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Apostilatoxicologia 130818194639 Phpapp01 PDF
Apostilatoxicologia 130818194639 Phpapp01 PDF
SUMÁRIO
1 A TOXICOLOGIA NA HISTÓRIA.............................................................................................................. 2
1 A TOXICOLOGIA NA HISTÓRIA
“Não viste ou ouviste como morrem em tão pouco tempo, quando ainda tinham tanta
vida pela frente”?
Plínio, no início da era cristã, após visitar galerias de minas descreveu suas horríveis impressões
sobre os trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e a poeiras de toda espécie. O mesmo autor
fez ainda referências às tentativas daqueles “infelizes”, que procuravam minimizar a inalação de poeiras,
fazendo uso de membranas de bexiga de carneiro à frente do rosto, como se fossem máscaras contra
poeiras.
Em 1556 foi publicado o livro de Georgius Agricola, com referências a acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais típicas dos mineiros;
Em 1700 surgiu a obra de referência histórica neste campo: o livro do médico Bernardino
Ramazzini, intitulado As doenças dos Trabalhadores, que trazia descrições de doenças associadas a
54 atividades diferentes. Esse autor, considerado o "Pai da Medicina do Trabalho", é admirado até hoje
pela profundidade e detalhamento com que descreveu diversas doenças ocupacionais e como fez a
relação das doenças dos trabalhadores com a presença de agentes tóxicos físicos, químicos e biológicos
no ambiente de trabalho, apontando inclusive fatores ergonômicos para os quais só se tem dado atenção
muito recentemente, como é o caso do levantamento de pesos e movimentos repetitivos.
Transcrevemos um pequeno parágrafo, que reflete o que se disse acima:
2 CONCEITOS BÁSICOS
2.1 TOXICOLOGIA
É a ciência que estuda os efeitos adversos produzidos pela interação de agentes químicos
com sistemas biológicos. Casareth a define como "ciência que define os limites de segurança dos
agentes químicos".
O objetivo básico é prevenir, diagnosticar e tratar as intoxicações provocadas por esses agentes.
Por ser uma ciência muito ampla e de interesse para várias áreas, é necessária a subdivisão da
toxicologia, segundo o seu campo de aplicação.
Toxicologia Ambiental - aplicada ao estudo dos efeitos nocivos produzidos pelos contaminantes
ambientais nos seres vivos, visando ao controle da poluição do ar, da água e do solo.
Toxicologia Ocupacional - aplicada ao estudo dos mecanismos de ação e efeitos nocivos produzidos pelos
contaminantes, presentes nos ambientes de trabalho, sobre a saúde dos trabalhadores, visando ao
controle ambiental desses contaminantes, à vigilância da saúde dos trabalhadores, através de controle
biológico de exposição durante e após as exposições, além de avaliação de tratamentos feitos em
trabalhadores doentes.
Toxicologia de Alimentos - aplicada ao estudo dos efeitos nocivos produzidos pelos contaminantes
presentes nos alimentos.
Toxicologia Social - aplicada ao estudo dos efeitos nocivos dos agentes químicos usados pelo
homem individualmente ou em sociedade, capazes de induzir a toxicomania.
A toxicomania, por sua vez, é um estado de intoxicação nocivo ao indivíduo e à sociedade, devido
aos problemas de ordem ética, moral e legal acarretados pelo consumo repetido de uma droga.
Dentro da Toxicologia Ocupacional, cujo objetivo maior é a saúde do trabalhador, os pontos principais
são:
- conhecer todos os agentes químicos no ambiente de trabalho, inclusive misturas e
combinações, resíduos gerados.
- conhecer as propriedades físico-químicas dos mesmos
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2.2 INTOXICAÇÃO
É um estado de desequilíbrio no organismo provocado por um agente tóxico que interage com
qualquer órgão do corpo. Este estado é caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas que revelam
um estado patológico. A intoxicação é, pois, a manifestação clínica do efeito tóxico. Qualquer substância
química em interação com o organismo é capaz de produzir um efeito adverso.
Como o organismo humano é um sistema aberto, capaz de trocar energia e matéria com o
meio externo, através de um equilíbrio dinâmico, pode-se afirmar que entre o instante de contato do
agente tóxico com o organismo, até o momento da manifestação clínica do efeito tóxico, ocorrerá uma
serie de fenômenos. Nesse sentido, considera-se que um processo de intoxicação ocorre em quatro
fases.
Fase de Exposição - corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo. Nessa fase é importante
considerar entre outros fatores, a via de incorporação do agente tóxico, a dose ou concentração do
mesmo, bem como o tempo durante o qual se deu a exposição.
Fase Clínica - corresponde ao período de exteriorização dos efeitos do agente tóxico, isto é, o
aparecimento dos sinais e sintomas de intoxicação.
intoxicações alimentares - ocorrem após a ingestão de alimentos contaminados por produtos químicos de
origem industrial, por produtos químicos existentes no próprio alimento (cianeto X mandioca "brava"), ou
por microorganismos diversos (fungos, bactérias, vírus.);
intoxicações ambientais - são devidas à poluição atmosférica, hídrica e do solo, sendo mais comuns em
grandes centros urbanos e industriais, podendo ocorrer também em áreas de intensa atividade
agropecuária;
intoxicações suicidas e homicidas - são aquelas produzidas livre e espontaneamente pela própria
vítima ou por terceiros, objetivando a morte;
intoxicações congênitas - são aquelas adquiridas pelo novo ser em formação, durante a gravidez;
intoxicações agudas - são aquelas que decorrentes de uma única ingestão/exposição do/ao agente
tóxico ou mesmo de sucessivas ingestões/exposições, desde que ocorram num prazo médio de 24
horas;
Pode-se definir agente tóxico como sendo qualquer substância que interagindo com o
organismo seja capaz de produzir em um órgão ou conjunto de órgãos, lesões estruturais e/ou
funcionais, podendo provocar até mesmo a morte.
Com bastante frequência, o termo xenobiótico é usado para designar agente tóxico. No
entanto, xenobiótico entende-se qualquer substância química qualitativa ou quantitativamente estranha
ao organismo. Um xenobiótico pode ser de efeito benéfico, como é o caso dos medicamentos, ou de
efeito negativo, como no caso de intoxicação por Chumbo, por exemplo.
Para que os agentes causem danos à saúde, é necessário que estejam acima de uma
determinada concentração ou intensidade, que seja suficiente para uma atuação nociva desses agentes
sobre o ser humano.
Denominamos Limites de Tolerância, para fins legais, como está na NR-15 da Portaria 3214/78 do MTE,
aquelas concentrações dos agentes presentes no ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores
podem ficar expostos durante toda a sua vida laboral, sem sofrer danos a sua saúde. Esses limites têm
por objetivo garantir a proteção da saúde, mas o seu caráter não é absoluto, refletindo, unicamente, o
estado em que se encontram os conhecimentos em um dado momento. Quando se determina a
possibilidade de uma substância provocar câncer, por exemplo, (substância cancerígena), não há mais
sentido em falar-se em "Limites de Tolerância", uma vez que qualquer exposição deverá ser evitada,
como é o caso dos conhecimentos sobre o Benzeno, que até poucos anos atrás tinha seu Limite de
Tolerância definido internacionalmente.
No Brasil até o ano de 1978, não tínhamos tabelas de Limites de Tolerância para substâncias químicas. A
Portaria 491, de 1965, que era a legislação vigente até a promulgação da atual (e já muito desatualizada)
NR-15 e Anexos, determinava os trabalhos insalubres baseando-se apenas nos aspectos qualitativos da
exposição aos agentes químicos.
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Os agentes tóxicos podem ser agrupados, para fins didáticos, em diversas categorias, como
por exemplo:
agentes tóxicos irritantes - são substâncias que produzem inflamação dos tecidos com que entram
em contato, tais como a pele, conjuntiva ocular, tecidos de revestimento das vias respiratórias, etc. (
gás clorídrico, amônia, cloro, soda cáustica, ácido sulfúrico...);
agentes tóxicos asfixiantes - são aqueles que exercem sua ação no organismo, interferindo com o
oxigênio disponível. Há os asfixiantes simples, que são gases inertes cuja interferência é apenas a nível
de diluição do oxigênio disponível ( gás carbônico, hélio, hidrogênio, nitrogênio,...). Há também os
asfixiantes químicos, os quais impedem o transporte de oxigênio ou a sua perfeita distribuição pelo
organismo (monóxido de carbono, anilina, cianeto de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio...);
agentes tóxicos anestésicos - são aqueles que interagem com o organismo, atuando a nível do sistema
nervoso central, de ampla aplicação médica (álcoois, éter, clorofórmio,...);
agentes tóxicos de ação local - são aqueles cujos efeitos se manifestam no local onde ocorreu o
contato inicial com o organismo (cimento X dermatose ocupacional);
agentes tóxicos de ação sistêmica - são aqueles cujos efeitos se manifestam à distância do local onde se
deu o contato inicial entre o agente tóxico e o organismo (benzeno X danos celulares na medula óssea,
tetracloreto de carbono X danos hepáticos/renais/Sistema Nervoso Central);
agentes tóxicos mutagênicos - são aqueles capazes de provocar alterações na informação do material
genético, acarretando o aparecimento de alterações em descendentes do indivíduo contaminado
(alguns pesticidas, clorofórmio, formaldeído);
agentes tóxicos carcinogênicos - são aqueles capazes de induzirem a transformação de células normais
em células cancerígenas (benzeno, asbesto, formaldeído, anilina).
2.5 TOXICIDADE
Toxicidade é a capacidade que tem o agente tóxico de produzir efeitos nocivos sobre o
organismo com os quais interage.
O grau de toxicidade de uma substância é avaliado quantitativamente pela medida da "DL50", que
é a dose de um agente tóxico, obtida estatisticamente, capaz de produzir a morte de 50% da população
em estudo. Assim, um agente será tanto mais tóxico, quanto menor for sua DL50.
Pode-se avaliar a toxicidade de uma substância a partir provável dose letal oral para humanos.
Segundo esse critério os agentes tóxicos podem ser agrupados segundo 6 diferentes categorias de
toxicidade:
CLASSIFICAÇÃO DL 50
1 - praticamente não tóxico ...................acima de 15g/Kg
2 - Ligeiramente tóxico ..........................entre 5 e 15 g/Kg
3 - moderadamente tóxico.......................entre 0,5 – 5 g/Kg
4 - muito tóxico......................................entre 50 – 500 g/Kg
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Esta classificação ainda é de pouca utilidade prática, pois está baseada apenas na toxicidade
intrínseca das substâncias. Na verdade, outros fatores vão afetar significativamente a toxicidade, como
por exemplo:
Os efeitos clínicos e tóxicos de uma dose estão relacionados, por exemplo, à idade e ao tamanho
do corpo do indivíduo receptor. Uma dose de 650 mg é a dose para adultos do medicamento Tylenol, por
exemplo. Isso pode ser muito tóxico para jovens crianças, e então as doses infantis são em torno de
apenas 80 mg. Geralmente o melhor método de comparar a efetividade em relação à toxicidade de um
produto químico, é determinar a quantidade aplicada em relação ao peso corporal. Usa-se comumente a
medida de dose em mg/kg, ou seja o número de miligramas de substância por kg de peso corporal.
Um agente químico de alta toxicidade pode ser de baixo risco em virtude da baixa exposição,
mas um agente químico de baixa toxicidade pode ser de maior risco se houver elevada exposição
individual ou coletiva.
Os dois conceitos anteriores, agente tóxico e toxicidade, vinculam-se ainda a um outro conceito,
o de risco tóxico.
Nem sempre a substância de maior toxicidade será a de maior risco. Tudo dependerá das
condições de contato com a substância.
Pode-se definir o risco como sendo a probabilidade existente para que uma substância produza
um efeito adverso previsível, em determinadas condições específicas de uso.
Geralmente, se se fraciona a dose total, tem-se uma redução da probabilidade que o agente
venha a causar efeitos tóxicos. A razão para isso é que o corpo pode reparar o dano, ou neutralizar o
efeito de cada dose sub-tóxica se ocorre um intervalo de tempo suficiente até que se receba a próxima
dose. Em tais casos, a dose total, que seria muito tóxica se recebida toda de uma vez, passa a ser pouco
ou não-tóxica se administrada em determinado período de tempo. Por exemplo, 30 mg de estricnina
ingerida de uma só vez pode ser fatal para um adulto, enquanto que 3 mg ingeridas a cada dia por 10 dias
podem não ser fatais.
a) ADIÇÃO - é o fenômeno observado quando o efeito resultante de dois agentes tóxicos é igual à
soma dos efeitos individuais.
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b) SINERGISMO - é o fenômeno observado quando o efeito de dois agentes tóxicos é maior que a soma
dos efeitos individuais.
c) POTENCIALIZAÇÃO - é o fenômeno observado quando um agente tóxico que mesmo não sendo
capaz de atuar sobre determinado órgão, intensifica a ação de um outro agente tóxico sobre este órgão.
d) ANTAGONISMO - é o fenômeno observado quando dois agentes tóxicos têm seus efeitos atenuados
ou anulados, devido a interações contrárias entre cada um deles e o indivíduo intoxicado.
e) REAÇÃO IDIOSSINCRÁTICA - são reações anormais a certos agentes tóxicos. Nesses casos o
indivíduo pode apresentar uma reação adversa a doses extremamente baixas (doses consideradas não
tóxicas) ou apresentar tolerância surpreendente a doses consideradas altas ou até mesmo letais.
f) REAÇÃO ALÉRGICA - são reações adversas que ocorrem após uma prévia sensibilização do
organismo a um agente tóxico. Na primeira exposição o organismo, após incorporar a substância, produz
anticorpos. Estes, após atingirem uma certa concentração no organismo, ficam disponíveis para
provocarem reações alérgicas no indivíduo, sempre que houver nova exposição àquele agente tóxico.
São importantes instrumentos de estudo toxicológicos, tanto para novos medicamentos quanto
na toxicologia ocupacional.
Dentro de uma população, a maioria das respostas a xenobióticos são similares, mas existe uma
variação nas respostas em alguns indivíduos, com maior susceptibilidade ou maior resistência em alguns
outros.
O limiar para efeitos tóxicos ocorre no ponto onde a possibilidade do corpo desintoxicar-se ou
reparar a lesão tóxica foi excedida. Para a maioria dos órgãos, existe uma capacidade reserva, de forma
que a perda de uma certa porcentagem da função não chega a afetar a performance geral do órgão. Por
exemplo, o desenvolvimento de cirrose no fígado pode não resultar em efeitos clínicos até que 50% do
fígado tenha sido tomado por tecido fibroso (cirrótico).
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No item 2.2, foi dito que a fase toxicocinética corresponde à fase de movimentação do agente
tóxico no organismo. Pode-se dizer que tão logo se inicia a primeira das quatro fases de um processo
de intoxicação, a exposição, começa também a segunda fase, que é a toxicocinética. Esta, por sua
vez, inclui as etapas de absorção, distribuição e eliminação do agente tóxico.
Saliente-se aqui que, como meio externo, para fins de absorção, considera-se qualquer meio
que não seja a circulação sanguínea. Assim, como meio externo pode-se considerar a epiderme, o
estômago, os alvéolos pulmonares ou o intestino, por exemplo.
transporte das substâncias químicas para a corrente sanguínea. Os fatores mais importantes envolvidos
na absorção são:
- estrutura da membrana
- espessura da membrana
- área de membrana disponível
- seletividade da membrana
- lipossolubilidade do agente
- hidrossolubilidade do agente (coeficiente de partição óleo/água)
O transporte dos agentes tóxicos através das membranas ocorre segundo quatro mecanismos:
a) difusão simples - É a passagem do agente tóxico através das membranas, regida apenas pelo
coeficiente de partição óleo/água;
b) filtração - o agente tóxico, na forma de soluto, passa através dos poros da membrana juntamente com o
fluxo de água; é influenciada pela solubilidade do agente tóxico em água;
As intoxicações ocupacionais pela via gastrointestinal são raras e devem-se, na maioria das
vezes, a condições higiênicas e de conforto muito precárias nos ambientes de trabalho e a hábitos como
fumar ou alimentar-se com as mãos sujas nos ambientes de trabalho.
Uma vez no trato gastrointestinal, o agente tóxico poderá sofrer absorção desde a boca até o
reto, por difusão através das mucosas, ou por transporte ativo. Normalmente não há absorção através
das mucosas da boca e do esôfago, pois o tempo de contato entre o agente tóxico e estas mucosas é
muito pequeno.
Nas demais seções do trato gastrointestinal a absorção varia em função das características do agente
tóxico, visto que o “ambiente físico-químico” é diferente de uma para outra seção. No estômago, por
exemplo, há as substâncias químicas específicas, enzimas digestivas, além do ácido clorídrico (pH~1).
Poderá haver ainda alguma quantidade de alimento, a qual contribuirá para a redução da absorção, já
que haverá menos contato entre o agente tóxico e a mucosa estomacal.
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As intoxicações ocupacionais pela via cutânea podem significar a penetração do agente tóxico
através da pele e o posterior ingresso na corrente circulatória, através da epiderme. As intoxicações
mais conhecidas são aquelas de efeito local, ou seja, as dermatoses ocupacionais, produzidas pelo
contato com os agentes tóxicos.
A superfície de contato pulmonar, composta pela superfície interna dos brônquios e bronquíolos
é estimada em 90 m2 , e a superfície interna dos alvéolos pulmonares, estimada em 70 m2 , formam a
interface de contato com o exterior. Essa área, somada a uma rede capilar de vasos sanguíneos com
área média de 140 m2 , facilitam muito a absorção, particularmente de substâncias na forma gasosa.
Sendo o consumo de ar de 10 a 20 kg diários, dependendo fundamentalmente do esforço físico
realizado (metabolismo), é fácil chegar à conclusão que mais e 90% das intoxicações generalizadas
tenham origem na absorção respiratória.
As partículas sólidas ou mesmo as líquidas de maiores diâmetros, podem ficar retidas nas partes
superiores do aparelho respiratório, onde podem causar doenças irritativas. Quando menores que 10
micra, podem chegar até os alvéolos pulmonares, onde atravessam a membrana alveolar, entram na
corrente sanguínea e dai podem ser levadas a outras partes do organismo, através do sangue ou das
células fagocitárias (glóbulos brancos) do sangue.
e secreções, ou pela ação das células fagocitárias que tentam digerir os corpos estranhos. Isso faz com
que surjam reações pulmonares à agressão da presença dos aerodispersóides, como inflamações e
cicatrizações que acabam por afetar a função dos pulmões a longo prazo.
A quantidade de um agente tóxico que será absorvida pelo organismo, quando a penetração se
dá pela via respiratória, depende de alguns fatores, tais como:
- concentração do agente tóxico no ar;
- taxa de respiração; (quantidade de ar respirada, que depende da taxa de metabolismo)
- solubilidade do material no sangue (coeficiente de distribuição);
- reatividade do material com tecidos do organismo.
6.1 DISTRIBUIÇÃO
Uma vez na corrente sanguínea, ou seja, uma vez absorvido, seja por via cutânea, digestiva ou
respiratória, o agente tóxico está disponível para ser distribuído pelo organismo e alcançar o seu “sitio de
ação” ou “sítio alvo”. Estas duas expressões designam o local (tecido de um dado órgão) onde o
agente tóxico vai exercer sua ação nociva. Pode ocorrer, entretanto, que o local de armazenamento não
seja, necessariamente, o sítio de ação do agente tóxico.
Vê-se, pois, que a distribuição está sujeita aos mesmos mecanismos que regulam o transporte.
6.2 ARMAZENAGEM
O tecido adiposo (gorduroso) (em média 50% de peso em uma pessoa obesa e 20% em
uma pessoa magra) é também um local de armazenagem de agentes tóxicos. Nesse caso o fenômeno
se dará por simples dissolução do xenobiótico nesse tecido.
Para se evitar uma doença ou intoxicação, deve-se então eliminá-lo ou neutralizá-lo. Entram em
cena os mecanismos de desintoxicação, que são a biotransformação e a excreção.
7.1 BIOTRANSFORMAÇÃO
A maior parte dos agentes tóxicos ao serem biotransformados sofrem desativação, ou seja, o
produto resultante da biotransformação é menos ativo (menos tóxico) que o precursor. Nestes
casos, a biotransformação é, realmente um mecanismo de detoxificação. Esta não é, entretanto, uma
regra geral; como exemplo cita-se a biotransformação dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
quando os mesmos são convertidos em derivados arilados, que podem reagir com proteínas, induzindo
mutações, câncer e anormalidades embrionárias.
OBSERVAÇÃO:
Na sequência do texto o termo enzima surgirá com certa frequência; como informação geral, tenha em
mente que:
Enzima é um tipo de proteína que possui ação catalítica, ou seja, interferem nas reações químicas,
normalmente sem participar diretamente da mesma.
Uma proteína, por sua vez, é um polímero de um aminoácido. As proteínas existem em todas as células
vivas, constituindo-se em cerca de 3/4 do peso seco dos tecidos animais. Algumas proteínas têm função
estrutural (pele, cabelos, fibras musculares); outras têm função reguladora (hormônios); outras
participam ativamente dos mecanismos imunológicos de defesa dos organismos (anticorpos); outras
têm a função catalisadora, atuando como enzimas.
A biotransformação de agentes tóxicos por oxidação se dá pela ação das enzimas do grupo
oxidase, localizadas no fígado. As reações de oxidação são as mais frequentes, sendo esta a tendência
dos processos bioquímicos no reino animal.
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Em menor escala, a biotransformação de agentes tóxicos por redução se dá pela ação das
flavoproteínas, também situadas no fígado.
A biotransformação por hidrólise se dá pela ação das enzimas do grupo estereases, as quais
podem localizar-se no fígado, plasma do sangue e outros tecidos.
7.2 EXCREÇÃO
A excreção pode ser entendida como o processo de eliminação do agente tóxico 'in natura' ou
biotransformado. Essa eliminação pode ocorrer através das secreções (secreção biliar, sudorípara,
lacrimal, salivar, láctea), através das excreções (urina, fezes e catarro) ou através do ar expirado.
Associado ao fenômeno de excreção surge o conceito de meia vida biológica do agente tóxico.
O sistema excretor mais importante para a toxicologia é o sistema renal, por ser bastante
específico. A urina é o único material biológico de excreção do organismo humano que é citado na NR-7
(PCMSO) como material de referência de rastreamento biológico para detecção de agentes químicos
absorvidos em ambientes ocupacionais.
quantidade de utilização, incluindo circuitos fechados, recipientes selados, pipetagem mecânica, redução
das concentrações utilizadas, podem ser medidas que reduzam a exposição dos trabalhadores.
A monitorização ambiental pode ser entendida como a prática contínua de medir e avaliar os
agentes real ou potencialmente nocivos, existentes no ambiente ocupacional, para que se possa
estimar a exposição dos trabalhadores e o risco à saúde, através de comparação dos resultados com
as referências apropriadas da legislação ou da literatura especializada (Níveis de Ação – PPRA – ou
Limites de Tolerância). Baseia-se na definição que, para um grande número de substâncias, existe uma
concentração no ar, abaixo da qual nenhum efeito tóxico deveria ocorrer em pessoas "normais", dentro
dos conhecimentos atuais. Importante lembrar que os Limites de Tolerância expressos na lei brasileira
(NR-15, Portaria 3214/78), estão datados de 1978 e não foram renovados desde então, o que leva a
dúvidas importantes quanto à validade de se dizer que determinada situação está dentro dos limites de
tolerância, uma vez que poderá haver negligência no controle de agentes presentes em concentrações
que, apesar de dentro do limite legal, estão em concentrações sabidamente tóxicas nos dias atuais.
A monitorização biológica permite que, com base em amostragens, faça-se uma estimativa da
exposição real dos trabalhadores.
Como se viu, a exposição dos trabalhadores a agentes tóxicos pode ser avaliada através da
monitorização biológica com o auxílio dos indicadores biológicos de exposição. Qualquer xenobiótico ou
seu produto de biotransformação, bem como qualquer alteração bioquímica precoce, cuja determinação
possa ser feita nos fluidos biológicos, tecidos ou ar exalado, servirá como indicador biológico de
exposição. A tecnologia tem permitido o uso de indicadores biológicos cada vez mais específicos, bem
como de limiares de sensibilidade cada vez menores para métodos de medição.
São aqueles que permitem conhecer a dose real do agente tóxico no organismo do receptor.
Permitem ainda que se estime de forma indireta, a intensidade da exposição, desde que o teor do
agente tóxico no material biológico possa ser correlacionado com a concentração ambiental.
Quando o indicador de dose interna serve para um grupo de substâncias químicas com características
comuns, ele é dito indicador não seletivo.
São previstos na NR-7, PCMSO, vários indicadores de exposição, como por exemplo:
- Pentaclorofenol na Urina
- Ác. Tricloroacético na Urina para exposições a Tetracloroetileno
- Ác. Hipúrico na urina para exposições a Tolueno
- Triclorocompostos na urina para exposições a tricloroetano
- Ácido metil-hipúrico para exposições a Xileno
São aqueles que revelam alterações no organismo resultantes da ação de um agente tóxico em
um ponto específico (tecido, órgão ou sistema).
A partir do conhecimento da relação entre a exposição e a dose interna são propostos os limites
biológicos de exposição. (VR e Índice Biológico Máximo Permitido - IBMP - vide anexo 1 da NR-7)
Os IBMP, Indices Biológicos Máximos Permitidos, são definidos como o valor máximo do
indicador biológico para o qual se supõe que a maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não
corre risco de dano à saúde. Esses índices são obtidos em estudos com humanos, simulando exposição,
ou por derivações matemáticas partindo-se de valores permitidos no ambiente ocupacional.
Tanto os IBMP quanto os Limites de Tolerância não devem ser considerados marcos absolutos,
que separam concentrações seguras de concentrações nocivas. Eles devem ser vistos como níveis
de advertência, pois foram propostos com base em conhecimentos atuais da relação exposição x
resposta. Por este motivo, devem ser revistos periodicamente, sempre que novos dados clínicos sejam
oficialmente publicados.
REFERÊNCIAS
1 Buschinelli, J. T. P.; Rocha, L. E.; Rigotto, R. M. et al., in "Isto é trabalho de gente?" Editora Vozes,
1994.
NA INTERNET:
SITES DE INTERESSE:
http://www2.state.id.us/dbs/safety_code/300.html
http://www.scorecard.org/chemical-profiles/
http://www.anvisa.gov.br/alimentos/tox/informed/index.htm
http://www.atsdr.cdc.gov/atsdrhome.html
http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/cis/products/icsc/dtasht/index.htm
http://www.cdc.gov/niosh/ipcsneng/nengsynp.html
http://www.blackswanmfg.com/msds.htm
http://www.cdc.gov/niosh/nmed/nmedname.html
http://www.quimica.ufpr.br/Servicos/Seguranca/links.html
http://www.quimica.ufpr.br/dqui2.html
http://www.saudeetrabalho.com.br/
http://sis.nlm.nih.gov/Tox/ToxMain.html
http://toxnet.nlm.nih.gov/
http://www.ilpi.com/msds/index.html