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FACULDADE DO MARANHÃO – FACAM

CURSO DE PEDAGOGIA 5°PERÍODO VESPERTINO

DISCIPLINA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR – PEDAGOGIA EM ESPAÇOS


NÃO ESCOLARES E ESCOLARES

PROFESSOR (A): RAINILDE GOMES CAMPOS

DILCIONE DOS REIS RAMOS

KAMILA THEREZA COSTA SOUSA

LAÍS RAÍSSA FRAZÃO LOPES

TALITA DIAS NUNES

TIAGO NASCIMENTO DIAS

PEDAGOGIA HOSPITALAR

SÃO LUÍS – MA

2017
O QUE É PEDAGOGIA HOSPITALAR?

Processo de atendimento pedagógico alternativo de educação


continuada, num ambiente não formal, voltada a crianças, adolescentes, jovens
e adultos a exercerem direitos de aprender quando estiverem hospitalizados ou
em tratamento de saúde e que são impossibilitados de frequentar regularmente
a escola.

[...] Visa o atendimento pedagógico ao escolar em situação de


doença, bem como o despertar da comunidade em geral para esta realidade.
(NASCIMENTO & FREITAS in MATOS & TORRES,2011).

Enfatiza uma FILOSOFIA HUMANÍSTICA: visão humana de forma


global, desde aspectos físicos, emocionais, afetivas até sociais do indivíduo.

O PEDAGOGO HOSPITALAR

O Pedagogo Hospitalar é um profissional capacitado em desenvolver


e aplicar conceitos educacionais, estimular aquisições de novas competências
e habilidades de aprendizagem da criança, jovem e adulto. Além disso, é um
tutor global do paciente, pois trabalha a formação integral deste indivíduo.

Além de ter graduação em Pedagogia, para atuar em hospital


precisa ter formação em Educação Especial, porque essa pedagogia está
assegurada nos documentos legais das Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Especial. É profissional habilitado para trabalhar com a diversidade
humana e diferentes experiências culturais, identificando as necessidades
educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar escola,
decidindo e inserindo adaptações curriculares com processo flexível de ensino
e aprendizagem, elaborando projetos de inclusão de aprendizagem,
objetivando a formação humana, construindo uma nova consciência de
sensação, sentimento, integração e razão cultural que valorizem o indivíduo.

O pedagogo hospitalar precisa ter sensibilidade, compreensão, força


de vontade, criatividade, persistência, paciência para atingir objetivos de
aprendizagem do educando em ambiente hospitalar, e que desenvolve
diversas atividades, desde que envolva conteúdos escolares, na qual destaca-
se: Contações de Histórias, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Atividades
artísticas como teatro, artesanato, desenho; Murais interativos para que a
criança manusear e brincar livremente, campanhas sociais, preventivas e datas
comemorativas, e brinquedoteca são momentos de atividades mais comuns do
pedagogo no hospital. Essas atividades trazem diversos benefícios para os
pacientes, cujo possibilita saúde física, mental e social, comunicação afetiva
como caminho para superação de dificuldades enfrentadas pelas crianças com
as doenças, um novo olhar da criança para o ambiente hospitalar como espaço
de aprendizado, não interrompe a continuidade dos estudos, construção de
espaços de convivência coletiva entre filhos, familiares combatendo
isolamento, reestabelecendo relações sociais e principalmente, restaura a
autoestima do paciente.

Portanto, a Pedagogia Hospitalar, através de seus profissionais,


abre espaços, até bem pouco tempo não utilizados pelo sistema educacional,
modificando a ideia de que a educação formal só acontece na escola. Para
Santos (1997, p.19) é imprescindível que este:

[...] aquele profissional sério, que estuda, que pensa, que pesquisa, que
experimenta, dando um caráter de cientificidade a seu trabalho e, ao mesmo
tempo, aquela pessoa com sensibilidade. Entusiasmo e determinação, que
chora, que ri, que canta e que BRINCA.

Um profissional, capacitado, em desenvolver e aplicar conceitos


educacionais, e estimular as crianças na aquisição de novas competências e
habilidades, e ressaltar a importância de se ter um local com recursos próprios
dentro do hospital que seja apropriado para desenvolvermos este trabalho
onde à criança interaja e construa novos conceitos.

BREVE HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR


A Pedagogia Hospitalar tem início em 1935 com Henri Sellier,
quando inaugura a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores
de Paris. Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa
e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de
crianças com tuberculose. Entretanto o marco histórico, veio depois da
segunda guerra mundial, com as crianças e adolescentes impossibilitados de
irem à escola, por suas condições físicas (algumas tinham amputado a perna,
ou mutiladas). Também em 1939 é criado o Cargo de Professor Hospitalar
junto ao Ministério da Educação na França. O C.N.E.F.E.I. tem como missão
até hoje mostrar que a escola não é um espaço fechado.

“Todas as crianças têm direito ao ensino escolar; mas para isso é


necessário criar espaço de ensino nos hospitais pediátricos, ou
correlatos, onde estejam hospitalizados crianças ou adolescentes em
idade de escolarização. ’’ (MATOS & MUGIATTI, p.41, 2009)

Na legislação brasileira, o direito a escolarização é definido pela


Constituição, nos requisitos do Título VIII - Da Ordem Social - Da Educação, da
Cultura e do Desporto, Seção I, em seu artigo 205 que: A educação é direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento e sua
qualificação para o trabalho. E o assegurado pelo ECA (estatuto da criança e
do adolescente), como fator de desenvolvimento integral, pois possibilita o
preparo para o exercício da cidadania. Além dos documentos educacionais, da
qual é a proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (MEC,
1996); que toda criança disponha de todas as oportunidades possíveis para
que os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos.
Para que nenhum desses direitos sejam transgredidos e para que haja mais
vigor na efetivação destes direitos, obtém-se em qualquer perspectiva ou
mesmo qualquer local.

PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS EM AMBIENTE HOSPITALAR


Hospitalização Escolarizada: Atendimento particular à criança que se
encontra doente considerando o ano escolar em que cursa, desenvolvendo
atividades específicas com as orientações da escola. Podem acontecer
momentos de atividades em grupo visando ao aprendizado através da
brincadeira e da recreação.
Classe Hospitalar: Oferece atendimento conjunto a diversas crianças
em sala de aula no hospital, sem separá-las por idade e série que cursam, não
atendendo cada criança especificamente.
Brinquedoteca: Espaço para o brincar livre, na qual proporciona
brincadeiras e jogos em grupo para socialização; traz os efeitos positivos das
atividades para o desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos (motor,
cognitivo e psicossocial), valoriza o ato de brincar desenvolvendo a linguagem
corporal, e oral; promove a continuidade do desenvolvimento global através de
atividades psicomotoras; preserva a saúde emocional e prepara a criança para
situações novas, procedimentos e consequências que estes procedimentos
podem trazer e amplia o convívio social em um ambiente agradável para os
familiares e acompanhantes interagir com a criança com muita alegria e
distração.
A Lei número 11.104, de 25 de março de 2005, assegura a
obrigatoriedade de instalação de brinquedoteca nas unidades de saúde que
ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação para estimular as
crianças e seus acompanhantes a brincar.
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DO PEDAGOGO HOSPITALAR NO
HOSPITAL DO CANCER ADENORA BELLO

Segue na íntegra a entrevista concebida pela pedagoga hospitalar,


Alice Jorge Dino, que foi realizada no dia 25 de outubro de 2017, das 9:30 às
10:00 da manhã.

Meu nome é Alice Jorge Dino, trabalho há 10 anos no Hospital Adenora Bello.
Sou formada em Pedagogia, Psicologia e Especializada em Psicopedagogia e
Oncologia Multidisciplinar. Minha trajetória profissional começou quando
realizei o estágio supervisionado no Adenora Bello vinculado pela faculdade.
Quando resolvi fazer Pedagogia, eu tinha a intenção em trabalhar em escola e
não em hospital. Quando comecei a estagiar no Hospital Adenora Bello, eu me
encontrei nesse espaço de atuação, onde fui amando as atividades
desenvolvidas e que me levou a fazer toda a especialização nessa área. Sou
profissional realizada, não mudaria a minha escolha e não me vejo em outro
espaço de atuação fora do hospital.
Os projetos desenvolvidos são intervenções como: Alfabetização, Leitura e
Escrita com crianças e adultos, Motricidade fina e grossa, Confecções de
brinquedos feitos pelas crianças, Atividades Lúdicas e a Contextualização dos
pacientes em ambiente hospitalar. A Brinquedoteca funciona nas segundas,
quarta e sextas feiras pela manhã e terças e quintas feiras pela tarde.
Os resultados alcançados é na questão da melhoria no tratamento das
crianças. Muitas dessas crianças tem dificuldades em aceitação no sentido “Eu
estou doente e tenho ainda que estudar?” E para a adaptação ocorrer, de
forma positiva, mudamos um pouco o contexto hostil para algo mais lúdico.
Quando eles estão adaptados, resolvem querer prosseguir o tratamento na
questão de saúde com a desenvoltura educacional, ocorrendo de maneira
positiva e agradável.
Quando as crianças são internadas, o Pedagogo realiza as atividades mediante
o ano letivo em que a criança situa. É trabalhado conteúdo de acordo com a
escola. A escola passa o histórico escolar do aluno para que o pedagogo
hospitalar trabalhe conteúdos das disciplinas com essas crianças. As crianças
não saem prejudicadas quando se afastam da escola, pois no final do
tratamento, saiam daqui com histórico escolar do hospital realizado pelo
pedagogo e esse aluno é encaminhado a escola, engajado de acordo com seu
nível de conhecimento.
As adaptações no hospital são sucessivas pelas crianças. Adaptadas no
âmbito hospitalar, gostam de participar das atividades. Quando ocorre o
momento que impedem a saída das crianças da sala, construímos a
brinquedoteca móvel.
A interação dos profissionais é unida, temos uma equipe multidisciplinar, que
são a terapeuta ocupacional, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista (interação
mais ligada). A questão da motricidade ligada à educação física no hospital, o
nutricionista dá dicas de boa alimentação e outras informações essenciais que
são perpassadas para o público alvo. Então, dessa forma, a equipe pedagógica
precisa estar interagindo sempre com esses profissionais para que possamos
desenvolver atividades lúdicas.
As atividades pedagógicas no hospital são selecionadas pelo pedagogo e
psicopedagogo, principalmente as atividades escolares.
A participação da família acontece nos projetos, nos processos de
alfabetização e tem interação e participação bastante ativa.
A minha inserção profissional ocorreu no Adenora Bello, quando atuei como
estagiária e na época surgiu uma lei que regia que tinha que ter o pedagogo no
hospital e, aí, fui selecionada. Nesse caso, alguns profissionais fizeram uma
prova e nessa prova fui aprovada e acabei ficando no hospital.
A maneira que analiso o Pedagogo Hospitalar como profissional importante e a
gente ainda ver hospitais que ainda não tem esse profissional. É necessário
atuação desse profissional, pois facilita o trabalho coma equipe mesmo com
dilemas do paciente em querer fazer tratamento e ao mesmo tempo continuar
os estudos.
O Governo não apoia a inserção do pedagogo no hospital, pois se nem ele
investe no ensino regular da escola, dirá investir no hospital.
A prática pedagógica ocorre no Hospital Adenora Bello é que não usufruíamos
número de pedagogos suficiente para suprir a demanda do hospital, pois nós
trabalhamos mais com voluntários e quando eles vem aqui para fazer
atividades, nós fazemos planejamento mensal juntmantemente com esses
voluntários. E eu, Alice Jorge Dino, sou a única pedagoga no Hospital Adenora
Bello.
O Hospital Adenora Bello tem grande vínculo com a sociedade e tem como
referência social para todo o estado do Maranhão. A maior dificuldade que
enfrentamos é a disponibilização de material, pois vivemos de doações e não
temos recursos, por isso trabalhamos com sucatas.
A mensagem que deixo ao futuro pedagogo hospitalar é que a atuação no
hospital é um trabalho muito gratificante, bonito e que é um trabalho que vale a
pena investir tanto como ato profissional quanto como ato pessoal.

Assim foi finalizada a entrevista com a Pedagoga e Coordenadora


das Casas de Apoio da Fundação Antonio Dino.

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