Você está na página 1de 11

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DCET- DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO – LICENCIATURA EM QUÍMICA

ESTUDO DE REAÇÃO COM EXPANSÃO GASOSA

Relatório solicitado pelo professor Paulo Neilson,


como cumprimento das atividades práticas da
disciplina de Físico-Química CET- 059.

Por: Gilmar Machado


Laís Moreira
Lucimara Magalhães

Ilhéus-Ba
2019
1. INTRODUÇÃO

Dos três estados da matéria, o estado gasoso é o que exibe as


propriedades mais simples e é o mais fácil de ser entendido. Diferente dos
sólidos e líquidos, muitos gases são surpreendentemente semelhantes em
suas propriedades físicas, e por essa razão é útil definir e descrever um gás
hipotético, chamado gás ideal, que pode então ser usado como um padrão de
referência com o qual os gases reais podem ser comparados.

Um gás é definido como uma substância que se expande


espontaneamente para preencher completamente seu recipiente de maneira
uniforme. Três variáveis são especialmente usadas para descrever o
comportamento dos gases: volume (V), pressão (P) e temperatura (T).

O volume de um gás ocupa todo o recipiente que o contém, a pressão é


a força por unidade de área, isto é, a força total sobre a superfície dividida pela
área desta superfície. Temperatura é a escala de temperatura Kelvin, na qual a
unidade é chamada Kelvin (K). A escala Kelvin é definida em termos de duas
temperaturas fixas: o ponto zero na escala Kelvin é chamado de zero absoluto
de temperatura, que é a mais baixa temperatura atingida.

A equação de estado de um gás a baixa pressão foi elaborada pela


combinação de várias leis empíricas, quando uma massa fixa de um gás sofre
transformação nas suas três grandezas fundamentais, que são pressão,
volume e temperatura, a relação abaixo permanece constante:

Pi . V i = P f . V f
Ti Tf
Essa constante, porém, é proporcional à quantidade de matéria do gás,
por isso, temos:

P. V = n. constante
T                
Passando a temperatura para o outro membro, temos:

P.V = n. constante. T

Essa é a equação de estado dos gases perfeitos proposta por


Clapeyron.
Esta expressão é consistente com a lei de Boyle (pV= constante)
quando n e T são constantes, como as duas formas da lei de Charles ( p α T e
V α T) quando n e V ou n e p ,são constantes, e também com o princípio do
Avogadro (V α n) quando p e T são constantes. A constante de
proporcionalidade, que se mede experimentalmente com o mesmo valor para
todos os gases, são simbolizados por R e é chamado de constante dos gases
perfeitos. Sendo assim, a expressão anterior fica:

p.V= nRT

Assim, esta é a equação dos gases perfeito.


Um gás ideal é aquele que obedece à lei de Boyle, nesta lei se observa
duas coisas: a primeira é que, quando a pressão (P) no hidrogênio aumenta,
seu volume (V) diminui. A segunda é que o aumento da pressão e a diminuição
no volume ocorrem de tal modo que o produto da pressão e volume permanece
constante.

Lei de Boyle: À temperatura constante, o volume ocupado por uma


determinada quantidade (número de mols) de um gás é inversamente
proporcional à sua pressão.

Muitas equações de estado têm sido desenvolvidas para gases reais.


Algumas são bem exatas, mas essa exatidão depende de cada equação, que
contém no mínimo três constantes em vez de uma (R) da lei do gás ideal. Além
disso, duas das constantes não são universais, mas possuem valores
específicos para cada gás. A equação de estado mais conhecida para os gases
reais é a equação de van der Waals:

Nesta equação, P, V, T, R e n possuem significados usuais, mas a e b,


comumente conhecidos corno constantes de van der Waals, possuem valores
que devem ser determinados experimentalmente para cada gás. A constante a
de van der Waals corrige valores das pressões dos gases devido ao efeito das
forças intermoleculares, e b corrige o volume do gás devido ao efeito dos
volumes moleculares.

Os gases reais exibem desvios em relação á lei dos gases perfeitos em


virtude de suas interações intermoleculares. As forças repulsivas entre as
moléculas contribuem para expansões e as forças atrativas para compressões.
Assim foi introduzido na equação dos gases ideais de forma a efetuar uma
correção na mesma, o fator de compressibilidade (Z), que mede o grau de não
idealidade dos gases reais. O fator de compressibilidade, Z, é a razão entre o
volume molar do gás, Vm, e o volume molar de um gás perfeito, V° m, nas
mesmas pressão e temperatura:

Z= Vm/ V°m

Como o volume molar de um gás perfeito é RT/p, uma expressão


equivalente será:

p.Vm= RTZ

A partir do fator de compressibilidade, podemos analisar as forças


intermoleculares presentes em determinado gás real:

 Z = 1 comportam-se quase como perfeitos;


 Z> 1, forças repulsivas serão mais predominantes, seu volume
molar é maior que de um gás perfeito;
 Z < 1, forças atrativas serão mais predominantes, redução do
volume molar em comparação com o de um gás perfeito.

O presente relatório tem como objetivo determinar o volume ocupado e a


pressão exercida por gases obtidos a partir de reações químicas.

2. OBJETIVO

Estudar a variação de volumes de gás durante uma reação química com


expansão gasosa e aplicar a equação de estado do gás ideal.
3. MATERIAIS E REAGENTESS

Balança;

Béquer;

Proveta de 25 mL e 100 mL;

Água Destilada;

Magnésio sólido;

Solução 1,0 mol/L de ácido clorídrico

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Pesou-se 0,05g de magnésio sólido dentro da proveta de 25 mL e


adicionou 15 mL de água destilada. Em uma proveta de 100 mL colocou-se 10
mL da solução de ácido clorídrico e completou-se com água destilada até a
marca de 80 mL.
Enrolou-se um pedaço pequeno de papel toalha na base da proveta de
25 mL e deixou-o preso. Com cuidado colocou-se a proveta de 25 mL dentro
da proveta de 100 mL. Posicionaram-se as duas provetas inclinadas e devagar
colocou a proveta no interior até encaixar e virou-se para a proveta de 25 mL
que se posicionou na posição invertida.
Anotou-se o volume inicial e observou-se a variação do volume a cada
minuto por 15 min.

5. RESULTADO E DISCUSSÃO

Ao encaixar a proveta de 25 mL dentro da proveta de 100 mL obteve a


seguinte equação:

Mg (s) + 2HCl (aq) MgCl2 (aq) + H2 (g). Equação 1


Ao iniciar a reação ocorreu à liberação do gás hidrogênio, que pôde ser
percebido através das bolhas formadas dentro da proveta. Houve liberação de
calor na reação, o gás hidrogênio expandiu-se, e na proveta ficou a solução de
cloreto de magnésio.

Quadro 1: variação de volume.

Tempo (s) Volume (mL) Variação volume Variação Volume (t)


por min.
0 10,0 - -
60 12,0 2 2
120 16,0 4 6
180 22,5 6,5 12,5
240 24,6 2,1 14,6
300 24,8 0,2 14,8
360 25,0 0,2 15,0

Após os 360s não teve mais como observar a variação do volume.

A equação balanceada para a massa pesada em laboratório será:

0,0021Mg (s) + 0,0042HCl (aq) 0,0021MgCl2 (aq) + 0,0042H2 (g)

Como podemos perceber a equação balanceada ela segue a proporção


da equação principal para reagir com um mol de Magnésio é necessário dois
mols de ácido clorídrico e assim irá produzir um mol de cloreto de magnésio e
dois mols de hidrogênio gasoso. Como nós utilizamos 0,0512 g de magnésio o
que equivalem a 0,00211 mols as proporções irão ser mantidas, logo,
necessitamos 0,0042 mols de ácido clorídrico para que a reação seja completa,
e que neste caso seria produzido 0,0042 mols de hidrogênio gasoso.

O volume final do gás gerado foi de 0,015 L a temperatura estava na


casa dos 298,5 K a pressão atmosférica estava em 1,014 bar e o número de
mol de Hidrogênio foi de 0,0042 mol. Fazendo os cálculos para o volume
teórico, temos que:

PV=nRT  V= n.R.T  n= 0,00421g = 0,0021mol


P 2 g.mol
V= 0,0021 mol x ( 8,3145x10-2 L.bar.K-1 .mol-1.298,45K)
1,014 bar
V= 0,051 L

O gás hidrogênio na proveta não está puro, porque quando a água


líquida entra em contato com um gás seco, um pouco de água evapora assim,
as moléculas de água deixam o líquido e misturam-se com o gás seco.

A Lei de Dalton determina que a pressão total seja a soma da pressão


parcial de H2 e vapor de água, além do valor experimental da pressão de vapor
de água sob a temperatura medida, assim, é possível então calcular a pressão
do hidrogênio. Isso ocorre até que a pressão parcial de vapor de água atinja um
valor máximo.

O gás recolhido na proveta é uma mistura de H 2 e H2O gasoso, pois o


hidrogênio está em contato com a solução abaixo dele.

Considerando a pressão da proveta como sendo atmosférica, teremos,


Pproveta = 760 mmHg. A pressão parcial de vapor de água á 25ºc é de
aproximadamente 23,76 mmHg.

Logo, PH2: 760 mmHg = PH2 + 23,76 mmHg PH2 = 783,76 mmHg. Portanto,
menor que a pressão atmosférica.

O número de mols para 0,0512 g de Mg (s):

1 mol de Mg (s) ---------- 24,30g

X ----------- 0,0512g

X = 0,0021 mols de Mg (s)

Para massa de H

24,30g de Mg (s) ------- 2,0 g de H

0,0512g de Mg (s) ------ Y

Y = 0,00421 g de H

Logo, têm-se 4,21X 10-3 g de hidrogênio produzido.


Para calcular o volume teórico de hidrogênio que se deveria obter no
experimento, utilizou-se a equação dos gases (PV=nRT).

PV = nRT PV = (m/MM)RT V= n.R.T 


P

V = 0,0021 mol x (62,3637L · mmHg · K-1 · mol-1) x 298, 45 k

783,76 mmHg

V = 0,049 L

Para calcular a % de erro utilizaremos como valor teórico nas CNTP 22,4L.

Valor teórico – Valor experimental = 22,4L – 0,049 L = 0,99%

Valor teórico 22,4 L

O valor do volume teórico de 0,0514L representa um erro de 0,99% para


o valor medido no experimento, que foi de 0,049L. Uma precisão bastante
razoável para os objetivos propostos.

A pressão atmosférica no laboratório pode não ser precisamente 760


mmHg, mas este foi o valor usado. E por fim, os cálculos usados no
experimento (como a Lei de Dalton) levam em conta gases ideais, enquanto
que se trabalhou com gases reais.

Calculando a pressão do gás com o volume obtido no laboratório temos:

0,00421 g 8,3145.10−2 L . .̄ mol−1 . K −1.298,5 K


P=
2,0 g . mol−1
. 0,015 L
= 3,51 bar

Considerando o volume disponível no experimento (volume do tubo


menos volume de água no interior) é possível determinar a pressão final que o
gás pode atingir se considerarmos o mesmo com gás ideal, a partir da
equação:

Considerando a proveta de 25 mL, foi acrescentada a mesma 15 mL de


água destilada, fazendo a diferença entre os volumes temos 10 mL de volume
disponível o que equivale a 0,01 L.
P1V1 = P 2V2 1,014 bar. 0,01 L = P2. 0,01 L P2= 1 bar

T1 T2 298,5K 298,5 K

Fazendo os cálculos para a pressão utilizando a equação de van der


Waals temos que:

0,00212m ol .0,082057 atm. L . mol−1 . K−1 .298,5 K


P= -
0,015 L−0,00212mol .0,0265 L .mol−1
0,2420 atm . L 2. mol−2. ( 0,00212 mol ) 2
=
( 0,015 L ) 2

P=3,516 bar OU 35,16 BAR ?

Quais as possíveis causas de desvios entre os valores calculados


teoricamente e o obtido experimentalmente? A precisão das medidas tomadas
pode causar desvios, principalmente as medições de volume, feitas
observando-se escalas a olho nu. A massa de magnésio usada é relativamente
precisa, tendo em vista o instrumental utilizado. O alinhamento incorreto das
provetas com a superfície dos líquidos causou variações no volume medido de
H2, e possivelmente agentes externos, como impurezas nos reagentes,
manuseio pelo operador podem influenciar na reação, alterando as
quantidades resultantes de produtos.

Outra justificativa é que nem todo o volume obtido do H 2 permaneceu no


recipiente, pois, não estava bem vetado e isso também pode justificar a
diferença entre o valor calculado para o valor do volume obtido na prática
realizada.

Ao colocar as provetas niveladas, o líquido da proveta menor contendo


magnésio com a superfície de água da proveta maior contendo ácido clorídrico,
faz-se com que a pressão exercida pela atmosfera sobre a água da proveta
com ácido clorídrico seja igual à pressão que a coluna de líquido na proveta
com magnésio exercesse sobre o gás contido nela. Não havendo esse
alinhamento, a coluna de líquido tende a cair devido a seu próprio peso, ou
subir, devido à pressão exercida pela água da proveta maior. Isso provocaria
alteração na pressão do gás coletado no interior da proveta menor. O material
utilizado no experimento não permite esse alinhamento dos níveis de líquido,
sendo assim, a pressão medida do hidrogênio já contém erro.

Para saber as forças predominantes no experimento é preciso calcular o


fator de compressibilidade,

P.Vm= R.T  Vm= R.T


P

Vm= ( 8,3145x10-2 L.bar.K-1 .mol-1.298,45K) = 24,47 L-1 mol-1


1,014 bar

Encontrando o volume molar é possível encontrar o fator de


compressibilidade pela equação,

P.Vm= RTZ

1,014 bar x 24,47 L-1 mol-1 = 8,314x10-2 L. bar.K-1 .mol-1.298,45K x Z

Z = 24,81 = 1
24,81

Por definição, sendo Z = 1, o H2 comporta-se quase como gás perfeito.

6. CONCLUSÃO

Com o experimento realizado foi possível compreender melhor o estudo dos


gases sendo necessária a compreensão de alguns assuntos, tais como: leis
dos gases, propriedades, equação geral dos gases. Os dados obtidos nos
experimentos ficaram muito próximos dos teóricos, o que dá extrema validade
aos experimentos realizados.

O volume de gás hidrogênio obtido no experimento apresentou erro de 0,99%


do valor esperado teoricamente. Um erro muito pequeno, levando em conta as
condições do experimento. É possível perceber que em uma experimentação
simples se comprovaram a equação dos gases, e a combinação das leis de
Charles, Boyle, o princípio de Avogadro e a Lei de Dalton.

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ATKINS, P.; PAULA, J. Físico-Química. LTC, 9° edição, v.1, Rio de Janeiro, 2012.

CASTELLAN, G., Fundamentos de Físico-Química, 1a ed., Livros Técnicos e


Científicos, 1986, 5ª reimpressão, 1995.

RUSSEL, J.; B. Química Geral; vol. I, 2. 1a ed; Makron Books, São Paulo;
1994.

Você também pode gostar