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LIVRETOS DE ARQUERIA—N 01

Do Primitivo
ao Composto
GUIA RÁPIDO DE ARCO E FLECHA

Por André B Morais


ARQUERIA
PRIMITIVA

O ARCO E FLECHA é a arma mais antiga ainda em uso no mundo.


Imagina só, antes do homem ter uma faca direito pra cortar comida,
uma simples faca de metal pra partir uma fruta, arcos com potência sufi-
ciente para derrubar um alce já estavam sendo usados.

A evolução, que veio com as armas de fogo, embora tenha trazido avan-
ço, não quer dizer que tenha melhoria na honra ou na habilidade. Veja
bem: um revolver é uma peça de ferro,
feita numa fábrica ou por um especialista,
para segurar uma explosão barulhenta que
joga para fora de um cano riflado com
muita velocidade um pedaço de chumbo.
Se você não tiver as ferramentas corretas,
não vai poder remediar uma quebra; se
não for um químico ou tiver os elementos
necessário não vai poder repor a munição
de sua arma; e como uma arma de fogo
não precisa da força de quem a está usan-
do para funcionar, mesmo um marginal
semi-nutrido semi-analfabeto marginal
com um revólver semi-carregado pode
destruir uma família ou roubar um shopping inteiro.

O arco e flecha é simples, elegante e nobre. Não é à toa que temos mais
heróis com o arco do que com o revolver. O próprio Rambo, famoso por
sua metralhadora, tratou de arrumar um arco nos filmes seguintes.
Um arco pode ser tão sofisticado como um arco composto, feito de fibra
de vidro e ligas de alumínio, polias e cabos de aço; como também sim-
ples, feito de um pedaço de madeira flexível esculpido. O arco longo
inglês não passa de um pedaço de madeira tirado de uma arvore especial
(teixo = “yew”), mas era feito com potência suficiente para atravessar o
corpo de um homem com uma flecha a 200 metros de distância.

Flechas, por sua vez, podem ser feita de muitos materiais diferentes. As
varetas podem ser feitas de todo tipo de madeira reta com alguma resis-
tência, ou até mesmo fibras industrializadas (vidro ou carbono) e alumí-
nio. A plumagem estabilizadora das flechas pode ser feita com penas de
calda e asa de qualquer pássaro maior do que um pombo, ou então mate-
riais artificiais. Ponteiras de flecha podem ser feitas de toda sorte de me-
tal, bem como de pedra, vidro osso limado, cerâmica e até mesmo de
madeira dura. Também, ponteiras podem variar de diversos modos con-
forme a intenção: ganchos para pescaria, sem pontas para abater animais
pequenos por choque de golpe, largas e afiadas para cortar a carne de
animais grandes, agulhadas para perfurar armaduras, e até mesmo com
apitos de sons diferentes para comunicação. E não esquecer flechas em
chama para provocar incêndios. É importante também que você guarde
com atenção que todos esses tipos de flecha (as de madeira até as de
alumínio) com penas de aves ou com plumagem feita de fita adesiva,
independente das ponteiras que você necessitar usar no momento, todas
essas variações podem ser disparadas pelo mesmo arco, quase sempre
sem precisar modificar nada nele ou acrescentar/remover qualquer aces-
sórios. Simplesmente pegue uma nova flecha de sua aljava, coloque no
arco, puxe o cordão e dispare.

Nessa parte desse livreto iremos focar em detalhes de fabricação tanto


de arcos “primitivos” como de diferentes flechas simples e outros aces-
sórios básicos e primários. Entender porque um arco é feito de maneira
diferente de outro, os materiais e as forças envolvidas, vai ensinar você
a não só apreciar melhor o seu arco (seja lá qual você possua) bem co-
mo a usar ele melhor.
1 Várias Formas do Arco
A forma longa é a mais simples. É o arco de índio. Mas nem por isso
menos poderosa. Um arco longo pode ser feito tão poderoso quanto o
mais forte homem consegue puxar. A forma reta (como também é co-
nhecida) é a melhor forma a ser utilizada quando não se tem um materi-
al muito bom, pois La é a que menos força o material. O arco longo pro-
duz pouco ruído quando disparado, uma vez que o cordão do arco não
toca nos membros além do ponto de amarração.

A recurva pode ser colocada na forma longa para aumentar a eficiência


do arco. Com ela, ao soltar o cordão, o arco puxa mais rápido a flecha, o
que dá mais velocidade e a flecha irá mais longe e com mais força. A
recurva também permite um arco com tamanho menor, o que é ideal no
caso da arqueria montada, pois um tamanho menor é melhor para mano-
brar o arco encima de um cavalo, e também menor chance de bater no
cavalo.

O reflexo é uma recurva colocada no arco inteiro. Isso é principalmente


feito em madeira, aplicando um reforço de tendão de animal nas costas
do arco. O reflexo, e também a recurva, não podem ser feitos em materi-
al de baixa qualidade, como madeira não própria para a fabricação de
arcos, mas o reflexo é menos agressivo pois é uma curva menos brusca.

2 Partes do Arco e flecha


CORDÃO DO ARCO ao contrário do que você pode imaginar, o cordão
do arco não estica de jeito nenhum. O arco é um estilingue de flechas,
mas o cordão nesse caso é o mais firme possível. O cordão geralmente é
feito de várias linhas, com um traçado apenas nas partes que interessam:
nas pontas e no meio.

JANELA DA FLECHA é um espaço que pode ser aberto encima do ca-


bo por onde a flecha irá passar. Isso é bem útil para que a flecha não
precise correr por cima da mão do arqueiro.
BARRIGA E COSTAS são os dois lados do arco. A barriga é o lado
virado para o arqueiro e as costas é o outro lado. Quando o cordão é

puxado, a parte da barriga é apertada, enquanto a parte das costas é esti-


cada. Se você quiser o melhor desempenho e puder utilizar dois materi-
ais diferentes, a melhor opção é utilizar em uma camada de material
bem duro que agüente ser apertada e outra de um material que estique
bem. O arco feito com camadas é chamado de arco laminado e é a me-
lhor forma de se fazer um ótimo arco.

O perfil também pode mudar, sendo os mais comuns o


perfil em D, que é a melhor opção se você estiver fazen-
do um arco utilizando um galho redondo e reto de ma-
deira; ou então a forma achatada, que é a melhor opção
se você escolher fazer o arco de um tronco de madeira
ou laminado, porque a forma achatada distribui melhor as forças de
compressão e esticamento durante o disparo.

BASTÃO DA FLECHA é a parte principal da flecha, mas não a mais


importante. Deve ser cumprida e bem redondo para evitar desvios por
vento. O tamanho dela quem vai dizer é a sua puxada. Deve ser um pou-
co maior do que a distância do arco até onde você puxar o cordão. Para
a maioria dos adultos, 30-32 polegadas é o suficiente.

EXTENSÃO pode ser colocada entre o bastão e a ponteira ou para


completar o tamanho da flecha caso você tenha um bastão de tamanho
não suficiente, ou numa caçada, quando você quiser utilizar mais de
uma ponteira no mesmo bastão (a ponteira é colocada na extensão, que
por sua vez pode ser colocada e removida a qualquer tempo do bastão).

PONTEIRA é a parte útil da flecha. É a “bala” do arco. O arranjo todo


do arco e flecha é montado para fazer a ponteira chegar até o alvo com o
máximo de eficiência possível. Como já foi dito, ela pode ser feita de
vários materiais, e assumir várias formas, cada uma com a sua função,
sendo as principais:

Da es-

querda pra direita.

PONTEIRAS DE TREINO (1 e 2) são finas para causar o menor es-


trago no alvo que você estiver usando.

Uma PONTEIRA DE MARTELO não tem ponta (2), e serve para gol-
pear animais pequenos ao invés de perfurá-lo, para não estragar a caça.

Adicionando pequenos ganchos ou barrinhas, você tem uma PONTEI-


RA BARRADA que não é ótima para caçar em lugares com muitos ar-
bustos, pois os ganchos vão impedir a flecha de entrar muito fundo na
vegetação.

Adicionando ganchos laterais, você consegue uma PONTEIRA DE


PESCA que serve para puxar o peixe de dentro d’água. No caso das
flechas para pesca, não é utilizado plumagem estabilizadora.

Lascando pedra, vidro ou cerâmica, ou utilizando um metal em forma


de triangulo (duas lâminas ou, se possível, bem melhor, três lâminas) é
possível fazer uma PONTEIRA DE CAÇA que serve para rasgar a car-
ne de animais grandes e causar sangramento profuso, garantindo uma
morte rápida.

Outras ponteiras também podem ser utilizada, como colocar lanços ara-
me largos para, ao acertar uma ave no ar mesmo que lateralmente, pren-
da e quebre uma das asas derrubando-o do vôo. Ponteiras em forma de
gaiola para segurar brasas ou químicos servem como ponteiras incendiá-
rias. Existem inclusive ponteiras aplicadoras de remédio ou rastreado-
res, utilizadas por tratadores de animais. Como dito o arco dispara qual-
quer coisa que seja colocada na frente da flecha e que não atrapalhe de-
mais o vôo da flecha.

PLUMAGEM é a parte mais im-


portante da flecha, pois estabiliza
o vôo. Sem plumagem, a sua fle-
cha não fai andar nem 10 metros
depois do disparo.

Caso você tenha poucas penas,


você pode usar a plumagem de
DUAS PENAS/PRIMITIVA
que não é a melhor, porque não
estabiliza a flecha tão bem quanto
a plumagem de TRÊS PENAS,
mas funciona. Assim como fun-
ciona também a plumagem feira
(Três planos) de material, como fita adesiva, plástico fino e até mesmo
folha de plantas. Nesse caso porém, se você utilizar material artificial,
você precisa na janela do arco usar alguma peça que permita que a plu-
magem passe sem bater em nada, como um trilho ou um passador. Esse
acessório é chamado de descanso de flecha, e é comum em arcos com-
postos que normalmente utilizam flechas com plumagem artificial. Pe-
nas naturais dispensam esse acessório pois elas cedem e se recolhem
naturalmente para em seguida voltarem a posição normal (basta passar o
dedo numa pena que você entenderá o que estou falando).

Também é possível acrescentar plumagem em excesso de 4 barbatanas,


ou então fazendo uma espiral. Esse tipo de plumagem é utilizado para
frear o vôo da flecha para que a mesma não vá tão longe e é bastante útil
para a caça de animais pequenos utilizando ponteira de laço, barrada ou
de martelo.

3 Fabricação de arco longo simples


Vamos ilustrar de modo rápido o passo-a-passo de um arco simples.

Primeiro você precisa escolher uma madeira própria. Ela deve ser forte,
firme e densa, e que agüente ser dobrada. Encontre uma vara reta e lon-
ga com a grossura correta ou um tronco que você possa tirar uma lasca
cumprida.

Com o tronco, pode ser feito mais fácil o perfil achatado. De todo modo,
é feito o arco removendo material em igual maneira e quantidade a par-
tir do centro (cabo) afinando até as pontas.

Periodicamente, ao longo do trabalho, deve ser conferido se os dois


membros do arco estão “dobrando” da mesma maneira. O nome desse
processo é calibragem, e você deve fazê-la colocando o cordão no arco
(de leve inicialmente) e puxando aos pontos e observando se está tudo
dobrando de igual modo. A potência do arco é determinada pelo materi-
al removido e nesta etapa de calibragem. Deseja um arco mais fraco,
remova mais material, deseja um arco mais forte, remova menos. Nota
importante é que a largura e a grossura dos membros funcionam de ma-
neira diferente: adicione 1 de grossura, e você adiciona 8 vezes mais
peso; enquanto que a adição 1 de largura você apenas adiciona 1 de for-
ça.

Nada é mais importante que uma boa calibragem durante a fabricação


de seu arco. Faça isso com atenção e paciência enquanto fabrica seu ar-
co, e não haverá erros sérios.

Acabamentos como pinturas e ornamentações devem ser aplicados ape-


nas no final do processo. Também, e importante, deve ser evitado raspar
ou cortar as costas do arco. Se possível, essa parte deve ser deixada sem
qualquer contato, pois lascas e ranhuras nessa parte irão aumentar quan-
do você usar o arco. Se possível, novamente, durante a fabricação de um
arco primitivo de madeira, as costas do arco não recebem qualquer re-
mossão de metal.
ARQUERIA
RECURVA

O ARCO RECURVO é o meio termo entre o primitivo e o mais moder-


no. Por um lado, você tem a vantagem da melhor forma possível (perfil
achatado e recurva) e também se estivermos falando de um modelo des-
montável, a possibilidade de reduzir o tamanho do arco para o transpor-
te; por outro lado, a simplicidade de arcos simples permanece e são pos-
síveis fáceis manutenções, como troca de cordões, e também utilizar
flechas de fabricação própria sem grandes preocupações.

Nesta parte deste livreto, vamos ver os cuidados e detalhes da arqueria


recurva. Características, acessórios especiais, etc. Basicamente, tudo
que você aprendeu na arqueria primitiva também vale para a arqueria
recurva, com o acréscimo das vantagens que vêm com um arco recurvo.

Um arco recurvo no padrão olímpico com potência suficiente para caça,


isto é, de 40 até 70 libras, com perfil achatado, desmontável, com empu-
nhadura de liga de alumínio com entradas para acessórios como carre-
téis de pesca, miras e outros, é um excelente instrumento que deveria
existir em toda casa, porque além de uma bela arma que serve perfeita-
mente de ornamento em uma parede, é também tanto uma ferramenta
para o esporte como para a caça.

1 Recurva x Reflexo
O arco que servirá de base para esta parte do livreto será o arco america-
no achatado desmotável, que é o modelo mais comum de arco tradicio-
nal que você conseguirá comprar e o mais conveniente para se possuir
como primeiro arco. Naturalmente, existem outros modelos de arcos
recurvos, como os arcos da família laminada asiática que funcionam da
mesma maneira, mas a conveniência do arco americano é o que será le-
vado em consideração aqui.

O arco americano desmontável pode vim com costelas de dois tipos:


com reflexo e com recurva. Uma ou outra são curvas no braço reto do
arco. Isso ajuda em duas coisas:

1) Diminuir o tamanho do arco, pois com uma curva funcional um


arco consegue agüentar uma puxada completa sem quebrar.

2) Aumentar a força da flecha, porque a curva funciona como uma


alavanca puxando o cordão com mais força e essa força é transfe-
rida para a flecha (dois arcos de exato mesmo peso, um recurvo e
um reto, o primeiro é superior).

Quando a curva está apenas nas pontas dos


membros do arco ele recebe o nome de RE-
CURVO. Quando está distribuída no mem-
bro inteiro, ele recebe o nome de REFLE-
XO. O reflexo pode ser feito em arcos pri-
mitivos do perfil achatado adicionando uma
camada de tendão de animal (essa camada
quando seca junto com a cola puxa a madei-
ra pra o formato reflexo). Recurvas podem
ser adicionadas também utilizando trata-
mento de calor na madeira (alguns arcos
longos ingleses possuem recurvas), mas es-
sa recurva precisa ser leve para não compro-
meter a madeira. Por isso, o padrão utilizado
pela industria é a utilização de laminação
(várias camadas de diferentes materiais) pa-
ra formar um membro recurvo já no formato
desejado.
A recurva também pode ser de dois tipos: funcional, quando ela dobra
junto com o restante do membro do arco (é flexível) e é o mais vantajo-
so e utilizado nos arcos americanos; ou não-funcional, quando a curva é
feita adicionando uma peça dura que não dobra junto com o restante do
membro do arco (esta é comum nos arcos da família laminada asiática.

2 Técnica de Mira
Acessórios de mira podem ser colocados na empunhadura dos arcos a-
mericanos (também nos compostos), assim como pode ser visto nas
competições olímpicas. Porém, um arco olímpico é de potência em tor-
no de 25-35 libras, enquanto que o mínimo para um arco de caça é de 40
libras. Essa potência não vai permitir que você fique muito tempo mi-
rando, então é melhor que você desenvolva uma técnica de mira mais
instintiva. Essa técnica vai ajudar você a não depender tanto de acessó-
rios de mira, tornando sua arqueria mais simples, e também permite fa-
zer disparos mais rápidos e em movimento (útil para a arqueria montada
que veremos mas a frente).

A técnica de mira por referência ajuda a disparar melhor. Nesse caso,


você vai usar o ponto onde a flecha toca a empunhadura do arco (ou
também a ponta da flecha, mas nesse caso você precisa ter flechas de
tamanho sempre igual).
Para distâncias próxi-
mas, como 10 a 20 me-
tros, você deve mirar um
pouco mais abaixo do
alvo, e ir “subindo” o
arco a medida que a dis-
tância for ficando maior.
Isso compensa a diferen-
ça de ângulo entre o o-
lhar do arqueiro e o ali-
nhamento da flecha, que
normalmente fica um pouco mais abaixo (na região da boca ou do quei-
xo dependendo de para onde você puxou o cordão).

Cada arco e potência terá uma variação diferente que deve ser aprendida
praticando. Mas a técnica da referência é a mesma independente se você
estiver atirando um arco primitivo ou um composto (sim, é possível dis-
parar um arco composto sem utilizar acessórios de mira).

3 Caçando a Pé
Primeiramente, para caçar com o arco a pé é importante lembrar que
você não está em um combate: uma aljava de costas com 30 flechas é
peso desnecessário. Flechas são munições trabalhosas de fazer (isso
quando você simplesmente não compra), por isso, a depender do que
você for caçar, a quantidade pode se resumir a uma única flecha dispara-
da (como no caso de caças nobres). Cinco flechas normalmente são o
suficiente para caça de animais médios, e um pouco mais em caso de
caças pequenas com maior chance de errar e quebrar uma flecha.

Nesse sentido, uma aljava de arco, isto é, uma que é


fixada na lateral do arco e carrega de 3 a 5 flechas
no máximo, é a melhor opção para uma caçada a
pé. Nela as flechas ficam convenientemente fáceis
de tirar para usar (você não vai precisar botar a mão
por cima do ombro) e também ficam bem visíveis e
você poderá facilmente identificar e escolher a com
ponteira mais apropriada para a ocasião. Esse tipo
de aljava também conserva melhor a plumagem das
flechas, mantendo-as separadas.

Feito este arranjo, feitos os treinos necessários, isto


é, que você tenha habilidade suficiente para acertar
pelo menos uma galinha a 15 passos de diferentes
ângulos, você poderá sair para caçar. Não pense,
porém, que caçar com o arco e flecha é apenas a-
pontar e disparar. A nobreza do arco está também no desafio gratifican-
te. Com o arco o mais desafiador é se aproximar o suficiente do animal
para efetuar o disparo: quanto mais próximo melhor. Um arco dos ín-
dios norte americanos sem recurva e de apenas 40 libras era suficiente
para derrubar búfalos pelo fato de que eles conseguiam se aproximar o
suficiente (usando cavalos).

Ao avistar o animal é preciso esperar a melhor pose dele para o disparo.


O alvo preferencial par qualquer animal são os pulmões. E em animais
grandes deve ser evitado as áreas com ossos e a barriga.

1. Animal de lado, perna para frente. É a posição perfeita para


disparo. A flecha deve ser disparada bem ao lado da pá (parte on-
de a perna se liga ao corpo). Se o animal se abaixar um pouco (o
que pode acontecer) para correr, você perfurará os dois pulmões;
caso ele não se mova, há uma grande chance de você lhe acertar o
coração.

2. Animal inteiramente de frente, ou de costas. Deve-se evitar dis-


parar nessa posição, pois você não atingirá nenhum órgão vital e
só irá perder a flecha e a caça. Nesse caso deve-se aguardar que o
animal mude de posição, e caso ele não o faça, voltar no outro dia,
pra ver o dia do caçador acontece.

3. Animal de lado, indo embora. É uma posição mais vantajosa,


mas ao mesmo tempo um pouco mais difícil de acertar. O animal
não está olhando para a sua direção, e por está nesta posição a par-
te da barriga está exposta, mas ao mesmo tempo uma flecha pode
entrar fundo o suficiente para alcançar os pulmões. Dispare a fle-
cha no sentido de ela entrar pela barriga de um lado e sair no om-
bro do animal do outro: a flecha provavelmente não vai bater em
uma costela e passará por ambos os pulmões.

Considerando outros tipos de animais:

 Aves no ar. Utilize uma ponteira laçadeira, e uma flecha com plu-
magem flu-flu. Um cachorro apontador ou levantador é de ótima
ajuda para que você tenha tempo de se posicionar para o disparo.

 Roedores e aves pequenas no solo. Utilize uma ponteira de gol-


pe, de preferências com barras laterais para a flecha não penetrar
muito na vegetação.

 Peixes. Utilize uma ponteira de pesca e um carretel com cordão


para prender a flecha. Devido a refração da água, você deve mirar
abaixo de onde você está vendo o peixe, pois essa é a posição real
dele.
4 Arqueria Montada
Se o cão é o melhor amigo do homem, o cavalo é o melhor amigo do
arqueiro. Por isso grandes civilizações de antigamente praticavam a ar-
queria montada.

O arco oferece uma arma que pode alcançar a distância de até 100 me-
tros com força mortal. O cavalo oferece velocidade: ir e vim no campo
de batalha ou de caça com rapidez. Ele permite não só que você cubra
mais distância do que poderia a pé, mas também não espanta a maioria
dos animais, que não se assustam normalmente com outros animais de
quatro patas, mesmo quando estão carregando uma pessoa. Não foi a
toa que os índios americanos, quando o cavalo foi reintroduzido em suas
vidas pelos europeus, abandonaram a agricultura e se tornaram nômades
que viviam só de caçar búfalos.
O arco recurvo, por sua vez, é a melhor opção para se usar encima de
um cavalo, por causa do seu tamanho e rapidez nos disparos.

Para arqueria montada, alguns detalhes amais precisam ser considera-


dos, diferente da arqueria a pé. Já é difícil acertar um bode a vinte me-
tros com um arco você parado, quem dirá encima de um cavalo galopan-
do. Por isso mesmo algumas dicas são de grande valia tanto para os trei-
nos de montaria, como para acostumar o animal ao propósito da arqueri-
a montada:

 Postura: aprender a andar no cavalo em uma posição que ele cor-


rendo não atrapalhe muito. Isso normalmente se consegue “se le-
vantando” da cela (usando os estribos) no exato momento do dis-
paro.

 Confiança no animal: o arco é uma arma de duas mãos, então será


necessário soltar as rédeas para disparar.

 Noção de tempo: andando em um cavalo rápido, o alvo estará em


posição por apenas alguns segundos e você estará em movimento
em relação a ele, o que exige treino.

Outra diferença está na aljava. Enquanto que na arqueria a pé qualquer


aljava pode ser utilizada. Na arqueria montada a melhor vantagem está
nas aljavas de cintura ou laterais, para que você possa pegar as flechas
rapidamente.
ARQUERIA
COMPOSTA

O arco existe há mais de 10 mil anos. Como já foi dito, antes do homem
ter uma simples faca de ferro, o arco já era eficiente para derrubar um
javali. Hoje em dia a sociedade tem corte a laser, a gente voa pelo céu
em aviões, e temos bombas que podem destruir uma cidade inteira de
uma só vez.

Nesse tempo de coisas por demais modernas, você deve imaginar que o
arco e flecha ficou para trás, e que hoje não passa de um brinquedo de
meninos, uma ferramenta para um esporte olímpico, ou uma boniteza
para por na mão de herói de filme.

Porém, saiba, que em 1966, um inventor americano Holless Allen, mui-


to tempo depois de o homem ter inventado o primeiro arco de pau, nos
deu o arco composto, a última evolução do arco (até o momento) e que
o transformou em uma arma mais fácil de usar e mais potente a ponto de
equivaler aos poderosos arcos de guerra ingleses.

1 O problema do peso do arco


O problema do arco é um problema bem simples: o peso da puxada. Um
arco de 40 libras precisa que você consiga puxar um peso de 40 libras,
nenhuma libra a menos. Se você não possui essa força, tem que treinar
para consegui-la ou se conformar por enquanto com um arco de 30 li-
bras ou de peso menor.

O que é a vantagem do arco composto é onde ele coloca o peso máximo


da puxada. Enquanto todos os outros tipos de arcos (primitivos ou recur-
vos) tem o peso máximo no final da puxada, o arco composto tem o pe-
so máximo logo no começo da puxada, e no final fica menor. Esse alivi-
amento, justamente no final da puxada, é muito vantajoso porque é jus-
tamente nessa parte que você para pra mirar. Porém, isso não é mágica,
apenas mecânica aplicada. Um arco de 40 libras não vai importar o mo-
delo, você vai em algum momento ter que botar 40 libras de força: ou
gradualmente (mais e mais e mais) até o final no modelo recurvo
(primitivo também), ou tudo de uma vez logo no começo para depois
sentir o alívio no arco composto.
Outra vantagem que o arco composto oferece é uma força extra. Acon-
tece que para segurar as polias e exercer contra força, são necessários
dois contra cabos. Um é atado a uma das polias e ao membro oposto do
arco, e o outro em um arranjo oposto, mas
normalmente espelhado.

Esses dois cabos puxam as polias junto com


os membros do arco, todos puxando o cordão
com mais velocidade do que seria possível em
um arco recurvo, e muito mais do que seria
possível com um arco primitivo.

Por isso a velocidade da flecha de um arco


composto de 40 libras é ainda maior do que
de um arco recurvo de mesma potência. O
resultado final é maior distância e trajetória
mais redá para uma flecha disparada por um
arco composto do que por uma disparada de um arco recurvo.

2 Disparos a longa distância


O desafio de um disparo a longa distância (toxófilo), ou seja, acertar um
alvo na distância de 50 metros até 100 metros, não é pouco, porque o
arco dispara uma flecha de moto diferente de uma arma.
Isso deve ser compensado elevando o arco em ângulo, de acordo com a
potência do equipamento. Caso não seja usado nenhuma mira de refe-
rência, o arqueiro precisa, por meio de treino e acumulo de experiência,
se familiarizar com o seu arco para conhecer as compensações necessá-
rias.

O arco composto é a melhor opção para esse tipo de treino, uma vez que
ele permite tempo para você mirar com calma. Mas, claro, é preciso ter
uma noção com todos os tipos de arco, pois uma vez que você atire bem
em um tipo, vai atirar com facilidade nos demais.

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