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ArlASDoBmstr

DrsptnrDADES
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LI VR OS,
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E REVIS T AUSS A DA S
COMPRA/V E NDA / Í RO C A

RuoFernondesTourinho149
3221-8490- B.HorizonÌe- MG
cEP301ì 2-000
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UNryERSIDADE DE SÃO PAT'T.O $DmlÍJo
.aarÍto .o. Yoct

Adolpho Jcé Mdf Govemtd,or GeraldoAlcknin


HélioNoguein daCro Srretirio-dr$edaCua Civil AnaldoMadeLa

BDTTORADA UNTVERSIDADEDE SÃOEÀT'T/o


limrrcn l,.l IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAIJI]O

Plinio Martim lÌlho Dirctorprcidente Hub€ÍAhuéGe

@MISSÃO EDTTORIAL DiÉtorVqe-pwidate Luiz CaÍlc FÍigerio


JBé Mindlin Diletor Iüwiiol Teiji Toníota
Lam de Mello e Sou Ditaora Fwíra eAdmhistrativo NodetteMmed Pemo
BrasÍlioJoãoSallm JríÃioÍ NúcleodePrcjaos Institucionait VeraLuciaWey
.Carl6 Alberto Bübosa Dütas
CâÍlG Auguto MonteiÍo
FraaòoMuia lajolo
Guilhere IÉire da SitvsDi$
Plinio Mutim Elho

Direnra Edüorful Silwa Biral


Direton Cwciol Ivete Silm
DiretorAdminiÃtrativ
o Silúo Porfirio Corado
Eütor6-Nshtentes Muileaa Vizenú
CaÍlâFemda FotrtaDa
MamBemdini
ArrAS
DoBnrsr
DrsprnrDADES
n DrxrurcAs
m TERRrroRro

HervéThéry
NeliAparecidade Mello

CDS.UnB,CNRS-CREDAL,
UMR ENS.IRDTEMPS

| "Uïl li-nr"rr""oficiat
TiaduçãodeAtlasdu Brésil,CNRS,GDR Libergéo-LaDocumentation pages,
française,2004,302 Collection"Dynamiques
du
territoiÍe"neZ2,diirgéeparThérèseSaint-Julien(UniversitéParisI, GDR Libergéo),
O CNRS-GDRLibergéoet La Documentation française

UMR ESPACE-GDR 17rueAbbé de I'Epée,34090Montpellier,


Libergéo,MaisondeIa Géographie,
tel.0467745832,1ax0467726404.
française,29-31
La Documentation Pariscedex07,tel.0140 157000.
quaiVoltaire,75344

nãosomentepor contada estreitaassociação


científicafranco-brasileira,
O Atlasdo Brasilé o fruto de umacolaboração dos
doisautores,mastambémporqueaspesquisas nasquaiselesefundamenta de anosde colaboração
beneficiaram-se entreas
dasquaisïizeramparteou comasquaiscolaboraram:
instituições do ladofrancês, o GIP Reclus,o Ministèredes
o Credal-Cnrs,
AffairesÉftangères,a ÉcoleNormaleSupérieure,o Cirade o IRD; do ladobrasileiroo Centrode DesenvolvimentoSustentável
(CDS-UnB),o lbama,o ISPN,o IBGE e a USP.

feitapelosautoresfoi feitapor LucniaGarcez,comapoioda Embaixadada França


A revisãoda traduçãoemportuguês
no Brasil.

A primeiraetapa,tantona concepção
A cartografiaïoi realaadaemváriasetapas. quantona execução, foi Íealizadapelos
A maioriadosmapasquesupõemum tratamentoestatístico
autores. seapoiouno softwarePhilcarto(disponível na Internet
osoutros
http://perso.club-internet.frlphilgéo),
no endereço com Cartes et (da
Données Todas
Arctique). foram depois tratadas
(ou,paraasquenãosãoo produtode um tratamentoestatístico, inteiramente comAdobelllustrator.Osmapas
realizadas)
foramfinalmenterevistosparaa ediçãona UMR ESPACE,Maisonde la Géographie de Montpellierpor GuérinoSillère.

_ Ficha catalográficaelaboradapelo Departamento


Técnico do SistemaInteerado de Bibliotecas da USP

ThéryHervé.
Atlasdo Brasil:Disparidades doTerritório/
e Dinâmicas
HervéThéryNeliAparecidade Mello - SãoPaulo:Editora
Com o apoio da
daUniversidade de SãoPaulo,2005.
Embaixada da França.
312p. : il.,tabs.; 2l x 25,5cm.

Tiaduçãode:Atlasdu Brésil.
listadefigurase quadros.
Incluibibliografia;
Jil
@ --
ISBN 85-314-0869-5 GDUSP) Liberté . Éeatìté . Fraternité

ISBN 85-706-0352-5 (lmprensaOficialdo Estadode SãoPaulo) RÉPUBIIqUE FRANçAISE

1.Atlas(Brasil).2. Geografia(Brasil).I. Mello,Neli Aparecida


de. II.Título.

cDD-912.81

Direitos em línguaportuguesareservadosà

Edusp- Editora da Universidadede SãoPaulo Imprensa Oficial do Estado de SãoPaulo


Av. Prof.LucianoGualberto,TlavessaI 374 Rua da Mooca. 1921- Mooca
6eandar- Edif. da Antisa Reitoda - CidadeUniversitrária 03103-902 - SãoPaúo - SP- Brasil
05508-900 - SãoPaulo- SP- Brasil Tel.: (0n11) 6099-9800- Fax: (tr:.11) ffi99-9674
Diüsão Comercial:Tel (0xx11)3091-4008 / 3091-4150 www.imprensaoficial.com.br
- Fax (0xx11) 3091-4151,
SAC (0xx11) 3091-291,'1, e-mail: livros@imprensaoficial.com.br
www.usp.br/edusp - e-mail:edusp@edu usp br sAC 0800-123401

Printedin Brazil - 2005.


Foi feito o depósitolegal.
Prefácio à ediçãobrasileira 7 Capítulo4
Dinâmicaspopulacionais
Introdução
Distribuiçãoe crescirnento 89
Brasil,disparidades do território . . . . 11
e dinâmicas
As basesdemográficas 93
Agradecirnentos ... t4
Migraçõesecontextolocal . ....100
Capítulo1 Democracia raciale racismoeconômico?. .. . . . . 108
OBrasileamundo I7
Dimensões t7 Capítulo5
Comércio 20 Dinâmicasdomundorural . ....115
Intercâmbios 22 Asestruturasessenciais ........ 115
Extrativismo,agriculturaepecuária ..... I24
Capítulo2
Apecuária .... 128
Gênesee malhasdo território JL

A construção deum arquipélago continental.. .. 32 Desigualdadesetensões ....... I37


-
As bases osséculos XVI e XVII 36
A expansão e a consolidação- Capítulo6
séculosXVIII e XIX . . 38 Dinâmicasindustriaiseterciárias ....... 145
As mutações do séculoXX . . . 46 Omundodasempresas ........146
Princípiode formação Aslocalizaçõesindustriais ......150
dasunidadesadministrativas .... 46 Finançaseserviços ..... 162
Toponímia....... 54
Capíúulo
7
Capítulo3
60 Dinâmicasurbanas .....170
O meioambientee suagestão
As estruturasessenciais As redesurbanas .. .. . . 170
dosecossistemas brasileiros 6I Atraçõesurbanas ......174
A utilizaçãodosrecursosnaturais 7l Atraçõeseequipamentosculturais...... 183
Proteçãoe degradação do ambiente 80 Disparidades ... 191

Sumárìo

5
CapítuloI Capítulo10
Redes. .......196 OrdenamenÍosdoterritório ....263
Ágou . Subdivisõeseregionalizações
... ....... 264
Ferroúas ...... 2M Ordenamentossetoriais ........ nl
Rodovias ...... 2U Eixosdeintegração
e desenvolvimento
. . ... .... 284
Tiansportesaéreos. .... 2I7
Capítulo11
Energiae informação
Ofuuroéhoje. ......295
Incertezasfinanceirase monetárias . . . . . 296
Capítulo9
Vantagensparaoamanhã ..... ........ 299
....
Disparidadesedesigualdades ...... 234
Desigualdadeseconômicas ..-..235 Bibliografia .... 301
j...
Desigualdadessociais... .;..... ... 2M Listadefiguras ........306
Desigualdades
de renda . . . . . . . . 254 Listadequadros ....,.. 309

Atlas do Brasil

6
PnrACro
À
publicaçãobrasileiradestelivro-atlasde Hervé cemo quehá de maisvaliosoem trabalhosdo gênero,
Thérye Neli Aparecidade Mello é umainiciati- queé a tentativadeperscrutar
o novo,vislumbrarospro-
va quetem grandeimportânciaparaos estudio- cessosque aindase estruturam,apontaro percurso
sose o públicoem geralinteressados
na interpretação dastendências emsuma,jogar algumaluz
dominantes,
do Brasilcontemporâneoa partirdeumaabordagem ao sobreaquelesprocessos
que sãoportadoresde futuro
mesmotempoabrangente, e sobretudoreve-
inovadora, no País.
ladorada suacomplexidade enquantorm País-baleia Fiéisà boatradiçãoacadêmica legadapelosclássi
que,destarteosseusimensos
desafiose assuasdesigual- cosdasciênciashumanasbrasileirase da geografiaem
assumiu
dadesinternas, inegávelposiçãodedestaqueno particular,optarampelo maisdiffcil doscaminhospara
nestaviradade milênio.
cenáriointernacional ao posicionarem
uma empreitadadessaenvergadura,
Medianteumabemestruturada seqüência detextos deliberadamente a repÍesentaçãocafiogtíúicatemáúica
clarose concisos,
combinados a umasofisticadacarto- e de sínteseno centroda suainterpretação eminente-
grafiatemática,esteliwo expressa
um originale bem- mentegeográfico-político-regional
ou, em outroster-
sucedidoesforçode síntesesobreo EstadodaArte do Paramuitos,podeparecerrelativa-
mos,socioespacial.
obtidaa partir de
Brasilem suasdiversasperspectivas, mentesimplesa confecçãode mapase cartassobre
umaexaustiva muitosdosquaisostentando
dosdiagnósticos temasvariados,
análisee representação símbolos
setoriaise dosúltimosindicadores emâmbi-
disponíveis e coresemprofusão, dadasasamplasfacilidades
ofe-
in-
to nacionalnasmaisvariadasfontesde informações, pelossistemas
recidasatualmente digitais.Quando,en-
do Censode 2000.
clúndo osresultados tretanto,o objetivoé o de utilizar-seda caÍografia en-
Ao mesmo os autoresincorporam,articu-
tempo, quanto recursode interpretação, pelo qual tenta-se
sobreo Paísoscon-
lam e aplicamna suainterpretação apreender e expressar
idéias,conceitos, e a inteli-
teorias,
ceitosde dinâmica, e desigualdade
disparidade socioes- gibilidadedeprocessos
complexos,procurandorepresen-
pacialou, maisprecisamenÍe,territorial,uma aborda- tá-losemseussignificados e principalmente
diversos em
gemteóricaquethespossibilitaidentificare examinar projeções,
suasrelações, tendências
e movimentosdomi-
processosgerais e específicoshoje dominantesna nantes,
entãoestamos diantenãode umatécnicadentÍe
masde um métodoqueé certamente
sociais,econômicos, tantasdisponíveis,
escalanacional- populacionais,
dentreoutros.Ao ladodisso,ofere-
regionais,
ambientais, o maisgenuínoe sofisticado de
dentreos instrumentos

Prefácio
análisedequedispõemosgeógrafosparafazma suapar- dosalmanaques
assimplificações e manuais,asarmadi-
tict:/rarleiturado mundo,dasregiõese doslugares. lhasdo empirismovulgarpelamesmice e a redundância
HervéThéryé geógrafo,francês (brasileiro
defato), dasdescrições,aspirotecnias dasgeneralizaçõesligeiras
diretorde pesquisas
do CNRS-Credal queestudasiste- e o grafismoexcessivo- ol o ilusionkmopictórico- dos
maticamente o Brasilhá trinta anogalunoaplicadode produzidosem sérienos
mapastemáticose ilustrações
PieneMonbeig- um dospaisfundadores da geografia computadoreqproblemas cadavez mais comunsem
nosprocessos
paulistae brasileira- especialista decolo- obrasdessegênero.
nuaçãoe com pesquisas voltadasprincipalmente
para Daí porque,em obra dessegênero,que pretende
asquestões amazônica e regionaisemgerale o meioam- umasíntesede um Pú complexommo o Brasil,é sem-
bientg tendo contribúdo com diversaspubücações
em optar pela qualidadeem detrimento
pre recomendável
línguafrancesasobreessestemas.Hervétambémnotabi- da quantidade.
Em outrostermos,apostarnacriatiüdade
lizou-secomoum dosmaisimportantesespecialistas
da e nnmacertasutilezado olhar sobreo imensoconjunto
atualidadeno desenvolvimentodemétodoscartográficos de informaçõegfatose processose,comisso,logrardes-
de interpretaçãogeográftca,
aplicadosaosestudosregio- o originale (porquênão?)o inusitado.
tacaro essencial,
naig socioeconômicose amfisnlait, cujo exemplomais Essaabordagem por exemplo,
é observável, no uso
destacado é o sistema"Samba-Cabral", adotadopelo adequadodasrelaçõesentrehistóriae formaçãoterrito-
IBGE e por diversasinstitúçõesde pesquisas
do País. nal do Brasil,pelasquaisa construçãodo espaçonacio-
geógrafa,
Neli Aparecidade Mello é brasileira, ex- nal é interpretadaa partir do avançodaspolíticasterrito-
diretora do Ibama,coordenadorade programasam- riais coloniaiqimperiaise repubücanas,
do alargamento
bientaisde âmbitonacionale pesqúsadora-associadadasfronteirasexternase internagda expansãoda apro-
do Centro de DesenvolvimentoSustentável
da UnB, priaçãodosrecursosnaturaigda economiae do povoa-
tendoelaboradouma brilhantetesede doutoradoso- mento,com issoidentificandoos embriõesdasfuturas
bre as relaçõesentreas políticasterritoriaise o meio Avalia-se,emseguida,o seuprocessode consoli-
regiões.
ambientena Amazôniacontemporânèa,
em sistemade daçãoe osrespectivos
conjuntosdascoúguraçõesterrito-
co-tutelle,no
âmbitodeumacoopeÍação
acadêmica
entre riaisemcadaconjuntura,sempremarcadag dentreoutras
o DepartamentodeGeografialFFlCHdaUniversidade particularidadeg
pelasdisparidades
ou desigualdades
so-
de SãoPauloe a UniversitéParisX. ciaise regionaisProvadesseolhar acuradosobrea evo-
Nestelivro-atlas,a experiênciae a familiaridade lução da estruturaterritorial-nacionalé a sua original
dosautorescomos temaspor elesselecionados e com análisedo inefreávelprocesso
de criaçãode Estadose
essamodalidadede abordagem, alémdastécnicasen- municípios,um dos maisinteressantes
indicadoresda
volüdas,permitem-lhes
ofereceraoleitor,comoresulta- nossaparticulaÍe sempremovimentadageografiapolíti-
do final,umavisãoao mesmotempoexaustivae inte- ca ou,ainda,a felizidéiade destacar
a distribúçãodos
grada,pelaqualcadatema-problema-dinâmica
nacional conselhosmunicipaisde meio ambientecomoilustração
é examinado
nosseusaspectos essenciais
e,emseguida, empÍricado crescimentoda relevânciae da capilarilade
encadeadono "fio que
condutor" dá sentidoe substân- da temáticaambientalparaa sociedadecivil do País.
cia à estruturalógicaquecomandao conjuntoda expo- Poroutro lado,quemimaginariaincluir nosindica-
sição-representação
cartográfica.
Eütam, dessemodo, projeçãoexternado Paíso númeroe
doresdacrescente

Atlas do Brasil

I
a distribuiçãodos bolsistas
brasileirosnos cursosde naexpansãodasredesdeinformação e no crescimento
das
pós-graduação èm instituiçõesde pesquisaestrangei- publicações
de liwos e revistase da produgo de discose
ras,ou a evoluçãodo nossodesempenho
nascompeti- údeogdentreoutros).De outro,o crescimentodasdesi-
çõesinternacionaisde futebol,o maisuniversaldos gualdades/disparidades
sociais,
intra-urbanas
e regionaise
esportese no qual o Brasilfoi cincovezescampeão da pobrezaem geral,expresso
principalmente
nasdife-
mundial?Tambémno que serefereà análiseda dinâ- rençasde renda,do IDH (Índicede Desenvolvimento
micapopulacional
nasúltimasdécadas, merecemregis- graves
Humano)e dosPIBsregionaigproblemas deâmbi-
tro osdestaques
feitosaosmovimentos
migratórios
in- to que
nacional tambémsãoexaminados
medianteo exa-
ternose àssuasnovastendênciasnacionaise regionais medeoutrosindicadores
relevanteg
comoa multiplicação
(emgeralausentes nosestudos do gênero),ao usode dasocupações irregulares
e a conseqüente das
favelização
um inusitadoindicador- a iaxa de masculinidade- periferiasdasgrandese médiascidadesdo País
parailustrara direçãopredominanteno deslocamento Comesteautênticoestudode geografiahumanae
dasfronteirasde povoamentoe,alémdisso,a inéditae regional,orapublicadopelaEditorada USP,os autores
bemsucedida abordagem de um temaao mesmotem- resgatam, renovame prestama suahomenagem à boa
po polêmicoe fundamentalpara a compreensão do tradiçãodepesquisalegadapelosnossosmestrespionei-
Brasilcontemporâneo,a distribuição(percentuale es- rosquefundarame deramo imprescindível
fôlegoinicial
pacial)da autodefinida
cor dapeledasdiversas etnias aocursodegeografia
daFaculdadedeFilosofia,Ciências
e mestiçagens
brasileiras,
e a suarelaçãocom a repar- e LetrasdaUniversidade
deSãoPaulo,todoscriadosem
tiçãoda rendafamiliar. 1934e queagoracomemoram osseussetentaanos.
De certomodo,portanto,é possíveldescobrirum Dentreessespioneiros,
meÍecedestaqueo grupo
novoBrasilou novasfacetasde um velhoe conhecido queintegroua famosa"MissãoFrancesa"
e queeste-
Brasilemcadaumdostópicosdesteliwo-atlas:a acelera- ve na liderançaacadêmica
da Faculdadede Filosofia,
da modernização
da agriculturae as transformações
do Ciênciase tetras em seusprimeirosanos:Claude
meiorural,incluindoosconflitosagrários;
a desmncentra- Lévi-Strauss,FernandBraudel,RogerBastidee Pierre
çãoindustriale afinanceiriTa@odametrópole paulistana; Monbeig.Graçasa elese aosseusprimeirosalunos,a
a espantosaconcentração dasuniversidadesde pontado USPe assuasáreasde ciênciashumanasderamospri-
Paísno EstadodeSãoPaulo,eúdenciada pelaprocedên- passos.
meirose decisivos
e pelosnúmerosdaspublicações
cia dosestudantes em Nessegrupo,a notávelcontribuiçãode Pierre
e tesesde mestradoe doutorado
revistasespecializadas Monbeigtem um signifiçadsespecialpaÍa a evolução
defendidas.Tâmbém osgrandes
sãoressaltados contrastes dageografiahumanae regionalemSãoPauloe no País.
atuaknenteobserváveisemnossoPú: deum lado,asino- Em seulongoperíodode permanência e de trabalho
o dinamismodosnovossegmentos contÍnuono queé hoje o Departamento
vaçõestecnológicas, de Geografia,
econômicos(muitosdos quaisrelacionadosaosinvesti- essegeógrafofrancês(e brasileirode coração),foi um
e àsprivatizações),
mentosinternacionais dosmeiosde pesquisador
incansável e o formadorde maisde uma
(casos
circulação dascomunicações por satélite,
dosmoú- geraçãode intelectuais,
profissionais
e professores.
Foi,
e dosfluxosdepassageiros)
mentosdosaeroportos e a ine- também,um inovadornoscamposda teoriae da inves-
culturaldosútimos anos(verificável
gávelmodernização tigaçãoempírica.São dele os conceitosde complexo

Prefácio

I
geográfrco
efranjapionelra,inspiradores
do conceitode Coubea HervéThérycomosseusestudossobrea
dinâmicaterütorialqueseriamaistardedesenvolvidoe (agorana Amazônia),dar continúdadeao
colonização
difundidopor algunsdos seusdiscípulos, dentreeles legadode PierreMonbeig.Também cabea eleo mérito
HervéThéry.Além disso,ele legou-nos um dosmais de reavivaremseuPaísa chamada cooperaçãofranco-
no Brasile no Estado
belosestudossobtea colonização brasileiracoma USPna nossaárea,por meiodo atual
de SãoPauloem particular- Pionnierset Planteursde projetoCapes-Cofecub, gruposde pesqúsa
envolvendo
SãoPaulo,suatesedel949,publicada emt952. lideradospelo Departamento
de Geografiada USP e
Outrosgeógrafosfranceses o sucederam no per- peloDepartementde Géographie de l' ÉcoleNormale
cursodessessetentaanos,compondoum longopeíodo É por tudo isso,portanto,que estaoriginal
Supérieure.
de profícuacooperaçãofranco-brasileira
no âmbitoda síntesedo nossoPaís,tãobemelaborada soba formade
geografiauspianae paulistaem particúar: Emmanuel um "livro-atlas",publicadona Françae agorano Brasil,
De Martonne,Pierre Deffontaines,
FrancisRouellan, é plenade simbolismo,
nesteanode 2005.
Anúé Libault,André Journauxe JeanTiicart.Dentre
IVanderleyMessiasda CosÍa
os queatualmentemantêmativasessasrelações,mere- Departamento de Geografia
cem destaqueMichel Rochefort,Paul Claval,Jacques Faculdadede Filosofia,Letras
Lévy,BernardBret,MartineDroulerse HervéThéry. e CiênciasHumanasda USP

Atlas do Brasil

10
TNTRODUÇAO

L)D

ma grandefestareuniuna Esplanada dosMinis- quandochegouao poder,pelaaliançadostucanoscom


térios,em Brasília,no dia 1ede janeirode 2003, o maisconservador dospartidosde direita,ele mal to-
dia da possedo presidenteLuiz InácioLula da counasestruturas sociais,cujasiniqüidades denunciara
Silva,umamultidãode maisde 100mil pessoas. Muitos na suaobrade sociólogo.
tiúam passado dezenasde horasem ônibusfretados Portantoesteliwo é essencialmente o retratodo
noscantosmaisremotosdo paísparaparticipardesse Brasil queLula encontrouquandotomouposse, do País
acontecimento, algunsanosatrástãoinconcebíveÌ como queeleherdoude antecessores queeramtambémseus
a maréde bandeirasvermelhascobrindo,nessedia, a adversários,do Paísparacujamudançaelefoi eleito.De
praçaque tinha sido o santuárioda tecnocracia, para fato,o Brasilde 2003aindaé o produtode um modelo
saudara chegadaà Presidência da Repúblicado candi de desenvolvimento implementado duranteos anosde
dato do PartidodosTiabalhadores, um operário,líder chumboda ditadura,emboraalgunsdosseustraçosfun-
do sindicatodos metalúrgicos duranteas grevesmais damentaistivessemsidodesenhados anosantes,sob o
durascontraa ditaduramilitar. regimetambémautoritáriode GetúlioVargas. Essemo-
Ninguémsabeaindaquaismudanças virãocomes- delopriülegioua rodovia(e nãoa ferrovia),asgrandes
saalternância políticaradical,porémsabe-se queelaé a culturasde exportação (e nãoa agriculturafamiliar),os
provadequeo Brasilrealmentedeixouparatráso regi- bensde consumodestinados às classes favorecidas(e
me quedominouo Paísde 1964a 1985.Duranteosde- não aquelesque seriamdestinados à massada popula-
zoitoanosqueseseguiramao regimede exceção, cinco ção) e o apoioàs regiõescentrais (e nãoa correçãodas
presidentes sesucederam (ou quatro,casonãoseconte deficiênciasna periferia).Essasopçõesaprofundaram
TancredoNeves,que moÍreu antesde tomar posse). aindamaisas desigualdades, tanto espaciais comoso-
Apenasum,aquelequevestiuemLula a faixapresiden- ciais,quemarcamo Paísem todasasescalas: nacional,
cial,FernandoHenriqueCardoso,exerceuplenamente regional,local e intra-urbana. Ou melhor,que sempre
o mandatoparao qualtinhasidoeleito,ou melhor,dois marcaram,já que o Brasil,modeladopela conquista
mandatos, já queumareformaconstitucional permitiu- portuguesa, nasceudesiguale globalizado.
lhe a reeleição.Duranteesses oito anosa democracia foi Essasdesigualdades ou,maisprecisamente, asde-
reforçadae reformasessenciais foramfeitas,mesmonão sigualdades espaciais que o mapapoderessaltar, sãoo
sendoasque seesperavam destebrilhanteintelectual, primeirodosdoistemasprincipaisdesteliwo. O segun-
expulsoda Universidade de SãoPaulopelosmilitares,e do é o dinamismo do País,um dinamismo bemeüdente,
que foi professorda Universidadede Nanterree da já quehá cincoséculos osbrasileiros nãoparamde des-
EcoledesHautesÉtudesen Sciences Socialesde Paris. locar suasfronteiras.Essedinamismose confirmanas
Limitadoemsuasambições reformadorag que proclamou fronteiraspolíticasde forma evidente, irresistivelmente

Brasì|, disparidades e dinâmìcas do território

11
deslocadas em cercade 3 mil guilômetrosparao oeste emfunçãodasquaiseraorganuado. Continuamasmes-
da linhafixadano TiatadodeTordesilhas (1494),como masno Brasil de hoje (Figura00-01),porquenadaé
objetivode separarosdomíniosdascoroasespanhola e mais resilienteque essasestruturasfundamentais do
portuguesa. E tambémnas fronteiraspioneiras,que território,poréma resultantede suacomposição mu-
avançaram do ütoralparao interior,do Nordesteparao dou,à medidaquecadaumadelassealteravade acor-
Sul, do Sudestepara o Centro-Oeste e a Amazônia. do coma intensidade e alocaltzaçãodasforçasquethe
Além dessas, há outrasfronteirasredesenhadas, como sãosubjacentes, e à medidaqueasdinâmicas territoriais
asderegiõesagrícolas, quandoa principalregiãodecul- reforçavam asdisparidades.
tura do cafédesloca-se em500quilômetros parao nor- Portanto, o quemudounestelivro emrelaçãoao
te (de SãoPaulo para MinasGerais),a da cana-de- precedente não é o espíritonem o método,mas os
açícarem 2 mil quilômetrospara o sul (do Nordeste meiosdisponíveis, principalmente osmeioseditoriaise
paraSãoPaulo),e a da sojacom a mesmadistância informáticos.O usoda cor segeneralaoqe,destavez,
parao norte(do Paranáparao Mato Grosso).Ou,ain- os mapassãoem corese nãoem preto e branco,além
da,a fronteiradoscentrosindustriais, uma vezque se de seremvetoriaise não matriciais.Os softwaresde
viramfabricantes de automóveis implantarem-se nos tratamentoestatísticoe de cartografiafizeramconsi-
Estados deMinasGerais. do Paraná. do Rio deJaneiro deráveis progressos, e os computadores pessoais,para
e da Bahia,desbancando a primazíade SãoPaulo, tratar dadose desenhar mapas,têm hoje a potência
pois,por muitosanos,todoseraminstalados naquela queerareservada aoscentrosde cálculodasuniversi-
regiãometropolitana. dadese centrosde pesquisa. Graçasa esses progressos,
Essesdeslocamentos de atividadeseconômicas a maior parte dosmapasque se seguemfoi realizada
são,eúdentemente, uma dascausasdasmigrações, da noslaptopsdosautores,ora em Paris,ora em Brasília,
corridade milharesde homens- ou de milharesde fa- ou mesmonosaviõesentreessas duascidades, ou ain-
mÍlias- embuscadeoportunidades emoutroslocais,fe- da naspequenas cidades ou vilasaondeseustrabalhos
nômenoqueaconteceu repetidamente na históriabrasi de campoosconduziam.
leira.Enquantofamfliasde colonosdeixavamo Sulpa- Contudo,essesmeiosde cálculoe de representa-
ra acederàspromessas - àsvezesilusórias- daAmazô- çãocartográficanão serviriamde nadasenão existis-
nia,outras,bemmaisnumerosas, migravamdeváriasre- semdadosdisponíveis a tÍataÍ,e desseponto de vista
giõesparaascidadesdo Sudeste. Essesmovimentos cer- tambémas condições alteraram-se muito.O Instituto
tamenteafetaram, Jreqüentemente de maneiraradical, Brasileirode Geografia e deEstatística (IBGE) forne-
a composição da sociedade, bemdiferenteem cadare- ce (gratuitaou quasegaruitamente) dadosdetalhados
gião,no queserefereà relaçãoentreo númerode cita- aosquaiso desenvolvimento rápidodaInternettemfa-
dinose rurais,dehomense mulheres, dejovense velhos. cilitadoo acesso. Boa partedosdadosestádisponível
As dinâmicasterritoriaise a forma comointera- emum nívelterritorialfilo, o dosmunicípios, e,mesmo
gemcomasdisparidades sociais,dasquaissãoao mes- recentemente, a umaescalaaindamaisfina. a dosdis-
mo tempocausae conseqüência, estão,por conseguinte, tritos censitários.
no coraçãodestetrabalho.Sãomedidase demonstradas Quandooscensos do IBGE nãosãosuficientes, os
por meiode mapas, instrumentoprincipaldo geógrafo. pesquisadores procuramfontesmais"frescas"e maisfi-
Essesmapasforamconstruídos por processamento de nasque asoficiais- comoocorreem outrospaíses- e
dados,interpretadog comentados e relacionados comas podemlançarmão do que o geógrafobritânicoJohn
estruturaselementares do território,e suacombinação Shepherd chamava datagatheringe garbage recycling:a
manifestaaschavesdacomplexidade observada, O pre- garimpagem dedadose a reciclagem do desperdício.Nes-
sentelivro prolonga,portanto,um outro ensaio[Théry, secaso,osdadossão"subprodutos" dasgrandes adminis-
1986],quetentavadefinir essasestruturaselementares tïaçõese dasempresas, queosproduzem ineútavelmente

Atlas do Brasil

12
00-01.Modelos do território brasileiro

Modelosele men tare s Uma síntesegráfica:


calorzeregroes

O casodo Nordeste

tl
\
Centro/ perìferia

Litoral/ Ìnterior

+
Norte/ Sul

t.'
l. " l
l + Nofte/
Centro/
Ocasodo
NoÍdeste
LiÌora/
interìor
Centro/
periÍeÍiê
Afrente
pionelÍa
Oarquipélago Rêgláo

Sul
N

O arqu i p é l a g o
N

[-]'l
I Y*l + litoÍa stable - 6 Zonada Mata NE

Itr' I
A f ren t ep i o n e i r a centro I o novo centro co

+ 12 O a n ti g o r e i n o d o ca fé S

As regiÕes

quando realizama sua atividadeprincipal, que pode ser Civil - DAC), vender automóveisou oferecer acessoà
cuidar da população(SistemaÚnico de Saúde- SUS), Internet. Os arquivosproduzidospor essasinstituiçõese
oÍganizat as eleições (Superior Tiibunal Eleitoral - empresasestão,muitas vezes,disponíveise acessíveis,
STE), organizara circulaçãoaérea(Direção da Aviação gratuitamenteou quase,em CD-ROM ou na Internet.

Brasil. disparidades e dinâmicas do terrítÓrìo

13
Tiata-sede umasituaçãoevidentemente muito favorá- não é apenaso paraísodoscaÍógrafos,mastambémo
vel para os pesquisadores, que apenaspodemdesejar dos geógrafos(que se expressamtanto pela imagem
que dure tanto quantopossível.Cabeaqui notar que, quantopelodiscurso),
poislhespermite,aomesmotem-
paradoxalmente, o acesso aosdadosestatísticos locali- po,produzirmapasbonitose bemcontrastadose encon-
zadosé hojemaisfácil no Brasil,paíssupostamente em trar aschavesparaexplicáìos.
vias de desenvolvimento, que na França,herdeirade
longae brilhantetradiçãoestatística. Por issomuitas Agradecimentos
vezesa situaçãobrasileirasurpreende favoravelmente
os pesquisadores acostumados àsreservas do Institut Os autoresagradecem:
Nationalde la Statistique et desÉtudesÉconomiques r Ao Centrode Desenvolvimento Sustentável (CDS)
(INSEE)e aosrigoresda Commission Informatique daUniversidade deBrasília,
e especialmente aosseus
et Libertés(CNIL). sucessivos MarcelBursztyne AntônioBra-
diretores,
Graçasa esses dados, que,naturalmente, devemser sil C.PinhoJr,por têìos associadoa esseCentro,on-
longamentetrabalhadospara que se possaextrair e de encontraram nãosomenteapoioinstitucionale lo-
aproveitardelestodaa substância informativa(ou seja, gístico,mastambém,e sobretudo, um meiocientífico
devemserlimpos,reformatados, tratados, cartografados estimulante e um calorhumanoincomparável.
e interpretados),osgeógrafos podemproduzirnumero- o Ao CentreNationalde la Recherche Scientifique
sosmapastemáticos. Fazpartedasverdadesadmitidas (CNRS),que,apoiando financeiramente o pesquisa-
no Brasilque "Deusé brasileiro",uma afirmaçãoque dor HervéThérydesde1979(comapenasumainter-
pareceser freqüentemente corroboradapelos "mila- rupçãode1998parc2\\2,período no qualfoi profes-
gres"quepontuama históriado País,e pode-seacres- sorna ÉcoleNormaleSupérieure), assegurouJhe os
centarqueo Brasilé tambémo paraísodoscartógrafos. para
meiosnecessários realizarsuaspesquisas sobre
De fato,podem-se, a partir dosdadosdisponíveis no o BrasiÌ,e maisparticularmenteoscolegas e diretores
País,produzirbonsmapas, ou seja,mapasnosquaisse sucessivos do Centrede Recherche et de Documen-
destacam zonasbemdistintas,contrastes muito marca- tationsur l'Amériquelatine(Credal),o laboratório
pela
dos,revelados oposiçãoentrezonasclarase zonas ondecomeçou a suacarreira.
escuras (oupor grandese pequenos símbolos pontuais), r Ao Institutde Recherche pour le Développement
Contudo, esses contrastes necessitam demelhores (IRD), que,outorgandoa HervéThéryduas"mis-
explicações, o que supõerecorreraosprocessos e às sõesde longaduração",garantiu-lhe a possibilida-
análiseshistóricas,econômicas e sociais.O mapae o de de passarmaistempono Brasilpara o último
texto são, por conseguinte, ambosindispensáveis. tratamentode dadose a fase final de redação.
Apóiam-se mutuamente, poisum revelaconfigurações Agradecemos em especialao seurepresentante no
territoriaisinvisíveisna tabelaestatística, enquantoo Brasil,PierreSabaté,pela constanteajudae pela
outro promovea relaçãodessas configurações com os attorizaçãode reproduziro extratodo mapageo-
processos quelhesderamnascimento. Osprocessos so- lógicodo Estadoda Bahia (Figura03-10)e o es-
ciais,seusatorese assuaslógicasnãoaparecem no ma- quemaestruturaldo crato do São Francisco, do
pa,mesmoseo determinam, masgeralmente essesele- qualé um dosautores.
mentostêmumadimensãoespacialqueo maparevela, o Ao MinistèredesAffairesÉtrangères, e especialmen-
umavezqueo controledo territórioé freqüentemente te à embaixada emBrasíliaque,váriasvezes, nospro-
um dosobjetivose umadasdimensões essenciais das moveramos meiosparamontarparceriascomcole-
relações sociais. gasbrasileirose paracompartilhar, comeles,os mé-
Estelivro é, portanto,menosum atlasdo que um todose instrumentos desenvolvidosparanossas pró-
ensaiosobreasdinâmicas territoriais,vistoqueo Brasil priaspesquisas.

Atlas do Brasil

14
00-02.Estadose regiões

60' w I
I

I Palmasr
o
lvlatoGrosso Tocantins

CENTRO-OESTE

Cuiabá
o

6o1r, Goiânia MìnasGerai s


BeloHorizonte
MaÌo Grosso a EspíritoSanto
d o Su l SUDESTE
a
Campo

Trópicode Caprícórnio Sáo


,I- aul o

Florianópolis

- L i m i t ed e r e g i á o
Porto AlegÍe
-* - L i m i t ed e E s t a d o
60' w
I
o Capital de Estado I

0 500 km
@l Distrito Federal @ HT2003 McM-Libergéo

. À UnitéMixtedeRecherche eglobaliza@o
"Tenitórios nos . Aos nossoscolegasda Universidadede Londrina, es-
que
púes doSul", associa o IRD e aEcole Normale Supé- pecialmenteOmar,Mirian e Márcia, que nos deram a
daqualosdoisautores
rieure,unidade sãomembroq eonde oportunidade de recolher os elementosda Figura
encontraram apoiomateriale quadrosintelectuaispara 09-12,convidando-nosa três visitasde ensinoe de
colocar assitua@es
empenpectiva amazônicasebrasileiras pesquisanaquelacidade.

Brasit, disparidades e dínâmicas do território

15
A JoséPauloSilveira,SecretáriodeEstadodePlane- A Eric Guicharde François-Michel Le Tourneau,o
jamentoe Investimentos Estratégicos
do Ministério primeiroautorda Figura01-13,o segundodasFigu-
daPlanificação,
Orçamento e Gestão,por ter-nosofe- ras01-03e 01-15.Eric Guichardé tambémautordo
recido,alémdo acessoaosdocumentos detalhados softwareKoutosuiss, usadona anâlisedosnomesde
queretratama execução do programaÁvança,Brasil, municípiosdo Capítulo2.
a possibilidade
de participarem várioscolóquiose A PhilippeWanieze VioletteBrustlein,Jean-Pierre
reuniõessobreo mesmoassunto. Bertrand,BernardBret,Martin Coy,MartineDrou-
A MárioWall,do mesmoMinistério,quenospermi- lers François-Michel Le Tourneau,RichardPasquis,
tiu acessoaossistemasde dadoslsrnidos pelo con_ SylvainSouchaud, SébastienVelut,pelosanosde co-
sórciovencedordo editalparaa determinação dosei- laboração sobrea carto$afiae a geografiado BrasiÌ,
xos nacionaisde integraçãoe desenvolvimento. pelastrocasmúltiplassobreasfontesde dados,aslo-
Ao conselheiroCarlosHenriqueCardim,do Minis- calizaçõese osmecanismos dasmutações brasileiras.
tério dasRelações Exteriores,pelosdadossobrea Este livro, escritoa dois,devemuito às discussões
diplomaciabrasileira. ocorridasnessegrupode "brasilianistas".

Atl a s do B r as il

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Bibliografia

305
S
Inhodução.Brasil,rlisparidades e dinâmicasdo Íerritório 02-13.Evoluçãoda malhamunicipalde Rondônia.. . . . . 51
0 0- 0l. M odelos d o te rri tó ri o b ra s i l e i ro ........ 13 02-14.Emancipação de municípios 52
00-02.Estadose regiões 15 02-t5.Datade instalaçãodosmunicípios 53
02-16.A svi l as... 55
Capítulo1.(} Brasile o mundo 02-17.E pôni mos..... 56
01-01.Brasil,quintopaísdo mundo. 18 02-18.Pontoscardeaise identidades 57
0 1- 02. F us os hor á ri o s ........ 18 02-19.Os" novos" muni cípi os. ........ 58
01-03.Um paísde dimensões continentais ..... 19
01-04.4posiçãodo Brasilno mundo 20 Capítulo3. O meioambientee suagestão
01-05.Evoluçãodo comércioexteriorbrasileiro ZL 03-01. Distânciasdequatroalgarismos oz
0 1 - 06. A s ex por t a ç õ e s d o B ra s i l ....:... 22 03-02. Altitudese geologia 63
01-07.Clientese fornecedores do Brasil 23 03-03. Esquema estruturaldo cratodo SãoFrancisco. . . . 64
0 1 - 08. Com ér c io e x te rn o p o rn a v i o e p o........
ra v i ã o 24 03-04.Climas 65
01-09.Redesaéreasinternacionais . 25 03-05.O Sol,a águae o vento. 66
01-10.Diplomaciaestrangeira no Brasil 26 03-06.Vegetação. ..... o/
01-11.Diplomaciabrasileirano exterior. 27 03-07. Ecossistemas ... 68
01-12.Turistasestrangeiros no Brasil. 28 03-08.Outrasclassificações . 69
01-13. O Brasilna Internet. 29 03-09. Limitese ameaças. 70
0 1 - 14. B ols is t ase p e s q u i s a d o re s .............. 30 03-10.Recwsosminerais. 72
01-15.Ossucessos do futebolbrasileiro 3I 03-11. Madeirae carvãovegetal. IJ

03-12.Fluxodecomercializa@o dasmadeiras amazônicas.. 74


Capítulo2. Gênesee malhasdo úerriÍório uJ-rJ.Aguas. 75
02-07. A ocupação do territóriobrasileiro. 33 03-14. Disponibüdade de átgua... 76
0z-0Z.Aeconomia e oterritóriono séculoXVI... . .... 35 03-15. As fontesde energia. 78
02-03.Aeconomiae o território no séculoXVII.. ... .. 37 03-16.O potenciale a utilizaçãodasbacias. 79
1z-14.Aeconomia e oterritórionoséculoXVIII .. . .. . 39 03-17.Conselhos demeioambiente. 81
0 2 - 05. A ec onomoi atee rri tó ri o n o s é c u l o X IX........ 4i , 03-18. Parques e reservas. 82
02-06.Crescimento dapopulação1550-1870 42 ^uJ-ry.
ô r ^ í,. lnorceoepressao anffoplca 84
02-07 .Do arquipélago ao continente. 43 03-20. Indicestemáticos depressão antrópica. 85
02-08.Gênesedo território:um modelo. . -: . . . 03-21. As modificações antrópicas ..... 87
0 2- 09. E v oluç ãoe c o n ô m i c a .......... 45
02-10.4formaçãodosEstadosbrasileiros 47 Capítulo4.Dinâmicaspopulacionais
02-11. A formaçãodosEstados brasileiros: ummodelo. . . 48 04-01.Distribuiçãoda populaçãoem2000 90
02-12.A forma@odosmunicípios 49 04-02.Crescimento dapopulaçãodosEstados 9t

Atlas do B r as il

306
04-03.População uÍbanae rural.. gZ CapíÍulo6. Dinâmicas indusÍriaise terciárias
0 4 -04. Dens idade d e p o v o a m e n to .... -------- 94 0G0l .A sempresas ...147
0 4 - 05. Nas c im en to s e ó b i to s . --------- 95 (F(2.Empregadosdasempresas ..... 148
04-06. A transiçãodemográfica, o passado (b{3.E mpresasepopul ação. ........149
e o futuro previsível n (F& .Osassal ari adoseosoutros ..... 150
04-07.Estruturaetiíria,o passado e o futurropwfoíd- - - - !B (F05. Datade criaçãodasempresas . . . 151
04-08.Esperança devida ç, 0ó{6. As especialidadeslocais(1). . . . . 153
04-09.Ganhose perdasde populagolryLlm- - - - - - - lü 0G0T.Asespecialidadeslocais(2). .... 155
04-10.Migraçõesinternas. ___- l(E (F08.Asespecialidadeslocais(3). .... 156
04-11.Migraçõesinternas. --- llE OG(D .A sempresasdoS udeste .......I57
O4 -l2. T ipos deem i g ra ç ã o ----------_ tW 0Gl0.Participação dasempÍesas automobilísticas... ... 158
0 4 - 13. O pes odosmi g ra n te s . --------- l íE C,FlI.l-ocaltzação
da indústriaautomobiÍstica... . .. . . 159
U$-l4.Taxade população masculina -- - - ----- - ltb OGl 2.R edesdeconcessi onári as... ...' 1,6I
04-15.Variações da taxadepopula$ommfn - - - __- _- IOI OGl 3.A gênci asedepósi tosbancári os. ........ 163
04-16. As seiscoresda população braslein - - - - - - - - - - - lÍD (F14. Zonasde atraçãodas
0 4 -17. Dis t r ibuiç ã o p o rc o rd e p e l e ----------- l fO aüvi dadesfi nancei ras .....164
0 4 -18. Cor dapele d o m i n a n te .... -_ _ _l l l 0G15.C omérci o-atacadoevarej o. ...165
0 4 -19. Cor depele e re n d a .. _ _ _ _112 (F16.Zonas deatraçãodocomércio atacadista......:. 166
0 4 -20. T ipologiad o s p o b re s e ri c 6 . ---------- l üÌ (Fl 7.E stratégi ascomerci ai s i ...... ......... 167
0G18.Osservi ços ....168
Capítulo5. Din casdo mrmdorud
0 5 -01. T ipos deus o d o s o l o .... ------- 1 16 Capítuto7. Dinâmicasurbanas
O5-O2.Evoluçãodoespaçorural ------ 1l? 07{ l .A sredesurbanas ......11I
05-03.Acontração do espaçoagÍíDola --.----. lft A n2.Ocresci mentodascapi tai s .....172
05-04.Valordaprodução ----- [Ít 07{ 3.A sregi õesmetropol i tanas. .....Ii 3
05-05.Grandes, médiase pequenas pnopriedrde*. - - --- - ffil 07{4.Ashierarquias urbanas ... . ... . 175
05-06. Práticas agrícolas modernas - -- - - - ----- 121 07{5. Áreasde atraçãodascidades . . . 176
05-07.Difusãodesigualdamodemiza@ ----- ln" 07{ó.Rivalidades regionais
no Sudeste . .. . . .. I77
0 5 -08. E x t r at iv is mo ... ------- l ?3 (I/{7. Concorrência entreasáÍeasde atração
05-09.4çaíeerva-mate ----- [24 desgandesci dades. ......178
05-10.Asculturasespecializadas ------ f25 07{8. Evoluçãodasáreasde atraçãodascidades
05-11.Asgrandesculturascomerciais. -------- lX de1971.a7993. ... L79
05-12.Deslocamentos de algumasgrandesotmra - - - - - IZI ü/{9. Polarização dasprincipais
05-13.Estabelecimentospecuaristas --- l29 ci dadesbrasi l ei ras ........180
0 5 -14. O ut r os anima i s . .------ l . It Ul-t0-Znnasdeatraçãodasadministrações. . . . . . . . . . . 181
0 5 -15. T r ês t ipos d e p e c u á ri a ..------- 131 ü/-11.P ubl i caçõesuni versi;.. tári as. ......... 183
05-16.Bovinos e grandesestabelecimentos -- - - - l3C Ul-12.A'reas de atraçãodasuniversidades . . . . . . . . . . . . 184
05-17.Estabelecimentos mistose pecuiírialeiteira-- - - - - t35 O7-13.ïtaj etóri adeescri tores ........ 185
05-18.Nascimentos, abatese comérciodosbovinc. - - - - 135 07-l 4.Museuseci nemas....... .....I87
05-19.Bovinosehumanos .--- 13ó ü/-I5.N úmeroderedes detel evi são. ......... 188
05-20.Diferenças deprodutividade.. . .... - - -- Íil 07-16.R ádi os. ....... 189
0 5 -2 1. E s t at ut os d o s p ro d u to re s ..... .......-- ú8 ü/-17.Li w os,di scos,vídeo ....190
05-22.Rentabilidade einvestimentos .......-- l.Ït 07-l 8.E qui pamentoscul turai s ........ 191
0 5 -23. Relaç ões de e mp re g o e v a l o r. ......--- l {) ü/-l9.Moradiasirregulares ...192
05-24.Tensõesagriírias .....-- 141 (I/-ã).Favel as .......193
O5-25.Assentamentos e invasões deterras .... - lQ V-2I-IP-ÍUeconÍorto dosdomicflios ........ I94
05-26.Oryanaação do espaçorural. ... 143 07-22.Progresso do confortonosdomicflios. . . . 195

Listas de figuras

307
CapítuloE.Redes e analfabetos
09-12.Alfabetizados
0841.Redesde transportes . . . 197 eml ondri na ..... 248
09-13.Duraçãodosestudos . . . 249
08-02.NavegabiÌidade e profundidade dosrios . '... ' -. 199
O8 - O 3. V ias nave g á v e i s .......2 00 09-14.E vasãoescol ar. .......250
O8 - M . P or t os m a ríti m o s e fl u v i a i s .....20I O9-l 5.E studoscurtos,estudosl . ongos........ Z5l
08-05.Tipologiadosportos. .-- 202 .....
09-l 6.P esqui sadoresedoutores ........ 253
08-06.Importações provenientes do BrasìÌ 09-17.Causade óbitos . . . .. .. 254
em alguns porto s fra n c e s e s ...... .' .....-. 203 O9-l 8.E qui pamentomédi co. ' ...-.' -- 255
0 8- 07. F er r ov ias...... ....... 205 09-l g.R endapercapi ta .....- 256
0 8- 08. Linhas f érre a s e e s ta ç õ e s . ...... 206 09-20.Tiposde rendadosresponsáveis de domicílios. . . 257
0 8- 0g. A s es t r ad a s e s e u s c o n s tru to Íe s ... ...... 208 09-21.Fatoresecomponentesdarenda. ....... 258
0 8- l0. T ipos der o d o v i a s ......2 09 09-22.Tiposde noDistritoFederal
domicflios . ........ 260
0 8 - 11. Capac ida d e d a s ro d o v i a s .....-- 210 09-23.Níveisde rendano DistritoFederal ' . . . . 261
09-24.Níveisde estudono DistritoFederal . . . . 262
08-12.Numeração e direção das rodoúas federais. . -... 2II
0 8 - 13. Cont agen s ..... .......212
0 8 - l4. A c es s oaBra s íl i a p o rô n i b u s . ...2 73 Capítulo10.ÜrcÌenar*entss do üerritório
0 8 - 15. M ov im en to d e p a s s a g e i ro s ... -.....-.. 214 1O-0l .Mi croemesorregi ões ...265
08-I 6.Origeme destinodascemmaiores 10-02.S etorescensi ti íri os .....266
linhas int er esta d u a i s .. ....2I5 10-03.Cômodosna cidadede SãoPaulo. ' . . . . . 267
08-17.Movimento de passageiros: Ligações entre 10-04.A evol uçãodas grandesregi ões . ..' .... 268
GrandesCentrosNacionais, CentrosNacionais 10-05.Programas econômicos de integração nacional'. . 269
eCent r os Reg i o n a i s ......2 16 10-06.R egi õesdepl ani fi cação ......-- 270
0 8- 18. T r ês c api ta i s d e s i g u a i s .' .....-. 217 10-07. As "mesorresiões diférenciadas" do
0 8- 19. T r áf egon o s a e ro p o Íto s .' ....-. 222 Ministérioda Integração Nacional. 272
08-20.Ascidades mais bem servidas por rotas aéreas . . . 223 10-08.O dispositivoterritorialdo Exército. z tJ

08-21.Fluxosinter-regionais de passageiros . . - 224


. 10-09. As concessionárias da privatização. ..'.. 27s
08-22.Fluxode passageiros . - . 225 10-10. Um recursoenergético de futuro:o gás. . n6
226 10-11.Ritmode equipamento elétrico 277
0 8 - 23. Liúas nac i o n a i s e l o c a i s ' ...' ..
O8-24.Coneioefreteaéreo ..- 227 I}-l2.Tenitórioslegalmente protegidos . n9
0 8- 25. A s r edese l é tri c a s ......2 28 10-13. Oscorredores ecológicos. 280
10-14. As teras e ospovosindígenas 281
08- 26. A s r edes d e i n fo rma ç ã o . ' .' ....2 30
10-15. A situação jurídicadasterrasindígenas 282
08-27.Coberturado territóriopelasredesde televisão. . 233
10-16. Vigilânciatransfronteiriça
e desigu:rãd*des e territóriosespeciais. 283
Capítulo9.ã)isp*ridad*s
Estados e microrregiões ...... 10-17.ProgramaBrasilemAção 285
PIB
09-01. dos 230

. . 10-18.Principaisinvestimentos propostos pelo


PIB
09-02. por setoÍ econômico. . i .
. . L JI

dos Estados. 238 planoplurianual 200V2003 286


Orçamentos
09-03.
municiPais. 239 10-19.Osmotoresdo desenvolvimento. . . 288
As finanças
09-04.
econômico. .' . . .' . . . 240 10-20.Osmarcadores de frentepioneira. 289
Índice
09-05. de desenvolvimento
Equipamentos
09-06. dosdomicílios 24t 10-21.Brasile Argentina:estruturas
dosdomicílios etáriascomparadas... 290
09-07.Equipamentos
.. . 242 10-22.Corredores queôruzamo continente 29t
no Estadode SãoPaulo
telefônico. .'' 243 10-23.OBrasile seusviziúos. 292
09-08.Evoluçãodo equipamento
09-09.Índicededesenvolvimentohumano..... 245
0 9- 10. E v oluç ã o d o l D H . ' .." 246 Capítuto11. O futuroé hoje
.... " 247 11-01.
Crescimentos .. 297
0 9- 11. A 1Í abet i z a ç ã o ...

Atlas do Brasil

308
T AD E A
Capítulo2. Gênesee malhasdo ÍerriÍório Cafro&Redes
02-01.Populaçâo, superfície
e densidade dosEstartc _- - l0 G{n-Otráfegodosportos. ......... 198
02-02.Dimensãomédiadosmunicípios S ÍB {E -A sestradas ....207
02-03.Maiorese menoresmunicípios brasileirc S íH{B-As frotasdeveículos . . . 207
0 2 - 04. O s t opônim o s ma i s fre q ü e n te s ...... 5f ffi { H -Osetoraéreo .........2I8
02-05.Ostopônimosmaisfreqüentes lB{5-Principaiscompanhiasaéreasbrasileiras
. .. .. ... ZZI
dec adac at ego ri a . .._ _ ---- 5[ fB{b-Osvintemaiores aeroportos
brasileiros.
. .. . . ... 22I
fB {t7-A spontesaéreas ......224
Capítulo3. O meioambientee suagestão IB{ILTaxa de coberturade
03-01.Oscampospetrolíferos ?l detelevisão . .. .... .. 232
ÍFalroredes
03-02.Desflorestamento
total . . ffi
03-03.
Taxamédiaanualde desflorestamento
.- b Crfflo 9. Disparidu:les
e desigualdades
IIHII- Nrúmero
de mestradose doutorados
Capíhrlo4.Dinâmicaspopulacionais
ptr notadadapelaCapes. . . . . . . . . 252
04-01.Taxas
de fecundidade tb
04-02.Taxas
demortalidadeinfantil
. _. - -__--_ !ú
04-03.Cordepeleerendimentos ___-- ll3 Cflo 10.OrdenamenÍos
do território
lfl{ll-Osconcessionários
deferrovias ........ 274
Capítúo6.Din casindustriaise terciárias
0 6 -01. E m pr es aso mo b i l ís ti....
aut cas .....--_ fgl c+ro lL o fururoé hoje
06-02.Idadedo parqueautomobilístico . - ... __ ltr l l {l -C resci mento... .......296

Listas de ouadros

309
e Dinâmicasdo TerÍitório

ProjetoGráfica,
Edüoração
Copydesk&
Revisãa
fu

Fotolito,Impressãoe
íEDUSP) (lmprensaOficiâl)
tsB N 85-314-0869-5 rsBN8s-7060-352-5

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9rr798570 603523'
CAPÍTULO
1

firmarqueo Brasilé umpaísemeÍgente e queele de um potentegrupode comunicação, estáentreaspri-


A
pf é hojesignificativa potênciaeconômica, políticae meirasdo mundoe vendesuascriações audiovisuais, es-
I Ì- diplomáticaé apenasenunciarum fato evidente, pecialmente novelas,a numerosas televisõesestrangei-
Entretanto, atérecentemente nãoeraele,masa Argen- ras.Pode-sever aí o símboloda novaposturabrasileira
tina,figurandona lista das"grandespotências"que na cenamundial,confirmadapeloseupapeldiplomáti-
eramobjetodeestudodosalunosfranceses aoseprepa- co,demonstrado recentemente pelamediaçãonosgra-
raremparao Baccalauréat. vesincidentes fronteiriçosentreo Equadore o Peru,na
Tendoum lugarsignificativo principalmente na ex- serrado Condor.
portaçãode minériose de produtosagroalimentares, o Essepapeldepotênciaemergente deve-se, empar-
Brasilalcançou tambémumaposiçãodedestaque no ra- pois
te,à suadimensão, o Brasilé um dos grandes países
mo dosbensmanufaturados, e seupaÍqueindustrial,o do mundo,masnãosomentea ela.Antesdefalarmosde
maiscompletodo hemisférioSul,atingiuum nívelsufi- suaorganização interna,é precisoavaliarprimeirosua
cientepararival:zarcomosmaioresdo planeta.Em um importânciaterritorial,demográfica e econômica na es-
domíniosensível comoa construção aeronáutica, elefaz calamundial.Em seguida, é necessáriomedir,observan-
parteda elitemundial,rivalizandocomo grupocana- do a composição e a orientaçãode suastrocasexternas,
denseBombardierna terceiracolocação, superadoape- atéquepontosuasituaçãono comérciomundialsealte-
naspelaAirbuse pelaBoeing.É verdadequeo Estado rou. E pode-seanalisar,por último,examinandoseus
ajudoumuito, até a recenteprivat;aação, porqueaos outrosintercâmbios (aéreos,diplomáticos,tuísticos,ci-
motivoscomerciais acrescentavam-sepreocupações es- bernéticos qualé o seulugarno mundode
e científicos),
Masnãoseriao mesmocasode seusconcor-
tratégicas. hoje.IssosemesqueceÍo futebol,em relaçãoa que o
rentes? Sejacomofor,o Brasilsoubedominaressatecno- seulugaré naturalmente o primeiro,verdadequequal-
@ia complexa. Podem-se citaroutrosramos,igualmente querbrasileiroconfirmará.
muitopresentes no mercadoexterno,comoo da enge-
úaria civil,emqueo Brasildetémexperiência precisa, Dimensões
adquiridano vastocanteirode obrasquefoi e continua
sendoo País. O Brasilé o quintopaísdo mundoem superfície
Maso novopapelinternacional do Brasilnãoé so- (Figura01-01).Entendercomoeleadquiriuesseimenso
rnentecomercial é tambémcultural.Gigante
e industrial, Aqui, nos
território seráobjeto do capítuloseguinte.
do mundolusófono,o Brasilé o únicopaísdelÍnguapor- contentaremos emsituá-loemrelaçãoaosoutrosgigan-
Eguesarealmentepresente no mercadomundialde co- tesmundiais. O Brasilé superadopelaRússia,quetem
municaSo.A suaredede televisãoGlobo,participante aindao dobrodesuasuperfície mesmodepoisdeperder

OB rasi l eomundo

17
*1-Ê3"Br*sil" qalinËcpaís dc nr"latndo

Superfíciedos paísesem milhóes de km2 (proieçãoJ. Bertin) @ HT-2003MGM-Lìberqéo

ê'E-SZ.Fusos horérios colôniase satélitesantesassociadosa ela na antigaURSS.


Encontra-sena mesmacategoriaque o Canadá,a China
e os EstadosUnidos (incluindo o Alasca e o Havaí).
O território brasileiro (ao qual deve-seacrescentar
uma parte da Antártica) estende-sepor quatro fusosho-
rários (Figura 01-02).O primeiro, GMT -2, é formado
pelas ilhas Atlânticas, entre as quais a única povoada é
Fernandode Noronha;o segundo,GMT -3, hora de refe-
rência oficial do País,cobre a maior parte do território -
vinte Estadose a metade do Pará;o terceiro, GMT -4, é
formado pela outra parte do Pará e seisoutros Estados
da Amazônia e do Centro-Oeste;por último, o quarto,
GMT -5, contémapenaso Estadodo Acre e metadedo
Amazonas.Cabe aqui notar que essashoras teóricasnão
correspondemsempreà hora oficial,já que a maior parte
dos Estadosdo Sul e do Sudestepraticam o horário de
verão,de outubro a fevereiro,enquantoos do Nordeste e
do Norte, onde a variaçãoda duraçãodo dia é ínfima;não
seguemesseprocedimento.

Atlas do B r as il

18
Paratornar maisvisívela rela- ffi=-ffiË" fi'.iraure*n$ç q$mqdüserrystsdlç# Ë+sr4€flrwetteÊs
ção entre as dimensõesdo Brasil e
as do continenteeuropeu,pode-se
"projetar" o primeiro sobreo segun-
do (utilizando-sede uma projeção
querespeiteassuperfícies relativas).
Assim,mede-semelhor a suaverda-
deira dimensão,a de um continente
ou até mais,já que a imagemmostra
que,se o Norte do Brasil for coloca-
do sobre a Escandinávia, sua extre-
midademeridionalalcançaria o Cha-
de, na África, enquantoa extensão
Oeste-Lesteiria da Islândiaao mar
Negro.Em termos de distâncias,as
capitaisdosEstadosbrasileirossitua-
das nos quatro pontos cardeaisdo
Paíssão separadasem média por 4
m i l q u i l ôm et r osou
. s eja .ma i s o u
menosa distânciaque separaLisboa
de Moscou e Oslo de Tamanrasset.
na Argélia.
O Brasil faz, certamente,par-
te dos"grandes",comomostraa Fi-
gura 01-04,que comparaseuperfil
ao de algunsde seusconcorrentes, Bo aVista
em vários domínios cruciaispara
uma grandepotência.Grandeele é
pela superfície (5ê posição mun-
dial), superadopela Rússia,maior
país do mundo. Igualmentegrande
pela dimensãode sua população
(5eposiçãotambém),destavez su-
pera d op e laChinae pela ín d i a .F i -
nalmente,pelo volume do seuPNB
Prcjeçáode RabÌnson
(8eposição),campoem que os Es-
tadosUnidos não têm rivais.Nota-
se contudo que, se nessastrês classificaçõeso Brasil 1,2 bilhõesde chinesese duasvezesmais que os 145
vem abaixoda Rússia(duasvezesmaior), da China milhõesde russos.
(setevezesmaispopulosa)e dosEstadosUnidos (do- por grandesmassassó servem,evi-
Classificações
ze vezesmaisrico), os 170milhõesde brasileirosdis- dentemente, paramostrarordensde grandeza.Seforem
põem de tanto espaçoquantoos 267milhõesde cida- ponderadas,sejaper capìta para os rendimentos,seja
dãosdosEstadosUnidos e produzemtanto quantoos por indicadores(como o Índice de Desenvolvimento

OB rasìl eomundo

19
01-04.A posição Comércio
do Brasilno mundo
O Brasilviveumuitotempoda exportação de mi-
Classificação
mundial neraise de produtosagrícolas. Continuasendoum dos
principaisexportadores mundiaisde algunsminérios(o
deferro,emparticular)e algunsprodutosagrícolas: ain-
da é o primeiroexportadormundialde café,de açúcar,
de sucode laranjae de farelode soja.
No entanto,essasexportações nãodefinemmaiso
pesoeconômico do País.Primeiroporqueseucomércio
exteriorrepresenta apenaspoucomaisde L% do total
mundial(Figura01-05),menosdametadedo queelere-
presentava nosanosde1950. Comcerteza, essaredução
deve-se, em boaparte,ao fato de queastrocasinterna-
cionaisfazem-se cadavezmaisentrepaísesdesenvolvi-
dos.Essedadomostraque,enquantoa balançacomer-
cialé importanteparao Brasil,o comérciobrasileirope-
Rússia
sapoucono panoramamundial.
Brâsil
Ch in a
Além disso,o comérciointernacionalnão é mais
In d ia
um bom indicadorpara avaliara (in)dependência do
Area Populaçáo PNB Renda IDH Brasil.Porum lado,asexportações representam apenas
oer caDrta 8% de seuPNB,o queindicaquea economiabrasileira
Fonte:lmageséconomiques
du monde2002 @HT-2003
McM-LÌbergeo
é menosdependente de suasexportações e que,dora-
vante,é o mercadointernoquemaiscontará.Poroutro
Humano- IDH do PNUD) de desenvolvimento social lado,deve-se notarquemaisde40%dasexpoÍaçõesde
(saúde, educação etc.),o Brasilaparece numasituação produtosmanufaturados sãofeitaspor firmasestrangei-
menosfavorável.Passaentãoà 40ee à 68aposições, rasimplantadas no Brasil,queacharamaí umaboaba-
distantede todosos outrosgrandesque seclassificam separasuasestratégias mundiais: a Volkswagen do Bra-
entreosprimeirospaísespeloIDH: o Canadá,que em sil exportapara o mundointeiro,em especialpaÍa a
territóriopoucomaiore comapenastrinta milhõesde Alemanha,peçasoriundasde suasfábricasna região
habitantesproduzpraticamente o mesmoPNB, e a metropolitana de SãoPaulo.Quemexportanessecaso,
Austrália, que produz maisdametadedo seuPNB com o Brasilou a Volkswagen?
90% do seu território e 11.o/o da suapopulação.Em A balançacomercialé,contudo,importanteparao
contrapartida, situa-se bemacimada Chinae da Índia, País(emespecial parapagara díüda) e sensível à con-
quechegamapenasàs1084e 115êposições mundiais. juntura,quevê sealternaremdéficite excedente. A se-
No total,é com a Rússia, pela formageraldo perfil, gunda curvadaFigura01-05mostrabemque,enquanto
que o Brasilse assemelha mais,comparação que teria asexportações üescemregularmente, sãoasimportações
sidomuitomaisgratificante quandoestaeraumadas que fazema diferença,e tanto os choquespetrolíferos
duas superpotências mundiais.Não é o casohoje, dosanosdeL970quantoascrisesdosanosde 1990tiveram
quandoelatentaconquistar seulugarentrepaíses bem efeitosmuitosignificativosparao equilíbriodascontas.
dotadose já bastantedesenvolvidos, mascujosíndices De pú agroexportador, dependente dasexportações pa-
sociaisdeixammuito a desejar,o que é exatamente o ra financiarsuascomprasde produtosmanufaturados, o
nossocaso. Brasiltornou-se umpaíslargamente autocentrado,Hoje,

Atl a s do B r as il

20
0Í-05. Evolução do comércio exterior brasileiro

de Brasilnas exportaçóese importaçóesmundiais- 1950a 2001lok\


Participação
')Â
2,4
2,2
2,0
1 ,8
1,6
1 ,4
1,2
1 ,0
0,8
0,6
0,4

1e5o 1e5s 1e6o tt*..Jï;". 1980 1985


'ntuj::J:::

Balançacomercialbrasileira1950a 2001(US$bilhoesFOB)
OU
55
5U

40

30
25
20
tc
10
5
0
-5

-15
1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

Exportaçoes lmportaçóes $31j6comercial


- - -

Indústriaê ComércioExterior,Secretaria
Fonte:Ministériodo Desenvolvimento, de ComércioExterior @ HT-2003MGM:LíberSéo

ele exportaparaalgunsmercados bastanteespecializa- mercadosmundiais.À medidaque suaeconomiase


dos,e osexcedentes sãomaisúteisparafinanciaroutros transformou, tambémo comércioexterior,ou
alterou-se
déficitsdo queparasatisfazer
asnecessidades básicas,já seja,a natureza (Figura01-06).
desuasexportações En-
cobertas por seusrecursos
internos. quantoo caférepresentava 72% de suasexportações
Issonãoreduzo interesse de umaanálisedo co- eml925,eainda27o/o emT97l,atualmenteeleseescon-
mércioexteriorbrasileiro,porque ela diz muito sobre Esseretroces-
de numtrinômio"chá,café,especiarias".
o pesoqueesses negóciospassam á ter na economiado sodo lugarrelativodosprodutosbásicos
nãoé devidoa
Paíse sobrea maneiracomoo Brasilse inserenos um declíniodasvendas, masao crescimentorápidodas

OB rasi l eomundo

21
0X-06.As exportações do Erasil algunspaísesasiáticos(Japão,Chinae Coréia)e nos
vizinhosdo ConeSul.A África (excetoa Nigéria),a
Oceania,a Europado Lestee o restoda Asia estão
ausentes dessecomércio.
As trocassãomaisou menosequilibradas emcada
zona,excetocomospúes petroleiros(o Brasilimporta
poucomenosde 40%do seupetróleodo OrienteMé-
dio,Z4"/o
da África e37V"da AméricaLatina).Osexce-
dentessãoobtidosgraçasà diferençaentrepaísesaos
quaiso Brasilvendemuito e dosquaiscomprapouco
(comoospaíses escandinavos, a Índia,o EgitoeTaiwan),
ou aquelescomos quaisele tem saldopositivo,comoa
maiorpartedospaísesindustrializados,
As diversasregiõesdo Brasil não contribuem
igualrnenteparao comércioexterior(Figura01-08). Nas
importações, a predominância de Santose, secundaria-
mente,do Rio deJaneiroé esmagadora. É por esserpor-
tos que entramtodososbensde alto valorunitáriore-
queridospelaspopulações de rendaalta e maisainda
pelasindústrias,ambasconcentradas no eixo Santos-
SãoPaulo-Riode Janeiro.Todosos portoslitorâneos
contribuemparaasexportações, porémcomumaclara
liderançados que expoÍtambensindustriais,como
Santos, emrelaçãoaosportosagrícolas e mineirosdo
Nortee do Sul.
As importações por via aérea(nasquaisastonela-
genssãoevidentemente menores,masos valoresnão
3S 8E B 8E 3 E ER ÈÉ R R 8 SS T B8 $ 3 8 8 t3
o o o o o o o o o o o o ooooooooooooooo sãomuitoinferioresaosdasimportações marítimas)são
igualmente no
muitoconcentradas eixoRio deJaneiro-
Fonte:l\.4inistério
do Desenvolvimento,
Indústria
e ComércioExterior, SãoPaulo,prolongadonessecasoatéCampinas, impor-
Secretariade ComéÍcioExterlor
tante aeroportode carga.Uma exceçãonotávelé Ma-
naus,cujaZonaFrancaimportacomponentes eletrôni-
exportações de produtossemi-industriais (no ramo cos por avião.O pólo amazônico nãoaparece, contudo,
agroalimentarem especial)e, aindamais,dosprodu- nasexportações, já quesuaproduçãoé principalmente
tos industriais.
O Brasilsuperoutotalmenteo esque- destinadaao mercadointerno.Nesseaspecto, o Rio de
ma de dependência clássica:asexportações
industriais Janeirosedestaca claramente, superando SãoPaulo.
representam 620/odo total,e chegama quase80%ca-
so sejamacrescentados os produtosdas indústrias Intercâmbios
agroalimentares.
Pode-seter uma idéia dastrocasinternacionais Osaviõesnãoservemapenasaotransportedecar-
do Brasilexaminando o mapade seusprincipaispar- gas,mastambém,e principalmente, ao depassageiros.
ceiros(Figura01-07).Os pontosfortes estãoclara- Trêscompanhias brasileirastêm redesinternacionais
mentena Europaocidental, naAméricado Norte,em (Figura01-09),cujo desenhoevidenciaasregiõesdo

Atlas do Brasil

22
01-G7.Glientes e ferneçedores do Brasil

s_

Comércio exterior
e m 2 0 0 1( US$m ilh Õe s)
E Exportações
a-\-4.2e4.e70 Êscala no Equador

I aTl 1.102.580
0 3 0 0 0 km
I lmportaçoes
\#2 50.000
Fonte:l\,4inistério
do Desenvolvimento de ComércioExteriot
lndústriae ComércioExteriorSecretaria

mundocomasquaiso Brasiltem seusprincipaisinter- Áfricacentrale orientale daÁsiacentral.Pode-seques-


câmbios. A companhia maisantigaé aYarig,sendo dela tionara necessidade,por exemplo,de ter embaixadade
a redemaisdensa;a Vasp,à beira da falência,acabou Bangladesh ou de Botsuanano Brasil,masé evidente
por fecharsuaslinhasinternacionais;a TAM, maisnova que a presença de muitasrepresentações é a marcade
no ramo,tem umaredeaindamuito embrionária, à ex- um grandeinteresse da comunidade internacional.
ceçãodascidadeseuropéias a quesuaparceriacomAir Abrir, alémde embaixada, um consulado é uma
Francelhe dá acesso. decisãoaindamaissignificativa, poissupõequecida-
As trêsredesprivilegiamclaramente trêsdireções: dãosdaquelepaísvivemno Brasilou visitam-nocom
ospaísesvizinhosdaAméricado Sul,a Europae osEs- algumafreqüência, e nadamenosde 74 paísestoma-
tadosUnidos.A TAM tem apenasduaslinhasfora do ramessadecisão. As Américas, a Europa,a Oceaniae
continente, Parise Miami,os doisdestinosmaisreque- a maiorparteda Ásia estãopresentes. Faltamospai
ridos.A Varigdisponibilizatambémvôosparao Japão, sesdaÁfrica,do OrienteMédioe daÁsiacentral,tal-
viaCalifornia.Em temposmaisprodigiosos, elamantinha vezmenospor faltade interesse do queemdecorrên-
linhasparaBangcocvia África do Sul,paraAngola e que
ciadoscustos umasegunda delegação diplomáti-
Nigéria.O encerramento dessas rotasconfirmao pou- carepresentaria.
cointeresse, pelomenoscomercial, daslinhasafricanas. No sentidoinverso,quaissãoos paísesondeo
As relaçõesdiplomáticas sãooutro indicadordas Brasil tem representação diplomática?Suarede de
relaçõesentreo Brasile o restodo mundo.Nossaim- embaixadas e consulados é densae cobreo mundoin-
portânciapodeseravaliadapelonúmerodepaísesque teiro,à exceçãode algunspaísesda África centrale
têm embaixadano território brasileiro.Podemosnos oriental.Contudocertosparceirossão obviamente
considerar importantes,poisquasetodostêmrepresen- maisimportantes, pois dispõemde consulados gerais
taçõesdiplomáticas no Brasil,excetoalgunspaísesda (em grandescidadesfora da capital),de consulados

OB rasíl eomundo

23
üï-Õ8. Comércãoexter$ïo p@rna\íiÕ e p€r aviãG

lmportações Exportações
por navro por navro

V a l o r( U S $ ) Valor(US$)
p o rt o n e l a d a por tonel ada
42 253 42 253
r 19 69 I 1 969
E Boo E 800
ffi lmportações
346 em 2001
ffi 346
Evo (US$milhóes)
170
to 1001 E 16
7z\
E73 0__ !E k-
3151-z\ ) 73
@ HT-2003MGM-Lìbeeéa 1 \\ /'

lmportaçoes
por avrao

V a l o r( U S $ )
p o rt o n e l a d a
r rrsgss 42 253
r
! ggoze 1969
ffi
r Boo
sg:zz ffi
3 óóZ
346
Fflo
E 24oo 406 ---\ /o
0 500 10Ít/ /J 0- jE k.
@ HT2003 MGM-Libergéo
Fonte:lNGE0,Consórcio
Brasì1iana

(Cidadedo Cabo e Caiena)ou de delegações em orga- Comotodasessasrepresentações não têm a mes-


nismos internacionais.E o caso dos EstadosUnidos, ma importânciadiplomáticanem o mesmoprestígio,o
de algunsgrandespaíseseuropeus,da China,do Japão Ministériodas RelaçõesExterioresas classificouem
e de paísesvizinhos (onde existem,freqüentemente, parafins de gestãoda carreiradosseus
trêscategorias,
que tratam principalmentede vistos).
vice-consulados, àsquaiselespodempostularde acordocom
diplomatas,

Atlas do Brasil

24
01-09.Redes aéreas EnteneÌecEeË?als

VARIG
Linh a se e s c a l a s
-o- Atendidas
-r- S u p r i m i d a s

VASP
Linh a se e s c a l a s
-e- S u p r i m i d a s

TAM
Linh a se e s c a l a s
-o- Atendidas
o TAM Mercosul
o Code sharing

Fonte: Revistas de bordo das companhias

Ospostosde tipo "1t''sãoosmaispres-


regrasprecisas. Austrália,grandespaísesasiáticos
e latino-americanos
e
pois estãosituadosnosEstadosUnidosou na
tigiados, a África do Sul.Ospostos"C", aquelesdeiníciode car-
Europacentral.Sãoaquelesapelidados, na gíriadiplo- reiraou quandonãosetemescolha, sãoosdaAfrica,do
mâtica,de"circuitoElizabethArden",adquiridodo no- OrienteMédio,do restoda Ásiae daAméricaLatina.
me dessasofisticadamarcade cosméticos. Os postos O turismoé outrobomindicadorda atraçãodeum
"8" sãoa segundaescolha:Canadâ, Europaperiférica, país,porquequempagapara visitá-lotestemunha

OB rasi l eomundo

25
= =*ãr**tç*i r* e** #r*eêË
+=- =*. * =sz'= ==.=i
-'.

'*'
"[
io

Ã.

,= Paisescom uma
* e m b a i x a d na o Br a sil( 1 3 4 )
-

2002
Fonte:Minlstériodas ReaÇóesExteriores,

Escaa no Equador
0 3000km

@ HT2003 MGM-Libergéa

2002
Fonte;Minlstériodas RelaçóesExteriores,

concÍetamenteo seu interessepor ele. Se os encantos pequeno fluxo de japoneses.Distinguir o modo de


turísticosdo Rio de Janeiro,da Bahia e das praiasdo transporte permite fazer a diferença entre os vizinhos
Sul atraem naturalmente em primeiro lugar os vizinhos imediatos,que chegampor via terrestre,e os turistasem
argentinos,uruguaiose paraguaios,há igualmentemui- cruzeiro,argentinos,mas sobretudonorte-americanos e
tos visitanteseuropeuse norte-americanos e até um europeus,que querem conhecer do País apenas as

Atì as do B r as il

26
&t-11.DipleatrasiafuresnÈeãre
$* exË*sç*r

Representaçóes
diplom á t i c a s
O Embaixada ,'.
\J

I Cons u i a d o - g e r a Ì 'r-
.rl
O Cons u l a d o
I Dele g a ç ã o
O Vice-consulado
@ HT2A03MGM Lìbergéo
=r:e: Ministériodas RelaçóesExterÌores,
2002

Categorias
de paí s e s
.A
OB
CC 0
Escaa no Equador *
3.000km -
*
@ HT-2003MGM Libergéa
Fonte:Ministériodas RelaçõesExterÌores,
2002

praiase paisagenscosteiras,mantendo-seno conforto e saturado.E umanovaoportunidade de desenvolverum


na segurançade suaembarcação. Essaatividadeturística setoraindamuitoaquémdo seupotencial, já queo Bra-
em forma de cruzeiro constitui o setor que mais rapida- sil recebeanualmente
apenas3 ou 4 milhõesdeturistas
mente se desenvolve,porque seusorganizadoresencon- estrangeiros,
enquanto76 milhõesvisitarama França
tram no Brasil uma alternativaao Caribe,já bastante em2002.

OB rasi l eomundo

27
S1-12.Turistas estrangeiros rco Brasil

Esca l a n o Eq u a d o r
0 3 0 0 0 km

Via
marítima
/--ï 16 017

T5

Fonte: Ministériodo Desenvolvimento,Indústriae Comércio ExteÍrol Secretariade Coméício Exterior

Encerra-seestarevisãocom três variáveisinco- queconstituemo grupomaisatrasadosãoprecisamen-


muns,masqueparecemúteisparaconcluira análiseda te aquelescomosquaisasrelaçõesdiplomáticas como
situaçãointernacional privile-
do Paíse desuasrelações Brasilsãoreduzidas ou inexistentes.
giadas.Indicadornovo,o lugar do Brasil na Internet Os intercâmbioscientíficosfuncionamnos dois
confirmasuaposiçãoentreosgrandespaísesemergen- sentidos(Figura01-14).Ospaíses paraosquaiso Brasil
tes.Sematingirosníveiselevados daAméricado Norte, enviabolsistasnão sãomuitonumerosos: EstadosUni-
da Europa,do Japão,da Malásiae da Austrália(tanto dose paísesda Europa,principalmente, e aindaJapão,
pelaporcentagem de internautasna populaçãoquanto Austráliae NovaZelândia.AArgentina ocupaumlugar
pelarelaçãoentreessenúmeroe o PIB),o Brasilsitua- modesto,visto que as relaçõesmaisaprofundadas no
se no grupoimediatamente subseqüente.Encontra-se âmbitodo Mercosulsãorecentes, e é baixoo númerode
emcompanhia daArgentina,do Chile,daÁfrica do Sul, quelá preparamteses.O casoda Alemanhaé
bolsistas
daRússiae daThilândia, o queofereceumaboaaproxi- parecido,semdúvidaporqueestesbolsistas estãomais
maçãodo seuníveldedesenvolvimento geral.Ospaíses nascooperações técnicasdo quenasuniversitárias.
Essa

Atlas do Brasil

2A
WÍ-13.O Brasil nc lnternet

Percentagem
de internautasno país

Esca a no Équêdor
0 3 0 0 0 km

,O f . Guí"huúZ OOSU e U- tib" rgéo

:Ê,iÊdecimentos:J. Beigbeder,R Dì Cosmo, L WalLPh WanÌez

de bolsasdestinadas
6,'otítica a preparartesesno exte- prosseguir suacarreira,o queconfirmaumanovaatra-
Csr deverásemdúvidadeclinar,já que o Brasilconta ção do País nesse campo.
cumbomnúmerode programas de doutoradoem suas Finalmente, comonãoevocaro futebolentreosele-
própriasuniversidades, nasquaisformou,em2001,mais que
mentos definemo pesoe a atraçãodoBrasilno mun-
'Se6 mil doutores. do?Essejogodeorigembritânicaadaptou-se maravilho-
O progresso sensíveldasuniversidades brasileiras samente aoPaíse tornou-se o esportenacional.Ao cruzar
erplicaem parteo fato de inúmerospesquisadores es- o Atlântico,tornando-se e o
fttebol, football evolúu bas-
trangeiros se instalaremno Brasil.Vindosdospaíses tanteemrelaçãoao quepraticavantosgentlemen emfor
rizinhos,especialmente da Argentina(cujascrisesre- maçãona escolade Eton.O Brasilpassoua serum dos
correntes desencorajaram bonspesquisadores e os in- grandes nesseesporte,
e seusresútados nosjogosoficiars
citarama cÍtJzara fronteira).mastambémdosEstados mostramqueelenãosófazpartedospaíses quedominam
Llrnidos,da Europa,da Índiae mesmoda Rússia(nes- o jogo, mastambémfigurana pequena elitequeestásis-
te caso,por razõessemelhantes às que influenciaram tematicamente presente
nasfasesfinaisdascompetições,
os pesquisadores argentinos). Certamente, o Brasil ganhando-as freqüentemente. A Figura01-15(baseada
atrai porqueconstituium terrenoideal para muitas emdadosaté200I)mostraqueo Brasiltemumsaldopo-
disciplinas,pelariquezade suageologia, de suabiodi- sitivosobrepraticamente todosospaíses domundo,tanto
r,ersidade e de suasetnias,asindígenas emespecial. É emjogosganhos quantoemgols,comumaúnicaexceção,
claroquemuitosdesses pesquisadores,geralmente ho- a Argentina.É necessário recordarqueo Brasilganhou
mens,estabeleceram aqui relaçõesmuito próximas cincovezesa Copado Mundo?Suavitória,em 2002,o
(nem sempresó de naturezacientífica)com cidadãs "peÍrla"a queos brasileiros já aspiravamem 1998,frus-
brasileiras.Mesmolevandoemcontaessefator,o fato trando-se pornãoconqústá-lo namemorável finalcontra
de escolherem no Brasilcomprovaquejul-
instalar-se aFrança, devemantê-lo,pormúto tempo,naliderança do
qamhaveraquicondições materiais para
e intelectuais futebolmundial.

OB rasìl eomundo

29
*=-=4. Solsistas * p*sq*ã**d*res

Proporçáo
dos doutorandos '"',ì,ì:,.
n o t o t a l d e b o l s ista s
b r a s i l e i r o s( % )

@ HT-2003MGM Libergéo
FonierCapes,CNPq

Pesquisadores
esrrangerros
i n s t a l a d o sn o B r a sil
(% por país)

14,5
t-o
Nú m e r o sd e p esqui sadores
1,6
e str a n g e ir o sinstal adosno B rasi l
1,0 tÃÃ
E
\"+ 22
Fonte:
Capes,
CNPq

No fundo,essasituação justificada,
é bastante por- brasileirosdemonstramnos camposde futebol, como na
queno Brasilleva-seo futebolmuito a sério.Ele é um vida cotidiana,um gênio da improvisaçãoindividual que
doselementos fortesda identidadenacionale continua compensa- quasesempre- asfalhasda organização co-
sendoum dospoucosmeiosde ascensão socialrápida letiva. Sim, decididamente,faz sentido pensar que o
paraospobres, emumasociedade muitodesigual. E os Brasil é oor excelênciao oaísdo futebol.

At las do B r as il

30
01-15.Os sa=*sss*sd+ futch*E brasileËr*

O B ras i le s e u s
adversários
;ogosoÍiciais 1914-2001)
Nú m e r o sd e io g o s
I Vitórlas
Empates ,,'- 85
€ / \ eÃ
E€ Derrotas
\o- 20 @ FM LT-2003 M GM-Lìbergéo

Confederaeão Brasileira de Futebol


-nie:

G ols ma r c a d o s
ou s of ri d o sp e l o B r a s i l
(jogosoïiciais191 4-2OO1 l Total de gols

I Golsmarcados /__290
/\oa 0
Escalano Equâdor
3000km rt
ۋ Golssofridos \ f.ir- 56
Fonte:Confederacão
Brasileira
de Futebol

OB rasi l eomundo

31
2
CAPÍTULO

T MALHAS
CÊxESE
DOTERRITORIO
ão era óbvio que o Brasilsetornasseo gigante A construçãode um
queé hoje:a partedo continenteatribuídaa Por- arquipélagocontinental
tugal pelo Tiatadode Tordesilhas (que demar-
cou,em 1.494, possessões espanholas e portuguesas) era QuandoPedroÁlvaresCabralaportouna costada
limitadapelomeridianoquepassapelafozdorio Ama- terraquesetornariao Brasil,no dia22de abril de 1500,
zonas.Dois séculose meiodepois,asfronteirasatuais, seuobjetivonãoeraconquistar novasterras- a metaes-
quasetrêsmil quilômetrosa oesteda anterior,já eram sencialda Coroaportuguesa era,então,o controleda
atingidasna maiorparteda suaextensão, e a forçado rota dasespeciarias orientais.Nessaestratégia, a terra
sentimentonacional,forjadonestaconquista, permitiu descoberta podiaapenasrepresentar, no melhordosca-
superartodasassegmentações sociaise regionais. sos,umaescalaparanaviosextraüados,pois era uma
Paradoxalmente, o Brasildeveessaimensaexten- pobreconquistaem relaçãoaostesourosque os espa-
são,emgrandeparte,à pressão dasrivaüdades estrangei- nhóistiravamdosseusnovosdomínios. Parahaveruma
que
ras, forçaram PoÍugal a considerar mais seriamente certaconsolidação da implantaçãoportuguesafoi ne-
umaconquistacomeçada commuitamá vontadee, em cessáriaa ameaçade novosrivais,osaventureiros fran-
seguida, a estendêlae a consolidá-la. No entanto,essa ceses,navegadores vindosprincipalmente da Norman-
vontadeconquistadora nãoexplicatudo:foi somente gra- dia, que estabeleceram feitoriase concluíramalianças
çasà coincidência deumaação políticadeliberada e con- comos indígenas. Essarivalidadelevoua Coroaa em-
tínua,e de um impressionante dinamismo pioneiro,que preenderumapolíticade colonização sistemáticae foi
puderamserobtidasa extensão e a unificação do tenitó- umadasrazões dacriação das"capitanias hereditárias",
rio brasileiro.
Essetamaúo continental foi conquistado, em 1532.Atribuindo a nobresportugueses vastaspor-
construído e gradualmente consolidado passoa passo. ções da nova colônia,o rei esperava que pudessem con-
As malhasadministrativas e políticashojevigentes firmaraté1559a suasoberania, cujoalcanceeralimita-
levama marcadessahistória.Foramcapazes, mediante do,sobrealgunspontosde povoamento costeiro,entre
algunsajustes,de acompanhar a evoluçãode um país Itamaracá(aonortedaatualcidadedeRecife)e SãoVi-
cujapopulaçãofoi multiplicadapor dezduranteo últi- cente(SãoPaulo).Foi principalmente paraprotegero
mo século(de 17milhõesem 1900a quase170milhões seuflancoameaçado queosportugueses avançaram para
de habitantes em 2000).Municípiose Estadostêm sido o norte,atéatingirBelém,o quepermitiriao controleda
criadosatéhojenasregiõesconqústadas (e outrosain- foz do Amazonas em 1616.
da podemvir),contudoasmalhas- de tamanhos desi- É nessecontextoque sesituamastentativasar-
guais- criadas nosprimeirosséculos do Brasilcolonizado riscadas decolonização pelaFrançae pelaHolanda.A
permanecem válidas. FrançaAntárctica,fundadapor NicolasDurand de

Atlas do Brasil

32
O2-O1.
A ocupação do território brasileiro

)*

! Mer i d i a n o d e T o r d e s i l h a s

I TerritóÍioocupadono séculoXVI

I TerritóÍioocupadono séculoXVll

I TerÍitórioocupadono séculoXVlll
--__-] Territórioocupado no século XIX
-___-] a
TeÍritórioaindanão ocupadono séculoXIX
aa
Qaaaro
A Fortesportugueses
de Utrecht(1703)
r r o o FronteirafixadapeloTratado
P ri nci pai sbandei ras
- - - - FronteirafixadapeloÌatado de Madri (1750)
- . -- ' FronteiÍaÍixadapeloTratadode Badaioz(1801)
*-È Procurade minérios
-l-l]l Ganhosterritoriaisobtidospor arbitragem
no lrnaldo sêculoxlx e rnicrodo xx ....)> E xpl oraçáo
contratada
0 500 km

@ tlF2003 MGM-Libeígéo

::-:e: BaseadopaÍcialmenteem Manoel Mauriciode Albuquerque,Atlas Hìstótico,e Martine Droulers

\ìllegaignonem 1555,na baíado Rio de Janeiro, foi comoSãoLuís a cidadeque tinha sidochamadaSaint
:Èndoderrotada pelosportuguesesa partirde 1560.
A Louisem homenagem a LuísXIII. As tentativasde im-
FrançaEquinocial,colôniafundadano Maranhão em plantaçãodecolôniasholandesas tiverammaisamplitu-
i6l2 por Danieldela Touche,
senhordeRavardière, co- A primeira,
dee maissucesso. naBahia,eml624,foifa-
úeceu o mesmodestino.Após a suareconquistaem cilmenterechaçada,
masosholandeses voltaramem1630
i613.os portugueses tiverama elegânciade rebatizar a Pernambuco:conquistaram,então,um vastotenitório

Gênese e malhas do território

33
queseestendeu deAlagoasà Paraíba e,maistarde,até paraa prospecção de metaise pedraspreciosas, desco-
o Rio Grandedo Norte,o Cearáe o Maranhão. Foram brindo,no fim do séculoXVIII, asjazidasde ouro de
expulsos somente em 1654. MinasGerais(asquaisdefenderam de armasna mão
Essafoi a últimatentativasériafeitapor europeus contraoscolonosrecentemente chegados de Portugal)
do norteparafincarpé no Brasil:voltaram-se emsegui- e,em seguìda, asde Goiás,em 7778,e asde Mato Gros-
da paraasAntilhas,que transformaram em "ilhasdo so,emL725. Outrasrazões devem, no entanto, serconsi-
açúcar", provocando, assim, emgrandeparte,a criseda deradas,comoo gostopelaguerrae pelaviolência. Tan-
economia açucareira brasileira.
O continente ficava,en- to que nosconflitoscontraosíndiosdo interiordo Nor-
tão,bemmenosinteressante, e asnovaspotências colo- deste,bemcomonaguerracontraosholandeses, ospau-
niais,a França,a Holandae a Inglaterra,satisfizeram-se listasestiveram presentes,voluntáriosou convocados.
comastrêscabeças de pontedasGuianas. É, portanto, Porúltimo,o gostopelaaventura e pelaexploração. Co-
graças maisao desinteresse de seusrivaisdo queà sua mo entender semeleessas andanças intermináveis e pe-
própriaenergiaque Portugalpôdeter consolidado um rigosasem territóriostotalmentedesconhecidos? As
vastoimpériocontinental. bandeiras desempenharam um papelfundamental na
Nãosepodemenosprezar um períodofamosoda expansão do domínioportuguês e contribuíram forte-
históriacolonial,asbandeiras, essasexpedições lança- menteparadar ao País,que nasceu em 1,822, umaex-
dasatravés do continente,coma bênçãodistante daCo- tensãopróximada atual.Semelas,os sucessos dosdi-
roa,quecontribuíram fortemente paraestender o domí plomatas portugueses queobtiveramo reconhecimen-
nio português. Seufocoprincipalfoi um povoadonasci- to dejure etfactoda ocupação obviamente nãoteriam
do ao redorde um colégiofundadopelosjesuítas, São sidopossíveis.
Paulo.Destaaldeia,ondesefalavamaistupiqueportu- A batalha,no entanto,aindanão estavatotal-
guês, partiramexpedições compostas deumpunhado de menteganha,poisessepaísimensocontinuavaa ser
brancosagrupados emvoltade umabandeira, algumas frágile corriariscos,casoa autoridade real enfraque-
dezenas de mestiços e, principalmente, índiosaliados, cesse. NapoleãoI foi um dosartesãos - involuntários
queconheciam melhorqueosportugueses astrilhasan- - da unidadebrasileira, no momentoem queo impé-
tigase os recursos naturaisquepodiamserusadosno rio espanholse desagregava. A decisãotomadapela
caminho. Favorecidas pelatopografia,já queos afluen- Corteportuguesa de refugiar-seno Brasilparafugir
tesdo Paranáasconduziam parao interior,essas expe- da ameaçados exércitosnapoleônicos é uma das
diçõesduravamanos,duranteosquaisos bandeirantes grandes "bifurcações" entreo destinodo Brasile o da
percorriamcentenas de quilômetros, parando,àsvezes, AméricaLatina.Naquelemesmomomento,o rei da
paraplantarmilhoou mandioca... e esperara colheita. Espanhaescolhiapermanecer, o quecontribuiupara
A partirdosafluentes da margemesquerda do Paraná, a divisãodo seuimpério.SedomJoãoVI tivessede-
essas expedições de longocursodirigiam-se parao Sul, cididodiferentemente, pode-seimaginar,dadaa di-
descendo atéo Rio da Prata,parao oeste,subindoos versidadenaturaldo territóriobrasileiroe a grande
afluentes da margemdireita,ou parao norte,via rede variedade dascélulaseconômicas criadasentre1500e
amazônica. 1808,queesteespaçopoderiater dadoorigema uma
O motivodessas aventuras eraevidentemente a es- sériede paíseslusófonos de dimensão e originalidade
perançade lucro,porquepretendiamcapturaríndios largamente comparáveis àsantigassubdivisões do im-
paraasplantações decana-de-açúcar do litoral.Osban- périoespanhol. Em Salvadore no Recife,nascidades
deiranteslogoentraramemconflitocomjesuítasportu- de Minas Gerais,do Rio de Janeiro,de SãoPaulo,
gueses e,sobretudo, osespanhóis, porqueasaldeiasde gruposestavamprontosparaf.azercomofizeramos
missão, ondetentavamagrupare catequizar os índios, seussemelhantes de Lima,da Cidadedo México.de
constituíam presastentadoras. Maistarde,voltaram-se Quitoou de Boeotá.

A t las do B r as il

34
O2-O2.A economia e o território no século XVI

Cristóváo

SáoJorgedos llhéus
Cruz
Seguro

Sra daVitóÍia
EspíritoSanto

Sebastiãodo Riode Janeiro


Sra.da Conceiçãode ltanhaem
Cananéia
MeridianodeTordesilhas
Pau-brasil
Cana-de-açúcar
Pecuária
Limltesdas capitaniasheÍeditárias
Capitaniasreais 0 500 km

Cidadese vilas @ HT-2003MGM-Libeígéo

Baseadoem lvlanoeJMauriciode Albuauercue,Atlas HistórÌco

O Brasilquenasceucoma Independência, procla- mesmotempo,umaprofundaunidadepolíticae cul-


mrda no dia 7 de setembro
de 1822,tinha tudo para tural,Porém,apesardessaunidade, e por maismaciço
wrpreenderum observadorexterno;de fato,viajantes e irirensoque seja,o Brasiltem funcionadohá muito
cmrangeiros expressaramsuaadmiraçãoem relação tempo(e aindafunciona,sobváriosaspectos) como
paradoxo:
ruesse um paísimensoe de marcadadiver- um arquipélago.
-"tadeeconômica e humana,masque mantinha,ao Suahistóriaeconômica, durantemaisde quatro

Gênese e malhas do território

35
séculos,consistiu,como demonstrouCelso Furtado, em As bases -'os séculos XVI e XVll
uma série de ciclos econômicos,uma sucessãode gran-
desproduçõesque formaram sucessivamente o essencial A primeira baseeconômicaséria do Paísfoi a pro-
das suasexportações:açúcarnos séculosXVII, ouro no dução de açícar.Originária da Índia, a cana-de-açúcar
fim do séculoXVII e no início do séculoXVIII, cafénos foi aclimatada pelos portuguesesprincipalmente em
séculosXIX e XX, borracha no início do séculoXX. suasilhas do Atlântico. O clima e os solos do Nordeste
Deve-sea essasucessãode especulações a formaçãodo se revelaram ótimos,e os portuguesesencontraram,as-
arquipélago brasileiro, porque cada uma delas afetou sim, o grande produto de exportaçãoque justificava e
uma região diferente do País: açícar, o Nordeste; o permitia uma sólida ocupação.Controlando a rota da
ouro, Minas Gerais; o café,o Sudeste;a borracha,a Índia, podiam aproveitar a intensa demanda européia,
Amazônia.Cadauma imprimiu suamarca,permitindo o produzindo eles mesmosesseproduto então raro e ca-
povoamento de regiões aÍé então quasevazias,dando ro, leve e facilmenteestocável.De fato, o Brasil tornou-
um estilo às relaçõessociaise à oryanaaçãodo espaço se,na primeira metade do séculoXVII, o prirneiro pro-
dessasregiões. dutor mundial de açúcar.
As conseqüênciasda formação por ciclos não As conseqüênciasdessaexpansãoe dessaespecia-
terminam nessaheterogeneidade,mas implicam de- luação foram, no Brasil, de várias ordens.Primeiro foi
terminado funcionamentodo conjunto do território necessário,para cultivar a caïa,importar escravosafri-
nacional.O Brasil independentepermaneceu,ao lon- canos:os primeiroschegarameml532,e o tráficodurou
go de todo o século'XlX e na primeira metadeséculo três séculos,até qlue,a partir de !842, a Grã-Bretanhafi-
XX, como uma coleçãode células agroexportadoras zesserespeitar,pela força, sua proibição. Partindo do
justapostas,um mosaicode regiõesquaseautônomas Golfo da Guiné, inicialmente,e de Angola e Moçambi-
formadasno auge dessesciclos.Cada célula centrada que,em seguida,milhões de africanosforam deslocados
na produção de um tipo de exportação,drenado por para trabalhar nasplantaçõesdo Brasil. Em outra esca-
uma rede de vias de transportepara um porto maríti- la, o ciclo do açúcargerou ciclos secundários,ou induzi
mo, era,por sua vez,constituídade célulasprodutivas dos,que marcaramoutros espaços.Para pagar os escra-
menores formadas por grandes fazendasou planta- vos,os colonosportuguesesinstaladosno Brasil tinham
ções.Pode-sefalar literalmente de um arquipélago necessidadede uma mercadoria de troca. Não ocorreu
brasileiro,pois essascélulascomunicavam-seapenas nessecasoa modalidadeclássicado "comércio triangu-
por cabotagem,ao longo do litoral. O fato foi prova- lar" com produtos da metrópole,mas troca direta, com
do quando o Brasil entrou ao lado dos Aliados na Se- pagamentoem fumo: o RecôncavoBaiano,região pró-
gunda Guerra Mundial: alguns submarinosalemães xima de Salvador,foi especializadonessaprodução.Era
foram suficientespara cortar qualquer relação entre necessáriotambém produzir o alimento para os escra-
Rio de Janeiroe Salvadore, por conseguinte,entre o vos - na região do açúcarninguém queria perder nem
norte e o sul do País,já que não existianenhumarota tempo nem espaçopara uma produção tão vulgar - e
interna, à exceçãoda precária via navegáveldo São criar os bois para impulsionar os moinhos que esmaga-
Francisco. vam a cana.Essasnecessidades provocarama criaçãode
A história da formação do território não se re- zonasespecializadas: as culturas alimentaresno agreste
duz, no entanto,a essesciclos.Entendê-la pressupõe (azonade transiçãopara o interior seco)e a criaçãoex-
levar igualmente em conta diversos outros fatores, tensivano sertão.NessavastazoÍa semi-áridanão sepo-
como o dinamismodos bandeirantes,os esforçosdos dia pensarem produção agícola,e apecuáia permitiu
missionários,a pacienteexpansãodos pecuaristase a conqústáJa, subindo os rios, notadamenteo São Fran-
tenaz vontade política e administrativa da Coroa cisco.Dessaépocae desseciclo econômicodata, por
portuguesa. conseguinte,a formaçãode um complexonordestino,

A t las do B r as il

36
02-03.A economia e o território no século XVll

j\
t
t
I-
Fortaleza

tal

Paraíba

Recife
Calvo

Cristóvão

Salvador

S áoJorgedos l l héus
santacruz
PortoSeguro

Sra daVitória
círitoSanto

i Me r i d i a n o Sebastiãodo Rio de Janeiro


d eT o r d e s i lh a s

fr ouro
-l n.^ ^^^ !^
I urvv oJ ^^. + : ^

Cana-de-açúcar
t pecuária

t-l Etxode expansãoda pecuária


- LimÌtedos Estadosatuais
:F Re g i ã oo c u p a d ap e l o sho la n d e se s
0 500 km
r Cid a d e se v i l a s @ HT-20A3MGM Lbeígéo

:m-=:Baseado
em Manoel
Mauricio
Albuquerque,
AtlasHistorico

uulostraçossobreviveram por nãoteremsofridoaltera- Os primeiros tinham traçado üas e inventariado recur-


,@0por nenhumcicloposterior. sos,fundando novas "ilhas", mas as ligaçõesentre elas
A primeirabaseda economiafoi, portanto,o açú- eram aindaprecárias,ou mesmoperigosas.Os comboios
rinr.e a unidadedo Brasildeveu-se muito ao controle de ouro entre Minas Gerais e Rio de Janeiro eram
p,nlíticodo territórioexercidopelaCoroa.Porémsuaex- freqüentementeatacados,e mais ainda os que vinham
Ëmnsão foi graçasa seusexploradorese seuspecuaristas. de Goiás ou de Mato Grosso.A tarefa de estender

Gênese e malhas do territorio

37
realmente o território, de ocupáJo,de traçar rotas cer- A expansãoe a consolidação-
tas e duradouras,foi dos pecuaristas.Assistiu-sea uma séculosXvlll e XIX
conquistafulminante, a uma verdadeiraexplosãoterri-
torial, cuja consolidaçãoe valorizaçãovieram graçasa Faltava,contudo,conquistara imensabacia amazõ-
seuspacientesesforçospara estabelecerestradas,fazen- nica para dar ao Paísa sua atual dimensão,o que foi fei-
dase pousadas. to a partir do fim do séculoXVI[, sem que nenhum ci-
Presentesdesdea época do açícar, os pecuaristas clo econômicoo justificasse.A Coroa portuguesatinha
tinham ocupado a mata semi-árida do sertão,criando sido levadaa tomar posseda foz do Amazonaspara res-
bois para fornecer às plantaçõesdo litoral a carne seca, ponder à ameaçados corsáriosestrangeiros. Em seguida
o couro e os animaisindispensáveispara girar os moi- ocorreu um duplo movimento,o dos militares e dos je-
nhos dos engenhos.As minas de ouro também precisa- suítas,ambos fixando seus estabelecimentos, fortes ou
ram deles,e o movimento de expansãoda criaçãopros- missõescadavezmaislonge,rio acima.Eram ambosan-
seguiupara o interior,para o norte e para o sul.Os pecua- siososde avançaro mais rapidamentepossível,porque,
ristas,que já tinham ocupadoo alto SãoFranciscoantes no mesmomomento,outros militares e outros missioná-
da descobertado ouro,reforçaramsuapresença,porque rios progrediam também na bacia do Amazonas - os
as minas constituíamnovos mercados.No norte ocupa- emissáriosdo rei da Espanha.Graçasa essadisputa,que
ram, do rio em direção ao litoral, os futuros Estadosdo continuou mesmo quando as coroas da Espanha e de
Piauí e do Ceará,e avançaramaté o Maranhão,nos con- Portugaltinham seunido (1580-1640),a progressão foi
fins da Amazônia.As necessidades do transporte do râpida, apesardos parcos recursos.O forte de Manaus
ouro induziram igualmente o desenvolvimentoda cria- foi fundado em1669, e as missõesescalonaram-se ao
ção dasmulas,nos camposlimpos,até entãomuito pouco longo de todo o rio a partir da metade do séculoXVII.
ocupados.Essacriação,apoiadanas estradase feiras es- Quandoos jesuítasforam expulsos, em 1661,a conquis-
tabelecidas,deu impulso decisivoà extensãodo domínio ta estavapraticamenteterminada.No séculoXVIII, o
portuguêspara o sul, frente aos espanhóis. movimento ampliou-se,progredindo ao longo dos
Foi, portanto, a pecuária,mais do que o ouro, que afluentes.Nos pontos-chave,os limites dos grandes
contribuiu para dilatar o espaçobrasileiro,tanto que ela afluentes,uma série de fortes de pedra foram construí-
durou apóso colapsoaurífero,criando estradase ponto dos,freqüentementecom pedras trazidas de Portugal.
de apoio estáveis:asfazendaseram estabelecimentos fi- Ainda hoje, na floresta, encontram-seimensasconstru-
xos, duradouros,amparosúteis nestasextensõesrmen- çõesno estilo de Vauban,em regiõesainda praticamen-
sas.A partir delas,o gado ia para o litoral seguindoca- te desertas,apontandoos seuscanhõesoxidadospara
minhos fixos de rio em rio, as estradasboiadeiras,com- uma fronteira vazia.E, por mais inúteis que pareçam,
paráveis aostrail"sdo oeste americano.Ao longo dessas essesfortes balaam a fronteira atual. Desempenharam
pistas,que fixaram o traçado das estradasde hoje, po- o papel de eficazesbaluartes,e as únicasmudançasque
voadosofereciametapas,pastospara descansoou en- a fronteira sofreuforam conqüstasbrasileiras,cujostra-
gorda e feiras periódicas. Muitas delas tornaram-se çadosdesenhammarcassalientesentre estesfortes.
grandescidades,como Feira de Santana (Bahia) ou Consideráveisganhosterritoriais foram obtidos na
Campina Grande (Paraíba).Mundo sem escravos,vio- Amazônia com recursosmuito limitados, algumascen-
lento, porém mais igualitário que o universodasplanta- tenasde soldadose algumasdezenasde religiosos.A ex-
çõese das minas,o mundo da pecuáriaprolongou as ploraçãoeconômicareduzia-seà caçae à extraçãode al-
zonasdo açícar e do ouro - uma fronteira móvel,mas gumasplantas,taízes,borrachae resinas,e os sonhosde
organaada, onde se manteve o espírito pioneiro dos riqteza,alimentadospor mitos recorrentes(o lago Pari-
bandeirantes,consolidandoe homogeneizandoo espaço ma, o Eldorado), nunca se materializaram.O motor da
que tinham conquistado. conquistafoi a vontade dos portugueses,agentesda

A t las do B r as i l

38
O2-O4.A economia e o território no século Xvlll

Riode Janeiro

I Atsodão
f, Ouroe diamantes
f- i n.^^r..1^ cêrïã^

Gl Cana-de-açúcar

f Pecuéria
----- E i x od e t r a n s p o r t e
- Limitedos Estadosatuais 0 500 km

r Cidadese vilas @ HT-2003M6M-LibeÍgeo

fure 3aseadoem Manoel Mauriciode Albuquerque,Atlas Histórico

frm e da lgreja,de estenderseudomínio.Dois fato- porquea Amazôniapesava


foi frouxae descontínua,
mrfavoreceram Porum lado,eramaisfá-
essaambição. poucoem um impérioassentado principalmente so-
dl arançarrio acima,beneficiando-se da navegação bre aspopulações e asminasdo Perue do México,cu-
frmca da baciado Amazonas, enquantonos domínios jaslinhasde comunicação passavam maispeloCaribe
rynhóis a cordilheiradosAndesconstituíaum formi- e peloRio da Pratado quepor esterio remotoe pou-
uilryelobstáculo. esoanhola co cômodo.
Poroutrolado.a resistência

Gênese e malhas do território

39
Descobertas de novosrecursos, avançoda pecuá- mundial.Duranteessecurtopeíodo,aAmazôniabrasi-
ria e vontade política conjugaram-se para provocara leirafoi percorrida,ampliada, e osavanços pioneirosfo-
formidávelexpansão do territórioportuguês. Em 1750, ram oficializados pelostratadoscoma maiorpartedos
no Tiatadode Madri,que delimitouos impériosespa- paísesvizinhos,comoo de 1903,quepermitiuanexaro
úóis e portugueses, o Brasilquasetinha atingidoseus Acre.Foi tambémpovoada:suapopulaçãopassoude
limitesatuais. 300.000 habitantes a 1.500.000 entre18'72e 1920.Priva-
Retificaçõesimportantes ocorreramnasfronteiras da dosrecursos daborracha, entrouemletargia,da qual
do Brasilatéo iníciodo séculoXX. Quasetodasa favor, saiuapenasno início dos anosde 1970e, assim,pôde
porqueos diplomatasbrasileirogespecialmente o mais acordarsobfirme soberania brasileira.
famosodeles,o barãodo Rio Branco,apoiarameficaz- Nessemesmoperíodo,a ondado cafétransformou
mentea progressão dospioneiros,obtendoa confirma- o sul do Paíse assegurou a suadecolagem econômica.
ção jurídicado fato consumado pelosaventureiros na- Introduzidono Brasilno séculoXVI[, o cafédesenvol-
cionais.Cadauma dessas retiÍicações de fronteirasre- veu-semagnificamente. No momentoem quea deman-
presentoua aquisição de dezenas de milharesde quilô- damundialparaa novabebidaaumentava, o Paíspodia
metÍosquadrados. Quando,em 1901,a arbitragemdo oferecerclimase solosbem adaptadosàs exigências
presidentedo ConselhoFederalda Suíçadeurazãoao dessaplantadelicada, encontrando, assim,o novorecur-
Brasilcontraa Françaem suadisputasobreasfrontei- so que lhe faltava para reimpulsionar a economia. Essa
rasda entãoGúanaFrancesa, o aumentodo território novaculturapodia,alémdisso,servir-se dosantigossis-
brasileirofoi superiora 70.000km2. temas,aquelesda cana-de-açúcar, e inicialmentenão
O séculoXIX e o início do séculoXX foram mar- provocounenhumamudançade estrutura.As planta-
cadospelosúltimos"ciclos",semdúvidaos que mais çõesde café,originalmente próximasdo Rio deJaneiro,
contribuíram paramodelaro território.O últimoe mais estenderam-se progressivamente para MinasGeraise,
curto foi o da borracha. A demandamundialde pneu- sobretudopelovaledo Paraíbado Sul,paraSãoPaulo.
máticoscresceumuito rapidamente com o desenvolvi- O caféencontrounosplanaltosocidentais suateÍrapre-
mentodo automóvel, e parasatisfazê-la instaurou-seto- ferida,onde,sob florestasintactas,estendiam-se solos
do um sistema. No patamarsuperiorestavam ascasas férteis,a famosaterraroxa,aterraavermelhada pelade-
de importaçãoe exportação de Beléme Manaus,e no composição do basalto,
inferioros seringueiros. A maiorpartevinhado Nor- No entanto,o ciclo do cafénão constituiuumaré-
deste,menosatraídospelaborrachado queexpulsos pe- plicatardiae meridionaldo ciclodo açúcar.O sistema
la terrívelsecaque devastouo sertãoa partir de 1877. escravista da plantação,dominadopela casa-grande, já
Maisde um milhãode nordestinos vieram,assim,insta- era,no séculoXIX, um anacronismo insuportável. Exter-
lar-sena Amazônia,e mútos ficaramapóso desmoro- namente,a Grã-Bretanha, por razõesdiversas, algumas
namentodo sistemadaborracha. Comesseepisódio, co- nobrese outrasnem tanto,lideravaa campanhapela
meçoua primeiraondade migrações internas,provade aboliçãoda escravatura e impunhaa proibiçãoao tráft-
quea população brasileiratinhaatingidosuamassacrí- cosobretodososmares. Era tambéminsuportável inter-

tica e era,então,bastantenumerosapara alimentar namente, paraaselitesintelectuaiq cujopontode üsta,
correntesinternas,dasregiõesmaisconsolidadas para apoiadoem considerações humanitárias e práticas,aca-
asterrasnovas,semdependertotalmenteda imigração. bou influenciando a decisãodo imperador. A quedado
A partir de 19i0 - quandoa Amazôniaproduzia Impérioseguiu-se à aboliçãodaescravatura,proclamad
807odaborrachamundial-, asplantações inglesase ho- em1888, e essaconjunção, nãofortúta,marcouemtodos
landesas do sudesteda Ásiachegaram à maturidade, ea osplanosa entradado Brasilemumanovaera.
suaprodu@qmaisregulare menosdispendiosa queo ex- A culturado caféfoi inicialmentedesorganizada
tratiüsmoamazônico, submergiue deprimiuo mercado pelofim da escravidão, masa respostafoi rapidamente

Atlas do Brasil

40
02-05.A economia e o território no século XIX

de Janeiro

Fl ori anópol i s

@ Hf-2oo3 MGM Libeeéo

z:e: Baseadoem Manoel Mauriciode AlbuqueÍque,Atlas Histórico

rncontrada: substituiu-se
a mão-de-obra servil,pouco permitiuestender asplantaçõese,empoucotempo,to-
çalificada e evidentementepouco motivada,por uma do o sistemase organizouem torno da ferrovia,que
mão-de-obra assalariada
ou sob contratoconstituída permitiaf.azeravançara frentede desmatamentoe ex-
cssencialmente de europeus,
cuja imigraçãoera orga- portar o café.Sobreos espigõesdosplanaltosociden-
nizadae parcialmentecusteadapelosfazendeiros e pe- taismontou-se umaredequeligavaascidadesregular-
b qovernodeSãoPaulo.Essebruscofluxodepopulação menteespaçadas.

Gênese e malhas do território

41
02-06.Crescimento da população 1550-1870

Po p u la çã o d o Br a sil ( m ilh ó e sd e h â bi tantes)

0
Datas Ooor
OOOO
o) o
O
N o @ r
{escala 6@r È@ O o @ @
não lineaÍ)

a. RobertoC Simonsen HistórìaEconômìcado Brasill15OO/ 1820)- (1978);


Apresentaestimativasatribuídasa ContreirasRodrigues,ThomasEwbanke AdrianoBalbt,p 271i
(1935),p
b. Pa n d iá Ca ló g e r aFso r m a çã o Hìstó r icadoB rasi l 33 C i tadoi gual menteporS i monsen
{fontea, p 88) e Marcílio(fontej, p 119);
c. Celso Furlado FormaçáoEconômicado Brasìl11959),p 93;
d. DaurilAlden.ThePopulationofBrazilìnLateEìghteenCentury-APreliminaryStudy (1963),tabelall
e p 194-195;
e. Joaquim Norberto Souzae Silva lnvestigaçõesSobre o Becenseamentoda PopulaçáoGeraldo lmpério e de
CadaProvínciade per si, tentados desde os tempos coloníaisate hoje (18701:
f. Giorgio lVortara.Sobre a utìlizaçãodo Censo Demográfìcopara a ReconstruÇáodas Estatísticasdo Movimento
da Populaçãodo Brasil (19411,p 4:
g. Autor Anônimo Memória Estatísticado lmpério do Brasìl i'1829l,Obra oÍerecidaao lVarquêsde Caravelas.
RevistaTrimensaldo lnstituto Histótico e Geográficodo Brcsì\.Tomo LVII4 Parte 1 (1985);
h. FranciscoJosé OliveiraVtana.Resumo Históricodos lnquérìtosCensìtárìosRealizadosno Brasil '1920lr:
i. Conselheiro AntonioRodriguesVellosode OliveiraÁ lgrejado Brasìl(18191,
citadopor JoaquimNorbertode Souza
e Silva(Íontee, p 162-163)

Essenovo ciclo econômicoalterou profunda- começoua declinar.Destavez,porém,tinhamsido


menteasestruturasdo País.Comoosciclospreceden- introduzidosnovosfatoresquepermitiriamcontinuar
tes,dominoude maneiraquaseexclusivaa economia o processode desenvolvimento em outrasbases,e a
nacional,
modelouumanovaregião,e,posteriormente, antigaregiãodo caféé hojenotávelpor muitasoutras

Atlas do Brasil

42
02-07.Do arquipélago ao continente

i1
Anos 1890

o'

\- il
I
I
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L^ A" ,
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Q i 4 k.
MGM-Lbetgéo
@HT2OO3 "

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? DistritoFederal
C a p l t adl e E s t a d o
tl

o Zonade inÍluênciados principaisfocos econômicos

o Centrode gravidadeeconômico
o e co n o m ìan a cio n a l
E s p a ç or e a l m e n t ei n te g r a d à

Grandeeixo rodoviárÌo

I Rotamarítimaou Íluviaì

€" P rn c i p a i sc o r r e n t e smlg r a Ìo r la s

rr"n,"t pìoneirase eixosde progressáo


d

quelhe asseguram
.:ividades, umasupremacla esma- bemüsíveisno arquipélagobrasileiro,pois o desloca-
:Jdorana economia brasileira. deixouatrásdesi trêsti-
mentodo centrode gravidade
de ciclos,o Paíssaiuprofun-
Dessalongasucessão posde regiões.
Aquelasquesão apenasruínasde ciclos
:ementemarcado em suaestruturaregionale em seu asquepuderamsobreviver
anteriores, aoseufim e,porúl-
dosciclossãoainda timo,aquelasemqueseacumulam atividades dinâmicas,
,stilodedesenvolvimento.Vestígios

Gênese e malhas do territÓno

43
02-08.Gênese do território: um modelo

Focoeconômico Capitaleconômica Capitalpolítìca Avançospioneiros Redede transporte


principal e sua zonade atração

Entradase
Século O açúcar Salvodor Salvador Bandeiras Lisboa

Mato Grossoe Llsboêe


Século O ouro Ouro Preto Riode Janeiro1763 Amazônia o caminhonovo

Interiorde Bio de JaneiÍo-


Século O caÍé SãoPaulo Bio de Janeiro Paranée Amazônia SâoPaulo

Brasília-Belém
Cidadede São Paulo BrasíIa1960 e BíasÍlia-Acre Litorale Brasília

recursose poder.Os desequilíbrios regionais,tão evi- cinqüentaanosatrás,separadas por vastosespaços


dentesno Brasil,são,em grandeparte,produtosdessa vaziosou quasevazios.Permanece aindaespaçopara
históriacontrastada. novascorridas,quandoum novo recursoaparecer
Mas,comojá foi dito,a históriado Brasilnãose aqui ou acolá,o que acontecefreqüentemente. E a
tednza esses ciclos.Outrosfatoresdevemserlevados potênciados meiosmodernosde transportee de
em consideração. A açãodeliberadadosgovernantes comunicação reduztodos os dias o isolamentodas
e o dinamismopioneirodos pecuaristas, dos garim- terrasde ninguém.
peirose dosaventureiros de todasasespécies lhe as- A organização atualdo espaçobrasileiroincorpo-
seguraram umadimensão continental,ondeas"ilhas" ra,por conseguinte,
asheranças de suahistóriaeconô-
produzidaspelos ciclos econômicoseram ainda, mica,da gênesede suaeconomia, de suasociedade, de

A tl a s d o B r as il

44
02-09.Evolução econômica

PIB( US$m ilh ó e s)


900
800
700
600 I
500
400
300
200
100
0
1951 1960 1999
Va r ia çã oa n u a l d o PIB( %)
3U
40
30
20
10
0
- 10
-20
-30

In fla çã o( %l
10000

1. 000
v1
-^
100

10 \^
ì
N N @ O sf r O O (O O) N t4 Cg = Sl È C) O (o O, N 6 co r sf r O O @ @
-
@ @ 3E E õs33E
Tl7r-
E EE 3 8 3 3 3 3 E E E E b b ã E g E g B g g r F+-
@ NE
m
o o

Escala semilogarítmiü: os anos de deflaçáo náo são rèpresentados

de poder,ou seja,da construçãode um comandodo centro.O pesoda históriacertamente não


. Comonosoutrospaíseslatino-america- desapareceur ocupadase estruturadasem.funçãode
prfudo colonialdeixoucomoherançaa econo- atividadeseconômicas diversas,
durante"ciclosl'distin-
dc grandespropriedadesexportadorasQtlanta- tos,as regiõesbrasileirasaindaestãoorganizadas em
edesigualdadesocial.O funcionamentoem ar- baciasde exportaçãoquaseautônomas. As disparida-
foi progressiyamente reduzido à medida desqueexistementreelasrefletemainda,em boapar-
totegraçãoterritorial foi sendorealizadasobo te,o maiorou menorsucesso de suahistóriaeconômica

Gênese e malhas do território

45
específica.
Enquantoo Nordestenuncapôderealmen- Essamutaçãoterritorialé resultadode umaver-
te livrar-sedo declíniodas plantaçõesde cana-de- dadeirarevolução demográfica e econômica, quealte-
açúcar,o Sudestebeneficiou-se,
apóso ciclodo café,da rou profundamente o Brasil,comomostramascurvas
essência do desenvolvimentoindustrial,o quemudou do PIB (globale em variaçãoanual)e da inflação(Fi-,
o ritmo da históriaeconômica brasileira.
Uma econo- gura02-09).A tendência foi indiscutivelmente de cres-
mia nacionalnova,cujaconstituição alterouem pro- cimentocontínuoe acelerado nasúltimasdécadas. Os
fundidadea sociedade e o territóriodo Brasil,substi- paísesindustrializadostiveramos seus"trinta anos
tuiu osciclossucessivos. gloriosos"entre1945e 1973.O casobrasileiroparece
indicarquea "décadaperdida"e atéa desastrosa pre-
As mutações do século XX sidênciade FernandoCollor de Mello não consegui-
ram alterara tendênciasecularde crescimento. Crises
Comparando assituações do fim do séculoXIX e periódicaspuderamalterarascurvase até invertêJas
do fim do séculoXX, passando pelomeiodo séculoXX provisoriamente,masa ascensão globalfoi forte, so-
(Figura02-08),nota-sequeem 1890existiamapenasal- bretudodesdeo iníciodosanosde 1970.A inflaçãoé,
gunspóloseconômicos isolados,
centradosem cidades contudo,uma presença familiarno panoramaeconô-
nascidas duranteosciclosdo açúcar,do ouro ou do ca- micobrasileirohá muito tempo,e suaespetacular re-
fé. O espaçoeconômico nacionalorganizava-se, de fato, duçãopeloPlanoReal,de !994,foi umaverdadeira fa-
em doisblocosseparados, Nordestee Sudeste, ligados çanha, mesmo considerando que ela voltou depois,
entresi apenaspelanavegação de cabotagem. A princi- numritmo de quase15olo por ano,e queoutrospaíses
pal correntemigratóriaera,então,a do Nordeste, devas- do continenteconheceram sucessos comparáveis.
tadopelassecas, paraa Amazônia,quecoúecia a forte Essasmutaçõesdemográficas e econômicas tive-
expansãoda borracha.A embrionáriafrente pioneira ram a suacontrapartidaterritorial,masum aspectoes-
do cafépercorriao valedo Paraíbado Sul. pecíficomerecesertratadoà parte:a criaçãode unida-
Nosanosde 1940,o espaço econômico realmente desadministrativase políticas- os Estados,que com-
integradoà naçãojá setinhaestendido sensivelmente.A põema federação brasileira,e osmunicípios, quesãoas
principalfrentepioneiranãosesituavarnaisnaAmazô- unidadeselementares das malhas territoriais.
nia,masno oestede SãoPauloe no norte do Paraná,
ondeprogrediarapidamente a culturado café.O princi- Princípio de formação
pal fluxomigratóriolevavanordestinos parao Sudeste,
das unidades administrativas
alimentando um enonnecrescimento urbano.
Nosanosde 1990- e a situação é hojeessencial- A formaçãodasmalhaspolíticase administrativas
mentea mesma-, o espaçoeconômicoconfunde-se brasileiras
fez-seobedecendo a trêsprincípios:liberda-
como territórionacional,comexceção da altaAmazô- de,desigualdadee divisão,Liberdadeemprimeirolugar
nia.Osfluxosmigratóriossãomaisregionaisquenacio- - à exceçãodo ato fundador,peloqual a Coroaportu-
nais,masestespersisteme sãoigualmentecentrípetos - guesaparceÌoua suanovacolôniaemcapitanias heredi-
mantêma correntetradicionaldo Nordestee do Sul táriasperpendicularesao litoral,o princípiosemprefoi
parao centro- e centrífugos - migrações do Sulparaa o de que novasunidadespodiamformar-se,a pedido
Amazôniaocidentale do Nordestepara a Amazônia dosseushabitantegquandoatingissem umapopulação
oriental.Azona de influênciado principalcentroeco- mínima,respeitadas regraslegaisespecíficas. É assim
nômico,SãoPaulo,e da capitalnacional,Brasília,coin- que se formamhoje aindaos municípios, e criaram-se
cide com o território nacional,masem algunslugares dezenas nosanosde 1990.É assimtambémquenovos
atéultrapassaa fronteira,comono Paraguaiorientalou Estadosformaram-se, aolongodosséculos, emum pro-
na Guiana. cessoquecontinuouatéo fim do séculoXX: a criação

Atlas do Brasil

46
A formação dos Estados brasileiros
O2-1O.

1821
A m a zo n a s

-ql i Tocantins

1817
821

to Santo
1799
1979
Mato Grosso

Focode povoamentooriginal
O

+ O r i g e md e E s t a d o(d e sm e m b r a m e n to )

Formaçáoconjunta 0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

er, Bl=- :-rano Estàtístico


2000

rdh ffif;amo
Grosso do Sul, em 1979,e de Tocantins,em justificando-se com argumentos a respeito do crescr-
ünffil.mrrerâm em respostaà demandainsistente de mento da população local, da distância da capital pa-
wumhmbitantesque não se sentiamcom quasenada em raense,da divergênciaentre os interessesda "velha"
luomüum com. respectivamente,Mato Grosso e Goiás. região central e os dessaszonas pioneiras em pleno
tffimryunregionais querem, ainda hoje, novos Estados, crescimento.Todos essessão argumentosque serviram
rmCarajásno sul do Pará(cuja capitalseriaMarabá), para justificar a criaçãodos Estadosatuais.

Gênese e malhas do território

47
0 2 -1 1 A
. f o r m a çã o d o s E sta d o s b ra si leir os:um modelo

Tr a t a d o d e T o r d e s i l ha s sé cu lo XVI SéculoXVll
tspanha ' Po r tu g a l

C api tani as
heredi tári as

SéculoXVll SéculoXVlll
Grão-Pará
e Maranhão
Recife PE

Salvador
t" --T-
BA

Rio I ^^ |I
ES

òr
N/latoGrosso
Su l

SéculoXIX SéculoXX
AIVI PA M A CE RN AM PA IV]A CE RN
PB PB
PE PE
AL AL
SE SE
BA BA
ES ES

RJ RJ
PR PR
lvlato Grosso
òL SC
FS RS

As novasunidadesformam-se pelo desmembra- grupos indígenas),núcleo centrado numa pequena


mentodasantigas. jurídicara-
Em geral,aformalização aglomeração,onde se desenvolvemcomércio,ativida-
tifica a formaçãode fato de umanovaunidadedentro desurbanas,toda uma vida econômicae sociallocal.À
da antiga:um novo núcleode povoamento forma-se medida que estase desenvolve,fica insuportávelpara
numaregiãoaté entãovazia(ou ocupadaapenaspor seushabitantesir até a sededo municípiopara afazeres

Atl a s d o B r as il

48
02-12.A formação dos municípios ocupados, ondese repetemnovosprocessos de uma
divisãodesigualentreum núcleoconstituídoe perife-
riasvazias.Existeuma nzoâyelcorrelaçãoentrea di-
Tempo 1 Tempo2 mensão e a populaçãodos municípios, porém essa
correlação nãoé perfeita,jâ qaeàspequenas popula-
ções podem corresponder pequenos municípios (nas
regiõesantigamente povoadas)ou grandesmunicí-
piosnovosnaszonaspioneiras.
O casode Rondôniailustrabem esseprocesso
de divisãorápidae desigual: enquantoo territóriofe-
deraltinha apenasdois municípiosem 1970,o novo
Estadojá contavacom52delesem1,997. A divisãofoi
Tempo3 maisrápidana parteoriental,crttzadapelanovaes-
tradaBR-364,do quena parteocidentalcentradano
vale do Guaporé.O fluxo contínuode migrantesao
longoda estradaconduziu,apósváriasrepetições do
processo, a umapulverização maiordesselado,e es-
pecialmente na paÍte central,maisprocuradapelos
migrantes. O desmembramento dosmunicípiosanti-
gos do lado ocidentalsó começouem 1993,com a
chegadadasestradasde penetraçãopa:ao vale.As
divisõescomeçaram pelo sul,que é, por conseguinte,
administrativos,e, sobretudo,elesnão suportammais maisfragmentado queo norte.
ficar sema representação políticade seusinteresses es- A resultantedesseprocesso- que já dura cinco
pecíficos.
Iniciamo processo de criaçãode um municí- séculos e aindanão estácompleto- é, portanto,uma
pio, seguemos procedimentos previstospela lei e, ge- grandedesigualdade entreasunidadesadministrativas
ralmente,conseguem, apesardasreservas dosseus(an- e políticas.Contrariamenteà organização das capita-
tigos)conterrâneos. niashereditárias,perpendicularesao litoral,a divisão
A desigualdade nascedas iteraçõesdessepro- conduza umaorganização grossomodoparalelaao li-
cessode cissiparidade desigual:as novasunidades toral. Como o avançomigratórioprincipaldeu-sedo
têm,em geral,umapopulaçãomenordo que asanti- lesteparao oeste,do litoral parao interior,asunida-
gas(o queé lógico,já quenascemdelaspor cisãode desmaispróximasdo litoral sãoobviamente menores
um grupoperiférico),masnão necessariamente um que aquelastalhadas- em geralmaistarde- no inte-
tamanhomenor,porqueé freqüentequesejamtalha- rior.Essefatoé muitovisívelsobreo mapaadministra-
dasemterritórioscompoucadensidade populacional tivo,nãosóparaosmunicípios, comotambémparaos
aosquaisa unidade-mãe não dá muita importância. Estados.O Quadro02-01mostraasdisparidades exis-
As primeirasdivisõesdeterminam, por conseguinte, tentesentreambososníveise a relaçãoentreo maior
unidadesde dimensãodesigual,entreasquaisa me- e o menorEstado,quevai de L aL46,paraaspopula-
nospovoadaé tambéma maior.Nasdivisõesseguin- ções,e de I a267,paÍa as superfícies. As densidades
tes,que afetamunidadesjá desiguais, aumentaa di- médiasdiminuem,também,comforte diminuiçãopara
ferenciação entre os conjuntosdensos, nos quaisas o oestee parao norte.
divisõesfazem-seentreunidadespequenase relati- O que é verdadeirono primeiro nível,o dosEs-
vamenteiguais,e os conjuntospouco densamente tados,repete-se com os municípios. O Quadro02-02

Gênese e malhas do território

49
B rasi Ì 1880
Nort-ô 121A5
São P aul o 36 966527 248 830 1 4 8 ,5 6
(Amazonas) 24 993
M nas G e r a i s 17835488 588 417 3 0 ,3 1
Nordeste 1 020
Rio de J a n e r o t4 óo /.113 4 3 9 15 3 7 1 ,1 6
285
B ahra 13066764 567.314 23,03
S udeste Õ42
Rio G ran d ed o S u l 1 017 9, 801 2 6 9 1 8 1 3 7 ,8 2
S ul 645
Paraná I 5 58126 199 722 41,86
Centro-Oeste 4 245
P ernam b u c o 7.910992 98 948 7 9 ,9 5
Ceará 7.411.402 1 4 6 3 6 1 5 0 ,6 8
Pará 6 1 88685 1 2 5 3 1 6 9 4 ,9 4
M aranhã o 5 63 8381 3 3 3 3 7 3 1 6 ,9 1
S ant aCa ï a r i n a 5 333284 95 450 5 5 ,8 8
G oiás 4 994 891 3 4 13 0 8 1 4 ,6 3
Paraí ba 3 43 6718 56 593 6 0 ,7 3
Fqniriïô qân+Õ
3 0 93171 46 188 6 6 ,9 7 1 6 14 3 8
Piauí 2 840 569 252 317 1 1,2 6 123102
Am az ona s 2 840889 1 5 7 7 .8 2 4 1 ,8 0 S áo Gabri eìda C achoei ra 109669
Alagoas 2 817.903 21931 1 0 0 ,8 7 Ori xi mi ná 108099
RroG ran d ed o N o r t e 2 170130 53 313 5 1,9 1 Aguas de Sáo Pedro S ão P aul o 4
Mat o G ro s s o 2 498 150 906, 817 2, 75 Madre de D eus B ahi a 11
Mat o G ro s s od o S u 2.075215 358 161 67q
S ão C aetanodo S ul S ao P aul o '16
Dis t riÌ oF e d e r a 2 043 169 5 822 350,94 Jandi ra S ão P aul o 1-7
Sergpe 1.719522 22 050 80,70
Rondôni a 13 17. 792 238515
T oc ant in s 1.155251 27A423 4, 15 todos situadosna Amazônia,excedemos 100.000km2
Acre 557.337 153. 152 3,64 (quaseequivalenteà superfícieda França metropoli-
A mapá 475.843 143.455
tana). Adicionando as superfíciesdos dez primeiros
Rorarm a 32 4J 52 225111 1, 44
(de mais de 5.000no total), chega-sea 10% do terri-
tório nacional,tanto quanto representamjuntos os
mostraque nas três regiõesorientais,as de ocupação 3.040menores.
mais antiga(Nordeste,Sudestee Sul), os municípios Os municípiosbrasileirosestendem-sesobre um
têm dimensãomédia muito menor que no Centro- território imenso.e se os menoressão mais ou menos
Oestee no Norte. Os extremosopostossãoatingidos equivalentes aoseuropeus, centradosnuma antigaparó-
no imensoEstado amazônicodo Amazonase no pe- quia,encontram-se, no outro extremo,territóriosda di-
queno Estado nordestinode Alagoas,cujas dimen- mensãode paísesdo velho continente.Estes incluem,
sõesmédias dos municípiosestão na proporção de freqüentemente, além das últimaszonaspovoadas,mi-
1 para 87. lharesde quilômetrosquadÍadosde florestasocupadas
As disparidadesglobais são, portanto, enormes apenaspor gruposindígenas, entre os quaisalgunsain-
(Quadro 02-03):entre o menor municípiobrasileiro, da não contatadospela Funai.
Aguasde SãoPedro(Estadode SãoPaulo,4km2),e o Novos municípiostêm sido criados ao longo de
maior.Altamira (Estadodo Pará,16I.446km2),a rela- toda a história,mas em ritmo variável,e algunsepisó-
ção é de mais de 1 para 40.000.Quatro municípios, dios importantesse destacamna curva da Figura02-14,

Atl a s d o B r as il

50
02-13.Evolução da malha municipal de Rondônia

1980 a
7 municípios
I
(-u

1985
15 m unic Í pios

I 1997-2000
52 municípios

1
Ì

- M a lh am u n icip a l
,"-==: Malhamunicipalanterior
\ Desmembramentos @ HT-2003MGM-Lìbergéo

,omnosea cadaperíodoforte da vida políticacorres- o casodo regimemilitar (1964-1985),


quandopoucos
gmdesseuma onda de criaçãode municípios: foi o municípiosforamcriados,emboradezenas de milha-
rtr!.Dna proclamação da Independência (1822),na res de quilômetrosquadrados de terrasnovastives-
lpta.-lamaçãoda República(1889)e no restabeleci- semsidoentãoconquistados, especialmentena Ama-
mto da democracia apósa quedado regimeautori- zônia.Coma voltaaopoderdoscivis,o impulsodein-
mimilodo EstadoNovo (1945).Mas,seesseperíodode dependênciatomou novo vigor. Fortalecidopelas
rqgimedemocrático foi ricoememancipações, nãofoi frustraçõesacumuladase pelaConstituiçao de 1988,

Gênese e malhas do território

51
O 2 -1 4 .Em a n c i p a çã od e mu n i cíp i o s de municípiostem história,tem também
suageografia.
Os municípiosquenasceram durante
N ú m e r o d e n o v o s m u n icío io s Porcentagem o longo período colonial (as primeirai
{ m é d i am ó v e ld e c i ncoa n o s) a cu m ul ada emancipações datam dos anos de 1530)
sãoem geral situadospertodo litoral,on-
500 100 de desembarcavam os colonos,masalguns
núcleosantigosde povoamentosão visí-
400 80 veisno interior,nosEstadosde MinasGe-
rais e Goiásou na Amazônia(Tefé,Obi-
300 60 dos,Cametá). Nesteúltimocaso, a precoci-
dadeda criaçãomunicipalé notável,por-
200 40
que a Coroanão davafacilmenteo título
de vila ou de cidade.Essacautela,causada
100 20
pelomedode perdero poderem proveito
0 0
de eliteslocaisnemsempredóceis, nãoera
semfundamento, já que os novosmunicí-
pioseramprotegidosdasinterferências de
N ú m e r o d e m u n i cíp io s ( to ta l) Lisboa pelas inúmeras semanas de nave-
2 000 gaçãodifícil necessárias a qualquercor-
1,800 respondência. Os prazospara enviarum
pedidodeinformação e paraesperara res-
1 600
postacontavam-se em meses, paranão fa-
1 400 lar das ordens, que não se sabia seseriam
executadas.
1 200
Os períodosdo Império(1822-1889)
1. 000 daRepública Velha(1889-1930) e do gover-
800
no Getúlio Vargas (1930-1945) viram todoo
território do Paísmarcadopor novascria-
600
Ce n tr o - Oe ste ções,incluindoo Norte,o Centro-Oeste eo
400 Nordeste, onde o controle do município era
um dos principais fundamentosdo poder
200
doscoronéis. O períododemocrático quese
0 estendeuentre o fim da SegundaGuerra
Mundiale o golpede 1964é notávelpelonú-
merode criações, masnãopor suadistribui-
Ção,havendocontinuidade de fracionamen
que facilitoua emancipação de novascomunidades, a to emunidadesnovasno Paísinteiro.Parao períododo
curvatomou,nosanosde 1990,umaformaexponencial. regimemilitarinstaladoem1964,a situação é oposta:
Considerando, alémda curvaqueexprimea pas- poucasemancipações, masde localização nãoaleatória,
sagemdo tempo,sua representação em um mapa, praticamente nenhumana altaAmazônianemnosEsta-
quetomacomoreferenciala datade criaçãodo mu- dosdo Ceará,daBahiae deMinasGeraisfiá bemestru-
nicípio (Figura 02-15),constata-seque,se a criação turados);em contrapartida, houvealgumasno interior

Atl a s d o B r as il

52
02-15.Data de instalação dos municípios

25 13Vo

3;"-=de instalaçãodo município*


2000
r ''nn,
- : ìê^,ihli^â
I .,nru
: =: -e m i l i t a r
r
l: ' no c r a c i a E 'nuo
= +:
-: : a V e l h ae
rnou
i. : : d o N o v o E .,rrn
I m p é r i oZ,r ,
>=-: : o c o l o n i a ffi 0 500 km
l
-1 5 30 @ HT2003 MGM-Libqgéo
'Náo sendo conhecida a data,
utilizou-se a de fundaçáo

.@ \:r:-sÌe. do Sul e de São Paulo,e muitas no arco Essaconcentração foi consideravelmente reforça-
iltrltri L :: Rondôniaao Maranhão,onde começavaen- da desdea volta da democraciae é nesseconjunto,co-
úürüli :,r:gredir uma frente pioneirade grandeamplitu- nhecidocomo "meialua" ou "arco do desmatatamen-
ru. çt-i=ia pela construçãodasestradasque cruzavam to", que foi criado o maior número de unidades,e em que
,l l"UU:.-' ia. se afetaramas maioressuperfícies. Note, contudo,que

Gênese e malhas do território

53
os novos municípiossituam-semais a norte e a oeste
que os da geraçãoanterior,traduzindoa progressãoda
frente pioneira que atingea alta Amazônia.A instalação
de municípiosnessasregiões,até entãogeridaspelo go-
Sáo, Santa / Santo 519 R el i gi ão 800
verno federal (que instalou aí muitas reservasindígenas F
Rio o/ 590
e parquesnaturais),não deixade provocarconflitos. a
Nem todas as implantaçõesnovas se tornaram, Nova / Novo i 87 OuaÌfi catìvos 495
contudo,municípios.Algumas continuaramsendovilas, José 69 N omes 413
subordinadasà sede.Estarãotodasdestinadasa eman- S ul 109 P ontoscardeai s 204
P i auí 67 Estado 293
cipar-se? Algumas,certamente, sãoos germesde futuros
Presidente 2l TíÌul os 85
municípios,especialmentenas regiõespioneiras.Mas Fonte:Listade nomes dos municípos, topônimoscom maisde dez ocorréncas
nasregiõesjá consolidadas a emancipação é poucopro- Sem os determÌnantes(do,da, de)

vável,mesmo em um contexto que facilita a criação de


unidades.Cabe aqui observarque a distribuiçãodessas palavras"São", "Santo" e "Santa" possuema maior
novasunidadesnão é homogênea:são maisnumerosas freqüência,que pode ser explicadapela prática usual
nas regiõesdensamentepovoadasdo litoral do que no dos primeiros ocupanteseuropeusde dar à nova loca-
interior, e nessasregiõeslitorâneasaparecemconcen- lidade o nome do santofestejadono dia de suafunda-
traçõesem certosEstados,particularmenteo Ceaú. ção.Registram-semais santosdo que santas,e a dis-
tribuição global no território é, em geral,similar à da
população.Entre os nomes que seguema marca de
Toponímia
santidade(ou que são associados a patronímicos),o
Um dos atosde maior importânciae maiscarrega- mais freqüente é José, seguido de João, Antônio e
do de símbolosna criaçãode um município é dar-lheum Francisco.Sua distribuiçãoespacialnão apresentane-
nome,e o estudoda toponímia(nestecaso,a análiseda nhum padrão notável, exceto a concentraçãodo no-
freqüênciasdaspalavrasna lista dos municípios)revela me Sebastiãonos arredoresdo Rio de Janeiro.cidade
muito sobrea sociedadebrasileira. da qual é santo padroeiro.Acrescentandoaos santos
Os topônimosmaisfreqüentessão aquelesrela- os outros indicadoresda religião (a crluz,o Paraíso,
cionadoscom a religião e, em especial,os que se re- Maria, Jesuse Deus),essegrupo é de longe o maisnu-
ferem aos santos- nada surpreendentenum país de meroso,presente800vezessobreas3.935ocorrências
tradição católica. Computadas separadamente,as recenseadas.

Cruz 41 .loão 68 Ca m p o /o s 5 9 Bo m / t
Maria/ Se n h o r a 3 5 A n t ô nÌo 49 Se r r a 45 Gr a n d e 56 45 Goi ás 40 S enador
Sant ana 35 F r a n cìsco 3 7 Ba r r a 39 Alta /o 52 2 TocantÌns 38 D om,
Conc eÌ c ã o 24 Pedro 36 Po r Ìo 38 Ale g r e Á1
P aul i sta 27 Governador
. les us 24 Migue 27 Lagoa 37 Vista 33 Maranháo 27
Bento 16 S e b a stiã o 2 3 M o n te 37 Ve r d e P ará '16

ia-a s : T5 Ag u a 18 P aul o 13
iv l s s : es 12 Ou r o 17

Atl a s d o B r as il

54
02-16.As vilas

O grupo seguinterefere-seao meio natural,o que recém-descobertas (em especialo ouro e os diaman-
ôiiHualmentebastante compreensível:no momento de tes) e que permitem grandesesperançaspara a futura
nome a um povoamento fundado nluma zona aÍé
uiil[m povoaçao.
odiilo deserta,é normal referir-se aosúnicos elementos Os adjetivos qualificativossão outra fonte de ins-
ilüú$Eisnaquele momento (campos,rio, lagoa, monte piraçãona hora do batismo.Deixando de lado,momen-
eücl- A toponímia pode também se referir às riquezas taneamente,os "ÍÌovos", constata-seque a dominante é

Gênese e malhas do territórìo

55
0 2-17.Ep ô n i m o s otimista:bom (ou boa),grande, alto,
ïeliz e até gostoso(SãoMiguel do
Gostoso, RN), o queé tambémbas-
tantenaturalno momentode criar
umanovalocalidade. Entreascores,
o verdeé a maispopular(24ocorrên-
cias),geralmente em referênciaà ve-
getação,seguido pelobrancoe o pre-
to (16e L4),relativosem geralà cor
de um rio ou do minériode ouro
ícomoemOuroPreto).
Outrogrupomereceumaaten-
çãoespecífica, o dospontoscardeais,
que constamfreqüentemente no no-
me do município(204vezes). Esses
nãosãoigualmente freqüentes,poiso
sulé citado109vezes. o oestee o nor-
Sant a s e s a n t o s te,respectivamente,50 e 45vezes, en-
O Sáo (363) quantoo lestetemapenas duasmen-
a S an t a( 1 9 4 )
ções. Talassimetria podeserexplica-
Santo(71)
da, porquese o lestenão tem ne-
nhumprestígioespecífico, o oesteé a
direçãodo avançopioneiro.O topô-
nimo"do Oeste"é, àsvezes, umaal-
ternativaa "ÍÌovo"e constituibomin-
dicadordaszonaspioneiras,sejano
oestedo Paranáe de SantaCatarina,
conquistados na primeirametadesé-
culo XX, seja em Mato Grossoe
Rondônia, conquistados na segunda
metadedo século.
O nortee o sulpodemter senti-
do diferente.Localizando asocorrên-
ciasno mapa,percebe-se quea refe-
rênciaé freqüenteno Paísinteiro.A
freqüentemençãodo sul é a marca
dos imigrantesdessaregião,muito
orgulhososde seu particularismo.
Nom es Masa menção podetambémserefe-
J os é( 6 9 )
O Migu e l( 2 7 )
rir àposiçãodentrodoEstado(demo-
O Sebastião(23) do que pontoscardeaisopostospo-
demcoabitar,ou mesmocruzar-se -o
sulde um Estadosendoo nortedo

At l a s d o Br as il

56
02-18. Pontos cardeais e identidades

seguinte).A referênciaa um municípiovizi- de gaúchos quedesejam manteroslaçoscomsuater-


tem conseqüências estranhas,
como"SãoJosédo ra natal).
- no extremosul do Rio Grandedo Sul,"Coli- A mençãodo nomedo Estadoé geralmente redun-
do Sul" no norte do Goiásou mesmo"União do dante("de Minas"em MinasGerais,"de Goiás"em
ütr-no nortedo Mato Grosso(trata-seprovavelmente Goiás,paracitar apenasos Estadosmaispreocupados

Gênese e malhas do território

5V
0 2 -1 9 .O s "n o v os" mu n i cíp i o s em marcarsuaidentidade).Ela pode
também servir para distinguir-sedo
Estadodo qual sefeza secessão (co-
mo no caso do Tocantins,separado
em 1988de Goiás) ou pode ser um
indicadorda origemdosmigrantes,o
que provavelmenteexplica por que
há um municípioadjetivadopor um
"Paulista"no Nordeste.
Uma última categoriade topô-
nimos,a dosprecedidosde "novo" ou
"nova", mereceespecialatenção,por
seu número (187 municípios)e por-
que indica uma dinâmica espacial.
Deixem-sede reservaos que se rela-
cionam a uma referência religiosa
("Nova Jerusalém"ou "Nova Alian-
-Ìvtaiinoa Lonüg..:
Oa ntig oe on ovo ça") para focahzaros que unem a no-
I Nomedeorigem va criaçãoa um lugarjá existente.Es-
I Novoou Nova a o' se pode ser uma cidade européia,e
0___ jEk- há no Brasil uma "Nova York", uma
A HÍ2003 MGM-Lìbergéa
"Nova Orléans",uma "Nova Fribur-
go' (Rio Grandedo Sul),uma "Nova
Ye\eza" (Santa Catarina) e uma
"Nova Odessa"(São Paulo). Reco-
nhecem-senessasescolhas,algumas
vezes,as origensdos imigrantes,mas
a "Nova Iorque" do Maranhãoé sem
*2.Êì dúvida mais inspiradapelo prestígio
o do homônimodo norte que pela ori-
o; gem dos seushabitantes.
oo
Mais interessanteainda são os
topônimos que se referem a outro
municípiobrasileiro.porquesãouma
indicaçãodos movimentosmigrató-
rios que conduziramàs criaçõesde
Data de criaçáo
"réplicas" de comunidadesantigas
r _ 19 9 7
I 9AU
nas frentes pioneiras,fundadaspor
tr',nuo migrantesque mantinhamboasrela-

1889 çõescom o seuponto de partidae so-


- 1730
friam uma saudadesuficienteda ori-
0 500 km
@ HT2003 MGM Libergéo gem para quererreferir-sea ela com
o nome da povoação-filha.

Atl a s do B r as iì

58
ummapadesses
C-onstruindo pares"Xnovo(a)X" reproduzem-se sobrea trajetóriadasfrentespioneiras:
corÍentesbem distintas,que refletemefetiva- Andradinatem suaNovaAndradinano Mato Grosso
oseixosde progressãopioneiraquemarcaramo do Sul,Olímpiahá duas,umano nortedo Paraná,outra
do Nordesteparaa Amazôniaoriental,do Sulpa- emMato Grosso.
e aAmazôniaocidentatOlinda(Per-
C.entro-Oeste O mapada datade criaçãodesses "novos"muni-
) tem "fi1h45"no Maranhão e no norte do To- cípiosconfirmaaidéiade "onda",de gerações suces-
espaçode conquistadosnordestinos, e mesmo sivasde fundação:raros à épocacolonial,fazem-se
Amazonas. Maringáe Londrina(estaassimnomea- maisnumerosos na RepúblicaVelhae vêm semulti-
cn referênciaa Londres,porquefoi criadapoÍ Ìma plicandodesdeos anosde 1980,por separação de co-
tulade britânicade loteamento),fundadosna pri- munidadesantigasna Bahia e Rio Grandedo Sul e,
metadeséculoXX na frentepioneirado café,no sobretudo,no arcopioneiroque se estendede Mato
do Paraná,já têm as suascontrapartes maisao Grossoao Maranhão, ondeasemancipações expandi-
e maisaooeste.no Paranáe emMato Grosso. Mu- ram-secoma chegadamaciçade migrantesvindosdo
do Oestepaulista,fundadosnosanosde 1930, Nordestee do Sul.

Gênese e malhas do território

59
CAPÍTULO
3

O MEIO AMBIEI\TE
E SIJACESTAO
or queum capítulosobreo meioambienteemum primeiroporquefoi apontadocomoum dospaísescau-
atlasque se esforçapor integrar,tanto quanto sadoresdosproblemasambientais planetários(devido
possível,
fatosda sociedade e da nalntreza?Anti- àsemissões de gases, ao efeitode estufae à perdade
gamenteteria sidonormalconsagrar um capítuloao biodiversidade causadapelo desflorestamento e pelos
meionatural(distinguindo relevo,geologia,hidrografia, incêndiosflorestais),em seguidagraçasa uma ativa
clima,vegetação), considerado - na melhordashipóte- ofensivadiplomática planetária, lançadaparamitigar
ses- comoum conjuntoderecursos à valori-
oferecidos osefeitosdessa'imagem negativa. Contudo, graves pro-
zaçãoeconômica. Hoje,a abordagem mudou,porqueo cessosde degradaçãodo meio ambientecontinuam
temadosrecursosnaturaise de suagestãofoi reconsi- ocorrendo no Brasil:o empobrecimento da faunae da
deradoe temsidoobjetodemuitosdebates. flora; a erosãodossolosligadosa um modeloagrícola
A problemáticaglobaldo meio ambientetomou intensivoque praticamonoculturasem ecossistemas
uma importânciacrescente ao longode todo o século frágeis; a expansão dasinfra-estruturas de transporte e
XX, devidoà exploração freqüentemente excessivados dascidades, queconsomem vastassuperfícies de vege-
recursosdisponíveis, à evidentedegradação de alguns tação,até entãopreservadas, e perturbam osescoamen-
deles, à poluiçãocausada tantopelosdesperdícios como tos hidrográficos; a poluiçãoindustrial;a escassez das
peloconsumo crescenteinduzidopelosmodelos dasso- instalações de tratamento daságuasresiduais; e a cria-
ciedades industrializadas. çãode microclimas artificiaisnasaglomerações urba-
Ao lado de pesquisas sobreos componentes do nasou aoredordosreservatórios dasbarragens.Todos
ambiente e debatessobreproblemas planetários(aque- esses fenômenos constituem impactosnegativos e são
cimentoglobale efeito estufa,buracona camadade frutosdeumcrescimento freqüentemente desordenado
ozônio,perdade biodiversidade, transportede resíduos que entraem conflitocom aspolíticasde proteçãoao
perigosos, poluiçãotransfronteiriçaetc.),as questões meioambiente,
ambientais começaram a sertemade negociações inter- No entanto,apesardessaconstatação, observa-se
nacionais, elementoda NovaOrdemInternacional e de hoje que gruposambientalistas pedemmaisestudosa
pressõesgeopolíticase causadefendidacom paixão respeitodosgrandesprojetosmaisnocivosao ambiente
mundialmente. Os paísesem desenvolvimento integra- (queeramlevadosa efeitosemcontestação sobo regi-
ramessas questõesa suaspolíticasinternacionais,
vincu- me militar),a fim de conheceros efeitospotenciaisso-
landonão só os problemasambientaisà luta contraa bre a naturezae aspopulações locais,e conseguem blo-
pobrezacomotambéma exploraçãoexcessiva dosre- queáJoseficazmente, obtendomuitasvezessuarefor-
cursosnaturaisàstrocasdesiguais do comérciomundial. mulação, A partir de 1956,coma criaçãodaAssociação
O Brasil foi incluídoinvoluntariamente nessedebate. de Defesada Florae da Fauna(Adeflora)por Paulo

A t las do B r as il

60
\osueira Neto,com o fim de protegeros últimosresquí- Esteselementos integrados em grandes domínios
;os florestaisda região do Pontal do Paranapanema morfoclimáticos, comodemonstrou AzizAb'Saber, são
Estadode SãoPaulo),e a partir de 1958,com a criação desigualmente transformados pelosprocessos de ocu-
:e FundaçãoBrasileirapara a Conservação da Nature- paçãoe formaçãodo território,dos quaisdecorrem
r: (FBCN), essesproblemascomeçarama mobilizar a problemas de degradação do ambiente, estesmesmos
rrciedadebrasileira,principalmentecontra a ação- ou marcados peloscontextos culturais decadaépoca, indo
r inação- do Estado.Mas foi apenasa partir dos anos da destruição semculpaà atualtomadade consciência
s 1970,com o fim dos anosde chumboe com a redução ecológica.
ia censurae da repressão,que as denúncias,ascríticase Definiresseimensoespaço por suascoordenadas
u. pressões feitaspelosgrupossociaisorganizadospro- geográficas,precisas masabstratas, não assegura uma
duziramcerto efeito. Primeiro institucionalizou-seo idéiaexatada dimensão do país. O únicomeiorealpa-
çctorambiental,com a críaçãoda SecretariaEspecialdo ra garantira noçãodesuaamplitude corretaé percorrê-
\Íeio Ambiente (SEMA), em 1973,confiadaprecisa- lo e medirasdistâncias emtemposdetransporte. Nafal-
vente a PauloNogueiraNeto,e criaram-semecanismos ta disso,pode-se ter comoartifícioe recursoo mapea-
'crídicos e financeiros de proteção ao ambiente.Essas mentode algumas dasdistâncias decidadea cidade, es-
rolíticasintensificaram-se apósas grandesconferências tabelecidaspeloDepartamento Nacional deEstradas de
;r Estocolmo(1972)e - mais ainda - do Rio de Janeiro Rodagem(DNER,recentemente substituídopeloDe-
'-992).OBrasildispõehoje de uma daslegislações partamentoNacionalde Infra-estrutura
mais de Transpor-
ur-ançadas do mundo, e o País foi capazde passardas -
tes DNIT).Calculadas decentroa centro,pelasestra-
denúnciasmútuas às parcerias.O discurso oficial, por dasasfaltadas (Figura03-01), essasdistânciascontam-se
nnseguinte,alterou-se,ainda que se possadizer que em milharesde quilômetros, e chegara determinada
loÈnasos interessespolíticos e econômicosintegraram cidadepodelevardehorasa diasde estrada.
-.r..talmente,
para além da retórica, as práticasdo desen- A imensidão do territórioé acentuada parao via-
woìrimentosustentável. jantepelofatode eleter à frente,geralmente, planícies
Para medir os progressosfeitos - e os que per- e planaltos,àsvezesdominados por relevostabulares.
manecempor fazer - é necessárioconsiderara imen- Essatopografiaderivada estruturageológica do País,
sdão do país,o peso de suasestruturas,a diversidade formadaessencialmente de antigosescudos(escudo
lrr S€usecossistemas. Somentea partir da observa- Brasileiro,escudodasGuianas, escudoUruguaio-Sul-
+Lì desses aspectos os poderes públicose a sociedade Riograndense) e de coberturas sedimentares ou vulcâ-
:rJem abordar a valorizaçã.odos recursos naturais nicas. Entreestasúltimas, o basaltodo suldo país(São
.l.eua.energia,minérios) e a ponderaçãodos proble- Pauloe Paranâ)tevegrandeimportância na história
r.i. ambientais. agrária,poisde suadecomposição resultam,sobclima
tropical,solosférteisde terraroxa,quecontribuíram
parao sucesso dafrentepioneirado café.A Figura03-02
As estruturasessenciais mostraa relaçãoentreessasestruturas e as altitudes,
dos ecossistemasbrasileiros claramente maiselevadas no quadrante sudeste,
ondese
situamdoisdostrêspontosculminantes do país,o pico
Da dimensãocontinentaldo Brasildecorrea diver- da Bandeira,2.987 metros, e o picodasAgulhasNegras,
qrÈ,le dos ecossistemas. Em um país que se estendedo 2.890metros(o terceiro, monteRoraima,3.200 m,situa-
ïrr:È do equadorao sul do trópico de Capricórnioe do seemoutraextremidade, na fronteiraentreo Brasile a
j':: :.-ì -le meridiano a oestede Greenwich,encontram- Venezuela). Esseplanaltocentral, distantedeserunifor-
= :-sÌcmasclimáticos.domíniosgeomorfológicos, forma- me,é marcadopor uma sériede cadeiasmontanhosas,
:-c vesetaise Daisagens fortementediferenciadas. escarpadas e reversas,e dechapadas (relevos
tabulares),

O meio ambiente e sua ctestão

61
03-01.Distâncias de quatro algarismos

D i s t â n c i a s d e ce n tr o a ce n tr o
(opçáomais curta por estradas
asfaltadas, em quilômetros)

<(-g Brasília
.($ Pelotas
€ R i oBr a n co 0 l:,:,-
<É.ê Recife
Eorte:Dêpartareiro Nacoral de Estradasde Rodagem(DNER), de Plane/amenÌo
AP/Divisão

comopor exemploa serrado Espinhaçoou a serrada Diamantina,no Nordeste,ou a chapadados Parecis.em


Canastra,em MinasGerais.Termina,do lado oriental, Mato Grosso.Elas tiveram importância limitada na va-
pelosúnicosrelevosnotáveis,
a serrado Mar e a serrada lorização do espaço,exceto quando nelas se encontra-
que
Mantiqueira, bloquearam por muitotempoo avan- vam jazidasde pedraspreciosase estão.aindahoje.en-
çodosportugueses quechegavam pelolitoralAtlântico. tre as regiõesmenospovoadasdo País Essaapresenta-
Outrascadeiasdominamosplanaltos,comoa chapada ção é bem simplificadana Figura 03{3. que ressaltao

Atlas do B r as il

62
rìi'rr : São Francisco,na Bahia, e dá 03- 02.Altitudes e geologia
-Tì, -:.; da complexidade dasestruturas
,- ,,:: iiÌhos escudos,
mil vezesaltera-
. " -,:i.'adospor falhas,balançose in-
r-,- tr: rìlcânicas.
:... essasasprincipaislinhasde es-
.l queconstituemdivisoresnaturais
; -::
-'.-ias hidrográficasAmazônica,do
," --:!Ìe. do São Francisco, do Paraná,
r' -:-{uâi e as litorâneasde Leste,Su-
t - .. : Su l.
Ào ô.
. -d^
,t clichê"paístropical"poderesul- -ddd

.n :. domíniodesseclima sobreo País,


-jr . :larcadopeÌasalternâncias de pe-
" : r \ecose úmidosdo que pelasqua-
da Bandeira
: :.:acõesligadasà rotaçãoda Terra ^ã
Altitude
: f,l ,, rflo do Sol. Mas não é o único cli-
::- :,-.País,e a variedadeé grandeentre
:--:-t.rriâl úmido amazônicoe o sub-
:--:.rado do sul, passandopelo semi-
.,-:- do nordeste.As tipologiasmais
Ì:: reconhecidasconstroem-secomo
-:: ::andestiposde precipitaçãoanual,
rr: ;ependemda dinâmicadas massas
.r: :- que se deslocamsobreo continen-
Li : - lobre o oceano,e dasquaisascon-
-.:-=tse os progressos sãoresponsáveis
rtr :ì rariaçõesclimáticas(Figura03-04).
-- -':ssa Equatorialcontinental- mEc,
-:-.,:rda na Amazônia ocidental,é a
- -: :\erce açãomaissignificativasobre
:--ra do País,mas três outrasmassas
-,: ::. de origem marítima,têm igual-
--:::: a suainfluênciae contribuempa- Ëffi Primárra
-. . iormaçãodos subtiposclimáticos. Se cundárra
f-l Terciária
- -.. delassão quentese úmidas- as
Ou a ternári a
r,,,...s de ar Equatorialatlânticae Tio- Ro ch a s vul câni cas
-- - -.1:-+:^^
-: . : llâf ll l C â - , e n q U a n t O a te fce lfa , a Ba sato
_; r gneas ac oas
r:... Polaratlântica,é fria. Estaúltima L i

:- :rande importânciana regiãoSul e Lineam e n t o s


.--. " Cuestas"
0 500 km
: . :-. ÌrLìinverno,atingir a região ama- Fossatectônica
- @ HT2003 MGM Lìbergéo
' :,:; causandoo espetacular fenôme-
- :.'i ri a sem " .

O meìo ambiente e sua qestão

63
03-03.Esquemaestrutural no mundo,devesuasextensões an-
do crato do São Francisco fíbiasmaisà topografiaplanae aos
contributos de águadasregiõesvi-
zinhasdo quea suasprecipitações.
A regiãomaisseca,centradano.
oestede SãoPaulo,não chamaa
.. Blocode Serinha
Cinturade Jacobinai-.-- ' >/
ì39' atenção, contrariamenteao polígo-
-
no dassecasdo Nordeste. De fato,
; PlúÌonsieníticode ltiúba
- ,u

esteúltimoé maisvasto,suaaridez
maismarcada, e suassecasperiódi-
castiveram,aliadasa um fundode
de Mairi-/
Lascamento CinturaSalvadoFCuraçá
subdesenvolvimento crônico,efei-
tosdesastrosos.
Lrneamento PlútonsienÍ{ico
Contendas-Jacobina de Santanáoolis . Os climasúmidosocupamo resto
Faixa de ltabeÍaba do País,grandepartedaAmazônia,
F ar xade
l -.,
\- , PortoAlegre o Sudeste e Centro-Oeste.
com.na-
turalmente, matizessensíveis
entre
Salvador os subtipos.A agriculturapluvial
pode ser praticadaem todas as
sub-regiões, sendoque as limita-
çõesdossolos,a acessibilidadee os
recursosfinanceirosmostram-se
muito importantes e podemexpli-
100km car as diferençasde prosperidade
@ PS-JCC-2003 M GM-Li bergéo
F o n te :P S a b a té & JC Cunha,1998 entreos agricultoresdesseimenso
conjunto.

Os contrastes climáticos.contudo.são marcados As particularidades da região secaaparecem


maispelasprecipitações do quepelastemperaturas, e igualmente nosmapasde insolação e evaporação (Fi-
formamum conjuntode subtiposcujolequevai dosex- gura03-05). Nessas áreas,háumavantagem paramuitas
tremamente úmidos(semnenhumaestação seca)ao se- comoo turismo(ao contráriodaAmazônia,
atividades,
mi-árido(emqueonzemeses do anosãosecos).Grosso ondeosturistasdevemsuportar,freqüentemente, além
modo,adistribuição desses subtipos
climáticospodeser do calorúmido,céusencobertos) e perspectivasparao
caractelzada comosesegue: desenvolvimento da energiasolar.Mas o climaé tam-
o Os climassuperúmidos situam-seem doisconjuntos bémresponsável pela evaporação, quetemo seumá-
territoriaisbemdiferentes. De um lado,no extremo ximona regiãomaisseca,e desfavorece a irrigaçãoe
nortedo País,commáximasna fronteirada Guiana a hidroeletricidade: o lago de retençãoda barragem
Francesa e na "cabeçade cachorro", a noroestedo de Sobradinho perdequase200m3/sapenas pelaevapo-
Amazonas, e de outroladono Sul,sobreaselevadas ração.O potencial eólicoé máximono Nordeste e apre-
terrasdo interiordo Paraná, emSantaCatarinae no sentavantagens, tantoparaa energia(é nessaregião
Rio Grandedo Sul. quesãodesenvolvidas asexperiênciasdegeraçãoelétri-
. Os climassecosabrangem situaçõesdiferentes.
Para- ca auxiliadapor dínamosaéreos)comoparao turismo
doxalmente, o Pantanal,a maiorregiãode pântanos costeiro(surfe,velae windsurfe).

At las do B r as il

64
03-04.Climas

Comoo fatorprincipalde diferenciaçãoé muitas o O ecossistema amazônicoé constituídoprincipal-


vezesa vegetação (Figura03-06),ela servede,refe- mentepelaflorestaequatorialamazônicae pelaflo-
rência,tanto quantoo mapados ecossistemas, para restatropical,com pequenasextensõesde cerrados
fundamentara análisedosgrandesconjuntosnaturais emRoraimae Amapá,sendoquenesteúltimo Esta-
do País. do seencontraumazonacosteirademangues e praias

O meio ambiente e sua gestão

65
03-05. O Sol, a água e o vento

lnsolação
(horas/ano)

Evaporação
(mm/ano)

a.uuu -àp,ü,;E
2.000
1.500
E rzoo 1.000
60=iÌ
600
Fonte:ANEEL Árbs da Energí
Ete?:a.2W2

E um dosecossistemas brasileirosmaisconhecidos
mundialmente, devidoàsameaças decorrentes dos
grandesdesmatamentos e do riscodeperdade biodi_
versidade.
Outrosinteresses d"conemdasperspecti_
vasde remuneração dosserviçosambientais e de re_
cursosparaasindústriasde biotecnologia,
domínios
nosquaisa investigação e osmecanismãs jurídicose
financeiros
sãoaindaembrionários
o Os ecossistemas dos cerradose do meio_nortesão
basicamente formadospelos cerradose cerradões,
estecom matasmaisdensase altas,
e estendem_se
numeixolongitudinalnordeste_sudoeste,
cobrindoo Velocidade
Mato Grossodo Sul (menoso funtunui;, dO Vento
o suf O, !Lópigo_*_
Mato Grosso,o oestede MinasGerais, (m/s) caPlcóno
náiiu, Coia,
e Tocantins,
acompanhando a fronteiraentre'oMa_
I >8,5
I 6,0-8,s
ranhãoe o piauí.Os cerradosforam 5,0-6,0
transformados 60,.w
profundamente pelaexpansão dapotentefrentepio_
< 5.0 a 5OOkh
e t-2:r:3 uGt*Librgéo
neira agrícolaa partir dosanosde
l970,qìuìào u,
pesquisas da EmpresaBrasileiraa. f.rquiru
Àgro_
nômica(Embrapa)permitiramdrr"ouoìu.,
uuri._ Os movimentos ambientalistas
dadese modosde culturas(especialmente protestaram contraos
a cor.e_ estragosirreversíveis promoüdos
da
ção acidezdossoloscomcalcário)adaptados sobreos cerradose
ao obtiveramsuainclusãona lista ao
ecossistema, até então visto como inutitizavet. ruO,yWWfrunep
entreosecossistemas ameaçados
deextinção.
Atlas do Brasil

66
03-06.Vegetação

. C^atinga("florestabranca"emtupi)é,aomesmotem- do Pantanalé um complexode vege-


. O ecossistema
e suavegetaçãodominante, um mosaicodecerrados,
taçãoheterogênea, florestas
lrr nomedo ecossistema
mnamataespinhosa queocupao interiorsemi-árido e até mesmo São
caatinga. terras baixas,alagadiças,
ò ì,Iordeste.Encontra-se em oito dosnoveEstados inundadasduranteumapartedo ano,e é essainunda-
rt"rsaregiãqà exceçãodo Maranhãqjá pré-amazônico. çãoperiódicaque pÍomoveo fluxo de nutrientes,

O meio ambiente e sua gestão

67
03-07.Ecossistemas

60' w
I

=.:==

A m a z ô nia
l'l_l cerrados
C a a t i n ga s
[E@ Meio-Norte
Pantanal
ffi Costase florestaatlântica
f - _ _ l F , o r e s t ase
s m ica d r r cifó lr a 60"w
Í_^.
I i írn n e l ro s
E xtre mo Sul

Fonte: lbama

responsávelpela grande ríquezade flora e fauna do quase140mil quiiômetros quadrados.


Esseecossiste-
Pantanal.Inúmeros programas nacionais e interna- ma é frágile estáameaçado.ao mesmotempo,pelo
cionais de proteção ao ambiente foram instaurados crescimento da pecuáriaextensivanas suaspartes
para defenderesseecossistemaúnico, a mais vasta baixas,peladispersãodo mercúrio(utilizadopelos
superfíciede pântanoscontinentaisdo mundo: são exploradores de pesticidas
de ouro) e dosresíduos

A t las do B r as il

68
-'--f pelos agricultores) carreados
{núriìr'ÍrÌ{ 03-08. Outras classificações
,mD'Í/r.ii[iìrr que o domina,e pela explora-
Iüluni ÍÈ :--i-i matas de galeria, o que au-
ÍlmErnÈ i ::rìsão e a sedimentação.
lili :t-ì:$:ìiilemas costeirose a mata atlân-
-
rliritKilí::.ìnham o litoral de norte a sul.
ïr:sn n. "profundidade" variável, que
Ë 'rrïJL: : rslreita faixa costeiraao Nor-
ru : \--:Jeste. do Amapá a Salvador
llìSü{,. .:Juanto ao sul dessacidade essas
mrrmr'uur.:r-c! ampliam-se,encobrindointei-
:lt@ÊI:: ,-ìsEstadosdo Espírito Santo e
,fimi';r: je Janeiro, alongando-sepelos
inru;lii.rr:s nais meridionais.A vegetação
ì[rlelüimi:àntenessesecossistemas é, res-
'Fí!1{r'ÍrË-3nte. Um COmpleXO de pfaiaS, B i omas
frilm'!Ì,r.,
: -Ìengues,e a florestapluvial den- Amazônia
ruu. &s.:. resiõeslitorâneasforam as pri- Cerrado
Mata atlântica
rnmnramis -cupadaspela colonizaçãoportu- P antanal
lÍuüiuq',n : tembém onde se desenrolaram C aati nga
rrrMÍirs:.rs ciclos econômicosda história ffi Zonacosteira
í-:mnnc crrlinnc
Itlui:iryilc'::. por isso a transformação da
Fonte: lbama
rmmnÍ-::': foi mais profunda. Os remanes-
,,rurrr:ei :" mata atlântica (menos de 7%
,uffi :t=-oes iniciais) foram declarados
futgte:-,: da Biosfera pela Unesco, em
:mrms.-:-::ncia de pressõesempreendidas
nrrnm - \.-G:como a SOSMata Atlântica.
tr,:si-r:sras semicaducifólias(que per-
-
$PÍm:t: parte suas folhas na estação
irni =- .-rposiçãoàs florestas equato-
ïiüIs : -i asperdemmasasreconstituem
rfiÍirLr-:Tente) formam uma zona de
ilrunr.;i,;ãr para os climas subtropicais.
'i rr,',r-:-- ou cobriam - o centro-oeste D omíni os
.nrcS-l- Frulo e o norte do Paraná,antes morfocl i máti cos

.&ü:",i:{.l:iemda frente do café:essaden- A mazôni a


Cerrado
Ì:ìi:::.--,fofoi abatidaa partir da pri-
iiiiiiü Mar de morros
rclni -=tade séculoXX, e atualmente C aati nga
Araucária
irrul]Lú:::.lne5centes,em geral,nas mar-
C ampos
m-fi -,-s
-ni Zonade transi Ç ão

- -l ::;:ss:s:.ma dos pinhais,originalmente Fonte:


AzizAb'Saber
itmrril:,. sla mata de araucárias,associa

O meio ambiente e sua gestão

69
03-09. Limites e ameaças

60"w
I

D o m í n ioa m a zô r lco
L i m i t em e Íid io n a l
da florestaamazônica ï
: ...;',:
-j';; -'.
I .'r ,'r'
Arco do desmatamento

Pantanal

Domíniodos cerrados
Domínioda caatingâ
Desertificação
Trópicode Capricórnìo
Costase florestaatlântica
L i m i t ed a flo r e staca d u cifó lia

D e s m ata m e n to

Desabamentos

=. Domíniodos campos

1 P i n h e ir o s

, . , " , A l t i t u d ese n tr e
2 0 0 e 5 00 m e tr o s
Fontes:lbama,GeoBrasil
2002,pe_rspectivas
do Meio AmbienÌeno Brasrl

uma floresta subtropical misturada com vegetação


floresta por uma reglão a_dcola iniciajmenteprodu_
herbáceaou arbustivae ocupaos planaltosbasalticos
tora de milho e trigo. seguidade soja.A vegetaçao
ocidentaisda bacia do paraná.A partir do início
do apresentaapenascercade 20% da onginal, e a arau_
séculoXX, a atividademadeireirae a exportação
das cáriapraticamentedesapareceu, excetoem zonasde
cascasde araucáriasprovocaram a substituição
da difícil acesso.

Atlas do B r as il

70
do ertremo sul (a campanhagaúcha) com suadegradação, sendocadavezmaisreconhecida
ç'or colinas cobertas por vegetação comoum bempúblico.Muitos grupossociaisnão dis-
flsuanÌo nas vertentes mais acentuadas põemde tecnologianem de capacidade paraltilizar
nnm*rsggtraçiomais densae mais diversifica- adequadamente os recursosnaturais,especialmente as
i
l[ Eno;at- de bovinos, as queimadasperiódicas riquezasminerais,ou não têm outra opçãoa não ser
I r regenerÍÌÍos pastos,o pisoteio do gado, vendê-losa baixospreçosno mercadointernacional, no
{ er srì.iae do arrozdesencadearam processos conhecidosistemada troca desigual.Para oetros,em
.u$rezes catastróficos,e causaramo empo- contrapartida,
essesprodutosconstituem apenas umdos
il solos.o que ameaçagravementecer- elementos- entre outros- da suabalançacomercial.
Certasregiõesdo Brasilestãono primeirocaso,outras
no segundo,mas,nosdoiscasos, asdinâmicasterritoriais
"{n'mÈnrçao desseselementos (relevo e clima)e que resultamda exploraçãodesses recursosdecorrem
ortrnr:olos e vegetação)origina ecossistemas tão dasescolhas econômicas,dosfluxose dosimpactosde-
quc aao é surpreendentea existênciade diver- sencadeados pelosmodosde valorização, e é sobesse
mfrr: sa classificação. Aziz Ab'Saber(Figura ânguloquea questãoseráanalisada.
-*eisdomíniosmorfoclimáticos: osoriginá- Quantoàsreservas de minérios,asprincipaiscon-
- amazônico, mardemorros,araucárias; e centraçõesestãoassociadas aosterrenosarqueozóicos e
smn predomínio de espéciesvegetaisherbá- proterozóicosdo escudobrasileiroou do escudodas
a-c- cerrado,caatingae pradarias- sepa- Guianas.A suaexploração foi, duranteséculos,
umadas
li*ruai de transição.Essaclassificaçãoapresen-
basesprincipaisda economiabrasileira,masprovocou,
ute. foÍes semelhançascom a dos biomas igualmente,dramas(como,por exemplo,a invasãodas
prirr lnstitutoBrasileirodo Meio Ambientee pelosgarimpeiros,
terrasdosianomâmis em1990)e dei-
\arurais Renováveis (Ibama)e coma dos
xoumarcasprofundas na paisagem, comoa imensaes-
tFisura03-07): há consenso sobrea área
cavaçãoda serrado Navio (Amapá),que foi, um dia,
,mdaum deles,masocorrediscussão sobreos
umadasprincipaisjazidasde manganês do planeta.
dEimo's. difíceis de traçar porque são sutis e as
a?neceminsensíveisaos olhos leigos.
t((foiiin,
nilesimportantes,portanto,não sãoos limites
mas mas aquelesmais fragéis e agredidos.
l-ì-{-Destabelecea área-núcleo.incontestada.
oslimitesimportantese osprin-
domínios,
atuaisdo País(excetoo das
masambientais 524
116
ürudhn 4uÈtèm dificuldadesespecíficas). Essesproble-
10
@, sm reocupação de ordem de prioridade, são o
5 .1 7 8
rffi[Mxrffi.nto da Amazônia,as ameaçasde drenageme
ühl@Moçrrì do Pantanal,a desertificaçãodo Nordeste
il|iimnrnrrrmnrnr-
!.sdesabamentosna serrado Mar e o desflores-
ünmiloü itrs útimos resquíciosde mata atlântica.

I uuiilizaçãodos recursos naturais


r[ *aúorizaçaoda natweza,do capital natural, cresceu
Lrdfrllrnnrrrmrne
: sádo passadona proporçãodaspreocupações

O meìo ambiente e sua gestão

71
0 3 - 1 0 .R e cu rso smi n e ra i s -\ Fisura t_t,1-1í_l
mostra a distribui-
ção dos pnncipaiscomplexosmineraló-
gicosí proravelmtnte eistem muitosou-
tros.aindadesconhecidos ):o Quadriláte-
ro Ferrífero.em \Íinas Gerais.e a pro-
vínciamineralda :erra de Carajás,no Pa-
rá. O pnmeuo detim. ilnda. asprincipais
resen'asde mneno de ferro do Brasil e
é responsáreÌFrr .irca de 160 milhões
de toneladasanuai-r-dasquais75% desti-
nadasà exportação.\ prt-x-111çi3de Cara-
jás é importanteF\rr sua exraordinária
jazidade minéno de ferro tmaisde 18bi-
lhõesde toneladasde fcrr.-ri. masé igual-
O Ferro
O Ouro menterica em cobre.nÍquele ouro.e tem
€) cobre a famosaSerraPelada.onde se concen-
a Nióbio
@ Níquel
traram.nos anosde i9S '. maisde 30 mil
ôG
O Estanho
'-- earimpeiros.Desde r-r: kr antamentos
O Manganês
realizadospnorradar FE1Lìprojeto Ra-

,9/
O D i a m a n te s - @Ò

O Carváo ^/ dam.nos anosd3 i 9-t-re 19!0.sabe-se


ProvÍncramieera ' ,
6 Xisto belur roso
0 500lm de Carajás\*,"i que os pnncipars pt-r'.ene-iai: estão na
o Petróleo
@urzìosu,u-n"'"o
E
"""ï!'ffia:ï':';:: Amazônia.especialrn:nteno Pará(ferro,
bau-úta. cobre.mansanÈs,. em Rondônia
(cassiterita)
e em \Íaio Grosso(ouro,
Prin cip aisjazidas
diamantes). Ao lado dessas wandesjazi-
do Estadoda Bahia
das,existem.contudo.outrasde dimensão
mais modesta.por exemploo ouro, os
diamantese o cobreda Bah-ra.cujadistri-
buiçãoé representada na Fieura03-10.
A maior partedasresen'asexplora-
dasde petróÌeositua-sesobrea platafor-
ma continental.As continentais(Recôn-
cavo,na Bahia,e Rio Grandedo Norte)
já foram largamenteexploradas. Atual-
mente,de acordocom a AgênciaNacio-
nal do Petróleo(ANP). 15.739poçoses-
tão em produçãoem treze baciase dão
ao Brasil uma quaseauto-suficiência.
Todaa exploraçãoaté agorafoi efe-
C i dadespri nci pai s
tuada por uma única empresa,a Petro-
2 439.880 bras,que teve o monopólioaté 1997.Em
@ HT-2003MG 431.458-
l^
^,4-Lìberyéo 100.000v ) 6 de agostodaqueleano,com a aprova-
Fonte: ICBPM, mapa gêológico digital do Estado da Bahia, ISPN e IBGE

ção da Lei 9.478(Lei do Petróleo),foi

A t las do B r as r l

72
03-11.Madeira e carvão vegetal

0 500km
@HT-2003
MGM-Lib1rséo

significaraumentode royaltiessobrea exploraçãoe,


paraosconsumidores, umamelhorada qualidadee dos
preçosdosprodutosderivados, comreflexosdiretosno
mercadointernacional.
Ainda queo petróleoteúa, hoje,maiorimpoÍân-
ciano balançoenergético do País,a madeiranempor
issoperdeusuaimportância, porquepodeserútil como
fontede energia(madeirade fogoe carvãovegetal)e é
tambémum recursopreciosocomomaterialdeconstru-
çãoe dedecoração.A Figura03-11mostraa distribuição
M adeir a e m t o r a s do extratiúsmode madeiraemtrêsdomínios:o do car-
(1000 reais)
vãovegetal,que é muito ligadoàsprincipaissiderúrgi-
138.6m
/-\-
cas (além disso,alimentadas por reflorestamentosde
27786 eucaliptos e pinhos)emMinasGerais,e aolongodafer-
\ /zì_l
\-lZ- so 0___!E k. rovia que liga a jazidade ferro da serrade Carajásao
@ HT-2OO3MGM-Libêtgéo
Fônt€:IBGEProduçãoda extraçãovegetal 't999 portode exportação de Itaqui,no Maraúão - aolongo
dessavia estabeleceram-se fundições,que produzem
ferro fundidoutilizandoa madeiracomofontede ener-
criadaa AgênciaNacionaldo Petróleo(ANP),quesu- gia;éo domínioda madeirade fogo,queé utilizadaem
primiu o monopólioe abriua possibilidade
dessemer- todoo Paíqcomconcentrações bemmarcadas no Esta-
cadoa outrasempresas,peloprocedimento dos"contra- do daBahiae nasregiõesde agriculturafamiliardo Sul.
tosderisco".A ANP é encarregada
deestabelecerasre- O domÍnioda madeiraem torastem comoprin-
grasda competição.
Um aumentoda produçãodeveria cipalregiãode produção, evidentemente, a Amazônia,

O meìo ambiente e sua gestão

73
03-12.Fluxo de comercializacãodas madeiras amazônicas

Origem da madeira

- Pará
Mato Grosso

Rondônia

Amazonas

Maranhão

Acre

Roraima

+ Exponação

0 , 1 0 , 5 1 m i l h á od e m 3
0 500 km

@ fi-2003 McM-Libergéo

Fonte:lmazonê AmigosdaTeÍÍa

ao longode todo o "arcodo desflorestamento" e em o setorflorestalcomoum todo (de acordocom Garo


especialo Pará,ondecentenas de serrarias
seguem de Batmanian,em O Estadode S.Pau1o,2I.3.2000) re-
pertoosmadeireiros, àsvezesprecedendo-os,vistoser presenta4o/odo PIB nacionale 8% dasexportações,
freqüentequeelasabramoscaminhos de acesso.Não 1,6milhõesde empregos diretose um volumede ne-
setrata,no entanto,de umaatividademarginal,já que góciosaproximadode 20 bilhõesde reais(quasesete

Atlas do Brasil

74
03-13.Aguas

de acordo com o câmbio de no- quetenhachamadoa atençãodegruposambientalistas,


é extremamente baixo.comomostrouo estudoefetua-
ao que se acreditoudurantemui- do em1999por trêsONGsdo setor(Imazon,Amigos da
1núryão é destinadaprincipaLnenteao Terrae Lnaflora).Esseestudo,combaseno qualfoi ela-
e o volumedasexportações, ainda boradaa Figura03-12,indicouque menosde t4o/oda

O meío ambiente e sua gestão

75
03 - 1 4 .D i s p o n i b i l i d a d ed e á g u a madeiraamazõnica é exportada. A pró_
priaAmazôniaconsomeI0% damadeira
produzida, o Sudeste, 37o/o,e o Sul,19%.
SãoPauloe Paranârepresentam, respec_
tivamente.metadedo consumodeìsas
duasregiões.Apartirdesses resultados,as
ONGs redirecionaram a campanhaqúe
iriamefetuarvisandoàsindústriasconsu_
midorasde madeiras no exterior,e volta_
ram-separa suasequivalentes nacionais.
O objetivoé incitá-lasa reduziros des_
perdícios,
utilizandomaiornúmerode es_
péciesamazônicas, o quepermitiriaredu_
Vazãom
(Us/km'?) zu a pressão sobrealgumasespécies mais
valorizadas pelosmercados, assimcomo
evitar a queimade outrasespécies por
falta de mercados.A campanhavisou
tambémaosconsumidores brasileiros, pa_
ra quedessem preferência àsfirmasque
comprovassem que suasmadeirasprovi_
nhamdeexplorações demanejoflorestal,
Fonte:INMEI comoaTok & Stok.
Os recursoshídricosforam analisa_
dossobo focoda escassez vividapor cer_
tasregiões(o casomaisdramáticoé o po_
lígonodassecas do Nordeste), ou a degra_
daçãoda quaüdadee da disponibilidade
daságuas,aceleradas duranteos últimos
trintaanos.A tomadadeconsciência dali_
mitaçãodos recursoscresceuà medida
que osproblemasde qualidadee quanti-
dadeaumentavam, gerandocrisesde difí_
cil gestão(Christofidis,2002;FAO, 2000).
A água,comefeito,é o únicorecursona_
turalinsubstituível. Osseususosmúltiplos
Disponibilidadede água respondema necessidades
\m" per capitâe pot a ol básicas, como
Muito fraca(menos500) alimentação e saúdehumanas, e a necessi_
Fraca(de 500 paía 1 000) dadeseconômicas deproduçãoe detrans_
FEl MéOia(de 1O0Opara2 000)
f-l Normal(de2 0OOpara10.000)
porte.Suadistribuição no tempoe no es_
[:-: Forte(de 10 000 para1000OO) paçoé muitoirregular,demodoqueé fre_
Muito forte (maisde 100.000)
! qüentemente objetode agudosconÍlitos.
Fonte;AgênciaNacionalde Águas
O Brasil figura entreos paísesmais
bemdotados dopontodevistadosrecursos

Atl a s do B r as il

76
0 3 - 1 4 .D i s p o n i b i l i d a d ed e á g u a
madeira amazônicaé exportada.
A pró_
pria Amazônia consome I0"/o
damadlira
produzida.o Sudeste. 37o/o.e o Sul,19%.
SãoPaulo e paranárepresentam,
respec_
tivamente.metade do consumo
dessas
duasregiõesA panir desses resultados. as
ONGs redirecionarama campanha
que
iriam efetuarrisandoàsindústrias
consu_
midorasde madeira,s no e-\Ìenor,e volta_
ram-separa suìs equi\alentes
nacionais.
O objetir-oé incirá-lasa reduzir
os des-
perdícior uriÌizandomaior número
de es_
Vazâom peciesamazonie-aro que permitiria
(Vslkm2)
redu_
zu a presvo sobrealgumasespécies
mais
valoúada_s
çrlcx mercados assim como
e\ttar a queima de outras espécies
por
faÌta de mercado:
-{ campanhavisou
tambémaosr--onsumidores brasileiros, pa_
ra que dessempreferénciaàs
firmas que
comprovassem que suasmadeirasprovi_
o---jg k-
@ HT2003 McM-Libergéo nham de expÌorações de manejofloiestal.
Fonte:INMEI 1 9 9 8
comoaTok& S tok.
Os recursoshídricostbram analisa_
dos sob o foco da escassezr.ir.idapor cer_
tasregiões(o casomaisdramádcoé
o po_
lígonodassecasdo Nordesre,;. ou a degìa_
daçãoda quaüdadee da disporubitiOãde
das águas,aceleradasdurante
os últimos
trinta anos.Atomadade consciência
da li_
mitação dos recursoscresceu
à medida
que os problemasde qualidade
e quanti_
dadeaumentavam. gerandocrisesde difí_
cil gesrão(Christofidis.2002:FAO
2000).
A água,com efeito.é o único recurso
na_
tural insubstituível.
Os seususosmúltiplos
Disponibilidadede áqua
lm" pet capìta e oot anol respondema necessidades básicas, como
I Muitofraca(menos500) alimentaçãoe saúdehumanas.
Fraca (de5oopara1.ooo) e a necessi-
ft
[lì Médiâ(de1.ooopara2.ooo)
dadeseconômicas de produçâoe de trans_
[--] Normat (de2.OOO
p"r" rò.ooo) porte.Suadistribuiçãono tempo
e no es_
L_-1 r-orte(de10.000
para100.000) paçoé muito irregular.de modo que
p Muito forte (maisde 100000) é fre_
qüentemenre objetode agudoscónflitos.
Fonte: Agência Nacional
de Águas
Brasilfiguraentreos paísesmais
bemdotados
dopontodevistadosrecursos
Atl a s do B r as il

76
Mirüi,-rasr Assunção& Bursztyn (2002) colocam-noà No entanto,sendoo Brasil um país federado,há
irmmr-;om 5.670km3,seguidopor Rússia(3.904km3), uma concorrênciaentreentidadespúblicas(federais,es-
llfum. t1.880km3), Canadá (2.850 km3), Indonésia taduais,municipais)e privadasque possuematribuições
-.*'-ì. km:). EstadosUnidos (2.478km3)e Índia (1.550 na gestão,originando-seum complexomodelo,que a
kilr Dispõe de densarede hidrográfica,formada por progressiva implementaçãoda Lei dasÁguas\1997)e a
tr":rn,:,rsbaciasque cobremo essencial do território,e de institucionalizaçáod,a Agência Nacional de Águas
Jur'!:ras baciascosteiras.A disponibilidadede águaé (2000)deverãoconseguirintegrar.
:nr::ramente desigual,opondo região Norte, a mais Concretizaressedesafioé mais do que necessário,
rum ao Nordeste,cujo interior é marcado por pois o modelo de desenvolvimentodo País contribuiu
-.-nida,
inffi-rirlâ semi-árido,ao qual se somao solo permeável, consideravelmente para os impactose conflitos.O des-
Íril; :ÍoÏoca a freqüente intermitência dos rios. A pre- matamentode vastassuperfícies,iniciado há cinco sécu-
,iun* de grandes aqüíferos subterrâneosatenua esse los, deixando freqüentementeos solos sem proteção,
"tcú:--:.mas apenasparcialmente.Assunção& Bursztyn aceleroua linviação e a erosãoe provocouforte asso-
Jif l i concluíramque 68,5o/oda água disponívelno reamentonos cursosd'água,o que perturba a navega-
4ii.r*.-situa-sena Amazônia,e 15,7%no Centro-Oeste, ção e a produçãode hidroeletricidadee agravaasinun-
,ru:=giÕesmenos povoadas,enquanto,das três regiões dações.Essas,como assinalouMello (1991),emborase-
mriu-r t\lvoadas,o Sul tem apenas6,5o/o,oSudeste,6%,e jam fenômenonatural,têm um custo socialbem mais
u \-.:nleste,3,3%dos recursoshídricos. elevadoquando são agravadas, no meio urbano,pelos
Outro indicadorimportanteé a vazãomédia dos excessos e errosda urbanizaçãodescontrolada.
;:m-:rsdÊ água,que varia entre 7,6 e 52,6L/s/m2,respec- Outras dificuldadesgravessão provocadaspelos
T'ïi:]ente no "polígonodassecas"e no extremonoroes- métodos exploratórios de garimpo, notadamente a
'c ,-razônico,fronteiracom a Colômbia.No conjunto,o poluição das águaspelo mercúrio, utilizado para se-
mcr:i e o oestedo Paísdispõemde recursosbem supe- parar o ouro do minério, e a extração de enormes
mirrr=s aosdo centro-sul,parte maispovoada,e nestein- quantidadesde seixosdos leitos dos rios, para onde
ctr;a,lt-rrtambémos mínimos situam-seno nordeste.No- retornam seguidamentesob a forma de sedimentos
ru-;e.contudo,que se for utilizada a disponibilidadeem em suspensão, como no casodo rio Madeira, em Ron-
mtr:Lìs cúbicosper capita anuais,certas regiões muito dônia.A extraçãode massasenormesde areiagrossa,
p:',..adas,como o eixo do Tietê,no Estadode SãoPau- necessária a todosos tiposde construção. de estradas
Lr..Fìresentam situaçãotão crítica quanto o Nordeste a barragenspassandopor construçõesindustriaise
r'-i-árido, e que os pioresdéficitsafetamas metrópo- alojamentos,é outra fonte de problemas.Por último,
ier lrrrdestinasSalvadore Recife. Sem dúvida, nesta a construçãodas grandesbarragenstem também suas
i:rr:nula.o fator populaçãopesa tanto quanto o fator seqüelas,sobretudopela inundaçãode vastassuperfí-
,ruru disponívele, apesardo balançoglobalmentefavo- ciespeloslagosde retenção,comonos casosde Balbi-
m,=1.nos próximos anos algumasregiõesurbanasno na e Tücuruí,na Amazônia, ou de ltaipu, no Paraná.
:. terãopreocupações em termosde qualidadee de Além do impacto naszonasinundadase na qualidade
-.il
;r: 'nridadede água. das águas,provocaramo desÌocamentode populações
Essadesigualdade na distribuiçãodosrecursoshídri- locais e a perda de patrimônios arqueológicosou na-
:::s :orna aindamaisnecessária a definiçãode regrasde turais importantes.Pode-se,a esse respeito, citar a
lrsi que objetivem arbitrar os conflitospossíveis,tirando submersãodo sítio turístico do Salto de Sete Quedas
r.--:dt-r dascomplementaridades. Os meiostécnicosdes- pela construçãoda barragemde Itaipu, em uma épo-
;n ::stão - a gestãointegrada- sãoconhecidos, estabe- ca em que a estratégiageopolíticado regime militar
*-;=-,jtrasnecessidades e os usossucessivos da águape- não deixavaaos gruposecologistasa menor possibili-
m:r,'pulaçõese pelasdiferentesatividadeseconômicas. dade de expressão.

O meio ambiente e sua gestão

77
03-15.As fontes de energia

Milhóes de tep (toneladas de petróleo)


equivalentes
90
H idroeletricidade
80

70

OU

50

40

30

20

'10
0
@ r @O O N O< t n( Or OOO N m ç6 a \
-
rNN ro o @@@@@@@oooooc) ô- - c
o o o o) o) o o o, o o o o) ô o o o o o o ô c c -
c> -
--
-
Fonte:BalânçoeneÍgéticonacional2000,Ministériode Minase Energja

A predominância e a prioridadedadasà hidroele- aumentarásignificativamente a parteda eletricidade


tricidadefazemdelaa primeirafontedeenergiado País, térmicano balançoglobal(Capítulo10).Masa produ-
representando3T% do consumo. O petróleovememse- çãode eletricidade deveservistatambémno contex-
gundo,com32Yo,seguidopelautilizaçãoda biomassa to do problemade emissões de gases-estufa,
ressalta
sob a forma de madeiras(9"/") e da cana-de-açúcar Jannuzzi(1999).A produçãoem centrú térmicasre-
(Llo/').Estaúltimapermiteproduzirenergiapelaquei- presentamenosde 307odasemissões globais,
no entan-
ma de seusbagaços (7"/")e pelo álcoolproduzidona to o temamereceatençãoredobrada. sobretudoporque
fermentação e na destilação(4%),utilizado pelosauto- maisde 50o/o do incrementode emissôes de dióxidode
móveis,puroou misturadoà gasolina. Carvãoe gástêm carbonovemda produçãode eletricidade. crescenteso-
lugarpoucosignificativo namatú energética, maso se- bretudonos paísesem desenvolvimento. Ainda que o
gundodevedesempenhar um papelmaisimportante, Brasil,atualmente. teúa um índicetrês vezesmenor
coma construção dosgasodutos quepermitirãoa utili- quea médiamundialna emissão de gáscarbônico,
pode
zaçãodosabundantes recursosda Argentinae da Bolí ocorrerum aumentosignificativo em decorrência da
via.As outrasfontesenergéticas (solarese eólicas)re- maiorparticipação da termoeletricidade.
sobretudoem
presentam, deacordocomFrota(2001)eVianna(2001), regiõesde alto consumo, comoSãoPaulo.
apenas 1,57odo total. A crisefoi provocada, porumaredução
certamente,
A criseenergética queviveuo paísem2001,quan- momentânea daschuvas, mastambémpeloprocesso da
do osníveisde águadosreservatórios caíram,emmuitas privatização da produçãode energia,cujasincertezas
regiõesabaixodosmínimosdesegurança, provocoua de- suspenderam durantealgunsanososinvestimentos nes-
cisãodeconstruirquinzecentraistérmicas queutilizamo se setor.A expansão contínuado parqueé necessária
carvãodosule o gásboliúano,para umtotalde6.423MW. para acompanhar o crescimento do consumo. Quem
O planejamento paraosanosde2000a2009pre- sabesea aberturadessesetorà iniciativaprivadanão
vê sessenta centrais,totalizando26.256MW, o que vá permitirumavigorosaretomadado investimento?

Atlas do Brasil

78
03-16.O potencial e a utilização das bacias

'',,

(-
ì
I
)

iri, m(Ír-:.:: 30 potenCial


ÌrÈÉ--- io utiIizado
'ìililúff

I L im ited e b a cr a

Potencialestimado
Potencialregistrado

: , t rrr* rn l : " 6 1 9 g 1 $ 1 1 i ç (oM W)


=,-\_ 1 0 5 4 10

-,, --_ - 60 378

500 km
3 402
Ô HT-2003MGM-Libergéa
J'

.r r :i, :::::.
-
- ' er gì aElét r ì c a' 2 0 0 2

as prln-
en- amazônicae Araguaia-Tocantinsque se situam
íruwilir, ,r r .:'rjnal justificativa da privaÍizaçáo'No
lÌf, : i. . .nda há um imensopotencial a utilizar'
ililrllll[rii,!,
* têm o maior número
-* -s :: SuÌ e do Sudeste
'ïrd-rrLiir-'-
Lilllil = 3s capaÇidadesresiduais são fracas'O
e foi
l: São Francisco é ainda importante
'ÌrÌÌi]Irïri!1l1rl:irl
nas bacias
:r :1-:-:Jtì. mas é indubitavelmente
llliiriiÍr

O meio ambìente e sua gestão

79
processo já foi vividopelaconstrução deTtrcuruíe Bal- Ministériodo Meio Ambiente.Seupapelé estabelecer
bina,nosanosde 1980.Comoostemposmudarame os umapolíticanacionaldo meioambiente, integrando-se
métodosexploratóriosda épocanão podemmaisser comorganismos locaiscomoa Companhia deTecnolo-
aceitos,osprojetosemcurso,sobretudoBeloMonte,so- gia de Saneamento Ambiental (Cetesb).de SãoPaulo,
bre o rio Xingu (cujacentralteriaumapotênciapróxi criadaem 1968,e a FundaçãoEstadualde Engeúaria
maà deltaipu,11.182 MW,contra12.600 MW previstos do Meio Ambiente(Feema).do Rio de Janeiro,criada
anteriormente) vêmsendoretardados seguidamente. A em1975,ambasnascidas numcontextode debateinter-
retomadado projeto,depoisda crisede 200L,vemsen- nacionalligadoaorelatóriodo ClubedeRomae à Con-
do cuidadosamente reexaminada parasuainserçãore- ferênciadeEstocolmo.
gional,cominéditaconsultaà população. As açõesdesses organismos públicossãoapoiadas
Apesardessadiscussão participativa,
as críticas e supervisionadas pelo MinistérioPtúblico, por ONGs
não foram desmontadas. Ecologistas,
universitáriose especializadas,pela imprensae por conselhos munici-
populaçõeslocais consideramque a região recebe pais.A açãodosprocwadores do meioambienteé tam-
principalmente osimpactosnegativos, enquantoosbe- bémmuitoativaemin ímerosEstadorfreqüentemente
nefíciossãodestinados àsregiõespara asquaisa ener- baseando-se nos resultadosda pesquisauniversitária
gia seráenviadagraçasà interconexão norte-sul,em parafundamentaÍsuâsações. As redesde ONGsman-
implementação. Muitasnegociações e muitosordena- têm mobilizaçãoe pressãoconstantes, e os jornalistas
mentosdeinteresse localsãorequeridosparaaliviaros explorambastanteos temasvinculadosà qualidadedo
temoresnascidos de precedentesdeploráveis Hoje es- ambiente. em termosgeraisou a propósitode assuntos
tá fora de questãoconstruirsem a adesãopopular do momento.
equipamentos dessadimensão, mesmoque sejamde EsseprocessoexplicapoÍ que a densidadedos
interesse nacional. conselhos municipais do ambiente(Frgura03-17)é bem
maiorno sul,ondea mobiÌização temsidomaisatuante.
É particularmente forte nosEstadosde MinasGerais,
Proteção e degradação do ambiente
EspíritoSanto,Rio deJaneiro. SãoPaulo.Paraná, Santa
O ConselhoNacionaldo Meio Ambiente(Cona- Catarina e Rio Grande do Sul.
onde. em já adota-
-eeral,
ma),formadode representantes do governoe socieda- ram regulamentos (umaetapaque distingueos conse-
de,foi criadoem1981,e desdeentãovematuandocons- lhos maisou menosfictíciosdaquelesque funcionam
tantee metodicamente.Vota resoluções quevisama au- realmente). Um segundogrupo,de menordensidade, é
mentaro númeroe a superfície dasáreasprotegidas sob formado pelos Estadosde Mato Grossodo Sul,Mato
responsabilidade do governofederal,reduzira poluição, Grosso,Goiás,Tocantins, Pará,Maranhãoe Bahia,
definir as nonnasambientaise os limitesmáximosde Freqüências maisbaixassituam-se no Nordestee
emissões de efluentes. na Amazônia.Emboraosproblemasambientaissejam
Esseconselhoé a peçacentraldo SistemaNacio- maisagudosnessasduasregiões,suainstitucionahza-
nal do Meio Ambiente(Sisnama). Paraa constituição çãoé aindamuitorecentee frágil.Esseindicadorrefle-
dessesistema,conselhos de meio ambientedevemser te, por conseguinte, tanto a gravidade dosproblemas
instalados emtodososEstadose municípios brasileiros. ambientais quanto as desigualdades sociais e econômi-
A partir de 1973,institucionalizou-se a questãocom a casdo País.
criaçãoda Secretaria Especialde Meio Ambiente(Se- O gerenciamento de um fundo municipalpara o
ma),ligadaà Presidência da República. Essaprimeira ambienteé a fasemaisavançada, e sãopoucososmuni-
instituiçãodeu origem,agrupandooutrosorganismos cípiosque atingiram o patamar de mobilização popular
especializados, ao InstitutoBrasileirodo MeioAmbien- suficientepararealizaresseesforço. Destinadoa finan-
te e dos RecursosNaturaisRenováveis(Ibama)e ao ciar açõesde controlee preservação do meioambiente

At las do B r as il

80
03-17.Gonselhosde meio ambiente

h um conselho
èÍÌÉbambiente
fuiselho regulamentado

-ìstahdo um Íundo
Ëriústra o Eookm
rniimf 7
@HT2oosMcM-Libêtséo

Ml tu Municlpios Brasileir6

mbiental. tal fundo é constitúdo de crédi- Embora a Constitúção de 1988teúa inovado


(am quaispodemser acÍescentadas doa- muito no seucapítulosobreo ambiente,a estruturafe-
por isençõesdo impostode renda deral e as mudançasda distribúção dascompetências
Muitos municípiosseguema estrutura concorrentesentre os diferentesníveiscriaramvazios
Necionalde Meio Ambiente,fundo federal administrativos.
sobretudono âmbito dos licenciamen-
tos.Os instrumentosde políticapúbücanessedomínio

O meio ambiente e sua gestão

81
03-18.Parquese reservas são avançados, especialmente aqueles
que mostrama necessidade de limitar o
corrsumo dosrecursos naturais.Contudo,
a difícilevoluçãodo federalismo (Castro,
1999)e o jogodosilteresseseconômicos
impõemdificuldades. Há, por exemplo,
divergências de interpretação sobre as
resoluções do Conama. As empresas es-
quivam-se peloaumentode custose cer-
tos setoresdiretamenteatingidoslutam
abertamente contra as restriçõesque
lhessãoimpostas.
Umadasmedidasquemaispesam
sobreos projetosque podemafetar o
Sistemanacionalde meioambienteé a obrigaçãode efetuar
unidadesde conservação
is
estudosde impactoe de redigiro relató-
- 3 2.ro^
í/-ì- - rio correspondente, cumprildoa Resolu-
-l

uais ção 001/86 do Conama. Esserelatório


(^.8i -31 4 .
deveserestabelecido quersejaparaor-
m u n i c i p a i s 5 6 ,, denamentos urbanos(trabaÌhos deurba-
Ëffi (cr"r
^
o-- k. nismo,zonasindustriais, terraplenagens)
-iE
@ HT-2003MGM-Lìbergéo
Fonte: IBGE.Perfíldos MunìcíDiosBrasìleios
e para a construçãode infra-estruturas
(estradas,viasférreas,portos,aeroportos,
oleodutos e gasodutos, barragens), quer
paraa implantação de atividades econô-
micas(fábricas,exploraçãode minérios
ou deflorestas).No entanto, no quecon-
cerneà expansãourbanaem grandese
médiascidadesbrasileiras, a pressão
imobiliáriaé tãofortequetransforma es-
saobrigação numsimplesritualformal,e
muitosloteamentos sãoabertos, consti-
tuindo projetosoficialmentemenorese
Parques
. < 300000 parcelados, deformaa nãoatingiro limi-
a 3oooooa 'l 0ooooo
O >lo ooooo te legalde 100hectares e evitartaisobri-
Estaçóesecológicas Reserva gações. Tiambém quandosetratade ação
e < 300000 biológicag do Estado,o processo efetuadoé mera-
a 300000a 500000 ecológica €
a > 5ooooo Ílorestal menteburocrático. A reduzidaforçapo-
Florestas extrativistaI líticado setorambientale a baixapriori-
< 500000 Superfíciesdas reservas(ha)
r 500000 a 1000000
dadedadaaomeioambientenamáquina
< 300 000 !
A 300,000ê sOOOoOI governamental, combinadas coma pres-
> sooooo
I
F o n te :IB GE ,l b a ma sãodosinteresses afetadose a modesta
mobilizaçãoda opiniãopública,contri-

At las do B r as il

a2
reles LlrìÍmum:,a-r iazer com que a avançadalegislaçãoperma- área inicialmente definida, o que resultou em significa-
a ro riltruruu
ts=: norta. tiva reduçãoda superfícieprotegida.Há poucotempo,o
do.
-r:rr-r-lo.certo sucessofoi obtido em outro setor,o Distrito Federalera consideradoprivilegiadonessese-
tro. dblrrl*rr'Ì*-'de áreasprotegidas,parquese reservas.O Sis- tor, porque 42% de suasuperfícieestavaincluídaem um
cos rÍlüürmli
\.urrrnal de Unidadesde Conservação(SNUC) e ou outro tipo de áreaprotegida (ParqueNacional,Esta-
rIo. ur@r: --:-13indicam os diferentestipos de unidades ção Ecológica,ReservaBiológica,Área de Relevante
ÍÌs ümNrHmEm[Ë: = as autoridadesresponsáveispor sua gestão. InteresseEcológico,Área de ProteçãoAmbiental), e a
f-
ïmmllÌlnÍÌnri ',';z é no centro-sulque está a maior concen- criaçãoda Reservada Biosferado Cerrado,pela Unes-
Í- ilüErurnL ir-,.:ã que em superfíciea Amazônia se destaque co, tinha sido vitoriosa. Porém as invasõesdestasáreas
n flunrurjrüi e 'r-rensão de suasreservas.É a esta região que protegidas,decorrentesda urbanizaçãocrescentedo
e & ruu.rsi de corredoresecológicos(Capítulo Distrito Federal, colocam-nona mesmacondição de
illffillill --,rrusição
uu rrl.i:'s melhor: trata-sede integrar as diferentes outrasregiõesbrasileiras. Os cerradosbrasileirosestão
I rommudmro*s :c conservaçãovizinhas,de maneira a formar atualmenteem risco de extinção,de acordo com estudos
rüüm '"mr:.i.-rr- para a fauna, onde os animais possam da ONG Conservation International (Pára-Raios,
rmnuruútm bir,;;menteem vastos espaços,o que aumenta 2000),que os classificameml2e lugar entre os 25 ecos-
rtdüm@ËÍ=.menteas possibilidadesde sobreüvênciae sistemasmais ameaçadosno mundo.
rlryrmuu;ao.Como, de fato, são os ecossistemas
,dllllu flo- Um dosdebatesrecorrentesé sobreos indicadores
íEm!üìiüÍ6=*:-<bem preservadose a pressãoantrópicaé para estabelecer a situaçãodo ambienteno Brasil,que
rmomu!''*:í:T= ;les se essesmodelosfuncionarempode- permitam medir o grau de antropização,a pressãosobre
i :ìaboração de um novo modelo de ocupa-
ilffiilr'$iffim'ï',.,rr os diferentes ecossistemas e consideraras tendênciase
*Frrrrrggnm-:_. os impactosfuturos.Em 1999,Donald Sawyer,do Insti-
{ dessasunidadesé, contudo,diversifica- tuto SociedadePopulaçãoe Natureza (ISPN), contri-
'ilrüuÈo
dbl-s$WJmlë'Enas foram criadas,sem,na verdade,sair buiu significativamentepara o debate,elaborando um
db6tt[wu-: :]r :enido como terreno para invasões.Ou- índice de pressãoantrópica,calculadoà escalados mu-
lüilúltq&um st r :uperfície reduzir-segradualmentee per- nicípios e estabelecidosegundoa média de quatro su-
&l rums,r;r:tntemente,sua função biológica de "cor- bíndices que caracterizam,respectivamente,a pressão
r@üiliimfl"ffi; '-nçrortaem que lugar, a questãofundiária urbana e rural, mais especificamentea das culturas e a
hmo- : r :r:apropriaçáo, a delimitaçãoe a regulari- criaçãode bovinos.Cadaum dos seussubíndicesconsi-
lrer levadasa efeito, sob pena de inviabili- dera,ao mesmotempo,variáveisde estoquee de fluxos.
-r
--:nidade. Freqüentemente,a distânciae o Supõe-seque a pressãosejamaior onde o estoquee o
WïruWrl.t
üUh@mu ç-. ::r 3 uma certa negligênciapor parte das fluxo são elevados,e menor onde ambossão reduzidos,
rnrlülütlüiltrudllIs
rsLÌJnsáveis.Um exemplo notável é a rc- com níveisintermediários.Cinco grupos(quintos) então
tml LüBi0ÌilirxJi da--.Águas Emendadas- o "encontro foram definidospara os estoquese para os fluxos de ca-
eryxurf - - l: Distrito Federal,uma zonade divergên- da subíndice,cujo total varia de 2 a I0. Para efeito de
üdfu ,iT,ìÍnrhÌ :ü::Èm as águas que vão se juntar aos comparabilidadecom o Índice de DesenvoÌvimento
Ütrosi o: l-.:inús (na bacia amazônica),do Paraná Humano (IDH), que varia de 0 a L, os valoresforam di-
J$firltrNüllmtrr:çi
ifl&fllltte na bacia do rio do Prata) ou o São vididos por 10, gerandoquatro categoriasque corres-
rJ[rË]-ìÍre para o Nordeste).Embora situada pondema intervalosde 0,2 (0,2a 0,4- baixo;0,4a 0,6-
Tpüuqffi roii:meuo: de Brasília e, por conseguinte,da médio;0,6a 0,8- alto e 0,8 a 1,0- muito alto).
tèderaise distrital de gestãodo am- O mapa resultante (Figura 03-19) opõe quatro
lb rru--r:sanosobjeto de disputaentre a agên- conjuntos:o Brasil do interior, onde dominam os índices
,üllülütnumühu,mtre :rr Distrito Federal(Sematec)e seusan- baixose médios;o Brasil do Ìitoral;a maior parte do Es-
fi]l lIrmtrr::- -\ causafoi a não-regularizaçãoda tado de SãoPaulo;e algumaszonascentradasquer nas

O meio ambíente e sua oestão

83
03-19. índice de pressão antrópica

índice de pressão
antrópica1996
9.5
I

0 500 km

@ HT-2003MGM-Lìbergéo

ffi Seminformaçóes
(novos
municÍpìos)
Fonte:IBGE/Samba
2000 e ISPN,1999 on [iiri ;,?ïxï:sociedade

capitais(Brasília,Goiânia,Campo Grande,Cuiabá), índiceé naturalmente o resultadoda históriada ocupa-


quer em regiõesagrícolas(Tiiângulo Mineiro, Rio ção do território,e asáreas antropizadasconcentram-se
Grandedo Sul,Paraná),marcadas por índiceselevados em umaextensafaixalitorânea,ondesedesenrolaram
e muitoelevados.No total,sãoosníveisde pressãomé- os principaiscicloseconômicos da históriabrasileira.
dia e elevadaquepredominam, poisjuntosÍepÍesentam Acrescentem-se asregiõesdascapitaisamazônicas e al-
460lodosmunicípiosbrasileiros.
Essaespacializaçãodo gumaszonasespecíficas comoo interiorde Rondônia,a

Atlas do Brasil

a4
03-20.Indices temáticos de pressão antrópica

de pressão Subíndicede pressão


rural (POR)
1.0 (muito elevado) I 0,8-1,0 (muitoelevado)
(elevado) I0,G{,8 (elevado)
(médio) f 0,zl-0,6 (médio)
(baixo) l---l 0,2-O,4 (baixò)
S:ln inÍormaçóes o.___jgk- I Sem informações
@tlF2MMeMlihrg@ (novosmunicípios)
bc municípios)

de pressão
(PAL}
(muito elevado) 0,8-1,0 (muitoel€vado)
(elevado) I0,H,8 (elevadol
(médio) I0,zl-0,6 (médio)
lbnixo) f-- 0,2-0,4 (baixo)
irbrmações 0-_ s09k Sem informações
f
@HF20$ McM-Liberyéo (novosmunicíoios)
hmunicíoios)
2000 a ISPN,1999 @ rs P N

azona Bragantina(ao sul


mÍìranhense, potente,AËizOiras
de baixapressãocoÍrespondema um
n4iões amazônicas
de densidades
Íelativa- grandeconjuntoda Amazôniae doscerrados,sobretu-
-,bem comoum eixoquevai deBrasília cloo EstadodoAmazonas, excetoManaus,Tocantingex-
ho Grosso,ondea atiüdadeagopecufuiaé ç91spalmaqo Pantanal,umavastazonaaosú do Piaú

O meio ambiente e sua qestão

85
o Maranhãoe o valedo Jequitinhonha, em MinasGe- crescimentoda populaçãorural, um casopouco fre-
rais,excetoMontesClaros.Essesíndicespoucoeleva- qüenteno restodo País,sobretudo na faixaquesees-
dosnãodevem,contudo,iludir.A situaçãopodedegra- tendede Mato Grossoao oestede MinasGerais,atra-
dar-serapidamente casosejaminstaladas novasativida- vessando Goiás,ondesesituaa produçãointensiva de
des,porque,comoos valoressãobaixos,as variações soja,bemcomoo oestedaBahia,pelamesma razão.No
são,por conseguinte, brutais.Sãoos subíndices de pe- futuro,pode-seesperarum aumentode pressãonâ
cuarização e de lavourasque confirmamo avançoda Amazônia,ondeosvaloresexistentes sãobaixos,masa
frentepioneiradasbordasmeridionaisparao interior variaçãoé rápida,enquantonosEstados já consolidados,
daAmazônia,tendojá ultrapassado oscerrados do Cen- comoSãoPauloe MinasGerais,asvariações sãobaixas.
tro-Oeste.A medidaque essafrente avança,consoli- O subíndice relativoà criaçãodebovinos, umaatividade
dam-seossubíndices altoe muitoaltodepressão antró- quefoi singularizada emrazãodesuaimportância histó-
picade bovinose delavouras. ricae atual,caractelza particularmente o Mato Grosso
Os subíndicestemáticosconfirmamo índicegeral do Sul,que possuio maior efetivodo País,bem como
(do qualsãoa base),masmostramdistribuições sensi- umazonanosarredores do centroprincipal(dedensida-
velmentediferentes. O subíndice depressão urbanaofe- demenor),à exceção do Pantanal.
receum padrãoregionalrelativamente homogêneo, os Finalmente, focaliza-se o desflorestamentorápido
valores máximos sãomaisnumerosos no Sule no Sudes- queo Paísconhece porqueé um dosaspectos maissig-
te do queno restodo País,à exceção dascapitaisdosEs- nificativose atémaiscriticadosdo meioambientebrasi-
tados.De acordocom DonaldSawyer,"o comporta- leiro,já que a degradação é muito evidente.Convém
mentodesse subíndice refleteumasituação intermediá- analisara amplitudequemostraa Figura03-21:astrans-
ria entreasvariáveisde estoquee fluxo,umavezqueo formações ocorridasduranteos últimosquarentaanos.
tamanhoabsolutoda populaçãourbanaapresenta um As zonasocupadas pelo homem(e,por conseguinte, na
padrãode distribuiçãodecrescente segundoum gra- suaimensa maioria, desmatadas) entre1960e 1997mos-
dienteleste-oeste,enquantoo crescimento da popula- trama continuidade, mastambéma aceleração dospro-
çãourbanaapresenta umpadrãomaishomogêneo para cessos de ocupação iniciadoscoma chegada dosportu-
todoo País". guesesao litoral há cincoséculos. Os desmatamentos
O subíndice de pressãorural indicaumanítidadi- atuaistocamessencialmente oscerradose a Amazônia,
ferenciaçãoentreo litoral e o interior,comvaloresfre- incorporados pelasfrentespioneirasaoespaçoagropas-
qüentemente elevadosou muito elevadosnaszonasli- toril,e repetema conquista incentivada,ou mesmosus-
torâneas,enquantono interior sãomédiosou baixos. citada,por políticaspúblicasindutoras(crédito,infra-es-
Notam-se valoreselevados em tornode SãoPaulo,de- truturasetc.)quedesencadearam o afluxodemigrantes
vidostanto às elevadas densidades ruraisquantoao e a transformação daspaisagens.

At las do B r as il

86
03-21.As modificações antrópicas

60' w 40" w

--l

- - - ::3r'Lruptzdud5
- - ^-+-^-:-^l^^
--
. - = ' : -^'ad aspe loh ome m )

@ - = .e6 0
! .-.-: 1 96 0e 19 97

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6 0"w 40'w
: : : : a s e Í o r e s t aa t l â n t i c a I
: : -: s : a s e m r c a d u c í f o l ia
- --: r o s 0 500 km

A, HT-2003MG M-LtbeÍqeo

-- -,ria em questãolnscreve-seem um lmenso deixandode lado o Pantanal.A conquistado norte de


;: l-:--.-;uja baseé situadano oestedo Paranáe no Mato Grosso.incompÌetaaÍé 1991. progrediusensivel-
r. --:--ss.-r do Sul e se estende,ao noroeste.até Ron- mente.e pode-seesperarque continueseguindopela re-
- i,: : :-ì nordeste.até o Maranhãoe o sul do Pará, giãosudoestedo Paráe sul do Amazonas.O movimento

O meio ambiente e sua gestao

87
deconquista,lançado no governodeJuscelino Kubitschek, depredadoras. Como final do períodoautoritário,não
promotorda"marchaparao oeste",consumiuum gran- se podemmaisconceberdecisões sobreo desenvolvi-
de ecossistema a cadadécada: oscerrados, nosanosde mentosema participaçãodos diversosgrupossociais
L970,asáreasdetransiçãoentrecerradose floresta,nos existentes na região,rejeitando-se a repetiçãode deci
anosde 1980,e,nos anosde 1990,asbordasflorestais sõesnacionais ou regionaisadotadas pelaselitespolíti-
amazônicas. case econômicas. O processode desenvolvimento re-
As políticasgovernamentais brasileirastêm nessa gional, atualmente,envolve novos atoÍes,como as
questãoo seumaiordesafio:comoconciliaraspolíticas ONGs,os indígenas, ascomrrnidades de quilombolase
de conquistae crescimento da produçãocoma preser- astradicionais comunidades ribeirinhas.
vaçãodo ambientena Amazônia?Maisde 600mil qui- Um dostemasprioriúrios dessedebate- e uma
lômetrosquadrados (aproximadamente a superfícieda solução,pelomenosparcial- é o zoteamentoecológi-
França)foram desmatados na Amazôniaaté 2N3, de co-econômico, com a definiçaodaszonasa seÍempre-
acordocomo InstitutoNacionaldePesquisas Espaciais servadas e asdeuso.o quepoderiaserum dosprincipais
(Inpe),certamente resultadodetodaa históriaregional, instrumentos de ordenamento do território.Mas asdi-
mascomnítidaaceleração duranteasúltimasdécadas. vergências sobrea metodologia(quemascaram, àsve-
É precisoaindaagregaro queo Inpe nãopodever nas zes,oposiçõesao princípio da subdiüsãoem zonas)
imagensde satéliteque analisa:os cortesseletivosque retardaramou,emmuitoscasosbloquearama defini-
se traduzemna perdada biodivenidadee no agÍaya- çãoe a instauraçãoconcretade zonas.De fato,o ma-
mentodo riscodeincêndio. crozoneamento real seconcretizaao identificartodas
Esseprocesso é monitoradoe analisado por cien- asáreaslegalmente protegidas existentes e demarca-
e,apesarda imensaextensão
tistasbrasileiros, do terri- das,sejamelasterrasindígenas. sejamunidadesde
tório em causa,a freqüênciae precisão(Krug,2000)é conservação (Capítulo10).
maiorque em outrospaíses, ondeasmedidascontrao Na realidade, na maiorpartedo Brasil,excetoem
desmatamento sãorealizadas comintervalosde cincoa umagrandepartedasflorestasamazônicag o meioam-
dezanos.Na Amazôniabrasileira,o monitoramento é bientenaturalfoi substituídopela naturezahvmantza-
anual,utilizandoas229imagensde satélitequecobrem da,comoqualificava Milton Santos(1985).Novastrans-
asregiõesdeflorestaprimária,ou seja,quatrodoscinco formações devemseresperadaq tantono nortedaAma-
milhõesde quilômetrosquadrados daAmazônia. zônia(aindalargamente intacta,porquemal integrada
Esforçosimportantes têmsidoempreendidos para ao restantedo País),à medidaquenovoseixossurgem,
reduziro ritmo e os impactosdo desmatamento, tanto comoa saídaparao CaribeviaVenezuela, quantono Sul,
por partedo Ministériodo MeioAmbientee do Ibama ondeosnovosvínculosligadosà integração doBrasilno
quantopelossegmentos acadêmicose pelasONGs,que Mercosultransformamcidadese áreasruraisem cen-
tentamdespertara consciência dos setoresprodutivos tros propulsoresdo desenvolvimento. Obviamente, os
quantoaosperigosatuaisdo desperdício derecursos na- debatessobrea utilizaçãodosrecursosnaturaise a si-
turais,e convencê-losdaexistênciade altemativasmenos tuaçãodo ambienteno Brasilestãolongede terminar.

Atlas do Brasil

8B
4
C A PIT U LO

DrxÂMrcAS
PoPULACToT\A
pupulaçãobrasileiraé uma das mais numerosas da composiçãoda população:a distinçãoentre as dife-
t
do mundo,contandooficialmentecom169.544.443 rentescoresde pele reconhecidas pelasestatísticas
ofi-
I
ciais,para relacioná-lascom a distribuição- extrema-
- I habitantes(quinta mundial) no censorealizado
rcr: IEGE (Instituto Brasileiro de Geografiae Estatís- mentedesigual- da renda.
rr;Ì :m 2000.Está estimada,hoje,pelo mesmoorganis-
m; aproximadamente 176milhõesde habitantes. Distribuição e crescimento
-m
-\ reputação que o Brasil tem de "país de futu-
::' :ossibilitaencararcom certo otimismoo seu fu- A populaçãobrasileiraestádesigualmente distri-
;r- a médio e a longo prazo,porque há vantagens buídapeloterritório:aindaexisteumanítidaoposição,
rLn:,rnÌestáveis que lhe permitem ser - não apenas querefleteos efeitosdo processo de colonização e de
riÌ-r nLìmenclaturasoficiais - um país em desenvolvi- povoamento do território,entreasregiõeslitorâneas e
m:EILì.A maior de suas vantagensé, certamente, interioranas,
asprimeiras densamente povoadas, e asse-
su.:çtopulação, numerosa,majoritariamenteforma- gundas de ocupação rarefeita.
,le pessoasjovens,dinâmicase com condiçõesde Até mesmoaszonasdeconcentração sãoirregula-
"
r:-bilidade, em um país que ainda dispõede vastos res:aparecem vaziosimportantes em Estadosdensa-
ssraçoslivres. mentepovoados, comoRio Grandedo Sul,SantaCata-
\Ias tambémnão deixade serverdadeque há for- rina,MinasGerais,Bahia,Pernambuco. Paraíbae Rio
;= disparidades,algumas das quais podem constituir Grandedo Norte.Apenasos territóriosde SãoPaulo,
Firüaçaspara o amanhã:os comportamentos demográ- Paraná.,Rio deJaneiro, Sergipe,Alagoas,Paraíba e Cea-
---:irsr ariam de região para outra, entre cidadee campo; rá sãoocupados de formaequilibrada.
i ;stribuição da populaçãoé espacialmentemuito irre- No restantedo território,há umaestreitacorrela-
c-:iar:e. sobretudo,a sociedadeé compartimentadapor ção entrea distribuição da populaçãoe as redesde
Frpos favorecidose desfavorecidos, o que faz dela uma transporte(Capítulo8),sejamasviasnavegáveis, asan-
:-r mais desiguaisno mundo. para
tigasferroviasconstruídas exportaros produtos do
Privilegiamosaqui as mudanças,no tempo e no es- interior,sejam,cadavezmaisna atualidade, asrodovias
:aço. que essapopulaçãoconheceu,a análisedas dinâ- de alcanceregionalou nacional.
=cas demográficase dos fatores que as estruturam a Essa distribuiçãosignificativamente irregular é
;ada períododa formaçãosocialbrasileira:fatoresde- fruto de um processo de crescimento desigual,como
rosráficos (natalidade,mortalidade),fatoresde quali- mostraa Figura04-02,que representaa população dos
:ede de vida (respostaà demandasocial),migrações. Estados à épocade cadaum doscensos - do primeiro,
Destacamosum aspectoespecífico- e controvertido- en 1872,ao último,em 2000.Em 1872,o Paíscontava

Di nâm ícas popu lacionais

89
04-01.Distribuição da população em 2000

'o

$,iç.
O

Populaçãodos municípiosem 2000

1 0 .4 0 62 0 0

5 850 540

2 043.110

0 500km
<5000 @HT-2003
MGM-Liberyéo

Fonte: IBGE,Censo Demográfico2O00

commenosde 10milhõesdehabitantes, e somentevinte boracha- o patamardos50mil habitantes foi atingido


provínciasdo Impériocomputavam maisde 50 mil ha- peloEstadodo Amazonas, "Estado"porque,de acordo
bitantes.MinasGeraise Búia erÍÌmasmaispovoadas, coma República,proclamada no ano anterioÍ,as anti-
següdaspor Pernambuco, Ceará,SãoPaulo,Rio de Ja- gasProvínciasforam assimtituladas,aindaque a mu-
neiroe Rio Grandedo Sul.Em 1890,a populaçãototal dançatenhasidooficializadaapenaspela Constituição
atingia14 milhõesde pessoase - graçasao boomda de1891.

Atlas do Brasil

90
da populaçãodos Estados
O4-Oz.Crescimento

1872

í-/
\
{
\_
ì !-,

Pop u l a ç á o
(êm milhares)
2 A4A
Ãr049
w50 Toral: 17438 434
Íotal: 14 333 915
Total: I 930 478

1970

D inâm ícas PoPulacionais

91
04-03. População urbana e rural

40
mi l hóesde habi tantes

20

1940 1950 1960 1970 1980 1991 r996 2000

6 0 Sudeste

40

0
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000
20
Norte

0
1940 1950 1960 1970 1980 '1991 1996 2000
2A
Centro-Oeste

0
1940 i950 1960 1970 1980 1991 1996 2000

20
Sul

1940 1950 1960 r970 1980 1991 1996 2000

Fonte.IBGE,2000

A partir de 1920,o Brasil,já com suasfronteiras essamudançade centro de gravidadeocorreu em um


atuais após a incorporaçãodo Acre e outras retifica- contexto de crescimentogeral da população,que con-
ções de limites externos (todas elas favoráveisa ele tinuavaa um ritmo vertiginoso:30 milhõesde habitan-
nos outrosEstadosamazônicos), os 22 Estadose o Dis- tes em 1920(menosque a França,que contavaentão
trito Federal(a cidadede Rio de Janeiroe os seusar- 39 milhões),41milhõesem 1940,51milhõesem 1950,
redores)tinham populaçãosuperior a 50 mil habitan- quase 70 milhões em 1960,mais de 90 milhões em
tes.Mas somentea partir de 1940São Paulo passoua 1970,L17milhõesem 1980,145milhõesem L991,qua-
ser o Estadomaispovoado(graçasàsmigrações inter- se 170 milhões em 2000.A populaçãodo Brasil foi,
nas,pois o fluxo das migraçõesinternacionaisera, en- portanto, multiplicada por 17 em 118 anos,e por 10
tão, bem menor que à época da formação das suas durante o séculoXX.
plantaçõesde café),e o crescimentorápido do Sudes- Esse crescimento global foi acompanhado de
te começou,suplantandoprogressivamente o Nordes- uma reversãoda proporcionalidadeentre população
te como principal região do país. Vale notar que rural e populaçãourbana (na definição dada pelo

At las do B r as il

92
IBGE), comseupontode inflexãonosanosde 1960. As bases demográficas
A curvada populaçãourbana,que tinha começado
seucrescimento maisrápidona décadaprecedente, Paralelamente a essasmudanças do quantitativoe
em funçãodo crescimento vegetativodoscitadinose da distribuiçãoda população, outrasmudanças demo-
do êxodorural,interceptoua curvada população ru- gráficasproduziram-se, e explicam-nas emboaparteas
ral, que iniciavauma lenta descida.Em quatrodas mudanças dastaxasde mortalidadee de natalidade, da
cincograndesregiões, a predominância da população estruturaetâna,daesperança que
devida.A medida es-
urbanaé hojebemnítida,e mesmono Norte,a região sastransformações ocorrem,outrasdisparidades apare-
menosurbanizadadas cinco,o númerode citadinos cem- e freqüentemente seaprofundam - entreasdife-
ultrapassou a população rural.Maso cruzamento das rentesregiõesdo país.
cuÍvasocorreuem datasdiferentesnas diversasre- O mapadosnascimentos em proporçãoa 10 mil
giões:enquantono Sudeste eladatadosanosde 1950, habitantes(Figura04-04)mostrauma útida oposição
no Sul e no Centro-Oeste foi necessárío esperaros norte/sul,comastaxasmaiselevadas sendoatingidasna
anosde 1960;no Nordeste, ocorreunosanosde 1980, Amazôniadosrios e no Maranhão.EsseEstadoé um
e no Norte datasomentedos anosde 1990,levando dosmaispobrese é dirigidopor umaoligarquiada qual
BerthaBecker(200Da chamaressareqiãode "flo- pode-sedizer,eufemisticamente, quenãotem o destino
restaurbanizada". daspopulações pobrescomoprimeiradesuaspreocupa-
A distribuiçãoda densidade populacional obedece çõeqe quenãosedesespera ao vêlos partir.Alimenta,
a umalógicaclaramente resultadodo pro-
leste-oeste, de fato, há anos,importantesmigraçõestanto para a
cessode ocupaçãoe de colonização a partir do litoral Amazôniacomoparacidades do Sudeste e Centro-Oeste,
(Capítulo3).É, por conseguinte, nasregiõesmaispróxi- especialmente Brasília.Pará,Amapát, Roraimae Acre
masdo mar no Nordeste,Sudestee Sul que seencon- têm taxasligeiramentemenorese são acompanhados
tramasdensidades maiselevadas, superioresa2l6habi- por Bahia,Pernambuco e pelo norte de MinasGerais
tantespor quilômetroquadrado,e até maisde 10 mil (que é ecológicae culturalmentenordestino),consti-
nascapitais. Em oposição, a maiorpartedaAmazõriae tuindo,nesseponto,um clarolimite.
imensas superfícies
do Centro-Oeste apresentam densi- O Brasildo Sulapresenta taxasmuitomaisbaixas,
dadesmuitobaixas, entre0,13e 11habitantes por quilô- aindaqueosnascimentos sejamemnúmerosabsolutos
metroquadrado, destacando-se apenasascapitaise al- maisnumerosos. Tlata-sede uma marcaevidentedos
gunsmunicípioscom valoresentre 11 e 24 habitantes efeitosda estruturaetáriae dastaxasde urbanização,
por quilômetroquadrado. comosevê noscasosde SãoPaulo,Rio de Janeiro, Be-
A zona litorâneanáo é, contudo,homogênea: lo Horizontee Curitiba.Ocorreumaúnicaexceção, no
quasedesertaao noÍte do Amazonas, opõeclaramente centro-suldo Paranáe no centÍo-nortede SantaCatari-
as duasregiõesmais importantesdo País,separadas na, precisamente a zonarural menosdesenvolvida da
poÍ um espaço poucodensamente ocupado(suldaBa- regiãoSul.
hia e do EspÍritoSanto).No Nordeste,o contrastena- O númerode falecimentos é muitomenor(o Bra-
cionalentrelitoral e interior se repete.No Sudestoe sil é aindaum paísjovem)e é tambémmarcadopelos
no Sul.ao contrário.a densidade continuaforte em efeitosda idadee da urbanização. Concentram-se, por-
muitasregiõespróximasdasfronteirasocidentais: éo tanto,em doispólosde importânciadesigual,sendoo
rínicolugarondeo Brasilpovoadoadquirecerta"pro- menorno Nordeste, emsuasregiõesmaisconsolidadas,
fundidade",e o mapadasdensidades indica,entreas do litoral daParaíbaatéSalvador, O principalé o vasto
latitudesdeVitória e de SãoPaulo,do mar aosconfins conjuntoformado pelosEstadosdeMinasGerais,Goiás,
rfo ÌvlatoGrosso,o coraçãoagrícola,industriale urba- Mato Grossodo Sul,Rio de Janeiro, SãoPaulo,Paranâ,
no do Brasil. SantaCatarinae Rio Grandedo Sul.Essastaxassãoaí

D i nâmicas populaciona is

93
04-04. Densidade de povoamento

Habitantespor km2
12.908
I zto
I 48
I 24
I 11
LlT
2
0

Sem inÍormações 500 km


ffi (novosmunicípios) @ H|-2OO3McM-Liberyéo

Fonte: IBGE,Censo Demográfico2000

porqueaurbanização
maiselevadas, é maisforte- asci- Comoa diferençaentreo númerode nascimentos
dadesdestacam-seclaramente-, e a idademédiamais e o de falecimentos
revela,o crescirnento
naturalé a
E especiatnente
elevada. o casodo Rio de Janeiro,que causaessencialdo aumentoda populaçãobrasileira,
seigualaa SãoPauloem númerosabsolutos, e o ultra- já quea imigração,
quepor algumtempofoi seuprin-
passaemproporçãopor 10mil habitantes. cipalfator,cessou,
tendosidoaté substituídapor um

At las do B r as il

94
movimentode emigração (1,3milhões 04-05. Nascimentos e óbitos
de brasileirosdeixaram o País nos anos
de 1980).Comum ritmo de crescimento
anualde I,3o/o,oBrasilaindafazparte
dospaísesde crescimento relativamente
rápido,em oposiçãoaos países da Euro-
pa e algunsdosseusvizinhos, comoa Ar-
o
a
gentinae o Uruguai.Contudo,a evolu- .a
çãoclássica da transiçãodemográfica es- aa
tá claramente emcurso.Até 1960,a nata-
lidadetinha-sereduzidopouco,ficando
estávelaoredorde 45%o desdeo primei-
ro censo, enquanto a mortalidade tinha
se reduzidode 30,2o/oo (1872-1890) a
13,4%o (nosanosde 1950),e a taxade Na scim e ntosP or
10.000habitantes
crescimento passouentãode I,630/o paÍa
2.99o/o. Por volta de 1960, a tendência in-
yerteu-se: a mortalidadecontinuoua re-
duzir-seligeiramente(atualmenteé de
6.77oo, maisgraçasà juventudeda popu- o--__19 k-
laçãoquea suascondições de vida),mas @ HT2003 MGM-Libergéo

a natalidadereduziu-seaindamais,de
-17.17m em1980aI9,9%'em2000.O Bra-
sil passouclaramentepara a segunda
faseda transiçãodemográfica, na quala
quedadanatalidadesegue, comatraso,a
da mortalidade. E asprojeções do IBGE
deiram prever que essa evolução vai
JDnlrnuar.
Essastaxasmédiasvariam,natural-
uente.deregiãoa região,entrecidadese
itrempo e de acordocoma rendadosgru-
rrs sociais, sendoasdisparidades a regra
e úo a exceção (Capítulo9).Valenotar,
óbitos por
grr eremplo,que quantoà mortalidade 1 0 .0 0 0h abi tantes
ffi.:ntil o Brasil classificou-se,em 2001,
maredíocre 92eposiçãomundial,essen-
m*Ãmen1s por causadasituação decertas
!rylrìesmuito pobres.Mas a existência
nrqq*spopulações pobres,mal alimenta-
@ HT'2003 MGM-Lìberyéo
&n e de saúdeprecáriadeve-seà desi' - 0 .1
ry,eidistÍibuiçãoda renda,não à explo- Fonte:IBGE, Civil1998
do RegistÍo
EstatÍstica
Éo demogrráfica. quecessouhá décadas:

Dinâmicas populacionais

95
a taxade crescimentoda população,que estavapróxima não existeestudodefinitivosobreascausasda quedada
de 3% entre 1950e 1960(duplicaçãoda populaçãoem natalidade.O seu declínio entre 1960 e 1980 é ainda
27 anos),despencoupara2Yoentre 1980e 1991(dupli- mais notável sabendo-seque nenhuma política pública
caçãoem 38 anos),e atualmenteé tão baixa que a du- de planificaçãofamiliar foi implementadapara incenti-
plicaçãolevaria57 anos. vá-lo,devido à influênciaforte,na época,da Igreja Ca-
Os demógrafos, apoiando-se na evoluçãodasdéca- tólica. Admite-se, portanto, que seusfatores principais
das anteriores,consideram que o crescimentonatural são a urbanizaçãoe o desenvolvimento das comunica-
caiu,no fim dessadécada,à metadedo que era quaren- çõesde massa,que facilitarama adoçãode novasnor-
ta anos atrás.No entanto, de acordo com Manoel A. mas e de novos compoÍtamentosdemográficos.Asso-
Costa(2002),estareduçãodeve ser relativizada.O nú- ciam-sea essesfatores estruturaisoutros mais conjuntu-
mero de nascimentosvivos passoude 20,6 milhões na rais, como a divulgação da pílula anticoncepcional,a
décadade 1940-1950a um máximoquaseestável,ligei- evoluçãodo papel dasmulheresna sociedadee as mu-
ramente acima de 35 milhões,durante as duas últimas dançassociaisque contribuírampara quebrar os antigos
décadas. Entre 2000e 2010,deveriapermanecermaisou tabus.A esterilizaçãoe o aborto continuam,contudo,a
menosao mesmonível que entre 1990e 2000,ou seja, ser utilizadospelasmulheresbrasileiras,por falta de ou-
um total de pouco mais de 65 milhões de criançasnasci- tros meios ou de informação convenientesobre outros
dasentre 1990e 2010,cujossobreviventes serãoa popu- métodos de planejamentofamiliar. Conseqüentemente,
laçãocom idadede menosde 20 anosem 2010.De acor- embora sejamilegais,o Brasil situa-seentre os países
do com ele,a reduçãoda taxa de natalidadeseráprati- que maisusamessesmétodos,e pesquisas realizadasem
camentesemefeito sobrea demandade serviçospara as meadosdos anos 1980consideravamque o número de
criançase os jovens durante os próximos vinte anos. abortos chegavaa mais de 1 milhão por ano, e que um
Apesar das inúmerasdiscussõesa esserespeito, terço das mulheresvivendo em união estáveltinham se
principalmentepor ocasiãodo recenseamento de 2000, submetidoà esterilização.

Fonte: IBGE,CensosDemográfìcos1940-2000

At las do B r as il

96
Outrosfatores,comoa estrutura 04-06. A transição demográÍica,
uw'idadese asmigrações, contribuem o passado e o futuro previsível
parae-rplicara evoluçãodemográfica
,üü País Como as segundaspesam
muco.a pirâmide etánaé determina- Taxa anual em %o
da essencialmente pela natalidade.A
roureduçãojá tem tido um efeitosen-
wrel diminuindoa amplitudeda base
..depirâmidedemográfica,sobretudo
ors cidades,enquantoo aumentoda
Èryìerança de vida tem provocadoum
;úmeamentoda sua parte superior.
l\-osanosde 1940,era muito baixa a
poporção de pessoas idosas,aumen-
unmdo notadamente desdeentão.Con-
iry[rantoas mulheresidosas fossem
nnnnisnumerosas que os homens,essa
0
.tesigualdade reduziu-seem seguida. N OOOOOF@O
r $6@r@ooo
.dspessoas que têm hoje maisde 60 @ oooooooo
rN

ffxls nasceram nos anosde L940,e o Fonte:IBGE

reu númerodependemaisdascondi-
cÕesde natalidadee mortalidadein- M ilh ó e sd e
habitantes
fantil da épocaqueda mortalidadeul- 300

'.erior.Como a taxa de mortalidade


caiu de maneira significativaapós
I9{0. e a mortalidadeinfantil mais
uindaapós1965,pode-seesperarque
o númerodepessoas nascidasapóses-
çnsdatase que viverãomais de 60
anosaumentesensivelmente, até que
as geraçõesnascidasentre 1955e
i965.no máximodo crescimento de-
mográficodo País,atinjama terceira
idadeentre201,5e2025.
O È - Q O OFFo OON ÉOOOr
@ @ o o o o o - - !_ N N o ó o d +
Em 1991,osmenores de 15anos NNNNNNNNNNNN

rEpÍesentavam 34,7o/oda população, e ll Poputaçáo


total -Taxa de natalidade -Taxa de mortalidade
osmaioresde 65anosmenosque1%. Fonte:Projeçóes
IBGE
Costa(2002)consideraque em 2010
representarão, respectivamente, 25,7o/o
e72"/". Essaspercentagens devemestabilizar-se na se- desafiosimportantes(criaçãode empregos, amparoàs
gunda metade do século aproximadamenteentre 21.o/o pessoas idosas)pelo menosaté2020,data a partir da
e 15%.contra64o/ode pessoasde idadeeconomicamen- qualo crescimento naturaldeverácair abaixode 0,5olo
te produtiva. O Brasil deve, por conseguinte,superar ao ano.

D i nâm i cas popu lacionais

97
04-07.Estruturaetária,o passado Osproblemassociaisocupamum lu-
e o Íuturo previsível garimportanteno programado presidente
daRepúblicaeleitoemnovembrode2002,
Luiz InácioLula da Silva.e. indubitavel-
mente,encontrarosmeiosparaatender, de
M u lh e r e s
maneirasatisfatória,àsdemandas nascidas
da pressãodemográficaé um de seus
maioresdesafios. Nessedomínio,a inércia
é tamanhaqueé necessário responder ho-
je às conseqüências de comportamentos
quedatamdeváriasdécadas atrás.
Quantoà análiseda distribúçãoes-
pacialdosfenômenosdemográficos, a da
esperança de vidamostraumanítidaopo-
siçãoentrenortee sul,Osvaloresmaisim-
portantes,entre71,e 78 anos(calculados
pelo Ipeaparaa elaboração do Índicede
Desenvolvimento Humanoà escalamuni-
cipal- IDH-M), concentram-se principal-
menteno centro-sul, ou seja,partede Mi-
nasGerais, suldeGoiáse do MatoGrosso
do Sul,os trêsEstadosda RegiãoSule o
Estadode SãoPaulo.Aparecemigual-
menteem municípiosde Mato Grosso,
M i l h ó e sd ê h a b ita n te s
ParáeTocantins, enquantoosvaloresmais
baixos,entre50 e 65 anos,encontram-se,
infelizmente,no Nordestee naAmazônia:
24 anosde vida,emresumoe emmédia,é
a diferençaentre o melhore o pior dos
municípiosbrasileiros.
A intersecção entrea análiseda dis-
tribuiçãoespaciale a evolução,duranteos
últimosvinte anos,permitefazero balan-
ço dosgaúos e perdasde populaçãodes-
seperíodo,e indicasituações contrastan-
tes,É geral o crescimento da população
urbanaem todo o território nacional,o
que reforçao predomíniodo litoral, das
1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 capitaise dasregiõesmetropolitanas. Os
Populaçâo 122 r4B iio 1s2 21a 223 233 238
idade média 20,1 22,6 25.6 29,1 32.4 34J 36,4 37.7 ganhosde populaçãorural são infinita-
I6b anos e mars I SO_O+ El tS_qa E 0_14 mentemaismodestos e referem-se princi-
Fonte:ProjeçóesIBGE
palmente àAmazônia (ondeoitodosnove
Estadosregistraramganhossuperioresà

Atlas do Brasil

98
04-08.Esperança de vida

Esperança de vida
nascer,em 2000
-|rEI

r ffi"i';'filffi:, 0 500 km

@ ÍI-2003 McM-Libergéo

N2

queemnúmeÍosabsolutos seja- parado- nordestinos registramganhosnotáveis,na maiorparte


deSãoPauloo queregistroumais graçasà introduçãoda fruticulturairrigada:Pindaré,no
rural. com 435.708novoshabitantes Maranhão;Chorozinho,no Ceará;Macaíba,no Rio
(ou pelo menosde pessoas consideradas Grandedo Norte:e Petrolina,emPernambuco.
que vivemfora do perímetroclassificado Maisrarassãoasperdasdepopulaçãoe,portanto,
podermunicipal).Algunsmunicípios múto significativasnumcontextode crescimento geral.

Di nâ m ìcas popu lacion ais

99
Em quatrodascincoregiões,asperdasforammuito li regresso apareceram de SãoPauloparaosEstadosde
mitadas.Apenasa regiãoSultevemaioramplitude,es- origemdosmigrantes(MinasGerais,Bahia,Ceará,Per-
pecificamentenosmunicípiossituadosno centro-oeste nambucoe Paraná), por inúmerasrazões, principalmen-
e no sudoestedo Paraná,e no nortedo Rio Grandedo te peladificuldadede encontraremprego. Mas,simulta-
Sul,regiõesque sofreramem cheioastransformações neamente,perdurava o fluxo principal,aquelequelevou
da agricultura,
como deslocamento dasculturasdo café maisde 250mil pessoas da BahiaparaSãoPaulo,signi-
e dasoja(Capítulo4).Essahipóteseé confirmada pelas ficandoque,apesardasdificuldades amplamente difun-
perdasde população rural,particularmentefortesnessa didaspelosmeiosde comunicação, a cidadee o Estado
região,masse referemigualmentea outrosconjuntos, de SãoPaulocontinuavam a exercerumaforte atração.
comoo sul do Bahia,devidoà crisedasplantações de Fluxosdo períodoanteriorprolongam-se, emboraem
cacau,e a váriosoutrosEstadosnordestinos, de Per- menor intensidade:do Maranhãopara o Pará e do
nambucoao Maranhão.Num contextode crescimento Piauí,Ceará,Paraíbae Pernambuco paraSãoPaulo.
vegetativo,essasperdasestão,evidentemente, correla- As migrações de curtadistânciaparecem,portan-
cionadas àsmigrações,a respeitodasquaissepodepen- to,dominar,comomostraa Figura04-11, quemostrao
sarquesedirigiramtantoparaascidadescomoparaas destinodaspessoas que mudaramde município.Pro-
frentespioneirasdaAmazôniae do Paraguai. porcionalmente, os níveismaiselevadosestãose diri-
gindodo Pará,,do Ceará,da Bahiae de MinasGerais
paraascapitaisou asgrandescidades. Em SãoPaulo,o
Migrações e contexto local
movimentoé diferente,alimentadopelosdeslocamen-
A importânciadasmigrações na evoluçãoda po- tos de saídada metrópolerumo àscidadesdo interior,
pulaçãobrasileirapodesermedidapelossaldosmigra- ondeo deslocamento domicílio-trabalho é menor,bem
tórios,por deslocamentos de longadistânciae pelapro- comosãomenospesados oscustosdemoradia, alimen-
porçãodosmigrantes na composição dapopulação. Es- taçãoe estudo.
seúltimo critérioseráutilizadoespecificamente parao Em númerosabsolutos, maisde 250mil mineiros
peíodo recente,por falta de melhorinformação, poisa migraramparaBeloHorizonte,e emmenorescalapara
contagem demográfica de1996comportava apenasessa outrascidades do Estadoou deEstados próximos(Dis-
indicaçãoe, atéo momento,forampublicados somente trito Federal,SãoPaulo,Rio de Janeiroe EspíritoSan-
os primeiroselementos sobremigrações obtidosno re- to), É, contudo,necessário ressaltarqueMinasGeraisé
censeamento demográfico de 2000. o Estadoquetemo maiornúmerode municípios(mais
Comparandoos saldosmigratóriosdos períodos de 800)e um deslocamento a curtadistânciapodeser
1970-1980 e 199l-1996,constata-seumanítidareorien- contadocomomigração, contudonão é o casoem ou-
tação.Duranteo primeiro,doistiposdefluxosexistiam, tras regiõesondea malhamunicipalé menosfina. Os
centrípetos e centrífugos(em direçãoàszonaspionei- paulistasescolheram, alémdo seupróprio Estado,mi-
ras).Na primeiracategoria, maisde 500mil pessoasdos grarparaosEstadosvizinhos(Paraná, Mato Grossodo
Estadosdo Paranáe de MinasGeraise maisde400mil Sul,Goiás,Distrito Federal,MinasGeraise Rio de Ja-
da Bahiae de Pernambuco vieramem direçãoa São neiro)ou parao Nordeste. Osbaianos e cearensesopta-
Paulo.Ao mesmotempo,fluxosmenoresdirigiram-se, ramtantopor suacapitale cidades principaisdo Estado
aindaquesecontassem tambémemcentenas de milha- quantopor SãoPaulo,Rio deJaneiroe Brasília.
res,tantodo ParanáparaMato Grossoe Rondônia,co- Em Rondônia,os movimentos sãoprincipalmente
mo do Maranhãoparao Pará.Det99l al996,osfluxos internos, dirigindo-separanovosmunicípios dafronteira
forammenosevidentes, poismuitastrocasfizeram-se a agrícola:aparentemente, migrações resultantes de des-
curtadistânciaentreEstadosvizinhos,comoentrePa- membramentos administrativos, processo quefoi parti-
raná,SantaCatarinae Rio Grandedo Sul.Fluxosde cularmente ativonesteEstado(Capítulo2,Figura02-13).

Atlas do Brasil

100
04-09. Ganhos e perdas de população 1980-2000

0 500 km
@ HT2003 MGM Líbeígéo

Ur bano

Selecionaram-seseis dos 27 Estados,notávetsem "baiano"passoua sersinônimode"nordestino".O Ma-


tennos de migração a longa distância (migrantes que ranhãoalimenta,alémdo fluxo clássicoparaSãoPaulo
nnudaramde Estado entre 1995e 2000),para compor a e Rio deJaneiro(ondeosmaranhenses sãominoria),as
F-igura04-12.Entre os Estadosde origem de migrantes, frentespioneirasdo Pará,Tocantinse Roraima,e ainda
Bahiamantémo esquematradicionalde migraçãopara fornecea principalcontribuiçãoao crescimentodemo-
Sao Paulo, onde seusmigrantes são tão presentesque gráficodo entornode Brasília.Os paranaensespartem

D inâm icas popu lacíonaÌs

101
04-10.Migrações internas emduasdireções por umlado,
principais:
paraosEstadosvizinhos, principalmente
SãoPaulo;por outro lado,alimentamo
eixo do noroeste(Mato Grossodo Sul,
MatoGrosso e Rondônia), ondea suain-
fluênciaé predominante na regiãodeex-
pansãoda soja.Nessaregião,encontram
os migrantesdo Rio Grandedo Sul que
fizerama mesmaescolha(os outrosfi-
camno Sul),e ambososgupos sãocha-
madosde "gaúchos". A confusão é per-
doável,já que os paranaenses sãofre-
qüentemente filhosou netosde migran-
tes gaúchose freqüentamassiduamente
osCTGs(CentrosdeTradiçãoGaúcha).
SãoPaulovêseusmigrantes iremparaos
três Estados vizinhos,Minas Gerais,
Númerode migrantes Mato Grossodo Sul e Paraná,mastam-
de 1970a 1980
bémparao eixopioneirodo noroestee
E rao.ega
f, zsa.zoe parao Nordeste:asidase voltasde nor-
77- qr:ta 0 500 km
@ HT-2003MGM Libercéo destinosalimentam fluxosconstantes nas
Flã sse.''ot
duasdireções. AlgunsEstadostêm liga-
çõesprivilegiadascom zonasde migra-
ção específicas, por exemploa Paraíba
comRio de Janeiro,ou o EspíritoSanto
com Rondônia,para ondeos capixabas
migrarammuitonosanosde 1970,
No total,tomando-se comocritério
a proporçãodosmigrantes na população
(Figura 04-13),ocorremduas imagens
contrastadas.O mapada proporçãodos
migrantesna populaçãodas microrre-
giões,emL996,evidencia asmargens me-
ridionaise orientaisdaAmazônia,ou se-
ja, o "arco do desmatamento", aonde
Número de migrantes
de 1991a 1996
cercade l5o/oa 40oÂda população che-
gounoscincoanosqueprecederam o re-
264.474 censeamento, Essesubliúa, da mesma
maneira,o eixo Manaus-Caracas, que
r-, roszeo o_jq kr
atravessa Roraima,e o que atravessa o
+ 66 11 9 @Hf-2003MGMLiberyéo Ãmapá,os dois eixosmaisrecentesde
Fonte: IBGE,CensosDemográficos
conquistapioneirada Amazônia.Apa-
recem,igualmente, Palmas, a capitaldo

At las do B r as il

102
04-11.Migrações internas

P ro p o rçá o Pr opor ç áo
d o s mi g ra n te s* dos m i gr antes * N úm er o
oe m r gr antes
89,9 88.10
264 283
J0,/0
130000
4,30
0 ,0 7 a,a2 1m

Provenientes
do Pará

Proporçáo Pr opor ç ão
d o s mi g ra n te s* dos m igra ntesx
15,3 de migrantes 91 2
4,20
0,60
16 350
-
1m -l-r
a ,rn
1,40
"l o
0 ,0 1 0.02

Provenientes Provenientes
do Ceará da Bahia

P ro p o rçã o Pr opor ç ão
d o s mi g ra n te s" N úm er o
dos m i gr antes *
90,5
54,3 51,6 134424
v.
1,40 3,1 65ooo
0 ,0 1 1,0
Ta\)
tm \'-

0 500 km
: -: :cF eòn< ^. naÂ^^Dí i. ^<
"%dotota dosmÌgrantesrnstaaclosnoEstado ourzaosn,cuti"",.".

D inàm icas popu lacìonais

103
O4 - 1 2 . T i p osd e e mi g ra çã o

Migrântesdo
Migrantes
Rio Grande
do Paraná
do Sul
_ 197519 41 495
l.- 53.766
\tr 12.4€4 \r- 2677
1 1

t?

0_99q km
Fonte: IBGE,CensoDemográfico2OO0 @HT2003MGMLibergéo em 2000 que tinhamnascidoem outro Estado
Pessoêsrecenseadas

Atlas do Brasil

104
novoEstadodeTocantins, e o entornode 04-13. O peso dos migrantes
Brasília,a suaperiferiapopular,duasre-
giõesem crescimento rápido devidoao
afluxo dos migrantes. As razõesde ser
desseafluxo são diferentesde acordo
comoscasos: emRoraima,explica-se pe-
la consolidação da estradaBR-174,que
abreumasaídaparao Caribee,no Ama-
pá,o asfaltamento da estradaBR-156fa-
cilitaa passagem paraa GuianaFrancesa.
Palmasé umacapitalnova,construída em
1989,e queatingiu136.554 habitantesno
recenseamento de 2000.No entornodo
Distrito Federal,a multiplicaçãodos Io- Proporção
dos migrantes*
teamentos, freqüentemente gratuitos,
e os na população
novosmunicípiosatraíramaspopulações em 1996(%)
40
pobresdo Distrito Federale,simultanea-
ìc
mente,migrantes vindosde longe,do Ma-
ranhãoem especial. Outraszonasapare- ffi
4
cem,ainda,com taxasmenores,comoa T-t
0
região dos perímetrosirrigadosdo rio 'PopulaçÉoda microregrão recenseadaem 1996 o-_____Lgk*
que íesidianum outro Éstâdoem '1991
São Francisco,fronteira entre Bahia e @ HT-2003MGM-Libercéo
Fonte: IBGE, contagem populacional l996
Pernambuco, ou aindao oesteda Bahia,
ondesedesenvolveu a culturadasoja.Es-
seindicadorsimplessublinha,por conse-
guinte,efetivamente os"pontosquentes",
aquelesondeo afluxodosmigrantesé a
marcado dinamismode conquista,para
melhore parapior.
Mas se o interessesão os efetivos
absolutos, considerando-se a informação
por Estadoem 2000de que se dispõe
atualmente, constata-se queo Estadoque
acolheo maiornúmerodemigrantes con-
tinua sendoSãoPaulo,ondemaisde 2,5
milhõesde pessoas vieramestabelecer-se
nosúltimosdezanogvalor bem distante
do atingidopeloRio deJaneiro(614.900). *Pessoasnáo nascidas

De fato,um bomnúmerode migrantes lá no Estêdoque tinham


menos de 10 anos compl€tos
residehámaisdeseisanos. masem1999. o
anoqueprecedeuo recenseamento, mais
de 180mil pessoas vieramali se instalar, Fonte: IBGE,CensoDemográfico2000
quasedezvezesmaisque em qualquer

D inâmicas popu laciona is

105
O4-14.Taxade população masculina

Núme ro de h om ens
p ara 1 00mu lher esem 2000
117
g
110
ffin 103
100
ffi
98
m 94
I 89
@ LI-2003 McÌ*Libergéo
Fonte:IBGE, Censo Demográfico2OOO

Estadodafrentepioneira.Se,por conseguinte, osefei_ menteda proporçãoentreo númerode homense mu_


tosda conquista pioneirasãoirnportantes
localmente,
é lheresnapopulaçãode cadalugar,Essaclássicarelação
necessário lembrarque essasmigraçõespesampouco apresenta,
no Brasil,um sentidonovo,vistoqueé mar_
no balançonacional. cadopor umaforteoposiçãoespacialentreasregiõesli_
Igualmentereveladoré outroindicadordemográ_ torânease a frentepioneira,
e entrecidadee campo.A
fico simplega taxade gênero,Índicequetratasimples_ predominância demulheres(emverdena Figura04_14)

Atlas do B r as il

106
é nítidanasgrandescidades, empartede- 04-15.Variações da taxa de
vido ao afluxodejovensdaszonasrurais população masculina
que encontramempregode doméstica,
costumeaindaexistente nasclassesmédia
e superiorbrasileiras.
A mesmapredominância encontra-
senos camposde MinasGerais,de São
Paulo,de todaa regiãoSule, sobretudo,
no Nordeste:destavez,a diferençanão
representa afluxode mulheres,masparti-
da de homens. Reencontram-se essesho-
mensem zonasbem específicas (em la-
ranjae marromno mapa):aszonaspio-
neirasdo Nordeste(oesteda Bahia),
Centro-Oeste e Amazônia,sobretudono
Variaçáoda taxa de
"arcododesmatamento". oumelhor.uma populaçãomasculina
daszonassituadasligeiramenteao no- entre 1980e 1991
roestedele,zonaqueastaxasmáximasde Âq

população masculina (entre110e 117ho-


Médiacom os
mensparacemmulheres)sublinhamcla- vizin hos
mai s
próxrmos
ramente,bemcomonosEstadosde Ro-
- 1 9 ,3
raimae Amapá.Sãozonasem que há
necessidade demão-de-obra poucoqua-
Iificada,masdotadade força muscular
paraabaterárvoresde quarentametros
com motosserra, o que requerhomens,
preferencialmente j ovens.
Nessas regiões
se vive distantede qualquerescola,de
qualquerhospitale, por conseguinte,
sema família,quefoi deixada,provisó-
ria ou definitivamente, nas regiõesde
origemdosmigrantes.
Em doisperíodosdiferentes- entre
1980e 1991e entret996e2000-, a varia-
çãoda taxade população masculina mos- a taxa de
tra a que ponto esseindicadorrevelao masculina
e 2000
início de frentespioneirase o momento
emquecomeçam osdesmatamentos. Re-
forçadospela padronização estatística
(médiado valorde cadaunidadeespacial
coma deseusvizinhos), a tendênciaé ní-
tida:nosanosde 1980,osmaiores índices
eramlocalizados no Mato Grossodo Sul,

D ìnâm icas popu laciona is

107
Mato Grossoe Goiás,regiõesde cerrados. Tâmbémem instruçãode anotaro quesedeclara, e nãoo quevê.As
RondôniaePará,emregiõesde floresta,a mesmafron- categoriaspossíveis sãopouconumerosas, seisao todo:
teira agrícolaprogrediaapósa incorporação doscerra- branco,preto,mestiço, amarelo, indiano,semdeclaração.
dos.A "perda"de homensmarcavao Nordesteinterior, Essesdadosdo recenseamento demográfico per-
sobretudoregiõespróximasda frentede colonização, e mitem dar uma imagemda distribuiçãoda população
a Amazônia,que,provavelmente, perdiatambémseus pelacor da pelee tambémcruzaressavariávelcomou-
homensjovensatraídospelafronteira. tras,sobretudoa distribuição dosrendimentos, pelome-
A tendênciano período1996-2000, aindaque os nosparao recenseamento de 1991,cujosmicrodados
desviosfossemmenores(sem dúvidarelacionadosà (dadosindividuais)forampublicados.
evoluçãodatransição demográfica e à perdadevitalida- A primeirasériede mapas(Figura04-16)mostraa
de dasmigrações), é de forte progressoparao noroeste distribuiçãoda populaçãoem funçãodessas categorias:
da zonamarcadapelapredominância masculina,
Desta a dimensãodo círculorefere-seao númerode pessoas
vez,forma-seum arco,de Rondôniaà "cabeçado ca- por micronegiãoe a cor à suaproporçãoem relaçãoà
chorro",no ocidentedoAmazonas,incluindo todoo Es- população totaldessamesmamicrorregião. Quemco-
tadodeRoraima,o oestedo Paráe o noroestedo Mato nheceligeiramente a históriada população brasileira
Grosso,ou seja,umaboaparteda Amazôniaaindain- nãosesurpreenderá muito ao constatarqueosbrancos
tacta.Pode-se interpretaresseindicadorcomoa ponta sãoparticularmente numerosos no Sul,regiãode imi-
avançada da frentepioneira,ou seja,umatendênciain- graçãoeuropéia,e osmestiçosno Nordestee na Ama-
quietantepara o futuro da florestaamazônica. Diante zônia,regiõesonde,há quasecincoséculos, existeum
dessaevidência, aspolíticasde preservação e de redu- ativoprocesso demestiçagem.
çãodosimpactossão,maisdo quenunca,fundamentais. O mapadosnegrosé esclarecedor: enquanto asso-
Quanto às variaçõesnegativas,essasconcentram-se cia-segeralmente a suapresença como Nordeste, pode-
sempreno Nordeste,tradicionalreservatóriode mi- severque,sesãocertamente numerosos naBahia,o são
grantesdesdeo séculoXIX, e corremo riscodeperma- aindamaisno Sudeste (emespecial no Rio deJaneiroe
necerenquantoosproblemasestruturaisda regiãonão emMinasGerais).Esseaspectopodeserexplicadopor
foremsuperados. tratar-sede antigasregiõesde escravidão,mas, a prioü,
é surpreendente encontrarumaminoriasignificativa no
Democracia racial e Rio Grandedo Sul,e essapresença podeserexplicada,
racismo econômico? maisumavez,pelasheranças da escravidão.
Os outrosgrupossãomenosnumerosos (nosma-
Uma dasquestões maissensíveisno Brasilé a de- pasdessasegunda série,a dimensãodo círculomínimo
mocracia racial.Algunsvêemo Brasilcomoumpaísque nãocorresponde maisa 10mil ou 15mil pessoas, como
teveêxitoem suamestiçagem, contrariamente a certos nastrêsanteriores, masa 1.000ou 500pessoas),'Ama-
paísesondeo processo é chocante(a África do Sul,em relos",essencialmente descendentes deimigrantes japo-
especial),
enquantooutrosdenunciam um racismoinsi- neses, estãoconcentrados no Estadode SãoPaulo(aon-
diosoe umadiscriminação defato,senãode direito,dos dechegaram no séculoXIX ou no iníciodo séculoXX),
negros.Não caberiarespondera essaperguntano con- comexceção de algunsquemigraramparaascapitaisde
texto desteAtlag maspensÍÌmos poderincorporaral- outrosEstadoqondesãofreqüentemente produtoresde
gunse_lementos ao debate,considerando que os recen- hortaliçasou comerciantes de fÍutase legumes. Quanto
seamentos brasileirosdispõemde informações sobrea aosindígenas, os efetivosmaisnumerosos situam-se na
cor da pele da população. É importanteressaltardois Amazônia,emespecial ao nortedo Amazonas e de Ro-
aspectosdaquestão: trata-sedacordeclarada pelaspes- raima,maspercebe-se que estãopresentes em todo o
soasrecenseadas. Os agentesrecenseadores recebema País,emconcentrações secundárias no Mato Grossodo

Atlas do Brasil

108
população brasileira
04-16.As seis Goresda

Número

Pr opor ç ão
Proporçáo da poPul aç áo
Número
da poPulaçáo 6,90 de amarelos
22.1 NúmeÍo 0,16 236
I
E
de pretos 0,06
0,01
u' z\trìl
94a.o24-7\
ffi 244.506t-'r / 0.00
10.000ry
@
Sem
declaração

Proporçao
da poPul aç áo
6,26
0,30
0,16
0,08
0,00

km
@ HT-20ú MGM-Libergéo
Demográfico1991
=.-", iacr- uicrodados do Censo
,

a is
D i nâmicas PoPulacio n

109
04-17.Distribuição por cor de pele

ComponenteI 24 17Vo

t36,e%l
* 1000)
(coordenadas

o,- jgk'
MGM-Libergéa
@HT-2003

% Indígenas e

%Sem declaraçáo i

-1
| % Pardos
% Pretos!


Componente
|1s3%l
*
(coordenadas1000)

0- k'
-iE
@ HT-2003MGM Libegea

do CensoDemográfico1991
Fonte:IBGE- I\4icrodados

Atlas do B r as il

110
04- 18.Cor da pele dom inante

,o
d4
*^

B r a n co s

M e d ia
27,92 3 4 , 5 3 Br a n co s
! óz 67,36 50,11 Pardos
' ;e 4,72 1 4 , 7 0 Ou tr o sn
0 500 km
- .-:ìos, Indígenas,
Amarelos) @ HT-2003MGM Lìbergéa

': -:: de 1991


MìcrodadosCensoDemográfìco
-GE

!--. r..r Nordeste(litoral sul da Bahia e sertão) e nos nosmeiosbeminformados, umarejeiçãoa umapergunta
: -irxs do Rio Grande do Sul e de Santa CaÍarina. julgadaimprópriapelosmaiseducados? Em todocaso,
o
P.rrúltimo,os "sem-declaração"
distribuem-secomo efeitoé fracoe nãoafetao conjuntodasrespostas.
- :'.:llação em
brasileira geral.
São particularmente nu- Aproveitandoos mesmosdadospara elaborar
::r--!t'rSnas$andescidades, em especialem São Paulo e umaanálisefatorial,a Figura04-17mostraqueexiste,
- i.-r de Janeiro.Seriaessadeclaração, maisfreqüente dessepontode vista.pelomenostrêsBrasis. O eixoda

D inàm icas pop u Iacionais

111
04 - 1 9 .C o r d e p e l e e re n d a

R enda
(em número de
sal ári o míni mo)
Mai sde 30
-rD e20a30
E D e15a20
-D e10a15
É D e 5 a 10
E D e3a5
mD e2a3
aD e1a2

-D e112a1
r Menos de 1/2
o S emrenda

o o C
o o
-
m
G
E E
o

Fonte:IBGE- CensoDemagráfico20OA

componenteI (36,9%da variante)opõeo Brasilbranco grupo,quanto pela parte do território nacionalque ocu-
do Sul ao Brasil mestiçodo Norte. O eixo da componen- pam. A categoria em que os brancos predominam é
teII (19,3o/oda variante) distingue as minorias,negros aquela em que,de fato, a parte dessegrupo é mais ele-
de um lado (azul),indígenase amarelosdo outro.Agru- vada (formam mais de três quartosdo total) e ocupaa
pando-seessastrês categoriassob a rubrica "outros" regiãoSul do país,agregando-se SãoPaulo,o sul de Mi-
(apenasdevido às necessidades da constÍuçãodo gráfi nas Gerais,Goiás,Mato Grossodo Sul e algumaszonas
co,massemnenhumsentido pejorativo) pode-se,em se- de Mato Grossoe Rondônia,para onde as migrações
guida, construir um diagramatriangular (Figura 04-18) agrícolasconduziram muitos dos sulistas.A categoria
que sintetizaa distribuiçãodascoresde pele da popula- em que os mestiçospredominam é menos homogênea,
ção de acordocom a microrregião. porque essacategoriaestatísticaabrangeuma gama de
As três categoriasque se destacamdessaanálise coresmuito variada,como se pode constatarem poucos
são muito diferentes,tanto pelo lugar relativo de cada minutospasseando nasruasde qualquercidadebrasileira.

At las do B r as ì l

112
Eles formam poucomais de dois terços 04-20.Tipologiados pobres e ricos
do total, o que deixa lugar apenaspara
28olodaspessoas se decÌararembrancas.
Ocupam praticamentetodo o resto do
País,com exceçãodasregiõesclassifica-
dasna terceiracategoria.Esta se distin-
gue pelo lugar que ocupamos "outros"
(negros,indígenas, amarelos),mas nota-
se que são minoritários,representando
cercade 1,5o/o da população.Esta é fre-
qüentena Amazônia(devido à popula-
cão de indígenas)e nos Estadosda Ba-
hia e do Rio de Janeiro(devidoaosne-
gros).Em maior escala,deve-serelativi-
zar essaimageme consideraras terras
indígenasdispersas por todo o País,bem
como as aldeiasde descendentes de es- È"
i
Co r d e p e le predomi nante
cravos(quilombos).mas essassão as
e n tr e o s m a i s pobres
únicasregiõesonde a presençadas mi-
noriasé significativa. Br a n co s
f:._-.l Pardos
Ao aproximaressetratamentodos Ou tr o s( pretos,amarel os,
i ndí
lados com o de rendimentos(Capítulo9),
.r único que permiterecursoaosmlcro-
3ados,podem-seconstruirperfisde ren-
jimento pelacor da pele,sintetizados no
Quadro04-03e na Figura04-19.Ressal-
:i-se que o únicogrupoem que a coluna
lc "ricos" (maisde dezsaláriosmínimos
:Lìr mês,ou seja,cercade maisde 50 dó-
..:es em dezembrode 2002)é mais nu-
::-rosa é a dosamarelos; osrendimentos
::.:dios (entre três e dez saláriosmíni
:: -.sr predominamno grupo de brancos.
-'' pobressãomajoritáriosentreos mes-
,:,r:-os negrose os indígenas, represen-
.-;o aproximadamente dois terçosdo
--:.- das duas primeiras categorias,e
Cor de pele predominante
-::: JÈ trêsquartosnosúltimos.Há, por entre os mais ricos
: ::.:-quinte.distribuiçãode rendimento
---- diferente, de acordocom os gru-
: , ;:jlnidos pelacor da pele.
?-.de-setentar detalharmais essa Fonte IBGE lvl crodados,CensoDemográfìco1991
-
- .:::-:::Ì1.ObSerVando o que se passa

D in à m ìcas popu lacionais

113
no âmbitodecadaum desses grupos.No grupomaisnu- movimentopioneirooriginadoemSãoPauloe alcança-
meroso,o dospobres(asfamíliasquedispõemderendi- ram seulugar- e seulucro - em especialidades negli-
mentosinferioresa trêssaláriosmínimos,definiçãoofi- genciadaspor outrosgrupos.
cial da pobrezano Brasil),constata-se,
ao analisarsua Por último, tentandoresumiressasinformações
composição emtermosdecor depele,queestasedistri- construindouma síntese, por maisredutorque sejao
bui maisou menoscomoa populaçãoem geral,no en- exercício,chega-se (agrupandoos grupos"pequenos"
tanto com algumasconcentrações que não aparecem sobo rótulode"outros",demodoquetenhamum peso
aqui:pobresbrancosno litoral de SantaCatarinae no comparávelaosdos "grandes"e entremno diagrama
nortedo Rio Grandedo Sul,pobresmestiçosno Mara- triangular)àsimagens daFígura04-20,ou seja,a umati-
nhãoe no Pará,pobresamarelos no Estadode SãoPau- pologiade ricose pobres:ospobressãobrancosno sul
por
lo.Nãohá, conseguinte, bolsõesdepobrezadecom- e mestiçosno norte,comalgumas exceções,comoo nor-
ponenteétnicaespecífica, poisa suacomposição reflete te do Mato Grossoe o sertão,ondeencontram-se po-
a da populaçãobrasileiracomoum todo.Invertendoo bresbrancose "outros"pobres,indígenas naAmazônia,
pontodevista,quandoseanalisaa estratificação econô- negrosna Bahiae no Rio de Janeiro.O mapadosricos
mica de cadagrupo étnico,pode-sechegarà mesma é mais distinto ainda,a repartiçãonorte-sudeste éa
conclusão: nãoparecehaver,emcadaum destesgrupos, mesma, masos"outros"nãoaparecem mais.
distribuiçãodosricose pobresdiversado quadrodapo- Nota-se,contudo,que os limitesnorte-sule mes-
pulaçãobrasileiracomoumtodo.Adistribuição dericos tiços-brancos sãopoucodiferentes, Essesforamdes-
e pobresentreos negros,em relaçãoà qualsepoderia locadossensivelmente para o norte pela frentepio-
esperardiferençadaqueladosbrancosou dosmestiços, neira sobreo eixo do noroeste,que empurrao limite
dadoque o seumapaglobalé diferente,é, comefeito, atéa Amazõnia.A conquistade Mato Grossoe Ron-
quasea mesma, e osmaiselevados rendimentos concen- dôniapelosmigrantes vindosdo Rio Grandedo Sule
tram-seaolongodo eixoSantos-Brasília.Amarelos são, do Paranápermitiu a algunsdentreeles enriquecer,
por conseguinte, osúnicosa teremum comportamento ou,pelo menos,se tornaremos maisricoshabitantes
diferente,primeiroporque- já sedisse- os rendimen- dessas regiõespioneiras,os maiseducados e os que
toselevados sãomaisfreqüentes quenosoutrosgrupos, têmmelhorescondições de sobrevivência(Capítulo9).
e porqueesseselevados rendimentos encontram-se sis- Essasnovasterrasdo eixonoroestesão,assim,econô-
tematicamente fora dasregiõesde concentração origi- micae culturalmente, o prolongamento do sul-sudes-
nal do grupo. Obviamente,os que migraramtiveram te, a pontaavançadada suapenetraçãoem detrimen-
maisêxitoqueosquepermaneceram no Estadode São to do Brasilcaboclo(mestiços de indígenas e negros)
Paulo,e encontram-se em todo o País,da Amazôniaàs da velhaAmazônia.Prova,sefor necessário, que um
fronteirasdo Uruguai.Nota-se,do mesmomodo,uma indicadorambíguocomoa cor de pelecontribuipara
concentraçãosobre um eixo Santos-Rondônia que evidenciar a diversidadee o dinamismo da sociedade
mostraqueosjaponeses seguiram, comcertosucesso, o brasileiracontemporânea.

Atlas do Brasil

114
C AP ITU LO
5

Brasilé um grandepaísagrícola,um dosprimei- avanço dapecuária e dasojasãopreocupantes.Apotên-


ros produtorese exportadores mundiaisde uma cia e a flexibilidadedessesetoragropecuárionão de-
vastagamade produtos(café,açúcar,soja,suco vem,no entanto,mascarar astensõese asprofundasde-
È laranjaetc.);contudo, o setorprimáriopesacadavez sigualdades que ocorreme dividemo mundorural, e
=enosno seiode suaeconomia. O mundorural (a pe- que explicam,em parte,o forte processode mudanças
::ária. a agricultura,
o extrativismo)não detémmaisa quecontinuaráalterando, muitoprovavelmente,a fisio-
mportânciade outrora,mesmotendo continuadoa nomiadaspaisagens no futuropróximo.
:'!-upara maiorpartedo território.o crescimento espe-
=.-ularda indústriae dosserviçose o conseqüente in- As estruturasessenciais
::aço dascidadespromoveram o esquecimento daquilo
quetbi suaprincipalbaseeconômica e o modode vida A Figura05-01,queanalisaostiposde usoda ter-
= eÍandemaioriadosseushabitantes. ra no País,mostraumaorganização do espaçoruralbra-
Negarissoseria,no entanto,um graveerro parao sileirobastantecaracterística. Opõe,claramente, três
:;--úecimentoe compreensão do Brasil atual,porque zonasdedomínio:a floresta(aonorte),aspastagens (ao
i:i o mundoruralo pilarde seucrescimento hodierno: centro,sule extremonorte)e a agricultura(emalgumas
-s capitaisque edificarama indústriade SãoPaulovi- regiõesbemdelimitadas, no Nordeste,no Sudeste e no
.ran do café,e ostrabalhadores dasfábricaschegavam Sul,e aindanumaregiãomuitopoucopovoadadaAma-
ireto dasplantações ou doscampos nordestinos.Opo- zôniamaissetentrional). Essatripartiçãocorresponde,
:rr políticoe asalavancas do Estadoe da Uniãoforam bemde perto,aosdomíniosrespectivos de trêsgrandes
lmpartilhados entreos "barões"do açúcar,do cafée setoresque compartiìham o espaçorural brasileiro:1)
u pecuária. vastaszonasqueaindaestãocobertaspor suavegetação
O passado nãoé,alémdisso, a únicarazãodo inte- primária;2) fueasondeasfrentespioneirasocorrem;3)
:ãse no mundorural.O seulugarna economia, ainda áreasdeextrativismo, umaformadeusodo soloaparen-
l- tenhadiminuído,nãodevesernegligenciado, O seu tementeprimitiva,masqueaindaé praticada. As pasta-
ì:r-:mismoremodelaconstantemente o espaçonacio- gens,naturaise artificiais,sãoocupadaspelopotentese-
nn- ransformandonovosespaços, alterandoa vocação tor da pecuária,
principalmente bovina,quea cadaano
:n regiÕes agícolasemumavelocidade surpreendente. ganhaempotênciae extensão.A agriculturaassociafor-
=,r.e-rtransformações e conqústaspioneirasde grande masmuitodiferentes: deum lado,umapequenaagricul-
r,rnrlirudealteraramlargamente, e comfreqüênciade- turafamiliarmaisou menossimilaraosseushomólogos
o meionatural,e aindahoje,naAmazôniae europeus; de outro lado,o agronegócio, que não deixa
1r: Centro-Oeste, os desmatamentos provocados pelo nadaa desejaraosseusequivalentes norte-americanos.

Dinâmicas do mundo rural

115
05-01.Tiposde uso do solo

10
?"
) 4,
50 -qoo
a50

'f02030 40 50 60 80 90
o Ád e la vo u r a s

Predominância
N e n h u m a Pecuária Mata Ag r icu ltu r a
wï I I
27,75 1 4 ,3 0 9 ,7 1 65,56 Lavouras
38,40 61,75 23,56 2 1 ,1 7 Pa sto s
17,95 66,73 13,27 lvlatas
0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

tonte: IBGE, CensoAgropecuário.1996

Essacompartimentação é o resultadodeumalongahis- las em milharesde hectaresde florestase cerrados


tória de conquista,e a divisão,aindanão totalmente virgens.Desseponto de vista, o Brasil é ainda um
consolidada,é fruto de rivalidadesagudasentreesses "país novo", como se classificavaaté há pouco tem-
trêssetores. po. Mas essatendênciaparece alterar-se,ao serem
De fato,a agricultura brasileira
continuaa con- consideradosos resultadosdo recenseamento asro-
quistarnovasterras,a fazerproduzirculturasagtíco- pecuáriode t996.

At las do B r as Ì l

116
05-02.Evoluçãodo espaçorural nemrotaçãodeculturas, atéquea ferti-
lidadecaísse, ao final de algunsanos.
Abandonavam-se, então,essas parcelas
Milhóes de hectares M ilh a r e sd e e sta b e le cim e n toasgrícol as
para ocuparnovasteÍrasvirgengvizi-
400 7000
úas ou remotas. Nesseaspecto, haüa
350 pouca diferençaentre grandes e peque-
6 000
300 naspropriedadeg sendoo limiteda ex-
5 000
pansãoa quantidadede mão-de-obra
250
4 000 disponível, provenientedasfamílias-
200 freqüentemente numerosas - de escra-
3 000 vosou detrabalhadores sobcontrato.
1 50
2 000
A reduçãoanunciada no número
100
de explorações agrícolase de terras
50 1000 queexplorampodeservistacomofim
0
previsívelda "fronteira",e issopode
1940 1960 1980 '1985 1996 alterarestatendência? Pode-se pensá-
ffi Área apropriada f_-] Área cultivada
-
Númerode estabelecimentos lo observando sua evolução nas re-
sonte:IBGE,Censos
Agrcpecuátíos giõesmaisdesenvolvidas do Sul,onde
a intensificação e tecnificação progri-
demrápidae simultaneamente, e onde
O movimentode conquistade terrasnovasavan- observa-se umareduçãode terrascultivadas, semper-
çou continuamente desdea chegadados portugueses. dasda produção, No entanto,na regiãoNorte,ao norte
Entre 1970e 1980,maisde 750.000km2- uma vez e do Mato Grossoe sul do Pará,bemcomoem Roraima
meiaa extensão da França- tinhamsidoincorporados e Amapá,a progressão é contínua,principalmente devi-
Lsculturasagrícolas, umamédiade 15.000km2por ano. do à extensão daspastagens.
Sea amplitudedaconquista podesurpreender, essemo- Além desses comportamentos geraigpara avaliar
rimentoque a representafazapenasprosseguir o pro- o desempenho - muitodiferenciado - dasregiõese Es-
cresso doscincoúltimosséculos, e o estilodepredador da tadosem termosde quantidadeproduzidae valor da
r-alorização"colonialsobreviveumuito depoisda In- produção, é necessárioaprofundara análisededetalhes,
dependência. A atraçãosemprepresenteda"fronteira" poisconstatam-se fortesdisparidades (mapasda Figura
tirsuadiuos colonosde enraizarem-se, de estabelecer 05-04),Enquantoo primeiromapamostraque em nú-
JDrna terra-mãequedescobriam a longafamiliaridade mero de estabelecimentos agícolasse destacamduas
guepermitea gestãodosrecursose a manutenção do regiõesdo sul (norte do Rio Grandedo Sul,oestede
ercl de produçãoao longodosséculos. SantaCatarinae Paraná)e o interior do Nordeste,os
Essecomportamento tem a suarazáode ser,por- outrostrêssublinhama predominância do Sudeste e do
.Toeosmétodosagrícolas geralmente utilizadosnãodei- Sulquantoao valortotal da produçãoe quantoaosva-
rer-amescolha.Fora de algumaszonasprivilegiadas loresproduzidospelasculturase pelapecuária. Os três
imarsensdos rios periodicamente fertilizadospelas mapasmostramconfigurações ligeiramentediferentes,
:heiasoásisdo sertãoou algunsenclaves de colonoses- maspossuemem comuma condiçãode singularizaro
rrneeiros- alemães, italianos, japoneses), os agriculto- Sul e o Sudeste(quepossuiumaextensão parao Cen-
rcssãorinculadosa métodosagrícolas muitoprimitivos. tro-Oeste) emrelaçãoaoNortee sobretudo aoNordes-
Ests métodosconsistiam essencialmente em desmatar te,apontando um riscograveparaesseúltimo,dadoque
: ,1oeimar. seguindo-se o cultivo,semaportede adubos asexplorações ali sãonumerosas.

Dinâmicasdo mundo rural

117
05-03.A contraçãodo espaçoagrícola

0- j99 kr
MGMLibergéa
@HT-2003

Área das Área das


lavouras pasÌagens

V a ri a çã od a á re a de VaÍi aç ãoda áÍea


l a vo u ra s1 9 8 5 -1996 ( %) (%)
de pas tos1985- 1996
Eo l- n
ETo Eo
E
0 500 km 0-__ jE k.
l ,.] ffi @HT-2003
MGMLìbeígéo
@ HT-20A3MGM-Libergéo

1985- 1996
Fonte:IBGE,CensosAgropecuários,

Outra clivagemimportanteatravessao mundo rural importância unicamente nas regiões mais pobres dos
As peque-
- a que opõe grandese pequenasexplorações. Estadosde SãoPaulo(Valedo Ribeira) e do Rio de Janei-
nas (menosde 10 hectares)concentram-seno Nordestee ro, enquanto as exploraçõesmédias (10 a 100 hectares)
na Amazônia setentrional;no Sul, elas têm alguma predominam nas outras localidades.O domínio das

At las do B r as il

118
05-04. lor da produção

Fonte:IBGE, CensoAgropecuário,1996

freqüente-
(maisde 100hectares, sãotambémencontradas
Essasoposições nasprá-
grandespropriedades
aproxi-
corresponde Os
dosestabelecimentos.
ticasagrícolas de
indicadores
menteváriosmilharesdehectares)
no centrodo quesedispõe(asrubricasdoúltimorecenseamentoagro-
madamente aosdomíniosdoscerrados,
pecuáriodo IBGE, de 1996)dirigem-se praticamente
no sule no norte'
País,e doscampos,

Dinâmicas do mundo rural

119
05-05. Grandes, médias e pequenas propriedades

(%)
Proporçáomédia dos estabelecimentos
r-.lffir
72 JJ II <10ha
zó 54 42 1 0- 1 0 0 h a
51347 > 1 0 0h a

@ HT2O03MGM-Lìbergéo

Fonte:IBGE,CensoAgropecuárìo1996

parao mesmosentidoe mostramrecursosmuito mais familiarjá citadas:nota-sequeelasestãopresentes


nos
freqüentesno Sul-Sudeste:os fatoresde produçãomo- quatromapas. O Nordestesobressai
no mapaconsagra-
técnicapúblicae privada,aspráti-
dernos,a assistência do aousodosprodutosfitossanitários;apareceÌrmpou-
casmaissustentáveisambientalmente. Paraquatroindi- co menosnaquelequetrata do usodosadubos(princi-
cadoresescolhidosnessalista,a Figura05-06destacao palmentenas regiõesprodutorasde cana-de-açúcar),
avançodo Sul,sobretudodasregiõesde agricultura menosno que focalizaaspráticasde conservação dos

Atlas do Brasil

120
05-06. Práticas agrícolas modernas

Produtos Utilização
fitossanitários
de adubos

Proporçáodos
estabelecimentos Proporçãodos
que utilizamprodutos
estabelecimentos
fìtossanitários(%) que uti l i z amadubos( % )

97,6
I
-':?:
r

or'^ E
89,9
72,6
;;; @
= -.-
c4 _ 5 Núm er o de t:--t
estabelecimentos 9,8
31.182^
fl 1,6
w, u E o-----!E km
@ HT2 6.237&t 0,0 @ HT-2003MGM-LÌbergéa
500

Conservação
Assistência
dos solos
técnica

Proporçãodos
estabelecimentos Proporçãodos
que prattcam a conseruação estabelecimentos
que têm acessoa
dos solos (%)
assistênciatécnica(%)

r 67,6
I 40,6
@ 18,0
H 5,0
0_jE km
E
o.-__jg km
@ Hr2003 McMlibergéo 0,2 @ HT2003 MGM-Líbergéa

IBGE,CensoAgropecuárìo1996
---:

solos(quaseunicamente o Ceará)e menosaindano que movimentogeralde progressos queo paísconheceu: o


rÊr'sl3e nívelde recursoà assistência
técnica. consumo de adubosfoi multiplicado
por 3 entre19g0e
Esseatrasogeográficocorresponde a um atraso L990,o de produtosfitossanitários,
por 2, enquantoo
:ronológico,umadificuldade paramanter-seno níveldo de sementesselecionadas e alimentospara o sado

Dinâmicas do mundo rurat

121
05-07.Difusão desigual da modemização

E i xo 2
113%1
+1

'-l'
U so d a s p r á tica sm o d e r n a s
1 + r Etx o I
Componente | Í54,6a/ol
1546a/.1
(coordenadês* 1000)

+2917

ï Média estatísticê
com os m unicípÌos

I
Forte
vizr nhos

- ' 10 097 0.- _ jEk.


-1

@ HT2003 McM-Ltbergéo 1 N Ú merototalde estabel eci mentos


2 S uperfícitotal
e dos estabel eci mentos
3 A ssi stêncitócni
a ca
4 Adubo
5 P rodutosfi tossani tári os
6 Conservação dos solos
7 lrrigaçáo
I E nergi ael étri ca
9 N úmerode tratores
10 N úmerode semeadoras
11 N úmerode col hei tadei ras
12 N úmerode cami nhÕes
13 N úmerode veícul osuti l i tári os

D i m e n sá od o s
estabelecimentos

ComponentellI13,0%l
* 1000)
(coordenadas
Grande
estabelecrmento + 3738
I
II IVIédiaestatístìca
com os municípios
II vizinhos
i
Agricultura 0-_ _jE k.
- 4380
íamiliar
@ HT-20a3MGM Libergéo

Fonte: IBGE,CensoAgropecuário1996

A t las do B r as il

122
05-08. Extrativismo

I Catanhado-pará
I láto< coaguladode hévea
O Goco de babaçu
I Cctanha de caju
I Gra de carnaúba
I hnha de licuri
f Érrs de umbu
OÈqj
OHm
I krtas aromáticas,medicinais,
úiã e corantes

bdac olhe i t a
r lSD (1.000Íeais)

/--\-12.252
í-\r 6.262
\@'1; 0 5ookm
@rlF20&ìMctut-LìtuÍgéo

GÊ3ìrS1999

nais rapidamenteainda.Uma xaálisefato- Sudeste(em coresfiás), é o lado"bom",caracteraado


oomos indicadoresde usodasmáquinas, pelo uso daspráticasmodernasO eixo 2 (I3o/odava-
& produçãoe aspráticasmodernas(Figura riante) tlistinguedois grupos.De um lado (em cores
Etra bem a diferençaque seinstalouentÍe o quentes),as regiõesque disseminar?m a mecanização
d- O eixo 1 (54,6y"da variante),todo o Sul- entreessas práticas(tratoregmáquinas
e colheitadeirag

Dinâmicasdo mundo rural

123
05-09.Açaí e erva-mate particularidadedo País é que ainda
nãoestácompletamente ocupado. Uma
boa parte do espaçobrasileiro vive ain-
da de uma economiaextrativa,e a Fi-
gura05-08destaca algunsdosprodutos
recolhidos. Essaatividadeevidencia-se
sobretudono Norte,na Amazôniae no
interior do Nordeste,onde se colhem
borracha, ceras, fibrase castanhas. Para
algunsdessesprodutos,o mercadoé
mundial,e elessãoencontrados nossu-
permercados e em lojas de gêneros
exóticos,de maneiraque sãobem co-
Frutos de açaí
('1.000
nhecidos(castanha-do-pará, castanha
reais)
de caju,pinhão),enquantoparaoutros
a notoriedade e osmercados sãolocais:
a castanha de babaçu, que fornece um
óleo que servesobretudoà indústria
rva-mate
r l,,:.'L",i"".i aeronáutica; a carnaúba, uma ceraou-
trora utilizadapelaindústriado discoe
hojena construção; e o pequi,um con-
Fonte:IBGE,IPVS1999
dimento muito apreciado em Goiás.
O extrativismo é praticadotambém
em certasregiõesdo sul do País,na pro-
caìninhões e veículosutilitários):sãoasregiõesde pe- duçãodeváriosprodutos, principalmente a madeira(Fi-
cuária,no Centro-Oeste e no Sul,marcadas pelagrande gura03-11),vistoqueo Brasilé o únicopaísno mundo
dimensão dasexplorações; de outro lado,acentuados a fazerfuncionaruma parte de suagrandesiderurgia
pelo númerode estabelecimentos (em coresfrias),o com baseno carvãovegetal,e apenasrecentemente
Nordestee asregiõesdeagricultura familiardo Sul,que, plantações de eucaliptos e de piúo começaram a subs-
quantoàspráticasmodernas, priülegiaramo queé útiÌ e tituir a madeirado extratiüsmo,
acessível àsmenorespropriedades: adubos,produtosfi- Certosprodutospossuem valordeindicadorcultu-
tossanitários, assistência técnica,conservação dossolose ral,comoo açaíe o mate(Figura05-09).O primeiro,fru-
irrigação, paraalgumas zonasondeo climao exige. to de umadasinúmerasespécies depalmasamazônicas,
Até o momentoficam evidentesessescontrastes e usadono preparodeum sucoricoemütaminas,é uma
maciçosemtermosdevalorproduzido, dedimensão das dasbasesda alimentação daspopulações da foz do rio
explorações e da modernização. Analisandoasculturas Amazonas. Recentemente descoberto pelosnutricionis-
e a pecuáriapraticadas, podem-se compreender outras tas,virou a coqueluche dosobcecados pelaformafísica
razõesparaessas disparidades. do Sul-Sudeste, ondeé vendidonasacademias deginás-
tica.Já o mate é a folha de um arbustoque,secae
moída, serveparafazera infusãoamargaapreciada pe-
Extrativismo,agriculturae pecuária
los gaúchos, os habitantesdo Rio Grandedo Sul.Típi-
Entre asproduções significativas
dessemundoru- ca da civilizaçãodo Pampa(encontrado igualmentena
ral estáem primeirolugaro extratiüsmo,porqueuma Argentina), essabebidaé consumida por meiode uma

At las do B r as i l

124
&5-10.As culturas especializadas

Princ ipa i s r e g i õ e s p r o d u to r a s
o a i sq u e a m é d ian a cio n a l)
í produz i n dm

I calu
! ealmito
€ Amendoim
ffi Batata
I Pêra
Trigo
€ Fumo
Eã Aveia
G Malva
f Pimenta-do+eino
JUtA
-
l Guaraná
I Slsat
I Denda
FI-l Cacau 500 km

f__l coco @ HT-2003MGM-Lìbergéa

ìr:e: IBGE,produçãoagrícolamunicipal1999

pipeta inserida em uma cabaçabem trabalhada, que Quanto às culturasagÍícolas,encontra-seno Brasil


passade mão em mão, para posteriormente verter-se praticamentetoda a gama dos produtos agrícolasmun-
rreis águafervente sobre a erva. É um ritual que cada diais,issoporque sua extensãoem latitude permite cul-
qaúcholeva com ele aondequer que vá, dos ministérios tivar tanto asplantastropicaiscomo as do mundo de cli-
de Brasília àspraiasdo Rio de Janeiroou àsfrentespio- ma temperado.Não se pode dizer, no entanto, que se
neirasdo Centro-Oestee da Amazônia. produza de tudo por toda parte, nem que se produza

Dinâmicas do mundo rural

125
05-11.As grandesculturascomerciais

Produçáoem 1999
(1000reais)

Produçãoem 1999
(1000reais)

0- __q99km
@HT-2003McM-Libergéo
Fonte:IBGE,produçãoagrícolamunicipal1999

Atlas do Brasil

126
05-12.Deslocamentosde algumas grandesculturas

Evoluçáo da pÍoduçáo
dê soia €ntr€ 1977e 1999 Evolução da produçáo
de arroz entre 1977 e 1999

Média 1977-1999
{ton6ladas)
0 500km 1132.200-Z\ 0-__ggk
@ Hl-2003 MGM-Libqgéo
225.592+^ )

0 = estabilidade,1 = âpaÍecimento,-1 = desapâÍecimênto 0 = €stabilidade,1 = aparecimento,-1 = desaparecimento

milho,feijão,anoz) em proporções asprodu-


variáveis,
çõescomerciais estãoagrupadas em algumaszonasor-
ganizadas emtornode umaou váriasculturas. A Figura
05-10evidenciaalgumas dasculturasespecializadas,ea
Figura05-11as principais
culturascomerciaig em valor,
comosmesmos deformaa tornarosmapas
referenciais,
comparáveis.
As condiçõesdo meio natural,principaLmente o
clima,estãoentreosprincipaisdeterminantes dessas es-
a pimenta,a malva,a juta,o dendê,plan-
pecializações:
tas importadasde outroscontinentesque apreciamo
climaquentee úmidoda Amazônia.O mesmoocorre
Média 1977-1999
(toneladas) comumaplantaendógena, o guaranâ,umaraua partir
0 500km 143.302
-Z-\ da qualsepreparaum pó energético queservetambém
27.777
+^ )
@ HF20qì MGM-LíbotgÉo ly paracontribuir,aindaqueem baixaquantidade, como
0 = estabilidadê,1 = aparscimênto,-1 = dosaparêcÌmento refrigerantedo mesmonome,concoÍrente brasileiroda
Fonìe: IBGE,produçãoagrÍcolamunicipal1999 Coca-Cola. Estaempresa boicotouo refrigerantebrasi-
leiro duranteanos,masacabade lançá-lono mercado
nacionale tem interessede exportá-lo.O sisalseadap-
comosmesmos geografiaagrícolado Bra-
resultados.A ta ao climasecodo sertão,comoo caju,enquantoo ca-
sil é móvel,comalgumas produçõesconstantese "espe- caue oscoqueirais preferemoslitoraismaisúmidos.Os
cialidades" regionaisque aparecemclaramente. Sepor climassubtropicaisde SãoPaúo e do Sul permitem
toda partesecultivamos alimentosbásicos(mandioca, tanto explorarprodutostropicais(amendoim)quanto

Dinâmicas do mundo rural

127
frutos e legumesde climastemperados(batata,trigo, atualmente,seucentrode gravidadeno sul de Minas
aveia,pêrae maçã). Geraise pólossecundários no EspíritoSanto,Rondônia
Entre as grandesproduçõescomerciaisé a man- e Bahia.A soja,aindahá poucoplantadano Sul,vem
diocaqueapÍesenta valoresmaisfracose maiordisper- sendoproduzidaprincipalnenteemMato Grosso, onde
são,emborasejauma dasbasesdo alimentohumano progriderapidamente parao norte.
(mastambémdosporcos,o queexplicasuaabundância O que mostramessesmapasnão é uma imagem
no sudoeste).O anoz estápresenteem todasasmesas congelada. Um dosexemplosmaisnítidosda capacida-
brasileiras,
em todasasrefeições, em associação como dede adaptação da agriculturabrasileiraé a suacapaci-
feijãovermelho.Suaproduçãoé nacionale ocorreem dadedealterardehojeparaamanhãa geografia desuas
duasregiõesespecializadas: no Rio Grandedo Sul (ar- produções, comotestemuúamo deslocamento dascul-
rozaisirrigados)e emum arcoquevai de Mato Grosso turasde soja,cafée de arroznosúltimos25 anos.Esses
ao Maraúão.Tfata-sedo "arcodo desmatamento", ci- deslocamentos, de centenasde quilômetros,das três
tadono Capítulo3,áreaemqueo aÍÍozé a primeiracul- maioresculturascomerciais podemexemplificara mo-
turaplantada,servindoaomesmotempoparaaümentar bilidadedo mapaagrícola doBrasil,perpetuamente co-
ostrabalhadores queextraema madeirae para"aman- locadoemquestãosegundoa vontadedosmovimentos
sar"a terraantesdeplantaro capimdestinado à alimen- migratóriose dasdemandas dosmercados mundiais.
taçãodosbovinos. Da mesmamaneira,a laranjaestá Antesde I970,oBrasilpraticamente nãoproduzia
presentepor todapartepaÍao consumolocal,masdois soja,mashojeé o primeiroexportadormundialdegrãos
pontosde concentração aparecem, ospólosespecializa- e um dosprimeirosemóleo.Essaprogressão sefez,co-
dosda Bahiae de SãoPaulo,graçasaosquaiso Brasil mo um contratode risco,apostando na culturadoscer-
produz42%do sucoconcentrado delaranjacomerciali- radosde Mato Grosso,de Goiáse do oesteda Bahia,à
zadono mundo. medidaque as"velhas"regiõesde produção(aquelas
Café,cana-de-açúcar, cítricose sojasãoasgrandes dosanosde 1970)eramabandonadas no sul.Paralela-
culturascomerciais do Brasil.A produçãobrasileirados mente,asgeadasde t975,quedestruíramasplantações
trêsprimeiroseraa maiormundialem200IJ002,eade de cafédo sul,provocaram um movimentodemigração
soja a segundamaior (com respectivamente 31.,5o/o, doscafezais paraMinasGerais,quesetornouo primei-
28Yo,19,6"/oe 23o/odo totalmundial).Em trêscasos, a ro Estadoprodutor,e em direçãoao EspíritoSanto,
produçãocompartilha duasregiõesprincipais, umaanti- Rondôniae Bahia.O aroz, associado(fora do Rio
ga e uma nova.A cana-de-açúcar foi, duranteséculos, Grandedo Sul)à frentepioneira,segueo café(ou a so-
quaseummonopóliodo Nordeste, ondecrescesobreso- ja), por conseguinteem umaprogressão sobreo rastro
los profundosdo litoral, a zorrada mata,que foi por da frentepioneira,no arcodo desmatamento, atrásdele
muitotempodesmatada paradar-lheo lugar.Tornou-se sendosubstituído por outrasculturasou- maisfreqüen-
a principalbaseeconômica e socialdaregiãodesdeo sé- temente- por pastagens. Issoporqueo grandenegócio
culo XVI, fortementecontroladapelasoligarquiaslo- do mundorural brasileiro,um dosmaisrentáveise cer-
cais,sobforma de grandespropriedades exportadoras tamentemaisprestigiados, é a pecuária.
Essadominaçãofoi contestada
Qtlantations). nos anos
de 1970por novosprodutores do Estadode SãoPaulo
A pecuária
que,prontosa captarassubvenções oferecidasparapro-
duziro álcoolcombustível (apósosdoischoquesdo pe- Devido ao seupesoeconômicoe, sobretudo, por
tróleo),em algunsanosdesenvolveram capacidade de seusefeitosestruturadores
do espaço,a pecuáriamere-
produçãomaispotentee maismodernaque a do Nor- ce umaanálisemaisexaustiva. Essaé, desdea chegada
deste.O café,atépoucotempoproduzidoprincipalmen- dosportugueses,um dosprincipaismotoresda dinâmi-
te no Estadode SãoPauloe no norte do Paraná.tem. cadosespaços dapontaavançada
ruraisbrasileiros, das

A t las do B r as il

124
frentespioneirasàs zonassuburbanas. É, 05-13. Estabelecimentospecuaristas
alémdisso,um mundodiverso,e ostiposde
rebanhobem diferentesaparecemclara-
mentena análise.Dirige-se,então,atenção
específica a essesdiferentestipos(rebanhos
de bovinose deoutrosanimais), aosprodu-
toscolocados no mercado(carneou produ-
tos lácteos),aoscircuitosde comercializa-
ção,à dimensãodaspropriedades, porque
são principalmenteos grandesestabeleci-
mentosde criaçãode bovinosde corte,es-
pecializados na carne,que concentramos
capitaisno Sul e alimentamasfrentespio-
neirasno Centro-Oeste.
As conclusões a que se pode chegar
pelaanálisedaspropriedades consagradasà
pecuáriasão,comefeito,diferentes segundo
o direcionamento do interesse:
o númerode
estabelecimentos, o valordaproduçãoou o
valordaproduçãopor propriedade. Em nú-
merosabsolutos (Figura05-13), essasexplo- 0_ ,jE kr
@ HT2003 McM-Libergéo
raçõesestãoparticularmente bemrepresen-
tadasno Nordeste, sobretudona Bahiae na
zonadoAgreste,a zonadetransição entreo
litoral úmido e o interior semi-árido,onde
se concentrao pequenocampesinato. Ao
considerar o valorda produção(Figura05-
04),o quadrose alterasensivelmente, ea
concentração mais importantesitua-seno
Sul.Podem-se distinguirduaszonasdistin-
tas,uma que se estendea oeste,do Mato
Grossodo Sulao suldeMinasGerais,e ou-
tra de norte a sul,do oestedo Paranáao Valor da produção de
a n im a isd e grandeporte
norte do Rio Grandedo Sul. O valor da por estabelecimento
{mrlhóes dereais)
produçâopor propriedade (Figura05-13)
indicaumaterceiradistribuição: o seuíndi-
ce máximoquasecoincidecom a extensão
do Estadodo MatoGrossodo Sul,incluído
de forma total na classemais elevadae
constituindo-aquaseque exclusivamente.
0- _iEk-
Os valoresimediatamente inferioresdese- @ HT-2003McM-Liberyéo

nhamuma vasta zona quecorresponde aos Fonte:IBGE, CensoAgtopecuéno1996


cerrados, cujaconquistafoi um dosmaiores

Dinâmicas do mundo rural

129
05-14.Outros animais

% no rebanho % no rebanho
total total
42,3
I 11,7 Muares
I Cava l os (unidade padrão
6,0 (unidade padrão
# de gado)
4,O de gado)
tr=
'L 101.345/-\ 73 493
' 1,0 7-\
20.193-+- ) 14.593&t
0.0 I

Ovinos
Asininos

oÁ no rebanho
total
% no rebanho 1A,26
toÌal I 4,75
I '1,06
@
o,26
0,o7 228230
0,01 49.1
59
0,00 3

% no r e b a n h o % no rebanho
total total

Porcos
(unidadePadráo (unìdadepadrão
de gado) de gado)

193.140
39.125
20
235 839
46 031
3 o
KM
@ HT20a3 MGM-Libergéo
Fonte: IBGE,produçãopecuánamunlcÌpaÌ1999

Atlas do Brasil

130
05-15.Trêstipos de pecuária

Ovin o se ca p r in o s

l€b&&**-- ão**---*--- -
9 6 ,6 o 89,2
-po d e p e cu á ri a
Ovina e Sem
l: . ^a S u ín a ca p ri n a dom tnante
I 'ia €re @ En,,,_-.^
111 47 253 oã'.i.ior"o,o".

Com p o s i ç á od o r e b a n h o(%)
93 43 33 74 Bovinos
a 48 10 13 Su ín o s
0 500 km
: 9 57 13 Ovin o se ca p r in o s
@ Hr-2003MGM Libergéa

-: - -; : l: oroducãopecLáriarunicrpaÌ1999

"ür{;!irrSda ocupação agrícola do território brasileiro secompreender melhoressequadroanalisando a com-


dlt:--lireos últimos trinta anos.Nota-seque o Nordes- posiçãodo efetivode cadaumadasregiões.
nesseaspecto,em situaçãoparticular-
ir- =:!-L)ntra-se, Enquantoa distribuiçãode cavalosse aproxima
mÉr:- dÈprimida,e que o valor da produçãoque a es- muitoda população humana, porquea simbioseé ain-
ììl:sr.-e brasileirachama"animaisde grandeporte" fa- da forteno mundorural,a de pequenos animais(por-
r;r-;Ì Fìarticularmente a região Centro-Oeste.Pode- cos,aves,cabras,carneiros,
todosdistribuídos
comona

Dinâmicas do mundo rural

131
05-16. Bovinos e grandes estabelecimentos

Número de bovínos
oor estabel eci mento
1312
I 273
I 79
re 38
Rebanhobovino
G 20
/-T3,279.930 E
\arl 652.ô30 E
'10.000 6
0___!E k. 0_ 999k.
@ Hr-2003 McM-Libergéo @ Hr-2003 McM-Libergéo

Estabelecimentos Estabelecimentos
c o m m a i s d e 50 0 h a com pastagens
/--t 2 313 ffi Naturais 3 466.970-z\
\cÈ 462 I Plantados 690.757+^/
1 0-____!Ek- 2*
Fonte: IBGE,CensosAgÍopecuárÌos @ HT-2003MGM-bbergéo

Figura05-14)apresenta doistiposde distribúçãobem carneirosno extremosul,na fronteirado Uruguai,há


a regiãoprincipal
distintos.Paraos asininose caprinos, umaregiãoqueseassemelha aoPampae ondea criação
é o Nordeste,porque,ao mesmotempo,seadaptamao extensivadoscarneirosencontraefetivamenteo seulu-
clima semi-áridoe se integrambem na economiadas gar,sendoa principalquanto ao valor da produção.
pequenas propriedades,
numerosas nessaregião.Paraos Paraos suínose asaves(osmapasÍepetema mesma

At las do B r as il

132
distribuição paracoelhos, codornas e outros 05-17.Estabelecimentos mistos
pequenosanimais)duaslocalidades apare- e pecuária leiteira
cemigualmente: algunspontosno Nordes-
te.em especialno Maraúão e no Agreste,
e.sobretudo, nazonajá observada do oeste
do Paraná,SantaCatarinae do norte do
Rio Grandedo Sul.Umae outrazonascor-
respondem às regiõesdo Brasil onde se
concentraa pequenapropriedadecampesi-
na.da qual o funcionamento estárelativa-
mentepróximo ao da agriculturafamiliar
européia diversificada,queassocia um pou-
co de pecuáriaà agricultura,processoque
não ocorÍe,de modo algum,nas grandes
Proporçáodos
propriedades. O grupo meridionalcorres- estabelecimentos
pondeàsregiõescolonizadas por imigran- mistos no total (%)
40
tesde origemalemã,o quenãosurpreende
3',l
muito,poisasheranças culturaisdessa imi- 21
eração permitem localizarumaimportante 15
Es tabel ec i m entos m i s tos
suinocultura nessaregião. I (agricultura e pecuária)
A distribuiçãode bovinosé totalmen- 2 0- _jEk. 11297 -7_\
-0 2.274+^)
te diferentedaquelade pequenos animais @HT-20A3MGM-Lìberséo
2-
(Figuras05-15e 05-16)e obviamente éa
queexplicaa distribuiçãodo valor da pro-
duçãoanimalmapeado naFigura05-04.Sua
principalconcentração sesituabemno Ma-
to Grossodo Sul,comprolongamentos pa-
ra o Maranhão, noroestede Mato Grossoe
Rondônia. A localização de bovinosapare-
L-eemsituaçãointermediária entreo litoral
consagrado à agriculturade subsistênciaou
à agricultura comercial (café,cana-de-açú-
r-ar.laranjaetc.)e o norteflorestal,onde
progrideaindaa frentepioneira.Nesseca- Pr o d u çáode l ei te
por vaca
so.a coincidência coma regiãodoscerrados (1000 litrosporano)
é bemnítida.Osmapasdebovinosporpro-
ç'rietário,ou seja,do tamanhodo rebanho,
Jos Eandesestabelecimentos e daspasta-
N úmerosde vacas
sensartificiais,ressaltam aindamaisessare- ordenhadas
giãotriangular(cujaspontasseriamRondô- 194.158,-\
0- __jE km 38.726
nia-Maranhãoe Mato Grossodo Sul).No +ì)
@HT-2O03
MGM-Lbergéo 1.000*
aapa de bovinospor propriedade, essare- Fonte:IBGE, Censo Agropecuárío1996
cião estáinteiramenteincluídanas duas

Dinâmicas do mundo rural

133
categoriassuperiores da distribuição(maisde80e mais mistosnãosãoapenasnumerosos (dimensão doscírcu-
170boünos por empresário). Nestaúltima categoria los),masrepresentam, igualmente, umaproporçãoim-
(atingiuo máximode 1.300bovinospor estabelecimen- portantedo total daspropriedades (entre30e
agrícolas
to) destacam-se particularmente o Mato Grossodo Sul 40o/ona categoriasuperior).A pecuárialeiteiraseloca-
e o sul de Mato Grosso. As propriedades agrícolasdo I:zanãosó em umapequenapartedo Agreste,mases-
Centro-Oeste, consagrado à pecuáriade bovinos,es- sencialmente nasbaciasleiteiras(incluindoa regiãode
tãoentreasmaioresdo País.No mapaquemostraoses- agriculturafamiliardo Sul)quecercamasgrandesaglo-
tabelecimentos commaisde 500hectares, sejamou não merações - Rio de Janeiro,Brasíliae SãoPaulo- e,de-
consagrados à pecuária,destaca-se claramenteo Cen- vido aosconstrangimentos técnicosdo abastecimento,a
tro-Oeste,sobretudo osEstados deMatoGrossodo Sú, curtadistânciadessas cidades. O númerodevacasleitei-
Goiáse Tocantins. Essaregiãode cerrados, conquistada ras é particularmente importanteno sul de MinasGe-
nos últimos trinta anos,foi organizadaem torno da rais,e observa-seque a quantidadede litrospor vacaé
grandepropriedade, justificandoo fato de tratar-seda maiselevadaaí e no TiiânguloMineiro.Conjuntamente
maiorregiãovoltada para a opeÍação de contra-reforma coma regiãocolonialdo Sul,MinasGeraisrepresenta o
agrâríano mundo. coraçãoda bacialeiteirabrasileira,sendoa regiãodos
A mesmaconfiguração espacialaparece quantoàs cerradostotalmenteausentedessemercado.Indubita-
pastagens,tantonaturaiscomoplantadas. O mesmoar- velmente,estanãoestariaem situaçãode concorrência
co desenhadodo Mato Grossodo Sul ao Maranhão favorável,e,sejapor escolha, sejapor necessidade,ela
aparececomoa principalzonade plantiode pastagens, voltou-sepaÍao mercadoda carne.
comzonassecundárias na Búia e nafronteirameridio- O recenseamento agrícolade 1996indicao nú-
nal do Rio Grandedo Sul.A correlação entrepastos merode bovinosnascidos, abatidos,
comprados e ven-
naturaise plantados faz surgiro Centro-Oeste comoa didosno ano anterior.Os mapaselaborados a partir
regiãoondepredominamaspastagens plantadas,com desses dadosindicama singularidade da regiãoCen-
exceçãodo Pantanal,imensaregiãopantanosaonde tro-Oesteemrelaçãoàsoutrasregiõesdepecuária. A
pastosnaturais,periodicamente inundados,são mais distribuição de bovinosnascidos no ânodistinguecla-
numerosos. No nortedo MatoGrossoe no suldo Pará, ramenteas duasregiõesde agriculturafamiliar do
ondea vegetação naturalera a florestaamazônica, os Nordestee do Sul,da mesmamaneiraqueváriosma-
pastosartificiaissãomaisconsideráveis porqueforam pasprecedentes. O mapade bovinosabatidosduran-
plantadosem detrimentoda floresta.No sul do Rio te o ano conduza distinguiras duasregiões.Se,no
Grandedo Sul,outra regiãotradicionalde pecuária, Sul, o númerode bovinosabatidosé praticamente
ocorrempastosnaturais.A granderegiãode pecuária igualaonúmerode bovinosnascidos, o queparecein-
bovinado Brasiltemsuaatividadeorganizada emtor- dicarum mercadolocal,na regiãoNordesteo número
no das grandes propriedades, cadauma dispondode de bovinosabatidosé muito inferior ao dos bovinos
um efetivoimportante.É precisoentenderasorienta- nascidos, Partedesses animaispodeserreencontrada
çõeseconômicas dessaatividade. emregiõespróximasdaquelade nascimento, na Bahia
A orientaçãoessencialdessesestabelecimentos e no Maranhão.Contudo,permaneceum déficit im-
nãoé,a associação da pecuáriacoma agricultura, nema portante,que provavelmente se explicapor transfe-
produçãoleiteira.As propriedadesmistas (ou seja, rênciasparaa regiãoCentro-Oeste, ondeo númerode
aquelasque associam agriculturae pecuária)situam-se bovinostransportados é demasiado fracopara expli-
nasduasregiõesjá observadas no Nordestee no Sul,on- car a renovaçãoda manada.Em contrapartida, essa
deseconcentra a pequenaagriculturacampesina. Masa regiãodistingue-se de maneiraclarapelo volumedas
essasseagregam, destavez,MinasGeraise o oesteda vendas(tantode bovinoscomprados comode vendi-
Bahia,No centrodessas trêsregiões,osestabelecimentos dos). Nota-seque para manter uma dimensãode

A t las do B r as il

134
05-18.Nascimentos, abates e comércio dos bovinos

Nascimento

100,0
I 60,1
I 14,2
ffi 4,7 Bovinosabatidos
f= no ano
E 29.341
E 0,0 5.869+^
^ )
2ooN

Com pr a

oí :
:_acorcáo dos bovinos Proporção dos bovinos
:a-orados no ano em vendidos no ano em íelação
:.:otal do rebanho 1%) ao total do rebanho (%)

30,5
i1,o

Bov i nosv endi dos


1,,1 no ano
no ano
5,4 e824s5
26
l0
484 435
96 939
2 000

ru/
7zì
196.200+-r--\ /
2 ooo -\t'Z

r:;-1-Lìscomparávelentreos mapasde nascimentos e de nítido.Essearcoda pecuáriabovina,e em especialsuaex-


.-.:=: de bovinos.foi necessário adotaruma escaladez tremidademeridional,é a principal regiãobrasileirapara
::;s inlerior (o menor círculo representa2.000bovi- o comércio,onde a principal microrregião,a de Tiês La-
: .: : ião 100).sem a qual o fenômenoseriamenos goas,no Mato Grossodo Sul,atingiu o impressionante

Dinâmícas do mundo rural

135
05-19.Bovinose humanos total de aproximadamente um milhão de
bovinosvendidosno ano.A proporçãodo
gadovendidono ano em relaçãoao reba-
nho total permiteobservarque,nasregiões
maisativas,de 30o/o a 40%do gadomudade
proprietárioduranteo ano.Como,semdú-
vida,dadoscensitários não sãoos maisefi-
cazes paÍa medir essemovimento,é muito
provávelque na realidadeele sejamaisrá-
pido e significativo.
Após a publicaçãodo recenseamento
agícola e a contagemdemográficarealiza-
da em1996, um estudioso do Brasilconsta-
Números de bovinos tava que o númerode bovinosera maior
por humano queo depessoas. É um fatoincontestável o
Brasilsitua-seno segundo lugarna classifi-
caçãomundialrelativaaotamaúo do reba-
úo bovino,depoisda Índia,ondeasvacas
têmoutroestatutoe outropapel,e é instru-
tivo comparara distribuição dasduaspopu-
0-_ jEk.
@ Hf-2O03 MGM-Libeígéo Iaçõese a evoluçãode suacorrelação.
Comoa populaçãohumanaestácon-
centradasobretudo no litoral,e a população
bovina,no interior,especialmente no Cen-
tro-Oeste,o índice"boúno per capita"é
particularmente elevadonessaregião,onde
o contornodasduasclasses superiores(ver-
melhonaFigura05-19)é bemdefinido.Par-
tesdasregiõesNorte(sulde Rondôniae do
Pará),Nordeste(oestede Bahia)e Sudeste
(nordestede Minas Gerais,oestede São
Paulo),que seaproximamdesseindicador,
possuem, certamente, um estilo de desen-
volvimentobem semelhante. Nos anosde
1970,refería-se a esseindicadorcomo"de-
senvolvimento pelapatado boi".
Paraimaginara tendênciafutura,po-
de-seapoiarna observação da tendência
passada e construirummapadaevolução do
índice homens/boisno período 199I-1996,
anosque precederam o último recensea-
Fonte: IBGE, CensoAgrcpacuário1996e contagem demográfica1996
mento agropecuário. As coresfrias indi-
cam uma evoluçãonegativa(nessecaso,

Atlas do Brasil

136
"-n defféscimoda relaçãobois/homens), e 05-20. Diferençasde produtividade
.u ;ores quentesuma evoÌuçãopositiva (au-
-,:nto da relaçãoa favor dosbois).O mapa
r:trsftâ claramenteuma marchada pecuária
..tl'ina para o noroeste:a relaçãodiminui
-rr lestee no extremosul,regiõesde povoa-
-1Èntodenso,onde a agricultura pesamais
:-ue a pecuária, e aumenta no norte do
Centro-Oestee na maior parte da Amazõ-
:i,a.com exceçãodo extremo norte.Há indi-
:açõesde que o processoda frente da pe- \--
:uária continua avançandocada vez mais --..-,) o
ea floresta amazõnica,após ter cruzado os o
'.imites
dos cerrados. è
Re n d im e nto
d a ca n a - de-açúcar ì €
(toneladas/ha)
O
Desigualdadese tensões
Produçãode
O mundorural brasileiroé, assim,ao cana-de-açúcar
{toneladas)

o
mesmotempoplenode dinamismoe mar- 2 '1543100
cadopor fortes disparidades em todosos 4 696 920
domínios:nasdimensões daspropriedades, 16
no valor da produção,nasespecificidades.
Dessescontrastes e arranjos.surgeuma
oposiçãonítidaentresistemas econômicos e
regionaismuito diferentes,com desempe-
nìos extremamente desiguais.Os exemplos
sãomúltiplose a Figura05-20reveladois
emrelaçãoao Nordeste: SãoPauloproduz
hojemaiscana-de-açúcar que a tradicional
regiãoaçucareira nordestina, com rendi-
mentospor hectare bemsuperiores, e o Rio
Grandedo Sul cria muito maiscarneiros,
aproveitando inclusivea lã, procedimento
irexistenteno Nordeste.
Além dos contrastes regionais.esses
antagonismos traduzemdiferençasentre
sistemasde produção dominados por gran-
I Ovel has
desou pequenas propriedades. O estatuto
a Ovelhas,
dosprodutores opõeclaramente esses dois tosqutaoas
grupos:enquantonasregiõesde pequenas
propriedades a mão-de-obra reduz-seao
proprietárioe suafamília,onde dominaa Fonte:IBGE.PAM e PPM 1999
srandepropriedadenãoé rarc o recursoà

Dinâmicas do mundo rural

137
05-21.Estatutos dos produtores mão-de-obraassalariada permanente,quer
sejanaszonasde produçãoaçucareira, quer
nasde pecuária.
A Figura 05-22reïorça essasdivergên-
cias,tanto em termosde receitase despesas
como de ilvestimentos.As regiõesde con-
centraçãode grandespropriedadesse des-
tacam, sobretudo o Centro-Oeste.Geral-
mente se diz que a pecuária qualificada de
extensivainveste pouco, mas não é o caso
dessaregião.Ao calcular as relaçõesentre
Proporçáodos empregoe valor produzidopor estabeleci-
e s t ab e l e c i m e n to s mento e relacionaressesvalorespor hecta-
q u e o c u p a ma p e n a s
o responsável re explorado,as disparidadesevidenciam-se
e a s u a f a m í l i a( %)
(Figura 05-23):as grandespropriedadesin-
vesteme produzemmuito (em volume to-
tal), masempregampouco,o que resultaem
baixa produtividade por hectare e elevada
N úmerosde
pessoasempregaoas produtividade por ativo - o produto no pri-
'160.193
,-\
meiro caso é dividido por um fator muito
32.078]ã l
grande,e no segundopor um fator muito
pequeno.Os pequenosestabelecimentos in-
vestemo que podem - o trabalho -, mas
têm uma produtividade por ativo baixa,
porque empregam muita mão-de-obra em
proporção à superfície.Com grande núme-
ro de pequenaspropriedades,o Nordeste
distingue-se nos dois mapas,nas categorias
superiorespelo número de pessoasempre-
gadaspor unidade de superfíciee nas cate-
goriasbaixaspelo valor produzido.O Cen-
Proporçáode tro-Oeste e o extremo Sul distinguem-se
e s t a b e l e c i m e n t os por razõesopostas(fraco empregopor hec-
com empregados
p e r m a n e n t e s( % ) tare e elevado valor produzido por estabe-
Ìecimento),enquantoa Amazônia setentrio-
nal e o Maranhão empregammuito por su-
perfície explorada,mas desaparecemcom-
N úmerosde pletamentedo mapa do valor produzido.
pessoasempregadas
Entre grandese pequenasproprieda-
- 1 .3 0 500 km 160.193
,-\ des,àsvezes,apareceum grupo intermediá-
En o 32.0781n.)
@ HT-2003MGM Libercéo
rio, que representaa maior proporção de
Fonte:IBGE,CensoAgropecuário1996 pessoalempregado,de tratorese de cultu-
ras temporárias e permanentes.O coração

Atlas do B r as il

138
da agriculturaprodutivabrasileiraé forma- 05-22. Rentabilidade e investimentos
do,principalmente, pelosestabelecimentos
entre10e 100hectares desuperfície.É nes-
segrupoque a proporçãode proprietários
individuaisé a maisforte,e a de ocupantes
(empresários queocupama terrasemtítulo
jurídico)é a maisfraca.Sedeixarmos dela-
do esseúltimo grupo - aquelespara os
quaissebuscadesenvolver aspolíticasagrí-
colas - observa-se umasituaçãoclássica on-
de, face a face,encontram-se camponeses
sem-terra (ou sembastantes terras)e pro-
prietáriosde terrassubaproveitadas. Essa
situação,geradora de desemprego rural,mi-
sériae êxodo,cria tambémtensõessociais
quevêmtomandoformaviolentae podem,
a qualquermomento,chegarà explosão, Receitase despesas
apesardospaliativos. Essastensões podem dos estabelecimentos
Receitas agrícol as
parecerestranhas emum paísondehá tan- ('l000reais)
I Despesas
to espaçodisponívele no quala agricultura 643.636
0 500 km
e a pecuáriaocupam,em média,41o/odo rzsosrâ)
@ HT-2003MGM-Libergéo 17-:

território nacional(dos quaismenosque


5% são efetivamentecultivados).Mas tal
médiaé poucosignificativa, porqueabrange
situações muito diferenciadas(Figura05-24,
primeiromapa):forado litoral nordestinoe
dasregiõesde agriculturaintensivado Sul-
Sudeste, a taxa de ocupação humananão
atingel2o/odo territóriode cadamunicípio
em nenhumaoutra parte,e cai abaixode
7,51oemtodaa Amazônia. Mas,apesar des-
sa disponibilidadede terras,os conflitos
existemdevidoa umasituaçãoagráriaten-
Investimentospor
sa e às terras- em especialas melhores- estabelecímentoagrícola
(1000reais)
freqüentementemonopolizadaspor pro-
prietáriosque não as utilizamtotalmente,
lado a lado com camponeses sem-terraou
semterra suficientepara a produção.Esse
processo marcaemespecial o Nordeste, on-
de coexistemterrasociosase camponeses 0- _ iEk.
queocupamterrassemtítulo deproprieda- @ Hf2003 MGM-Lìberyéo

de:daídecorremo vigordosconflitosnessa Fonte: IBGE,CensoAgropecuário1996


regiãoe a migraçãode nordestinos para a

Dinâmicas do mundo rural

139
05-23. Relações de emprego e valor Amazônia oriental.Quandochegam lá en-
tram em conflito,freqüentemente violen-
to,comosantigosocupantes ou outrosmi-
grantes,pequenos camponeses ou pecua-
ristascomoeles,muitasvezescom méto-
dosbrutais.É na regiãodo Bico do Papa-
gaio.confluênciadosrios Araguaiae To-
cantins.no Estadode Tocantins, que se
produziramos conflitosmaisviolentos,
commortes.
,. l'V..t'l
..Oo Assim.se fortestensõesresidemnas
- r a o'
aa velhasregiões,aszonasnovastambémco-
i úeceram seusconflitos,freqüentemente
Números de pessoas
aindamaisviolentos, comoa guenilhado
e m p r e g a d a sp o r 10 0 h a Araguaia,sobo regimemilitar,quandoas
tropasde eliteforamenviadas paraacabar
coma revoltadosposseiros - camponeses
semtítulo de propriedade. Após medidas
fÌËir,.., , estabelecimentos corretivaslimitadassob o regimemilitar
(comoa uíação,nessamesmaregião,do
u,Y o sooim \..$/ 6 sso160
0,1 @HTzoosMcM-Lìberseo U
>/
1 316 830 4) Getat- GrupoExecutivoAraguaia-Tocan-
250
tins-, quedeúareduzirlocalmente o mais
agudodosconflitosfundiários), o regresso à
democracia deveriasignificar,paramuitos,
a horada reformaagráia.Mas essaidéia
nãoalcançou êxito,umavezqueseorgani-
zou a UDR (UniãoDemocrática Ruralis-
ta),e osgrandes proprietários conseguiram
dominara oposição e mantero statusquo.
OsprojetoqiniciaÌmenteaudaciosog foram
progressivamente minimizadogatéficarem
aquémdostextoslegaisemvigorsobo re-
gimemilitar- masnuncaaplicados, Soba
V a l o rd a p r o d u ç ã o pressãodo MST,o "movimentodossem-
p o r e s t a b e l e c i me n to
(1000reais) terra",egraçasà baixadopreçodaterra(li-
195.1 gadoà estabiluação da moeda),umavasta
55,0
E campanha decolonüação foi lançada, e mi-
20,4
o1
lharesde famíliasforaminstaladas em as-
3 ,4 Número total de sentamentos, zonasde colonização, sobre
estabelecimentos terrasdesapropriadas outerraspúblicas. In-
1 ,4 o-_----ig k' 49 120
o,1 @ HT2003 MGM-Libeígéo geroã felizmente,grandepartedesses últimosas-
6
Eoire. IBGE,Censo Agropecuano1996 sentamentos situa-seprincipalmente na
Amazônia, em regiõesseminfra-estrutura,

Atlas do B r as Ì l

140
05-24. nsões agrárias

agric ult u r a
\%)
51, 3
ffi .,r,0
G = n.
E .,,s
F o. o

Proporçáodos
oc upan t e ss e m t í t u l o
entre os resPonsavels
pelose s t a b e l e c i m e n t o s
t%l
A ssassi natos l i gadosa
€.^" confl i tosrurai s1985-1991
7" , 0
f .,e
7 o.z
Fonte: ComissáoPastoraldaTerra
nur r cloals
: o n t e : I B GE ,b a sed e rn Ío rmê Çõ es

regloes Porém, outras inudançasque transformam pro-


de modo que as invasõesilegais continuamem so-
à medi- fundamentea economiae, sobretudo,as Íelações
mú atrativas.Aindaque tenhaperdidosuaforça'
ciaisno meio rural estãoocorrendo:a modernização
da que o êxodorural completa-se,a questãoda reforma
da agricultura,e suainserçãocrescentenum verdadei-
rgáti" continuae será,sem dúvida,uma dasprioridades
ro 'iomple"o agroindustrial"' A geografia agrícola
do soverno de Luiz Inácio Lula da Silva'

Dinâmicas do mundo rural

141
05-25. Assentamento e invasões de terras

Limitesda
E Amazônialegal

F am íl i aspor
acampamenro
680
249
136
ffi
dos
Localização
assentamentos
na Amazôn ialegal Fonte:Folhade S. Paulo

Assentamentosdo Incra
- Assentamentoscujo PerÍmetro
' náofoi digìtalizado
- Estradaasfaltada
_- Estradanão asfaltada o. ______jE k.
PiStA @HT2003
MGM-Lìbergéo

F o n te rIn cra ,2 0 0 0

*G
679
#.
I- zz5
Capacidadedos
assenÌamenlos
(númeío
deÍêmÍlias)
74
Famíliasde assentados
24
por 1.000habitantes
10 na AmazôniaLegal
2 0 500 km

0 @ HT-2003MGM Libergéa

F o n te In
; cra ,1 9 9 8

A t las do B r as i l

142
05-26. Organização do espaço rural

- Estradasasfaltadas

Z on a s m o d e r n i z a d a s

ffi vuito diversificadas

W Razoavelmente
diversiÍicêdas

Poucodìversificadas

ì> Fronteira e erxosde progressão


de mociernização Número de habitantes
(cidades hab ou mâis)
com500,000
Zonas menos modernizadas
9.785.640 _.
E# vuito drversìflcadas 5 850 540
Í- )
Jvu.vvv v
-] p^, , ^^
l-- r r ir ior c ií inar t ac

f-_l Espaçosde baixadensidade


0 500 km
Fronteirapioneirae eixosde progressão @ Hf 2003 MGM-LtiErg@
;F*=
Fonte:
Baseado
noAnuário do Brasil,
Estatístico IBGE

altera-se,assimcomoo lugarda agriculturano siste- propriedades,que forneciamo essencialda produção


ma econômico brasileiro. alimentardo País,alimentavam as grandescidadese
Tocadasemcheiopeloêxodorural e pelaestagna- permitiammanteros saláriosmaisbaixos,atualmente
çãodospreçosdeseusprodutos, pelaini-
negligenciadas corremo riscode nãomaisexercerem essepapel.É ur-
públicos,aspequenas
eìativaprivadae por organismos genteque se beneficiemde políticasde estímuloe de

Dinâmicas do mundo rural

143
proteção,comono modeloeuropeu,ao mesmotempo tas nacionais,fornecedoras de alimentosbaratose de
por razõessociais- paraevitaro agravamento dospro- mão-de-obra ávidapor trabalho,elasdãoaosoutrosse-
blemasdasperiferiasurbanas- e paradesenvolver no- torescondições paramanteros baixossalários. Mas o
vasformasde economiarural à basede turismo,de ate- seudesenvolvimento podeameaçaro equilíbriodo sis-
liêsindustriaise de serviçosambientais. tema.O excesso da apostanasexportações podecondu-
Thêssistemascoexistem, por conseguinte, no espa- zh aum acréscimo de importações;o excesso de racio-
ço rural (Figura05-26).De um lado,há formas novas de nalizaçáo podetransformara liberaçãodemão-de-obra
organização da produçãoagropecuária moderna,inte- em êxodorural maciço,o queagravaos problemasur-
gradasa um potentecomplexoagroindustrial, bemarti- banose exigesoluções paramanterostrabalhadores em
culadasa outrasformasde produção,de circulaçãode suaslocalidades.
consumo,masque empregampoucamão-de-obra em Emborainjusto(já quejustapõefreqüentemente
relaçãoà suaproduçãoe aoseucapitalinvestido. De ou- homenssemterrae terrassubutilizadas). o mundorural
tro lado,maisao nortee ao nordeste(mastambém,em brasileiroé extremamente dinâmico,porque conquista
menorescala, no sul),a populaçãoagrícola é numerosa, maisterrasnovasdo que em qualqueroutraparteno
porémvoltadalargamente parao autoconsumo e mal mundoe se inovaconstantemente, desenvolvendo no-
integradaaoscircuitoscomerciais. Por último,zonas vasproduções. Depredadore desperdiçador, é também
pioneiras, aindaemprocesso deincorporação (à econo- rico de imensaspotencialidades, naturaise humanas.
mia),ústo queo Brasiltem,ainda,o privilégiodeter es- Privadoda suaantigapredominância, relegadoà clas-
paçosdisponíveis. sede auxiliare de reserva,é tambémum excelentere-
A agriculturae a pecuáriaguardam,por conse- veladordasforçasquemarcama sociedade brasileirae
guinte,um lugarimportantenaeconomia brasileira,Ge- os eixosdo que era,atéagoÍa,o modelobrasileirode
radorasde divisasindispensáveis ao equilíbriodascon- desenvolvimento,

Atlas do Brasil

144
CAPíTULO
6

u\DusTRrArs
DrxÂmrcAs
r TERCIARIAS
Brasiltambémé hojeum grandepaísindustriale pelosinteresses cafeeiros,respondeu com umapolítica
terciário,o primeirodo hemisfériosul e um dos de armazenamento e de destruição,por meio da qual
primeirosno mundoem um conjuntode ramos manteveospreçose umaparteda capacidade de inves-
industriais(cimento,aço,automóvel,aeronáutica etc.). timentodosprodutores. Como,aomesmotempo,osfor-
Nguns de seusgruposeconômicos (por exemplo,o necedores habituaisenÍrentavam dificuldades,os capi-
Bancodo Brasilou asempresas decomunicação Globo) tais disponíveisdesúaram-se do café para arriscar-se
tnmtÉmalcançaram privilegiadas
classificações na esca- em indústriascapazes de substitú-lo,começando pelos
h mundial.Múto tempoobrigadoa secontentarcomo bensde consumo. Indústriasbásicassurgiram(a partir
çrapelde fornecedorde matérias-primas agrícolas
e mi- de 1938,o Brasilcobriatodasasnecessidades de ferro
uerais, pôdeascender à condiçãodepotênciaindustriale gusae cimento),masâ estruturacontinuava tradicional:
rcrciária,gaçasa umaconjunção de fatoresfavoráveis. em 1940,cercade 50 mil estabelecimentos industriais
A intervenção do Estadofoi evidentemente decisi- ocupavam 780mil pessoas; osÍamostêxteise alimenta-
r:a:no Brasil,comoem muitospaísesem desenvolü- resrepresentavam ainda54o/o da produção.
Eento,a iniciativapública,diretaou estimuladora, este- Mudanças profundas germinavam coma crescente
rrena basedo crescimento industrial.Maspoucoadian- intervençãodo capital estrangeiroe do Estado.Em
uria essaaçãodeterminada seoutroselementos nãoti- 1940,acorrelação entrebensde consumonão-duráveis,
sessemcriadona socíedade brasileiraascondiçõesde por um lado,e bensde consumoduráveise eqúpamen-
produzirresultados duradouros. O modeÌoargentino tos,por outro,era de70"/"para3}o/o;em 1960,essacor-
prcdeservirde contra-exemplo, pois a baseindustrial relaçãojá havia se aproximadodos 50% para 50o/o.
criadade maneiravoluntariosapeloperonismoe pelo Princípiospróximosaosda ComissãoEconômicadas
regimemilitar não sobreviveuà aberturaliberal que NaçõesUnidaspara a AméricaLatina (Cepal)foram
seseguiu. aplicadosparaorientaro crescimento industrial:o Esta-
O boomdo café,noiníciodo séculoXX,tevegmn- do deveriaparticiparno desenvolvimento tendo a in-
influênciaao promoverumaredede transportes, ao dústriacomopontade lança;o planejamento econômi-
"le
permitira acumulação decapitaigaoinduzira imigração co deveriasero meioparaorganizaros efeitosde ala-
dr colonoseuropeusquetraziamconsigosavoir-faire e vancagem; e o capitalprivadoseriaum indispensável
h,ábitos de consumo:entreelesencontravam-se traba- aliado.Essesprincípiosforam aplicadosno Plano de
lhadores, empresários e clientesde que o Brasiltinha Metasde 1956-1960, o maisimportantedosplanosde
uscessidade. A crisede 1929teveefeitodeterminante so- desenvolvimento que,emum momentocru-
brasileiros,
hrrea economia brasileirae sobrea atitudede seuslíde- cial,fixou a estruturasetoriale espacial da indústria,
lesAo declíniodasvendasdo café.o Estado.controlado cujosefeitosaindasefazemsentir.

Dinâmicas industriais e terciárias

145
Aplicadopelopresidente JuscelinoKubitschek, es- Essesdois programasÍepÍesentaÍam, indubita-
seplanopermitiua industrialização por substituiçãodas velmente,consideráveis efeitosna reestruturação
do
importações, o estímuloà agriculturae,especialmente, a território(Capítulo10),contudonãoalterarama pai-
absorçãodo excedente de mão-de-obra decorrentedo sagemeconômica, emquea concentraçãodasativida-
cresdmentodemográficoe da modernização do meio desindustriaise terciáriaspredominaem um peque-
rural.Tiinta metasforamfixadasparaserematingidas no númerode grandescidades,particularmente no
até 1960.O financiamento veio do orçamentopúblico Sudeste e no Sul.
(213)e do investimentoprivado(1/3).A produçãoin-
dustrialcresceull,3o/oaoanoentre1956e196l,e apar-
O mundo das empresas
ticipaçãodaindústriano produtonacionalalterou-se de
23o/o paÍa30%.Operíododo "milagreeconômico" que A concentração da economiaindustriale terciária
seseguiusobo regimemilitar,dandoao Brasilum re- é mostradapelo mapadosestabelecimentos recensea
cordemundialde crescimento - l0o/oaoanodurante10 dos,em2000,peloCadastrodasEmpresas do IBGE (Fi-
anos- tem efetivamente suasraízesna épocade Jusce- gura06-01),que contabilizatodosos estabelecimento
lino.A criseeconômica, cujosprimeirossinaisagudos dainiciativaprivadae do setorpúblicocomo"unidades
apareceram emI974,pôsfim a esseperíodoe retardou locais".A predominância do Sulé nítida,emaiorainda
o crescimento, masa estruturasetoriale espacial nãose quandosedetalhaa situaçãoramopor ramo(todasas
alterou:ela tenderiamaisa reforçar-se ou mesmoa ca- indústriasmodernas estãocontabilizadas)e por dimen-
ricaturar-se,resistindo,
apesardo momentoadverso. sãode empresa: osestabelecimentos sãomuitomaiores
Emboramaisde trinta anosseparema épocade no Sul-Sudeste, e SãoPauloreúne45o/odasempresas
Juscelino Kubitschekda de FernandoHenriqueCardo- com maisde 100assalariados. A imagemgeralmostra
so,algunsdosaspectos dapoíticaempreendida entreos umaverdadeira hegemonia:55% dasempresas indus-
anosde t994 e de 2002recordamaquelaspolíticas.A triais (61% do PIB industrial)estãolocalizadas na re-
idéiade planejamento espacial, retomadaapósum lon- giãoSudeste, dasquaismaisde40o/o emum únicoEsta-
go períodopelosprogramas BrasilemAção e Avança, do,SãoPaulo.
Brasil,implementados, respectivamente, no primeiroe Issonão é motivo de surpresa, porque atê época
no segundo mandatodeFernandoHenriqueCardoso, é bemrecentetudo contribuíaparaa localização dasin-
outra marcada proximidadedos dois presidentes: dústriasnasregiõescentÍais,no eixoSãoPaulo-Riode
"FHC" retomaassima tochade "JK". Masdestavezo Janeiro-BeloHorizonte.Os processos de produçãoa
papeldo Estadodeixoude sercentral,a proporçãofoi incentivavam, üa economias de escalae de aglomera-
invertida,vistoqueassegurava apenasum terçodosin- ção,bemcomoa disponibilidade dosfluxose a infra-es-
vestimentos, e o esforçofoi o de incitaro setorprivado trutura,quantitativae qualitativamentesuperioresnas
a seresponsabilizar pelosoutrosdoisterços.O Ministé- regiõescentrais.As característicasde mercadocontri-
rio do Planejamento e Orçamentoelaborouum rol de buíamigualmenteparaessecenário,pelaconcentração
programas prioritários,conhecidos comoa "cartefuade dos consumidores com rendimentosmais elevadose
investimentos", entreos quaisalgunseramfinanciados pelaconcentração do sistemacomercialmoderno.Con-
peloEstadoe outrosdemandados aosinvestidores pri- tribuíamtambémo acessoaosinputsnecessários (mão-
vados.Os partidáriosdo programaconsideravam tratar- de-obraqualificadae o acessoàs matérias-primas, em
sedeumanovaformade associação entreo Estadoe as funçãodo desenho dasredesdetransporte), a proximi-
empresas privadas;os críticosdo programaafirmavam dadedos centrosde decisãoe, por último,as rotinas
quea únicadiferençaeraa reduçãodo papeldo Estado, bemenraizadas.
cuja dimensãoe cujo papelforam minimizadospelas Percebe-se um nítidocortenorte-sul:
todasasgran-
privatizações. desconcentrações de empresas estãosituadas ao sul do

Atlas do Brasil

146
06-01.As empresas

Númerosde unidadeslocais
(pormunicípio)
465551

94.009
0 500km
250 @Hr2003MGM-Lberyéo

ìrte: IBGE.Cadastrode Em1resas2000

ao sul da partemeridio-
Distrito Federal,e, sobretudo, e no blocoformadopelonortedo Paraná,oestedeSanta
ual de MinasGerais.Esseconjuntosedestacapor uma Catarinae nortedo Rio Grandedo Sul.
particularidadeprecisa:setodasascapitaisde Estados Confirma-seessamesmaorganização ao utilizar
destacam-se emfunçãodo vaziorelativodeseuinterior, o indicadorrelativoao pessoalempregado poÍ essas
nesseconjuntoaparecem pólossecundários,àsvezesde unidades locais(Figura06-02):concentração
nascapi-
.fimensão notável,notadamente no EstadodeSãoPaulo tais,predominância e umaverdadeira
do Sudeste-Sul

Dinâmicas industriais e terciárias

147
06-02. Empregados das empresas

Empregadosnas unidadeslocais
(pormunicÍpio)
3 1 2 7 .5 7 0

5 5 85 6 1
0 500 km
750
@ lil2003 McM-Libergéo

Fontê: IBGE. Cadastrode EmDresas2000

nebulosadepequenos centrosquecercamasgrandes ci- queo númerode estabelecimentos


permitiriasupor:sa-
dades,emespecialSãoPauloe Rio deJaneiro. Contudo, be-sequenessaregiãoosequipamentossãomenosmo-
essemapaindicatambémum conjuntomaiscontínuo dernose o recursoà mão-de-obra
é maisforte,porque
no Nordeste,do Rio Grandedo Norte a Alagoas,de essaé abundante e barata.O mesmopodeserverda-
Fortaleza Esseindicadorrevelaqueo empre-
a Salvador. deiro tambémparaBeléme Manaus,cujopesoé mais
go,emespecialo empregoindustrial,é maisimportante forte queno mapaprecedente.

A t las do B r as il

144
Casoseobserve o emprego nesses es- 06-03. Empresas e população
'srrerecimentos em relaçãoproporcionalà
p;rulaçãodamicrorregião (Figura06-03),a
;unremacia do Sul-Sudeste é aindamaisní-
iuni -\s duascategorias superiores (maisde
:ï- unidades locaispor 10mil habitantes)
ssr.ao representadas apenasao sulde Brasí-
ru-comduasexceções, em Sergipee Mato
-:r-so (nessecaso com efetivosreduzidos).
: o índiceconstituído pelonúmerode pes-
;;1-spoÍ unidadelocal confirmao recurso
m;ciçoà mão-de-obra: o Nordeste e o Norte,
:c.ieosestabelecimentos sãopouco numero-
r.5 empregam mais.Osassalariados formam Un id a d e slocai s
r paÍtemaisimportantedo pessoal dosesta- p o r 1 0 .0 00habi tantes

=lecimentos(Figura06-04),enquantonas 936
447
irandesmetrópoles do Sudeste,e maisainda
320
:". Sul.essaproporçãoé maisfraca,indican- m er o de uni dades
200
:o queaí seencontraum númeromaiorde ffi
*
106
534.395,-\

=mpresários individuaise depessoas associa- f.l 111.383


/\
CU tf-\ i
19 \\ '/-
:e-.à direçãodo estabelecimento. '7 @ HT-2A

A análise da datade criaçãodosesta-


-''elecimentos(Figura 06-05)mostraum in-
:!-Ìntestávelmovimentode desconcentra-
:.ão:osqueexistiamantesde 1969concen-
-Je\am-semaciçamente no Rio de Janeiro
Ì.916)e emSãoPaulo(15.264), e nenhuma
-'utracidadeexcedia2 mil, ou maisde 5%
jr--rsestabelecimentos criadosantesdessa
ieta. excetoRecife.Em contrapartida, uni-
àdes locaisconstituídas após1995(nota-se
iue os númerosglobaissãobemmaisim-
lortantes)sãonumerosas no Nordeste, no
\orte e no Centro-Oeste, senãoemnúme- Números pessoas
p o r u n id a de
:{-ìabsoluto(deacordocomesseindicadoré
20
-lindaSãoPauloque domina,seguidopelo 9
Rio de Janeiroe por BeloHorizonte), pelo
6
:renosem proporçãodo total.Nessas três 5
N úm er o de uni dades

:esiões, sãonumerosas asmicrorregiões on- 4


534.395 -7--\
/\
iÈ asnovasunidades representam maisde 111.383
3 0 500 km \fì /
19 "'
1r-ì9o ou 50% do total, o que indicacerta 1 @ HT-2003MGM-Lìbergéo

-'trneção- aindaquelimitada- emrelação Fonte: IBGE, Censo Demográfìcoe Cadastrode Empresas2000


-. hegemoniaque existiaanteriormente.

Dinâmícas industriaìs e terciárìas

149
06-04. Os assalariadose os outros consagraoas a esseprocesso passaram
de 84a 339por empregado ao anoen-
tre 1997e 2001(Veja n. 178I,2002).Ao
buscaro crescimento,asindústriasten-
taramusar,aomáximo,suasvantagens
comparativas,o quesignificouparaum
bom númerodelasa procurade certa
e assiste-se,
especialização, em muitos
ramos,a um reexamedasescolhas de
Iocalização.

As localizações
industriais
P r o p o r ç ã od o s a ssa la r ia d o s
n o o e s s o a ld a s u n id a d e s
l o c a i s( % )
A concentração industrialno Su-
desteé obviamentea essência da dis-
tribuiçãodessesetorno País.Maspa-
receóbvioqueissonãovai durarpara
sempre, por um ladoporqueospode-
respolíticos,centraise locais,efetuam
umapolíticade correçãodessedese-
quilíbrioe,por outrolado,porquejá é
Fonte:IBGE.Cadastrode Empresas2oO0 visívelo início de uma desconcentra-
çãoespontânea.
De fato.osargumentos técnicose
Goiás,Tocantins,Mato Grosso,Mato Grossodo Sul e econômicossobreos quaissebaseiamasdecisõesde 1o-
Rondôniaviram criarem-seestabelecimentos em gran- calizaçáoalteram-secom a evoluçãoda tecnologiae dos
de número,à medida que as frentespioneirasprogre- fluxosmundiais.Sãoreforçadospor considerações eco-
diam.Ocorreuo mesmoem todo o Estadoda Bahia,no nômicase financeirase são raramentetão imperiosos
sertão do Nordeste,no Espírito Santo,no interior de que não possamser reexaminados ou discutidosse,por
São Paulo,no litoral de Santa Catarina,enfim, lugares exemplo, uma subvençãocorrigir as desvantagensde
que conheceramfases de crescimentoeconômico em uma cidademal situada.Por conseguinte,qualquernova
contextosmuito diferentesuns dos outros,e atores,pú- implantação é resultado de negociaçõese compromis-
blicos e privados,também muito diversos. sos,em que vários elementose fatores intervêm, e nem
Portanto,essemovimento de criaçãode estabeleci- sempreé fácil entendera inter-relaçãoentre eles.
mentos não indicou, forçosamente,um progresso da A decisãopolítica do governofederal ou dos Esta-
produçãoe menosaindada produtividadeduranteo pe- dos de favorecer a industrializaçãode uma ou de outra
íodo em que tarifas alfandegáriaselevadasprotegeram regìáoé, dessaforma, a origem de numerososcasosde
o mercadointerno.A chegadade produtosimportados novaslocalizaçõesindustriais,sobretudoem Estadosaté
desencadeada pela supressão
dessasproteçõestarifárias então desprovidos.Nesseaspecto,a lógica dissoé redu-
forçou mudanças.Os lucros de produtividade na indús- zir asdisparidadesentre regiõese reforçar a unidadena-
tria foram de 8% ao ano desdel992,graçasa um impor- cional, com melhor distribuição das grandesatividades
tante esforçode formação e qualificação,pois as horas econômicas.São pontos de vista que os representantes

A t las do B r as il

150
políticose lídereseconômicosdas re- 06-05. Data da criação das empresas
giõesenvolvidas apóiamfortemente, ain-
da que,àsvezes,insistammaisincisiva-
mentenos interesses específicosde seu
Estadodo que nos da regiãocomoum
todo.Essesinteresses particulares,mui-
tas vezes,conduzem-nos a rivalidadese
levama pressionar o podercentralpara
decidirem seufavor.Vê-se.conseqüen-
temente,convergir,em especialno caso
de novasimplantações, como as da in-
dústriaautomobilística, asdiversaslógi-
casdosváriosatores,em váriasescalas.
Primeiroa lógicatécnica,freqüentemen-
te concebida em escalamundialpor em-
Partedos estabelecimentos
presastransnacionais; em seguida, aque- fundados antes de 1969(%)
la que é concebidaem escalanacional
pelogovernocentralquandoé o respon-
N úmerosde uni dades
sávelpelaoperação;porúltimo,a lógica fundadasantesde 1969
políticaquepodesedesenvolver em es- 152642ì
calanacional,focalizando o ordenamen- 1.045kì /
to territorialdo País,ou em escalaregio-
nal,priülegiandointeresses específicos.
É necessário,assim,entenderesse
contextoparaanalisara distribuiçãoter-
ritorialdasindústrias,ramopor ramo,co-
mo apareceno CadastroNacionalde
Empresas2000 publicadopelo IBGE,
queconsidera todososestabelecimentos
privadose públicos,industriaisou não.O í':
queaparececlaramente é a estruturada
rede urbanae a predominância do sul, i,Í

semnenhumasurpresa- conseqüência
do modelode desenvolvimento adotado
pelosgovernosbrasileirosdesdeJusceli-
no Kubitschek.Essadistribuiçãotem, Partedos estabelecimentos
fu n d a d o sa p ó s 1995(%) N úmero de
porém,variantesemfunçãodosrecursos
estabelecimentos
utilizadospelasindústrias(matéria-pri- após 1995
ma,energia,bensde equipamento) ou
das particularidades de seusmercados,
ou aindada utilização maisou menosin-
tensada mão-de-obra local.No total Fonte; IBGE,Cadastrode Empresas2000
contam-se numerosos estabelecimentos,

Dinâmicas industríais e terciárìas

151
masqueempregam poucopessoale pesammenosain- CampoGrandee Tiês Lagoas(Mato Grossodo Sul),
da quantoao valor produzido, comopor exemploo se- partesde grandesregiões,mastambémcidadescomo
tor de madeirae móveis.Algunsrepresentam parcela Brasflia(DistritoFederal),Cuiabá(Mato Grosso),Re-
importantedo emprego, masa suaproduçãonãoatinge cife(Pernambuco), Belém(Pará)e Teresina(Piauí),em
o mesmonível,comoa confecção, enquantooutrospos- regiõesmenosprósperas, masnormalmentesedesdas
suem,dentroda produçãonacional,um pesosuperior empÍesas do setor A principalconcentração
agrícola. é,
ao querepresentam no total de estabelecirnentos e em- no entanto,comosepodiaesperar, no nortedo Estado
prego,comoa metalurgia. de SãoPaulo,coraçãoda agriculturamodernado País.
Além disso,nota-sequeum mesmosetorpodees- A indústriade minériosé aindamuitodependente
tar constituídode estabelecinentos comcaracterísticas desuasfontesde abastecimento e do acasoda geologia,
opostas, comoasindústriasalimentares e têxteis.Nesses e,por essepontode ústa,MinasGerais(valeaquilem-
doissetoresencontram-se, aoladodepequenas fábricas brar o significadode seunome)é, logicamente, o mais
arcaicas, muitasdelascondenadas a médio prazo, unida- bemprovido.A concentração de minériosno Sudeste e
desmodernas, voltadasparaos mercados maispromis- Sul não refleteo estadoatualda produção,porqueas
sores,que testemunham claramenteum renascimento. descobertas feitasno Nordestee maisaindanaAmazô-
A indústriaalimentarjustapõeumagamade pequenos nia (bauxitade Oriximináe asenormes jazidasda serra
estabelecimentos a fábricasmaismodernasde congela- de Carajás)foram exploradaspor firmas cujassedes
mentoou liofilização,e potentesfábricasde conservas, permaneceram no Sul.
queconstituem a parcelajusantedeum vastocomplexo O setorda construção civil,em contrapartida, re-
agroindustrial: somente duasfábricasde conservas de flete fielmentea evoluçãorecentedasdinâmicas urba-
SãoPauloe Pernambuco asseguram 70o/oda produção nasbrasileiras: são,maisumavez,ascapitaisdosEsta-
de legumesem conserva e controlamdiversas planta- dos que sedestacam,e a sualocalizaçãoreflete alguns
ções em váriosEstados. A produção de cafésolúvel em doseixosmaisativosdo País,associando a essascapitais
Londrina(Paraná)é feita nasmaismodernasinstala- outrascidadesno mesmoEstado.É o casodo eixo Su-
çõesdo mundo,o quepermitiuao Brasilexportartec- deste-Sul, queliga SãoPauloao Rio de Janeiroe Vitó-
nologianesseramoatépan a Rússia,e conquistaruma ria,SãoPauloaoTkiângulo Mineiro(Uberlândiae Ube-
quota importantedo mercadoamericano.Essesetor raba)e Goiânia.Vale tambémparaCuritibae Florianó-
estáemplenodesenvolvimento, poiscresce, atualmen- polis,Londrinae Maringá(PR),Cascavel e Fozdo lgua-
te, ao ritmo dasnovas_ exportações brasileiras- soja, çu (PR). No Nordeste;apenasdois gruposaparecem,
sucoscítricos- e não apenasde acordocom o cresci- Salvador-Feira de Santana(Bahia) e João Pessoa-
mentoda população. CampinaGrande(Paraíba). Essaconfiguração reencon-
A distribuição dosestabelecimentos consagrados a tra-seaindamaisacentuada no casodosestabelecimen-
agricultura, pecuáriae florestareflete,aomesmotempo, tos consagrados às transações imobiliárias:os eixos
aqueladasproduçõesagrícolas - e, atécertoponto,o principaisSão Paulo-Vitóriae São Paulo-Brasília se
mapadafertilidadedossolos- e a distribuiçãodesigual destacam, enquantono restodo território a predomi-
daestruturação do setor,poisapenas osmaioresestabe- nânciadascapitaisde Estadosnãoé contestada, exceto
lecimentos têm personalidade jurídicaligadaao estatu- em MinasGeraise o no Sul,ondesedesenha um eixo
to de empresa. quevaide Curitibaao centrodo Rio Grandedo Sul,via
Esseprocedimento explicapor queseencontram, litoral de SantaCatarina.
na vanguardadas classificações da Figura06-06,mi- A distribuiçãodaindústriadetransformação (Figu-
crorregiõesde elevadaproduçãoagrícola,comoPorto ra 06-07)é o resútadodeumalongahistória,üsto queo
Alegre (Rio Grandedo Sul),Catanduva, Piracicabae iníciodaindustrialização do Brasilremontaaosanosde
Campinas (Sao Paulo),PontaGrossae Lapa (Paraná), 1930.Entre as indústriaspesadag algumasconheceram

A t las do B r as il

152
(1)
06-06.As especialidadeslocais

lndústriaextrativa

Par c el ade i ndús tÍi as


PaÍceìada agricultura, ! m i nei r asno total
pecuáriae floresta no total dos estabelecimentos
dos estabelecimentos -"co: r
I
n.o
17 ,3 ã ,,^
I @ o,t
ffi E ^,
ffi 1,,2 J o,,
E F o,''
ú o,2

Atividades
Construçao imobiliárias

Parceladas atividades
Parcelada construçao imobiliáriasno total
no total dos dos estabelecimentos
estabelecimentos
r ,.,,,
I 4 7,7 E ,u,u
E 6,1 ffi
Núm er o de 6,1
# 2 ,6 estabelecimentos D 3,0
= 1 ,3 2so2-7-\ E 1,5
ú 0 ,8 5591--\ / E 0,4
10 \/ O HT2aa3 MGM Llbergeo
E o2 @ HT2003 MGM-Libergéa

Fonte:IBGE,Cadastrode Empresaszooa

infra-estrutura'mas
à rápida urbanizaçãoe às obras de
O Brasil é au-
enfrenta atualmentemuitas dificuldades'
também na malor
to-suficiente nesse domínio, como
(aço' química pesada'
oarte de suas indústrias básicas

Dinâmicas industriais e terciárias

153
papeletc.).Essasindústriasestãoconsolidadas e assegu- Amazonase Acre -, ondenão somenteo total popula-
ramo abastecimento de outrasindústrias. Instaladas re- cionalé baixo,massobretudoasestradas sãorarase os
centemente, sãoemgeralmaismodernas queasdaEu- transportes por via fluvialpredominam.
ropa,e a abundância dosrecursosem matérias-primas Finalmente,bons exemplosde concentração são
assegura-lhes um futuro provavelmentemais sereno fornecidospelosestabelecimentos consagrados àsfun-
quenospaísesdesenvolvidos. É no domíniodasindús- çõesde intermediação financeira,transportes, aÍÍnaze-
trias maismodernasque se apóiao futuro industrial namentoe comérciodemercadorias. Refletema hierar-
brasileiro.Mas,do pontode üsta daslocalizações, essas quiadaredeurbana,comapenasduasexceções, doisca-
últimaq que deveriamsermaisliwes em escolhas, não sosde concentração preferencialindependente dessa
têm mostradoconfigurações diferentes:salvopoucas hierarqúa:no prineiro caso,ao longodo eixo Santos-
exceções, os três pontosprimordiaissão nitidamente SãoJosédo Rio Preto,no Estadode SãoPaulo,coração
SãoPaulo,MinasGeraise osEstadosdo Sul. do sistemaagroindustrial paulista;no segundo, dePorto
No primeiro,umanítidaconcentração apareceao Alegree Caxiasdo Sul(Rio Grandedo Sul)atéo oeste
Iongode eixosquepartemdo portode Santose seguem de SantaCatarinae do Paraná,muito provavelmente
asantigasferroviasdo café(atéo nortedo Paraná).Em correlacionado coma novademanda induzidapelastro-
MinasGerais,asindústriassealinhamdeBeloHorizon- cascomospaísesvizinhosdesdea criaçãodo Mercosul,
te a Vitória,ao longoda estradade ferro quetranspor- Ainda servindo-se do cadastrodasempresas e ten-
ta o minériodeferroparao mar,seguindo o Valedo Rio tandoumaanáliseglobal(dessa vezconsiderando asse-
Doce.No Sul,um eixomuitonítido (já assinalado pelo desdasempresas e nãoasunidades locais)comapoio
seudinamismoimobiliário)seguede Curitibaa Porto em umaanálisefatorial(Figura06-08),conclui-se facil-
Alegre(via litoral de SantaCatarina),ondesebifurca, mentequecertasatividades apresentam associações sig-
de um lado para SantaMaria e paÍa o centrodo Rio nificativase estruturadas, enquantooutrassedispersam
Grandedo Sul,de outro ao longoda serragaúcha, nas em relaçãoà população. O fator I (56,5Yo da variação)
regiõeshá pouco por
colonizadas imigrantesalemães e opõe,do ladonegativo,asatividadesbanaise arepara-
italianoqatéjuntar-sede novoao nortedo Paraná.Es- çãodeautomóveis (à esquerda no planofatorial,emco-
seseixos,no total poucoextensoqformamo essencial resfriasno primeiromapa)e,do ladopositivo,asativi-
do tecidoindustrialbrasileiro. Sãolocaisondeaparecem dadesmaisconcentradas (à direitano planofatorial,em
constantemente novosprodutos,e astrocase inovações coresquentes), asfinanceiras, de transporte,dearmaze-
sãomaisativas. Nesses territóriosháboaspossibilidades namentoe de comércio.O fator 2 (20o/,da variação)
de sucesso, e aí seatribui o futuro industrialdo Brasil. opõe,no ladonegativo,asatividadesquesãotípicasda
No restantedo Paísocorreum vastodesertoindustrial, economiade concorrência (embaixono planofatorial,
à exceção dascapitaise dasprincipaiscidades, ondeas em coresfriasno primeiromapa)e,no extremopositi-
atividadesindustriaissão induzidaspela presençade vo,asatividades deadministração, educação,construção
umapopulação de consumidores. civil e financeiras(na partesuperiorno planofatorial,
O casodos estabelecimentos consagrados ao co- em coresquentes),preponderantes no Nordestee no
mércioe à reparação de automóveis é, obviamente, se- Centro-Oeste. Indubitavelmente, é o pesodo Estado
melhante,pois sualocaluaçãoestáestreitamente rela- que sefaz sentirnoslocaisondea iniciativaprivadaé
cionadacom a população, ou pelo menoscom aquela deficitária.
capazde comprÍÌre manterum automóvel.Nessecaso A concentração na regiãoSudeste-Sul é tamanha
destaca-se o conjuntoquevai do suldeMinasGeraisao quesetornanecessário empreender, o maisrápidopos-
Rio Grandedo Sul,a parte maisdesenvolúdado País. sível,sobriscode bloqueio,certareoÍganização.Defa-
Em contrapartida, háumpequenonúmerodesses estabe- to,a hiperconcentração e asdesigualdades geradas pelo
lecimentosnosEstadosamazônicos - Amapá,Roraima, sistematerminampor resultarem "deseconomias", ou

A t las do B r as il

154
06-07.As especialidadeslocais (2)

I ndús t r iade Comércioe


transformação conserto cle
automóveis

6
01

ìL
rarcela da indústria
ce transformação no total
:cs estabelecimentos

I ,",
r,,
É
- ru.o
=
0 500km
- nR O HTZOOSMGU-tib",geo

Intermediação ïra nsporte,


financeira armazenamento
e comunicação

Parcelados transpones,
: . ' c e l a d a i n te rme d i a çã o do armazenamentoe
' - e n c e i r a n o to ta l d o s da comunicaçãono total
i s : ê b e l e c ìme n to s dos estabelecimentos

f
r"",r.,
L---l . N úm er o de
-
,c
estâbelêcimentos
u,õ
- 2790
0,5
- 02 - u.5 ìõõ^s/
:: -:: 3GE, Cadastrode Empresas2000

i:':. Jrn bloqueios.Pareceque se assistea um início de parater acessoaosterrenos,


aosfluxos,à infra-estrutura.
r--Jrlìca. porque os inconvenientesda concentração Têm que enfrentarsindicatos operários,que a concen-
: ,--Èam a pesarsobreas vantagens. Os industriaisde- traçãoreforça.E ospoderes públicos,
frenteaoscustos
:-, doravante,enfrentaruma concorrênciaapertada crescentesda infra-estrutura
necessária às metrópoles

D inâ m icas ind ustria ìs e te rciárias

155
06-08.As especialidadeslocais (3)

10'
6

*9,7 FatorI
t56.6%l
2R
I t''

Fator I
(coordenâdas
' 1000)
o7
sc
(_) e
1 lndústriaextrativa
Empresas 2 Alojamentoê alimentação
3 Administração pública,deÍesae seguridade
social
cadastradas
4 Educação
7.87a 5 Transpone, armazenamento e comunicação
eezã) 6 Intermediação financelra
99v
pecuáriae Íloresta
7 Agricultura,
8 Atividadesimobiliárias
I ComéÍcioe Íeparaçãode automóveis
0._____999
km l0 ConstÍução
@HT-2003
MGM-Lìbergéo 11Outrosservrçoscoletivos

conseguinte, a umaredistribuição dasatividades indus-


triaisdentrodaregiãoSudeste (Figura06-09),emespe-
cialno interiordo EstadodeSãoPaulo,nosplanaltosdo
oeste,ondeoutrorainstalou-se a frentedo café.Estase
organtzava àsmargensdasviasférreas;atualmente, são
as fábricasque se alinhamao longo dasestradasque
lhessucederam. Até 1975,a expansão fazia-seem um
contextourbano,como em um processode dilatação
queconquista osespaços adjacentes,incorporando asci-
805
dadesmaispróximasde SãoPaulo.O processoconti-
255 nuou nasdécadasseguintes, massimultaneamente fo-
170 Empresas
cadastradas
ram constituídos pólosindependentes maisremotos,no
85

-85
7.87A
ss2â
centro,no nortee no nordestedo Estado.
gg --\t/
- 170 O mesmofenômenoapareceigualmenteem Mi-
- 255
- 493
nasGerais,como desenvolvimento doseixosparaRio
Fonte: IBGE, Cadastro de Empresas2l}O
0 500 km
om2ooã-eutia**o
de Janeiro,via Juizde Fora,e paraSãoPaulo,via Ube-
rabae Uberlândia,principaiscidadesdo TriânguloMi-
neiro.Tiata-se deumasimples desconcentração, efetua-
industriais,estãoinquietospelacoesãodo Paíse mals da pelo setorprivadoà procurade melhorescondições
interessados na teoriaquena práïicano ordenamento de lucro.O espaço e a mão-de-obra disponíveissãoas
do território.Essesfatorescomeçam a pesarno sentido maioresatraçõesdessas novas localizações,
além da
de certa desconcentração por
industrial.Assiste-se, proximidadede São Paulo.Os poderespúblicosse

Atlas do Brasil

156
06-09.As empresas do Sudeste

/.\.- _,1 \,L_

.rJL

E x pa n s á od a i n d ú s t r i a
no Estadode Sáo Paulo

! nterszs \
[-,,r,rì De 197ba 1986
tu-"a'.
- Estradas --'-- Claros

'G oy er nador

Belo
Valadêre
--,''esi'ínrïo
sANIoj
)
a

'l - SãoSebastrão
a -' ^
èanIos
.. ..,/

'a.a. 'r'

0 250 km
@ HT-2003MGM-Libergéa

::-:e: IBGE,Cadastrode Em1resas2O0O

-:ritam a fornecera infra-estruturaque facilitaa insta- A indústriaautomobilística


foi umadasprimeirasa
=.'io das empresas,a eliminar algumasdesvantagens seguiressemovimento: Fiat,em MinasGeraisnosanos
'.s cidadesinterioranas,e a acompanharo movimento de 1980;Renaulte outros,no Paraná;Peugeot,
no Esta-
limitado a um raio de 500 quilômetrosde do do Rio deJaneironosanosde 1990. Essesetor,defa-
-:Lrntâneo,
!,. -rPaulo. to,alterousuaestratégia
delocalização.Afabricaçãode

Dinâmìcas ìndustriaìs e tercìárias

157
06-10.Participaçãodas empresas automobilísticas

Construtoresde automóveis
{em2000)
1.600
000

1.400
000

1.200
000

1.000
000

800.000
lìll Mercedes-Benz
do BrasilS.A
I Toyotado BrasilS A
600000 M HondaAutomóveisdo BrasilLtda
I Renaultdo BrasilAutomóveisS.A
400000 Íì'llì Ford do Brasil Ltda
ffi GeneralMotorsdo BrasilLtda
200000 FratAutomóveisS.A
il Volkswagendo BrasilLtda,
0

Construtoresde caminhões
(em2000)

T i pos de c am i nhóes

I Superpesados
Pesados
ffi Semipesados
ffifil vtédios
@W Leues

Mercedes-Volkswagen Ford Scania Volvo General International Agrale lveco


Benz d o Br a sil d o Br a sil d o Br a sil do B rasi l Motors C ami nhóes Mercosul
do Brasil do Brasil do Brasil

Fonïe:
Anfavêa
2000

automóveisfoi - a metríforaé ineútável- o verdadeiro emumaindústriade altatecnologiae a colocamem con-


motordo desenvolvimento industrialdessesúltimostrinta tatocomoutrossegmentos quetêmo mesmodinamismo.
Tem
anos. sidoa fortalezado movimentosindicale conti- Os primeiros
automóveis produzidosno Brasilfo-
nua sendoum dospontosfortesdasfirmasestrangeiras. ramdamarcaFord,em 1919.Cincoanosdepois,24 mil
nopassado,
Importante mastambémparao futuro,porque modelosT erammontadosemSãoPaulo,compeçasim-
mantémsuascapacidades inovadoras, quea transformam portadas.Em 2000,o Brasilproduziupoucomenosde

At las do B r as il

158
0 6 -1 1 .L o calizaçãoda indústr ia automobilística

0- _jE kr
@HTAPD-2003
MGMLiberyéo

V ol ksw agendo B râsi lLtda 431267 34


Fi atA utomóvei sS A 362477 2A
GeneralMotors do B rasl Ltda 289783 23
Ford B rasi lLtda 80 442 6
R enaul tdo B rasrlA utomóvei sS A 57383 5
E mpres a si n s t a l a d a s H ondaA utomóvei sdo B rasi lLtda 20 568 2
após 19 9 6e n ã o
associadasà Anfavea Toyotado BrasÌlS A tcr 45b I

J -1 Mercedes-B enzdo B rasÍlS A i 5 681 1

0__9E km
::-ie AnÍavea,AnuárioEstatístico Fonte: AnÍavea
1998 @HT-APD-2jj?
MGM-Lìbergéo

,.-:milhãodeautomóveis (contra446mll em1986);


ex- País,tantoos automóveis (68%da produção),quanto
:-rrta paratodaa AméricaLaÍinae fornecemotorese osveículos (Il'/,),ônibus
utilitários pesa-
e caminhões
::ças paraas fábricasde montagemdasmatrizesna dos(6%).
e EstadosUnidos.Maisde90%dos27milhões Até datarecente,quatrofirmascompartilhavam
:: r'eículos
-uropa ouecirculam
no Brasilforamfabricados
no o essencial
do mercado, e trêsdentreelascontinuama

Dìnâmícas ìndustriais e terciárias

159
dominá-lo:Volkswagen(34%),Fiat (28%) e General do Sul- e no própriomunicípiode SãoPaulo,comalgu-
Motors (23%).A Ford,reduzidaa 9"/o,devedisputar masimplantações isoladasnosEstadosdeMinasGerais,
comos novosconcorrentes, comoRenault,Honda,To- Paranâe Rio Grandedo Sul.Após1996(Figura06-11),
yota e Mercedes,que, juntas,já representavam9o/o do partedasindústriasmigrouparaMinasGeraise Bahia,
mercadoem2000,e coma Peugeot, quecomeçou a pro- aomesmotempoemquehouveaumentona regiãome-
duzir em 2000de forma promissora, sobretudograças tropolitanade Curitibae de PortoAlegre,em grande
ao sucessodo modelo 206. A Mercedes dominao setor parteúsandoao mercadocomumdo Mercosul.
dosveículospesados com quase36% dasvendas, na Antigose novosfabricantes nãotêmasmesmas es-
frente dos modelosVolkswagen(2lo/o),Ford (13%), tratégiasde localizaçãoda suarede comercial(Figura
Scania(97o),Fiat(8%)e Volvo(6%),Poucas mudanças 06-12).A Volkswagen, instaladano Brasildesdeosanos
haviamocorridoentre1960e 1995:Volkswagen e Ford de 1950,mantém a de localização
estratégia por proxi-
tinham-seunido,formando,em 1986,o grupoAutolat! midade,instalandoconcessionárias pertodosmercados
na, massuadissolução foi anunciadano fim de 1994. consumidores, mesmoosmenores. Essafirma estápre-
Apenasa Fiatteveêxito,coma ajudado governodeMi- sente,tanto para os automóveiscomopara os cami-
nasGerais,ao entrarnesseclubemuito fechado,que- nhões,emtodoo territórionacional,aténo Norte,onde
brando,ao mesmotempo,o monopóliode SãoPaulo, existempoucasestradas(nessecaso,evidentemente, a
onde se concentrava a maior parte dasfábricas.Mas redeé menosdensa). Em facedessaestratégia desatura-
desde1995a situaçãotemsealteradoprofundamente e ção,os novosfabricantegsobretudoToyotae Peugeot,
a uma corridadosfabricantes,
assiste-se o que fez do têmum númerobemmenordeconcessionárias, concen-
Brasilo segundono mundo,apósosEstadosUnidos,no tradonosmercados maispromissores. Em funçãodo ti-
queserefereao númerode firmasinstaladas. po deveículovendido(veículos urbanosparaPeugeote
Após uma sériede crisesnos anosde 1970e do tipo 4x4paruToyota),o primeiroescolheuconcen-
1980,quandoos veículosproduzidosabarÍotavam os tÍar-seno Sudestee no Sul,estandopoucopresenteao
pátiosdasfábricas,asmontadores instaladasno Bra- nortedalinhaCampoGrande-BeloHorizonte-Vitória,
sil formarama Anfavea,umanovaassociação nacio- enquantoo segundoposicionou-se ao longo do eixo
nal,cujo objetivoera,alémde melhorrepresentá-los pioneiroSãoPaulo-Rondônia e no Nordeste.
e aumentarsua influência,coordenarsuasações.A Apesar dessesrecentesesforços,permanecem,
associação agrupaatualmente 25 montadoras de au- contudo,margensparaprogressos, porquecercada me-
tomóveise de máquinasagrícolas,como Agrale, tadedo parqueautomobilístico brasileirofoi construído
Caterpillare New Holland, antesde 1990,o queserefleteno fatodeexistirumafro-
Quantoao aspectoda localização, antesda crise ta nacionalrelativamente antiga,emboranãoseja,nem
quelevoua constituiressaassociação a maioriadasindús- de longe,o pior casodo continentesul-americano.
triasautomobilísticasconcentÍava-se no Estadode São Analisandoessedadopor tipo de veículo,constata-se
Paulo,principalmente no ABC - triânguloformadopor que apenas43% dosônibusforamconstruídos antes
SantoAndré,SãoBernardodo Campoe SãoCaetano que
de 1990,mas72o/odoscaminhões circulamsobre

Fonte: DetÍan e Geipot 2002

A t las do B r as il

160
06-12.Redesde concessionárias

Automóveis Volkswagen CaminhôesVolkswagen

v .8 .
o a- t

Númerode -o* Número dê


concassionárias concesstonarlas
Volkswagenpor milhão Volkswâgen caminhôes
por milhãode habitantes

Concessionárias
x25 Volkswagen
caminhóes
' U bUUKM ' 0 500 km 2_
o'8 o nr-zoos
ueu-tiburséo @ Hf-2003 MGM-LibeAéo 1l l

AutomóveisToyota Automóveis Peugeot

Númerode Númerode
concesstonanas concesstonanas
Toyota por milhão Peugeotpor milháo
de habitantes de habitantes
20.5
1 ,",.,
r u,,
r ,.,' Concessionários
Concessionárias
Peugeot
E .,.0
E o,u u cuuKm
@ Hf-2003 McM-Liberyèo
-
Toyota
ezì
1- \) / I
-
I
^-
Q't
0 50okm -
@ !-Ì-2oog McM-Libercéo
''z-ì
1-kr-/

Fonte:Sites Internetdas fiÍmâs

asestradas foramconstruídos
brasileiras antesdessada- apoiadopeloSistemaNacionaldo MeioAmbiente,so-
ta Essasituaçãoé prejudicial,tantoem relaçãoà segu- mentecomeçoua ter um efeitomaisperceptívelno fi-
rançarodoviáriaquantoà poluiçãoatmosférica, visto nal dosanosde 1980.Contudo,a frota nacionalrenova-
queo progÍamade controledasemissões dosveículos, segradualmente,e, comparando o númerode veículos

Dinâmìcas industriais e terciárìas

161
postossobreasestradas entre1991e 1995e entre1996 um tipo de desenvolvimento bemparticular.O sistema
um progresso
e 2000,constata-se pequenoparaoscami- financeiroatualtendeaindaa perpetuarum desenvolvi-
nhões,um maisnítidoparaosônibuse um considerável mentocentradono consumoe umadistribuiçãode ren-
paraos automóveis. Essasituaçãopodeseratribuídaà da e patrimôniomuito desigual.O créditoé destinado
renovação da ofertae ao PlanoReal,queem1994esta- àsempresas ou à compradebensde consumoduráveis,
bilizoua moedae permitiuo acesso de novosconsumi- e os encargos do investimento a longoprazosãocobra-
doresao mercado,sejacomprandoveículosnovos,seja dosdo Estado.Entretanto,falta créditoparaa popula-
de segundamão,liberadospara o mercadopelospro- çãode maisbaixarenda.Comoo Estadojá deveseen-
prietáriosqueadquiriramveículosnovos. canegardocréditoparahabitação e urbanização, do cré-
dito rural e do financiamento a médioe longoprazoda
indústria,o endividamento internoe externoaumentou.
Finanças e serviços
A presença do setorfinanceiroemquasetodosos
Outrosprogressos podemser mensurados pelos municípiosbrasileirosmostracomoele vem seexpan-
avanços no setorfinanceiro, nastelecomunicações e nos dindoconstantemente (Figura06-13)e comoé bemdis-
meiosde comunicação. O setorterciárioé, atualmente, tribuídopeloterritórionacional,emborasejaaltamen-
o maisimportanteda economiabrasileira,pelo menos te concentrado: maisde3 mil municípios (62%)emum
no quediz respeitoao emprego:eml99l,já empregava totalaproximado de5 mil sãodotados deagências ban-
55%da populaçãoativa,apósum crescimento rápidoe cárias.Essadistribuição estálongede serhomogênea e
contínuo. Masa suadefiniçãoclássica e negativa- o que reflete,efetivamente, as hierarquiasurbanas.Se um
nãoé nemagricultura nemindústria- é poucosatisfató- poucomaisde 1.750municípios(35olo) têm duasagên-
ria nospaísesindustrializados, e menosaindano Brasil. ciasou mais,sãoapenas quatrocentos (8o/o)a ter dezou
Setordiverso,heteróclitomesmo,o terciárioassocia ati- mais,e poucomaisque47 (menosde 1%) a ter cemou
vidadeseconômicas de direção,de alto valor agregado, mais.A localízação dessas agências é muitopróximada
comoosbancos, e o terciiírio"informal",refugiodospo- distribuição da população, sobretudo a urbana:correla-
bres semcoberturasocial.E formadoprincipalmente cionaressenúmeroà população(agências para100mil
pelossetoresde comércioe de serviços, quejustapõem habitantes)colocaas grandescidadesem um pata-
estabelecimentos modernos(doshipermercados Carre- mar médio e valorizaas regiõesrurais prósperasdo
four ou PãodeAçúcar,por exemplo,àsbutiquesde al- Sul,do Estadode SãoPauloe de Goiás,certamente
ta costura)a umamultidãode microestabelecimentos, grandesconsumidoras de créditosbancáriospara fi-
maisou menosclandestinoq queexercemfunçõescom- nanciarsuaagriculturatecnificada.
paráveisparapúblicosmuitodiferentes. Além do númerode agências, a distribuiçãodos
Em relaçãoà situaçãodos anosde 1960,quando depósitos é muitoesclarecedora, pelaoposição entreos
erareservado a umaelite,o sistemabancáriobrasileiro depósitos públicose privados. Osprimeirosreferem-se,
progrediumuito.Instauradocom baseem um sistema com montantesmodestos, às capitaisdos Estadosdo
capazderecolhera poupança e de orientálaparaosra- Norte e Nordeste, ao Rio de Janeiroe,naturalmente, a
moscarentes, de favorecerum crescimento harmonioso Brasflia.Nessecaso,em contrapartida, o Sudeste eo
e de oferecercréditoe facilidades de pagamento, ele é Sulaparecem fracosou quaseinexistentes. No entanto,
maisqueumanecessidade técnica,é umadaschavesdo paraosdepósitos privados,a situaçãoé oposta:ascapi-
desenvolvimento. Por longotempoo Brasilnecessitou tais do Nordeste,do Norte e do Centro-Oeste apare-
de tal instrumento, e o regimemilitar nascidodo golpe cem aindamais,emborase distingamdo interior dos
deEstadode1964tentouinstaurá-lo. Osquestionamen- seusterritóriosrespectivos. A predominância e o desta-
tos ligadosà mudançade regimefizeramapareceras quesãoparatrêspólosprincipais:Rio de Janeiro,Bra-
distorções e os defeitosde um sistemaconcebidopara síliae,sobretudo, SãoPaulo,cujosdepósitos bancários

Atlas do Brasil

162
ü 6- 13.AgèncEase depósitos haneár Èos

Núm er o d e \!- i - 'i ìr


D epós i tos Públ i c os
agênc i a sP o r por 100,000 habi tantes
100. 00 0h a b i t a n t e s 670 133
1 06 I 44 542
I 21 E 18 327
il 15 Nú m e r o € I
9 789
# de a g ê n cia s €
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1 319
4 919 É.' D epósi tosP úbl i cos
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(mi l hóesde real s)
= 3 256 +-l E 2
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I 1 1 \r-l @ HT20Ô3MGlvl-Llbergéo
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# De p ó sito sPr iva d o s
€ ( m ilh ó e sd e r e a ls, "uuo
== 6 940 J-ì
861\^) /
f

2000
RegistroAdminìstrativo
':-ie: BancoCentral,

o Nordeste
Alegre.Na proporçãocom a população'
Recife)'
(exceto assimco-
afrÃenta inàlc" Oistanciado
é reduzi-
mo o Norte,nessecasoporquesuapopulação
asdificuldadesen-
da.Essemapaajudaa compreender
dessas
contradaspara financiaro desenvolvimento

Dinâmicas industriais e terciárÌas

163
06-14.Zonas de atracão das atividades financeiras

Pr o b a b ilid a d e s d e a tr a çã o
- lvlo d e lods e T h ie sse n
(Dirichlet-Voronoi)- Huff

- Atração:empregofinanceiro
- Expoenteda distância:2
de 1 paraI
- Níveisde centralidade

0 500 km

@ Hr20o3 MGM-Liberyéo

Fonte:Regice Rars

regiõese a necessidade de transferências


financeiras Considerandocomo indicador não apenasos ban-
importantes,tornadascadavezmaisdifíceispelaretra- cos,mastambémo empregono conjuntodasatividades
çãodo Estado, ou seja,pelareduçãodo seupapeldere- financeiras,pode-seconstruir, aplicandoalgoritmos de-
gulaçãoe de compensação entreasdistintaspartesdo rivados dos modelos gravitacionais,um mapa teórico
territórionacional. das zonas de influência financeira (Figura 06-14).

At las do B r as i l

164
!,ì: Pauloaparececlaramentecomo centro G6-15.Comércio - atacado e vareio
:', minante,visto que suazonade influência
::.:tunde-secom o território nacional,exce-
:,-es feitasapenasaoscentrosde menorpe-
r-- .1uechegama impor-se,no Norte e Cen-
:..-Oeste. Manaus,Belém, Porto Velho e
,l:iabá devema extensãodo seudomínioà
:r.ncoÌrência,não ao seu peso específico,
;:quanto no Nordestee no Sul as cidades
-idias fazemsombraumassobreasoutras.
\.. Sudeste, Belo Horizonte limita o domí-
--tr do Rio de Janeiro,mas enfrentaa con-
:.rrrênciade uma série de pequenascida-
Em p r egospor
:-'s-Apesarda pressãode SãoPaulo,a cida- co m é r ci o
:; conservauma zonade atraçãolocal. va reiista

O comércio,tanto o atacadoquanto
-ì \arejo, é outro bom indicadordo grau N úmero de
:: centralização. O númerode empresas e comercros
va rejistas*
,- emprego que representam é natural-
lente bem mais elevadono comérciode
,arejo que no de atacado,isso porque o o.- k.
--_ry!
@ HT2003 MGM Lìbergéo
:imeiro associaa empresasformaisuma
* SáoPaul o:64 218
-arilidade de pequenoscomérciosinfor-
-":arse precários.
Suaproliferação,sobretudonas peri-
:;rias das grandescidades,assegurapar-
;:aÌmente o escoamentodos produtos do
.:tor industrialmoderno,colocando-os ao
'l;ance da população mais pobre pelo
:arcelamento e pelo crédito.A existência
:; um vasto setor de comércioe de servi-
:.-rsbaratos permite manter mais baixos
:s saláriosdo setor moderno.Longe de Empr egos por
!.r seu parasita,como se pensoudurante com ér cío
atacadista
-uito tempo, o setor terciário informal
:e é, de fato, muito útil, sendoparte do
ì -i ïcma .a o qual é es t r ei ta m e n te
ligadoE.
: rneio de sobrevivênciade multidões de N úmero de
jgrantes que se acumularamnas cidades comercros
atacadistas
::asileirase não puderamencontrarlugar 953
t-\
-rìs circuitos econômicosclássicos. 0 500 km /\
Ainda @ HT2003 MGM-Libergéo
354t--\ /
\\,/.
:_uefosseesta sua única função,já seria Fonte:Rais,1995
6

-uito importante.

Dinâmìcas ìndustrìais e terciárias

165
06-16.Zonas de atração do comércio atacadista

Pr o b a b ilid a d e s d e a tr a çã o
- ModelosdeThiessen
{Dirichlet-Voronoi)- Huff
-Atração: empÍegosno comércio
atacadrsta
- Expoenteda distâncìa:2
de 1 para8
- Níveisde centralidade

0 500 km

@ Hl-20O3 MGM-Lìbergéo

Fonte:Regice Bais

Casosedeixede lado a desproporção dosefeti- vaziosdo Norte e Centro-Oesteàsredesdo Nordes-


vos(quelevou,comomostraa Figura06-15,a adotar pelascapitais,
te, dominadas enquantoo Sudestee o
uma escaladiferente,de 1 para L0,para manterdi- Sultêm umaconstelação de pequenos próxi-
centros,
mensões doscírculoscompatíveis),a imagemda dis- mosunsdosoutros,ondeosefetivosempregados em
tribuiçãoespacialé sensivelmente
a mesma.Opõeos cadacomérciosãobemmaisbaixos.Parao comércio

Atlas do Brasil

166
06-17.Estratégias comerciais

Carrefour Pão de Açúcar

N ú m e r od e N úm er o de
supermercaoos supermercados
e hipermercados e hipermercados
por mílháo por m i l hão
de habitantes de habitantes

Núm er o
de supermercaõos uu-z\
e hipermercados
3
iõ E ., ''trì
r -\S/
)
Fonte:Site lnternetda Íìrma Fonte:SrteInternetda firma

Um mapada zonade atraçãoteóricado comércio


atacadista(Figura06-16),construídausandoosmesmos
princípiosdasáreasde influênciadosbancos, promove
resultadossimultaneamente comparáveis e diferentes:
nesse casotambémSãoPaulopredomina e deixaasou-
trascidadesatrás.As capitaisamazônicasigualmentese
beneficiamde seuisolamentoe da ausência de concor-
rênciapróxima.Mas,destavez,Brasília,Cuiabáe Curi-
tibatêmpapelmaisrestrito,contrariamente aodeGoiâ-
nia e de Uberlândia,quesebeneficiam de suaposição
central.O modeloteóricoé,portanto, adequado à reali-
dadeobservada, poisessas duascidades têmrealmente
desempenhado essepapeldesdeosanosde1950, graças
ao desenvolvimento dasestradas que ascolocaramem
situaçãoidealparadistribuirosprodutosdaindústriade
Fonte: IBGE.Pertildos MunicíoiosBrasìleiros
SãoPauloparao Nortee o Centro-Oeste.
Em facedessecomérciotradicional, o aparecimen-
to dagrandedistribuiçãomoderna, soba formaderedes
nota-seo casoexcepcionalde Uberlândia,
atacadista, de supermercados, hipermercados e shoppingcenters,
no Triângulo Mineiro, que abriga várias das princi- foi,no Brasilcomoem outros países,
umainovação es-
pais cadeiasnacionaisde abastecimentodo pequeno sencial.O mercadodosprimeirosé disputadoentreo
comércio. grupoCarrefour(que controlaos hipermercados do

Dinâmícas industríais e terciárìas

167
06-18.Os serviços

FatorI
* 1000)
{coordenadas
993
r 0 16
ã 1 Administração ê t€cnologia
4 tj
n zva , ,/ Valortotal
2 Administração
3 Hotelaria
pública
,--/ '- dos seruiços
E -rou (bilhóesde reais) 4 Construção
E _0.,., 5 Educação
6 Instituições
ílnanceiras
ffi _0,,0 7 Saúde
0 500 km
il _903 @ HT'2003 MGM-Líberséo 8 Sêrviçosde utilidadepública
9Transporte e enêrgia

maispovoadase desenvolvidas, e tambémManaus;o


gruponacionalaproveitaa concentração de suasbases
deorigemno Rio deJaneiroe emSãoPaulo(nacapital
e no litoral balneário),
e investeemBrasíliae Fortaleza.
O aparecimento dosshoppingcenters é recenteno
Brasil- a partir dosanosde 1960.O primeiro,o Iguate-
mi, foi inaugurado em SãoPauloemI966,na âreade
umaantigachácara, e contribuiuparaa transformação
Fator ll
(coordenadas' 1000) de umaregiãoresidencial do JardimPaulistano em um
2.300 pólodecompras. À época, o comérciovarejistaimportan-
r 387
il te estavalocalizadona rua Augusta,famosana época
258
:= n g valor total comoa "RuadaModa",e a conquista daclientelalevou
-/ dos seryiços
(bilhóesde reais) cercadecincoanos.Somenteno iníciodosanosde1970
o shoppingpassoua serconhecidocomocentrolança-
dor de modae, a partir de 1978,a representar para o
Fonte:Rais '1995 consumidor novasvantagens, comoconforto,segurança
e estacionamento. No iníciotinha75lojas,aospoucosfoi
sendoampliadoe,atualmente, o Iguatemicontacom388
mesmonomee ossupeÍmercados Champion)e o grupo lojas.À medidaqueo setorvarejistaentendeuseresse
brasileiroPão de Açúcar,amboslutandopor meio de um novomodelo,voltadoparasegmentos maisfavoreci-
implantaçõesnovase de comprasde concorrentes. O dosda população, tais centrosde consumopassaram a
grupo francêspÍocura,visivelmente,
cobrir as regiões sercontemplados comgrifesnacionais e internacionais,

Atlas do Brasil

168
alémdeopções gastronômicas, deserviços e delazer.Da- Semse aproximardo nível do lguatemi,outros
dosde 2001da IguatemiEmpresade Shopping Centers centrosdo mesmotipo foram construídos em todo o
apontamqueo públicofreqüentadoré proporcionalmen- País,e a suadistribuição(Figura06-17)mostra,efetiva-
te diúdidoentrehomens e mulheres,sendoquea maioria mente,as regiõesmaisinteressantes paraos seuspro-
temidadeentse?5 e 44 anos(a8%)e reside(37%)nos motores:concentração no Sudestee no Sul,sobretudo
bairrosJardins,Itaim, Piúeiros e Morumbi.Além disso, nasregiõesmetropolitanas deSãoPauloe do Rio deJa-
4ó7odosfreqüentadores visitarnoshoppingdeumaa três neiro,distribuição maisflexívelno litoral do Nordestee
\€zespor semana. No total,o volumede negócios desse ocorrências isoladasnas capitaisdo restantedo País.
shoppingcenteré hojesuperioraoPIB deAlagoas, Nota-se,contudo,o alinhamento de centroscomerciais
Apesarde sua recenteexpansão, os shopping modernosao longodasestradas pioneirasqueligama
centerstêm ampliadotambémsuas influências no com- Amazôniaao Sul,pois os pioneirosnão deixamde ir,
portamentosocialurbano.É o queevidenciam recentes pelomenosdevezemquando,buscarna cidadeviziúa
estudosdesenvolvidos na Universidadede SãoPaulo, ascomodidades (e osprazeres)aosquaisestavam habi-
obtidosdurantearcalìzação de concursonacionalcon- tuadosemsuaregiãode origem.
cebidopelo Programade Administraçãoem Varejo Uma análisefatorial rcalizadasobreo valor dos
(Provar-FIA) em parceriacom a FundaçãoEducar diferentestipos de serviço(Figura06-18)mostraque,
DPaschoal, o jornal FolhadeS.Pauloe a editoraAtlas, tambémdesseponto de vista,distinguem-se grupos
visandoa identificarfatorespositivose eficazespara bastantenítidos.O fator I (38%da variação)opõeo
melhoriado desempenho do setore criarnovasestraté- ladonegativo(coresfrias,partedireitado planofato-
giasde marketing.Ângelo& Silveira(2001)organna- rial),dasregiõesondedominamos serviços privados,
Íam em um livro os estudosganhadores do VI Prêmio ao lado positivo (coresquentes,parte esquerdado
Excelência que
emVarejo, evidencia: a mudançadoper- planofatorial),dasregiõesondeserviços públicossão
fil da clienteladesses estabelecimentos; o jogodepoder predominantes; os primeirosdestacam-se no Sudeste
e influênciaque elementos instalados(luz,som,cores) e Sul,osoutros,no Nordestee namaiorpartedaAma-
no interior daslojaspossuemsobreo comportamento zônia.O fatorII (20"/odavariação) redobralargamen-
decompradosconsumidores; o aumentodo graudeexi- te o primeiro,opondo,outra vez,o lado negativo(co-
gênciae seletividade dessaclientela;e o usode elemen- res frias,partebaixado planofatorial),dos serviços
tossutisdesinalização e defacilidadedemovimentação privados, ao ladopositivo(coresquentes, parteeleva-
para a induçãoao consumo.Essesestudosconstatam da do planofatorial),o dosserviços públicos.
Destaca,
comoo comportamento emocionalimpulsionaa maio- de um lado,a cidadede SãoPauloe os arredores(e,
ria dasdecisões de compra;comoo usocriativodasco- curiosamente, osarredores de Beléme de Macapá),e,
res(friasou quentes), nospontos-de-venda, tambémde- de outro,Fortaleza. Essacidadefoi objetode umapo-
terminamdiretamentea predisposição de comprado lítica socialcontínuadurantequatromandatossuces-
consumidor. Abre-se,assim,um novocampode traba- sivosde prefeitose governadores da mesmatendência
lho paraospesquisadores urbanospreocupados comas política.Destacatambémo interiordo Estadode São
sutilezas do capitalismo e com a incessante buscade Pauloe o nortedo Paraná,onde,de fato,esses servi-
inovações capzLzesde atrairconsumidores. de
çossão boa qualidade.

Dinâmicas industriais e terciárias

169
7
CAPÍTULO

aÍa valoÍízaÍ as principaisdinâmicasurbanas as principaiscaracterísticasde incorporação dasnovas


atuais,privilegia-sedeliberadamente nessecapítu- fronteirasagrícolas e foramparticularmente intensas
lo um certonúmerode fatores.de maneiraa sa- (Capítnlo2), emborao processode criaçãode unidades
lientarasmudanças em curso.Essastransformações se políticase administrativasteúa ocorridoemtodoo País.
caracterizam simultaneamente por extraordináriocres- Além disso,o desenvolvimento e a consolidaçãode
cimentoquantitativoe qualitativodascidadese municí- cidadesmédiascoincidiucom a gradativareduçãodas
pios,pela estruturação dasredesondese inscreveme migrações quealimentavam o crescimento dasmetrópo-
por uma redistribuição espacialque atingeregiõesaté lesbrasileiras.Porém,tantoasmigrações a curtadistân-
entãoà margemda economianacional,mal integradas cia comoasmigrações remotasqueasprecediamapre-
aoprocesso de crescimento globaldo País. sentaram a mesma conseqüência: o agravamento dasde-
É fundamental,pancompreender essaevolução, sigualdades sociaisnascidadese a exclusão de umapar-
reexaminar o processo deurbanização brasileiro,quese celasignificativadessapopulação dosbenefícios davida
traduziuna profundaremodelagem daspaisagens urba- urbana.Osresultados sãohojebemvisíveis.As desigual-
nase ruraise na transformação de umasociedade até dadese disparidades socioespaciaisno Brasilcolocam-se
poucotempoatrásrural,cujainserção no mundourbano entreasmaioresdo mundo,refletindo-se em configura-
provoca,entreumae outra,novadinâmica. A integra- ções territoriais
contrastantes até mesmo entreos bair-
çãodasregiõesmaisperiféricasfoi efetuadaprincipal- ros(queapenas serãomencionados aqui,vistoqueestão
mentepelaaçãodospoderespúblicose em funçãodos sendoprivilegiadas asescalasnacionale interurbana).
interesses do centro-sul. As açõesdecorrentes dessas De fato,umadastransformações essenciaisdessas
políticasserviramde alicerceà implantação e à consoli- últimasdécadas foi a profundareestruturação dasáreas
daçãode setoresprodutivosurbanos, a partir dosquais de atraçãoe influênciadascidadegquepodemseÍ me-
a modernização rural eraempreendida. didasgraçasa trabalhosespecíficos empreendidos no
Um dosaspectos maissignificativosdessatransfor- Brasil,ou tambémpelousode indicadores e de algorit-
maçãofoi a mobilidadeespacial,característica de um mosmenospesados.
paísnovo,fundadasobreo sentimentocompartilhado
pelapopulaçãoe pelospoderespúblicosde queo espa-
As redes urbanas
ço disponívelera quaseinfinito.A urbanização, forte-
menteestimulada por essesonhode mobilidade espa- por muito tempo,concen-
As cidadesbrasileiras,
cial e social,foi, portanto,umadasprincipaisvertentes traram-seexclusivamenteno litoralou emsuasproximi-
demodernização. A formaçãodecidades, o desmembra- dades,em particularno Sudeste e no Sul e de maneira
mentoe a emancipação de municípiosestiveramentre dispersano Centro-Oeste,Nortee interiordo Nordeste.

Atlas do B r as il

170
07-01.As redes urbanas

Ê-
o
Cida de s c R i o de J anei r o
> 1000000hab I Duquede Caxias
Novalguaçu
I
Gffi sooooor,au I SáoGonÇalo
S ão P aul o
I SãoBefnardodo Campo

Populaçãourbanaem 2000
lÈ":::ï$3'"

500 km

@ HT2003 MGM Lìbergéo

Fonte: IBGE,Censo Demográfìco2000

Essadistribuição
refletiaasdesigualdadesdasdensida- superior,e dascapitaisdosEstadoseraindiscutível,
e os
desdemográficas e dospesoseconômicos, bemcomoa fluxosemdireçãoàscidadesde nívelinferior,ou oriun-
ausênciade redesurbanas, pois cadacélulaprodutiva, dosdelas,erampoucosignificativos.
centradarìa "sua"cidade,poucosecomunicava com Essestraçossobressaem no mapadasredesur-
as outras.A primaziadasmetrópoles, de hierarquia banasbrasileiras,construídoa partir dos dadosdo

Dinâmicas urbanas

171
O7-O2.O crescimento das capitais

Fortaleza

Ci d a dem ais
doD::ï". povoada

1812 214912

1890 522 651

1900 811 443

1920 1 151.874

:. 1940 1 764 144

12
';ii.', t gso 2 377 450
10 R i o de Janei ro
€ ,soo 3 7 8 1450
I
5 9 2 4 610
Q 'szo População
6
Q roso a +93 224
4
| ,sot 9 626 890
2 Brasila
''rru 9 839 440
| 0
2000 10406 200
0 500 km

@ HT2003 MGM-Lìberqéo

Fonre:IBGE

recenseamento de 2000 (Figura 07-01).Verdadeiras quaseabsolutassobreo seuterritório.As cidadesque


redes,no sentidoestrito do termo, aparecemapenas não sãocapitaise têm mais de 500miÌ habitantescon-
no Sudestee Sul, enquantonos outros quatorzeEsta- centram-seno Sudeste(com exceçãode Jaboatão,in-
dos as capitais não dividem sua influência com cen- tegrante da região metropolitana de Recife): Guaru-
tros de menor porte, exceto raras exceções,e reinam thos,Santo André, São Bernardo do Campo,Osasco,

At las do B r as il

172
07-03.As regiões metropolitanas

Grande
Vitória

de Janeiro
Santista

Norte-NordesteCatarinense
Valedo ltajaÍ
Florianópolis

As antigasregióes
metropolitanas(nove)estão em negrito 0 600km
O ÍG20&tMGM-Lbtgh

Fonte:IBGE

Campinase RibeirãoPreto,emSãoPaulo;Contagem, Essascapitaiscoúeceram'um cÍescimentocontí-


em Minas Gerais; Duque de Caxias,Nova Iguaçu e nuo,masnão semmudançasde ritno, comomostrao
SãoGonçalo,no Rio de Janeiro.Nas outrasregiões, mapadaFigura07.02,elaboradode formaa reconstituir
todasas cidadesque atingemesselimiar sãocapitais o seucrescimentodesdeo primeirocensobrasileiro,em
de Estado. 1872,,
atéo último,datadode 2000,Algumasaparecem

Dinâmicasurbanas

iI 173
t
tardiamente,como denota a ausênciados círculosclaros de habitaçãoe à deficiênciade infra-estrutura (sobretu-
que representama população nos primeiros censos: do saneamentoe abastecimento)que atingem,por ve-
Belo Horizonte, fundada em 1897para substituir Ouro zes,grandes efetivos populacionais.Apesar dessaface
Preto, e Goiânia, em 1930.Porto Velho, Boa Vista, Rio negativa,sua atração persiste:a possibilidade(real ou
Branco e Macapá tornaram-secapitaissomentedepois sonhada)de encontrar emprego,o acessoà educaçãoe
da criação dos territórios federais, em1943, e Campo à saúdee - geralmente- alojamento,são as vantagens
Grande com a constituiçãodo Estado do Mato Grosso dessasaglomeraçõesurbanas que explicam o contínuo
do Sul, em1979.Brasíliafoi inauguradaem 1960,e Pal- fluxo migratório.
mas,a última capital,foi construídasomenteapósa cria- O reconhecimentodessasnovasregiõesmetropo-
ção do Estado de Tocantins,em 1988. litanas ratifica um momento-chaveda evoluçãourbana
Entre as mais antigas,se opõem aquelas que ti- brasileira:o fim da migraçãomaciçado meio rural e das
nham certo avançoà épocado primeiro recenseamento pequenascidadespara as grandesmetrópoles.O movi-
e que, gradualmente,o perderam,como Salvador,Rio mento atual se faz em benefício das cidades médias,
de Janeiroe Recife,e aquelasque,partindo de um nível dentro da mesma região, ao mesmo tempo devido à
mais baixo, conheceramum crescimentomais rápido. imagemnegativa(que termina por se impor, pois é fun-
Entre essasúltimas está Fortaleza,que viu a sua popu- dada sobre uma dura realidade) das grandescidadese
lação inchar com a chegadados flageladosque fugiam graças a uma imagem positiva (da mesma maneira
da seca;e, sobretudo,São Paulo,que contava apenas apoiadaem fatos reais) dascidadesmédias,onde a qua-
30 mil habitantesem 1872e setransformouna principal lidade de vida e as facilidadesexistentessão bem apre-
cidadedo País,com mais de 10 milhõesde habitantesno ciadas.Conseqüentemente, ashierarquiasurbanasjá es-
municÍpio central e quase18 milhões nos arredores,em tabelecidas podem se alterar.
2000; finalmente, outras capitais que conheceramum
crescimentoregular, ou seja, as capitais regionais que
Atrações urbanas
crescemcom a região sobre a qual exercem atração:
Manaus,Belém e, ainda,Porto Alegre. No estudodossistemas urbanos, umaquestãocru-
Nessecontexto de forte crescimentodas grandes cial refere-seàs hierarquiase dinâmicasurbanas.Sua
cidades,verdadeiras aglomeraçõesurbanas criaram-se caracterização passapelaanáliseda localização dosdi-
progressivamente,mesclandoespaçostradicionais com ferentesnós(ospólosprincipais)comseusníveisde re-
espaçosde modernização.Cidadesmédias,no Sudestee lacionamento e hierarquia.Essaanálisepermiteconhe-
no Sul, transpuseramseuslimites municipaise aglome- cero graudematuridadee dedescentralízaçãn (ou cen-
rara-seentre si ou, àsvezes,com as grandescapitais.Es- tralizaçáo)do poderterritorial,esteúltimocentradoem
se fato foi ressaltadopor um estudorealizadopelo Ins- algumasgrandesmetrópolesnacionais, o queé agÍava-
tituto de PesquisasEconômicasAplicadas (Ipea) e do pelaausência de cidadesmédiasatrativas.
pelo IBGE, em 2000,com o objetivo de reexaminara No contextobrasileiroatual,outrosfatorescontri-
hierarquia dascategoriasurbanas.Tal estudodeu ao go- buemparaa dinâmicaespacial quealteraum poucoes-
verno federal a basetécnicapara elevarde nove pan23 sessistemas,comoa constituição constante de novasvi-
o número de regiõesmetropolitanas(Figura 07-03). las e povoadose suatransformação em sedede novos
Evidentementenão são apenasbons resultados municípios.Acopladosao desenvolvimento de novain-
que seregistramnessasaglomerações: ao lado do seudi- fra-estruturae coma melhoriadosserviços, essesnovos
namismo econômico,da sua capacidadede atrair seto- locusdo podermunicipalreestruturam suasáreasdein-
res de tecnologiasde ponta, essasaglomeraçõespos- fluência,reorgan:nam suasredesde relações, tornam-se
suemtambémindicadoresnegativosrelacionadosà qua- pólosmaiscompetitivos e aumentam suacapacidade de
lidade de vida urbana,às condiçõesde habitabilidadee polarização.Cercade 1.100municípios, distribuídosem

A t las do B r as il

174
07 -O[.As hierarquias urbanas

.i.--:'
Fortaleza

é.. -
R i ode Janei ro
Sao H aul o

Ní v e l d e c e n t r a l i d a de d o I tóo
m u n i c í p i o d o m i n a n te
7
6
5

3
az
1 0 500 km

@ HT-2003MGM'LìbeÍgea

F o n t e .IB GE ,Re g i c1 9 9 3

umaradiaçãomuito desigual.Paramedilo, o IBGE rea-


todo o território nacional,estão atualmentena catego-
lizou em 1993umlevantamentosobrea âreadeaÏtação
ria quatro(nívelde centralidade4), de acordocom o es-
a pesquisaRegic(Região
de todasascidadesbrasileiras:
tudo do Ipea (2000)'
de Influência das Cidades).Fundamentada sobre uma
A determinaçãodo grau de centralidadeé, de fato'
porqueascidadesbrasileirastêm bateria de indicadores(comandoadministrativo,átea
uma tarefanecessária,

Dínâmicas urbanas

175
07-05. Áreas de atração das cidades

C e n t r a l i d a d emá xim a *
RiodeJaneiro
-
ffi sáoPaulo
Curìtiba
-
# coiâniâ PonoAlegre
-
Belo Horizonte
-

Centralidade
muito forte*
Nordeste
Sáo Luls
- Feirade Santana
r- João Pêssoa
; -. tetêstnâ
c.Ãoin"o-"0" Bêlém
- -
Ë MAnaus
ç ,,dêc té
Centto-Oeste "--"",':-_,.-_
UbeÍlândiâ
BrasÍlia
-
Su/ r Bauru
PassoFundo ""'t Sáo José do Fio Proto
- Pêlotâs * PresidentePrudentê
-
É SântâMarìa * RibeiráoPreto
Campinas
a!.; Maringá - Juiz de Fora
* - 0 500 km
Florianópolis Marília
-
*Classifr€çáo Rêgic @ ISPN PDln-2003 MGM-LibeEéo

Fonte: IBGE Begic 1993

e saúde,áreade atra-
de atraçãode serviçoseducativos igualmenteparaqualmetrópolede nívelmaiselevado
çãocomercialetc.),essapesquisapermitiuclassificar
as seushabitantes
dirigiam-se quandonão encontravam o
cidadesemoito níveisde atração(miáxima,muitoforte, queprocurassem no localquehabitavam. Osresultadm
forte,forte a média,média,médiaa fraca,fraca,muito publicadossãode difícilleitura,essencialmente
listasde
fraca).Paracadaumadelas,o levantamento estabelecia municípiosdispostosemformade árvore,de maneiraa-

Atlas do Brasil

176
07-06.Ri lidades regionais no Sudeste

?t i,
.l 'a
-'

.t

- - - L II Í IÌL U U C U 5 Id U U

------ Li mi tede i nfl uêncicomparti


a l hada
E U berl ândi a
€Gl SaoJosé do Rio Preto
P reto
R i bei rão
GGã Camplnas
f B auru
@ PresidentePrudente
I í. [E] Marília
ì Sáo Paulo
I AceanoAtlântico 100km
/- t /
@ HT2003 McM-Libergéo

supostamente, mostrarashierarquias urbanas, deslocan- SãoPaulo),seisno Sul,seisno Nordeste,apenas duasno


do osníveissucessivos de dependência. Primeirovema Nortee uma,Brasília,no Centro-Oeste.
listadosmunicípios quedependem diretamente deuma O fato maisvisívelé a dimensãoda áreade atra-
metrópole; emseguida,aqueles quetêmacesso aoservi- ção deSão Paulo,que engloba grandepartedo Centro-
ço dascidadesde segundacategoriaetc.,até,a oitava Oestee da Amazônia.Nenhumaoutracidadeçonse-
Um procedimento
classificação. tornaa leituramaisfá- guerivalizarcomumametrópolequesetornoua ver-
cil: traçaro mapadessahierarquiae de suasrelações dadeiracapitaldo País.
As outrascidades dessa catego-
(Figura07-04). ria são,semsurpresa,osmunicípios centraisdasoutras
Paraavançaralémdessas dependências de primei- regiõesmetropolitanas de primeirahierarquia,à exce-
ro nível,cálculosforamfeitospeloISPN:paracadaci- çãode Belém,a menorentreelas(apenas doismunicí-
dadefoi construídoum quadrodosmunicípiosdepen- pios),e com o acréscimo de Goiânia,queirradiaam-
dentes,diretaou indiretamente,via cidadesintermediá- plamentesobreo restantedo Centro-Oeste e sobreal-
rias.O mapada Figura07-05, produzidocombasenos gumasporçõesda Amazônia(suldo Pará)e do Nor-
dadosassimalterados, reúneasnovecidadesclassifica- deste(Maranhão).Geralmente, Goiâniadrenauma
daspeloIBGE comonível1 ("centralidade máxima")e áreabemmaisimportante queBrasília,quefiguraape-
as que nonível2
foramclassificadas ("centralidademui- nasna segunda categoria e que,decididamente,assume
to forte").Oito dessas cidadesde centralidade muito muitomaiso papelde capitalfederalquede metrópo-
fortesituam-se no Sudeste(cincodasquaisno Estadode le regional.

Dinâmicas urbanas

177
07-O7.Concorrência entre as áreas de atração das grandes cidades

Goi âni a,
B el o H ori zonte
e B rasíl i a

o_!qg k-
@HT2AA3
MGMLibergéo

A t las do B r as il

178
O Rio deJaneiro, claramente distan- 07-08. Evolução das áreas de atração
ciadopor SãoPaulo,mantémde seupas- das cidades de 1971 a 1993
sadode capitalfederalalgumasposições
nos antigosterritóriosfederaisda Ama-
zônia(Roraimae Acre),mas,atualmente,
a sua área específicaé bem reduzida.
Mesmonassuasfronteiras,a atraçãode
São Paulo vem disputara primaziado
Rio deJaneiro. Ela infiltra-senosinterstí-
ciosondeaatraçãodasoutrasmetrópoles
é maisfraca,no Sule no Nordeste(sulda
Bahia,Alagoas,Piauíe Maranhão).Ma-
nause Belémcompartilham a Amazônia
(no âmbitolocal,porquepraticamente to-
daa baciaamazônica estásoba influência
de SãoPaulo),comumasuperposição no
lestedo Pará,umaregiãobemdistantede
Belém, onde o rio Amazonaspermite
umacomunicação maisfácilcomManaus.
No Nordeste, a irea de atraçáode Forta-
lezareduziu-se aproximadamente aopró-
Fonte:"Vìlles et organisationde
prio Estado,e Salvadorsofrea concor- l'esDaceau Brésil'jMichel Rocfìefort
rênciadeRecife,alémdadeFeiradeSan-
tana (que abreum "buraco"bemvisível
na suaáreade atração). A áreade Recife
ultrapassaos limitesde Pernambuco ao
longodo rio SãoFrancisco, ondese de-
senvolveua fruticulturairrigada.Situada
entreasinfluênciasde Belo Horizontee
Goiânia,BrasíIiatem dificuldadede en-
contraro seuespaçopróprio,excetono
oestedaBahia,talvezporïaltadeconcor-
rência,üsto queo além-São Francisco,re-
centemente conquistado pela culturada
soja,eraatéentãopoucopolarizado.
Entre os centrosde segunda hierar-
quia,devem-se distinguirsituações bemdi-
ferenciadas.
Algumascidades irradiamsua
influênciasobrevastosespaços, comoMa-
nause Belém,naAmazônia,ou SãoLuís,
no Nordeste.Eram,atéhá poucotempo,
capitaisregionaisde primeiraclasse, mas Fonte:IBGE- Regic
perderamautonomia, sendocaptadas na

179
07-09.Polarizaçãodas principais cidades brasileiras

P o l a r i z a ç ãcoa l c ul a d a p o r
modelo de gravitaçáo*
em função do PIBde serviços

Grau de
polarização

Fl ori anópol i s

*Massadivididapeloquadradoda distância

0 500 km

@ HT2AA3MGM Libergéo

Eonte:IBGt, calculoCa'tes& Dolnées

órbita de SãoPaulo.Outros concorremcom cidadesde uns dos outros,como no Sul e, sobretudo,no Estadode
nível superior,como Feira de Santanacom Salvador, SãoPaulo,onde as antigascidadesdo caféformam uma
Caruaru com Recife,Juiz de Fora com Belo Horizonte. rede densae consolidada(Figura07-06).Em uma esca-
Por último,outrosnúcleosurbanosestãoem concorrên- la maior,e descendona hierarquiadasáreasde atração,
cia entre si,em regiõesondesãonumerosose próximos surgem,nos brancosdessesdois mapas,outros centros

A t las do B r as il

180
07-10.Zonas de atração das administrações

1,00

P r o b a b i l i d ad e s d e a tr a çã o
- M o d e l o sd e T h ie sse n
(Dirichlet-Voronoi)- Huff
- Atração:empregosnas
públicas
administraçoes
- Expoenteda distância:2
de 1 paraI
- NÍveisde centralidade

0 500km
@Í{r-2003MGM-Lìberyéo

Fontê:IBGE- Regic

queoferecem
menores, serviços
maiscomuns e polaúam em coresprimárias(magenta,
cianoe amarelo),quese
zonasmenores. misturamonde as áreasse sobrepõem,o que cria,nasin-
Paratornar maisvisíveisas rivalidadesentre as tersecções,corescompostas(vermelhoou verde).
grandesmetrópoles,o mapada Figura07-07mostraas A pesquisado IBGE não é a primeira dessegêne-
áreasde atraçáode cidadessituadasna mesmaregião ro, pois outras instituiçõesjá haviam efetuado estudos

Dinâmicas urbanas

181
semelhantes nosanosde7970. O temadasáreasde atra- sedirigemquandoqueremencontrarmercadorias raras
ção estava muitomais em voga do quehoje,e tinhamsi- e serviçosde qualidade(deeducação, saúdeetc.)na ga-
do aplicados métodos derivados daspesquisasPiatier. ma inteiradosserviços pessoaise coletivos,e mesmoos
Em umdosartigosreunidosnaobraÁ Regionalização do serviçosculturais,que durantemuito tempoforampri-
Espaçono Brasil,intitulado"Cidadese organização do vilégiodo Rio de Janeiro,Curitiba,Goiâniae Belo Ho-
espaço no Brasil"(1971),MichelRochefortpublicouum ruontemantêmsuasposições, asduasúltimasemdetri-
mapaprocedente desses levantamentog quepodeservir mentode Brasília,quenãopossúumaáreade influên-
a umacomparação como mapatiradodo Regic,dando cia à alturade seus2 milhõesde habitantes, apesardo
aosresultados desteúltimoumaconfiguração e um grau statusde capitalfederal,ou quemsabepor causadisso
degeneralização comparáveis aosresultados daquele. mesmo,O levantamento do Regicconfirmade maneira
Duranteos22 anosqueseparamos doismapas,a espetacular - pelomenosa partir do tratamentográfico
evoluçãomaisnítida é o alargamento da áreade in- dos dadosestatísticos - os remanejamentos em curso
fluênciadeSãoPaulo.Seessarecualigeiramente aosul, dentroda hierarquiaurbanabrasileira.
ondeo nortedo Paranâescapa-lhe embenefíciode Cu- ComonãosepodeesperaÍqueo IBGE empreen-
ritiba,e no Centro-Oeste, emproveitode Goiânia(não da tão cedoum novoestudodessetipo,pesadoe caro,
desenhado aquiporquenão constavaeml97l) ao nor- pode ser útil servir-sede simulações, pois essasdão
te, estainclui doravantea maiorparteda Amazôniae uma idéia daszonasde atraçãoteórica,utilizandoal-
avança, via Maranhão, na paÍte do Nordesteque lhe é goritmosderivadosda lei da graütação. Todossupõem
adjacente. Todosos espaços pioneirosdo País,por con- quea atraçãodeumacidade, damesmamaneiraquea
seguinte, passaram ao controleda capitaldosbandei de um planeta,é funçãode suamassae inversamente
rantesde outrora,doscolonosda fronteirado cafédos proporcionalà distância(geraknente ao quadradodes-
anosde 1940e dosempresários de hoje.A únicaárea sa) que a separado lugar considerado. As simulações
quepareceresistiré a de Goiânia,queapaÍeceaquico- produzemresultadospróximosaosque foramobtidos
mo um "buraco"na âteade SãoPaulo,delimitadapelo pelaspesquisas, o queconfirmaquepodemservirnos
vastomovimentorotativoquea envolvepelonorte, intervalosentreessas, com a vantagemadicionalde
Praticamentetodas as outrascidadesvêem sua que,alterandoa variávelutilizadapara representara
áreade atraçãosecontrair,à exceção de BeloHorizon- "massa",podemsersimuladosdiferentestipo de atra-
te,cujaáreaseestendeatéo litoral,incluindoo Espíri- ção.Os resultadosapresentados pelasFiguras07-09e
to Santo,e progrideem direçãoao sul,em detrimento 07-10,produzidaspor doissoftwares diferentes(Cartes
do Rio de Janeiro.Belémperdea Amazôniaocidental; & Données e Philcarto)convergem quantoà extensão
e Fortalezae Recifeperdem,respectivamente, o Mara- dazor,ade atraçãode SãoPauloe seusprincipaiscon-
nhãoe o Piaú. A contraçãodasáreasde influênciado correntese sobrea rededensadascidadesdo Sul.As
Rio de Janeiroe de PortoAlegre fazemessescentros diferençasentÍe os dois vêm de que o primeiroé ba-
restringirem-se aoslimitesdosEstados, ou mesmoa seadonumavariávelmuitogeral(o PIB local)e apro-
apenas umaparceladesse. Em síntese,o levantamento e xima-semuitodasconclusões do Regic,enquanto o se-
osmapasconfirmama dissimetria entreasgrandesme- gundo,fundamentado sobreumavariávelmaisespecí-
trópolesdo Sul-Sudeste (eficazmente interligadascom fica (osempregados nasadministrações públicas),me-
as redesde cidadesde médioporte),e as cidadesdo de uma atraçãoespecífica, a dasadministrações. Con-
Norte-Nordeste, queraramenteseelevamao nívelmá- trariamenteao que mostravamasimagensdo Capítu-
ximo de atraçãoe sãodesprovidas de ligaçõesde nível lo 6, tambémmuitopróximasdo modelogeral,neste
hierárqúcoinferior. casoBrasíliae asgrandescidadesamazônicas têmuma
A primaziaindiscutívelde SãoPaulo a üstingue iíreade atÍaçãoteóricamaisvasta,e a de SãoPauloé
entreasprimeiras, poisé paraessacidadequeaspessoas confinadaao Sudeste,

A t las do B r as il

182
Atrações e 07-11.Publicaçõesu niversitárias
equipamentos culturais
Entre asfunçõesurbanasquedeter-
minamasáreasde atração,as atividades
culturaise educativas merecematenção
especial,porquepodem,em certoscasos,
permitir que cidadesespecializadas te-
nhamáreasde atraçãomaisvastase me-
nosprevisíveis quea sua"massa"econô-
mica justificaria.Em outros contextos,
Cambridgee Oxford, ou Heidelberge
Tübingentêmradiações muitosuperiores
ao quedeixariasupora suapopulação ou
a suaatividadeeconômica. Não é o caso
no Brasil,ondea hierarquiauniversitária
segue,grosJo modo,adasmassas urbanas
(Figura07-11). SãoPaulo,como seucon-
junto de universidades públicas(princi-
palmentea USP,commaisde40mil estu-
dantes)e privadas(católicas, como a
PUC,ouempresariais, comoo Mackenzie)
impõe-seaqui tambéme dominao país
inteiro.No entanto,outrascidadestêm
universidades de boa dimensãoe de boa
reputação. Seo modelogravitacional (Fi-
gtra07-12)premiaascidadesamazônicas
quea distância "protege"dainfluênciado
sul,de fato sãoas outrascidadesdo Su-
destee do SulasrivaisdeSãoPaulo.Con-
siderandocomocritériobásicoaspubli-
cações Rio deJaneiro"pesa"a
científicas,
metadede SãoPaulo,e PortoAlegre,um
quinto.E ascidadesquepodemserclassi-
ficadascomouniversitárias têmum papel
de polarização regionalnão desprezível:
Campinas, SãoJosédos Campose São
Carlos,no EstadodeSãoPaulo;Uberlân-
dia,Juizde Forae Viçosa,em MinasGe- PÍodutose processos
rais;Londrina,Maringáe PontaGrossa, Memóriasde
no Paraná;e SantaMaria e Pelotas, no
Rio Grandedo Sul.Forado Sudeste-Sul e de P&D/ D&T 1995
Fonte:Produçãodas Instituiçóes
das capitais,aparecemapenasCampina

Dinâmícas urbanas

183
07-12.Áreas de atracão das universidades

1,0 0

Pr o b a b ilid a d e s d e a tr a çã o
- ModelosdeThiessen
(Drrichlet
-Voronoi)- HufÍ
- AtraÇão:publicaçóes
- Expoenteda distância:2
- Níveisde centralidade
de 1 paraI

Fonte:IBGE- Regic

Grande,naParaíba, e,emmenorescala,CruzdasAbnas, cidadeapenaso tempo de suaformação,mas alguns


na Bahia. conseguem, em seguida,
um empregoemnovossetores
E paraessascidadesque convergem muitosestu- nascidosda própriauniversidade.
SãoCarlosé um dos
dantesdo interior,àsvezesdemuitolonge,dandoa elas exemplos maisnotáveisdesseprocesso
de auto-alimen-
pontuadopelasfériase pe-
um ritmo de vida específico, tação:atraindoestudantes,
professores
e pesquisadores,
lasprovas.Em geral,osestudantespermanecem naquela a cidadecriou um mercadopara serviçosde melhor

Atlas do Brasil

184
07-13.Trajetóriade escritores

-t/ o__j99 k.
@ Hl-2003 MGM-Liberyéo

Lugarde nascimento Lugarde nascimento


dos escritoresfalecidos dos escritores
no Rio de Janeiro falecidosem São Paulo
/-\- 6
\d- 1
0__!E k.
@Hf-2003
MGM-Lìbery&
Fonie. Ouvragesbrésilienstnduits en FÊnca, Estelados SantosAbrou, 1998

qualidadee empresas Possuihoje quatro


high-tech. permitiua instalaçãode um parquede tecnologias
de
universidades - UniversidadeFederalde SãoCarlos ponta,compostopor duasunidades de pesquisa
da Em-
(UFSCar),Universidade de SãoPaulo(USP),Cesusc e brapa(pesqúa agronômica),peloCentroEmpresarial
de
Fadisc-, e a presençadas universidades
tecnológicas (Ceat),CentrodeInovação
Alta Tecnologia Têcnológica

Dinâmicas urbanas

185
(Cetesc), pelaFundaçãoParquede Alta Tecnologia de sãobemnumerosos queossegundos (porquemuitoses-
São Carlos, com duas incubadoras de empresas, e pelo tão aindavivos),o segundomapamostraumaconcen-
Centro de Desenvolvimento de IndústriasNascentes traçãobemmaisforte e bemmaissignificativa. Seape-
(Cedin).SãoCarlostransformou-se em um dos pólos naso destinoé responsável pelolugarondenasceram, é
tecnológicos brasileiros,ondemaisde sessenta empre- geralmente umaescolhapessoalqueconduziuos escri-
saselaboram produtos de altatecnologia, toresparaa cidadeondemorreram.Nessecaso,o peso
Paraastesesacadêmicas, a hierarquiaé aindamais dasgrandes cidadesé esmagador, masdessavezé o Rio
brutal:Campinas, vice-campeã, nãoproduzmaisdo que de Janeiroquedomina,tendosido,durantemuitotem-
quatroqúntos do quepublicaSãoPaulo;o Rio de Ja- po,a capitalculturaldo Brasil.E a análisedastrajetórias
neiro,doisterços;PortoAlegre,um quarto;Belo Hori- queosescritores efetuaram, do lugarde nascimento ao
zonte,um quinto;e asoutrasestãomuitolonge.Contu- lugar de falecimento, dá uma idéia da atraçãodesses
do,essasituaçãopoderiasealterar,hajaústa queo país centros:pode-se determinarparacadaumentreeles(ou
conheceumademandaforte de acesso ao ensinosupe- pelo menospara os principais)o lugar de nascimento
rior.De acordocomo MinistériodaEducação, em2001, correspondente, a fim de reconstituira áreade atração
dos6,7milhõesde alunosquesaíramdo ensinosecun- dessescentros, elaborando a hipótesedequeesses escri-
dário,somente2,1milhõespuderamconseguir umava- toresdeviamter motivosfortesparaseinstalaremnes-
gano ensinosuperior,o que significadizerque4,6mi- sascidadesatéo final deseusdias.Tanto o Rio deJanei-
lhõesnãopuderamascender, sejapor faltade vagasnas ro quantoSãoPauloatraemescritores nascidos emMi-
universidades públicas, sejapelafaltade rendaparaes- nas Geraise no Nordeste,as regiõesde povoamento
tudarou paramanter-se numainstituiçãoprivada.Esse maisantigoe ondea culturaliteráriadesenvolveu-se ce-
desvio ae forte demanda da classemédiaexplicamo do, mas onde,obviamente,o recoúecimentosocial,
crescimento atualdasuniversidades privadas,nemtodas simbólicoe financeironãoestáà alturado quesepode
de bom nível,comodemonstrado pelosresultados dos encontrarnasgrandescidadesdo Sudeste.
examesde avaliação anuais,organizados paraconhecer Uma dasrazõesda "fuga" dos escritores para as
o níveldasuniversidades (Provão).Sealgunscentrosde grandes cidades, comoatestam suasobragcheiasderefe-
qualidadesãoreconhecidos, muitosvisamapenasa emi- rênciasao "atÍaso"da províncianatal,é a ausência ou a
tir diplomasde valor duvidosoa um públicode renda escassezdoseqúpamentos culturaisemrelaçãoàsregiões
maismodesta, poisseusprofessores não têm tempode centrais.Os dadosdo Perfil dos MunicípiosBrasileiros,
pesquisar ou de publicar, de modo que a hierarquiajá elaborado peloIBGE,permitemmedirde maneiramais
detectada tem todachancede semanter. objetivao tipo deequipamento culturale suadistribuição.
Uma abordagem ligeiramente diferentedasáreas O déficit é moderadoquantoaosmuseus, sendo
de influênciacultural,maisqualitativaainda,podeser evidentequepredominam nasgrandescidades, em nú-
tentadaa partir da influênciali|erárÌa.Na falta de ou- merosabsolutogmasnão em relaçãoà população, já
tros elementos, por exemplodascontagens confiáveis que certasregiõesos usamvisivelmente paravaloraar
sobrea produçãoliteúria (númerode livros,de edito- seupatrimôniohistórico(comoMinasGerais)ou sua
res,divulgação dacultura,datadecriaçãodasacademias identidade(comoo Rio Grandedo Sul e a Paraíba).
literárias),decidiu-seusarcomoindicadoro númerode Quantoaoscinemas, apenasosgrandes centrossãobem
escritoresnascidos ou falecidosemcadacidadebrasiÌei- equipados (excetono EstadodeSãoPaulo,cujascidades
ra. Os seusnomesforamregistrados em um livro sobre médiastambémtêmequipamenÍorazoâvel), e o Sul-Su-
as obrasbrasileirastraduzidasna França,ou seja,um destedestaca-se. Em outroslugares, oscinemas sofreram
corpusdosescritores "recoúecidos".O lugarde nasci- a concorrência da teleüsão,hojetransmitida por satélite
mentodistingue-se do lugar de falecimento, e pode-se paratodosos cantosdo território,provocando o fecha-
constatar que,alémdofatoevidentedequeosprimeiros mentode um grandenúmerode salas(freqüentemente

Atlas do Brasil

186
tomadaspelasseitasevangélicas queasuti- 07-14.Museuse cinemas
lizamcomotemplos).Nota-se, contudo,que
nessecasoo Rio de Janeiroé semdúvidaa
capital,mantendoa predominância do tem-
po em quea Cinelândiaera o pontode en-
controda cidadeinteira.Em SãoPaulo,os
cinemas sãomaisdispersos, soba formados
complexosdelazerincorporados aosshop-
pings centers,uma evoluçãoque ocorreu
tambémemBrasília.
Rádioe televisãonãoobedecem com-
pletamenteàs mesmasregrasde distribui-
ção.Seo númerode redesdeTV sintoniza- Ì+
das (entre as sete redesidentificadasno
Perfil dosMunicípios)e o dasestações de
rádio em modulaçãode freqüência(FM)
nãooferecegrandessurpresas, a distribui-
çãode rádiosem modulaçãode amplitude Nú m e r o de museus
Dor 100.000habitantes
(AM) é surpreendente. Número de
museus
141
O númerode canaisde TV existentes 7 77 _-_,
correspondeao nível de desenvolvimento 25TÔ,)
0
econômicoe cultural observado, com um
máximono eixo SãoPaulo-Brasília, no Pa-
ranáe nasregiõesde migraçãodoscolonos Cinemas

sulistasno Centro-Oeste. Algunscasos, ini-


cialmentesurpreendentes em plenaAma-
zôniaou no sertão,podemse explicarpor
implantaçõesisoladasde instituiçõesou
grandesempresasmodernas, como o Jari
(nafronteiraentreAmapáe Pará),a Petro-
brase o ExércitoemCoarie Tefé(noAma-
zonas),ou o pólo de fruticulturairrigadade
Juazeiro(no rio SãoFrancisco, entreBahia
e Pernambuco). As rádiosFM sãoparticu-
larmentenumerosas nasduasregiõesmais
povoadas, o Sudeste e o Nordeste, e o seu
raio de emissãolimitadoas leva a se con-
centrarondea densidade é maisforte.No-
ta-se,contudo,comoexceção, a fraquezare-
lativada Bahia,quediferedo Nordestepor
umadistribuição regular,apenas menosfor-
te no interior que no litoral, ao contrário FoÌÍe: Perfil dos Munìcípios Brasileìros, IBGE
dosEstadosvizinhos, comoPernambuco.

Dinâmicas urbanas

187
07-15.Número de redes de televisão

N ú m e r o d e re d e s
de televisão
6
Is
E €4
3
2
1
0
0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

tonle: Perfildos MunicípìosBrasÌleiros,


IBGE

Semdúvida,nesse caso,pode-seidentificara mar- telecomunicações,utilizando-as


comoinstrumentos de
capessoalde um dosprincipais
políticosdesseEstado, conquistapolítica.Um estudorecentemostracomoele
quefoi váriasvezesgovernador,senador(reeleitono- soubeutilizara suapassagem peloMinistériodasCo-
vamenteem outubrode 2002)e tambémministrodas municações,outorgandoconcessões para consolidara
Comunicações. De origemmodesta,fez fortunanas suainfluênciano interior.

A t las do B r as il

188
Naturalmente asrádiosAM sãotam- 07- 16.Rádios
bémmaisnumerosas nasregiões povoadas.
No entanto,seusíndicesmáximosde ocor-
rênciapossuem umaconfiguração específi-
ca,privilegiando,sobretudo, umazonado
sudoeste do Paraná, do oestede SantaCa-
tarinae do nortedo Rio Grandedo Sul.
Essamesmazonajá sedestacou váriasve-
zesemtemasabordados emoutroscapítu-
los:caracteriza-secomoumadasprincipais
regiõesde concentração de pequenos pro-
dutoresde origemeuropéiae, simultanea-
mente,comoumadasqueconheceram for-
te migraçãopara as zonaspioneirasdo
Centro-Oeste. Pode-se elaborara hipótese
dequea escolha damodulação de amplitu-
de (queatingelongasdistâncias, aocontrá- Número de rádios FM
rio da FM) estávinculadaao mercadodos por 100.000habitantes

migrantes, queprocuramguardarumare- r 1:
laçãocoma suaregiãonaÍal;apresença de r;
umaoutrazonade concentração no sertão wo @ HÍ2003 MGM-Lìbergéo
do Nordeste, igualmente umazonade mi-
graçãopaÍa a Amazôniaoriental,parece
confirmartal hipótese.
A distribuição daslivrariase daslojas
especializadas na vendade discos, cassetes
e CDs,bemcomodasquealugamvideocas-
setese DVDsdesenha mapassimilares, re-
fletindofielmente a distribuiçãodapopula-
çãonaszonaspovoadas do Nordestee Su-
destee ao longodoseixospioneiros. Ob-
viamente, a população brasileiracomparti-
lha osmesmos modosde consumo dosno-
vosprodutosculturaisvendidosou aluga-
dospelasduasúltimascategorias. Não se
podeconcluir,porém.que a onipresença
daslivrariasdemonstre quea população se- Números rádiosAM
ja grandeconsumidora de livros.A nomen- por 100.000habitantes
claturado IBGE incluipapelarias e bancas
dejornal,e a imagemseriamaisseletiva -e
cruel- casoselimitasse às"verdadeiras" li-
vrarias,as que vendemapenaslivrospro-
Fonle: Peiil dos Municípíos Brasileiros, lgCE
priamente ditos.

Dinâmìcas urbanas

189
07-17.Livros, discos, vídeo

desenvolvimentocultural do Paíg tanto em suasgrandes


massasquantonosmatizesregionais.Grossomodo,o con-
traste litoraVinterior é evidente e constante.Mas no inte-
rior nota-se,mais uma vez, a situaçãodiferenciadados ei-
xos pioneirospovoadospor colonosvindosdo Sul-Sudes-
te, ao longo dasestradasBelém-Brasília e Brasília-Acre, e
no norte do Mato Grosso,aonde os migranteslevam con-
sigo seus hábitos culturais. Por outro lado, os níveis de
eqúpamentosãoaindamaisnotáveigporqueessasregiões
foram ocupadashá apenasalgumasdécadase não tiúam
neúum patrimônio acumuladonessedomínio.Nessarela-
ção entre cultura e habitantes,salta aos olhos o contraste,
dentro das regiões povoadag entre Nordeste e o centro-
sú: o primeiro tem níveis de equipamentomedíocregfre-
qüentementemelhoresno interior que no litoral, deúdo à
Fonle: Perfil dos Munìcípíos Btasìleiros, IBGE baixa densidadeda população;em todo o centro-sul,em
contrapartida,astaxassãoelevadagapesarde suapopula-
ção numerosa,excetono sul do Rio Grande do Sul,pouco
Por conseguinte, lojasquepesamna
não sãoessas povoado,no norte de Minas Gerais e em um eixo que liga
distribuiçãoglobal dos culturais,que foi
equipamentos o sul de São Paulo ao centro do Paraná,de fato a região
construídareunindotodosaquelesquefiguramno Perfil menos desenvolvidadesseconjunto. No total, esseÍndice
dosMunicípios. Relacionadocoma populaçãodo municí- "cultural" revelaruzoavelmentebem o nível de desenvol-
pio,estetotal expõe,de maneiramuitoclara,o nívelde vimento de cadaum dos municípiosbrasileiros.

At las do B r as il

190
07- 18.Equipam entoscultur ais

>'-l{ -ê

**='.'

€;;
'm

Nú mero de eq ui pam ent osc ult ur ais *


p or 1 0.0 00ha bitant es =*ì
a€
91 ôâ
a ru 1 9 ,9 % !
r.,. u
o ï=r*
ffi , Êt.rrrÌ
ffio *Museu, biblioteca,teatro,
cinema;
sintonizaçãodas redes de televisãoCNI Globo,
2 Manchête, Bandeirantes,Record,SBI
rádloAlvl, rádÌoFM; publlcêÇãode diáfios,
0 semanários,outros periódicos;
presençade uma emissorôde televisão,
televlsãoa cabo, provedoÍde acesso à Internet;
Núme ro de e qu ipam ent osc ult ur ais x livraÍla,loja de d scos, videolocadora,shoppingcenter

(/ 0 500 km

tOHT2003 McM-Libergéa

FonÌe: Perfll das Municípios Brasìleiros, )BGE

Disparidades forte desequilíbriosocialno seio dos núcleosurbanos,


agravadopela massacrescentede excluídos.
Ainda que ascidadessejamos lugaresda moderni- As cidadesbrasileirassãofragmentadas,e freqüente-
dade,de maneirageralo processode urbanizaçãoacele- mentecoexistemnelas,a curtadistância,bainos com infra-
rado a partir dos anosde 1950foi acompanhadode um estruturaimpecável,reservadosaossetoresprodutivosde

Dìnâmicas urbanas

191
07-19.Moradias irregulares

Loteamentos
Cortiçospor irregularespor
100.000habitantes 10.000habitantes

83,5

1,1

0 :ú0 km 01

deinvestimentos públicosemdistribuiçãoda águapotá-


vel,tratamentode águasresiduaise coletade lixo nes-
sesbairrospobresgeragravesproblemas de saúdepú-
blica.Nessesmesmos bairrostambémosserviços públi-
cosde saúde,educação e segurançasãodeficientes.Em
nenhumoutro lugara situaçãoé tão gravequantonas
favelasdo Rio de Janeiro,ondeasautoridades públicas
praticamente serecusama penetrar,e cujagestãoaban-
donaramaostraficantesde drogas.Contudo,outrasci-
Favelaspor dadesbrasileirasconhecem, igualmente,situações que
10 000 habitantes
2 462,2 chocamo sentidode justiçae que constituemimensos
I
I
658,9 desafios- ou ameaças - paraasautoridades políticas.
196,8
il 88,9 de favelas A marginalização daspopulações dosbairrospo-
ffi bresnãoseapresenta damesmamaneiraemtodasasci-
40,8
Z-\
D
t_l
8 ,5
0,6 0
@ HT-208
500km
MGM-Libeee
e/ dades (Figura 07-19).4formamaisantigasãooscorti-
ços,constituídosde apartamentos apinhadosde gente
tonte. Pedìl dos Municípìos BrasileÍos. IBGE
embairrosdegradados. Osde SãoPaulosãoosmaisco-
nhecidos,poiseramondeosmigrantes estrangeirose nor-
destinosseempilhavam em buscade emprego, quando
tecnologiade pontaou a residências
de luxo,combair- do boomdo cafée daindustrialnação,período emquea
rosmiseráveis,seminfra-estrutura
sanitáriae marcados cidadesegabavade nãoter favelas.Masseo Rio de Ja-
por problemasambientais graves,
cujaspopulações são neironãoostem,poisospobresvivememfavelas, certas
pobrese subempregadas. A ausênciaou a insuficiência cidadesdo Nordeste,e até algumascidadesamazônicas

A t las do B r as il

192
07-2O.Favelas

Presençade favelas
Nã o
Sim
Seminformação
a

Nú mero d e do micíli os
em favelasou equivalentes
378.863

72.000
500 km
500
@ HT2003 McM'Libergéo

IBGE
1 oere Perf,l doç MuF;ciPios Bràsileiros

de inúme-
uma cidadepara "irregulat" é suspeita,haja vista os exemplos
não são isentasdeles,como Altamira' irregulares ocupados
forma de aloja- ,o, ú,.ut.ntos completamente
ona. uinOuafluem os migrantes'Outra alguns dos quais'
o loteamento ile- po, p.rrou, de alto poder aquisitivo'
mento fora dasnormas de urbanismo' de metros do
masnessedomínioa pru- em Brasília, situadosa algumascentenas
gal,ocorreem muitascidades,
porque a definição do palácio presidencial.
áOnciaé mais do que necessária,
Dinâmicas urbanas

193
e conÍortodos domicílios
07-21.IPTU Não há discussão possívelquantoàs
favelas:sãoirregularese povoadaspor po-
bres,aindaque algumas, com o tempo,te-
nham melhoradoe abriguempessoas de
classemédia.A palavrafavelavemdo Rio
de Janeiro,ondeelassãoaindahoje nume-
rosas,masa "CidadeMaravilhosa"deixou
deter o monopólio, poisestãopresentes em
grandenúmerotanto em SãoPaulo,Belo
Horizontee PortoAlegrecomoem muitas
outrascidades.AFigura07-20mostraqueo
fenômenoexisteem todasas regiõesdo
País,mesmonaAmazônia,onde,d priori, o
espaçoabundante e osmateriaisdeconstru-
Valor do IPTU por ção leves,tradicionalmente utilizadosna
p r é d i o( 1 . 0 0 0r e a is) construção, deveriam torná-las raras.Elas
3 760,3 existemmesmono interiordosEstadosdo
130,4
Sudeste e Sul,osmaisdesenvolvidos.
41,3
Essasdesigualdades intra-urbanas re-
T] fletem-senaturalmenteno nível globalde
confortodashabitações e no valordo patri-
mônio imobiliáriodas cidades,masnão a
ponto de afetar as hierarquiasregionais,
porqueas cidadesonde os bairrospobres
sãomaisnumerosos sãoasmesmas ondese
alinhamedifíciose casasluxuosasem ou-
tros bairros.Conseqüentemente, as hierar-
quiasurbanasrepetem-se tantonosníveis
de confortoquantono valor do IPTU (Im-
postoPrediale TerritorialUrbano).A Figu-
ra 07-21mostraas oposições já evidentes
entreo coraçãodesenvolvido do Paíse as
suasmargens e,no segundo caso,a extensão
P a r c e l ad o s d o micílio s
e q u i p a d o sc o m b a n h e ir o ,
de elevadosníveisde impostosparaaszo-
á g u a e n c a n a dae e sg o to naspioneirasdo noroeste. Comoo nívelde
94,6 confortonão osjustifica,o fato levaa pen-
86,3
sarque essesníveiselevadosde contribui-
44,1
1 6 ,5
çãofazemtambémpartedoshábitoscultu-
3 ,8
raistransferidospelosmigrantesdo sul pa-
0 ,2
ra as zonaspioneiras,o que confirmaráa
0 .1 análisedasfinançasmunicipais.
Foftet Peiil dos Municípìos Brasìleiros, IBGE
Essasdisparidades parecemestarse
reduzindolentamente. A difusão.em vinte

Atlas do Brasil

194
e daáguapotávelmos-
anos,daeletrificação 07-22. Progresso do conforto nos domicílios
tra progressos do centro para a periferia.
Trata-sede umapropagação em auréolas,
a
partirdasregiõesocupadas e equipadas,on-
de osprogressos sãoevidentemente maisli-
mitados,pararegiõesperiféricas,atérecen-
tementemal servidas(ou aindanãoocupa-
das),emqueosprogressos sãosignificativos.
Centros de inovaçãoe difusãodo pro-
sresso,ascidadesbrasileiras sãotambémo
Ìugardosproblemas maisagudos.Asocieda-
debrasileiradeveráencontrar meiosdeinse-
ri-lasna competiçãomundial um mundo
de Casasbeneficiadas
por rede de energia
globalizado,
em todososseuscomponentes, elétrica- progressáo
defazerdelasosnóspor ondepassam osei- entre 1970e 1991(%)

sos de comunicação maiseficazes, e, tam-


bem,de reduzirassegregações (queamea-
Porcentagemdos
çama suaimageme,a longoprazo,a suapró- domi cíl i oscom
priaatração)e tornálasmaisdemocráticas. eletricidadeem 1970

0 500km 1e,81zì)
@Hl-2003MGM-Lìberg@ 0.8-:

Casasbeneficiadas
p o r á g u a e ncanada-
progressãoentre
1 9 7 0e 1 9 9 1(%)

Porcentagemdos
domi cíl i oscom
água encanada
em 1970
qn 6?
o---iEk- 18,02 {^ )
0,01 *
@ HT-2003McM-Libergéo

1970e 1991
Fonte:IBGE,CensosDemográfìcos

Dinâmicas urbanas

195
8
CAPíTULO

RnnEs
um paístão vastoe diversocomoo Brasil,onde em fechamentode linhas.Ao mesmotempo,tudo foi
um dos problemasessenciais é a integraçãode feito parafavorecero desenvolvimento daindústriaau-
todo o territórionacional,o papeldasredesde tomobilística, e a construçãode Brasíliafoi o pontode
transporteé evidentemente fundamental: transportede partidaparaasgrandesobrasrodoviárias. O declínioda
pessoas, de mercadorias,massimultaneamente - e cada estradade ferro e o desenvolvimento da estradade ro-
vezmais- de energiae de informação. Dessepontode dagemocorreramsimultaneamente, e essatendência
vista,o Brasil é ao mesmotempodesfavorecido, pelo persistiudurantemaisde trinta anos.
seutamanho, e favorecido,por nãoter obstáculos físicos Nosanosde 1990algumascorreções - aindatími-
insuperáveis comooutrospaíses-continentes do plane- das- foramrealizadas. O Paísconheceuuma ondade
ta, obstáculosque poderiamimpedi-lode desenvolver privatizações, entreasquaisa dasferrovias, e osconces-
suasredes.Nãohá grandescordilheiras a crvzar,nãohá sionáriosinvestiramna construção de novasvias,o que
desertoscongelados pelopermafrosl,vulcões,inunda- nãovinhasendofeitohaviadécadas. Paralelamente, a re-
çõesou furacõesque destruamperiodicamente asvias tomadado planejamentoterritorial permitiu investi-
de comunicação. Assim,os engenheiros brasileirosnão mentosnasüas navegáveis, o quetambémnãoseprodu-
enfrentampreocupações semelhantes àsdeseuscolegas zia haviamuito tempo.Essaretomadatambémcontri-
norte-americanos, russosou chineses. buiu para a estruturaçãodo território nacionalatravés
No entanto,a situaçãoatualapresenta particulari- daslinhasde transmissão da energiaelétricae de dados,
dades que,do ponto de üsta da técnicae da economia permitindoumainterconexão semprecedentes na histó-
dostransportes, sãosurpreendentes. Uma delasé apre- ria do Brasil.A geometriado Paísestá,portanto,sealte-
dominância absolutada estrada,queÍepresentava aofi- randosobefeitodaconstrução deredesquealteramseu
nal dosanosde 1990maisde 65o/o do tráfego,enquanto espaço-tempo: precisa-se
saberseelasatenuarão a con-
asestradasde ferro cobriamapenas2l%o(confta37o/o centração de habitantese recursosno centro-sulou se,
nos EstadosUnidose 57o/ono Canadá),as hidrovias, pelocontrário,vãofavorecera desconcentração.
l2To,eastubulações (gasodutos e oleodutos),4%. As heranças dasépocasanteriorescontinuam, emto-
Estasituaçãodecorrede escolhas deliberadas que do casqaindabemvisíveigcomomostrao mapaquereú-
integramo "modelobrasileiro",algumasdelasrecente- neosdiversos modosdetransporte (Figura08-01),no qual
mentequestionadas. Podem-se datarestasescolhas do sevêemfortescontrastes entresitua@es bemdistintas:
fim dosanosde 1950e iníciodosanosde 1960.Aocom- . Zonasestruturadas comoo Sudeste, o Sule partedo
prar,emt957,18das22companhias privadasdeestradas Centro-Oeste, deumlado,e o Nordeste, deoutro.En-
de ferro,o Estadobrasileirocriavaa redeferroviiíriafe- tre esses
doisconjuntosnota-seaindaumanítidadescon-
derale empreendia uma"racionalização" quesetraduziu tinuidadeno EspíritoSantoe no sulda Bahia.Essa

At las do B r as i l

196
08-01.Redesde transportes

Rodoviade pistadupla
Rodoviaasfaltada
Ferrovia
Hidrovia
Gasoduto 0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

Fonte:INGEO.ConsórcioBrasiliana

lacunaé antigae separaosdoisprincipaisnúcleosdafor- r Regiõesvazias,semnenhumarede (ou,pelo menos,


maçãohistóricadoPaís.Aconstrução deduasestradas ou vias navegáveis
sem estradasasfaltadas perma-
paralelasaolitoral(BR-101e BR-116)atenuouospio- nentes)persistemna Amazôniae no Centro-Oeste.
resefeitos,
suprindoasdeficiências davia históricado No centrodaAmazônia , a baciahidrográficaconsti-
SãoFrancisco e deumavia férreapoucofreqüentada. tui umadasmaioresredesnavegáveis doplaneta,mas

197
ao norte e, sobretudo,ao sul, nos planaltos de terra Globalmente, os pontos fortes e as zonas fracas
firme, onde a drenagemé menosdensae cortadapor persistem,mas a tendência é indiscutível à integração
numerosascorredeiras,a navegaçãonão é a mais ade- nacionalplena,para a qual os diversosmodos de trans-
quada,e imensassuperfíciesnão dispõemde nenhum porte contribuem de forma desigual.
eixo de transporte de massa.
. Eixos pioneiros cru;zama Amazônia, conectando-a
Agua
ao Brasil de economiaconsolidadado Centro-Sul.O
mais antigo e mais denso na direção sul-norte, cuja Os transportes fluviaise marítimosnão estãoà
via principal é a Belém-Brasília(com eixosparale- alturadasfacilidades oferecidaspelaredehidrográfi-
los duplicando-a),paralela à via navegávelAra- ca (Figura08-02)e pelotamanhodo litoral,junto aos
guaia-Tocantins,em fase de implantação.A BR-364, quaisconcentra-se,ainda,a maioriada população. Os
que liga Porto Velho a São Paulo, passandopor riosnavegáveis (Figura08-03)formamumaverdadei-
Cuíabâ, abre outro eixo para o Norte. As chuvas ra redena Amazônia,ondequase25 mil quilômetros
amazônicasnão permitiram manter em funciona- estãoabertosàsnavegações, vistoque os naviosma-
mento a estradaque a prolongavaalé Manaus,mas rítimospodematravessar o Paísatéa fronteiraperua-
o rio Madeira permite a conexão,carregandoos veí- na.A essaextensãopodemse agregaros quase900
culos sobre balsas.É também de Cuiabá que parte, quilômetrosem territórioperuano,até Iquitos.Para
para o Norte, a BR-163 (Cuiabá-Santarém),que dar um únicoexemplo,os naviosPanamax, de 55 mil
franqueiatodo o norte do Mato Grosso,um dos ei- toneladas(o maiortipo quetem permissão parapas-
xos onde a progressãoda frente pioneira atualmen- sarpelocanalde Panamá), embarcam essatonelagem
te é mais forte. de sojano porto de ltacoatiara, a jusantede Manaus.

Fonte: lvlinistériodos Transportes

A t las do B r as i l

198
08-02.Navegabilidadee profundidadedos rios

,,

,)

Rios
- Não navegável
---- Apenasem tempos de cheia

Vias n a v e g á v e i s p e r m an e n te s
(profundidade em metros)
'**- d e 0 , 8a t é 1 , 3
- d e 1 , 3 a t é2 , 1
500 km
> 2,1
@ fi-2003 MGM-Libeeéo

Fonte:
RedehidroviáÍia
bÍasileira

No restantedo País,apenasos afluentesdo rio Para- SãoFrancisco, entrePirapora(MinasGerais)e a bar-


formamoutrarede,desembocan-
ná e do rio Paraguai ragemde Sobradinho(Bahia),cuja construçãonão
do no rio da Pratae,por conseguinte,
percursoútil às permitemais o acessoaté Juazefto.A navegaçãode
trocasinternasno Mercosul.Outrostrechosnavegá- cabotagem, que foi duranteséculoso únicomeio de
veissãomaisdesconectados, mas,da mesmamaneira, ligaçãoentre as "ilhas" do "arquipélagobrasileiro",
oferecemváriascentenasde quilômetros,comoo rio permite,ainda,a sobrevivênciadedezenasdepequenos

Redes

199
08-03.Vias navegáveis

Belém
Vilado Condo

M a ce i ó

Í-Bara dos
Coquêkos

SalwdoÍ

Arat!

llhéus

Bê Ía d o Bi a ch o

Forno
Nit€íói
Rio de Janeiío
Sepetiba
Angra dos Beis
SáoSebâstiáo
Santos
Antontna
. FàÍanaguá
São kancisco do Sul
Itsjaí
lmbituba
L a g !n ê
Esrelâ

- Çsçh6si16s
e corredeiras Podo Alegre
Câchoeirado Sul
- Trechosnavegáveis Pelotas
RioGrande
0 500 km

@ HT-2003MGM Libergéo

Fonte:INGEO.ConsórcioBrasilianã

portos,masperdeumuitode suaimportânciaempro- e significapoucoem relaçãoaostransportesmaciços


veitoda estrada, excetoparaalgunsprodutos. dasregiõesexportadoras. Uma nítida hierarquiade
O tráfegofluvial e de cabotagem,
apesarda sua portosse desenha(Quadro08-01),destaforma,em
importância paraa vidade pequenascomunidades,é, funçãodosprodutose de suaproximidade comasja-
de fato,tão reduzidoquemal apaÍecena Figura08-04, zidasminerais,por um lado,e asgrandesmetrópoles,

Atlas do Brasil

200
e fluviais
08-04.Portos marítimos

Ba-na do Rìacho
PraiaMole
TubaÍáo
Vitória
Portos PonÌado ubu
---
Cabotagem
I Longocurso d e Ja n e !Ío

Toneladasem 1998
(1000toneladas)

Navegabilidade
- Permanente
chela
'* Apenas em tempos de
Eclusas
-
@ HT-20ú McM-Libergeo

de Portos
Fonte:DepartamentoNacionaì

pelo deseml:tl: p-"-t1t^*"


tanto na árvorequanto "t
o tráfegodesaídacomo incluindo"outros fretes
por outro'quealimentamtanto ,*i* adu* u' uu'iâu"is'
o de eirtrada - ---^ ^r^o
"
desembarcados", em queselocalizamasmercadorias
dosportos,.*uÏiL1-1"i""*ï ï::.
A tiporogia ã.-""f"r. Os portosde exportação
de ferro(Túarão'
u.(FisÌ::
,ifidã;ï''..il"'t' ï"' a'qui' peto volume a granelde minério
quel"t
Santos'
de
ilÌ; *ï
sedistingue Itapuí) distinguem-se
ìffiï;;;;*..p.ionut
Redes

201
08-05.Tipologia dos portos

Tipologiados portos
! 1 PortosdoÍero

f 2 o p o nodesantot
E@ 3 outros portos atlânticos
4 Portospetroleiros

ffiË 5 Ponos'internos'

G r anel í quido em bar c ad o ++++


Granel só ido desembarcêdo t+++
G r anel s ó ido em baÍ c ado ++++ +
Cabotagem +
O uÍ os Í r et es des êm baíc a d o s ++++ +

0 500 km

Fonte:Departamento
Nacionalde Portos @ Hl-2003 MGM-Libeeéo

de ferro embarcado,os portospetroleiros,


pelo volu- Um exemploparticularpodeajudara perceberem
me a granellíquido.Os outrosportos atlânticostêm tantopelospro-
qualpontoosportossãoespecializados,
desempenho maismodestoem todasasvariáveis, en- dutosquetransitamcomopelosdestinosdosnaviosque
quantonos portosinternoso desempenho é sempre chegame carregam Osprodutosque
produtosbrasileiros.
nesativo. saemparaosportosfranceses
sãoclaramente identificáveis:

Atlas do Brasil

202
08-06.lmportaçõesprovenientesdo Brasil em alguns portos Íranceses

,'t Rio
Grande 0 500km

Fonte: Données des potls fnnçais, 1998

Dunquerquee Marselha-Fos recebem,principalmente, portodePararaguá,principalmente soja,paraalimentaras


minériodefeno paraalimentarsuasiderurgia,e estãocor- suínas
oiaçõe,s daBretanha;Le Hawetambémimporta soja,
relacionados com o poÍto do EspíritoSanto,pelo qual madeira e café,esão outrosos portosfornecedores: Ma-
transitao ferrodeMinasGerais;Lorient do
recebe,oriunda nause Belérn,paraa madeira,e Santose Ilhéugparao café'

203
Ferrovias transformada em museu,comoem Londrina(Paraná),
ondea "novaestação"de 1951(quehaüa substituído a
As estradas de ferrobrasileiras
nuncaconstituíram antiga,de 1929,datada fundaçãoda cidade)transfor-
umaredenacional.Mesmoduranteseutempode (mo- mou-seno museuhistóricodessacidadepioneira.
desto)esplendor, resumiam-se a umacoleçãode linhas EssahistóriatornasurpÍeendente a retomadarecen-
de exportação de mineraise produtosagrícolas, e ÍaÍa- te dasconstruções deferroviaqe aindamaisquesejapela
mentetomarama formade umarederegional,exceto, iniciativaprivada:asüas férreasforamasprimeirasa se-
parcialmente, no Nordesteou,sobretudo, no Estadode remprivatizadas nosanosde 1990,e seo triífegodepassa-
SãoPaulo.Essasredesregionais tardiamente foramliga- geirosparececondenado, um novointeressesurgiupara
dasentresi via linhasinter-regionais, poucofreqüenta- o transportede mercadoriag sobretudoa soja,interesse
das,muitomaispor umavontadedemanifestar a unida- quepodealterarsubstancialmente a configuraçãodarede
de nacionaldo que por razõeseconômicas Em conse- (cf.Capítulo10).Semdúüda,essefato podeexplicarpor
qüência,a redeferroviítriaeraheterogênea, comvárias que algumascidadesdo Centro-Oeste já estejamcons-
largurasde bitola,antigae mal mantida.A diversidade truindoestaçõeg aindaqueaslinhasestejamemprojeto.
dosmateriaisfixose rolantesnãopermitiaempreender
umareorganização séria,excetoà custade altosinvesti-
Rodovias
mentoqe asprimeirasmedidasconsistiram emdesativar
liúas, resultando nareduçãode39mil km,aproximada- Apesardasvantagens dosoutrosmeiosde trans-
mente,em1960,para poucomaisde30mil km em1997. porte,é a rodoviaquedominao tráfegode passageiros
Um caso à parte erao daslinhasprivadasconstrú- e de mercadorias. O crescimento do parqueautomobi-
dasparaexportarminériogcomoa quetransportava o lísticoe da rederodoüáriaocorreusimultaneamente, e
manganês doAmapá,a quelevavao ferrodeMinasGe- tanto um quantoo outro sãoextremamente diversose
raise,sobretudqa via nova,daserrade Carajásaomar, desigualmente compartilhados entreasregiões.
inauguradaem 1985.Sãoas únicasdotadasde bitolas Em resumo,o Brasildispõedemaisde1,7milhãode
largas(viasnormaisna Europae naAméricado Norte), quilômetrosdeestradas (maisdequarentavezesa voltada
poisasoutras,emsuamaioria,sãodebitolaestreita.Fo- Terra),massóa redefederal,queé quasetodaasfaltada,
ra dessaslinhase dasredesde subúrbiodo Rio deJanei- assegura a maiorpartedasliga@esa longadistância. Qua-
ro e SãoPaulo,o transporte fenoviário,atédatarecente, se85o/odo total é constituídopelaredemunicipal,fre-
regrediaem todo o Paíge a idéiamesmode tomarum qüentemente deficiente
e raramente asfaltada,
oumesmo
tremnãopassapelacabeçadosbrasileiros, por serasso- ausente,sobretudo no nortee ocidentedaAmazônia, onde
ciadaa inagensarcaicasdos flageladosque fugiamda a üa aquáticapermanece o principalmeiode transporte.
secae nãopodiampagaro preçodo ônibusUm exem- As disparidades regionaissãooutracaracterística
plo dessareconversão podesera estação rodoferroüária dasredesrodoviárias: a densidade de estradas(e emes-
de Brasília,que de fato tornou-sea estaçãorodoüária pecialde estradas asfaltadas),a densidade daslinhasde
interestadual,deixandoa rodoviáriacentralaostrans- ônibus,osfluxosde fretee de passageiros sãomuitodi-
portesurbanosSuaestruturaé aindaa de umaestação ferentesdeumaregiãoparaoutra,umavezmaisembe-
ferroviária,e ali passam,ainda,sobreuma únicaüa, nefíciodo Sudeste.
trensdecarga.Nãohámaisneúum tremdepassageiros, A própriaconfiguração da rederodoviáriarevela
enquantona épocada construção da cidade,em 1960, asdisparidades queexistementreasregiões. No Sudes-
ainda se pensavaque o tÍem seria um dos principais te é densa,constituídade üas asfaltadas, algumasdas
meiosparaintegráJaao restantedo País.Em outrasci- quaisde pistadupla,principalmente no Estadode São
dadesbrasileirag a estação (Figura08-08)é apenas uma Paulo,noseixosqueo ligamaosseusüziúos e aoredor
lembrança melancolica de outraépoca,freqüentemente dasoutrasgrandes capitais.
No Nordeste, a malhasestão

Atlas do Brasil

204
08-07.Fenovias

Bit o l a
- Métrica
Larga
-
- Larguramista
---- Em projeto

0 500 km

@ Hl-2003 McM-Libergéo

FonterINGEO,ConsórcioBrasilìana

razoavelmente completas(um progresso manifestoem contrastadaentre os arredoresdas capitais(Brasília,


relaçãoà situaçãode vinte anosatrás),massãodensas Goiânia,CampoGrandee Cuiabá),cercados por redes
apenasnasregiõeslitorâneas,e muitomaisdispersas em densas(emboracompostas
relativamente empartepor
vastaszonasdo sertão,comona regiãodo além-São e asregiõesperiféricas,
úas nãoasfaltadas), ondedomi-
Francisco,
na Bahia.No Centro-Oeste, a situaçãoé mais namasviassemasfalto.NaAmazônia,por último,asredes

205
08-08.LinhasÍérrease estações

Númerosde estaçõesno município


61
/-\
\.rt 1?
Cidadescom
tréfegode subúrbio

0 500km
@HT-?OO3
MGM-Líbergêo

Fonte:INGEO,ConsórcioBrasilianae Petfildos MunìcípiosBrasileÌros,IBGE

resumem-se a algunseixogasgrandesestradas
transamazô- asregiõesondea malharodoviáriaé maiscompacta são
nicagconstruídasnosanosde 1970.Sãototalmente
ausentes tambémaquelasonde elas são mais largase melhor
no nortee ocidentedaAmazônia, a montantedeManaus. mantidas,permitindoum tráfegomaisdensoe maisrá-
A qualidadedasestradas (velocidadeautorizada
e pido, especialmentenasvias de pista dupla.A maior
capacidade,Figura08-11)reforçaessecontraste,porque partedessasjá estásendoprívaïizada(cf.Capítulo10).

Atlas do Brasil

206
3ras il 1.724,929 100 10 70.621 79 tõ J.õ õ b À1
1.446.289 1,2
Norte 1 0 30 9 6 612 13763 40 23827 23 64714. 1,6
'.: -d es t e 405 390 24 11 19833 89 53 4t1 43 326 275 0,3
Sudeste 512 496 30 11 14698 91 33310 68 455 123
ì- 416122 287 11017 YJ 23 450 o4 436 847 0.9
CentroOesle 221825 13 9 113. ì 0 õl 49 828 20 0,1

De fato há váriostipos de redes,com finalidadesdi- efeitoseconômicos importantes.Pertencemà mesmasé-


-:rentes.O primeiro1ipo,maistradicional. é o dasestradas rie asestradas construídasparaligara novacapital,Bra-
:-uepcrmitemo escoamento dosprodutosdo interiorpa- sília.ao restodo País.umasériedc estradas radiaiscons-
rJ osportose ascidadeslitorâneas.Sãoorganizadas em cé- truídasem direçãoàs grandescidadesdo Sudeste, Nor-
.:rlasindependentes,cm grupos de viasde penetração pou- deste,Amazôniae Centro-Oeste (numerados de 010 a
-'trhierarquizadas.
Correspondem ao velho tipo de organi- 080.Figura08-12).No entanto,é tamanhaa amplitude
zaçãoespacial colonial.masforamrevaloúadaspelapolí dos fenômenosque essarede tambémparticipado tipo
:ir'ados"corredoresde exportação"(lançadaem 19J2,e, dasestradas inter-regionais,
o último e o maisimportante.
desdeentão,constantemente reimplementadas sobdiver- lniciadomodcstamente com a ligaçãoRio de Janei-
ros nomes),que organüaas relaçõesdos grandesportos ro-São Paukr.essetipo de estradadata principalmente
comasregiõesprodutorasparafavorecerasexportaçoes. dos anosque se seguiramà SegundaGuerra Mundial.
Um segundotipo é vinculadodiretamenteà ação Até lá, nenhumaestradaligavao Sudesteao Nordeste.e
do Estado,às suasfunçõesde polícia,defesae ordena- menosaindaà regiãoNorte.A construçãode uma rede
menl.odo território.O exemplomaisantigoé o do camr- norte-sul(estradas numeradas dc 101a I74,delesl.epa-
nho novo aberto nas serrasde Minas Geraispara con- ra oeste)precedeuos eixosleste-oeste(210a 290).As
trolara saídado ouro,ao qualsepodeassociar também maisconhecidas sãoa estradaTiansamazônica e asoblí-
asestradastransfronteiriças. estratégicasou comerciais, quas(de 307a 364),como Cuiabá-PortoVelho.Essare-
comoas que permitiram"abrir" a Amazôniaou dar ao de constituia alavancaprincipalda integraçãonacional,
Paraguaium acessocômodo ao porto de Paranaguá, e pcrmitiu a unificaçãodo mercadoe a disponibilidade
atravésdo Paraná.Os motivosde construçãodessases- do conjuntodos recursosnacionais(agrícolas. energéti-
tradassão essencialmente políticos,aindaque tenham cose minerais)para os centroseconômicos do Sul.

Bra s il 23 241966 1 00 421.213 100 1836 203 33147.640 1 0 0 2 0 1 99 9 5 100


Norte 4 75 83 3. 2 16.298 4 70.541 971.654, 3 47680 2
N ordes t e 2 3 8971 5 10 61.827 to 231.984 13 3 967539 12 199 398 10
Su des t e 14 111674 61 242 567 57 9118 9 1 50 19.400973 58 1254.727 Õt

Su l 4 663 112 20 70 328 to 465 840 25 6 8 1 19 8 0 20 3 8 61 0 6 19


1601628 l 30 193 7 149 947 I 2.555 Õ 7

: ^^rô Dô+.:n â Gôi ^^1

Redes

207
F..l
08-09.As estradase seus construtores

Estradaspor região

Nordeste Centro-Oeste

Estradas por UF DisrritoFederal


Amapá
Acre
Roraima
Amazonas
Sergipe
Alagoas
Riode Janeiro
Rondônia
Tocantins
RroGrandedo Norte
EspíritoSanto
Paraíba
Paré)
Pernambuco

lvlaranhão
Mato Grossodo Sul
Prauí
SantaCataÍina
Mato Grosso
Goiás
Bahia
RioGrandedo Sul
SãoPaulo
Paraná
l\,4inasGeraìs
100000 150000 200000 250000 300000
Federaisasfaltadas I Estaduaisasfaltadas il Municipaisasfaltadas
ffi Federaisnáo asfaltadas ffi Estaduaisnâo asfaltadas f_-l Municipaisnão asfaltadas

FonterIBGE,AnuárioEstatÍsÌico
2000, lvlinisténo
dosTransportes
' Geipot

A predominância do transporterodoviáriosobre usadopuroou misturadoà gaso-


no álcoolcombustível,
osoutrosmodosdetransporteexplicapor quea crisedo lina(planoProálcool).
petróleodosanosde 1970pôdeameaçar umapartees- No entanto,outrosperigosdecorrem dessadepen-
sencialdo modelobrasileiro.A buscada auto-suficiên- dência.Uma grevede caminhoneiros emjulho de 1999,
cia em combustíveis foi parao Brasilumanecessidade por exemplo,mostroua fragilidadedo sistemadetrans-
vital, quer pela pesquisade novasjazidasde petróleo portesdo Brasil:noventabarreiras,
situadasem21Esta-
(mesmoem águasprofundas),quer pelo investimento dos,bloquearamas estradas principais,e em apenas

A t las do B r asi l

204
08-10.Tipos de rodovias

ï ipo d e e s t r a d a

- P i s t ad u p l a
- Pistaduplaem construçáo
- Estradaasfaltada
--- Estradasendoasfaltada
ÉstradanãoasÍaltada
Estradanão asfaltadaem construção
- Trilha
- Balsa(travessia
de rio)
------ - Em projeto 0 500 km

@ HT-2003McM-Liberyéo

:---ê Co ^ h . c a I 1qq7
^^i+

: i:iro dias a economiacomeçavaa ser paralisada.Os asestradas Essagrevetambémfoi útil para


brasileiras.
:-:errnercadose muitas indústriassofreram falta de revelarasdurascondiçõesdevidadesses
trabalhadores,
::--duios ou de peças.As políticasdo just in time e do algunsdosquaispassam regularmente
maisdedezesseis
:-irr \iâ estrada"põem a economianacionalà mercê horasseguidas
aovolantee mantêm-seacordadosà base
-: :n milhão e meio de caminhoneirosque percorrem de anfetaminas,
por medode perderum frete.Deve-se

Redes

209
08-11.Gapacidadedas rodovias mencionartambémo medoda violência,pois
em estradasfreqüentementedesertasseus
carregamentos atraema cobiça:há,emmédia,
maisde 6 mil ataquesmensaisa caminhões,
emquinzedosquaiso motoristamorre.Atual-
mente,graçasaosGlobalPositioningSystems
(GPS),muitoscaminhões podemsermonito-
radospor satélite,masé paradoxalusara tec-
nologiaespacialparaenfrentara ameaçados
bandidosnasestradas, o que pareceum res-
quíciode um passado distante.
Nãoé fácilapreender a imagemquesur-
ge globalmente desses múltiplosmovimentos,
porque,se há disponibilidade de bonsdados
sobrea inÍra-estrutura,
elessãomúto fragmen-
táriossobreosfluxos.Contagens sãoefetuadas
trechopor trecho,masaté asmaiscompletas
têm seuslimites:por definição,elassereferem
apenasaospontosondeforamrealizadas. Po-
de-sereferiràquelaquefoi feitaparaa defini-
ção dosEixos Nacionaisde Integraçãoe De-
senvolümento (Enid),no âmbitoda licitação
do BancoNacionalde Desenvolvimento Eco-
nômicoe Social(BNDES):faltampontosde
contagemem Goiás,Roraimae Rondônia.
Apesardessalacuna,o mapada Figura08-13
ofereceumaboaidéiadospesosrelativosdas
regiões:o quesaltaaosolhosé o adensamento
dazonaqueseestende, delestea oeste,do mar
à extremidade ocidentaldoEstadodeSãoPau-
lo. Foraela,só há algunspontose eixosfortes,
ascapitaisdosEstadose algumas estradas,
em
seguida o vaziodosespaços pioneiros,ondese
distinguemaindaalgunseixos,comoem Mato
Grosso, e depoisosgrandes vaziosflorestais.
A
irnagemé maisfortee maisseletivaparacami-
Capacidade úões e ônibusdo que para automóveiqpor-
(veículos/dia)
quenesses doiscasoso tráfegoé estritamente
- 39,600
z óvv condicionado pelademanda.
1.800 Um exemploque ilustra bem essade-
,,--.-..Emprojeto 0 500 km mandade transportes rodoviáriosé o casode
a Hr-z-os uawtiourgeo
Fonte:INGEO,ConsórcioBrasiliana
Brasília,cidadeque deveriaser,de acordo
comosseusfundadores, o novocentrodo

At las do B r as il

210
08-12. Numeração e direção das rodovias Íederais

(Figura08-14).Destepontodeústao objetivofoi atingi- estãoquasetodassituadas no sudestede umalinhaBe-


do,poisBrasfliaestáligadaà maiorpartedascidades
bra- lém-Cuiabá.Mas sabe-seque ao noroestedessalinha
sileiras:251
cidadessãoacessíveisa quemembarca naes- estendem-se regiõesde muito baixadensidade popula-
taçãorodoviáriade Brasflia.À primeiraústa sómetade cionalquenãoestãofora de alcanceda capital,poissão
do territórionacionalé servida,já que essascidades atinsidasvia cidadesintermediárias.
Parair a Ji-Paraná

Redes

211
08-13.Contagens

maisfreqüentes: Rio de Janeiro,SãoPaulo,Salvador e


Belém.Brasíliaé hojeumaencruzilhada dasgrandes es-
tradas, e jogaplenamente seupapelde hub de concen-
traçãoe redistribuição de fluxos.
Umanebulosa maisdifusa(porémcobrindoregiões
maisvastas) aparecenoNordeste e no Sul.Suaconcentra-
ção no sertãonordestino,no oestedo Paraná, no oestede
SantaCatarinae no nortedo Rio Grandedo Sul,regiões
agrícolas de fortepresença da pequenaagricultura fami-
liar,parece menoscondizente coma imagemdegrandeci-
dademodernaemrelaçãocomseusiguais. Masé necessá-
rio lembrarqueBrasíliaabrigapobres,atraídospor uma
mirageminacessível, e quemuitosfuncionários públicos
têmsaláriosbaixos:ambasascategorias, quandoquerem
'u v @ HT2003 MGM Libergéa
visitara família,têmquepassar diasinteirosnosônibus.
FonÌerINGEO,ConsóÍcioBrasiliana,contagem mecanizadavolumétrica1996 Passando do casoespecífico de Brasíliaao plano
maisgeraldo tráfegointerestadual de ônibus,constata-
sequeo grossodasrelações(Figura08-15)faz-seentre
(Rondônia), por exemplo, muda-se deônibusemCuiabá, asregiões maispovoadas, Sudeste e Nordeste,e secunda-
enquantoAÌtamira,no Pará,estádiretamente acessível riamenteentreSudeste e Centro-Oeste, evidentemente
pelaestradaBelém-Brasília. emfunçãoda presença de Brasília.Casosesobreponha
No restantedo País,distinguem-se claramenteos o mapadasorigense destinos dascemprincipais linhas
eixosao longodos quais seconcentram asdestinações interestaduais do país (Figura 08-16)2o-mapa das

A t las do B r as il

212
por ônibus
O8-14.Acessoa Brasília

que ligam
Número de comPanhìas
os municíPiosa Brasilta
4
/-í
\o- "r

Éstradaasfaltada
Estradasendoasfaltada
Estradanáo asfaltada 500 km

I Brasília O HT BAMA-2003McM-Ltbercéa

de Brasília
na rodoviáÍia
2002- Empresasinstaladas
Fonte:Pesqulsa

situam-senasregìõespio-
q:Tt? osdois As únicas- e raras- exceções velho (Ron-
densidades evidencia-se
populacionais' " ;;o^;" lmperattu(üaranhão)'Porto
de linla estão
já que ascabeças. (MatoGrosso)'.ou nasre-
;;;;;"r;"incidem, po- ãá-ó t"i-otó deAzevedo o
todassituadasnasregiõesdensamente " do Piauí'o da Bahia'
;;;,*.;"" é den- giõesdepartida,comoo interior
cujopovoamento ou o Ceará'
ï"ìã"1J" tmral ounosEstados Paranâ' ï"nao a" p".nambucoe daParaíba
ou
,ã a suaprofundidade'SãoPaulo
"ïaU"

213
08-15.Movimento de passageiros

0 500 km

@HT-2oasMGM Libegéo

Fontes:ANTTAnuário2001- EmoresasPeÍmissionárias
e Autorizâdas

Era previsívelalocalaação
dospontosfocaisemrs- pontosfortessão,por construção,os trêsGrandesCen- \
poréma dosfluxosé maissurpreen-
sorese receptores, trosNacionais,
Brasília,Rio deJaneiroe SãoPaulo,liga- /
dente(Figura08-17).
As ligações
entreGrandesCentros dosaosoutroscentrosde menorimportância. As trocas
Nacionais,CentrosNacionaise CentrosRegionais,de entreelessãointensas, comomostramo númerode li-
acordo com a terminologiada Agência Nacional de nhas,suaespessura e cor, exprimindoos númerosde
TiansporteTenestre(ANTT),deseúamumaredecujos passageiros
transportados (multiplicadospeladistância

Atlas do Brasil

214
08-16. Origem e destino das cem maiores linhas interestaduais

rì é
l @'

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e:
í.:.'..
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t
! ongem
HabitantesPor km2 I destino

r t':ï:
ã4 8

24 m ilh ó e s d e
p a ssa g e ir o s/km
11
394
ê zs3
(a 105
\4 e o.------iE n-
@ HT RAMA-2Aü MGM Lìbetgéo

e Autorizadas
Permìssionárias
Fontes:IBGE,ANTTAnuário2001- Empresas

percorrida).Vale aqui distinguirasligaçõesdos.princi


paiscentrosentresi dosfluxosexistentes entreelese as
principaisregiõesaosquaisestãoligados,comoo NoÍ-
leste.o Sule asregiõespioneiras'As redesdostrêsprtn-
comopodeserobser- quilômetro)é a queligaa capitalao Rio deJaneiro;ou-
centrossãomuitodiferentes,
.-ipais
ordolFigu.u08-18): a deBrasília irradiaparatodoo
se tìasdemenortráfego(entre58milhõese 160milhõesde

Redes

215
08-17.Movimentos de passageiros:Iigações entre Grandes Centros
Nacionais, Centros Nacionais e Centros Regionais

Mi l h o e s d e p âssageir os
p o r q u i l ô me tro em 2000

527
I
160

58

20
{r.\\
8

'l

02 0 500km

@ HI RAMA-2A03MGM-Liberséo

Fontes:ANTTAnuário2001- Empresas
Permissionárias
e Autorizadas

passageirospor quilômetro) conduzema SãoPaulo,Belo ligadapor linhas de elevadadensidadede fluxo a todo o


Horizonte e Goiânia.Parao Rio de Janeiro,aslinhasprin- país,do Nordesteàsregiõespioneirasdo Centro-Oestee
cipaissãoasque o ligam a Belo Horizonte e a SãoPaulo, ao Sul,o que confirma maisuma vez o seupapel de prin-
seguidospor ligaçõesfortescom o Nordestee - em menor cipal pólo de atraçãoe de capital econômica,para não
escala- com o Sul. São Paulo é a única metrópole dizercapitalde fato,do País.

At las do B r as il

216
08-18.Três capitais desiguals

São Paulo

Rio de Janeiro

Mi l hoesde P assagetros
por qui l ômetroem zuuu
5Zt

- 58

20

o,2

F o nte s:A N T T A n Uá ri o 2 001_Em pr esaSPer missionár iaseAutor iza das

gaestruturadopovoamentoem..arquipélago,,criam
a longadistância'para
TransPoÉesaéreos utnuO.**Oa de deslocamentos
quequalqueloutromeio
partt- il"* o*avi; é maiscômodo
aéreosencontramcondições de gerire
Os transportes País detransporte'Poroutrolado'a necessidade
do
cularmente De um lado'a dimensão
favoráveis'

217
administrarum espaçomuito diferenciadosuscitaum constataçãodequerefletemexatamente a estruturacen-
importante fiáfego de negócios,de funcionáriose de po- traluadadoPaís, aoredordeseusprincipaispóloseconô-
líticosprocurandoas capitais.A concentração da renda micose político-administrativos,
masevidencia-se tam-
assegura que pelo menosuma parte dos 170milhõesde bémumacertacapilaridade nastrocaslocaise regionais.
habitantesseja uma clientelacapazde pagar caro por O setordostransportesaéreosjá temum pesona-
deslocamentos privadosou de lazer.Essasituaçãoindu- da desprezívelna economia e mantémum crescimento
ziu à criaçãode algumascompanhiasaéreasde boa di- contínuo.Em 2001,a frota acumulada dassociedades
mensão,que tiveramdestinosdiferentes,indo do suces- brasileiras
representava366aviõesde linhade diversos
so à quedabrutal,passandopor nacionalizações, priva- tipos,dosquais163fabricadospelaBoeing,60 pelaFok-
tizaçõese fusõesespetaculares. ker,60pelaEmbraere 51pelaAirbusou a Aérospatia-
O Departamentode AviaçãoCivil (DAC) publica le.Essadistribuiçãodevesealterarnum futuropróxi-
regularmenteum anuárioque permite consultardados mo,poisa TAM, apósumasériede acidentes (doisdos
recentese detalhados, e suaexploraçãoe análiseofere- quaisnumúnicodia de agostode2002),decidiu sedes-
cem uma idéia do desempenhoglobal da "indústria" fazerdosFokker100,provavelmente em favorda Air-
(como o anuário a intitula) e - recorrendoa outras fon- bus,da qualfoi um dosprimeirosclientesbrasileiros.
tes complementares- da situaçãodas companhiasque a Em 2001,ascompanhias totalizavamumacapa-
constituem.Por último, os dadossobreo tráfego,medido cidadeglobalde cercade 40 mil assentos, empregan-
para cadaaeroportoe cadalinha aérea,oferecemascon- do um poucomaisde 38 mil pessoas, dasquais3.900
diçõesparatraçarmapasde fluxos,que desenham,de ma- pilotose co-pilotos.
Asseguraram naslinhasinternas
neira nítida,redeshierarquizadas. Não é surpreendentea quase700mil horasde vôo,percorrendo 420milhões

Anuárioda Aviacão

At las do B r as il

214
de quilômetros(maisde 10mil vezesa voltadaTerra). A Varigé aindahojea principaltransportadora in-
Tlansportaram, nestasmesmaslinhasinternas,maisde ternacionalbrasileira,tendoconstruídoumavastarede
30milhõesdepassageiros (emetapasmédiaspoucome- mundial(Figura01-09)querefleteasorientações inter-
noresque novecentos quilômetros),e produziramum nacionaisdo País.Mas,em2001,perdeuo seuprimeiro
tráfegode frete aéreode trêsmilhõesde toneladas por lugarno mercadonacionalparaaTAM.
quilômetrode frete. A TAM (TáxiAéreoMarflia)nasceuem197! co-
A evoluçãodo setorna décadai990-2000foi ain- mo umamodestaempresade táxi aéreode umacidade
darápida:sóo correioapresenta estagnação, muitopro- médiado interiordeSãoPaulo.Logoapósa suacriação,
vavelmente devidoaospÍogÍessos do correioeletrôni- asrédeasda empresaforamconfiadasao comandante
co,aindamaisrápidoqueo correioaéreo.Paratodosos RolimAdolfoAmaro,cujagestãocomeçoupor um gol-
outrosindicadores constata-se umaduplicação, e ainda pe de sortee terminoupor um golpedo destino,massó
maisparaospassageiros (+125%)e parao total dasto- depoisqueelelevoua companhia ao primeirolugardo
neladaspor quilômetro(+128%), mercadonacional.
Atualmente,quatro companhias principaiscom- Convidadoa juntar-seao grupode pilotosfunda-
partilhamo mercadobrasileiro:aVarig(comsuassucur- doresdaempresa, Rolimnãodispunhado capitalneces-
saisNordestee RioSul),a Vasp,a antigacompanhia pú- sárioparapagarasações, e tencionavafinanciá-las"es-
blicado Estadode SãoPaulo,a TAM e a Gol, queen- quecendo"de segurarseusaúões.Felizmente, foi dis-
trou mais recentemente no mercado.Seusperfis são suadidoe pagouasapólices deseguroàsvésperas do dia
bem diferentes. A históriada aviaçãobrasileirareflete emqueum dosLearjetsda empresaultrapassou o final
algunsepisódiosfelizese outrosmenosfelizes,comoa da pistado aeroportoSantosDumont,no Rio de Janei-
espetacular falênciadaTlansbrasil, recentemente, ro, e terminouseupercursona baíade Guanabara: o
A Varig (com suassucursais) representamaisda prêmio de 1,8 milhõesde dólarespermitiuJhepagar
metadedomercadoe assegura o essencial do tráfegoin- suasações. Outrogolpede sorte:emt975o governofe-
ternacional. Fundadaem maio de IW1, foi a primeira deralorganizouo Sistema IntegradodeTlansportes Aé-
empÍesade transporteaéreodo Brasile uma daspri- reosBrasileiro(Sitar)paradesenvolver a aviaçãoregio-
meirasdo mundo.O seufundador,Otto Ernst Mayer, nal,dividindoo Paísemcincozonas:aTAM recebeuen-
chegouao Brasil em 1921,beneficiou-se do apoiodo tão a melhorzona,queintegrao interiorde SãoPaulo,
KondorSyndikatalemão, e seusprimeirosaviõesforam norte do Paraná.e sul do Mato Grosso.Essabasedeu-
o DornierWalAtlânticoe o Dornier Merkur Gaúcho. lhe os meiosparaseucrescimento, e em 1986entrou
Nosanosde 1940,em funçãoda evoluçãoda conjuntu- no mercadointernacional,quebrando, ao mesmotem-
ra geopolíticamundial,mudoude fornecedores, adqui- po, o monopólioda Boeingao comprarcincoaviões
rindo osaüõesLockheed,Douglase CurtissC-46. A-330-200 e sessentaoutrosda famíliaA-320do con-
Seuraio de açãoera limitadoao sul,criandoem sórcioAirbus.Infelizmente,o comandante Rolim mal
1942suaprimeiralinhainternacional paraMontevidéu. teve tempo de celebrar a conquistado primeiro lugar
Somenteem 195L,coma aquisição da companhia Aero no mercadonacional, em2001.No mesmoano,perdeu
Geral,a Varigtornou-seumacompanhia nacional,com a vida em um acidenteno comandode seuhelicópte-
vôosparao Rio de Janeiro. Tambémfoi a primeirano ro pessoal.Permanece o questionamento sea compa-
Brasila utilizaraüõesa jato,CaravelleSulAviação,em nhia continuarásuacarreiraascendente semele.
1959;no ano seguinte, adquiriuo seuprimeiroBoeing O nascimentodo Vaspvincula-seà tentativade
(707),marca à qualpermanece fiel. Osanosde 1960fo- secessão do Estadode SãoPaulo,em1932,que,apesar
ramosdaexpansão, nacionale internacional, sobretudo do seumalogro,reforçoua vontadede autonomiados
apósa comprade seusconcorrentes, ConsórcioReal No dia 12de novembrode 1933,um grupode
paulistas.
Aeroviase Panairdo Brasil. empresários e pilotospaulistascriou a ViaçãoAérea

Redes

219
SãoPaulo;emL6deabrilde1934, osprimeiros vôosco- lançoua SadiaTiansportes Aéreos,parafretese passa-
merciaiscomeçavam entreSãoPaulo,RibeirãoPreto, geirosentreFlorianópolis,Videira,Joaçaba e SãoPaulo,
Uberabae SãoJosédo Rio Preto.Em 1935a compa- quesetornouaTiansbrasil S.A.LinhasAéreas,eml973.
nhia,em dificuldadesfinanceiras, pediu a intervenção Antesdo final da décadade 1980,eraa terceiraempre-
do Estadode SãoPaulo,que a comprou.Permaneceu sano setor:voavacomdezBoeing727-700 e possuía li-
empresa públicaaLéI994,dataemquefoi priuatízada e úas internacionais paraMiami,NovaYork,Washing-
vendidaa um empresáriode reputaçãomuito contro- ton, Viena, BuenosAires, Amsterdãe Londres.Em
versa,WagnerCanhedo,que lançouumapolíticade 1998,o fundadorvendeu-a. Morreuem2000,poucoan-
expansão e aberturadelinhasinternacionaisparaEuro- tesda quedafinal de suaempresa. Semcréditoparapa-
pa,EstadosUnidose Asia.Criou o VaspAir System, garseucombustível, a Tiansbrasilanuloutodososvôos
pela aquisiçãoda LAB (boliviana),da Ecuatorianade em 31 de dezembrode 2001,deixandoem solo100mil
Aviacióne da argentinaTAN. Infelizmente, os resulta- passageirosportadoresde bilhetessemnenhumvalora
dos não foram à alturadasambições. A companhia partirdaquele momento.
nem semprehonravao pagamento de seucombustível, Porúltimo,é necessário acrescentara essasquatro
o leasingde seusaviões,ossaláriose,àsvezes,nemmes- grandes companhias asempresas regionaisdetáxiaéreo,
mo astaxasde aterrissagem. Tevequesuprimirtodasas que servemdezenas de cidadesdo interiorcom aviões
linhasinternacionaise durantemesessó voougraçasa maisrústicos,comoo Bandeirantes, defabricação nacio-
autorizações arrancadas semanaapóssemana, e pagan- nal,e osjatosde cinqüenta e cemlugares.Ademocrati-
do à vistao seucombustível. zaçãodostransportes aéreosé bemvisívelnesses aúões
A Gol é umadasmaisnovascompanhias e a que regionais,nosquais,àsvezes,alguémviaja carregando
introduziuo conceitode low-cost/low-fare,baseado no umagalinhaou um cachode bananas no colo,paraaju-
modelodo EasyJetbritânicoe do Southwest nosEsta- dar um vizinhodemasiado carregado.
dosUnidos.Fazpartedo grupoÁurea,um conglomera- Emboraessascompanhias operemredesindepen-
do deempresas deônibusurbanose interurbanos. A au- dentese concorrentes, a somade seusresultadosgera
torizaçãodaDireçãodaAüaçãoCivil datade agostode um desenhoque reflete efetivamentea cenfializaçáo
2000,e os primeirosvôoscomeçaram em janeirode econômicae políticado País.O tráfegodosvinte pri
2001,do aeroportode Congonhas, em SãoPaulo,com meirosaeroportos demonstra a predominância esmaga-
quatroBoeing737-700.8m2002,duas dezenas de cida- dorade SãoPaulo,comseusdoisaeroportos - Guaru-
deseraminterligadas, e a companhia tencionaampliara lhos(o aeroportointernacional) e Congoúas(o antigo
suafrota paraatétrinta aeronaves.
As tarifas,muitobai- aeroporto,dentrodo tecidourbano,masaindaemativi-
xasno início(poucomaisqueo preçodeumapassagem dadeparao tráfegointerno,sobretudode negócios)-,
de ônibus),foramaumentadas e atualmentesãopouco cujosnúmerosos distanciam bastantedosoutros,com,
inÍerioresàsde seusconcorrentes. respectivamente, 13milhõese quaseL2milhõesde pas-
A Tiansbrasil,queem2001, ocupavao terceirolu- sageiros.Brasíliaaparcceem seguida, logo à frentedo
gare representava umaquotade 5% do mercado, abriu Rio deJaneiro,casosecontemosdoisaeroportos cario-
falênciano fim do mesmoano:nãovoamaisdesdeen- cas,o Galeão(internacional, recentemente rebatizadq
tão,e os seusaviões,aindacomassuascores,massem como nomedeTomJobim)e o SantosDumont,nacio-
motor (que foram vendidos),estãoestacionados em nal.Apósesses aparecem, semsurpresa, asgrandes ca-
umazonaperiféricado aeroportodeBrasília.Acompa- pitaisregionais,prioritariamenteas que se beneficiam
nhia tinha sido fundadapor Omar Fontana,filho do de fluxosturísticos,
comoSalvador, Recifee Fortaleza,
proprietárioda Sadia,umagrandeempresade embuti- no Nordeste.Aúnicacidadedalistaquenãoé capitalde
dos,quealugavaum DC3 paratransportarcarnefresca Estadoé Campinas, a cemquilômetrosde SãoPaulo,e
e salsichas de SantaCatarinaa SãoPaulo.Em 1956. quefunciona,de fato,comoseuterceiroaeroporto.

At las do B r as il

220
FontesiAnuárioda AviaçãoCivil,DA

Em termosde númerosde ligaçõese regiõesaten- dasconexõesde regiãopararegiãofazemescalaali,am-


didas,os principaisaeroportos(Figuras08-19e 08-20) pliandoos fluxosde trânsito,que se acrescentamaosde
apresentamsituaçãobem diferente.Mesmonesteindi- políticose requerentesindo à capitalfederal.Salvador,
cador,SãoPaulosedestaca, com um númerode ligações Fortalezae Recife recebemfluxos importantesdo Su-
que é quaseo dobro dasdo Rio de Janeiro,o que lhe dá deste,devido à atraçãoturística,enquantoas capitais
uma influência realmente nacional.Brasília,recente- periféricas,
Manause Belém,na Amazônia,e PortoAle-
mente,conheceuum forte crescimentograçasà suapo- gre,no Sul,têm apenasaslinhasque servemàsrelações
siçãocentral,funcionandode fato comoum hub:muiÍas de nesócios.

Fonte:lnÍraero2002

Redes

221
08-19.TráÍego nos aeroportos

Nú mero de ligaç óes Número de passageiros


223se7
a-\ 4b.863
\ /--\7
\\-Z 1

C orrei o
{1000 obj eros)
25ee6
/-ì
\ c>L sozo km
@ HT2003 MGM Libergeo

Fonte:Anuárioda AviaçãoCivll,2O01

As linhasaéreasinternasque partem dessesaero_ As quatro grandescompanhiastrabalhavam em asso_


portos são de dois tipos:as linhasespeciais,
ou seja,de ciaçãopara gerir a principal ponte aérea,entre Rio de
grandefreqüência,e aslinhasnormais.Asprimeirassão, Janeiroe SãoPaulo,que liga asduascidadesde meia em
de fato,aspontesaéreasque ligam asprincipaiscidades. meia hora e utiliza os antigosaeroportoscentrais,de

Atlas do B r as il

222
servidas por rotas aéreas
08-20.As cidades mais bem

Lioacoesmals movimentadas
d-;;. metadedo total das ligaçÓes)

Llgaçõesmenos movimentadas
(segundametaoel

0 500 Km

@ Hrzooí-ucu'tite,geo
Anuário
Fonte: Civiì'2001
daAviação

Redes

223
08-21. Fluxos inter-regionais de passageiros As outrasconexões sãotambém
de doistipos,intra-regionais e inter-
regionais. A dimensão dasregiõesbra-
M i l h ó e sd e sileirasé tãoimensa - muitasdelassão
passager ros quea Europainteira-, quese
maiores
I desenvolvem fluxosaéreosinternos,e
8
o gráfico (Figura08-21)mostraque
elessãosignificativos,sobretudo nare-
7
giãoSudeste. O mapadessas redesre-
6 gionais(Figura08-24)confirmaa den-
5 sidadedo Sudeste, masrevela,igual-
4
mente,alémde umamalhabemdensa
no Sule noNordeste, quea daAmazô-
3
Destinos nia é bemestruturada, interligandode
Sudeste
2 formaregionalmente eficazascidades,
Nordeste I mesmoasdemédioporte.Nessaregião
Su l
0 imensa, ondeostransportes sãolentos
Centro-Oeste
(fluviais)ou difíceis(pelaestrada),o
aviãoé, freqüentemente, a únicasolu-
ção possível.
Origens Essasredesregionais são,no en-
Fonte:Anuárioda AviacãoCivil.200'l tanto,poucoexpressivas (por issofo-
ram colocadas à parte)em facedos
fluxos inter-regionais,que formam o
onde foram deslocados os vôos internacionais.
Essa essencialdo tráfego. Considerandotodos os fluxos
alíançafoi quebradaem 1998,e cadaumaprocuracon- (Figura 08-22)ol destacandoas linhas mais freqüenta-
quistarseupedaçonessemercadoaltamente rentável: das (Figura 08-23),pode-senotar uma extraordinária
maisde 10mil pessoas por dia,90%voandopor motivo dissimetria.É evidenteque a imagemnão reflete exata-
denegócios, e20Yottilizandoa ponteaéreapelomenos mente a realidade,visto que as cidadesestãointerliga-
cincovezespor mês.As outraslinhasespeciais são das "a vôo de pássaro"e não pelos corredoresaéreos
menosfreqüentadas, masduasoutrasexcedemum mi- que existemem certasregiões(em outraspalavras,os
thãode passageirospor ano,SãoPaulo-Brasília e São pilotos têm a liberdade de procurar o caminho mais
Paulo-BeloHorizonte. curto),masos fluxosprincipaissãoclaros.

At las do B r as il

224
08-22. FIuxo de passageiros

N úmero d e p assa ge irosem 2001


1584,790

8 14 9 1
6 865

863

121

Aeroportos
o categoria1
. categoria2
. categoria3
. categoria4
500 km

@ HT2003 MGM-Lìberyéa

Fonte:
Anuário
daAviação
Civil,2001

Osqueacompanham a direçãodo litoral,da fron- segueo litoral mais ao norte e continua pelo vale do
teira meridionalaté Recife,e principalmente aqueles Amazonas,ele reúneo essencialdasrotas aéreas.
que interligamas cidadesdo Sudeste e do Sul,sãoos Mas se,no conjunto,a organizaçãoespacialdo trá-
maisimportantes e aparecem comoa "colunaverte- fego aéreoreflete a lógicada organìzação
territorial bra-
bral" do País.Casoseacrescenteo eixosecundário, que sileira - e conseqüentementea reforça -, ela permite

Redes

225
08-23.Linhas nacionais e locais também,pela sua capacidade de livrar-se
parcialmente dasdistâncias e dosobstácu-
Ìos,fazeremergiroutroseixos.É o casodos
feixesde linhasquesaemde SãoPaulopa-
raFofia\eza,Belém(via Brasília),Manaus,
Rondônia(via Cuiabá)e Acre.Esseleque
delinhasqueestruturam astrocasdo Norte
coma verdadeira capitaleconômica é indu-
bitavelmenteum dos meiosessenciais da
"captura"do Centro-Oeste e daAmazônia,
pelomenosdaAmazônia ocidental,nazona
deatraçãopaulista.Provaissoo fatodeque,
enquantoo transportedo correio (Figura
L i n h a sc o m m a is d e 08-24)obedece aindaessencialmente a uma
50.000passageiros/ano
lógicade serviçopúblicoe servea todo o
1 584 790
territórionacional(suarrralhaé muitoregu-
- 230 630

138854
Iar,ligandotodasasregiõesentresi),o fre-
11',]
865
te aéreoobedece a umalógicapuramente
78 593 econômicae privilegia,maisaindaque os
60 903 0_ jqk.
fluxosde passageiros, aslinhasde forçado
50 703 @ HT2003 MGM-Libergéo território,o eixoparaleloao litoral e osfei-
xesprocedentes de SãoPaulo.
O setordostransportes aéreosreflete
relativamente bema imagemdo País:co-
mo esta,ele é, ao mesmotempo,maciço
pela suadimensãoe impressionante pelo
seudesempenho, mastambémconcentra-
do e desigual, marcadopor contrastes for-
tes entreregiõese setorespotentese ou-
tÍos em que o espíritopioneiro,com suas
qualidadese defeitos,pulsaforte ainda.
Conheceu históriasde sucesso e também
quedasespetaculares, e sepodedizerque,
nesse campo. comoemmuitosoutros, o ta-
lentonacionalestámaisna criação, basea-
Rotas internas da emimprovisações brilhantes,do quena
re g ro n a rs
administração metódicae contínua. Quin-
Norte
- tessência do modelobrasileirode desen-
---* Nordeste
- sudeste volvimento, parao qualcontribuiude for-
_ su l ma significativa,deveráprovavelmente,
- Centro,Oeste
comoele,e emumfuturopróximo,compor
Fonte:Anuárioda AvraçáoCivil,2001 com forçasnovas,adaptar-se aos novos
tempose, semdúvida,tem maisa ganhar

A t las do B r as i l

226
do quea perdercomumademocratização 08-24. Correio e frete aéreo
quelhe garantanovasclientelas.
As perguntascentraissão evidente-
menteasdo acesso ao transporteaéreodos
menosricose dasregiõesmallocalizadas. A
primeiraresposta estánaregulação dospre-
ços,e a julgarpelabaixarelativadastarifas
ligadaà chegada ao mercadodascompa-
nhias/ow fare, eIatem boasperspectivas.
Seránecessário apenastomarcuidadopara
evitar que os ganhosde produtividade se
façamemdetrimentoda segurança.
O segundoponto dependemais de
uma decisãopolítica,pois a emergência
de novoseixospode ser incentivadaou
não,e pode-s e fazer,via transferências
en-
tre as linhasrentáveise as menosrentá-
veis,um verdadeiroinstrumentode orde-
namentodo território.O Estado tem
meiosde pressãopotentessobreas com-
panhias,por meio das autorizações de
aberturade linhas,e do controledastari-
fasaeroportuárias, dospreçosdo querose-
ne oferecidos pelaPetrobras, e, maisglo-
balmente,pelatutelaque exercesobreo
setora potenteDireçãoda AviaçãoCivil
(aindapartedo Ministérioda Aeronáuti-
ca).O futurodirá seessapossibilidade se-
rá aproveitada.Porém,vale notar que,
mesmona épocadastransmissões instan-
tânease imateriais, aindase deveprestar
muita atençãoaostransportes, nomeada-
menteaéreos, porque o controledo seu
acesso, da suafluideze dosseuscustospo-
de permitiro desenvolvimento de regiões
periféricasou reforçaro pesodo centro Frete aéreo
na naçao. (quilogramas)

15 731900
1762 280
Energia e informação 111046
1 600

Se os transportesaéreos,que dese-
nhamospontose eixosde foÍe centralida- Fonte:Anuárioda AvraçáoCivil,2001
de,sãoum bom indicadordasdinâmicas

Redes

227
08-25. As redes elétricas

L i n h a s e l é t r i c as ( kW)
Existentes Em projeto*
750

234
138
69
*programadoaté 2009

Usinastérmicas
Potência Combustível
(N/W)
O Diesel
Q ooo | óeos
Q soo I carvao
O oo En e r gniau cle a r
I

Usina shid ráu lic asI


(GWh)
z-- 87500
\ Sislemainterconectadol--_l
//
I /--\--Ì
\ 23.U83
^^^^^ Subestaçáoexistente
\\ )/ Subestaçãoem projeto
-I 0 500 km

@ Htr2003 MGM-Lìbergéo

Forte: ANEË1, Atlas da Energê Éieil;ca - INGEO. Colsó'cio B'as.lranà

quedizerda produçãoe circu-


territoriaisbrasileiras, as regiõesconsumidoras, aquelasonde a concen'tra-
laçãode energia? Essas nãosãoum indicador menos çãoda população e da atividade
econômica criauma
importante, poistambémarticulamasregiõesprodu- forte demanda.
toras(cujalocalização dependedosrecursos naturais O mapadaFigura08-25mostraa inadequação das
e dosequipamentos cf. Capítulo3) com
construídos, duasgeografias,
o quelevouà construção de linhasde

Atlas do B r as il

228
tÍansportea grandesdistâncias queestãoentreasmais ponte de GoldenGate,em SãoFrancisco, o canaldo
longase potentesno mundo.De fato,a produçãoé prin- Panamá, o Eurotúnel(sobo CanaldaMancha), ostra-
, cipalmentehidroelétricae,comoo aproveitamento dos balhosde controledo mar do Norte,nosPaíses Baixos,
cursosde águamaispróximosdasregiõesconsumidoras o EmpireStateBuilding,em NovaYork, e a torre do
\-já-chegou ao limite,criou-sea necessidade de buscara CanadianNational,em Toronto.A Associação frisava
exploração de recursoscadavezmaisremotos.Essaé a que,pararealaá-Ia,seus colegasbrasileirostiveramque
principalruzãodaconstrução, no regimemilitar,dabar- desviardo cursoo sétimorio mundiale deslocar maisde
ragemde Itaipu,no rio Paraná,na fronteiraparaguaia; 55milhõesde metroscúbicosde terrae rochas,usando
a outraeradesenvolver a influênciabrasileiranessepaís um volumede concretoiguala quinzevezeso quefoi
e desbancar a daArgentina. utilizadopara o túnel sobo Canalda Mancha.A sala
O processo haviacomeçado com a assinatura,em dasmáquinas, quecontémasdezoitoturbinas,pesando
26 de abril de !973,do tratadoentreo Brasile o Para- cadauma 3.300toneladas, tem 968metrosde cumpri
guaidecidindo"o oÍdenamento hidroelétricodosrecur- mento,e cadaturbinarecebe690m3de águapor segun-
soshidráulicosdo Paraná,pertencente aosdoispaíses, do,atravésde tubosde 10,5metrosde diâmetro.
do saltode SeteQuedasatéa embocadura do rio Igua- O tratadode 7973estabelecia a divisãoigualitária
çu". Em 17 de maio de 7974, constituiu-se
a sociedade da energiaproduzidaentreosdoispaíses, cadaum com
Itaipu Binacional,compartesiguaisentrea sociedade o direitode comprara energianãoutilizadapelooutro
brasileiraEletrobráse a paraguaiaAnde.O iníciodos parao seupróprioconsumo. De fato,o Paraguaiutiliza
trabalhosfoi em Ledejaneirode 1975,e o lagode bar- apenasumapartemínimade suapartee vendeo resto
ragem,quecomeçoua seencherno dia 13 de outubro ao Brasil,parareembolsar o adiantamento feito por es-
de L982,atingiusuaquotanormalem27do mesmomês. te quando da construção da barragem. Thntoo financia-
As primeirasturbinasentraramemserviçoem5 de ou- mentoquantoa construção foramrealizados peloBrasil,
tubrode 1984, e a última,a 18s,em9 de abrilde 1991. que utilizaa quasetotalidadeda energiaproduzida.O
Suapotênciainstaladafazde Itaipua primeirausi- catáterbinacionalda empresaé, por conseguinte, uma
na hidroelétricado mundo,posicionando-se na frente ficçãodiplomática; semdúvida,Itaipu contribuiunota-
de Guri,na Venezuela (10.200MW), do GrandCoulee, velmenteparatornaro Paraguaium satélitedo Brasil.
nosEstadosUnidos(6.500ÌvIW)e SayanboShushens- Em2002,a barragemproduziu82TWh,fornecen-
kaya,na Rússia(6.400IvfD. Só a barragemde Tiês do ao Brasil24o/o e ao Paraguaiquase95% da energia
Gargantas, na China,deveráter umapotênciainstalada consumida. Em facedessecolosso, asoutrascentraishi-
maior(18.200 MW),masa produçãoanualdeItaipupo- drelétricasparecem pequenas. Contudo,algumas passam
derácontinuara sersuperior,poiso rio Paranátemum do milhãode megawatts, comoXingó,no rio SãoFran-
débitomaisregular,e já foi controladopelasváriasbar- cisco(3.000MW),Ilha Sol[eira,no Paraná(3.440MW),
ragenssituadasa montante. Valelembrarqueumafra- ou Tucuruí,no rio Araguaia(a.240MW).
ção de uma central nuclear francesamédiatema potên- As centraistérmicaspesampoucono total, quer
cia 1.300MW e que as 58 centraisem funcionamento sejamsituadassobrerecursosvalorizados, comoo car-
têmumapotênciatotal62.000MW,a produçãototal de vão do Sul,quer sejamexperimentais, comoa central
2002tendosido de 416TWih; sozinha,a baragemde nucleardeAngradosReisou ascentraisquequeimam
Itaipurepresenta?0% do potencialnuclearfrancês, sem diversostiposde óleoscombustíveis, quer,ainda,sejam
necessidade de combustível, nem de reciclá-lo,nem próximasdoslugaresdeconsumo emregiões,insuficien-
riscode avariaou de acidente. tementeservidas pelasredeshidroelétricas. E o casode
A AssociaçãoAmericanade Engenheirosde grandes cidadeslitorâneascomoRio deJaneiroe Salva-
ObrasPúblicas(Asce)incluiu,em1995,a barragemem dor, apesarde suasredessereminterconectadas, e so-
sualistadosgrandes trabalhosdesteséculo,junto coma bretudode um grandenúmerodepequenas cidadesem

Redes

229
08-26.As redes de inÍormacão

II
,
a I
I
o I o
I
I
I I
I
rO í
t
I .J
I I

' r oO 't oo
'ra

Redede microondasnumérica
Redede microondasanalógica
Redede microondasnuméricaTD
Redede microondasintra-estado
a Estaçãode microondas
Redede fibrasópticas
Redede fibrasópticasintra-estaoo
o Estaçáode fibras ópticas
RedebackboneInternetprincipal
RedebackboneIntemetsecundáÍia
a Estaçãode recepçãod€ satélite

Fonte: INGEO,ConsórcioBrasiliana

regiõesondeasredesnão seinterligam.Cercada me- importantestêm umacentraltérmicaou,emcìsqsex-


tadedo territóriobrasileiroestánessasituaçãodifícil e cepcionais,
umacentralhidráulica, par\ as
construída
só podecontarcom a produçãolocal de energiapara suasnecessidades(Balbinapara Manaus,Cacho/fta
cobrir suasnecessidades. Na maioria dos casos,essa do Samuelpara Porto Velho e a regiãocentralde
provémde um geradordiesel,enquantocidadesmais Rondônia),
Existemplanospararemediaressasituação,

Atlas do Brasil

230
masas distâncias e os investimentos necessários são solucionarasnecessidades dasregiõespioneirasdo su-
tãoimensos queseriamnecessários anosparaassegu- destedo Paráe nordestedo Mato Grosso.Essesem-
rar a coberturacompletado Paíspor umaredebem preendimentos significamoportunidade de construirli-
/ distribuída, úas de alta e muito altatensãoparao nortee o sul,e
Porenquanto, o feixede linhasde altatensãoque assimconstituirumarotanorte-sulquearticuleasprin-
\
\a Itaipu a São Paulo é o eixoessencialdasredeselé- cipaisregiõesbrasileiras. É um desafioconsiderável:
tricas brasileiras. Interconectado com o complexode esseeixopoderiaür a sera colunavertebraldainterco-
barragens dosriosParanâe Tietê,eleassegura à região nexãodo País,ligandoasprincipaisregiõesprodutoras
Sudesteumaboacoberturae,a maiorpartedo tempo, e consumidoras entre si, e, maisainda,com a grande
uma alimentaçãosuficiente,apesardo crescimento fronteiraenergética de imensosrecursos, por enquanto
constanteda demanda. No entanto,estecomplexonão subutilizados,da baciaamazõnica.
foi suficiente para evitaro racionamento - voluntárioe Essa mesmaestruturadesenha-se igualmente
disciplinado - nacrisede2001(apelidado de"apagão"), noutro domínio,o dasredesde informaçãoa longa
enquantoque a regiãoSul,graçasà maior quantidade distância (redesde transmissão dedadospor microon-
de chuvas, nãofoi afetada.O Nordesteé menosdotado, das- analógicas e numéricas- redesde fibrasópticas,
emconseqüência dassecasqueafetama maiorpartedo backbones da Internet,redesde transmissão por saté-
seuterritório,masé cortadopelorio SãoFrancisco, ali- lite). Essasredespossuempapelcadavezmaisimpor-
mentadoa montantepela"caixa-d'água" de MinasGe- tante na estruturação do território de todosos países
rais,o quepermitenãosomenteumapotenteirrigação, do mundo,poissãovitaisao funcionamento da econo-
mastambémuma geraçãode energiaquasesuficiente mia e tornam-seum fator de localização tão importan-
paracobrir asnecessidades regionais.A construção de te quantoos transportesfísicose a disponibilidade de
umasériede usinashidroelétricas e de barragensregu- energia, e pelomenostãonecessário quantoa mão-de-
ladorasvalorizouessepotencial,masoslimitesjá foram obraqualificada.
atingidose,parao futuro,seránecessário recorrera ou- E maisclaroaindaqueemum Paísondeasdistân-
trasfontese a transferências. ciassãoenonnese asdisparidades econômicas e sociais
Linhasde altatensãotêm sidoconstruídas a partir tão fortes,a implantaçãode uma sucursalnasregiões
dausinaamazônica deTucuruí,o quepermitiumelhorar periféricasequivalefreqüentemente a uma implanta-
a distribuição daredenordestina. Ao mesmotempo,ou- çãonum paísestrangeiro, com os seusinconvenientes
tra linhade altatensãotemsido"puxada"na direçãoda (distância)e assuasvantagens (baixossalários). Em
Tfansamazônica, o quepermitiuestender parao oestea todososcasos, há necessidade de mantercontatofácil
redeinterconectada, simétricaà que avança,ano após e rápidocoma matriz.
ano,parao nortedo Mato Grosso. Evidentemente, cadatécnicarequerconfigurações
Na verdade,o grandedesafioé,valorizarospoten- diferentes,pot razõesligadasaofuncionamento decada
ciaisdo eixodo Araguaia-Tocantins, seguidogrossomo- um dossistemas, quenãotêm asmesmas possibilidades
do pelotraçadoda estradaBelém-Brasília. Foi parasa- nemasmesmas limitaçõese foramimplantados empe-
tisfazerasnecessidades do Nordestee,principalmente, ríodosdiferentes:por exemplo,a difusãopor satélite,
asnecessidades infinitamentemaioresdo Sudesteque muitopresentenaAmazônia,tema vantagem de cobrir
foi empreendida a construçãode uma sériede barra- vastassuperfícies comum mínimode implantações no
gense linhasde transmissão no eixoAraguaia-Tocan- solo.Mas,mesmonessedomínio,ondese pode dizerque
tins. Utilizandoos recursosdessesrios e os de seus as distânciase a noçãomesmode redesestãosendo
afluentes, quenãosãonegligenciáveis, esseeixoalimen- abolidas, constata-se que existem,do mesmomodo,ei-
tarálinhasquepartirãoparao leste($iretoparaSalva- xosfortes,favoráveis aosinvestimentos, e vaziosondeas
dor) e,semdúvida,em médioprazoparao oeste,para implantações seriamproblemáticas. Ainda nessecaso

Redes

231
enquadra-se o litoral, que permanece o eixo principal A Figura08-27mostraquatroexemplosentre as sete
do País,coma presença de todasasredes.Curiosamen- cadeiasmencionadas no PerfildosMunicípiosBrasilei-
te,o desenhodaredede fibrasópticas, por maismoder- rosdo IBGE:a maispresente emtodoo territóriona-
no que seja,reproduzo desenhodo mais antigodos cionalé a Globo,5.508 municípios deumtotalde5.407
meiosde transportebrasileiros, a cabotagem costeira. (98,17To) declararam recebê-la.Comessataxa,a Glo-
Os eixosnacionais são duplicados por redes internasaos bo atinge97,53"/o do território nacionale 99,387oda
Estados, e financiados por estes. população. As outrasredestêm taxasbemmenores. O
Por último,reencontra-se aqui a figuraobservada SBT,fundadoe dirigidopor SilvioSantos(quecome-
nosfluxosaéreos, no entantomaisforte ainda,dosfei- çoucomocamelôe estáhojeà testade um impériode
xesde linhasqueseestendem a partir de SãoPaulopa- mídia,tendo alteradomuito pouco seusmétodosde
ra cobrir o territórionacional,especialmente rumo ao venda,loterias,prêmiosde fidelidade)visatambémà
noroeste. O principaldeles,quesereencontra igualmen- coberturauniversal,e não estámuito distante:88%
te na redeelétrica,éo eixonorte-sulqueseguea estra- dosmunicípios,75o/" do território,masquase96%da
da Belém-Brasília, feixequefechao triânguloformado população, Os "vazios"da suacoberturaestãoprinci-
pelolitoral,indo diretoparaa Amazõniaoriental,e en- palmentenaAmazônia. A redeRecord,comprada pe-
globao principalespaço"yazio"ou mal servido,o Nor- lo "bispo"evangélico Macedo,fez a escolhade privile-
desteinterior.Mais a oeste,outraslinhasasseguram as giar,apósasregiõespovoadas do País,o Centro-Oeste.
ligaçõescom a Amazôniaocidental,quer seguindoas Essadecisão foi justificadaemtermosde rendimentos
estradasconstruídas nos anosde 1970,para Cuiabáe médiose maisaindaemtermosdeproselitismo, já que
PortoVelho,querindo diretoa Manause BoaVista,no essas regiõespioneirasoferecem um terrenofértil pa-
extremonorte do País.A infra-estruturados "tubos" ra as conversões Por último,a rede pública
religiosas.
atingeascapitaismaisafastadas. Restasabercomoa in- Educativa/ Cultura,que evidentemente não tem os
formaçãoque veiculamserá distribuídaa partir dos mesmosrecursosdosseusconcorrentes privados,co-
pontosdeacesso, ou seja,a capilaridade dasredeslocais, bre apenas42% dosmunicípiose somente25"/odo ter-
e a taxade coberturade cadaregião. ritório,masa escolha judiciosadasregiõesmaisdensas
Esteproblemada coberturavaletambémparaas lhe permitematingir7Lo/o da população. Algunscasos
redesdetelevisão, queseesforçam paralidar comasne- aparentemente estranhos, comoa coberturacompleta
cessidades contraditóriasde atingir o maior número do Cearáe asimplantações emzonasamazônicas bem
possívelde espectadores e de manterseuscustosos pouco povoadas,explicam-semuito provavelmente
maisbaixospossíveis. De acordocomseusobjetivose por ajudaspúblicas(Estadose municípios)à divulga-
osseusrecursos, essas redesseguem estratégiasdiferen- çãodessacadeiacultural.
tes:algumas procuramcobriro máximode território, Coma evoluçãodastécnicas, essasestratégiastal-
asoutrasconcentram-se naszonasdemaiordensidade. já
vez sejamobsoletas, pois novossuportesde difusão

A t las do B r as il

232
08-27.Gobertura do território pelas redes de televisão

Educativa/Cultura2.341
@ Zona coberta

Fonte: IBGE.Pedildos MunicíoiosBrcsìleios

dispensama infra-estruturapesada,hertzianaou de diferençasensívelé queestãomaisconcentradasainda,


satélite,de que as redesclássicas
precisam.Então,li- porqueo seupreço(umaassinatura é necessária)
asre-
wando-sedaslimitações, elaspossuemumalógicadelo- servaa clientelas quea televisãodemas-
maisreduzidas
calizaçãodiferente?Não pareceser o caso.A única sa,pagapelapublicidade.

Redes

233
9
CAPÍTULO

D
E DESIÜT]ALDAD
S
esmoo maisdistraídodos viajantesnão pode original),mostroubemqueno casodo Nordesteasde-
deixardeobservar: o Brasilé,pararetomaruma sigualdadesantigaqenraizadas e nuncareahnentecorri-
expressãobastantegasta(mas que era nova gidas,eramtão fortese tão prejudiciaisaosmaispobres
quandoRogerBastidea escolheu paratítulo de seuli- quesetornavamclaramente umainjustiça.Efetivamen-
vro,emL957),um "paísdecontrastes". Enquantoa "sel- te,a sociedadebrasileiratemconsciência disso,nãoape-
va de pedra"do centrode SãoPauloevocaManhattan, nasna referidaregião,mastambémno sul,ondediscur-
asaldeiasmiseráveis do Piaú e asimensas florestasde- sosmuito ambivalentes sobreos nordestinos recordam
sertasdo Anazonaslembrammaisasregiõesmaispo- estraúamenteaquelesqueoseuropeus fazemsobreos
bresdo Mali ou asselvasmaisinacessíveis de Bornéu. paísesaosuldo marMediterrâneo.A eleiçãodeumpre-
Essascomparações não serelacionamapenasàspaisa- sidentedaRepúblicanascidono Nordeste(quesecriou
gens,sãotambémválidasquantoaosníveisdedesenvol- e sempretrabalhoue lutou em SãoPaulo),LurtzInácio
vimento,pois existetal discrepânciaentre os níveisde Lula da Silva,alteraráas coisas?Não se saberiadizer
vidado centro-sul e asregiõesperiféricas do Nordestee hoje,mascabenotarqueum de seusprimeirosatosco-
Amazôniaque,àsvezes, pode-seduvidarde quesetra- mo presidentefoi, na segundasemanado mandato,le-
te de um únicopaís.As diferenças sãotão nítidas,e as vartodososseusministrosa ver depertoa situaçãocrí
relaçõesde subordinação tão fortes,que sepodedizer ticadessaregião.
queo Brasilé trm dosrarospaísesdo mundoa possuir Paracompreender essasdisparidades, a primeira
colôniasdentrode suasfronteiras;outrocasocompará- chaveé, evidentemente, o pesoda história:ocupadas e
vel era o da URSS,quehojeperdeuessasarticulações estruturadas em funçãode atividadeseconômicas di-
internase nãoexistemaiscomounidade. Nãosepreten- versas,durante"ciclos"distintos,asregiõesbrasileiras
deir demasiado longenaanalogia,mas é verdadequeas foram,por muito tempo,organizadas em baciasde ex-
diferenças de nívelde desenvolvimento dentrodo País portaçãoquaseautônomas. As disparidades que exis-
sãoextremamente forteg bemmaioresquena Europae tem entreelasrefletem,portanto,o desigualsucesso de
na Américado Norte ou que em qualqueroutro lugar suahistóriaeconômicaespecífica, e, enquantoo Nor-
naAméricaLaÍna. destenunca pôde realmentesuperaro declíniodas
Contudo,diferençanão significanecessariamente plantações de cana-de-açúcar,o Sudestesebeneficiou,
desigualdade, e qualquerdisparidade nãoé obrigatoria- apóso ciclo do café,do essencial do desenvolümento
menteuma injustiça.BernardBret (2000),apoiando-se industrial(Capítulo2).
sobrea Teoriada Justiçade JohnRawles(transpondoo Com a indústria,a históriaeconômicabrasileira
pensamento dessefilósofoparao terrenodasdesigual- mudoude ritmo,Aos ciclossucessivos substitui-se
a
dadese injustiças espaciais,o quenãoerao casona obra constituição de uma economianacionalnova,cujas

Atlas do Brasil

234
basesestãosituadasem uma só região,o Sudeste, e Desigualdadeseconômicas
mais particularmenteno eixo Rio de Janeiro-São
Paulo.O grandecontrasteque apareceopõeum cen- Paramostrarem queponto SãoPaulosedestaca
tro e uma periferia,o núcleodesenvolvido e o resto do restodo País,pode-seusaruma representação em
do País.Ora,as relaçõesentreo centroe a periferia terceiradimensão(Figura09-01):aotomarcomobaseo
tendem,no mundo inteiro, a se perpetuaÍeme se PIB dosEstados, SãoPauloconstituiumcasoà parte,si-
agravarem, poÍque o centro se beneficiada maior tuadomuito à frente dosEstadossubseqüentes, Rio de
partedosinvestimentos. É ondehá umamelhorren- Janeiroe MinasGerais.E o decréscimo progressivoda
tabilidade,graçasà melhorqualidadeda infra-estru- alturados"degraus"parao Oeste(napartesuperiorda
tura,à melhorqualificação damão-de-obra, à concen- imagem)e, sobretudo, parao Norte (à direitada ima-
traçãode fornecedores e de clientes.Desenvolvendo- gem),é expressivo dasdiferenças brutaisdepesoeconô-
semaisrapidamente, reclamae obtémmaioratenção mico entreessasunidades. O mesmogradienteencon-
dospoderespúblicos, atraioselementos maisdinâmi- tra-separaasmicrorregiões, comumasuperfície global-
cosdasoutrasregiões, seuscapitaise seusrecursos de menteinclinadado Sulparao Norte.Massurgecomcla-
qualquertipo. rezaa situaçãoprivilegiadadasgrandescidades, a maior
Instaura-se,por conseguinte, umasériede meca- partedelaspróximasdo litoral,queformampicosacen-
nismos auto-alimentados, sempre em benefício do tuados,tantono Nordestecomono centro-sul.
centro,nestecasoda regiãoSudeste, e emdetrimento Analisandoessasdisparidades em termosde seto-
dasoutrasregiões. As conseqüências geográficas des= reseconômicos, e usandoasdivisõesclássicas, mede-se
sesmecanismos econômicos sãomuito importantes:as a quepontoo Paísmudouem relaçãoà épocaem que
disparidades de nívelde desenvolvimento mantêm-se, suaprincipalbaseeraa exportação de produtosagríco-
com efeitossignificativossobrea demografia,as for- lase minérios,e mesmoem relaçãoà épocada suade-
mas das atividadesruraise urbanas,assistindo-se a colagemindustrial.Um dossetoresquemaispesamna
uma integraçãonacionalem benefíciodo centroque, economiaé o de serviços, comomostrao mapadaFigu-
em vez de provocaruma diminuiçãodos desequilí- ra 09-02,no qualseconservou a mesmaescalaparare-
brios,reforça-os. presentarde maneiracomparável os PIBs dossetores
Paralelamente à expansãode uma economia agropecuário,industrial,de comércioe serviços. No se-
realmente nacional, e nãomaisde baseregional,o ho- toÍ agropecuário, destacam-se as regiõesda cana-de-
rtzontegeográficodosatoreseconômicos tornou-seo açúcardo Nordeste, a do cacau,algumasregiõesdo Pa-
conjuntodo território.Os novosmeiostécnicosde rá e asregiõesde agriculturafamitar modernizada do
transportes(construçãode estradase de veículos), Sul,Porém,a principalconcentração estásituadano
energia(linhasde altatensão),telecomunicações (te- norte do Estadode SãoPauloe no TiiânguloMineiro,
lefone,transmissão de dados,internet)contribuem regiõesondeo setoragroindustrial é maispotentee
para diminuiros efeitosda distância. Mesmoo que organizado. Paraos serviços, hoje o setormaisimpor-
permanece aindadependente daintervenção do Esta- tante da economiabrasileira,o domínioda cidadede
do no domínioeconômico (infra-estrutura,concessão SãoPauloé esmagador, e é nitidamenteumadascha-
de serviçosaIé há pouco tempo públicos,políticas vesde sua potência e desuainfluência.O Rio deJanei-
agrícolase industriais)tambémparticipado fenôme- ro não é muito distante,seguidopelasoutrascapitais.
no, porquepermitedrenaros recursos, organizaros E maisumavez,é apenasno Sudeste - e emmenores-
fluxos,unificaros mercados de todo o País:
o ciclodos calano Sul- que se encontraum tecidodensode pe-
crescimentos regionaissucessivos encerrou-se e não quenase médiascidades, intermediárias em relaçãoàs
há comoa dominação do Sudeste possasercolocada metrópoles.A situaçãoé sensivelmente a mesmana in-
em questão. dústria,cujo pesoeconômicoé hoje menor que o de

Disparidades e desigualdades

235
0S-0ï. PIE dos ËsÉadçse c=ricrorregi6*s

Fonte: IBGE,contas r_egionais


do Brasil1985-1997 @ IíÍ2003 MGM-Líbergéo

serviçose o do comércio.A diferençaprincipalestá Reflexodessas diferençasde PIB (poissuarecei-


apenas setorindustrial:SãoPaulosedistanciacla-
no ta principalé o impostosobrea circulaçãodasmerca-
ramentedo Rio deJaneiro.Seasduasmetrópoles são doriase osserviços - ICMS),osorçamentos dosEsta-
maisou menosiguaisquantoao comércio,a relação dos são extremamente diferentes.
Analisando-osem
entreelasé de 1,4paraL paraos serviços,
e de 2 para um períodode cincoanos(Figura09-03),para distin-
L na indústria. guira tendência defundodeconjunturas excepcionais,

Atlas do Brasil

236
09-02.PIB por setor econômico

PIB dos serviços


(milhôes
ds r6aisem 1997)

Fonte: IBGE,contas Íegionaisdo Brasil 1985-1997

reencontra-seuma hierarquiabem estabelecida. Na grandesEstadosdo Sul,pelaBahiae peloDistrito Fe-


vanguarda,naturalmente,estáSão Paulo,distante de deral.Atrás,comresultadosbemmenorese,por conse-
todososoutros.Após,emordemdecrescente, osoutros guinte,comrelevosmenosacentuados na figura,estão
"gÍandes"Estadosdo Sudeste,Rio de Janeiroe Minas ospequenos Estadosdo Sul e Sudeste(SantaCatarina
Gerais.O Amazonasencontra-se logo após,graçasa e EspíritoSanto),e os Estadosdo Nordeste,Centro-
um ano fora dospadrões- 2000-, seguidopelosdois Oestee Amazônia,trêsdesses a hierarquia.
encerrando

Disparidades e desigualdades

237
#*s ãsËados
S9-03. ffinçan'aee=€*s

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Fonte:BancoCentral,2002

Entre eles,osdoisquetentaramexperiências de desen- Municípios(FPM),um fundo de equalização nacional


volvimentosustentável originais(Amapáe Acre),pre- quepermiteaosmunicípios maispobresreceberfundos
judicadas pelafraqueza do orçamentodo Estado.Será retiradosdosmaisricos.Confrontando essesdadoscom
causaou conseqüência? Escolheramessecaminhopor- osdosmunicípios vizinhos(também como forma deevi-
que sãoperiféricos(e dotadosaindade um ambiente tar os casosaberrantes, destavezno espaçoe nãono
florestalquaseintacto)ou fizeramda suanecessidade tempo),podem-se construirduasimagens (Figura09-04)
umavirtude?Pode-se imaginaro queteria ocorridose praticamente complementares.
osEstadosmaisricostivessemseguidoo mesmocami- A primeiradestacaa maior parte do Nordeste
nho,commaisdificuldades, mastambémmaiorespossi- (comexceções no Cearáe no Maranhão) e o Tocantins,
bilidadesde sucesso. maisalgumas regiões deRondônia, Goiás,Acre e Ama-
A análisedasfinanças dosmunicípiosé umama- pá, onde os municípiosdependempesadamente das
neira de medir sua maior ou menorindependência, transferênciasdo FPM,compercentuais queseaproxi-
principaÌmente pela identificaçãodas contribuições mam,em algumas regiões,de 100%dasreceitas.
nasreceitas municipais tantodosrecursosprópriosco- A outramostraosmunicípios maisautônomos, on-
mo dastransferências do Fundode Participação dos de a participaçãodas receitas
transferidas
é maisbaixa,

A t las do B r as il

238
e asreceitaslocais,maiselevadas. Distin- 09-04.As finanças municipais
guem-se quasetodoo centro-suldo Paíse
as suasextensões para o Centro-Oeste,
particularmenteum bloco centradono
oestedo Estadode SãoPaulo,Tiiângulo
Mineiro,sul de Goiáse lestede Mato
Grossoe Mato Grossodo Sul.E o coração
do BrasilruraÌ moderno,o principalfoco
da criaçãode gado bovino,da cana-de-
açícar,docafée da soja.Semdúvida,essa
correlação nãoé fortuita,umsólidodesen-
volvimentorural contribui mais para a
saúdedasfinançasmunicipaisque a po-
btezadaperiferia, ou mesmoquea econo-
mia industrialdo centrourbanizado,onde
um pequenonúmerode firmas estáem
posiçãode força em relaçãoaospoderes
municipais. Essacorrelação funcionabem
em escalanacional,mastambémnasre-
giõesSudestee Sul,onde as zonasmais
claras correspondem quer às grandes
áreasmetropolitanas, quer àsregiõesme-
nosdesenvolvidas dasduasregiões(Espí-
rito Santo,norte de MinasGerais,centro
do Paraná,Suldo Rio Grandedo Sul).
Essaanálise,elaborada combaseem
um indicadoraparentemente muitoespe-
cífico,coincidecomo quesesabedosní
veisde desenvolvimento regionaldo País.
Coincidebem com resultadosobtidos
usandoíndicessintéticos,quesupõemnu-
merosas medidas,ponderadas e cÍuzadas,
É o caso,por exemplo, do Índicede De-
senvolvimento Econômico(IDE), publi-
Receitasper capita
cado pelo consórcioBrasiliana, encarre- (Reais)

gadopeloBancoNacionaldeDesenvolvi- 1412

mentoEconômicoe Social(BNDES) de
Média estatísticacom os
definirosEixosNacionaisdeIntegração e municÍpiosvizinhos
Desenvolvimento (Enid). A imagem
produzidamapeando osdadosmunicipais 0 500km
(Figura09-05)confirmaos mesmospon- 0 @Hr-2003MGM-Libergéo

tos fortes (um bloco situadoao sul do FONTE;


IBGE,BIM
TiiânguloMineiro,com prolongamentos

Disparidades e desigualdades

239
09-G5.índÊcede desergvolvirxentceconêmicc

Índicede desenvolvimento
econômicoem 1996

ffi Se. infoÍmação 0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

Fonte:INGEO,ConsórcìoBrasiliana

no Centro-Oeste,em zonasvalorizadaspeloscolonos dinâmicoscomoPetrolina-Juazeiro) e a Amazômaocr-


vindosdo Sul),e as mesmaszonasfracasque aquela dentalou setentrional.
definidaspelasfinançasmunicipais(norte de Minas Outramaneirade medir o nívelde riquezadas
Gerais, suldo Rio Grandedo Sul).E
centrodo Paraná, regiõesé focaluaro equipamento infor-
dosdomicílios,
aszonasondeo índiceé o maisbaixosão,maisuma maçãodisponível no censodemográfico, Umasériede
vez,o Nordeste(à exceçãodascapitaise algunsfocos quatromapasrepresenta o nívelde equipamento das

At las do B r as il

240
09-06.Equipamentosdos domicílios

ïelefone

7ocom uma linha


Íixa ou mais

o____j99k.
@ t+l-2003 MGM-Lìberyéo

7ocom um televisoÍ
em cores ou mats % com um freezer
76,3 ol,o
60,9
I 37,7
,13,5 ã 15,7
32,1 Ë 8,3
tnâ ffi
@ rz,g ffi 1.2
q____gqkm 0-____q99
k.
6.1 E 0,0
@HT2o03
McM+iberyéo @IIr-2003McM-Liberyéo
Fontê:IBGEMicrodados,
CensoDemográfìco
1991

famfliasbrasileiras. (telefone,automóvel
Tiêselementos emrelaçãonítidacomosníveisderenda;contudo,pode
e televisão)mostramsensivelmentea mesmadistribui- sertambém,àsvezes,umageografiacultural,cujascau-
çãogeográfica, enquantoum qüarto(congelador)reve- sasdeterminantessãomenosclaras.
la outra,bem diferente.A geografiado equipamento Essesbensforamescolhidosemumalongalistaon-
dasfamíliasé principaknente
umageografiaeconômica, defiguravamoutrosobjetos(rádio,televisãoempretoe

Disparìdades e desigualdades

241
ü9-*7. Equipamentes dos donrãcíliosno Ëstada de Sêo Fçule

% de domicíliosequioados % de domicÍliosdisoondo
com um Íelefone ou mais de um automóvel ou mais
58,0 Número de domicíliosequipados 62,4 Número de domicíliosdispondo
com um tel€foneou mâis de um automóvelou mais
33,6 44,3
22.9 882 009 1 054 216
35,5
E .r,, 220 51o ã ,n,'' 263596
o-..------lgg km 0 100km
E ,.u 3920
iluo
@ttF2ols MGM-Lìbeígéo @ H12003 McM-Libergéo

% de domicílios equipados % d6 dom i c íl i osequi pados


com uma televisão ou mais com um freezerou mais
89,0 Número de domicíliosequipados 42,2 Número de domicíliosequipados
com uma tel€visãoou mais c om um c ongel adorou m ai s
69,9 23,4
57,0 421055
175
n,," ffi .,.,, 105269
o-______lq
k. 0 100km
" 12.1 J ,., 1471
@ Í{f-2003 MGM-Líbeeéo @ Hr-2003 MGM-Libeígéo

Fontei IBGE Microdados,Censo Demográficode 1991

branco,máquinade lavar roupa,aspiradoretc.)e que elevadas de equipamentos (maisde três automóveis,


Íegistravaa quantidade (um ou vários
de equipamentos por exemplo),o númerode domicíliostornava-semui-
automóveis, televisões,
linhasdetelefone).Optou-sepor to baixo,sejaporquea distribuição
serepete.De fato,
nãomultiplicarosmapas, sejaporqueparaastaxasmais aparecemapenasduas.A do telefone,do automóvele

A t las do B r as i l

242
ËeËe€#mce*
d* eqaeãp*reeecaË*
#5-##=ffiveÊ*açË**

o.--jq kt
@HI-2003 MGM-Libergéo

Proqressão dos telefones '


celu-iares enÌre 1997 e 2000
\vo) , Número
I 278,6
de telefones
celularesem
I 137,7 2000 (milharês)
@ 97,4
ffi 63,6
E 31,4
ú 30.7 @ Hï-2003 ÌüGM-Libergéo

- Anatel
Fonte:AgênciaNaclonaldeTelecomunicaçÓes
1997
do Brasil'Telebrás
Fonte;AnuárioEstatistico

acrescentarBrasflia'Não
outrosequipamentos'1 conjuntoao qualé necessário
da televisão(seriaidênticapara é surpreendente sublinhadoe confirmado
reencontrar,
globalmente
JOt.u, dentro do conjuntoSul-Sudeste' et- de nívelde vida'o principaleixo
oo, ,rr", indicadores
e queo Norte'lm
."ttt- equipadoqueo Nordeste ã"'ã.t.*"rvimento do Brasil'
que os brasileiros'
;;;Ë;o queuai de SantosaoTÏiânguloMineiro'
DisParidades e desigualdades

243
grandesamadores de carnee de metáforascarnívoras, de1977a1997,oparquedelinhastelefônicas instaladas
chamamo "filé-mignon"do País. passoude4 milhõespara2Omilhões,principalmente em
A distribuiçãodoscongeladores é diferentee so- benefíciodo centro-sul:
SãoPauloprogrediude 1,4mi-
mentesereproduz, comalgumas variações,paraumúni- lhõespara6,2milhõesde linhasinstaladas.
Desdea pri-
cooutroequipamento, o rádio.A regiãodeconcentração vatização,em 1997,a difusãoseaceleroumaisainda,e,
principaldesseindicadoré uma zonaao noÍe do Rio atualmente,há quase39milhõesde linhasinstaladas.
Grandedo Sule a oestede SantaCatarina, cujacaracte- As disparidades
econômicas sãofortes,comotodos
útica principalé a fortepresença dedescendentes deco- osíndicesprovam.Resultamde umahistóriade desen-
Ionoseuropeug chegados no séculoXIX. Pode-se supor, volvimentodesigual,e,constantemente,
sãoalimentadas
recorrendo a essaorigem,hábitos deconsumo diferenteg por mecanismos bemconhecidos, quenãoconstituiriam
dosquaisfariampartealimentos congelados na épocade emsi injustiçasenãofossemacompanhados de profun-
farturaparausofuturo,sejalegumes dojardimou carnes dasdesigualdades sociais.
dospequenos animaigparticúarmente numerosos nesta
região?Em todocaso,essefatorculturalparecesercon-
Desigualdades
sociais
firmadopelaszonasondeesseequipamento estápresen-
te commaiorfreqüência sem,no entanto,atingirosmes- O Programa dasNações Unidasparao Desenvol-
mosníveis:desenham um eixoparao noroeste, precisa- vimento(PNUD) publicaregularmente para todosos
menteaqueleao longodo qualgaúchose paÍanaenses paísesdo mundoo Índicede Desenvolvimento Huma-
progridemparaasterrasnovasdo Centro-Oeste e Ama- no (IDH), calculadode forma a levarem contaele-
zônia.E o "branco"queinterrompeesseeixono nortedo mentosque o PNB não permitiria apreender,como
Paraná,notoriamente sob influênciapaulista,pode ser educação ou saúde.Em setembro de 1998foi publica-
maisumaconfirmaçãodessainterpretação. do (emCD-ROM)um trabalhosimilar,realizado pela
Em escala regional, a distribuiçãodosequipamentos FundaçãoJoãoPinheiro,de Belo Horizonte,paÍa to-
indicaoutrasclivagens: no EstadodeSãoPaulo,opõem- dos os municípiosbrasileiros,para os anosde 1970,
seclaramente cidadee campo.O predomínioda capital 1980e 1991(datadostrêsúltimoscensos).F;m2002,o
é esmagador, tanto em númerode famíliasequipadas mesmotrabalhofoi refeito pelo Ipea,tomandocomo
comoem taxasde equipamento, e deixalugarsomente baseo ano2000.
paraumasériede cidadesmédias, escalonadasao longo O mapaconstruídoa partir do IDH , em escala
dasestradasde penetração no interior,sucessoras das municipalparao ano2000(Figura09-09),mostracla-
viasférreasconstruídas na épocada frentedo café.A ramentea predominância do centro-sul,mas,sobretu-
capitalestáatrasadaem relaçãoao interior apenas do, as potentesdinâmicasterritoriaisque estãoocor-
quantoaosautomóveis. Issoé compreensível quandose rendono País,porquecertasregiõesconheceram úti-
conhecea dificuldadede circulaçãoem SãoPaulo,en- dosprogressos emrelaçãoa 1998,enquantooutrases-
quantoostransportes coletivos, apesardetodosseusde- tagnaram. Entre as que progrediÍam, o avançomais
feitos,conduzema cadadia milhõesde pessoas, Tam- notávelé o do Centro-Oeste, e maisparticularmente
bémaqú o equipamento quantoa congeladores é a ex- do Mato Grosso, ondea chegada de colonosvindosdo
ceção;o usodelespaÍecemaisfreqüentenaspequenas Sulfezprogredirsensivelmente o IDH dosmunicípios
cidades,onde,evidentemente, é maisfácilobterlegumes ondese instalaram. Algunsentreelespuderamenri-
e carnesa seremcongelados emcasa. quecer,ou,pelomenos,tornaram-se osmaisricosha-
Entre os equipamentos do domicílio,o telefone bitantesdessas regiõespioneiras, os maiseducados e
mereceuma análisemaisdetalhada,porqueaindahá os quetêm asmelhorespossibilidades de sobrevivên-
poucotempoera relativamente raro e, em conseqüên- cia,todosesses elementos queconstituem o IDH. De
cia,reveladordasdesigualdades sociais.Em vinteanos, fato,tudosepassacomosetransportassem consigoos

At las do B r as il

244
09-G9.!ndãeede desenvolvimento humano

IDHe m 2000

24,8'tto

Sem inÍormação
L--J (6sy65municípios)
--- 500 km

@ HT-2003MGM-Libêtgëo

FonÌe:
lpea

seusíndiceselevados, mantendonasregiõespioneiras no blocoSul-Sudeste.


A exceção delas,asregiõesde-
ondeseinstalamos comportamentos sanitários,
esco- primidaspermanecem na altaAmazônia(assuaspar-
larese culturaisde suasregiõesde origem.Ao contrá- tessetentrional
e ocidental)e no Nordeste,separados
rio.notam-seosmausresultados do centrodo Paranáe por uma cunhaque progrideparao Norte,marcada
do sulde SãoPaulo,queconstituemasúnicasexceções progressãodos eixosde modernização econômicae

Disparidades e desigualdades

245
*S-G#.#v*ãaxçê*d* Ë#Fã social (pelo menos os que fazem parte do
IDH), já evidenteno Mato Grosso e tam-
bém bastantesensívelno Pará.em Rorai-
ma e no Amapá.
Além dessafotografia instantânea,ao
analisara dinâmicado IDH no tempo,cons-
tatam-semovimentosdiÍerentes.Entre 1970
e 1991.,as regiõesque conheceramos mais
acentuados progressos do IDH sãoprecisa-
mente aquelas marcadas pela moderniza-
ção agrícola (oestede São Paulo,Triângulo
Mineiro, sul do Goiás) e pela progressão
dasfrentes pioneiras(eixo da Belém-Brasí-
lia e Rondônia). Durante essepeíodo o
Nordesteestagnou,com exceçãode suasca-
pitais e de pequenasregiõesno interior de
Pernambucoe o conjunto Ceará-Rio Gran-
12,51% de do Norte, que se destacambem, embora
tenha sido feita uma média entre cada mu-
nicípio e seusvizinhos,para minimuar fenõ-
menospuramentelocais.
Em contrapartida, no período 1991-
2000,é claramenteo Nordeste que progre-
diu; a ruptura de tendênciaé evidentee me-
rece ser sublinhada.A progressãoé mais fá-
cil, do ponto de vista meramentearitmético,
naturalmente,a partir de níveis baixos do
que se eles forem elevados,como os do Sul
e do Sudeste.Isso indica que se o Nordeste
sofre de importantesdéficits sociaisque jus-
tificam amplamenteuma vigorosa ação go-
vernamental,já existe um movimento ini-
cial de correção,engajadonos dois manda-
Evoluçãodo IDH tos de FernandoHenrique Cardoso,que fa-
1991-2000 cilita esseinvestimento e deve darlhe efei-
tos sensíveisa curto e médio prazo.
Como os mapas de PIB e de renda
mostram que do ponto de vista econômicoe
Sem informação**u
(municipiosnovos): financeiro o Nordeste está ainda muito
0-_ jE k. aquém de outras regiões,a progressãodo
@ HT-2003McM-Libergéo
IDH no último período deve-se,provavel-
F o n te :P NU D,l p e a 2 OO2
mente, a progressosobtidos no plano so-
cial, sobretudoem matéria de educação,um

A t las do B r as il

246
üg-11.Al€ahetËzação

96 96
90 90
80 80
fl ro É ro
E^ ^ OU úuo
ffiso E uo
ffi+ o €oo
0 500 km 0 500 km
Iss r35

DesvÌo entre
o anal Íabeti smo
dos homense o
Analfabetos das mul heres
(v.) f/al
+'12,6
+4,3
E
- 0,0
m - 7t
@ - 10,2
I - 17,1
0- __jE km 0 500 km
I - 23.4
@ tI-2003 McM-Libergéo @ HT-2003MGM-Lìberyéo

Fonte: IBGE,CensoDemográfico2OOO

fator que pesafortementena confecção


do índice.Es- Os mapasda alfabetização (Fi-
e do analfabetismo
forçosimportantesforamfeitosnessecampo,o queex- gura09-i1)mostramalgumas dessas margens e sugerem
plica,emparte,osprogressos maspermane-
observados, pistasde ação.O nívelde alfabetaação é aindabemdife-
ce aindamuito a fazere,por conseguinte,
ìmportantes renteentreasregiõesdo País e entreoshomense asmu-
margensde avanço. lheres:enquantono centro-sul e seusprolongamentosno

Disparidades e desigualdades

247
m$-ïffi.
Aff€*fue€ãemdms
e mmeã€afuetmm Centro-Oeste excedesempre70o/",ot
ex'm
LwmdnEscc {Faraná} mesmo80%,no Nordeste (foradascapi-
tais) e na alta Amazôniacai abaixode
50%.Osmapasde gênerodeixamcons-
tataÍ que as mulheresestãosempreem
níveisinferiores.
Os mapasdo analfabetismo mos-
tram queo conjuntodo Norte-Nordeste
é fortementemarcadopor essefenôme-
no.Pode-se dizerqueessarealidadeé in-
dignado nívelde desenvolvimento atin-
gido pelo Brasilem outroscampos. Eo
casodo Nordeste é aindamaisgraveque
Taxa de
alfabetizaçáo o da alta Amazônia,porqueos efetivos
humanossão bem mais importantes:
uma boa parteda regiãocontavaainda
com 40Yode analfabetos em 2000.Em
geral,o analfabetismo dasmulheresé su-
,ii,-r-l*1, perioraodoshomenginfelizmenteumfe-
A7L-,, -ri nômenomuitofreqüente, nãosomente no
U 5KM

@ HT-2003 MGM-Libergéo Brasil.Masnota-sequenasregiõesmais


atingidasé o inverso,uma característica
quedeveriaorientara açãofuturadospo-
derespúblicos,porque será necessário
prevernessasregiõestemase suportes
queconsiderem essaespecificidade.
O analfabetismo nãoserefereape-
nas às regiõesmenosdesenvolvidas,
Mesmonasmaisavançadas, comoo Sul,
suadistribuição nãoé aleatória,masobe-
dece,emoutrosníveise escalaü àsestru-
turas centro-periferia,como mostra o
exemplode Londrina (Paraná).Os ní
veisde alfabetização do centrodacidade
sãomuito elevados (maisde 95%),en-
quantona periferiasãoclaramente infe-
riores,emboraaltos(entre70% e 90%)
secomparados aosdo Nordeste. Osanal-
Analfabetos fabetosnãoestãoausentes dessacidade,
ta a
-;ó6 eles vivem nos bairros periféricosdo
1
norte,constituídos deloteamentos popu-
FonÌ€:IBGE,CensoDemográfìco
2000- Agregadospor SetorCênsitário
larese invasões, mastambémno sul,on-
de a imbricaçãode setoressociaisdife-

Atlas do Brasil

248
renciados é maisforte.Duasfavelas, assi- CIg-13.iluraçãc dos estudçs
naladas aquipelonúmerode analfabetos,
delimitamo eixoondesedesenvolvem lo-
teamentosfechados, temáticos, que privi-
legiamcamposde golfe,de tênise umpar-
que,próximosde shoppingcentersisua
distribuiçãoé um bomindicadorde uma
geografiasocialemplenaevolução. o
AIém da simplesdicotomiaentreal-
fabetizados e analfabetos,o tempode es-
tudosé outrobomindicador dasdesigual-
dadesentreaspessoas, porquesabe-se que
temumarepercussão diretasobrea renda.
O censodemográfico dá uma indicação Anos de estudo
originalsobreesseassunto,totalizando por pessoa
paracadaum dosmunicípios (emseguida
agregados por microrregiãona Figura09-
13)o númerodeanosdeestudo- a contar
da entradana escolaelementar - quetêm
os seushabitantes: a distribuiçãodesse 0_ _jEk-
"capitalescolar"reflete- e explicaem @ HT2003 MGM-Lìbèrgéo

parte- a do capitaleconômico e financei-


ro,coma mesmapredominância dasgran-
des metrópolese capitaisdos Estados.
Com exceção do Sul e Sudeste, em que
umasériedecidades tem
médias compor-
tamentosimilar,o bomnívelde formação
dos seushabitantes não é a menordas
vantagens comparativas.
A distinçãoentrehomense mulhe-
res apresentada acimaparaa alfabetiza-
ção funciona também, e de maneiramais
discriminatóriaainda,comrelaçãoao pe- Diferençaentre o número
ríodo de estudo:um mapaconstruídoa d e a n o s d e estudodos
h o m e n se odasmul heres
partirda diferençade anosde estudoen-
tre os sexoscortaclaramente o Paísem
dois:ao sul de umalinhaMato Grosso-
EspíritoSanto, oshomens têmmaistempo
de estudo,ao nortesãoasmulheresque
freqüentammaistempoos bancosda es-
cola.Comoessarepartiçãoqueopõe,de
um lado,o sul desenvolvido e seusnovos Fonte:IBGE,CensoDemogéfico2OO0
anexosdo Centro-Oeste, e do outro as

Disparidades e desigualdades

249
**==&.ffiç*=ê+ese*E=r

ê
a

Proporção dos Proporção dos


@
a l u n o s d o E n si n o al unos oo
Jil
Fundamenta I Ens i no M édi o
n o to ta l d o s a l u n os no total dos al unos
100,0
I e1e
E
Alunos do
ffi Fundam entaI
I::l
/o,c
;' \-- Al unos do
70,6 2 086 650 Ens i noM édi o
E 65,2 747.129
445169 7__\
E 0- 199k-
'l 150.626ta)/
@ HT-2AA3 MGM Ltbergeo
'r 500 1 500

\-r'
'+l
\ \- /ì

à
Relaçãoentreo .) 'È é Relaçáo entre o
n ú m e r od e a l u n o s núm er o de al unos
d o sE n s i n o s dos egundoeopr i m ei r o
F u n d am e n t a l c i c l o do Ens i no
e M é d i o( % ) F undam ental ( % )

98,6
11,4

Sem inÍormaçáo;--1 44,7 Sem Informação f---l


(municípios
novos) - 24,5 (municípios
novos) "
roo 0-_ !E k-
0- jE k.
- u,/ @HT2003
MGM-Dbergéa O HT2003MGtvl-Libergea
Fonte:Ministérioda Educaçáo,
CensoEscolar2000

regiõessubdesenvolvidas do Norte e Nordestereapare- Outros indicadoresreforçamessaoposição,como


ce muito freqüentemente,não se pode deixar de supor a evasãoescolar(Figura 09-14).Pode-seter uma idéia
que a diferençade escolaridadeentre os sexossejauma aproximada dessa diferença comparando o número
dascausasou uma dasconseqüências do nível de desen- efetivo de alunospresentesno Ensino Fundamentale
Yolvimentodesisual. no Ensino Médio: enquanto no Sul e no Sudesteos

Atlas do Brasil

250
percentuaissãofracos,o que indicaque &S-€5=fls€GdosÇãii'Cms,
estar#*s $*mçes
um bomnúmerodealunosfreqüentao Ní-
vel Médio,no Nordeste,e maisaindano
Nordesteinterior,os índicesrevelames-
magadorpredomíniodo ciclo elementar.
O mapadosefetivosdo ciclomédiocon-
firma a suaconcentração nascapitaise no
sul,e aqueleque estabelece a relaçãoen-
tre o númerode alunospresentes nosdois
ciclosmostra,peloseuparentesco estreito
com os outros mapasde níveisde desen-
volvimento,que essecritério é, efetiva-
mente,um indicadorrelevantee um obje- Proporção das pessoas
tivo a atingir.Sabe-se,por outrasexpe- sem instruçáo ou
com menos de um
riências,queo acesso dosjovens,e sobre- ano de estudo (%)

tudodosadolescentes, ao EnsinoMédioé
umadaschavesdo desenvolvimento. A re-
Númerode pessoas
laçãoentreo númerode alunospresentes sem instruçãoou
nos doisníveisassinalaas regiõesdesen- com menosoe um
ano de estudo
volvidas,emespecial o EstadodeSãoPau-
225.585
lo. Em outrostermos,quantomaioro nú- 45.805
7-\
t7ì
merode criançasque vão alémdosestu- 1000 -:èó//
'
doselementares e continuama suaescola-
ridade,maiores sãoaspossibilidades deas
regiões sedesenvolverem.
A variáveleducativaé umadasprin-
cipaischavesparaexplicaro subdesenvol-
vimentopersistentedo Nordestee do
Norte.Issoapaïece aoseanalisarem asres-
postasdadaspelosresponsáveís de domi
cíliosà perguntasobreo seunível de for-
mação,no censodemográfico de 2000,to-
mandocomoreferênciaos doisextremos Proporçãodas pessoas
da escala. O númeroe a proporçãodos com mestradoou
doutorado(%)
quenuncafreqüentaram a escola,ou quea
freqüentaram menosde um ano,destaca
de maneirabrutal o Nordeste,tanto em
Número de Dessoas com
númeroabsolutos(dimensãode círculos) mestrado ou doutorado
comoemproporção(cordoscírculos). No 38 009
E oo,
outroextremo,a concentração daspessoas 0-_ _ !99 k- 7.126
E ooo
quechegaram aoníveldemestradoe dou- @ HT-2003MGM-Libergéo 100

toradonasgrandescapitais,e particular- Fonte;Minrstérioda Educacão.


CensoEscolar2000
menteno Rio de Janeiroe em SãoPaulo,

Disparidades e desìgualdades

251
São Paulo 521 Sã o Pa u lo 393 SãoPaulo 216 S áo P aul o 66 S ão P aul o 21
Riode Janeiro 230 Rio d e Ja n e ìr o 158 Riode Janeiro 95 R i o de Janei ro 39 R .o de Janerro 1
R i o G r a n d ed o S u l 1 4 9 M in a s Ge r a is 106 MinasGerais 53 Mi nas Gerai s 16 Mi nas Gerai s 6
Minas Gerais 1 4 4 Rio Gr a n d ed o Su l 1O2 RioGrandedo Sul 51 R i o Grandedo S ul 9 R i o Grandedo S ul 5
Paraná 47 Pernambuco '19 D i stri toFederal 7 D i stri toFederal 2
Paraná 90
Pernambuco 62 Pe r n a m b u co 43 DistritoFederal 15 S antaC atari na 5 P ernambuco 1
D i s t r i t oF e d e r a l 48 Distr itoF e d e r a l 35 Paraná 14 P ernambuco 4 S antaC atari na 1
S a n t aC a t a r i n a 4l Sa n Ía Ca ta r in a 29 SantaCatarina 13 C eará 1
Bahia 4 3 Ce a r á 24 Bahia 9 P araíba 1
-7
41 Ba h ia 20 Ceará Paraná 1
Paraíba 32 Pa r a íb a 19 Paraíba 7
RioGrande
28 Pa r á 13 Pará 4
do Norte
Rio Gr a n d e RioG r a n d e
Pará 24 13 4
do Norte do Norte
Goiás 21 Go iá s 8 Amazonas 2
Amazonas 13 Esp ír itoSa n to 7 EspíritoSanto 2
E s p í r i t oS a n t o 13 Am a zo n a s 4 Maranháo 1
Mato Grosso
12 Alagoas 3
do Sul
Alagoas Maranhão 2
l\,4atoGrosso
Maranhão 6 2
d o Su l
Mato Grosso 4 M a to Gr o sso 1
4 Se r g lp e 1
PiauÍ 3
Rondônia 1

é, ao mesmotempo,causae conseqüência do seudesen- A primeira é baseadanos dadosdo Centro Nacional da


volvimento em matéria econômicae social.Além disso, PesquisaCientífica(CNPq) e mostrao diplomamaisele-
nota-seque somenteno Sudestee no Sul há concentra- vado obtido pelos pesquisadores, indicando que não so-
çõesdessaspessoasqualificadasem cidadesdo interior, mente são muito mais numerosos,mas também muito
um fato que é, uma vez mais,causae conseqüência do maisqualificados(elevadaproporçãode titularesde dou-
crescimentoeconômicoe socialque o interior de São torado) no Sudeste,sobretudono Estado de SãoPaulo.
Pauloconheceu, por exemplo.No Nordeste,essadisper- A habilitaçãopara realizarmestradose doutora-
são é praticamenteinexistente,à exceçãode Campina dos é periodicamentereexaminadapela Capes(Comis-
Grande,cujossucessos recentesestão,em boa parte,Ii- sãode Aperfeiçoamentodo EnsinoSuperior),do Minis-
gadosà presençae à atividadede suauniversidade. tério da Educação,que dá a cadaprogramade formação
Avançandoainda na escalade qualificaçõese tí uma nota de 3 a7, com baseem critériosqualitativose
tulos universitários,pode-se verificar a distribuição quantitativos do nível científico do programa. O Qua-
dos pesquisadores e dos centrosde formaçãohabilita- dro 09-01e o mapamostrama que ponto SãoPaulodo-
dos a realizar mestradose doutorados(Figura 09-16). mina o panoramabrasileiro:com mais de 40o/oem todas

A t las do B r as il

252
ascategorias e maisda metadedosprogra- e doutores
09-16.Fesquisadores
mascoma notamáxima,SãoPaulosedes-
tacaem todosos indicadores, bemà frente
do Rio de Janeiro. Esselongocaminhoper-
corrido contoucom um grupo de jovens
professores franceses,do qual faziamparte
ClaudeLévi-Strauss, FernandBraudel,Ro-
ger Bastidee PierreMonbeig,que contri-
buiu,nos anosde 1930,paraa criaçãoda
Universidade de SãoPaulo.
Descendo dasalturasdapesquisa para
analisarindicadoresmenossofisticados, e
maissinistros, pode-se,paraconcluira aná-
lise dessasérie,observarrapidamenteum
ramoquemereceriamaior aprofundamen-
to:a geografia da saúdee dadoença. O Bra-
sil dispõede dadosde qualidadenessecam-
po,e outroscientistas ostêmexploradocom
sucesso.Vamos nossatisfazercomum breve
exameque permitareforçara análisedas
desigualdades, aindamaissensívelporque
se trata da saúdedoshabitantese, literal- Fonte:CNPq2002
mente,de questões de vidae de morte.
Comojá sepressentia no mapada es-
perançade vida (Figura 04-07),a situação
sanitáriadas regiõesperiféricasé nitida-
mentepior que a do centro.Do ponto de
ústa sanitárioe médicosãodoismundosdi-
ferentes.O mapade causasde falecimento
(Figura09-77),que apresentaduascausas
selecionadas entre dezenas, mostraque o
Brasil justapõe situaçõesmuito diferentes.
As doenças do aparelhocirculatóriosão,da
mesmamaneiraque nospaísesindustriali-
Número de mestrados
zados,uma dasprincipaiscausasde faleci- e doutorados em cada
mentos(poderepresentar atéa metade)nas categoriada classificaçáo
da CaDes
grandesmetrópolese nascapitais. Em con-
notas
trapartida,as "causasmal explicadas" pÍe- ff
p@@ nota a
dominamno Nordestee naAmazônia.Não nota 5

que asdoençassejamparticularmente difí nota 6 90


! notal
ceisde identificar,masporquea cobertura 'I

médicaé deficiente, e oscertificados de fa- Fonte:Capes2002


lecimentos são preenchidos com menor

Disparidades e desigualdades

253
ffg-ï7.Ëeaasade obitos exatidão. É o queconfirmao mapadaFigu-
ra 09-18,quemostraqueosleitoshospitala-
ressãomaisnumerosos, em númerosabso-
lutose emproporçãoà população, nasgran-
descidadesqueno campo.Ainda quecertos
Estadostenhamfeito um esforçoespecial,
como São Paulo,Goiás e, curiosamente,
Maranhão, um dosEstadosmaispobresda
federação. Paraoscentrosde saúde,meno-
res e mais próximosda população,surge
claramentea oposiçãonorte-sul,e os três
Estadosdo Sul são particularmentebem
equipados, bemcomoo Rio de Janeiroe o
P r o p o r ç á od a s do a n ça s Espírito Santo,São Paulo parecemenos
d o a o a r e l h oc i r cu la tó r io
nos óbitos equipado, masa redede hospitaisdascida-
desmédias, próxirnasumasdasoutras,pro-
óbitos por
doençasdo vavelmente podesupriressasdeficiências.
Como a maior parte dessesserüços,
tantodesaúdecomode educação, é privada
0- ____999
k- e paga,a suadistribuiçãoé largamente de-
@ HT-2003MGM-Libeeéo
terminada peladarenda,quenoBrasilé so-
cial e geograficamentedesigual.

ffiesigac*ldadesde reruda
Ainda quesesaibaquevaloresmédios
devamser tomadoscom precaução e que
em relaçãoà rendaelespodemser ainda
maisimprecisos(hajavistaque asdiferen-
çasde renda entre as pessoas podemser
muito fortesdentrode um mesmomunicí-
pio), a distribuiçãoda rendaper capitamé-
dia em cada municípioopõe claramente
dois Brasis.O que estásituadoao sul de
uma linha de Rondôniaao EspíritoSanto
+sintomas,
levaumaclaravantagem.
sinais
e ânormaldades Na escaladosvalores, observa-se uma
conslalâoosnos Óbitos ligados
ex am 6 s c l t n t c o s
e laborâtoriais
a causasmal vezmaisa situação deprimidadoNordestee
9 .8 explicadas*
daaltaAmazônia,onde sesituamospioresre-
2,4 867
0,3 rz+G) sultados.Nosníveismaiselevados da escala
1-
aparecem municípiosdosEstadosde São
Fonte: MinistéÍio da Saúde,Sistema Unico de Sêúde- Datasus1988-2000 Paulo,RiodeJaneiro e MinasGerais,embora
a suapequenasuperfície dificultea percepção

At las do B r as il

254
no mapa.Casoseconsiderem astrêscatego- *S-ãS.EquipernenÈomédi*ç
rias superiores,aquelasonde se dispõede
maisde 160reaismensais per capita,todo o
blocodo centro-sulé incluído,
excetuando-se
o nortedeMinasGeraise o centrodo Paraná.
Contudo,destaca-se, destavez, uma
áreaIocalizadaao norte de Mato Grosso,
queseestendeatéRondôniae o sul do Pa-
rá, regiãoque,apesarde situadabem ao
norte,reproduzas condiçõesdo Sudestee
do Sul.Há, certamente, um elementoque
emparte,o quepodeparecerumim-
falseia,
pressionante progressonessasregiõesaté
recentemente desfavorecidas:a escassez da
Leìtosde hospital
suapopulaçãopuxaparacimaa rendamé- oor 10.000habitantes
d\aper capita,Poroutrolado,essas regiões,
atéhá poucotempocobertasde cerradose
deflorestas,foramvalorizadas pelasfrentes
Leitos de hospital
pioneirasda pecuáriae da soja,comfatura-
25.908
mentoselevados, que,compartilhados (desi- 7z--a
10385t-))
o-___gE k.
gualmente)entrepoucaspessoas, elevamo @ Hf-2003 MGM-Libergéo 2 s \ '-
resultado.Esse contextopoderia levar à
conclusãode que os desmatamentos maci-
ços produzem vantagens,mas o curto prazo
nãoé a únicaescalade tempocoma qualse
deveraciocinar, poistantoa degradação do
meioambientecomoa reduçãodabiodiver-
sidadetrarãocustosulteriores.
O censodemográfico de 2000traz ín-
formaçõessobrea rendamédiadoschefes
de famflias,em escalade municÍpios, calcu-
ladaemnúmerode saláriosmínimos.Como
essascategoriassão muito numerosas, fo-
remagrupadas emtrêsconjuntos: menosde Postosde saúde
p o r 1 0 .0 00habi tantes
trêssaláriosmínimos(queé a definiçãoofi-
21,0
eìaldalinhadepobreza),de trêsa dezsalár I 5,8
rios mínimos,e maisde dez saláriosmíni- I 2,6
mos(um nívela partir do qualumafamília
podegozarde uma relativaprosperidade). W 0,8

Grossomodo,"pobres","classemédia" e
trt 0,4
-ricos".Agregando esses resultados na es- 0,1 @ tfl12003 MGM-Lìbergéo

calamicrorregional, podemserproduzidos Fonte:Ministérioda Saúde,SistemaUnicode Saúde- Datasus1988-2000


uèsmapasquemostram, ao mesmotempo,

Disparidades e desigualdades

255
#S-"f9. Ëemds p+r *epíË*

Rendimento per capita


em 2000 (reaispormês)

20.0%

aam in{ nr m e n ã n

Ì | l n o v o sm un icíp io s)
500 km

@ CDS,HI FMLT-2003MGM-Libergéo

Fonte:lpea2002

osefetivosdesses trêsgrupose a suaproporção no to- Mas,seseusefetivosmaioreses-


outrasduascategorias.
tal dasfamílias.Mantendoa mesmaescalaparaos cír- tão situadosnasgrandesmetrópolesdo Sudeste, é no
culosproporcionaise, portanto,tornandosuasdimen- Nordestee no Norte quea suaproporçãoé maisforte:
sõescomparáveis nostrêsmapas, primeira-
constata-se, maisde doisterçosda populaçãonascapitaise maisde
mente,queospobressãomuitomaisnumerosos queas trêsquartosnasoutrascidades.

Atlas do Brasil

256
Gg-zú.TEposde renda dos responséveisde dçrmieílios

Proporção

Responsáveis
de domicílios

ondechegaa representar maisde 40% dasfamílias.


De fato,é lá que se tem a impressãode estarnum
mundo dominadopela sua presença, seusgostose
seus valores,
que evoca paisagenssociaiscomparáveis
na Américado Norte.
O terceirogrupo,os"ricos",é maisheterogêneo.
Essacategoriaagrupapessoasmuito diferentes, já
Proporção
queelanãotem limitesuperiore incluifamílias cujos
dos responsáveisde
d o m i cíl i o sq u e g a n h a m
rendimentos poderiamser contadosem centenas de
mais de 10 salários
m í n i mo s*
saláriosmínimos.Em todo caso,sua distribuiçãoé
muito clara,calcadasobrea hierarquiaurbana,a co-
Responsáveis
meçarpelasgrandesmetrópoles: é lá quesereprodu-
*206 reâis,êquivâlentes
US$ 100em 2000
por domicílios
ganhando mais de 10
zemaselites,e ondevãoviver aquelesquetentamse
salários mínimos* integrara elas.Seusefetivossão,naturalmente, bai-
729.361
0 500 km ì55011 ^F^) xos(mesmoassimrepresentam 700mil pessoas na re-
@ ffi2003 MGM-Libergéo 3000 ry
giãode SãoPaulo).Nessas grandes cidades"os ricos"
Fonte:IBGE,CensoDemogéfico2000 constituemuma minoria significativa,entre L2o/oe
24% dasfamílias,percentualsuficientepara alimen-
tar um mercadoimobiliáriode suntuosos apartamen-
médiaé bemmenosnumerosa
A classe e maiscon- tos e fornecerclientelaparaaslojasde luxo.SãoPau-
nascapitais
centradaemSãoPauloe no Rio de Janeiro, lo reúne,no bairrodosJardins, umadasmaisdensas
do Nordeste,
do Nortee do Centro-Oeste,e, também, concentrações mundiaisdessaslojas (comoa Louis
em umasériede cidadesmédiasdo Sudestee do Sul, Vuitton,a Mont Blanc,a Armani),queconseguem ali

Disparidades e desigualdades

257
drevec=dre
G*-ëÊ.F*te>reçs *+rrê#@Ëtsl=qss

FatorI Fatorll
(312,30k) \74,4%l
1 ô5q 805
r ;;; I 274
G 447 185
E 223
E 92
E E - 92
J -oo, F E - 185
I.ï n - 274
E _s55 (coordenadas* 1000)
0_Tq km
reg
@ HT2003 MGM Libergéa

Fonte:IBGE,CensoDemográftco
2000,responsávels
de domicíio

faturamentosentre os maioresde toda a sua rede os mesmos


Utilizaram-se dadosparaumaanálise
derendaqueo
mundial.Nessebairro,algumasruassãocomparáveis fatorialsobreo conjuntodascategorias
ao FaubourgSaintHonoré,em Paris,ou Via del Con- semagrupáJas.
censodistingue, Duasmodalidades de
dotti,emRoma. a análiseem componente
análise, principale a análise

Atlas do Brasil

258
dascorrespondências (aplicadasaosefetivosbrutose às um lado,osdomicílioscomquatrobanheiros ou mais,
proporções) dãoresultados complementares. muito confortáveis: um banheiropara cadaum dos
De acordocom a análiseem componente princi- quartos(ou melhor,dassuítes),um paraos convida-
pal,a primeiradimensão dasdisparidades derendimen- dos(banheirosocial),um (ou vários)paraasempre-
tos é claramentea oposiçãoentreascapitaise o inte- gadasdomésticas residentes.
As áreasondeessetipo
rior:a componente I explicasozinha85%davariação. O de alojamentoé maisfreqüente(entre73o/oe 97o/o
segundoopõe a pobrezado Nordesteao restantedo dosdomicílios)sãoos doissetoresresidenciais do la-
País,e principalmente ao eixoSantos-Rondônia, o mais go Paranoá, o lagoSul e o lagoNorte.Não previstos
significativoeixo de desenvolvimento, e aosseuspro- no planode Lúcio Costa,esses bairrosde grandeslo-
longamentos pioneiros,queseestendem atéo extremo tes,situadosna partemaisagradável do DF e próxi-
Norte.Esseé apenasum effo estatístico (osefetivosem mosaosministériose embaixadas, toÍnaram-se rapi-
causasãoínfimos)ou podehaverumaprefiguração do damenteos"bairrosnobres"de Brasília.Maisao sul,
futuro dessas regiões? o "setordemansões" aparecemenos, porquecompar-
A análisedascorrespondências confirmaessaopo- tilha diversossetorescensitários comestabelecimen-
siçãona suaprimeiradimensão, compontosfortesonde tos agrícolassuburbanos (chácaras), evidentemente
era de se esperar,no Estadode SãoPaulo,no Sul,no menosequipadas.
Distrito Federale no norte de Mato Grosso.As zonas No outroextremo, o segundo mapamostraosalo-
deprimidas estãono Nordeste, principalmente no Mara- jamentoscompostosde um único cômodo,em geral
úão e no Piauí.O eixo 2 refinaa análiseda pobreza, aÌugadosou cedidosgratuitamente, domicíliosque o
distinguindoum tipo nordestino(os mesmosEstados, censoseparados outrosdomicílios,que sãoem geral
Maranhãoe Piauí,mastambém,em menorproporção, apartamentos (no Plano-Piloto)ou casas(nasoutrasci-
asregiõesde agriculturafamiliardo Sul)e um tipo ama- dades): essetipo de alojamento denotapobreza, sãoos
zônico,particularmente freqüenteno Estadodo Ama- alojamentos dosmigrantesrecentesque esperamuma
zonas,mastambémno lestedeTocantins: caracteriza-se distribuiçãode lotespara construira suacasa.A sua
pelonúmerode famíliassemrendimentoalgumou,pe- concentração máximasitua-seno sudoesteda cidade,
lo menos,semrendimentomonetário. emSamambaia, no RecantodasEmase emSantaMa-
Mudandode escala,pode-seanalisaro casodo ria,e é aindamaisforte nosmunicípiosdo entornodo
DistritoFederale Brasília,cidadecriadaparasernão DistritoFederal,aszonasde suaexpansão recentefora
somentea novacapitaldo País,mastambémum mo- doslimitesoriginais.
delo de harmoniasocial.Dois mapasque espaciali- O mapada Figura09-23serelacionaaosníveisde
zamosdadosdo censodemográfico 2000à escalados rendano Distrito Federaldeclarados no censode2000,
setorescensitários permitemmedir a amplitudedas expressos emnúmerode saláriosmínimos. Foramagru-
disparidades sociaisque marcamhoje o Distrito Fe- padosnasmesmas trêsclasses
da escalanacional. A dos
deral,bem distantedos sonhosde seusfundadores. "ricos" inclui aqui parceladospolíticos,pois o salário
Nota-sequeo ganhode precisãotrazidopelamudan- de um deputado,por exemplo,foi recentemente au-
çade escala(maisde2 mil setorescensitários no lugar mentadode 7.500reais(37 saláriosmínimos)para12
de vinte regiõesadministrativas) mostraclaramente mil reais(60 saláriosmínimos).Tiatadosa seguirem
matizesnovosna composição internade certosbair- um diagramatriangularque permitesituarcadasetor
ros,masasoposições essenciais quejá seobservavam emfunçãodadistribuiçãoda população entreessas três
à escalagrosseiradasregiõesadministrativas conti- categoriasde renda,os dadosindicamuma oposição
nuamasmesmas. entre três zonas:o Plano-Piloto;o Lago e o setor de
O primeiromapa(Figura09-22)considera como Mansões(acompanhados das extensõesrecentesdo
indicadoro equipamento sanitáriodosdomicílios.Por Plano-Piloto e dascidades-satélitesmaisconsolidadas);

Disparidades e desigualdades

259
*g-ãã. Txpos de der:'r'rãcíEËers
ma #ãstritc Federaã

ffi
&

Setorescensitárìosurbanos
Proporção Setorescensitáriosnão-urbanos
dos domicílios
I _ -i ParqueNacionalde Brasília
com quatro
'% banheiros
Ou m AtS ( 7ol

96.9 e, por último, as cidades-satélites


exter-
a1a nas.Nota-se que em algumasdessas,co-
46,3 mo Ceilândia,Gama ou SantaMaria, cer-
26,7
tos setoresestãona categoriamédia,en-
km
U,U
@ L{f-2003 M GM-Llberg éo quanto outros sãointeiramente povoados
por pobres.
Por último, o mapa daFigura09-24,
elaborado segundo o mesmo princípio,
trata dos níveis de estudo dos chefesde
família, agrupadosem três classes:me-
nos de oito anos de estudos(a partir da
entrada na escola elementar), de oito
para onze anos, doze anos ou mais. A
correlaçãoé evidente,os altos níveis de
renda correspondem a mais tempo de
estudoe os de baixa renda a menostem-
Proporção po de estudo (ou nenhum).Uma análise
dos domicílios
formados
de correlação estatística confirma a
por um só coincidênciae revela apenaspoucasex-
cômodo ceçõespositivas(renda mais elevadado
100,0
que deixaria supor o nível de estudos)
nas cidades-satélites próximas (onde vi-
vem muitos comerciantese - provavel-
mente- delinqüentes). e exceçõesnega-
tivas no bairro da Universidadede Bra-
sília, onde a renda média é inferior ao
Fonte: IBGE,CensoDemográfico2O0O que deixaria supor o nível de estudodos
seushabitantes.

A t las do B r as il

260
F*dereë
qéereatdm** #cs€rÊãsç
**-Ëã. FéËw*Ëe

Par que Nacional


de Br asília

0 5km

@ HT-2a03MGM Lìbergéo
y: % maìsde 10
z: 7 o m enos de 3
mínìmos 10 mi nl mos
sa l ári os 90 sal ári os
20 80
30 70
1103 40
50
N í v e l d e r e n d a ( e m m é d iad e sa lá r to s 60
Á i n i a o a , p o r s e t o rd e r e ce n se a m e n to )
70
M a i sd e 1 0 80 20
De3a10 e0 \/\.,
M e n o sd e 3
'10
S e m ì n f o r m a çã o
mi nl mos
x : % 3 a 10saìârl os

2ooo
Fonte:IBGE,Censo Demográfico

Disparidades e desigualdades

261
Feder*Ë
#e esÉ*c##sÌ# #ã*ËrËÈ*
##-Ë€"$HãweËs

Pa r q u eNa cio n a l
d e Br a sília

o 5tm

@ HT-2003MGM-Libergéo

90

1 407
Nível de estudo
( a p a r t i rd a e n tr a d an o En sin oF u n d a m e n ta l)

D e 1 2 a 1 7a n o se m a is
D e S a l la n o s
Ivlenosde 8 anos )r1,.l,irr,':'
S e m i nÍo r m a çã o 10 20 30 40 50 60 70 80 90
x:8-11 anos

Censo
IBGE,
Fonte: 2Oo0
Demográfìco

Atlas do B r as il

262
CAPíTULO1O

A s dinâmicasdemográficas, urbanase rurais,agrí- desenharfinalmenteos mapasde uso recomendado.


colas,industriaise terciárias,e as dinâmicasde Versãomenosambiciosa podeserlimitadaa mapasde
fl
1 I. fluxose redes,observadas nos capítulosprece- vulnerabilidade e de riscosnaturaisemgeral,usandoa
dentes,têm obviamenteefeitosmúltiplose cruzados estabilidadedasvertentes,os riscosde inundaçãoou
sobreo território, e são consideradas - ou deveriam de subsidência.
sêlo - peloordenamento do teÍritóÍio.Em todocaso, Instrumentos dessetipo, sobretudoo primeiro,
são portadorasdas visõese propostas,explícitasou visama produzirum zoneamentoecológico-econômi-
implícitas,que os atorestêm: o Estado,certamente, co,assuntoqueatualmentecria conflitosagudosentre
mastambémasautarquiaslocais,asempresas e os ci- ossetoressociaise asinstituições emcausa. Nosmúl-
dadãos, para a adaptaçãodo território a suasfinalida- tiplos debatesem cursoaparecepelo menosumacon-
dese necessidades. vergência, sobreosmétodosde análisedosusospossí-
As questões quederivamdessas múltiplasdiligên- veis,quedeveter emcontaasvulnerabilidades ecoló-
ciassão,semdúvida,as de suacompatibilidade e dos gicasda regiãoe os usosatuaisou previsíveisa curto
conflitosque podemser produzidosentreelas.A pri- e médioprazo,de formaa definir o quea regiãopode-
os mapastemáticosque as resu-
meira idéia é clr:uzar rá, efetivamente, tornar-se.Essesinstrumentossãoin-
mem,de forma a produzirmatrizesde conflitose de dispensáveis ao planejamentoterritorial,massupõem
compatibilidades. FedericoGarciaSobreira(1998)fez o respeitodasclassesde uso assimdeterminadas. No
um extratobibliográficodaspropostasmetodológicas entanto,as experiências recentesmostraÍamque o
sobreesseassunto, notadamente a de MacHarg(1969, processode subdivisãoem zonasdesembocava unica-
emFarraia,1.989), quedefineasalternativas deusomúl- mentena elaboraçãode mapas,raramenteseguidade
tiplo, compatíveis entre si, utilizandoa técnicade su- efeitossignificativos.
perposiçãográúica e produzindomapasde síntese; ou, Isto não querdizerquenãotenhahavidono Bra-
ainda,MiíximoFalque(I972,emSEA,1980).A integra- sil políticasde ordenamento do território:elasexistem,
çãodosfatorespermiteproduzirmapasde usodo solo, na escalado governofederal,dosEstadose municípios,
mapasde aptidãoe umasíntesede melhorusodo ter- ou mesmona escaladasbaciashidrográficas, dasre-
ritório.Combaseem mapastemáticosdescritivos, evo- giõesmetropolitanas, das associações de municípios,
lui-separamapasinterpretativos adequados aoplaneja- políticasglobaisou setoriais,ambiciosas ou maismo-
mento,que servirãode basea outÍosmapas,nosquais destas. Sãoessas múltiplaspolíticas,seguidas de efeitos
sãodelimitadas aszonasqueinteressam a usosdistintos reais,quetransformamrealmenteo território,entÍan-
Suaaproximação permiteanalisaros conflitosexisten- do àsvezesem conflito.Conflitosque as relaçõesde
tesou potenciaise,aofinal dasnegociações adequadas, forçaentreosatoresresolvemsea negociação clássica

Ordenamentos do território

263
falhar.Abundantes, evolutivas,àsvezescontraditórias, siadonumerosos paÍapermitiro cálculode indicadores
asiniciativasproduzem-se em diversasescalas, não so- robustos,emrazãodosseusfracosefetivos.
estatísticos
mentena dasunidadesadministrativas e políticasmen- Correspondem melhor que as microrregiões homogê-
cionadas,mastambémna de subdivisões e agrupamen- neasà realidadede hoje,considerando o caráterpolari-
tos,emrelaçãoà quala determinação e o usodefinemo zadodo espaçoeminúmerasregiõesdo Brasil.
ordenamento do território. Em oposiçãoa essapolíticade agrupamento de
municípios,o IBGE ofereceuem2002aospesquisado-
res e aosplanejadores umaescalade observação mais
Subdivisões e regionalizações
detalhadaainda,a dossetorescensitários. Publicouos
A criaçãodemunicípios, mesmosendoumbomin- resultadosdo Censo2000a essaescala, queé a mesma
dicadordavitalidadedosdinamismos territoriais(Capí malhaqueutilizouparafazero recenseamento, sendoo
tulo 2), implicasériosproblemasnão somenteaosgeó- setorcensitárioo conjuntode cercade mil pessoas que
grafos,que freqüentemente sentema necessidade de cadaagentecensitáriodeveriainterrogar.O conjunto
trabalharcom escalas menosfinas,mastambém,e so- desses dadose a malhagráficaquepermitecaÍtografá,.
bretudo,aosgestoÍese planificadores do espaçobrasi- lo sãovendidosa preçosbaixos,em CD-ROM:a malha
leiro.De qualescalasepodedisporentrea malhagros- grâftcaparaos setoresurbanose rurais(disponívelem
seirados27 Estadose a pulverização dos5.561municí- váriosformatos)do Brasilinteiroocupadoisdiscos, e os
piosexistentes no Paísem2000? dados,cinco,um paracada grande regiãodo País.
Doistiposde agrupamentos existemnanomencla- O mapadossetoresrurais(FiguraI0-02),quesão
turaoficial,O maisgrosseiro é o dasmesorregiões: con- quase200mil, refinasensivelmente a imagemdadape-
tam-se137,cincovezesmaisnumeÍosas queas"Unida- losmunicípios,quesãoaproximadamente 5 mil. O con-
desda Federação" (os Estados, na nomenclatura do trasteessencialentre a ocupaçãodensado litoral e a
IBGE), masessaescalaé poucoutilizada.Preferem-se, ocupaçãomaisextensivado interior persisteevidente-
emgeral,asmicrorregiões, poisapresentam melhorre- mente,A dimensãoda malhaque corresponde a mil
soluçãogeogrâfíca,tendo sidofreqüentemente essa a pessoas é muito menor nas regiõeslitorâneas, de ma-
escolhanesteAtlas, neiraqueoscontornosconfundem-se no mapa.Em re-
Num total de 361 (e posteriormente 369),as mi- lação ao mapados municípios,a diferençaprincipal
crorregiões homogêneas foramdelimitadas no final dos apareceno interior,ondesedestacam bemos rios (so-
anosde 1960peloIBGE, paraoferecerum úvel médio bretudoo Amazonase seusafluentes)e asestradas, co-
de difusãodosdadosestatísticos. Eram "homogêneas" mo a Belém-Brasília, que deunascimento a umalarga
principalmente deumpontodevistageomorfológico ou zonade povoamento, a BR-364,claramente visívelem
biogeográfico, na perspectivado tempo "longo" (de Rondônia,e a Tiansamazônica, maisrecente,cujotraço
1970aosnossosdias),em conformidade com astrans- é maisestreito.
formaçõesque se desenrolaram dentrode um quadro Os setorescensitários urbanos(paratodasasci-
supostamente natural.Maistarde,compreendendo que dadescommaisde 25 mil habitantes) permitem,igual-
a homogeneidade físicanãoserviamaiscomoum crité- mente,umamelhorabordagem doscontrastes intra-ur-
rio satisfatório
paraanalisarastransformações do Bra- banose análises maisdetalhadas dasdisparidades so-
sil dehoje,osgeógrafos do IBGE realizanmumimpor- ciais,pelomenosdaquelas quedescrevem asvariáveis
tantetrabalhodedelimitação de"microrregiões geográ- do censodemográfico de 2000.No casode Brasília,
ficas",utilizadaspelaprimeiravezna divulgação dosre- por exemplo,o detalhamento passade umamalhafor-
sultadosdo censopopulacional de 199t.Em númerode madapor 21regiõesadministrativas a2.673setorescen-
558,oferecemum bom compromisso entÍeasmesoÍïe- sitários,dosquais2.336sãosetoresurbanos. Do ponto
giões,demasiado vastas, e osmunicípios, àsvezesdema- de vistade resoluçãoé um benefícioimportante,pois

Atlas do B r as il

264
10-G'8.
MEeno@rnescrregi#es

permite,por exemplo,delimitaros bairrosondepredo-


minamoscômodos, destinados principalmente aosimi-
grantesrecentes(Figura10-03).
O acessoaosdadosestatísticos localizadosparece
ser,paradoxalmente, maisfácilno Brasil que na França,
velhaterradeestatísticas públicas.A tradiçãoestatística
herdadado períodocolonialportuguêsfoi mantidae,
apesardasrestriçõescomunsàsinstituições públicas,o
IBGE é capazde fornecerdadosbemdetalhados emli-
vre acesso,façilitado pelo desenvolvimento rápidoda
Internet.O sitedo IBGE (www.ibge.gov.br), contraria-
menteaosde certosorganismos estatísticoseuÍopeus,
permiteo acesso diretoaosdadosmaisrecentes, quepo-
demserbaixadosgratuitamente.
Em oposiçãoa essavontadede servir-se de escalas
de análisescadavezmaisdetalhadas, asnecessidades da
Fonte:IBGE gestãoadministrativa e políticaincitarama criaçãode
regiõescompostas de Estadosque apresentam caracte-
rísticaspróximas,emfunçãoda necessidade do governo
contribuipiÌÍaa construção
demapasquepodemservir federalde realizaruma gestãoregional,diferentedas
à análisedasdinâmicas territoriaise ambientais.
sociais, especificidadesdosEstados.
ParaSãoPaulo,o detalheé aindamaior,visto que o A diüsão regionalutilizadahoje parece,paÍa a
municípioé divididoem maisde 13mil setores,o que maioriadosbrasileiros, sempreter existido,porquetem

Orde n am e ntos do território

265
10-02.Setores censitários

Setores censitários rurais,


de acordo com o censo
demográfico 2000

Fonte:IBGE

servidodebase,há décadas, detodasas


à regionalização ocorremsó porqueos Estadossãograndes,maspoÍ-
agênciasgovernamentais e tambémàs empresas, asso- quererinemregiõesque apresentam que as
caracteres
ciaçõesprofissionais
etc.É que, assimcomoem outros aproximammaisdo conjuntovizinhoque do restodo
paísesdo mundo,seexistemsemelhanças há
evidentes, seu teÍÍitório: o noroestedo Maranhão,geralmente
tambémcasoslimítrofes,vinculaçõesambíguas. Não qualificadode "pré-Amazônia",é maisamazônicoque

Atlas do Brasil

266
10-03.Cômodos na cidade de São Paulo

-r.

Proporção dos
cômodos no total
dos domicílios
97,5
C,Y

0.8
0,0

Número de
cômodos
0 10km 425
7_\
1j6 tZ_\ )
@ Hl-2003 MGM-Libeígéo
1- :L/

nordestino,ainda que o Maraúão oficialmentefaça agênciade desenvolvimento


do Nordeste,a Sudene. É
partedo Nordeste.Issoé tão evidenteque a regiãofoi um reconhecimentode seucaráterespecífico,mas,so-
incluídana AmazôniaLegal,continuandoao mesmo bretudo,umaboa ocasiãopara asoligarquiaslocaisse
tempo,até suaÍecentesupressão, na competênciada aproveitaremdasduasfontesde incentivos.

Ordenamentosdo território

267
'Ë# l* 4. SÈu *tgl 1r-3
Èff 'j;# r:r u;1,
f;:r'{,",' r * +'rrÏ,* :s l:* :.;;I cl+ s
-

N O R D EST E
OC ID EN T AL

N OR D EST E
O BÌEN T AL

LESTE
SET EN T R IO N AL

LESTE
M ER ID ION AL

C EN

0;9911km
MGM-Libergeo
@HT-2003

Fonte lBGE,AnuárioEstatístico

At las do B r as il

268
A regionalizaçãoatualé tãopou- 10-05.Frogramas eccnôrnicos
co eúdenteque foi necessário muito de integração naciçnal
tempo para definí-la.Estadospassa-
ramdeum grupoa outro:naregionali-
zaçãode 1940,Minas Geraisestava
unidoao"Centro",enquanto SãoPau-
lo e Rio de Janeiroconstituíam partes
do "Sul";o Nordesteestavareduzidoa
cincoEstados,e a Bahia,que parece
hojeser,sobváriosaspectos, nordesti-
na,formavacomo EspíritoSântoa re-
gião"Leste".Em 1945,levou-se mais
longea preocupação de pormenores,
dividindo em dois tanto o Nordeste
(ondeforamincluídoso Maraúão e o
Piauí)quantoo Leste,do qual o Rio
deJaneirofaziaparÍe- doisblocoscu-
ja existênciafoi curta,visto que em
1950foram reunificados. Em 1970,as
regiõesatuaisjá estavam praticamente Regiãogeoeconômicade Brasília
constitúdas:o Sudeste incluíatanto o
Rio de JaneiroquantoSãoPaulo,e o
Sulsereduziaa trêsEstados. As inter- 0 500 km
@ Hl-2003 MGM-LibeÍgéo
venções posteriores
foramapenas para
retoques,ligadasàsmudanças do ma- Fonte: Becker e Eglet BÊsì|, um Potência Econômì@ Begional na Economìrmundq1995

pa dosEstados:subdivisão de Mato
Grosso,em1979(semconseqüências
paraasregiões),e de Goiás,em 1988(quefez passar Entre aspolíticasde ordenamento do territónose
o novoEstadodo Tocantins para a regiãoNorte).Es- destacavam, atéhá pouco tempo,as políticas deintegra-
sasregiõesserão ainda alteradas?E difícil dizêJo, çãonacionale de desenvolvimento regional,que visa-
masé bemverdadeque elasnãotêm maisgrandepa- vam a reduzir as desigualdades entre as regiõespor
pel desdea extinção, em 2001,dasduasúltimasgran- meio de investimentos capazes de provocarum cresci-
desagências de desenvolvimento, a Sudene(Nordes- mentoeconômicoe socialnasáreassubdesenvolvidas.
te) e a Sudam(Amazônia), e a instauraçãodeum pla- A Figura 10-05mostraaquelaspolíticasque tinham
nejamentoterritorial fundamentadoem nove eixos umadefiniçãoespacial, ou seja,queüsavama umare-
que recortamsuasfronteiras.Essefato pode-sealte- giãobemdefinida.Datandodosanosdo regimemilitar,
rar com o governoinstauradoapósa eleiçãode Luiz especialmente entre1970e 1985,apoiavam-se sobresu-
InácioLula da Silva,que anunciousuaintençãode perintendências de desenvolvimento regional- Sudam,
reconstituira Sudene.De qualquermodo,indepen- Sudene, Sudesule Sudeco, respectivamente encarrega-
dentemente dasdecisões políticas,essasregiões per- das daAmazônia, do Nordeste, do Sul e do Centro-Oes-
manecerãotanto como quadro estatísticocômodo te,poiso Sudeste paÍecepodersedesenvolver sozinho.
quantona percepção dosbrasileiros, que sehabitua- Além disso,diversosprogramas especiais foramformu-
ram a elas. lados,utilizando,em geral,créditosinternacionais, mas

Ordenamentos do território

269
10-06.f,egiões de planificação

Regiões Regiõesreservadas
geopolíticas
dos militaresx

Esïrada
-
FerÍovia @ Zonade Íronteira
"""'
..... HÌdrovia @ AmazôniaLegal
ffi Polígonoda seca
"de acordo com Golbery do Couto e Silva

Agências
r eg r o n a r s

Eixosnacionais
de integraçãoe
desenvolvimento

ïubarão
de Janeiro/Sepetiba

0_ jE k.
tOHT2003MGM-Libergéo

Fonte:IBGE.lvlicrodados
do CensoDemográíÌco199j

Atlas do Brasil

270
nem todosforam implementados. O programaPoloa- Por último,a retomadado pensamento e da ação
mazôniaera constituídopor pólosminerometalúrgicos deplanejamento territorial,nosanosde 1990,traduziu-
e pólosagropecuários; o progÍamaPolonordeste visava sena definiçãodosEr.rosNacionaisdeIntegração e De-
ao desenvolvimento dasváriassub-regiões promissoras, senvolvimento,que serviram de referencial
à políticade
enquantoa Codevasf concentrava-seprincipalmente na desenvolvimento dos planosplurianuaist996-1999e
irrigaçãodo vale do SãoFrancisco. No Centro-Oeste, 2000-2003.
trêsprogramas visavama regiõesquepareciambemdo-
tadas,incluídotambémo desenvolvimento da baciado Ordenamentos setoriais
Paraguaie do Pantanale os arredoresde Brasflia.Por
último,no Sul,a tônicadirigia-seao norte do Paraná, Osministérios, asautarquias, asempresas e outros
entãoemdificuldade pelacrisedo café,o litoral do San- protagonistas da gestão do territóriotêm cadaum sua
ta Catarina,sobretudoCriciúmae o portodeTübarão, e visãoprópria,em funçãodosseusobjetivos, e umama-
a fronteirameridionaldo Rio Grandedo Sul,nasre- neiradiferentede abordáloe de transformálo.
giõesde Uruguaiana, SantaMariae Pelotas. Em princípio,o ministérioresponsável pelo orde-
Outrostipos de planejamento e de ordenamento namentodo território- o Ministérioda Integração Na-
foramrealizados emfunçãodeobjetivosdiferentegcom cional(sucessor, apósdiversosepisódios, do antigoMi-
evidentes conseqüências nosespaços envolvidos. Osmi- nistériodo Interior) - criou figurasnovasde ordena-
litarespriorizavamos objetivosgeopolíticos, em espe- mento,as"mesorregiões diferenciadas" (Figura10-07).
cial a integração nacionalpelostransportes. Osplaneja- Implantadas no âmbitodo ProgramadeEspaços Priori-
dores,no âmbitodasagências priorizavamas
regionais, táriosdo ProgramaPlurianual(PPA)2000-2003, üsa-
necessidades maisurgentes de desenvolvimento. Osres- vama criar um instrumentoe mecanismos paraumapo-
ponsáveis pelocomércioexteriorfocalizavam os corre- líticanacionalde apoioaodesenvolvimento, dearticula-
doresde exportação queligavamasregiõesprodutoras ção daspolíticassetoriais,de mobilizaçãodos agentes
aosportos:para Itaqui/Pontada Madeiraconvergiam sociaise de formaçãode quadroslocais.Tiatava-sede
osminériosda proúnciamineralde Carajás; paraVitó- procurarum novomodelode gestão, quedesenvolveria
rialTtrbarãoe Rio de Janeiro/Sepetiba, os minérios de ações, em parceria, de ordenamento do território,trans-
Minas Gerais;para Santose Paranaguá, a produção feririacompetências aosEstadose municípios e incenti-
agrícolado Centro-Oeste e do Paraná.Zonasde ação variaa participação de seuscidadãos, por meiode con-
específicas foramdesenhadas paraa proteçãodasfron- selhosestaduais e municipais.Situadasprincipalmente
teiras,correspondentes a umafaixade 150quilômetros em regiõesperiféricas, com exceçãodos arredoresde
de profundidade;para a ocupação do território amazõ- Brasíliae da baíade Guanabarâ, essasregiõestinham
nico,a AmazôniaLegal,zonade açãoda Sudam;paraa dimensões e problemasmuito diferenciados. Porexem-
luta contraa seca,no Nordeste,o poígonoda seca,zo- plo, a regiãodo Alto Solimõesera formadade apenas
na de açãoda Sudene. noveimensosmunicípios, enquantoa GrandeFronteira
As regiõesamazônica e nordestinaeramconside- do MercosulcontaYacom4l2.
radasaquelasde situaçãomaiscrítica.O Centro-Oeste Ao analisaro dispositivodo Exército,segundo
e o Sulnãoforamobjetosdeumplanoglobal(e asagên- CatherineProst(2001),nota-seum sentidoevidente
ciasregionaisresponsáveis pelo seu desenvolvimento do equilíbrioe uma manifestavontadede cobertura
foram suprimidas).Contudo,açõesespecíficas foram territorial.As sedesdasdiüsões,com exceçãodaque-
destinadas àsregiõesmaisdeprimidasou maispromis- lasdo Recifee de CampoGrande,estãotodassituadas
soÍas,o quetevea vantagemde evitarvê-lascomoho- no Sudeste e Sul;sobreum eixoquevai de MinasGe-
mogêneas, contrariamente ao Nordeste, freqüentemen- rais ao Rio Grandedo Sul.Evidentemente, resultade
te reduzido,de maneiraabusiva, aoproblemada seca. um resquíciodo tempoemqueo inimigopotencialera

Ordenamentos do território

271
10-0?.Ãs "mesorregiões difereneiadas"
do Ministério da lntegraçãs fllacional

Foradas mesorregióes
I Águasemendadas
f Vatedo Jequitinhonha-Mucuri
Baciado ltabapoana
Fundãoda Baíada Guanabara
Valedo Ribeira-Guaraqueçaba
GrandeFronteirado Mercosul
! M e t a d eS u ldo RioGr a n d ed o Su l
f__l Atro Sotimóes
I vate do Rio Acre
! E n t o r n o d eMa n a u s
I ttnasdo BaixoAmazonas
lïilli] glco do Papagaio

! Chapada d a s M a n g a b e ir a s
I Chapadd
a o A r a r ip e
Número de municípios
Cristalino
Zonada Mata Canavleira
Xingó
0 500 km

@ t{tr SR-2003 MGM-LÌbeeéo

Ministério
Fonte: daIntêgrâção
Nacional

a Argentina,e semdúvidatambémumreflexodo recru- emBrasília(somenteo Sudeste tem dois,no Rio de Ja-


tamentoprincipaldo Exército,já quernuitooficiaissão neiro e em SãoPaulo).As brigadastambémsãodistri-
origináriosdo Sul.Masos cornandos militaressãobem buídasem todo o território nacional.Paraas "guarni-
à :,azãode um por granderegião,maisum
distribuídos, presentes
çõesespeciais", em todo o interior,incluindo

Atlas do Brasil

272
€#-*ff" # dispcsitËvs territçrEaEde FNéneíËe

* Brigada

C o m a n d oM i l i t a r

O RegiáoMilitar

o C
Divisãodo Exército

Guarniçãoespecialde 1'categoria

a Guarniçáoespecialde 2" categoria

Fr=rrìZonade Íronteira
500 km

@ Hr-2003 McM-Libergéo

ParisVlll,Paris,jan 1999
et rôle politìquede lArméeau 8rési1tesê oriêntadaporYvesLacoste,Universidade
Fonte:De acordocom CatheÍìneprost, Orgânisation

as regiõesmais distantese ausentesdo Sul-Sudeste Rondônia;asde "segundacategoria"cobrema Amazô-


(com exceçãodas regiõespré-nordestinas de Minas nia e asfronteirasdo Mato Grossodo Sul.
Geraise do EspíritoSanto),essaintençãoé aindamais Além das açõessetoriaisdos ministériose das
como"primeíta cate-
clara.As que estãoclassificadas grandesautarquias, o Estadoteve,nosanosrecentes,
goria"cobremo Nordeste, Goiás,suldo Mato Grossoe outraformade ação,rompendocomumatradiçãode

O rde n a m e ntos do te rritÓrio

273
Mercadori as
Linhas Receitas (mi l hóes de
Companhia Pessoal Passageiros
(quilômetros) (R$1.000)
tonel adas)
S A ( F CA)
F e r r o v i aC e n t r o - A t jâ n tica 7080 244 821 2 590 LOIU

A n é , i c a L a t i n aL o g sr icao o Br a silS A 6 534 299306 2 018 1 02 8 0


d o No r d e steS A ( CF N)
C o m p a n h r aF e r r o v iá r ia 4 238 20.053 694 710
F e r r o v r a sB a n d e r r a n teS
sA
F e r r o b a n( a n t i g aF e pa sa ) 4 235 1 1 59 5 8 3 174 5 060
M R S L o g i s t Í c aS A 1 674 594 679 2 988 26 830
FerroviaNovoeste S A I oz o 51526 639 1 590
E s t r a d ad e F e r r oV i tó r ia - M in a s 905 t79 421 2 691 56 670 10 3 1
Feirâ.Jâ .lê Far.n í^arai:c 892 264180 1 234 43 880 474
F e r r o v i a sN o r t e d o B r a sil( F e r r o n o r Ìe ) 40J 46 797 290 580
í'nm n: nhia Pl, lic + r da

T r e n sM e t r o p o l i t a n o s( CPT M ) 274 4 518 271.175


C o r r p a r l " ' aB r a s r e r r ad e T ' e r s Ur b a r o s ÍCBT Ut z3l

F e r r o v i aP a r a n á( F e rr o p a r()1 ) 248 5 245 66 920


F e r r o v i aN o r t e - S u l( 2 ) 20 0 60
E s t r a d ad e F e r r od o Am a p á 194 1695 92 10
a r i s tin aS A ( F T C)
F e r r o v i a T e r e sC 164 28 707 142 280
C o m p a n h r aF l u m i n en se
d e T r e n sU r b a n o s( Flu m r tr e n s) 121
E s t r a d ad e F e r r od o Ja r i 68 510 29 40
E s r a o a o e F e r r oC a m p o sd o Jo ' d à o 47 1380 0
E s t r a d ad e F e r r od a M in e r a çã oRio d o No r te 35 60 340
E m p r e s ad e T r e n sUr b a n o s
d e P o r t oA l e g r e ( T r en su r b ) 34 1 041 37.739
E s t r a d ad e F e r r oP ar a n áOe ste S A
( F e r r o e s t e()3 )

.:::=i

:onÌe Corìpanr as feí'ov ár as

intervençãoque remonta aos anos de 1930:privatizou Para as ferrovias não menos de 21 concessioná-
numerosossetoressobre os quais detinha o controle. rios compartilhamentre si asredes,até há poucopúbli-
Durante os oito anos dos dois mandatosde Fernando cas ou já privadas.Os concessionários iniciaramsuas
HenriqueCardoso,foram postosno mercado(vendidos opeÍaçõesem dezembrode 1996(FTC), fevereirode
em leilão ou cedidospor concessões de serviçospúbli- 1997(MRS), março de 1997(ALLIFSA), julho de 1996
cos) a siderurgia,as redesde telefoniafixa e móvel,as (Novoeste), setembrode 1996(FCA). janeiro de 1998
estradasde ferro, as estradasde rodageme váriosban- (CFN) e janeiro de 7999(Ferroban).O Quadro 10-01
cos.O efeito dessapolítica,em termosespaciais, foi di- e a Figura 10-09mostram a configuraçãoatual e a fu-
vidir o Paísem "blocos",leiloadosseparadamente, blo- tura das diferentesredes.Essasredes,que raramente
coscujasdimensõese preçosde venda(e maisaindaos transportampassagelros e lnteressavam aos compra-
preçosobtidosno leilão) dão uma boa idéia dos pesos doressomenteemrazãode seupotencialparao trans-
relativosdos diferentessubconiuntos regionais. porte de mercadorias, estãoem expansão; novaslinhas

At las do B r as il

274
ïfl-fl$"As *oneessionáriasde prEvatleaçãe

Ferrovias

Fonte:Anatel

estãoconstrução, principalmente parao


- Em funcionamento escoamento da produçãode grãos,priori-
.......' Fm.^Âc+r".ã^
rrr EmprojeÌo
tariamente a soja,no Centro-Oeste.
Quantoao telefone,o território na-
As cores identiÍicam
as companhias
concessionárias cionalfoi compartilhado em dezzonasde
potenciaissemelhantes, masde extensões
FonterAnuárioEstatístico
dosTfansportes
extraordinariamente desiguais:a cidade
de SãoPauloformavarma zora,enquan-
to era necessário todo o Centro-Oeste,
maisRondônia,Acree Tocantins parafor-
mar outra,comnúmeromenorde consu-
midores,mascompotencialde crescimen-
to superior.Jáparaa distribuiçãoelétrica,
nenhumazonaexcediaa dimensãode um
Estado,visto que era,em geral,a compa-
nhiapúblicado Estadoque era vendida,
tal qualela se encontrava.Em algunsca-
sos,contudo,apivatizaçãofez-seemesca-
la maislocal,por unidadesque cobriam
umapartedo Estado(comonoscasosdo
Rio Grandedo Sul,de Sergipeou de São
Paulo)ou aindaterritóriosmenores, na es-
cala dascidades,comono Paraná ou no
nortedo Rio Grandedo Sul.
O gásé um doselementos damatriz
energética quetemsedesenvolvido mais
FonÌe:Atlas dã EnetoiaElétrìcd.2002
rápidonos últimosanos (Capítulo 3), e
suadisponibilidade defineduasregiões

Ordenamentos do território

275
ïü-fü. Um recurse enËrgétleede futusrs:o gás

Gasoduto
EmfunciOnamento
Fm rêi^
-
^ ^ ^ cr i -

E m proj eto '."'

500 km

@ HT-2003MGM-Libergeo

Fonte:ANEEL,Atlas da EnergiaElétrícado Brasil,2OO2

A t las do B r as il

276
10-11.Ritrno de equipamento elétrico

Data de construção
das u s i n a s h i d r o e l é t r i ca s
a 1986-1999
a 1969-1986
@ 1945-1969
O 1904-1945

Fut ur a s u s i n a s h i d r o e lé tr ica s

C de 1000a 2000 MW
o d e 1 0 0a 1 0 0 0M W
o d e 2 0 a 1 0 0M W
O em construção
4Wem proleto 0 500 km

@ HT-2003MGM-Lìbeígéo

Fonte:ANEEL,ÁÍlás da EnergiaElética do Brasil

diferentes.Aprimeira,nãoconectadaàsoutragé situa- atravésde gasodutosrecentemente construídosou aln-


da no Nordeste,alimentadapor recursoslocais(Bahia, da emconstrução. Essanovarede,ao longoda qualse-
Rio GrandedoNorte),distribuídospor gasodutosigual- rãoconstruídascentraistérmicase fábricasqueutilizam
menteregionais.A segunda,no Sudeste-Sul,
é alimenta- essafonteenergéticaabundante, flexívele limpa,pode-
dapelasjazidasdospaísesvizinhos,
Bolíviae Argentina, ria seconectara umaterceira,queseesboçaem torno

Orde n am entos do te rritó ri o

277
da jazidaamazônicade Urucu. Até o momento,só o pe- ordenamento,é auiagãode reservas naturaise de ter-
tróleo chegaaté Coari e de lá, por via fluvial, à refinaria rasindígenas (soba responsabilidade respectivadosMi
de Manaus.Um vasto projeto de construçãode gasodu- nistériosdo MeioAmbientee da Justiça, Figura10-12),
tos foi elaborado,mas enfrenta resistênciaspor parte de que ocorremprincipalmentenas regiõesperiféricas.
ambientalistas,em função dos impactos que pode cau- Destaca-se em primeirolugara Amazônia,ondeassu-
sar.Esseselementosde uma nova geografiaenergética, perfíciesconsagradas a esses doistipossãomuitosupe-
complementarà atual,maciçamentebaseadasobre a hi- rioresao quepôdeserfeito nasregiõeslitorâneas, por-
droeletricidade e o petróleo, possuemefeitos estrutu- quea pressãodasatividades ruraise urbanasnãolibera
rantes importantes,tanto para as referidas regiõesbra- espaços suficientemente vastosparaa criagãode novas
sileirascomo para os paísesvizinhos. áreas. Nessas regiões,seo númeroé elevado,assuperfí-
Essa contribuição é tão necessáriaquanto bem- ciesemcausasãomodestas, pelomenosà escalado con-
vinda, üsto que os recursosapropriadosestãodistantes tinenteamericano, excetono Estadode SãoPaulo,onde
das regiõesconsumidoras. As primeiras centraishidroe- um esforçoespecial foi feito emdecorrência da pressão
létricas foram construídasno início do século XX, nos de cientistase ONGs.
Estadosde SãoPaulo,Minas Gerais,Paranáe SantaCa- Essessegmentos, unidosaosseusequivalentes es-
tarina, próximas das cidadesonde a energia era consu- trangeiros na Europa e na América do Norte,são a ori-
mida, utilizando os potenciaisdos rios Grande,Parana- gemda pressãoqueincitouos governosbrasileiros a
panema,Iguaçu e Uruguai. As fasesseguintesaprovei- preocuparem-se maiscoma preservação do ambiente,
taram e equiparam os outros grandesrios do Sudeste, por um lado,e com4spopulações indígenas,por outro.
sobretudo o sistemaTietê-Paranáe o São Francisco,e Programas comfinanciamentos internacionais, comoo
foram construídasalgumasusinas isoladasna Amazô- ProgrampNacionalparao Meio Ambiente(PNMA) e
nia, como a de Tucuruí. Desde a metade dos anos de o programa-piloto para a proteçãodasflorestastropi-
1980,é nessaregião e no Centro-Oesteqqe foram insta- caisdo Brasil(PPG7)eontribuíram muitoparao cresci-
ladas as novas centrais,apesarde grandesdificuldades mentodascupçrfÍçies consagradas aosdoistiposde re-
para o acesso,a construçãoe o escoamentoda produ- ggr-\'as,
Poriniçiativada W\MFe do Bird, outroprogra-
ção.Tiata-seclaramentede um fenômenode difusãodo ma governamental, conhecidopor Arpa, estáem curso
centro para a periferia, como confirma a localizaçãodas paraassegurar a proteçãodeI0% da superfície de cada
centraisprojetadas,em especialsobre os rios Araguaia grandeecossistema, sobretudona florestaamazõnica.
e Tocantins.O problema essencialque cria essanova Esseprogramavisanãosomenteà criaçãode novasre-
configuraçãoé que se asbarragensdo Norte têm poten- servaqmastambémà consolidação e à manutenção das
ciais importantes,freqüentementemais elevadosque as queexistem(àsvezes, apenasno papel).Além disso,in-
do Sul, em contrapartidao interesseem termos de mer- clui quatroreservas extrativistas
e unidades deproteção
cado é limitado pela fraquezado consumolocal e pelas integral,cujo objetivoé contribuirparaa formaçãode
distânciasem relação aos grandesmercadosnacionais, "corredores ecológicos".
exigindo transportesa longa distânciacujastecnologias O PPG7,financiadona proporçãode 80% por
ainda não são completamente dominadas.Todo esse doações do G7 e de20o/o pelogovernobrasileiro, par-
processotorna crucial a constituiçãode uma intercone- te do princípiode que é vilal criar vastosconjuntos
xão,na qual o eixo Araguaia-Tocantinsdesempenhaum protegidos, ligandoentresi asreservas existentes,
ain-
papel essencial(Capítulo 8, Figura 08-25). da que de naturezae jurisdição diferentes,emregiões
Outro elemento importante de uma política de ondea preservação do ambienteé prìoritfuia.O pro-
ordenamentodo território, ainda que não seja concebi- jeto definiucincodesses corredores naAmazônia,cu-
da como tal nem tocadapelo ministérioque tem a sua ja superfícietotal excede1,5milhãode quilômetros
atribuição explícita, mas que de fato contribui para o quadrados(Figura10-13)e dois na mata atlântica,

A t las do B r as il

278
ï ?. Territórios legalmente protegidos
'EG-

Tipo de unidadede conservação


Usosustentável

I Proteçáointegral(proteçãoe pesquisa)

f-I ProteçãointegralimplantadaprojetoArpa

@ Proteçãointegralcriadapelo projetoArpa

criadaspelo projetoArpa
Reservasextrativistas

Terrasindígenas
Ëffi Reserva ou em pÍocesso
delimitada de delimitação

Sqpedíçie gm hectares
(ÍoradeArnpzQnia)
aÍ 1300000
\d- 100.000 0 500 km

@ Hf-2003 MGM-Libêrqéo

Fonte: IBGE, Ministério do Meio Ambiente, Funai

que é um ecossistema de imensabiodiversidadepar' Amapá,o Maranhãoe o Tocantins. Os corredoresda


ticularmente ameaçado. mataatlânticaafetam bem
superfícies menorese úsam
corredores amazônicos, o corre-
principalmente à preservação
principalmente dosúltimosresquíciosdes-
Os
dor centraldaAmazônia,o projetomaisavançadoe que seecossistema extremamente degradado. O projetoé
servede piloto,afetamprincipalmenteo Amazonas, o muitocontestado por certosgrupospolíticosbrasileiros,

Ordenamentos do território

2t9
ïS-ï3. #s corred*rese*oËergtuo* poisconsideram queprejudicaa soberania
nacional,o quepodecomprometer suaim-
plementação. A CâmaradosDeputadose
o Senadoexigiramamplasconsultas públi-
cas,e nãosomentea ONGse a comunida-
deslocais.
Emboraa finalidadedasterrasindíge-
nasnãosejaa mesmaquea dasunidadesde
conservação, o seupapelnãopodeserdes-
prezadono ordenamento do território,so-
bretudonaAmazônia.O mapade sualoca-
lizaçãoe população(Figura10-14)opõe,de
um lado,terrasmuitopequenas (a tal ponto
queseucontornonãoé visívelno mapa)e
muito povoadas, no Sul e no centro-suldo
País,e de outro,terrasmuitovastase fraca-
mentepoyoadas, no Norte.As densidades
são, conseqüentemente, muito diferentes
entreosdoisconjuntos, comsituações críti-
casno Nordestee nasfronteirasocidentais,
o equivalenteàs do Mato Grossodo Sul ao Rio Grandedo
superfíciesreunidas
de França,Alemanha, Sul.Os Estadosmaisdesenvolvidos e urba-
Espanhae Portugal
A do corredorcentral cotresponde nizadosnãocontampraticamente comessas
à do ReinoUnido
terras,tendo sido lá a "questãoindígena"
resolvidamaiscedo,e de maneirabrutal.
Em contrapartida, no Norte as terras
corredorcentralde Amazônia indígenas sãonumerosas e vastas.Umacon-
centraçãoparticularmente forte marca as
fronteiras,ao longode um arcoquevai da
Bolíviaà GuianaFrancesa, porémtodosos
Estadosamazônicos sãoafetados, pois 387
das587terrasindígenas do Paísestãositua-
dasna Amazônia.Essasituaçãoé o reflexo
da evoluçãono tempoda concepção que a
sociedade brasileiratem a respeitoda im-
Limltedo corredor portânciados gruposindígenas. A visão
Uso sustentável(parqueÍederal) atual,baseada no respeitodo direitoà exis-
ffi Uso sustentável(parquedo Estadodo Amazonas)
tênciados gruposindígenastradicionaise
Proteçãointegral(parqueÍederal)
I PÍoteçãointegrêl(parquedo Estadodo Amazonas) seusterritórios,impôs-sesomenteapósos
ReservasextrativascriadaspeloprojetoArpa anosde 1970,emborao princípioda delimi
ffi Reservaindígena
taçãodasterrasindígenas e de seusdireitos
Fonte:Ministériodo lvleioAmbiente.SCA
estejareconhecido desdea Constituição de
1934.No entanto,a prioridadeeradada,no

Atlas do B r as il

2AO
10-14.As terras e os povos indígenas

Densidadede povoamentoindígena

107,00
12,00
1,2 0
ffi
0,1 7
0,02

Populaçãoindígenaem 2002
1 36 0 0
3 500
3
0 500 km

@ HT-2003MGM-Libergéo

Fonte:Funai.2003

melhordoscasoS, à suaintegração,e não à demarca- gruposindígenas e a manu-


os meiosde subsistência
apósa Constituição tençãodastradições. socialdosin-
O reconhecimento
çãode suasterras.Recentemente,
de 1988,o direito à terra passoua ser a regralegal, dígenas passapeloreconhecimento fundiáriode seus
devendoa delimitação traduzir-seem demarcação fí- territórios,quedesempenham umpapelcapitalna sua
sica,poiso territórioconsideradoé o que garanteaos reprodução social.

Orde na m e ntos do te rritóri o

281
A sË€ue+ã+
GS-G5. des Ë*rssstru*$üguc"ttts
Ëur{dËea

Situaçáojurídica
das terras

[- l A Ìdentificar
--l
tr- ir lont ií in a n ã n

-
I l d e n t i f i ca d a
ffi Delimitada
Fm . lêm âr . â. á ^

f Demarcada
W Homologada
! Registrada
'l
f- Sem informação

matÇo
FonteìFunaì, 2OO2

As terrasindígenasocupam naAmazônia Legaluma comoa


de transportes,
ou limitadospor infra-estruturas
superfícietotal de 97milhõesde hectares, dosquais
34,5 BR-174,quecruzaa reservadosuaimiri-atroarig ou a hi-
noEstadodoAmazonas, ouseja,quase22o/"desuaexten- droüado Madeira,quedelimitacincoterrasindígenas.
são,ondese agrupam41% dosgruposindígenas da re- jurídicae fundiáriadasterrasindígenas
A situação
gião.Algumasterraslocalizam-seemlugares atravessados é,nosdiasde hoje,relativamente vistoquea
favorável,

At las do B r as il

282
r# .rffi " V Ë g E Ë â mcãm Ër am *fr gmteinEçaeter r ãt6r im sespee Êe

Vigilânciafronteiriça
sanitária
Vigilância
Polícla Federal
Recelta Federal

Zonas especiais
I "Portos
secos" De acordocom Lia OsórioMachado'UFRJ
Zonade llvre-comércio MuriloCardosode Castro,UFRJ
f
(Países LetrciaParenteBibeiro,ReoecaSrennan
vizinhos)
@ ZonaFranca tonlet Tera Limitanea,Atlas da Frontetra
ZonaoÍlcialde fronteira ContÌnental do B rasil,IBGE,Ministério
( 1 5 0q u i l ô m e t r o s ) da Saúde.ReceitaFederal,PolíciaFederal

O 500 km

@ Hí2003 MGM'Lìberqéa

gru-
de identificaçãosãonormalmenteaquelasonde vivem
maior parte estáregistrada- última fase do processo se devem
menos pos ainda não contatados,cujas referências
demarcação.Como esseprocessonão conta com pelo
o completaram, e a Figura unicamenteaos sobrevôosde seusterritórios' Em
de dezesseisfases,nem todas de
delas se encon- menos três Estados- Acre, Patâ e Amapá -, mais
10-15mostraem qual dasetapascadauma no Maranhão e em
de 60% das terras estão registradas;
tra. Aquelasque estãoaindaa identificarou em curso

Ordenamentos do território

283
Tocantingquasetodas,à exceçãodasterrasJavaée Boto multiplicidade de açõespontuaise meramenteseto-
Velho,em Tocantins,e dasterrasGuajáe Amanaié,no riais,efetuadas semcoordenação pelogovernofederal
Maranhão. No Parárestamsomenteduasterrasempro- e pelosEstados.O último planonacionaltinha sido
cessode delimitação(Marandubae Pacajá)e duasem elaboradoquandoda "NovaRepública",logo apóso
cursodeidentificação, umadasquais,Tiombetas-Mapue- retorno da democraciaao País,mas foi implantado
ra,seestendeaosEstadosdeAmazonas e Roraima.Em apenasparcialmente. A açãoplanificadorado governo
Roraima,entre31 terrasindígenaq deznão estãoainda centralque,no imagináriopolítico-social, representa-
delimitadas; é nesseEstado que se localizam osconflitos va o símbolo do autoritarismo do regime militar não
maisagudosentregruposindígenas e proprietáriosde foi incentivada e perdeumuitode suaimportância. Os
tenas,comtítulosmaisoumenoslegítimos, queseopõem podereslocaisdefrontavam-se com sériaslimitações
aorecoúecimentodasterrasindígenas. financeirase procuÍavamprincipalmenteresolver
Assuntoessencial de toda política de ordenamen- seusproblemas sociais.
to do território,as fronteirassão objeto de vigilância Na segunda metadedosanosde 1990,no entanto,
atentade váriosserviçospúblicos,O Exércitotem um assistiu-sea umareabilitação do planejamento, embora
númeroconsiderável de guarnições no interior dazona os textosconstitucionais selimitassema aspectos orça-
oficialde fronteira,de 150km deprofundidade(Figura mentários, deixandoos principais instrumentos de pla-
10-08),masos principaispontosde passagem sãotam- nejamento,comoos planosnacionais, regionais,seto-
bém controlados por outrosserviços(Figura10-16).A riais e de ordenamentodo território semmençãode
PolíciaFederalcontrolao movimentodepessoas; a Re- prazos,de critériose dosresponsáveis pelasuarealiza-
ceitaFederalsegueo fluxo de mercadorias, e a Vigilân- ção.A retomadado processo foi fundamentada sobre
ciaSanitária(Ministérioda Saúde)estáencaffegada de um discursotécnico-orçamentiírio, e o ordenamento do
protegera saúdedapopulação e a qualidadedeseusali- territóriovistocomoa baselogísticacapazde assegurar
mentos.A densidade desses pontosde controleé, evi- ascondições de desenvolümento regional.
dentemente, maiorno sú, ondeexistemnumerosos e fá- A Constituição de 1998impunha,defato,a realua-
ceispontosdeacessq do queno norte,ondeelessãorarog çãodosPlanosPlurianuais (PPA),queconsistiam, prin-
e o acessqdificílimo.Nota-se,porém,queháumaboaúgi- cipalnente,numapÍogramação do orçamentonacional
lânciasobrea rodoüa que liga Roraimaà Venezuela, e para o períodode quatroanos.Essaobrigaçãoserviu
maisaindanospontosfluviaiscom a Colômbia,ondeas parareintroduzirum certoplanejamento e substituiua
ameaças da guenilhae do narcotráficosãoconsideradas reflexãosobreaspolíticasde desenvolümento regional
commuitaseriedade. Mas asfronteirasnão representam e ordenamento do território.
apenas ameaças,pois sãotambémlugaresdetrocas,ezoniÌs É nessecontextoquefoi lançadoo programa Bra-
especiais (portossecos,zonasfrancase zonasde liwe-co- silemAção,rm conjuntodesessenta prioridades gover-
mércio)foramcriadasdeumladoe deoutrodo limite,pe- namentais, cujofinanciamento eragarantidoe a execu-
lo Brasilepelospaíses viziúos.Issonãoquerdizerqueelas çãosupervisionada rigorosamente. Esseprogramacom-
nãosejamügiadage constata-se queospostosdecontrole preendiaprincipalmente açõesdereforçodainfra-estru-
coincidemcomaszonÍìsdeliwe-comércio. tura energética, de transportes e comunicação. Dentre
elas,foi dadaprioridadeàsrodoviasamazônicas, tanto
parao Sudeste comoparaa Venezuela e parao Merco-
Ëixos de integração
sul.As ferroviase as hidroviasreceberamuma nova
e desenvolvirnento
atenção, emespecial oseixosdo Madeira,do Araguaia-
O período que sesegúuà restauração do regime Tocanting do Tietê-Paraná e do SãoFrancisco. No conjun-
democrático, em 1985,foi marcadopor um quasedesa- to, estainfra-estrutura desenhou uma nova alternativa,
parecimentodo planejamento territoriale por uma inteiramentesituadaem territóriobrasileiro,à estrada

Atlas do Brasil

244
1G-'17.
Progranra BrasEIem Ação

Rodovias
-
1-Asfaltamento
da BR-174
2 Recuperaçáoda BR-364/163
3, Rodovia
FernáoDias
4 Rodoviado Mercosul
Hidrovias
- 5 Madeira
6. SãoFrancisco
t , ^: ^ T^^^^+ : - ^
/, Ãro guor o-
^ ,^ ^, r uuor lil rè

I Tietê-Paraná

O Portos
9 Pecém Um eixo continental
10 S u a p e alternativo?
11 Sepetiba R i ode Janel ro
12 Santos
Ferrovias
- 13 LigaçãoUnaí-Pirapora
14 Ferronorte

Linhas elétricas
- '15
L l n h ã od e T u c u r u í
16 Complementaçáo de Xingó
17 Sistemade transmissáo a Xingó
associado
Ga s o d u t o s
- 500 km
18.Gásnaturalde Urucu
19 GasodutoBolívia-Brasil @ HT-2O03MGM-Lìberyéo

Fonle:BnsilemAção,1998

Panamericana, quepercorreo continente


o eixoessencial e seusquatroprimeirosanoscorrespondiamaosquatÍo
americanodenortea sul. anosdo PPA2000-2003. O programaofereciadiretrizes
O programaAvança,Brasil,qre deucontinuidade e orientações
estratégicas
em cincodomínios,os"desa-
ao ProgramaBrasilemAção,estavaprevistoparasete fiosparao séculopróximo"(eixosnacionais
de integra-
anosalémdo mandatodeFernandoHenriqueCardoso, çãoe dedesenvolvimento,degestãodo Estado,do meio

Orde na mentos do território

2A5
lO-18.Principaisinvestimentospropostos pelo plano plurianual 2000-2003

ArcoNorte

Transnordestino

lnvestimentos lnvestimentos
propostos propostos
(miìhõesde reais) (milhóesde reais)
3 303 e.528
//-\-
- 1000
300 I /,--- 2.000
\ í zs#- 700
_ 150 \JZZ- 20
20

fgr9yi35 I Aeroportos
-
L i n h a se lé tr ica s I Portos
-
Hidrovias J térmicas
Usinas As coresde fundo d€limitamos eixosnacionais
- de integraçáoe desenvolvimento(Figura1G06)
Q656irJ16s |l Usinashidr:oetétricas
-

-
Rodovias I lnigaçao
ffi SAneamento m Obrashidráulicas 500 km

Y d" usot múltiplos @ ì'IAWHF2003 McM+iberqéo

Fontê:Minìstóriodo Planejamento

ambiente,do empregoe renda,de informaçãoe coúe- numa"abordagemque dá


oferecidasaosinvestidores,
cimento),e definia prioridadesPara os investinentos possibilidades
prioridadeao mercadoe aos.negócios",
públicose eventuaisinvestirnentosprivadosem todos reunidasnuma"carteirade investimentos",e o orça-
osdomínios.Osestudosqueserviramdebasea essepro- de formaa dar prio-
mentodo Estadofoi reorganiz4do
gramaconcentraram-se na detecçãodaspossibilidades ridadeàsaçõespúblicasquepreparama intervençãodo

Atlas do Brasil

246
capitalnesses domínios. Essacarteirade negóciosatin- Para selecionaressesinvestimentos, o consórcio
gia180bilhõesdereais(90bilhõesde dólares);uma se- responsável peloestudohaüa determinado antecipada-
gundafase,para200Ç2007, visavaa um montantede menteos fatoreslocaisde dinamismo, os "motoresdo
1.100bilhõesdereais(560bilhõesde dólares). desenvolvimento", quepodemserdeváriostipos(Figu-
A estratégia dos"eixosnacionaisde integraçãoe ra 10-19).Certamente é a indústriano eixo SãoPaulo-
desenvolvimento", incorporadaao PPA originalmente Rio de Janeiroe seusprolongamentos paraBelo Hori-
de maneiraquasetímida,emergiugraçasa umaconjun- zontee o TiiânguloMineiro,bem comoem pequenas
çãode fatoresfavoráveis. Os"eixos"reuniramo essen- zonasdo Distrito Federal,Paranáe SantaCatarina,A
cial dosprojetosde investimentos em grandesobrasde agriculturamodernae a agroindústria desempenham o
infra-estrutura, destinadosa recuperaros atrasosacu- mesmopapelemdoisblocos,um formadopelooestedo
muladospor causadafraquezadasentradasfiscaisdos Estadode SãoPauloe o sudoeste do Mato Grossodo
anosprecedentes, e desencadearam a imaginação dos Sul;o outro,por Mato Grossoe um de menordimen-
Estadose suasdiversas forçaspolíticas.Em suma,cons- são,entreo suldo Maranhãoe o oestedaBahia(a zo-
tituíramum elementoinovadordascondições econômi- na de expansão da soja).Masao ladodesses póloses-
cas,um meioparaafirmara mudançana maneirade o senciais, outrasatividades, menosmaciças, sustentam
Estadorcaluarsuasaçõesde desenvolvimento. o crescimento de regiõesmenores: a mineração, a fru-
A novaestratégiaconcentrouos grandesinvesti- ticultura irrigada e o turismo,tanto no litoral como
mentosaolongodeeixospriülegiados. O territóriopas- no interior.
soua seÍústo comoumasériederedes(energéticas, de Ainda queos"motores"principaissejamcoúeci-
transporte,informaçãoetc) dimensionadas em função doqdeve-se, contudo,recordarqueessaimageminstan-
dos fluxos previsíveis, e as açõespúblicasúsaram a tâneanão é definitiva,porqueasdinâmicasterritoriais
transformá-lo - ou pelomenosa transformaralgunsde brasileiras sãomuito fortes,e a constituição do tenitó-
seuslugaresmaisdinâmicos - em centroscompetitivos, rio, inacabada. Uma das originalidades essenciais do
integradosaosmercados nacionais e internacionais. Es- Brasilé a presençade umafrentepioneirade grande
saestratégia orientoua açãodo planejamento federal, amplitude, umadasmaispotentesno mundo,queconti-
refletiu-seem cadaplanoregionalde desenvolvimento nua a progredirparao noroestedo País.É um sistema
e reorientouosinvestimentos paraasredesescolhidas, complexo,com aspectos positivose outrosne.mtanto,
Essasnovasformasde açãodeterminarama organiza- que podeser analisadoem termoseconômicos, demo-
çãoda "fïonteira"econômica e umanovaregionaliza- gráficos,sociaise ambientais. Analisáìossimultanea-
ção, estruturada e consolidada por essesinvestimen- mentemostraque,de fato,produz-seuma sucessão de
tos,quesereferiama um pequenonúmerode setores- fenômenos cujasuperposição é apenasparcial,demodo
chave.O maisconsiderâvel eraa construção de cen- quea sualocalização precisaé umadaschavesde análi-
trais hidroelétricas,principalmente ao longodo eixo seda evolução emcurso.
norte-sulAraguaia-Tocantins, destinadoa completar O aspecto maisvisívelnaspaisagens, comentado
a interconexãojá iniciadapelo programaBrasil em nosmeiosde comunicação socialno Brasile no exte-
Ação.Ausinamaisimportanteseriaa de BeloMonte, rior, é o desmatamento, queseproduzao longode um
sobreo rio Xingu,seguidapor SerraQuebrada, Es- arcoque vai do Maranhãoa Rondônia.Mas nota-se
treito, Tupiratins,Lajeadoe Peixe,todassobreo rio que,na frente dessearco,situam-seas zonasde con-
Tocantins, e a segundaetapadeTucuruí.Outrasusinas centração máximade outrosindicadores fiá analisados
estãoprevistasna regiãoSul, em especialno Rio em mapasanteriores):a presença maciçade migrantes
Grandedo Sule em SantaCatarina(Garabi,Campos vindosde outrosEstados,astaxasde populaçãomas-
Novose Barra Grande),comotambémhidrovias,es- culinaelevadas, astaxasde variaçãodessemesmoindi-
pecialmente a do rio Tapajós. cadoraindamaiselevadas. Cadaum desses trêsefeitos

Ordenamentos do território

287
de deseff\ceËvEneeeryto
try-1S.üs enrytryree

F a t o r e s d e d Ì na m ism o

l-I Mlneração
Írll Agriculturae criaçãomodernas
W Fruticuitura
f__-l Turismointeriorano
e Turismolitoral
ffi Agroindústria
f--_l Indústriae setorterciáriotradicionais
! Indústriamoderna
_ Rodovias
' -- Rios
- Ferrovias
- - - - Fronteirasdos Estados
. Cidades 0 500 km

@ HT2003 McM-Liberyéo

Fonle:BrasilemAção

destacaumazonasituadaligeiramente
a noroesteda acontecimentos bemconhecidos, queassocia o desma-
e tudosepassacomoseesses
precedente, indicadores tamentoà progressão dapecuária,da sojae dosconfli-
funcionassemcomoo anúncioda chegadado proces- tosfundiários.
Pode-se,ao analisaressemapa,detectar
so.A chegadade um númerocrescente de jovens umareorientação do arcodo desmatamento parao no-
homensvindo de outrosEstadosabre o corteiode roeste:a sua extremidade ocidental progride pouco

At las do B r as il

28,8
=#-#ffi. ffim rv'n;*rs:c**r+o=
** i'rer+tmK)frffifireãtrG

lndicadores

,7- Arcododesmatamento

Varração máximada taxa


d e p o p u l a ç ám
o a scu lin a
1996-2000

T a x ad e p o p u l a ç ã m
o a scu lin a
m á x i m ae m 2 0 0 0 ( 1 1 0 - 1 1 7 )

Proporçãomáxrmade migrantesem 1996


I ( e n t r e1 5 e 4 0 % )

Taxamáximada evoluçãoda
1991-1 996
relaçáobovinos/humanos

Taxamáximade progressãoda produção


de sola 1977-1999(0,76-1)

Assassinatos ligadosa
confliÌosrurais1985-1991
500 km

@ HT2003 MGM-Lìbergéo

FonÌe:IBGE,CPT

para o Acre, enquanto a sua parte oriental avança desenvolvimento, conservadorda biodiversidade,será
muito maisrapidamente,dando ao conjunto a imagem necessáriopropor alternativasfactíveis ao modelo ma-
de um imenso golpe de foice lançadosobre as partes bovina,quejá demonstrousuaação
deira-soja-pecuária
ainda preservadasda Amazônia. Casose queira,real- no prejuízo ambiental,cuja inexorável progressãoesse
mente, implantar na Amazônia outro modelo de mapa deixa antecipar.

Ordenamentos do terrítório

289
ï0-2ï. Brasil e Argentina: estruturas etárias cornparadas

Populaçãode Populaçãode
10 anos ou m enos 60 anos ou mais

% na populaçáo
% na popul aç ão
31,5
21,1 Populaçâototal
24,2
por mrcro-regrao

20,4
,-- rl9l?199
5óJbz6u
l7a - (a)-
ro.oo0

População População
de 10 a 60 anos analfabeta

% na população
73,6
% na população
71,4
69,4
^^. ffi
uo,oE 0 500 km

ut , , E
@ Hf2003 McM-Libetgéo

uu, E
1999
Fonte:ENS/CREDAL-CNRS

Algunsdosfatoresque influenciamas dinâmicas continental(dinâmicas comparadas,infra-estrutura,


tro-
territoriaisbrasileirasnão se limitam às fronteirasna- cascomeÍciaise demográficas etc) pesacadavezmais
cionais,e não é semrazãoquea políticaexternabrasi- perceberesseproces-
sobreo destinodo Brasil,Pode-se
leira tenha investidotanto no Mercosul:o ambiente so servindo-se de indicadores
muito simoles. comoa

A t las do B r as il

290
composição por idadee o níyelde alfabetiza- 1A-22.Corredoresque
ção das populações argentinae brasileira(Fi cruzamo continente
gtxat0-21).Essajustaposição mostraemque
ponto os dois paísessãodiferentes:o Brasil
temumaproporçãoconsiderável dejovensno
Nordeste,enquantoa Argentinadistingue-se
pela proporçãode pessoasidosas.Efetiva-
mente,o mapamostraa desproporção entre
as massas humanas em causa,sendoclaraa
vantagem do Sudeste-Sul quecons-
brasileiro,
titui umapotenteconcentração de população
de idadeativa.Masmostraigualmenteasde-
ficiênciasdo País,já queo Nordeste,a princi-
pal "reserva"de mão-de-obra jovem,é tam-
bém o principalfoco de analfabetismo - um
desafioqueseránecessário vencero maisrá-
pido possível, casoseespereque essa"reser-
va" desempenhe plenamente o seupapel.
Após séculosde ignorânciaou de des-
confiançarecíproca, ospaísesda Américado
Sul têm tomadoconsciência de suaproximi-
dadee desuascomplementaridades. Contatos
foram retomados, e discussões tiveramlugar
entre técnicose entre governos(facilitados
pelofato de que atualmente todosos países
possuem governoscivis),Comparadas comas
distâncias internas(Figura03-01),as que se-
paramasprincipaiscidadesbrasileiras(mes-
mo aquelassituadasno litoral) do litoral do
Pacíficonãosãototalmentedesmedidas. E as
redesde estradase vias navegáveis, conve-
nientementearranjadas, oferecemmúltiplas
possibilidades para a constituiçãode "corre-
doresbioceânicos", sendoa maiorparterela-
cionadaao Brasil(Figura10-22).Tudo levaa
pensarque essasligaçõesirão desenvolver-se
nospróximosanos,e quea geografiade todo
o conesul vai setransformar. Tiata-sede um
importanteobjeto de cooperaçãoentre os
geógrafos desses países,
ao qualos geógrafos
franceses associam-se ativamente.
0 1000km
À luz destesnovosdesenvolvimentos, é Fonte:WandêrleyMessiasda Costa,
com complementosdo IIRSA @ WMo HT-2003 M GM-L ibergéo

necessário reexaminaras linhasde forca do

Ordena mentos do território

291
- ':ìu

!J::
. -

Pólose eixos
Trópìco de CaprÌcórnio
Focosde desenvolvimento,
il p r in cip a is
e se cu n d á r io s

@ Pólosurbanos

Z on a sd e fr a g ilid a d e

agroee,l.fr' E i x o sco n tin e n ta is,


existentese em formaçáo
Corredoresbloceânicos

E s p a ç o s t r a n sf r o n te ir iço s
M e r co su l,m e m b r o s
il
e observadores
": :' A m a zô n ia
"
A r ead e ju n çã o
(Juranas
0 1 000km
Avan s pioneiros
.rl brasi ros @ HT 2003 MGM-Libergéo

continente,que se alterarambastanteem relaçlo ao Valparaíso,via SãoPauloe BuenosAires.Zonasde fra-


que eram hâ cercade vinte anos.Certamenteas massas gilidade e de ameaçascontinuam existindo,sobretudo
principaisresistem,como a predominânciado eixo ur- na Colômbia e no Nordeste.Mas mudançasproduzi-
bano,em via de megalopolização, do Rio de Janeiroa ram-se,em especialno centrodo continente.

Atl as do B r as il

292
Se o Tiatado de CooperaçãoAmazônica ainda não contribuem na mesmadireção e introduzem o risco de
teve muitos efeitos concretos(o seu objetivo era princi- transferir o conjunto do comércioparaguaiodo rio - e,
palmente diplomático), hoje a Amazônia reencontra o por conseguinte,da Argentina - para a estradae para o
seu lugar ao centro do continente,lugar único que a to- Brasil. Por último, mas não menosinteressante,é o caso
pografia continental sempre lhe deu, mas que não era da Guiana Francesa,onde o mesmo afluxo de brasilei-
aparente enquanto cada país considerava apenas a ros desenha-see seráfacilitado pela melhoria dasredes
"sua"Amazônia. O eixo novo que vincula Manausa Ca- rodoviáriasde parte aparte da fronteira.
racas,e por conseguinteSão Paulo ao Caribe, oferece Assim, a influência brasileira aumentaclaramente,
uma nova via, do norte ao sul do continente,uma alter- tanto no plano diplomático como no das relaçõeseco-
nativa - em território brasileiro - à rodovia Panameri- nômicas.Há várias razõespa:.aisso.Por um lado,o Bra-
caÍa,a sua coluna vertebral.Os corredoresbioceânicos, sil tem necessidadede matérias-primase de mercados:
em via de organização,reforçarão o papel central da interessadono petróleo venezuelano,equatorianoe pe-
Amazônia, ainda que o mais potente delespasseao sul, ruano, no carvão colombiano e no cobre chileno,paga
no trecho Rio de Janeiro-Valparaíso. essesprodutos com suasvendasde veículos,eletrodo-
Os espaçostransfronteiriçosque se criam em tor- mésticose produtos agroindustriais,os quais são encon-
no do País,o espaçoamazônico,o das Guianase aquele trados, agora,em todo o continente.Por outro lado,
que os geopolíticos militares brasileiros chamavam a essaexpansão,sustentadapelo crescimentoeconômi-
"ârea de junção" (nos confins de Brasil, Bolívia e Para- co, correspondeàs doutrinasgeopolíticasprofessadas
guai) têm em comum o fato de verem aproximar-se há décadaspelosmilitaresbrasileiros,especialmente o
frentes pioneiras brasileiras.Evidentemente,o tempo generalGolbery do Couto e Silva.No seu pensamen-
das conquistase anexaçõesterminou, assirncomo o das to, o "destino manifesto" do Brasil era controlar todo
retificaçõesfronteiriças que se faziam,invariavelmente, o continenteem troca de um apoio incondicionalà po-
em benefício do Brasil, e ninguém mais fala em alterar lítica externados EstadosUnidos e à aberturada eco-
os traçados.Mas o afluxo de centenasde milhares de nomia aos seuscapitais.O contexto alterou-se,arela-
brasileiros alterou profundamenteo leste do Paraguai, ção com os EstadosUnidos não tem mais o mesmo
onde os "Brasiguaios" introduziram a cultura da soja e fervor, mas o Brasil continua a querer desempenhar
criaram uma nova rede urbana. Fenômenoscompará- um papel de potênciaregional.
veis poderiam se produzir no nordesteda Bolívia. Já exerce uma influência particularmente sensí-
A influência brasileira sobre esses dois países vel sobreos paísesvizinhos,e a Argentina encontra-se
acentua-setodos os dias.Na Bolíüa, mais bem colocada hoje bem distanciada.Isso é muito nítido com o Para-
para usar em seu proveito a rivalidade entre vários guai, onde numerososbrasileiros compram terras, e
grandespaíses,o objetivo brasileiro é a rìca região de cujo território aparececadavez mais integradoao es-
Santa Cruz, cujo desenvolvimentonos últimos vinte paço econômicodo Brasil.Um exemplodissoé a coo-
anosfoi bastanterápido, com a descobertado petróleo peraçãomuito desigualentre os dois parceirospara a
e gás,e o desenvolvimentoda produção de açúcar,de construçãoda barragemde Itaipu sobre o rio Paraná,
arroz e de algodão.Apoiando, às vezes,as aspiraçõesse- fronteira entre os dois: a barragemé de fato brasilei-
paratistas da Proúncia, os brasileiros ofereceram-lhe ra, foi o Brasil quem a financiouintegralmente,é para
mercadose meios de transporte que evitam a passagem São Paulo que é dirigida toda a eletricidadeproduzi-
pelos Andes (rodoüa, estradade ferro, zona franca em da, e a pafte "parcguaia" serve para reembolsar os
Santos),destacandocadavezmais essaregião estratégi- empréstimosconcedidospelo Brasil.A transformação
ca do seuquadro nacional.No Paraguai,aconstruçãoda do Paraguaiem satélitedo Brasil estâjá bem avança-
"ponte da amtzade"e da estradaAssunção-Paranaguá, da, o que provocagrandeapreensãono rival do Brasil
bem conooa oferta de facilidadesfiscaise alfandegárias, nessePaís,a Argentina.

Ordenamentos do terrìtório

293
Maq mesmosobreesseponto,ascoisasmudaram. conjunto,quesedefendevigorosamente contraastenta-
A criaçãodo Mercosul,queassocia o Brasil,a Argenti- tivasde dissolvê-lodentrode umavastazonacontinental
na,o Uruguaie o Paraguai, põe essarivalidadeem ou- de liwe-comércio,comoosEstadosUnidosdesejariam.
tra perspectiva,
e a situaçãoevoluirapidamente. No mo- De norte a sul,do centroà periferia,do seuanti-
mento,trata-seaindaapenasde umauniãoalfandegá- go eixoatlânticoàsfronteirasmaisrecuadas, a geogra-
ria,semaspolíticascomunsquefazema forçada União fia do Brasilestáem plenamutação. Ao mesmotem-
Européia,masos efeitossãojá sensíveis. Parasedeter po porqueoscicloseconômicos e movimentos pionei-
em doisexemplos, os produtoresde trigo brasileirosti- rosquepercorremo Paíshá cincoséculos aindaestão
veramqueinclinar-se frenteàsimportações argentinas, ativose porque,pelaprimeiravez,asinterações com
e osfabricantes que
de automóveis se instalam no Bra- que
os seusvizinhostêm um efeitosensível é levado
sil visamagoraao mercadodosquatropaíses.Obvia- em conta:indubitavelmente, asdécadasfuturasverão
mente,o Brasiltorna-sea potênciaprincipaldessenovo aindamuitasmudanças.

Atlas do Brasil

294
11
CAPITULO

0
quandoo escritoraustríaco
m 1.941,, StefanZweig Reformasforamtentadasparaalteraressasituação: os
refugiou-seno Brasilpara fugir dasameaças da governosde ItamarFrancoe FernandoHenriqueCar-
guera na Europa,escreveuum liwo intitulado dosoconseguiram, apósanosde hiperinflação, estabili-
Brasilien,ein Land derZukunfi (Brasil,um Paísde Fu- zar a rnoedae reduzirfortementeo crescimento dos
turo),livro otimistae quaselíricosobreo destinodeste preços;iniciou-sea reformado Estado,a situaçãome-
País,comparado coma terrívelsituaçãoda Europa. lhorounoscamposda educação e da saúde.O governo
Mas essaconfiançapoderiaserpostaem dúvida, de Luiz InácioLula da Silvaestáempenhado emreali-
sabendo-se queelesesuicidoualgunsmesesdepois,em zarreformassociaisprofundasque,serealizadas, altera-
fevereirode 1942.No entanto,não tinhaperdidoa sua rãoprofundamente a situaçãoatual.O momentoé,por-
fé no Brasil,e reafirmavaque"dia a dia aprendia gos- tanto,oportunoparaperguntarseo Brasiltemrealmen-
tar maisdele,e emnenhumoutrolugareu teriapreferi- te possibilidades de conhecero desenvolvimento pro-
do edificaruma nova existência, quandoo mundoda metidohá tantotempo,ou seosvelhosdemôniosconti-
minhalinguagemdesapareceu paramim e a miúa pá- nuarãoa assombrá-lo; seossonhosde desenvolvimento
tria espiritual,a Europa,destruiu-se". continuarãocomoo horizonte,recuandoà medidaque
Sessentaanosdepois,a Europafoi reconstruída, e seavançaem suadireção.
o Brasilcontinuasendoconsiderado um Paísde futuro, Masé tambémpossível queessaperguntanãofaça
um grandedestino,um amanhãprometido.As máslín- maissentido,porque,na verdade,o futuro é agora,eo
guascompletama fórmulade Zweig"um Paísde futu- Brasiljá mudoumuito:ele é atuahnente uma dasdez
ro.. ." acrescentando".. . e quepermanecerá assimeter- primeiraspotênciaseconômicas mundiais,um Paísin-
namente".Estarámesmoo Brasilcondenado a perma- dustrializadoe urbanizado, o principalparceirodo Mer-
necerindefinidamente o "Paísde um futuro brilhante, cosul,um expoÍador de produtosindustriaiscuja im-
quenuncachega",enquantoa suarealidadediáriaé fei- portânciano mundoaumentousensivelnente.A econo-
ta de desigualdades, violênciase devastação? mia brasileiratransformou-se profundamente durante
De fato o Brasilconheceuépocasde crescimento asúltimasdécadas e continuaafazê-lo.
rápido,de "milagres",masnão sepode,contudo,reco- A Figura11-01e o Quadro11-01justapõemascur-
nhecernessecrescimentoum real desenvolúmento, vasde crescimento da população(total e urbana)e dos
porquefoi obtidoao preçode umaforte concentração eleitoresa algunsindicadores de riquezaduranteo sé-
espaciale social,provocandoriscose desperdícios ina- culoXX. A escalaé logarítmica, de modoqueum pro-
ceitáveis, quecompÍometem o futuro.A pobrezae a de- gressoconstante tomaa formade umareta,o quemos-
sigualdade nãosãosomente injustaqmoralmente conde- tra claramente quea curvada população é maisou me-
náveis,mastornaram-se fatoresde riscoe de bloqueio. (a
nosretilínea doscitadinose a doseleitores juntam-se

O futuro é hoje

295
( US$
(mÌlhoes) índi ce {1 000) índi ce
m ilhóes )
1890 14
190 0 380
' 1 91 0
1920 30 2
1930
1940 41 3 120
1950 19 280
I vco 141 1
1960 70 5 650 600 4
1966 2,300 to
1970 93 7 2 600 4 600 33
1976 1 16 0 0 82
1980 119 I 250 IJ 4.710 1 08 0 0 1 83 0 0 130
1986 26,500 188
1990 146 10 1 83 0 0 153
1995 31600 224
1996 151 11 40 26 200 218
1997
20 00 166 12

rapidamentea ela), e que o PIB crescemais rapida- Infelizmente,se asbaseseconômicasdo Brasil,fir-


mente aindaao longo de todo o século(apesarde al- mementefundadassobreum amplo mercadointerno e
gumassinuosidades, que refletemos atrasosimpostos sobreexportações diversificadas,
sãosadias,a conjuntu-
pelascriseseconômicas). Da mesmamaneira,as cur- ra é difícil.Existemdois problemasessenciais e imedia-
vasdos equipamentos que alterarama vida diária dos tos.O primeiro, cuja acuidadepareceter diminuído sen-
brasileirosseguemde perto essaevolução.Como nos sivelmente,é a dívidaexterna;o segundo,mais preocu-
outÍos países,a curva de difusãoaproxima-sede uma pante,é a erosãoconstantedo valor da moeda.Outros
função logística,com uma inclinação forte no início desequilíbriosmais gravesameaçam,a longo prazo,o
(aqui nos anosde 1960e 1970),seguidade segmentos desenvolvimento, caso reformasprofundasnão sejam
menosinclinadosquandoa saturaçãocomeçaa mani- lançadasrapidamente.
festar-se.Esseestágiopareceter começadonos anos
de 1990 e deverá prosseguirpelo menos enquanto
ã**er-tezes€ãatanceËn*s
e íïìoneeé*flãês
persistiro modeloatual de distribuiçãoda renda.To-
mando como referência,respectivamente, os anos O Brasil, que gosta de acumularrecordes,bateu
1940e 1956,o total de automóveise de televisoresfoi um que não é o melhor e semo qual poderiater passa-
multiplicadopor duzentos,mas com 26 milhõese 31 do: é um dospaísesmaisendividadosdo mundo:o total
milhõesde unidades, respectivamente, aindaestálon- de sua dívida excedia,em 2003,200 bilhõesde dólares.
ge do número total de famíliasbrasileiras,o que deixa Esseúnico dadonão é inquietante,deveserrelativizado
uma forte margemde progressão, se a rendafor mars levandoem consideração as relaçõesdívidaiPIB e ser-
bem distribuída. viços da dívidaiexportações. A primeira relaçào se

Atlas do B r as il

296
11-01.Crescimentos

Milhões
(de habitantes,US$,unidades)

1890 1910 1930 1945 1950 1960 1970 10an 10aa 100R

ooorooe Pgpg16çfig Urbanos ElettoÍes


-------
. . . . ... PIB Automóvêis Jslsyis6lsg
-------
Fonle:IBGE,STE(SuperiorTribunal
EleitoÍal)

mantémao redor de 45o/o; paÍa a segunda, a situação falência,comsuasconseqüências emcadeiasobreo sis-


melhoÍou,já que o serviçoda úvida, que absorviaem tema financeirointernacional. Os credoresdo Brasil,
19991.46y'do produtodasexportações, e ainda87oloem efetivamente,compreenderÍÌÍn-no, nãolhe apertarama
2001,baixoupua7\o/oem2003. gargantae demonstraram muitatolerância.
A dimensão
O Brasil,no entanto,passoupor algunsmausmo- de suadívidapromoviaummeiodepressão do devedor
mentos,ao longode todosos anosde 1980e iníciodos os
sobre banqueiros, um jogo de chantagem recíproco
anosde 1990.Paraeütar a falência,teve,defato,quere- entreo Brasil e os credores.O PlanoBrady,de 1994,
negociarosprazos,de conseguir novosempréstimos pa- permitiu reciclaros créditosbancáriosem títulos ao
ra pagarosjuros de suasdívidas.Váriasvezessuspen- portador,freqüentemente comprados por fundosde in-
deuo pagamento dosjurose mesmodo principal,entre vestimento. Desdeentão,a questãoda dívidaperdeu
1982e 1994,e assuasrelaçõescomo FundoMonetário muito de suagravidadee é muito menosevocadaque
Internacional
foramtumultuadas. Tevequeaplicarpro- anteriormente:outras preocupações monopolizama
gramasde austeridade, limitar o aumentodossalários atençãoe muitospensamque enquantoo Brasilconti
abaixoda taxade inflação,lançarumasériede planos nuarsolvente- comoé,evidentemente - arranjostécni-
de estabilização (Plano Cruzado,Plano Verão etc.). cospodemserencontrados.
Apesarda brutalidade(comoo "congelamento" de Portantoproduziu-seuma inversãode situação
todasascontasbancárias quandoFernandoCollorde bastantesurpreendente, quenemé a primeiranemserá,
Mello chegouao poder,em 1990),esses p-lanosforam semdúúda,a últimaqueo Paíscoúece.Osbrasileiros
aceitos,porqueeram a únicaesperança de evitar a nuncasedesesperaram como futuro,porqueo Brasilse

O futuro é hoie

297
fez especialista emencontrarnovosrecursosnospiores do Estadoe asgravesdisparidades sociais,
muito mais
momentos, e semprepensaram - emboraalgunsduvi- gÍavesqueosproblemas agrupados sobo termogenéri-
dassem - queum milagreiria seproduzir. code"custoBrasil"e dosquaisosoperadores econômi-
O sucesso do PlanoRealpareceu seressemilagre: cossequeixamtanto.
de acordocomo BID, a taxamédiade crescimento do Por essaexpressão,freqüenteno debateeconômi-
Índicede preçosao consumidortinha sido de 1.008% co,entendem-se geralmente oscustosadicionais, as"ex-
eml992,de2.148% em1993e2.688%eml994,anoda que
ternalidades" complicama vida dosindustriaisque
entradaem úgor do PlanoReal.Em 1995,caiu para desejamimplantar-se no Brasil,de seusexecutivos ex-
84o/o,êmI996parc e em1997para7,5o/o.
18o/o, Parecia patriados,dos própriosempresários brasileiros,custos
bem-sucedidoao estancartamanhadepreciaçãoda adicionais queminama competitiüdade brasileirae re-
moeda,poisemcinqüentaanosforamretiradosL8zeros duzemsensivelmente assuasvantagens comparativas.
do valor,queera,emI994,menos queo bilionésimode A infra-estruturadeficiente(estradasmalconservadas,
bilionésimodo que valiaem 1942.Masessaestabiliza- pontespreciírias,
portosondeo tempode esperaé inter-
çãotemseupreço:considerável distorçãodospreçosre- minável),umaburocraciaincrivelmente minuciosa, a ri-
que
lativos, setraduznumareduçãoda taxadepoupan- gidezdo sistemafinanceiro, quefazemperder tempoin-
ça,taxasdejuroselevadas e relaçãopreocupante entre finito,tudoissoretarda,complicae aumentao custodas
o déficitcorrentee asreceitasem divisas. Após a crise transações maisbanais.
asiáticade 1997,oBrasilapareciacomoum bomcandi- Nãosepoderiaampliaraindamaisessanoção:não
datoà próximacrise. sepoderiaincluirnelaum sistemapolíticoclientelistae
Um primeiroataqueespeculativo foi afastadogra- corrompido,que multiplicaas injustiças,as vantagens
ças àsreservas de câmbio,mas astaxasdejurostiveram pessoais, ossubornos,e quea imprensadenuncia, sema-
queserelevadas vigorosamente,emoutubrode 1997,de na apóssemana? O desperdício dosrecursosnaturais,
20o/opara43Vo,taxas queevidentemente nãopoderiam em especial- masnão apenas- na Amazônia,poderia
sermantidaspor muitotempo,porqueestrangulavam o ser outÍo elemento,nuncalevadoem conta,do custo
consumoe a produção. Foramsendoreduzidas seguida- Brasil,cujacontaseráapresentada àsgerações futuras.
mente:no iníciode2003atingiram,outravez,aproxima- Essaatitudeinconseqüente e depredadora é uma he-
damente2lo/oao ano.Mas,paraisso,foi necessário des- rançahistóricade colonospreocupados com o lucro
valoúar o real,que estevepraticamente em paridade imediato,convencidos de queos recursossãotão ilimi-
como dólaraté 1998.4suaquaseestabilidade eraceÍ- tadosquantoo território,umailusãoquepodedissipar-
tamenteum motivode orgulhoparaosbrasileiros e um selogo,mascujocustoterásidoentãobastanteelevado.
bom argumentoeleitoralparao presidente, maspassa- Outraherançado períodocolonial,masquedeveriater
va a ser difícil mantê-lacontraventose marés.Exata- sidoquitadahámúto tempo,sãoasrelações sociaisbru-
menteapósa reeleiçãode FHC,reduziu-se o seuvalor tais,mrritodesiguais,
estigmaaindavisívelde um passa-
em aproximadamente 25o/o,
e houveseguidos reajustes do escravagistanãotão remoto.As novasclasses domi-
progressivos até a paridadeestabilizar-seao redor de nantestratamospobrescommenosprezo ou comindi-
3,5reaispor dólarno iníciode 2003,apósumaalta ex- ferença, damesmamaneiraqueasantigas, tolerandode-
cessivaa quase4 reaisdurantea campanha eleitoralde que
sigualdades chocamtodosos observadores estran-
outubrode2002. geiros,masquenunca,excetonaretórica,foramlevadas
Além dapilotagemfinanceira,reformasde fundo, seriamente emconsideração.
do sistemafiscale tributárioe daprevidênciasocialse- Nãosepode,portanto,explicá-lotodopelacrisedo
rão necessárias. Essepodesero mecanismo paraco- momento,e emmuitoscasoso "modelo"de desenvolvi-
meçara atacardois dos problemasque ameaçam o mentopagao preçode suasprópriasescolhas, dassuas
crescimento a longoprazo:asdeficiências da máquina contradições e do encadeamento, àsvezesperverso, de

Atlas do Brasil

298
causase conseqüências. O aumentobrutaldospreçosdo tem conseqüências tangíveis,comoa multiplicação dos
petróleo,nosanosdeI970,nãoteria sidotambémdra- serviçosde segurança privadose dos condomínios fe-
máticosetamanhaproporçãodostransportes nãosefi- chados,onde elasse enclausuram, As tensõesacumu-
zessepelaestrada.O programade produçãode álcool lam-se,e o otimismoquecaracteúavaosbrasileirosàs
combustível, instaurado pararemediara crisedo petró- vezespareceesgotar-se.O quesesuportava ontem,por-
leo,e a tônicacolocadasobreasculturasde exportação que haviao sentimentode tazerparte de um grande
provocaÍÍÌmuma crise da agricultura alimentar,que Paísdo futuro,começoua parecerinsuportável à medi-
obrigoua importaralimentos, e,por conseguinte,custou daquea dúvidaseinfiltrava.Quandoo crescimento ficou
divisasque entãofaltaramparacompraÍpetróleo.Co- maislento,toÍnou-sedifícilconvencero últimofavelado
mo eraabsolutamente necessário obterdivisasparasal- ou o último doscamponeses semterra do Nordestede
dar asimportações e tentarpagarosjurosda dívidaex- que elesteriamsuaparteda epopéiaamazônica, das
terna,tentaramsedesenvolver novasexportaçõeq o que grandesbarragens ou da conquistadoscerrados.
exigiuinvestirem novasinfra-estruturas e equipamen- Seránecessário um novomilagreparaque a si-
tos.Dessaforma,houvenovosempréstimos e sobrecar- tuaçãodo Brasilmelhoree quevenhaa serreahnente
ga pesadaà díüda.Comopara realizaresseprojetoo umagrandepotência?Talveznão sejanecessário, por-
Estadoabsorviamaior parte da poupançadisponível, que ele dispõede vantagens muito importantes,que a
não sobravamcapitaisparadesenvolver umaindústria crisedosanosde 1980e 1990fezpor um momentopeÍ-
voltadaparao mercadonacional, ou seja,paraos 170 der de vista,masque permitemencararo seufuturo
milhõesde brasileiros, masapenasparatrinta ou qua- comcertootimismo.
renta miÌhõesde privilegiados, o que favoreciaum
sistemamuito desigual.
ntagens para o amanhã
Os mecanismos que permitiramumaacumulação
rápida- a concentração da rendana mãode poucos,a A presença de umadasmaioresfrentespioneiras
desigualdistribuiçãodosrecursosdisponíveis, dasativi- do mundoé indubitavelmente uma dessasvantagens.
dadese do poderentreregiõescentraise periféricas- Imenso,o tenitório nacionalfoi progressivamente con-
hojetêm-setornadofatoresde bloqueioe de tensões: a quistadoe dominado, nãosemmuitodesperdício de re-
saturação do centroe a estreiteza dosmercados solven- cursosnaturais, nemsobretudo- o queé bemmaisgra-
tes ameaçamo funcionamento da economia,as desi- ve - semmortes.Estaconquistanão estáterminada,a
gualdades regionaisminama unidadenacional,e asdis- frentepioneiracontinuaa avançarhoje,porqueesseter-
paridadesde rendae de patrimôniopodemlevara ex- ritório aindaabertocontémabundantes recunosnaturaig
plosões. florestas,solosférteis,minérios.Apenasserecordaráum
A desaceleração da atividadeindustriale dascon- exemplo:a descoberta, nosanosde L950,de 18bilhões
tratações,a suarepercussão sobreasatiúdadesurbanas, de toneladasde ferro na serrade Carajás, o querepre-
a diminuiçãodosorçamentos sociais,todosessesfatores sentaquatroséculosde exploração ao ritmo atual.Co-
reduziramaspossibilidades de absorção dascidades,cu- mo vastasextensões (ondecaberiamváriospaíseseuro-
ja governabilidade ficaa cadadia maisproblemátíca.O peus),sãoaindalargamente inexploradas, pode-secon-
desemprego e o subemprego contribuemparao desen- tar comnovasdescobertas deminérios.
volvimentoda delinqüência. Observadores atentosse Pormaisricosquesejamosseusrecursosnaturais,
surpreendem de queestanão sejaaindamaisnumero- conhecidos ou aindaa descobrir, a maispreciosarique-
sa,quandoobservam a ostentaçãoinsolentedo luxonas zado Brasilé outra,é a sua população: maisde 170mi-
proximidades imediatasda miséria.O medodasclasses lhõesde habitantes, comumataxade crescimento do-
médiaqtodosos diasmaisperceptível(asclasses supe- minada,uma classede idade ativa aindalargamente
riorestêm meiosparaemigrarou paraproteger-se), já majoritária,o quenãoé maiso casona Europa.É uma

O futuro é hoie

299
vantagem, mastambémum desafio,dadoque é neces- estavampresentes, masera necessiíriovalorizá-los:
foi
sárioalojar,alimentar,formartodaessapopulação. Es- um dos papéis que
do Estado, desempenhou suatarefa
sedesafiopodeservencido,porqueo crescimento das de modomuito eficazno controlee na valorizaçãodo
últimasdécadasviu desenvolver-se uma classemédia território.Aindaqueemoutrosdomínios(saúde, educa-
sólidae qualificada,por queme para quemfoi feito o ção) o seubalanço sejamenos brilhante,pelo menos o
"milagre",e quetemosmeios,materiais, humanose in- aparelhodo Estadodesempenhou o seupapelnessedo-
telectuais,os talentosde organização (com um gênio mínioquefazparte,porexcelência, dassuasresponsabi-
específicopaÍa a improúsaçãode último minuto,que lidades.Paraqueissoocorresse, recebeuentãoo neces-
recuperaos atrasosacumulados) e,semdúvida,a von- sárioapoiodo dinamismo pioneiroda sociedade.
tadede vencere de encontrarum modeloque exclua Thdoissoestádispoúvel,e podeamaúã sermo-
menos,que associemais a massada populaçãoaos bilizadoa serviçode um outro modelode desenvolú-
frutosdo crescimento. mento,umatransiçãoquenãosefarásemperturbações
Ao todo,entreaspotênciasemergentes do início degrandeporte.AÍinal,o Brasiltemconhecido atéago-
do séculoXXI, o Brasilaparece maissólidoqueoutros. ra trêsséculose um quartode dominaçãocolonial,um
Uma dassuasvantagens essenciaisé evidentemente a séculoe um quartode dominação neocoloniale pouco
imensareservafundiáriadaqualdispõe, mastalvezmais maisdecinqüentaanosde crescimento dependente. Po-
aindao fato de quecontrolaa totalidadede espaçoso- demlhe serdadosalgunsanosainda para encontraro
breo qualexercea suasoberania. O Brasilpôdeocupar seupróprio modelode desenvolvimento, sejapelailu-
a quaseintegralidade do seuterritório,porqueconstruiu minaçãodivina(iá que,comosesabe,"Deusé brasilei-
os equipamentos quepermitiramaoshomense àsem- ro") ou pelamagiado "jeitinho"nacional.Continuade
presasinstalarem-se sobreter.rasúrgens,firmemente pé,nessePaís,a convicção de queum grandedestino
controladas antesmesmoda suavalorzação.O Brasil esperao Brasil,de queeletem aindaum futuro,ao con-
não é um espaçogeogriífico"cheio",masos seus"va- trátrÌodaEuropa.A mentalidade pioneiraquesobrevive
zios"sãoutilizáveisejá dotadosdeinfra-estrutura,mes- e sobreviveráaofim anunciadodasfronteirasé a melhor
mo sea malhaé maislargano nortedo queno sul.Es- garantiadisso:desseponto de ústa, o Brasilé aindaa
savantagemo Brasilconquistou. Os recursosnaturais América,a verdadeira.

Atlas do Brasil

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