenho
• Ajustes e replanejamento, quando necessário

Recursos • Pode incluir decisões sobre limpeza, desposição do lixo, resíduos sólidos, resíduos classificados, etc.

• Desenvolvimento de atividades de manutenção, limpeza e conservação conforme níveis de serviços


previamente acordados e contratados
Exemplo
• Estabelecimento, registro e controle de métricas de desempenho
• Ajustes e replanejamento, quando necessário

COMISSIONAMENTO

• Ao t´rmino da vida últil das instalações ou empreendimentos, (a absolência pode ocorrer por diversas
Ações razões, inclusive estéticas), faz-se então a desocupaçãodos objetos construídos e toma-se uma decisão qque
poderá ser desde uma demolição total até uma reforma.

• Dependendo da decisão de destinação do endereço, poderá ser necessário contratar empresas para refor-
Recursos
ma ou demolição e disposição de entulhos e resíduos sólidos
• Reforma total para iniciar um novo ciclo do mesmo uso ou demolição total para a instalação de um novo
Exemplo
empreendimento no mesmo endereço

85
Parte 1 Fundamentos BIM

1.5.2 - O CICLO DE VIDA DOS


EMPREENDIMENTOS E OS ORÇAMENTOS
Correlacionando o ciclo de vida dos empreendi- que se faça uma primeira estimativa de custos para o
mentos com as várias estimativas de custos e orçamen- empreendimento. Ela deve acontecer mesmo quando
tos, que são tipicamente realizados durante o desen- ainda não se tem muitas informações sobre um projeto,
volvimento de um ciclo completo, podemos observar que ainda está sendo definido e formatado, para que a
que, nas fases anteriores ao projeto é imprescindível iniciativa possa ser avaliada.

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 62: Ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil, com destaque
para a primeira estimativa de custos realizada na fase de ‘conceituação’ de um projeto.

Em geral, a primeira estimativa de custos é desen- • Qual é o nível de aceitação ou rejeição da socieda-
volvida na fase de conceituação do projeto, e é sem- de com relação ao empreendimento;
pre baseada em dados históricos, conhecidos, como
• Qual será o nível de agressão ao meio-ambiente, e
taxas de custo por m2 de edificações de diversos pa-
se ela será aceitável e administrável;
drões. Ou, ainda, utilizando custos de diferentes tipos
de soluções construtivas, como custo por m2 de uma • A tecnologia necessária para o desenvolvimento
fachada de edificação tipo ‘pele-de-vidro’, custo por do empreendimento existe? Qual o seu custo de
m3 de estrutura de concreto armado convencional acesso e viabilização?
(combinado com o conceito de ‘laje média’), e assim • Há viabilidade econômica e financeira para a reali-
por diante. zação do empreendimento em análise?
Os valores gerados com esta avaliação serão uti-
• Qual o nível de aceitação ou rejeição de comer-
lizados e testados pelos empreendedores, no desen-
cialização, identificando produtos concorrentes e
volvimento do correspondente ‘estudo de caso de
substitutos, e a maturidade do mercado local.
negócio’, e embasará a decisão de prosseguir ou não
com o desenvolvimento de uma determinada inicia- Os próprios processos de análise de cada um dos
tiva empreendedora. pontos listados anteriormente podem conduzir a uma
necessidade de revisão dos valores da primeira esti-
Caso as primeiras análises indiquem a viabilidade
mativa de custos, gerada na fase de conceituação do
da iniciativa empreendedora, passa-se a realizar a fase
empreendimento, porque, por exemplo, ao realizar a
denominada “verificação da viabilidade”, onde serão ve-
análise da viabilidade da aprovação legal do projeto,
rificados vários pontos importantes como:
pode-se ter acesso à informações mais detalhadas so-
• Se o empreendimento tem aderência com a estra- bre os custos dos processos de aprovação.
tégia da empresa que vai realizá-lo;
Numa situação ideal, os estudos de verificação
• Se o empreendimento é aprovável, considerando de viabilidade são acompanhados e complementa-
as diversas legislações vigentes em todas as esfe- dos por análises de riscos, correspondentes aos tó-
ras (municipal, estadual e federal); picos verificados.

86
Building Information Modeling

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 63: Representação do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil, com destaque para a 2ª. estimativa de
custos realizada na fase de “verificação da viabilidade” de um projeto. A própria realização dos processos de verificação da viabilidade
podem fornecer informações mais detalhadas sobre o empreendimento, possibilitando a revisão da 1ª. estimativa de custos.

Uma vez que o empreendimento é considerado estimativa de custos futuros da manutenção da edifi-
viável, passa-se para a fase de desenvolvimento dos cação ou instalação que está sendo desenvolvida, por-
projetos executivos e especificações. Ao término des- que, nesta fase, já são conhecidos todos seus sistemas
ta etapa, são obtidas e documentadas muitas infor- e principais componentes constituintes. Ou seja, já é
mações e detalhes sobre o empreendimento, e, com possível listar peças de desgastes e componentes que
o uso delas, pode-se gerar um ‘orçamento executivo’. precisam ser substituídos periodicamente (lâmpadas,
Este é um momento favorável também para a primeira por exemplo) e assim por diante.

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 64: Representação do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil, com destaque para orçamento executivo desenvolvido
no final da fase de “projeto” de um empreendimento. O orçamento executivo é baseado no projeto executivo e nas suas correspondentes especifica-
ções e detalhamentos. Numa situação ideal, nesta fase também se poderia desenvolver uma 1ª. estimativa de custos para as futuras fases de manu-
tenção do empreendimento em desenvolvimento (já seriam conhecidas peças de desgaste, principais sistemas especificados, etc.).

O custo real e final de um empreendimento só base nos valores efetivamente gastos, deveriam ser
pode ser conhecido após a sua conclusão e entrega, revisados os processos e as referências utilizadas
quando então, será possível a contabilização de to- em todas as demais estimativas de preços e orça-
dos os custos incorridos. Numa situação ideal, com mentos realizados.

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Análise Deve incluir das obras e
• Meio ambiente orçamento p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) de riscos manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 65: Orçamento real, correspondente ao ‘as built’ e obtido somente após a conclusão e entrega de
uma obra, quando todos os custos reais incorridos podem ser contabilizados. Os dados auferidos devem
ser utilizados para a revisão e atualização dos processos e referências de estimativas anteriores.

87
Parte 1 Fundamentos BIM

Os custos reais para a manutenção de uma edifica- nutenção devem ser utilizados para a revisão e atuali-
ção ou instalação construída só são de fato conhecidos zação das referências no desenvolvimento da primeira
durante a realização da própria fase de uso e manuten- estimativa de custos de manutenção, realizada durante
ção. Os valores dispendidos com os processos de ma- a fase de projeto.

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Figura 66: Orçamento real de manutenção. Estes dados devem ser utilizados para a revisão e atualização de refe-
rências na estimativa de custos de manutenção, desenvolvida durante a fase de projeto do empreendimento.

1.5.3 - O CICLO DE VIDA DOS EMPREENDIMENTOS


E OS DIFERENTES TIPOS DE MODELOS BIM
GERADOS PARA DIFERENTES USOS
Embora existam diferentes formatos de contra- seguir, os modelos autorais BIM são desenvolvidos
tação de negócios14 na indústria da construção civil, na fase de projeto, tomando como base e referência
apenas para estruturar o raciocínio e o processo de todas as premissas e programa do empreendimento,
comunicação, por ora, vamos no que se refere à ilus- desenvolvidos nas fases anteriores, localizadas mais a
tração que vem adiante. montante no ciclo de vida.
Os modelos autorais são desenvolvidos pelos Caso tenham sido utilizadas ferramentas do
responsáveis das diferentes disciplinas que compõem tipo macro BIM para o desenvolvimento da concei-
um empreendimento (arquitetos, engenheiros estru- tuação do empreendimento, verificação de viabili-
turais, instaladores, etc), com o propósito de definir o dade e teste de alternativas construtivas e de espe-
‘objeto construído’ em si. São usados principalmente cificação, os modelos já gerados (não detalhados,
para a realização de análises e simulações de desem- volumes, massas) podem ser utilizados como refe-
penho, e para a coordenação das disciplinas, até que rência para o desenvolvimento dos projetos auto-
se obtenha uma solução bem equilibrada, consistente rais, realizando o chamado ‘trabalho colaborativo’.
e sem interferências. Quando este estágio é atingido, Numa situação ideal, processos posteriores conse-
os modelos também passam a ser utilizados para a ge- guem aproveitar o esforço e o trabalho realizado
ração de toda a documentação do empreendimento. em fases anteriores. Esta é uma das propostas fun-
Considerando o formato de contratação corres- damentais de valor, assumida como premissa pela
pondente à ilustração do ciclo de vida mostrado a plataforma BIM.

14 - Os modelos mais comuns de contração serão abordados em capítulo específico, mais adiante
neste mesmo guia. DBB (Design-Bid-Build), EPC (Engineering-Procurement-Construction), EPCM
(Engineering-Procurement-Construction-Management), Strategic Alliance são alguns deles.
88
Building Information Modeling

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Modelo de projeto Modelo de Modelo de construção


(e análises) construção Modelo de operação
para canteiro e manutenção

Coordenação Planejamento
e documentação da execução e
orçamento de obra Saídas para fabricação Base de dados para
do projeto controle / montagem gestão de manutenção

Figura 67: Modelos BIM desenvolvidos especificamente para projetos autorais e planejamento 4D.

Já os modelos BIM desenvolvidos especificamente dem ser desenvolvidos modelos BIM específicos para o
para estudar e planejar a fase de construção, eles são estudo do processo de construção em si e definição das
utilizados para estudar a divisão das etapas construti- várias fases do canteiro de obras.
vas, auxiliar no dimensionamento das equipes, e reali- Nestes modelos BIM podem ser incluídos e simula-
zar o planejamento 4D de uma obra. Muitos softwares dos todos os recursos e equipamentos necessários para
possibilitam que sejam criadas animações, onde se viabilizar a construção, mas que não serão incorpora-
pode visualizar, de forma natural e intuitiva, todo o en- dos nela, como gruas, elevadores de obra, bandejas de
cadeamento das atividades programadas, verificando proteção. Também podem ser utilizados como referên-
as regras de precedência e dependência entre elas. cia para a fabricação e montagem de componentes e
Embora possam também ser gerados na fase de para o controle dos processos construtivos.
projetos (ou posterior), é preciso considerar, entretanto, São modelos específicos que precisam ser contra-
que, nos casos mais comuns, os arquitetos e projetistas tados também especificamente. Eles são desenvolvidos
não desenvolvem modelos BIM para o planejamento numa fase posterior ao desenvolvimento do projeto, ou
4D, mas sim os modelos autorais. Mesmo que os mode- seja, usando os modelos BIM autorais e de planejamen-
los para planejamento sejam desenvolvidos com base to 4D como referência. Na prática, e em muitos casos,
nos modelos autorais, trata-se de um trabalho específi- são contratados pela própria construtora (ou desen-
co que precisa ser contratado à parte pelo proprietário volvidos internamente), concomitantemente, durante
(investidor) ou pela construtora que irá executar a obra, fases iniciais de mobilização, limpeza do terreno e até
porque ambos poderão se beneficiar dele. mesmo durante a execução das fundações, porque só
Após o desenvolvimento dos modelos autorais e, neste momento, costuma haver disponibilidade de
opcionalmente, os modelos de planejamento 4D, po- tempo e atenção da gerência de produção.

89
Parte 1 Fundamentos BIM

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Modelo de projeto Modelo de Modelo de construção


(e análises) construção Modelo de operação
para canteiro e manutenção

Coordenação Planejamento
e documentação da execução e
orçamento de obra Saídas para fabricação Base de dados para
do projeto controle / montagem gestão de manutenção

Figura 68: Modelo BIM especificamente para estudo dos processos construtivos, inclusive recursos necessários na construção (gruas,
elevadores de obra, bandejas), que também podem ser utilizados para fabricação digital.

Finalmente, podem ser desenvolvidos modelos Uma das principais características destes tipos de
BIM especificamente para serem utilizados como base modelo é o formato como os componentes são orga-
de dados e referências para a gestão do uso, da opera- nizados. Por exemplo, não basta que um modelo for-
ção e manutenção de um objeto já construído. neça todo o sistema de conforto (ar-condicionado) de
uma edificação; é preciso organizar a localização dos
A adoção e exigência contratual da entrega das in-
componentes, de forma que se possa alocar custos, de
formações no formato COBie, por todos os participan- acordo com os diferentes ambientes que compõem
tes no processo de projeto, especificação e construção esta edificação, e ao mesmo tempo, também com as
de uma edificação ou instalação, configura-se como re- diferentes áreas organizacionais da empresa que as uti-
ferência ideal para o desenvolvimento de modelos BIM lizam (coordenação de equipamentos com ambientes e
de operação e manutenção. sua ocupação, com centros de custos específicos).

90
Building Information Modeling

PRÉ-OBRA OBRA PÓS-OBRA


1ª ESTIMATIVA REVISÃO DA ESTIMATIVA
• Estratégia corporativa ORÇAMENTO ORÇAMENTO DE
• Legal ORÇAMENTO REAL
EXECUTIVO MANUTENÇÃO REAL
• Social Após a conclusão
Deve incluir
Análise orçamento das obras e
• Meio ambiente de riscos p/ apuração dos
• Tecnologia (acesso à) manutenção custos reais
• Econômico/Financeiro futura
• Marketing/Mercado

CONCEPÇÃO CONCEITUAÇÃO VERIFICAÇÃO DE VIABILIDADE PROJETO LICITAÇÃO E CONSTRUÇÃO COMISSIONAMENTO USO E OPERAÇÃO MANUTENÇÃO E DESCOMISSIO-
CONTRATAÇÃO MONITORAMENTO NAMENTO
Iniciação

Modelo de projeto Modelo de Modelo de construção


(e análises) construção Modelo de operação
para canteiro e manutenção

Coordenação Planejamento
e documentação da execução e
orçamento de obra Saídas para fabricação Base de dados para
do projeto controle / montagem gestão de manutenção

Figura 69: Modelo BIM desenvolvido especificamente para gestão dos processos de uso e manutenção.

• BIM é abrangente demais porque, por definição é • Durante o ciclo de vida de um empreendimento vá-
aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendi- rias estimativas de custos e orçamentos precisam ser
mento. Essa imensidão é um dos principais moti- desenvolvidas, em diferentes fases. Essas estimativas
vos que atrapalha o adequado entendimento desta apresentam diferentes níveis de assertividade, em
nova plataforma tecnológica. função da própria maturação do desenvolvimento do
projeto. O custo real de um empreendimento só pode
• Embora existam diferentes tipos de contratação ser obtido após a conclusão total das obras, quando é
praticados na indústria da construção civil (DBB > possível contabilizar todos os custos incorridos. Numa
Design-Bid-Build, EPC > Engineering-Procuremen- situação ideal, os valores reais deveriam provocar a
t-Construction, EPCM > Engineering-Procuremen- revisão dos processos e referências utilizados nas esti-
t-Construction-Management, Strategic Alliance), mativas de custos geradas nas fases anteriores.
este guia propõe uma referência para representar o
ciclo de vida típico de um empreendimento que foi • Diferentes tipos de modelos BIM podem ser desenvol-
vidos ao longo do ciclo de vida de uma construção,
ilustrada e detalhada neste capítulo.
desde o “modelo macro-BIM” (apenas volumétrico e
• As principais ações tomadas durante as fases que não-detalhado, utilizado para o desenvolvimento das
compõem um ciclo de vida de um empreendi- primeiras estimativas de custo), passando pelo “mode-
mento típico da construção foram detalhadas e lo BIM autoral” (de Arquitetura, Estruturas, Instalações),
exemplificadas neste capítulo, para facilitar e am- desenvolvido na fase de projeto, podendo incluir ainda
pliar o entendimento. o “modelo BIM de planejamento 4D”, o “modelo BIM de
fabricação digital” e o “modelo BIM de operação e ma-
• Estude, entenda e analise a representação do ciclo nutenção”. Estes diversos modelos, desenvolvidos com
de vida ilustrado e identifique qual a fase em que diferentes propósitos, para embasar a realização de
sua empresa atua, tentando também identificar vários processos, normalmente são desenvolvidos em
quais os principais processos realizados e liderados determinadas fases do ciclo de vida de um empreen-
por ela. Esta referência é essencial e básica para a dimento. Este capítulo localiza os diferentes tipos de
definição de um projeto de implantação BIM. modelos nas diferentes fases do ciclo de vida.

91
92
1.6
CASOS DE USOS BIM

93
Parte 1 Fundamentos BIM

1.6 CASOS DE USOS BIM

1.6.1 - OS 25 CASOS DE USOS BIM


MAPEADOS PELA PENNSTATE UNIVERSITY
Nos Estados Unidos, em Dezembro de 2009, num ilustração a seguir os representa organizados de acor-
trabalho publicado pela Pennsylvania State University15 do com as correspondentes grandes fases do ciclo de
foram identificados 25 diferentes usos para o BIM. A desenvolvimento de um projeto.

PLANEJAMENTO PROJETO CONSTRUÇÃO OPERAÇÃO

Modelagem de condições existentes


Estimativas de custos
Planejamentos
Programação
Análises Locais
Revisão de Projetos
Design Autoral
Análise Estrutural
Análise Lumnotécnica
Análise Energética

Análise Mecânica
Análise de Outras Engenharias
Avaliação LEED Sustentabilidade
Validação de códigos

Coordenação Espacial 3D
Planejamento de Utilização
Projeto do Sistema Construção
Fabricação Digital
Usos Principais do BIM
Planejamento de Controle 3D
Usos Secundários Modelagem de Registros
Planejamento de Manutenção
Análise do Sistema Construção
Gestão de Ativos
Ger. Espaços / Rastreamento
Planejamento c/Desastres

Figura 70: Os 25 casos de usos BIM, localizados nas grandes fases do ciclo de vida de um empreen-
dimento, publicados pela PennState University em 2009. Os quadros com fundo azul escuro
representam os principais usos BIM e aqueles com fundo azul claro, os usos BIM secundários.

15 - Ralph Kreider, John Messner, and Craig Dubler, “Determining the Frequency and Impact of Applying BIM for Different
Purposes on Building Projects,” in Proceedings of the 6th International Conference on Innovation in Architecture, Engineering
and Construction (AEC) (Penn State University, University Park, PA, USA, 2010). http://www.engr.psu.edu/ae/AEC2010/.

94
Building Information Modeling

O estudo também classificou a frequência com do BIM?”, sendo que as opções de respostas possíveis
que esses 25 diferentes usos do BIM foram identifi- eram 0,5%, 25%, 50%, 75%, 95% e 100%. A segunda
cados nas empresas Americanas de AEC, e o valor pergunta foi: “Qual o benefício que sua organização
percebido de cada um deles. A pesquisa realizada en- atribui a cada um dos 25 usos do BIM?”, para a qual os
dereçou duas perguntas a uma significativa amostra pesquisados poderiam responder optando por muito
de empresas. A primeira pergunta foi: “Com que fre- negativa, negativa, neutra, positiva e muito positiva.
quência a sua organização utiliza cada um dos 25 usos Os resultados foram os seguintes:

USOS DO BIM Frequência Ranking Benefícios Ranking

% 1 a 25 -2 a +2 1 a 25

Coordenação espacial 3D 60% 1 1,60 1

Revisão de Projetos 54% 2 1,37 2

Design Autoral 42% 3 1,03 3

Projeto de Sistemas Construtivos 37% 4 1,09 4

Modelagem das Condições Existentes 35% 5 1,16 5

Controle e Planejamento 3D 34% 6 1,10 6

Programação 31% 7 0,97 7

Planejamento de Fases (4D) 30% 8 1,15 8

Modelagem de registros 28% 9 0,89 9

Planejamento de Utilização 28% 10 0,99 10

Análises Locais 28% 11 0,85 11

Análise EStrutural 27% 12 0,92 12

Análise Energética 25% 13 0,92 13

Estimativas de Custos 25% 14 0,92 14

Avaliação LEED Sustentabilidade 23% 15 0,93 15

Análise do Sistema de Construção 22% 16 0,86 16

Gerenciamento de Espaços / Rastreamento 21% 17 0,78 17

Análise Mecânica 21% 18 0,67 18

Validação de Códigos 19% 19 0,77 19

Análise Luminotécnica 17% 20 0,73 20

Análises de Outras Engennharias 15% 21 0,59 21

Fabricação Digital 14% 22 0,89 22

Gerenciamento de Ativos 10% 23 0,47 23

Planejamento de Manutenção 5% 24 0,42 24

Planejamento contra Desastres 4% 25 0,26 25

Figura 71: Resultados de pesquisa específica, realizada pela PennState University,


sobre frequência de uso e benefícios percebidos, em empresas Americanas.

95
Parte 1 Fundamentos BIM

Separando os assuntos e as correspondentes respostas obtidas nesta mesma pesquisa e organizando-os em


gráficos, obteríamos o seguinte:

FREQUÊNCIA

BENEFÍCIOS

Figuras 72 e 73: Resultados de pesquisa específica, realizada pela PennState University, sobre frequência
de uso e benefícios percebidos, em empresas Americanas, em gráficos separados e correspondentes.

96
Building Information Modeling

Dentre outros aspectos, esta publicação também sig- processos, bem como os principais envolvidos e os resul-
nifica que estes 25 casos de usos BIM já foram descritos, e tados gerados já são conhecidos e já foram detalhados
mapeados, ou seja, as atividades e as informações neces- e documentados. Nas figuras abaixo, são apresentados,
sárias para a realização de cada um dos correspondentes como exemplo, o mapeamento de dois casos de usos:

NÍVEL 1: MODELAGEM DAS CONDIÇÕES LOCAIS EXISTENTES


NOME DO PROJETO
INFO. REFERÊNCIA

relatório geotécnico dados históricos inform. dados GIS infrom.


s/ instalações geográficas

levantamento das instala-


ções existentes

parte responsável

coletar dados sobre compilação de informa-


levantamento das condições ções sobre as condições
condições atuais do site existentes no local existentes
PROCESSOS

início do parte responsável parte responsável parte responsável fim do


processo processo

coletar dados através


de registros fotoráficos

parte responsável

levantamento de
condições existentes com
o uso de laser scanning

parte responsável
INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES

modelo gerado por modelo de modelo com informações das


laser scanning pesquisa condições existentes

Figura 74: Documentação do mapeamento do caso de uso BIM Modelagem das condições existentes, apresentado aqui como exemplo.

97
Parte 1 Fundamentos BIM

NÍVEL 1: ESTIMATIVAS DE CUSTOS


NOME DO PROJETO:
INFO. REFERÊNCIA

relatório método
de custos de análise

Início do
processo
PROCESSO

não

Estabelecer ajustar BIm para Exportar bim Exportar bim revisar


metas / alvos de custos retirada quantidades modelo pronto sim para análise programação de quantidades
para análise quantidades
de custos?
Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro
INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES

modelo
3d bim

98
Building Information Modeling

base de dados
de custos

avaliar
quantidades e
estrutua custos
Empreiteiro

não não

Avaliar métodos organizar calcular custos Incluir


sim de construção e quantidades à a partir das revisar custos contingências e sim fim do
Resultados montagem base de custos quantidades e resultados mdo indireta Resultados processo
aceitáveis? aceitáveis?
Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro Empreiteiro

extração de quantidades estimativas de custos


para montagens para montagens

Figura 75: Documentação do mapeamento do caso de uso BIM Estimativa de Custos, apresentado aqui como exemplo.

99
Parte 1 Fundamentos BIM

1.6.2 - OS 25 CASOS DE USOS BIM MAPEADOS


PELA PENNSTATE UNIVERSITY, ORGANIZADOS
EM ORDEM REVERSA DAS FASES CICLO DE VIDA
A mesma publicação da PennState University, re- empreendimento, organizada em ordem reversa, como
comenda que a análise dos casos de usos seja realiza- esta apresentada na figura abaixo.
da a partir das grandes etapas do ciclo de vida de um

OPERAÇÃO CONSTRUÇÃO PROJETO PLANEJAMENTO

Planejamento de Manutenção
Análise do Sistema Construção
Gestão de ativos
Ger.Espaços / Rastreamento
Planejamento com Desastres
Modelagem de Registros
Planejamento de Utilização
Projeto do Sistema Construção
Fabricação Digital
Planejamento e Controle 3D
Coordenação Espacial 3D
Design Autoral
Análise Estrutural
Análise Luminotécnica
Análise Energética
Análise Mecânica
Análises de Outras Engas.
Avaliação LEED Sustentabilidade
Usos Principais do BIM
Validação de Códigos
Usos Secundários Revisão de Projetos
Programação
Análises Locais
Planejamento 4D
Estimativas de Custos
Modelagem das Condições Existentes

Figura 76: Os 25 casos de usos BIM, localizados nas grandes fases do ciclo de vida de um empreendimento,
organizadas em ordem reversa, publicados da PennState University em 2009. Os quadros com fundo azul
escuro representam os principais usos BIM e aqueles com fundo azul claro, os usos BIM secundários.

Esta visão invertida enfatiza o conceito do ciclo de Caso identifique potenciais usos futuros, a equipe
vida das informações, que é um dos fundamentos da precisará estudá-los, definindo quais serão as informa-
tecnologia BIM, e também induz o pensamento de que, ções mínimas necessárias para sua realização, e incor-
o foco central de um plano de implantação BIM requer porá-las no processo de desenvolvimento e implanta-
a identificação dos casos de usos que seriam mais con- ção. Esta perspectiva, de iniciar uma implantação BIM,
venientes e apropriados para serem realizados no início já tendo o final em mente, ajudará na identificação dos
da implantação, sem deixar de considerar os demais e futuros usos das informações, que poderão interessar,
potenciais usos futuros, que poderão também ser reali- durante a realização de fases posteriores do ciclo de
zados, a partir dos modelos BIM desenvolvidos. vida de um empreendimento.

100
Building Information Modeling

101
102
1.7
CASOS DE USOS
BIM MAIS COMUNS

103
Parte 1 Fundamentos BIM

1.7 CASOS DE USOS


BIM MAIS COMUNS

Dentre os 25 casos de usos BIM já mapeados, do- considerando a experiência desenvolvida e a matu-
cumentados e publicados pela PennState University ridade no uso da tecnologia.
em 2009, alguns são mais comuns, especialmente

1.7.1 - CASOS DE USOS BIM MAIS COMUNS NO BRASIL


No Brasil, embora já se tenha notícia de usos não tenhamos dados de pesquisas muito confiáveis,
bastante avançados da tecnologia BIM, e mesmo que pode-se dizer que os casos de usos mais comuns são:

Figura 77: Casos de usos BIM mais comuns no Brasil: Visualização do projeto e Logística do Canteiro de obras.

Figura 78: Casos de usos BIM mais comuns no Brasil: Levantamento de quantidades e Estimativas de Custos e Orçamentos.

104
Building Information Modeling

Figura 79: Casos de usos BIM mais comuns no Brasil: Maquetes eletrônicas e Análises da construtibilidade.

Figura 80: Casos de usos BIM mais comuns no Brasil: Coordenação espacial e Coordenação e controle de contratados.

Figura 81: Casos de usos BIM mais comuns no Brasil: Rastreamento e controle de componentes e gestão de ativos.

Estes casos fazem parte da lista publicada tados, o que inclui lista dos principais participan-
pela PennState University em 2009, e portanto, já tes, informações de referência, interoperabilida-
foram mapeados e possuem processos documen- de e “entregáveis”.

105
106
1.8
LOD - NÍVEL DE
DESENVOLVIMENTO

107
Parte 1 Fundamentos BIM

1.8 LOD - NÍVEL DE


DESENVOLVIMENTO

A primeira referência para a conceituação do ficas. A figura abaixo mostra cinco diferentes repre-
que é LOD – Nível de Desenvolvimento pode ter sur- sentações de uma mesma esfera, construídas com
gido das próprias diferenças das representações grá- diferentes quantidades de vértices.

IMPACTO VISUAL E MEDIDAS

Imagem

140 160 1580 2880 5500


Quantidade Mínimo deta- Máximo deta-
de Vértices lhamento, para lhamento, para
objetos muito “close-ups”
distantes

Figura 82: A primeira referência para a conceituação do que é LOD – Nível de Desenvolvimento pode
ter surgido das próprias diferenças das representações gráficas. A figura abaixo mostra 5 diferentes
representações de uma mesma esfera, construídas com diferentes quantidades de vértices.

O conceito de LOD especificamente utilizado na tem sido mais citado como nível de desenvolvimento
tecnologia BIM, foi inicialmente entendido como nível (Level Of Development), o que significa uma ampliação
de detalhamento (Level Of Detail). Atualmente, o termo do conceito inicial.

LOD (Level of Detail)


Nível de Detalhamento X LOD (Level of Development)
Nível de Desenvolvimento

Quantidade de detalhes Nível de Confiança que


usuários podem ter nas infor-
incluída nos elementos de um
mações incorporadas em um
Modelo BIM
Modelo BIM

Entrada:
Informações incorporadas nos
Saída:
Saída confiável
elementos

Figura 83: Comparação dos conceitos de LOD como nível de detalhamento ou nível de desenvolvimento de um modelo BIM.

108
Building Information Modeling

1.8.1 - DEFINIÇÃO DE LOD - NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO


O LOD endereça várias questões que surgem narmente num modelo, porque não seria possível
quando BIM é utilizado como ferramenta de co- diferenciar apenas pela aparência. O LOD permite
municação ou colaboração, ou seja, quando outros que o autor especifique claramente qual é a con-
usuários que não sejam os próprios autores de um fiabilidade dos elementos de um modelo.
Modelo BIM, extraem informações dele:
• Num ambiente de trabalho colaborativo, onde di-
• Durante o processo de projeto, os sistemas cons- versos usuários precisarão utilizar informações ex-
trutivos e componentes evoluem de vagas ideias traídas de modelos gerados por outros autores, é
conceituais para uma descrição completa e preci- fundamental definir claramente quais os níveis de
sa. Os autores dos modelos sabem qual o nível de confiabilidade dos elementos, nas suas várias eta-
desenvolvimento dos seus modelos, mas outras pas de desenvolvimento. Assim todos envolvidos
pessoas não. poderão planejar seus trabalhos, já considerando
• É frequente e comum que o nível de precisão de um os momentos futuros quando as informações mais
elemento seja mal interpretado. Em um modelo, detalhadas e confiáveis serão disponibilizadas.
um componente genérico inserido apenas como Portanto, o LOD é uma referência que possibilita
uma primeira referência tem a mesma aparência que os agentes atuantes na indústria da construção
de um componente específico, localizado com ab- civil especifiquem e articulem, com clareza, os con-
soluta precisão, portanto é preciso algo mais que a teúdos e níveis de confiabilidade de modelos BIM, nos
simples aparência, para comunicar essas diferenças. vários estágios do processo de projeto e construção.
• Um usuário de um modelo, que não seja seu autor, Possibilita que os autores de Modelos BIM
pode inferir erroneamente que algumas informa- definam os usos e níveis de confiabilidade dos seus
ções já tenham sido estudadas e definidas com modelos, para que outros usuários, que estejam mais
precisão pelo autor – assim, um usuário desavisa- a jusante no fluxo de desenvolvimento, possam com-
do poderia retirar medidas e informações de mon- preender com clareza, quais os limites de utilização
tagens que tenham sido inseridas apenas prelimi- dos modelos que eles estão recebendo.

1.8.2 - PRINCIPAIS OBJETIVOS DO


LOD - NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
LOD – nível de desenvolvimento é um conceito mui- • Servircomo um padrão que pode ser utilizado
to utilizado na definição do escopo de contratação de como referência em contratos e planejamentos de
serviços de modelagem BIM realizados por terceiros. A es- trabalhos baseados em BIM;
pecificação clara de um LOD tem como principal objetivo: • Possibilitar que usuários BIM, posicionados mais
• Servir de referência para que as equipes (incluindo a jusante no fluxo de trabalho, possam confiar
proprietários) possam especificar entregáveis BIM, nas informações incorporadas nos modelos BIM
definindo claramente o que deve ser incluído em que eles estão recebendo (desenvolvidos por
cada um deles; outros autores).

109
Parte 1 Fundamentos BIM

1.8.3 - DEFINIÇÃO DE 6 DIFERENTES NÍVEIS


DE LOD - NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
Normalmente o LOD é indicado em níveis que variam a partir do nível 100:

Figura 84: Cinco níveis diferentes do LOD de uma viga metálica.

A seguir estão definidos 6 diferentes níveis de desenvolvimento LOD:

LOD 100 LOD 350


Elementos de um modelo podem ser representados Elementos de um modelo podem ser representados
graficamente por um símbolo ou outra representação graficamente como um sistema específico.
genérica. Objeto ou montagem com tamanhos, formas, quan-
Informações relacionadas aos elementos do modelo tidades, orientações e interfaces com outros iste-
(ex. custo/m2 , Ton Resfriamento, etc) podem ser deriva- mas também específicos.
das de outros elementos. Informações não gráficas também podem ser anexa-
das aos elementos.
LOD 200
Elementos de um modelo podem ser representados LOD 450
graficamente como um sistema genérico. Elementos de um modelo podem ser representados
Objeto ou montagem com tamanhos, formas, quan- graficamente como um sistema específico.
tidades e orientações aproximadas. Objeto ou montagem com tamanhos, formas, quan-
Informações não gráficas também podem ser anexa- tidades, orientações com informações detalhadas
das aos elementos. sobre fabricação, montagem e instalação.
Informações não gráficas também podem ser anexa-
LOD 300
das aos elementos.
Elementos de um modelo podem ser representados
graficamente como um sistema específico. LOD 500
Obejto ou montagem com tamanhos, formas, quan- A representação gráfica dos elementos de um mo-
tidades e orientações também específicos. delo são verificadas em campo, em termos de tama-
Informações não gráficas também podem ser anexa- nho, formas, localização, quantiaddes e orientações.
das aos elementos. Informações não gráficas também podem ser anexa-
das aos elementos.

110
Building Information Modeling

1.8.4 - EXEMPLOS REAIS DE CLASSIFICAÇÃO


DE DIFERENTES NÍVEIS LOD
Ilustração representando cinco níveis diferentes do LOD de uma fundação direta (rasa).

LOD 100 LOD 200 LOD 300 LOD 350 LOD 400

As premissas para Elementos modela- Elementos modelados Elementos modelados devem incluir: Elementos mo-
as fundações estão dos devem incluir: devem incluir: • Localização dos encaixes delados devem
incluídas em outros • Tamanho e forma • Tamanho do conjunto • ligações concretadas incluir:
elementos modela- aproximados dos e geometria dos elemen- • Retardadores de umidade • Armaduras, in-
dos, como um pavi- elemtnos e das tos das fundações • Cavilhas clusive ganchos e
mento arquitetônico funções • Superfícies inclinadas • Todos inserts ou reeforços expostos sobreposições
ou um volume de • Eixos estruturais • Dimensões externas • Juntas de expansão • Cavilhas
massa que define a definidos no modelo dos componentes • Cotas de apoio são modeladas a • Chanfros
prifundidade propos- a coordenados com partir de estimativas extraídas de um • Acabamentos
ta para a estrutura. o sistema global de relatório geotécnico específico • Marcações
coordenadas definidas para as
Elementos esquemáti-
alvenarias
cos ainda não são dis-
• Impermeabili-
tinguíveis por tipo ou zações
material. Montagem,
profundidade/es-
pessura e localização
ainda são flexíveis.
• São modeladas • Tamanhos das paredes • Vigas-baldrame são modeladas in-
Fundações genéricas da fundação são mo- clusive com as interfaces com outros
• O terreno é deladas com precisão, sistemas como reforços de bordo
modelado também com sapatas conforme a de jajes, juntas de concretagem e
genericamente, a sulução adotada cavilhas de reforço
partir de informações • A cota de apoio das • A cota de apoio das fundações
geotécnicas extraídas fundações são modela- são modeladas conforme o relatório
de um relatório geo- das conforme o relatório geotécnico específico, com a adição
técnico específico. geotécnico específico de elementos de interface como
• Camadas geológicas caixas vazias conforme a solução
são mostradas apenas adotada
para contextualização e • Camadas geológicas são mostra-
não precisam ser mode- das apenas para contextualização e
ladas como parte deste não precisam ser modeladas como
elemento neste LOD parte deste elemento neste LOD
• A laje piso deve ser • A laje piso deve ser modelada ao
modelada ao nível nível correto, mostrando condições
correto, mostrando con- relativas neste nível de LOD
dições relativas neste
nível de LOD

Figura 85: Ilustração representando 5 níveis diferentes do LOD de uma fundação direta (rasa).

111
Parte 1 Fundamentos BIM

A figura a seguir representa exemplo real da classificação de diferentes níveis de LOD para a definição da espe-
cificação de uma luminária:

LOD 100 Custos relacionados às lajes-pisos


LOD 200 Luminária genérica com tamanho, forma e lo-
calização especificados
LOD 300 Luminária 2x4 troffer, com tamanho, forma e
localização especificados
LOD 350 Luminária Lightolier DPA2G12LS232, com ta-
manho, forma e localização especificados
LOD 400 Luminária Lightolier DPA2G12LS232, com tama-
nho, forma e localização especificados (idem LOD 350)
inclusive detalhes da montagem, em forro suspenso

Figura 86: Catálogo do fabricante e luminária objeto das especificações de LOD realizadas no exemplo anterior.

112
Building Information Modeling

1.8.5 - A CLASSIFICAÇÃO LOD PUBLICADA PELA


AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTS - AIA
A American Institute of Architects – AIA, principal descreve cinco diferentes LOD´s para os quais defini-
entidade que representa os arquitetos nos Estados ram os correspondentes “usos autorizados”.
Unidos, publicou um documento em que organiza e

Ilustração

LOD 100 200 300 400 500


Equivale ao Projeto Similar ao projeto Os elementos do Os elementos do Equivale ao
Conceitual esquemático. Modelo definirão Modelo definirão As-built.
as montagens de as montagens de
modo preciso em O nível final
modo preciso em de desenvol-
O modelo consistirá O modelo consis- termos de quanti- termos de quanti-
das massas totais tirá de sistemas dades, tamanhos, vimento que
dades, tamanhos, representa o
das edificações genéricos ou forma, localização forma, localização
montagens com e orientação, e projeto como
e orientação. Infor- ele foi realmente
quantidades apro- mações não-geo- incluirão informa-
ximadas, tamanhos, ções completas e construído.
métricas podem ser
forma, localização e relacionadas aos detalhadas sobre O modelo servirá
orientação. objetos. fabricação e monta- para a gestão da
gens. Informações manutenção e
não-geométricas da operação da
podem ser relacio- edificação ou
nadas aos objetos. instalação.

Usos Análises: das Estimativas de Construção: O mo- Construção: Os ele-


autorizados edificações com- custos: (volumes e delo servirá para a mentos do modelo
plestas (Volumes, quatidades de tipos geração dos docu- são representações
orientações, custos de elementos) mentos tradicionais virtuais dos mode-
por metro quadra- Planejamento: para a construção e los especificados.
do, etc) definição da ordem contratação. Análises: A perfor-
Estimativas de de contrução, Análises: As mance do modelo
custos: aparência dos prin- análises podem ser pode ser analisada
Planejamento: cipais elementos e realizadas para ele- e aprovada para
definição de fases e sistemas, na escala mentos e sistemas sistema específicos
duração total. do tempo) detalhados. base em elemtnso
Estimativas de específ.
custos: Podem Estimativas de
ser realizadas com custos: Custos são
base em dados baseados no custo
específicos forne- de venda atuali-
cidos e técnicas zado de elemtnos
conceituais. específicos.
Planejamento: Planejamento:
Ordenação da Ordenação da cons-
construção, aparên- trução, aparência
cia de elementos de elementos e
e sistemas deta- sistemas deta-
lhados. lhados, incluindo
métodos e sistemas
construtivos.

Figura 87: Os 5 diferentes níveis de LOD publicados pela AIA – American Institute of Architects, com seus correspondentes usos autorizados.

113
Parte 1 Fundamentos BIM

A iniciativa da AIA propõe uma padronização de


diferentes níveis de LOD, definindo claramente, quais
os correspondentes usos autorizados e responsabilida-
des relacionados a cada um. Ilustração

LOD 200
Ilustração Similar ao projeto esquemático.

O modelo consistirá de sistemas


genéricos ou montagens com quan-
tidades aproximadas, tamanhos,
forma, localização e orientação.
LOD 100
Equivale ao Projeto Conceitual Usos Estimativas de custos: (volumes e
autorizados quatidades de tipos de elementos)
O modelo consistirá das massas totais Planejamento: definição da ordem
das edificações de contrução, aparência dos princi-
pais elementos e sistemas, na escala
Usos Análises: das edificações complestas
do tempo)
autorizados (Volumes, orientações, custos por
metro quadrado, etc)
Estimativas de custos: Figura 89: LOD 200 publicado pela AIA, com seus corresponden-
Planejamento: definição de fases e tes usos autorizados.
duração total.
Ainda com relação aos padrões AIA, num LOD
300 os elementos de um modelo definem as mon-
Figura 88: LOD 100 publicado pela AIA, com seus corresponden-
tagens de modo preciso em termos de quantidades,
tes usos autorizados. tamanhos, formas, localização e orientação. Informa-
ções não geométricas podem ser incorporadas aos
Embora não seja possível estabelecer uma correla- objetos. O modelo serve para a geração dos docu-
ção exata com as fases de desenvolvimento tipicamen- mentos tradicionalmente utilizados nos processos
te realizadas no Brasil, a padronização de LOD´s amplia de contratação e construção de um empreendimen-
o entendimento do conceito. Nessa conformidade, en- to. As análises podem ser realizadas para elemen-
tão, um modelo desenvolvido com LOD 100 equivale tos e sistemas detalhados. As estimativas de custos
a um projeto conceitual, e éconstituído das massas ou ficam mais assertivas com base em dados específi-
volumes totais das edificações previstas num empreen- cos, integrados aos objetos, e técnicas construtivas
dimento. Serve para as análises das edificações como conceituais. E o planejamento pode ser feito já consi-
um todo, e também para o desenvolvimento de esti- derando a ordenação das atividades da construção,a
mativas de custos e macroplanejamento de uma obra aparência de elementos e sistemas detalhados.
(definição de fases e duração total).
No caso de um LOD 200 de acordo com o padrão
da AIA, o modelo é constituído por sistemas genéri-
cos e montagens com possibilidade de obter quanti-
dades aproximadas, tamanhos, formas, localização e
orientação dos principais elementos. Os usos autori-
zados incluem as análises de sistemas específicos (fa-
chadas e fundações, por exemplo). As estimativas de
custos podem ser desenvolvidas considerando vo-
lumes, quantidades e tipo de elementos. No plane-
jamento da construção, pode-se incluir a definição
da ordem de construção e também a aparência dos
principais elementos e sistemas, na escala do tempo.

114
Building Information Modeling

Ilustração Ilustração

LOD 300 LOD 400


Os elementos do Modelo definirão Os elementos do Modelo definirão as
as montagens de modo preciso em montagens de modo preciso em termos
termos de quantidades, tamanhos, de quantidades, tamanhos, forma,
forma, localização e orientação. Infor- localização e orientação, e incluirão
mações não-geométricas podem ser informações completas e detalhadas
relacionadas aos objetos. sobre fabricação e montagens. Infor-
mações não-geométricas podem ser
Usos Construção: O modelo servirá para a relacionadas aos objetos.
autorizados geração dos documentos tradicionais
para a construção e contratação. Construção: Os elementos do modelo
Análises: As análises podem ser Usos são representações virtuais dos mode-
realizadas para elementos e sistemas autorizados los especificados.
detalhados. Análises: A performance do modelo
Estimativas de custos: Podem ser pode ser analisada e aprovada para
realizadas com base em dados especí- sistema específicos base em elemtnso
ficos fornecidos e técnicas conceituais. específ.
Planejamento: Ordenação da Estimativas de custos: Custos são
construção, aparência de elementos e baseados no custo de venda atualizado
sistemas detalhados. de elemtnos específicos.
Planejamento: Ordenação da constru-
ção, aparência de elementos e sistemas
detalhados, incluindo métodos e
Figura 90: LOD 300 publicado pela AIA, com seus corresponden- sistemas construtivos.
tes usos autorizados.
Figura 91: LOD 400 publicado pela AIA, com seus corresponden-
Num LOD 400, conceituado pela AIA, os elementos tes usos autorizados.
de um modelo definem as montagens de modo preciso
em termos de quantidades, tamanhos, formas, localiza- Estes elementos são representações virtuais dos
ção, orientação e incluem ainda informações comple- componentes especificados, e podem ser utilizados
tas e detalhadas sobre fabricação e montagens. Infor- para análises de desempenho da edificação ou insta-
mações não geométricas poderiam ser incorporadas. lação modelada, e, ainda, para alguns de seus subsiste-
mas específicos. As estimativas de custos são possíveis
com base no custo de venda atualizado dos principais
elementos específicos. O planejamento pode ser rea-
lizado já considerando a ordenação das atividades da
construção, aparência dos elementos e sistemas deta-
lhados, incluindo métodos e sistemas construtivos.
Por fim, ainda com relação ao padrão AIA, um mode-
lo LOD 500 corresponde ao ‘as built’ de uma edificação ou
instalação, em que se alcança o nível final de um desen-
volvimento que representa um projeto como ele de fato
deve ser construído. Pode ser utilizado como base para a
realização da gestão da manutenção e da operação.

115
Parte 1 Fundamentos BIM

Ilustração

LOD 500
Equivale ao As-built.
O nível final de desenvolvimento
que representa o projeto como ele
foi realmente construído.
O modelo servirá para a gestão
da manutenção e da operação da
edificação ou instalação.

Usos
autorizados

Figura 92: LOD 500 publicado pela AIA, corresponde ao ‘as built’
de uma edificação ou instalação projetada e construída.

116
Building Information Modeling

117
MA
TE
RIA
L
PR PRE
O I B LI M
IDA INA
AD RP
IST ARA
RIB U
UIÇ SO I
ÃO NTE
. RN
O.

Correalização
Realização

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