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ABS0RÇÃO
I – INTRODUÇÃO
0 problema na recuperação e separação de hidrocarbonetos leves da faixa de butanos pode ser
solucionado por destilação. Entretanto, o exame dos pontos críticos (ponto crítico representa a condição na
qual as propriedades específicas das fases líquida e gasosa em equilíbrio tornam-se iguais ou ainda, para
substâncias puras, representa a pressão e temperatura mais alta na qual o vapor e o líquido podem existir
em equilíbrio) do metano, etano, etileno, propano e propileno, por exemplo, mostra que para obtermos tais
constituintes líquidos no topo de uma coluna ou no tambor de refluxo, é necessário trabalhar em
temperaturas muito baixas e pressões muito elevadas. Assim, para o etano, cujas coordenadas críticas são
32,2ºC e 48,2 atmosferas num processo de separação por destilação deveríamos operar com pressões da
ordem de 30 atmosferas (suficientemente afastada do ponto crítico) e, consequentemente, com
temperaturas bastante baixas da ordem de 10ºC.
Preferimos, nestes casos, utilizar a ABSORÇÃO que geralmente consiste na circulação em contra
corrente numa coluna da mistura de gases e de um solvente líquido. Podemos separar os componentes
dessa mistura por absorção seletiva nesses solventes. Exemplos são a absorção de acetona do ar por
lavagem com água, de H2S e C02 em soluções de mono, di e trietanolamina, de NH3 em água, de vapor
d’água do ar por ácido sulfúrico, de benzeno, tolueno e xileno do gás de carvão em diversos óleos minerais
absorventes, de gasolina de gases naturais também em óleos absorventes, etc.
II- EQUILÍBRIO
Suponhamos, para fixar idéias, a absorção do NH3 do ar em água pura, 30ºC e 760 mm Hg de
pressão total e 260 mm de Hg de pressão parcial do NH3, valor esse mantido constante. Haverá absorção
do NH3 em água até que a concentração chegue ao valor de 20 partes em peso de NH3 em 100 partes de
água. Esse ponto representa um EQUILÍBRIO e cessa aí a absorção aparente do NH3 na água. É
importante notar que o equilíbrio na absorção ou no esgotamento corresponde a um equilíbrio dinâmico; as
moléculas do NH3 dissolvido continuarão em movimento na fase líquida e na fase gasosa, mas a taxa com
a qual as moléculas do soluto deixam o líquido, ou o gás, é igual à taxa com a qual elas entram no líquido,
ou no gás.
Em certos casos práticos a concentração de equilíbrio do gás soluto em uma fase é proporcional àquela na
outra fase. Um aspecto dessa proporcionalidade é expresso pela LEI DE HENRY, que diz que a pressão
parcial de um gás dissolvido em um líquido é proporcional à sua concentração na fase líquida. Essa lei
pode ser expressa, analiticamente, do seguinte modo:
p = H.x
onde : p = pressão parcial do gás soluto;
H = constante da Lei de Henry que deve ser determinada experimentalmente;
x = fração molar do gás soluto na fase liquida.
A validade da lei de Henry está sujeita a diversas restrições entre as quais podemos citar as seguintes:
- A lei de Henry é melhor obedecida por soluções diluídas do gás soluto na fase líquida. Gases
muito solúveis, em geral, não obedecem à lei de Henry.
- A altas pressões a lei de Henry não é obedecida. H é independente da pressão total, até
aproximadamente 5 atmosferas. Quando a pressão parcial do gás soluto é maior do que cerca de 1
atmosfera, H torna-se função dessa pressão parcial.
- 0 desvio da lei de Henry torna-se grande quando na fase líquida, o gás soluto sofre ionização,
associação, dissociação ou combinação química.
Esta última relação é valida em condições mais restritas, pois devemos levar em conta, além das
restrições impostas à lei de Henry, as da lei de Dalton e esta é tão mais obedecida quanto mais se
aproxima a fase gás de um gás perfeito.
2. Solubilidade de Gases
Na absorção, para separação de certos gases, é algumas vezes vantajoso usar um solvente que
reaja quimicamente com o gás absorvido formando um composto que possa depois ser decomposto para
libertar esse gás. Quando temos aliado à absorção física, a reação química, em geral, não podemos
chegar a uma relação simples entre as concentrações de equilíbrio nas duas fases. Por exemplo, na
absorção de C02 em soluções aquosas de monoetanolamina, tem lugar a seguinte reação:
0 carbonato decompõe-se por aquecimento a 50ºC, liberando o C02. Esta operação recebe o nome
de LAVAGEM DO GÁS ou “SCRUBBING”.
As resistências opostas à transferência de massa podem ser divididas em resistência oposta pela
fase gás e resistência oposta pela fase líquida.
No caso do gás soluto ser muito solúvel no absorvente, a resistência oposta pela fase gasosa é
quase 100% do total e, praticamente controla a absorção.
Para um gás pouco solúvel, em geral, a lei de Henry é obedecida e normalmente temos a
resistência da fase líquida predominando e controlando a absorção.
IV – EQUIPAMENTO
Filtros, trocadores de calor, colunas de destilação, secadores e muitos outros equipamentos
utilizados na indústria química são costumeiramente projetados, do ponto de vista mecânico, e fabricados
por companhias especializadas na construção de equipamentos para serem posteriormente comprados
pelas firmas montadoras da unidade. Equipamentos de absorção também são montados freqüentemente,
seguindo esta norma, especialmente no caso de absorvedores com pratos com borbulhadores do mesmo
tipo de colunas de destilação. Outros tipos de absorvedores, incluindo torres com recheio e unidades
especiais são freqüentemente projetados e construídos por elementos diretamente ligados à unidade a
serem instalados. Os detalhes de construção são especificados a partir das propriedades químicas dos
fluídos a serem processados e das dificuldades de absorção que apresentarem. Como resultado da enorme
variedade de finalidades e especificações de absorvedores um grande número de tipos são construídos e
utilizados. 0 objetivo de cada projeto, entretanto, é o de permitir ou providenciar o íntimo contato do gás e
do líquido sobre uma grande superfície interfacial com baixo investimento e baixos custos operacionais e de
manutenção.
Os diferentes tipos de absorvedores podem ser genericamente agrupados em três classes:
- torres com recheio
- torres com pratos
- outros, incluindo vasos com agitação e câmaras de spray.
0 investimento inclui fundações, confecção do vaso, material de empacotamento, carga de
solvente, bomba, compressores, tubulações trocadores de calor, instrumentação e o sistema de
recuperação de solventes, se necessário. Os custos operacionais e de manutenção incluem energia para
circulação do gás e do solvente, manutenção, mão de obra, custo do vapor e da água de refrigeração,
reposição de solvente e o valor do material que não é absorvido, sendo consequentemente perdido.
1. Torres com Recheio
0 tipo mais comum de equipamento para absorção é a torre com recheio, especialmente para
operações em pequena escala. Consiste num vaso vertical apoiado numa estrutura adequada e contendo
internamente um recheio. A torre de absorção com recheio é análoga à torre de destilação recheada e o
material componente deste enchimento também é o mesmo .
A operação se efetua usualmente em contra-corrente com o solvente sendo distribuído na parte
superior do recheio, no topo da coluna e descendo através desse recheio em finas películas, enquanto o
gás, injetado na parte inferior, sobe através dos espaços vazios, entre as partículas molhadas do recheio.
Algumas torres podem atingir alturas de até 30 metros e diâmetro de até 10 metros. Como o peso
do recheio molhado em grandes torres é bastante elevado, e dada a necessidade de prever a influência dos
ventos, as fundações são geralmente maciças e custosas. É conveniente ter um diâmetro pequeno,
comparado com a altura do recheio e, no caso de termos uma relação diâmetro para altura maior do que
1/5, um cuidado especial deve ser tomado para assegurar uma distribuição adequada do gás e do líquido
escoando pelo recheio. Mesmo após ter sido uniformemente distribuído na superfície superior do recheio, o
líquido tem uma tendência de escoar preferencialmente em direção das paredes da coluna. Numa coluna
alta, então, há necessidade de dividir o recheio em várias seções com dispositivos acima de cada uma para
coletar o líquido das paredes e redistribuí-lo sobre o recheio. Em outros casos prefere-se empregar
diversas torres mais baixas em série, com o gás passando do topo da primeira para o fundo da segunda,
etc., enquanto o líquido é bombeado na direção oposta, isto é, do fundo da segunda para o topo da
primeira, etc.
1.1 Inundação
0 desempenho de uma coluna recheada está intimamente ligado aos gases e líquidos que passam
através do leito, e uma das propriedades que caracterizam esse desempenho é a perda de carga. Uma
elevada perda de carga pode ser criada por uma má arrumação do recheio, isto é, presença de seções
abertas e comprimidas no leito, quebra do recheio com formação de nova compactação, bloqueio de
espaços vazios por sólidos ou produtos de reação, etc.
Todas estas ocorrências, em adição à resistência característica de um particular recheio,
representam resistências ao escoamento dos fluidos. Tais resistências serão diferentes se houver
escoamento só de gases ou só de líquido ou escoamento simultâneo.
Para uma dada vazão de gás através de um leito com o aumento da vazão de líquido teremos
aumento da perda de carga. Nas vizinhanças do PONTO DE INUNDAÇÃO começa a ocorrer a formação
de uma camada de líquido e o gás borbulhará nesta, aumentando consideravelmente a perda de carga e
arrastando gotículas de líquido. Se a vazão do líquido e/ou do gás aumentar ocorre a inundação (“flooding”)
que é o agravamento deste fenômeno. Neste ponto a perda de carga aumenta exageradamente, ocorrem
flutuações violentas de pressão, o líquido é impedido de escoar, temporariamente, e ocorrem escoamento
intermitentes dos dois fluidos com o gás arrastando partículas líquidas.
Torres com pratos são comumente empregadas nos casos onde o solvente e o gás não são
corrosivos, permitindo a construção deste dispositivos de contato em aço carbono. Seu uso foi derivado da
prática adquirida com a destilação e são operadas de maneira análoga à seção de retificação de uma
coluna de destilação para a absorção. Quando a operação é em grande escala são consideradas
usualmente mais econômicas e mais eficientes, quanto às características, operacionais, do que as colunas
com recheio. 0 gás a ser tratado entra no fundo da coluna subindo através desta e borbulhando no líquido
de cada prato, enquanto o líquido é alimentado no topo e escoa de um prato para outro através de
“downcorners" .
Analogamente, a recuperação por "stripping" depende dos mesmos parâmetros que a absorção:
- número de pratos teóricos;
- fator de “stripping “ elevado (inverso de fator de absorção).
Neste caso, a vazão de vapor d’água injetada condiciona diretamente a recuperação, mas não se
deve ultrapassar um certo limite econômico, pois uma alta vazão requer grandes diâmetros, além de que
o aumento de recuperação é pequeno após um certo limite. No caso de circularmos um óleo muito leve,
corremos o risco de ter perdas consideráveis por arraste.
Afirmamos anteriormente que a pressão baixa favorece o “stripping”, mas convém lembrar que ela
deve ser suficiente para se condensar a fração recuperada no topo da coluna.
a
OBS : Torres recheadas ‘x’ Torres de pratos ( Perry, 5 edição, pg. 14-13 ; 18-19)
*Torres Recheadas:
*Torres de Pratos
ANEXOS
modificação na curva de equilíbrio para levar em conta o calor de dissolução do NH3 em H2O
300
250
pressão parcial / NH3 ( mm. Hg)
200
150
100
50
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
X NH3 ~ H2O
A curva superior é a curva de equilíbrio corrigida da elevação de temperatura provocada pelo calor
o o
de solução. Água entrando a 20 C. A curva inferior é a curva de equilíbrio à 20 C.
Figura 36 – Esquema de uma unidade típica de absorção e esgotamento.